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Direito Administrativo I (3)

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DIREITO ADMINISTRATIVO I
Profa. Sandra
CAPÍTULO I – DO DIREITO ADMINISTRATIVO
I.1) A Evolução Histórica do Direito Administrativo 
É extremamente importante termos uma noção de como surgiu o Direito Administrativo, com intuito de compreendermos os diversos desdobramentos e atuais prerrogativas dos atos administrativos.
Existe uma corrente minoritária que alega que o Direito Administrativo surgiu no período da IDADE MÉDIA, todavia, não era propício, pois, era justamente a época de monarquias absolutas em que tudo pertencia aos soberanos. O rei não se submetia a ninguém e seus atos se colocavam acima de qualquer ordenamento jurídico. Surgiu o Estado Absolutista (vontade do Monarca).
A corrente majoritária afirma que o Direito Administrativo tem origem na FRANÇA, ou mais precisamente, após a REVOLUÇÃO FRANCESA, onde começa a se desenvolver aos poucos com leis esparsas a dinâmica de um direito próprio para a Administração Pública.
Na sociedade, por mais simples e primitivo que tenha sido seu ordenamento, sempre existiu, desde que o ser humano passou a viver em comunidades, valer as relações hierárquicas de subordinação a quem detivesse o poder. Porém o direito administrativo ganha forma na Teoria da Separação dos Poderes de Montesquieu (nasceu pleno absolutismo francês) - surgindo o Estado de Direito (vontade da lei).
Obs.: Teoria da Separação de Poderes tb. conhecida como sistema de Freios e Contrapesos (Poderes autônomos e harmônicos entre si) via obra O Espírito da Leis.
Enfim, um dos grandes ganhos que a Revolução Francesa foi o surgimento da Separação dos Poderes que está presente até os dias de hoje, todavia, com algumas garantias a mais em relação aos mecanismos de controle de um poder com o outro.
Lá nos primórdios, quando os franceses experimentam a separação dos poderes havia quase que um fundamentalismo, uma necessidade de firmar esta separação de poderes para que os poderes não interferissem um no outro, tendo em vista que, era uma grande ferramenta para eliminarem aquele poder absoluto e concentrado do Estado anterior.
Então aos poucos se desenvolve uma teoria que confere à Administração Pública, tomada aqui como Poder Executivo, prerrogativas próprias e isto chegou a um grau tão elevado que até mesmo o Poder Judiciário ficava impedido de interferir na atividade administrativa.
Então temos 03 poderes: o Poder Legislativo que vai elaborar as leis que hoje tem tb. um papel de fiscalização da Administração Pública, o Poder Executivo que vai concretizar as leis e o Poder Judiciário que também compete concretizar as leis, mas quando surge um litígio/uma controvérsia.
A Administração Pública, quase como um sinônimo do Poder Executivo, naquela ocasião na França aos poucos se destaca dos demais poderes , já que pela primeira vez a Administração Pública vai agir como algo diferente daquele Estado uno (poder absolutista o próprio monarca fazia lei , implementava e julgava os casos concretos) e daí temos uma Administração Pública muito preocupada em impedir interferências dos outros poderes. 
E é por isto que lá na França e em outros países, se desenvolveu o que chamamos de PRINCÍPIO DA JUSTIÇA ESPECIALIZADA baseada nesta radical separação dos poderes. E ainda é assim na França, onde existe um TRIBUNAL ADMINISTRATIVO formado por Tribunais de índole administrativa que não fazem parte da Justiça do Poder Judiciário, sendo, portanto um sistema dual. E isto em razão da preocupação de afastarem a interferência dos demais poderes. 
É preciso notar, entretanto, que o Direito Administrativo não se desenvolveu da mesma forma em todos os países. O contexto sociopolítico- administrativo de cada estado impôs, caso a caso, uma evolução peculiar.
I.2) O Direito Administrativo no Brasil
O direito administrativo como ramo autônomo do direito, começou até a se fundir no Brasil na época do Império, vez que ocorreu uma divisão de funções entre o Poder Legislativo, o Poder Judiciário, o Poder Executivo e o Poder Moderador, relembrando que os dois últimos concentrados em mãos do Imperador. Assim, só a partir do século XX quando o Brasil já é efetivamente uma República, que passamos realmente a ter uma incorporação mais rápida e mais madura do Direito Administrativo.
Como o Brasil não vivenciou toda a luta em relação à separação dos poderes e ao desenvolvimento do Direito Administrativo propriamente dito, ou seja, simplesmente incorporou algumas normas, mas verificaremos mais adiante que enquanto:
- Na França teve a preocupação de criar um tribunal administrativo por meio do qual afastava e ainda afasta a interferência do Poder Judiciário nas questões administrativas;
- O Brasil já se construiu de uma maneira diferente e segue PRINCIPIO DA JURISDIÇÃO ÚNICA ou PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DE JURISDIÇÃO, nada que acontecesse no Direito Brasileiro pode ser, a princípio, afastado do controle do Poder Judiciário. 
Em relação à criação do Direito Administrativo nos cursos jurídico, podemos afirmar que até que esta não se atrasou cronologicamente, em relação às demais nações, visto que em 1851 já foi criada esta cadeira (Decreto 608 de 16.08.1851) nos cursos jurídicos existentes e já em 1857 já foi editada a primeira obra sistematizada sobre o tema (Elementos de Direito Administrativo Brasileiro, de Vicente Pereira do Rego).
Com a República, os estudos sistematizados de Direito Administrativo continuaram a evoluir, já, agora, sob a influência do Direito Público Norte-Americano, que, inclusive, inspirou o modelo de federação adotado no Brasil.
De lá pra cá, inúmeras obras foram editadas, o que indica que a curva da evolução histórica do Direito Administrativo no Brasil foi extremamente promissora.
I.3) Conceito de Direito Administrativo
Dentre nossos principais doutrinadores, destacamos os seguintes conceitos:
Hely Lopes Meirelles, “Direito Administrativo é o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes, as atividades públicas tendentes a realizar, concreta, direta e imediatamente os fins desejados do Estado”.
Celso Antônio Bandeira de Mello, “Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que disciplina o exercício da função administrativa”.
Maria Sylvia Di Pietro “Direito Administrativo é o ramo do direito público que tem por objeto órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública”.
Diogo de Figueiredo Moreira Neto: “Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que estuda os princípios e normas que regem as atividades jurídicas do Estado e de seus delegados, as relações de subordinação e de coordenação delas derivadas e as garantias de limitação e de controle de sua legalidade e legitimidade, na prossecução dos interesses públicos, excluídas a criação da norma legal e sua aplicação judiciária contenciosa”.
Themístocles Brandão Cavalcanti: “Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que regula a estrutura e o funcionamento da administração pública, bem como dos organismos criados para executar os serviços públicos; regula também as relações entre a administração e terceiros, quando vinculados às finalidades próprias dos serviços públicos”.
Enfim, o conceito de Direito Administrativo varia conforme o critério adotado pelo doutrinador ao longo de seu desenvolvimento, ou seja, de acordo com seu mecanismo didático, mas sempre há de se destacar as seguintes características do conceito de Direito Administrativo:
a) Pertence ao ramo do Direito Público, ou seja, está submetido, à regra de caráter público.
Direito Público: aquele que regula as relações em o Estado é parte ou mantém interesse preponderante, regendo a sua organização, atuando com supremacia e visando o interesse público.
Direito Privado: normas reguladoras das relações mantidas exclusivamente por particulares , caracterizadas pelo interesse privado.
b) É considerado como direito não codificado,pois, não pode ser reunido em uma única lei e sim em várias leis específicas, chamadas de legislações esparsas (ex.: Lei de Licitações, Lei de Improbidade Administrativa, Lei de Processo Administrativo Federal);
c) É considerado não contencioso, ou seja, não existe a previsão legal de Tribunais e Juízes Administrativos ligados ao Poder Judiciário, em face do Princípio da Jurisdição única, onde a Constituição Federal/88 concede a este Poder a atribuição típica de julgar os litígios;
d) Possui regras que se traduzem em Princípios Constitucionais (que levam este nome por estarem previstos na própria CF/88, no art. 37, caput) e Princípios Infraconstitucionais (previstos nas legislações específicas deo tema Direito Administrativo).
E pode ser entendido, em síntese, como:
Conjunto de princípios jurídicos que regem: - a atividade administrativa; - as entidades; - os órgãos e os agentes públicos;
Objetivando o perfeito atendimento: - das necessidades da coletividade - dos fins desejados pelo Estado.
I.4) Relações do Direito Administrativo com outros Ramos do Direito
O estudo do Direito não mais comporta a análise isolada e estanque de um ramo jurídico. Na verdade, o Direito é um só. As relações jurídicas é que podem ter naturezas diferentes. Assim, mesmo que de forma sucinta, é cabível indicar alguns pontos comuns em que o Direito Administrativo se tangencia com outras disciplinas jurídicas.
a) Direito Constitucional
Há relacionamento porque a este se comete o modelo de atuação da Administração Pública, fixando-lhe os princípios, a regência, enfim. A Organização do Estado, a Administração Pública vem disciplinada no capítulo VII da CF/88. Conferindo-lhe, portanto, um regime próprio: regime jurídico constitucional-administrativo.
Há uma verdadeira relação de dependência: enquanto o direito constitucional cuida da fixação da estrutura do Estado e de seus fins, sendo estático, o direito administrativo trata de instrumentalizar o seu funcionamento e a consecução desses fins, sendo dinâmico.
b) Direito Civil 
São intensas essas relações. A teoria civilista dos atos e negócios jurídicos e a teoria geral dos contratos se aplicam supletivamente aos atos e contratos administrativos. 
c) Direito Empresarial
É lícito ao Estado criar empresas públicas e sociedade de economia mista para exploração de atividades econômicas, cujos atos constitutivos serão regidos por normas de Direito Empresarial.
d) Direito Tributário
Com este ramo do direito há relação intensa e sistêmica, pois a composição da receita pública é regulada por normas do direito tributário, porém, a gestão desta receita é deferida à Administração Pública.
e) Direito Penal:
A partir deste ramo do Direito, o Direito Administrativo conhece o ilícito penal praticável apenas por agentes públicos ( ex. arts. 330 e 331 CP) – Qualificando de forma diversa conduta penalmente ilícita quando praticada por cidadão que ostente a qualificação funcional de agente público.
OBS: a lei penal se refere à “funcionário público”
f) Direito Processual
Dele o direito administrativo retira normas aplicáveis aos processos administrativos. Esta interação visa, fundamentalmente, o contraditório e a ampla defesa.
g) Direito Urbanístico
Este ao objetivar o estudo, a pesquisa e as ações de política urbana, contém normas tipicamente de Direito Administrativo. O Estatuto da Cidade dispões de vários instrumentos típicos do Direito Administrativo, como as licenças, as obrigações urbanísticas, o estudo prévio de impacto de vizinhança, a desapropriação, etc.
h) Direito do Trabalho
O acesso ao emprego público, por vezes se dá com a aplicação de normas próprias instituídas pela CLT, como ocorre na composição dos quadros de pessoal das sociedades de economia mista e das empresas públicas.
I.5) Fontes do Direito Administrativo
a) Lei: É fonte primordial do Direito Administrativo, são aqueles atos com conteúdo normativo e obrigatório. Lei é regra geral, abstrata, impessoal, que tem por conteúdo um direito objetivo no seu sentido material e, no sentido formal, todo ato ou disposição emanada do Poder Legislativo. Tais atos, impondo seu poder normativo aos indivíduos e ao próprio Estado, estabelecem relações de administração de interesse direto e imediato do direito administrativo. De acordo com o art. 37 da CF, “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. 
b) Doutrina: São as ideias derivadas de estudiosos do direito. Exerce grande influência na elaboração das leis e na solução de conflitos administrativos. A opinião dos juristas vem dos livros, publicações, teses de mestrado etc. A doutrina produz opiniões reiteradas de estudiosos do direito no mesmo sentido. A Doutrina, formando o sistema teórico de princípios aplicáveis ao Direito Positivo, é elemento construtivo da Ciência jurídica a que pertence a disciplina em causa. Influi ela não só na elaboração da lei, mas também nas decisões contenciosas e não contenciosas, ordenando, assim, o próprio Direito Administrativo. 
c) Jurisprudência: São as repetidas decisões judiciais em um mesmo sentido, possuindo forte influência no direito administrativo. É um conjunto de decisões proferidas pelos tribunais. Lembrando que no Brasil as decisões administrativas não têm o efeito de coisa julgada, já que as decisões definitivas só ocorrem no âmbito do poder judiciário. Sendo assim, a jurisprudência influencia na construção do Direito Administrativo. 
d) Costumes: têm pouca utilidade prática, em razão do princípio da legalidade, que demanda obediência dos administradores à lei. Em certas situações concretas, os costumes influenciam em determinadas práticas burocráticas dentro da administração, influindo nas ações estatais, até mesmo na produção de novas normas. Em decorrência do tempo que funcionários permanecem dentro da administração, criando determinadas condutas, a prática administrativa passa a substituir o texto escrito, sedimentando na cabeça dos administradores e administrados a praxe burocrática, que passa a suprir a lei ou passa a atuar como elemento informativo da doutrina. 
e) Regulamentos: Os regulamentos são atos administrativos que se destinam a especificar os comandos da lei ou fornecer situações que ainda não foram disciplinadas por lei. O regulamento não pode modificar a lei, mas apenas explicá-la. Quando o regulamento tem por objetivo explicar a lei (regulamento de execução) terá que se ater ao que a lei contém; já quando o regulamento se destinar a prover situações que não foram contempladas por lei (regulamento autônomo) não poderá invadir a lei. 
f) Regimentos: São atos administrativos normativos destinados a reger o funcionamento dos órgãos da Administração, e atinge aquelas pessoas que estão vinculadas à atividade regimental. 
g) Instruções: São as ordens gerais que visam explicar o modo e forma de execução do serviço público, expedidas por um superior hierárquico com finalidade de orientar o desempenho das atribuições pelos subordinados. 
h) Tratado Internacional: É um acordo formal e escrito, celebrado entre Estados e/ou organizações internacionais. Tem por finalidade produzir efeitos na ordem jurídica de direito internacional. Por ser um acordo, pressupõe manifestação de vontade bilateral ou multilateral. 
i) Estatuto: É um regulamento que determina ou estabelece norma. Pode ser definido como um conjunto de normas jurídicas que regulamenta o funcionamento de uma pessoa jurídica quer seja uma sociedade, uma associação ou uma fundação.
j) Princípios Gerais do Direito: São os postulados que dirigem toda a legislação e, por, isso, apresentam-se como fonte do Direito Administrativo e estão previstos expressa ou implicitamente na Constituição, bem como, em outros atos normativos.
I.6) Sistema Administrativo ou Sistema de Controle Jurisdicional da Administração Pública
a) Conceito de Sistema Administrativo
 Sistema administrativo consiste em um regime adotado pelo Estado para o controle dos atos administrativos ilegais ou ilegítimos praticadospelo Poder Público.
 
b)Tipos de Sistemas Administrativos
 Existem dois tipos de Sistemas Administrativos: o Sistema Inglês e o Sistema Francês.
Sistema Inglês é o adotado pelo Brasil. Neste sistema todos os litígios, seja ele de natureza privada ou pública, devem ser levados ao Poder Judiciário para ser resolvidos.
Sistema Francês existe a chamada Jurisdição Especial do Contencioso Administrativo ou Justiça Especializada formada por tribunais de índole administrativa e a Jurisdição Comum formada por órgãos do Poder Judiciário. Corresponde a um sistema dual.
 
c)O Sistema Administrativo do nosso país
 
No Brasil foi adotado o Sistema Inglês em que todos os litígios sendo eles na esfera administrativa ou não, podem ser resolvido com a intervenção do Poder Judiciário. Por exemplo, seu um servidor for condenado em processo administrativo disciplinar, este pode ainda recorrer ao Poder Judiciário.
Isto ocorre em razão do Princípio da Inafastabilidade de Jurisdição o qual o Poder Judiciário não pode se abster de julgar litígios que envolvam lesão ou ameaça a direito.
 
d)Legislação
Este fundamento constitucional está disposto no Artigo 5 da Constituição Federativa do Brasil de 1988:
 
“Art. 5º-(...)
XXXV- A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.”
e)Controle de Legalidade
 
A Administração Pública tem o poder de anular ou revogar seus próprios atos, entretanto resta ao Poder Judiciário efetivar o controle da legalidade dos atos administrativos.
Portanto as decisões administrativas não fazem coisa julgada administrativa, tendo o administrado sempre a opção de recorrer ao Poder Judiciário para obter uma decisão definitiva.
 
f)Exigência via administrativa como pressuposto à via judicial
 
Importante ressaltar que existem no nosso ordenamento jurídico três hipóteses que se exige a utilização da via administrativa como pressuposto para que o administrado tenha acesso ao poder judiciário.
f.1) –  Justiça Desportiva
A primeira delas é a que está prevista no artigo 217, parágrafo 1º da Constituição Federal, quando se exige o esgotamento das instâncias da “justiça desportiva” para ingressar no judiciário.
Assim dispõe a Constituição:
 
“Art. 217- (...)
§ 1º- O Poder Judiciário só admitirá ações relativas á disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se  as instâncias da justiça desportivas, reguladas em lei.”
Importante ressaltar que apesar do nome “justiça desportiva” os seus órgãos são de natureza administrativa. 
 
f.2) Ato Administrativo que contrarie Súmula Vinculante
 
Esta matéria versa sobre os atos administrativos que contrarie o disposto em Sumula Vinculante. Segundo a legislação em vigor, o artigo 7º, parágrafo 1º da Lei 11.417/2006 , a ação ou omissão do ato administrativo que contrarie Sumula Vinculante, só poderá ser objeto de impugnação por Reclamação Constitucional, após esgotadas as vias administrativas.
Art. 7o  Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação.
§ 1o  Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da reclamação só será admitido após esgotamento das vias administrativas.
Obs.: Súmula Vinculante : Mecanismo tem força de lei e deve ser seguido por todos os tribunais
Criada em 2004 com a Emenda Constitucional 45, a súmula vinculante é um mecanismo que obriga juízes de todos os tribunais a seguirem o entendimento adotado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre determinado assunto com jurisprudência consolidada. Com a decisão do STF, a súmula vinculante adquire força de lei e cria um vínculo jurídico, não podendo mais, portanto, ser contrariada.
 
f.3) Habeas data
 
A jurisprudência tem firmado o entendimento de que é indispensável para ingressar com a Ação de Habeas Data a prova do anterior indeferimento do pedido de informação de dados pessoais, ou da omissão em atendê-lo.
 
I.7) Regime Jurídico do Direito Administrativo
O termo Regime Jurídico Administrativo é utilizada para designar, em sentindo amplo, o regime de Direito Público a que está submetida a Administração Pública, ou seja, esta tem que observar normas de caráter público, onde o interesse de coletividade tem que prevalecer como finalidade única dos atos administrativos praticados pelo Administrador Público.
Enfim, baseia-se na harmonia entre duas ideias opostas : 
De um lado, a necessidade de satisfação dos interesses públicos (= o bem comum da coletividade aí incluída a prestação de serviços públicos), conduz à outorga de prerrogativas e privilégios para a Administração Pública; 
Do outro lado, a proteção aos direitos individuais (conquista alcançada com o fim do Estado absolutista e a emergência do Estado liberal, muito bem representada pela Revolução Francesa) frente ao Estado, serve de fundamento ao princípio da legalidade, um dos esteios do Estado de Direito, ou seja a Administração Pública em toda a sua atuação sujeita-se à fiel observância à Constituição e às leis.
As normas de natureza pública podem conceder à Administração Pública tanto prerrogativas quanto restrições.
a) Prerrogativas = vantagens, privilégios. Por exemplo:
a.1) O § 1º do art. 65 da lei nº 8.666/93, de Licitações e Contratos, determina: “O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato…”
a.2) uso da propriedade particular, no caso de iminente perigo público, conforme determina a Constituição no art. 5º, XXV.
a.3:)ato de desapropriação (também conhecido por ato de expropriação ou ato expropriatório), autorizada pela Constituição, art. 5º, XXIV e 22, II.
a.4) Exigibilidade dos atos administrativos, bem como, em certas hipóteses, a auto executoriedade (desnecessidade de ordem judicial) autorizam até mesmo a utilização da força, ou seja, oferece ao Agente Público, dentre outras atribuições, o Poder de Polícia, no qual há a utilização do Poder de Império (poder de coagir o administrado a aceitar a imposição da vontade do Estado através de uma limitação ao direito subjetivo do particular) => a vigilância sanitária pode apreender remédios falsificados e alimentos imprestáveis ao consumo. 
a.5) Autotutela – este princípio autoriza a Administração a rever seus próprios atos: ANULANDO-OS quando ilegais; ou REVOGANDO-OS quando se apresentarem inconvenientes ou inoportunos. Evidentemente que este princípio não retira a possibilidade do Poder Judiciário anular os atos da Administração quando ilegais (Súmula 473 do STF) .
a.6) Continuidade do Serviço Público – este princípio determina que o Estado, por desempenhar funções essenciais ou necessárias à coletividade, não pode deixar parar o serviço público. Daí decorre o inciso IX, art. 37, da Constituição Federal: contratação temporária (sem a realização de concurso público) para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público.
a.7) Processos Judiciais com prazos maiores para a Administração. Exemplo : art. 188 do Código de Processo Civil: “Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar (apresentar defesa) e em dobro para recorrer quando for parte a Fazenda Pública.”
Podemos resumir dizendo:
– O fato é que a Administração Pública e o particular (também chamado de administrado) não estão no mesmo pé de igualdade ou no mesmo nível. Dessa desigualdade ou supremacia decorrem privilégios. Sempre que houver conflito entre o interesse público e o particular, prevalecerá o interesse público.
– Todavia, o exercício das PRERROGATIVAS NÃO AUTORIZA a Administração a agir com arbitrariedade. Fica vedado o uso de tais instrumentos para atingir FINALIDADES que não sejam as do BEM COMUM. Caso isso aconteça os atos administrativos estarão viciados e poderão ser anulados.Daí vem as restrições.
b) Restrições = limites, amarras.
No que diz respeito à emissão dos atos administrativos, devem estar sempre vinculados à finalidade pública, sob pena de serem declarados nulos de pleno direito, em virtude da presença de uma ilegalidade que causa um vício insanável na formulação do ato e compromete toda a sua estrutura. Por exemplo:
b.1) Observância da Finalidade Pública – a Administração está sujeita a perseguir em todos os seus atos uma finalidade pública (interesse público), sob pena de nulidade do ato administrativo.
b.2) Observância da Legalidade – a Administração em toda a sua trajetória há de estar submissa à Lei.
b.3) Obrigatoriedade de dar Publicidade – a Administração há que ser transparente em sua atuação, dando publicidade aos seus atos para que possam produzir efeitos.
b.4) Observância da Impessoalidade – a Administração não pode agir baseada em critérios pessoais, subjetivos, discriminatórios. Tem que adotar critérios objetivos. Face às restrições, decorre a necessidade de: Concurso público para admissão aos cargos e empregos públicos; Licitação pública para escolha de quem vai contratar com a Administração.
I.8) Princípios da Administração Pública
Princípios são regras que servem de interpretação das demais normas jurídicas, apontando os caminhos que devem ser seguidos pelos aplicadores da lei. Os princípios procuram eliminar lacunas, oferecendo coerência e harmonia para o ordenamento jurídico.
	“Princípios administrativos são os postulados fundamentais que inspiram todo o modo de agir da administração pública. Representam cânones pré-normativos, norteando a conduta do Estado quando no exercício de atividades administrativas." (Carvalho Filho, J. S., 2012).
I.8.1) Princípios Constitucionais
São considerados Princípios Constitucionais, por estarem localizados no bojo do texto constitucional, e devem ser observados por toda a Administração Pública (Direta e Indireta), todas as Esferas de Governo (Federal, Estadual, Distrital e Municipal) e todos os Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), segundo o caput do art. 37 da CF/88: a legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
*Princípio da Legalidade
 
Importância: O Princípio da legalidade é fundamento ou a base do Estado Democrático de Direito, e garante que todos os conflitos sejam realizados pela lei, tendo por fim, assim, combater o poder arbitrário do Estado. 
Conceito: “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (art. 5º, II da CF).
 	Assim, a Administração Pública tem que obedecer a esse princípio, como por exemplo: na lista de competências do Presidente, art. 84, inciso IV, o texto constitucional deixa claro que o ato administrativo é subordinado à lei e visa a permitir a permitir a sua fiel execução; e, novamente, no sistema tributário, art. 150 inciso I, institui que não há tributo sem lei anterior que o defina.
O Princípio da legalidade aparece simultaneamente como um limite e como uma garantia, pois ao mesmo tempo em que é um limite a atuação do Poder Público, visto que este só poderá atuar com base na lei, também é uma garantia a nós administrados, visto que só deveremos cumprir as exigências do Estado se estiverem previstas na lei. Se as exigências não estiverem de acordo com a lei serão inválidas e, portanto, estarão sujeitas a um controle do Poder Judiciário.
 
Segundo o princípio da legalidade, o administrador não pode fazer o que bem entender na busca do interesse público, ou seja, tem que agir segundo a lei, só podendo fazer aquilo que a lei expressamente autoriza e no silêncio da lei esta proibido de agir. Já o administrado pode fazer tudo aquilo que a lei não proíbe e o que silencia a respeito. Portanto, tem uma maior liberdade do que o administrador. A legalidade para Administração só permite que ela aja quando a lei permitir ou autorizar, ao passo que a legalidade para o particular permite que ele atue à vontade, salvo quando a lei proibir.
Assim, se diz que no campo do direito público a atividade administrativa deve estar baseada numa relação de subordinação com a lei (“Administrar é a aplicar a lei de ofício”, “É aplicar a lei sempre”) e no campo do direito privado a atividade desenvolvida pelos particulares deve estar baseada na não contradição com a lei.
Para Celso Antônio Bandeira de Mello é possível apontar três restrições excepcionais ao princípio da legalidade:
a)As medidas provisórias – são medidas completamente diferentes das leis, pois representam uma forma excepcional de regular certos direitos, forma essa atribuída ao presidente da república e prevista expressamente no texto constitucional em seu art. 62 da CF/88. A sua edição depende dos pressupostos de relevância e urgência, diferente da lei que só está condicionada à relevância da matéria. Essas medidas têm prazo de vigência definido na Constituição, 120 dias. Portanto as medidas provisórias não são leis apesar de terem força de lei.
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
b) Estado de defesa – utilizado como instrumento para a defesa do Estado e das instituições democráticas, previsto no art. 136 da CF/88. Tal providência não excederá a 30 dias, prorrogados por igual período, uma única vez, e estará sujeita a controle posterior do Congresso Nacional. Esta medida pode restringir alguns direitos constitucionais além da possibilidade de ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, representando, nesses casos, uma restrição excepcional ao princípio da legalidade,
Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
c) Estado de Sítio – que também representa um instrumento de defesa do estado e das instituições democráticas, previsto no art. 137 da CF/88 e utilizados para medidas mais graves. Este poderá, portanto restringir várias garantias e direitos constitucionais.
Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de:
 I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa;
II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.
* Princípio da Impessoalidade
 
Conceito: A Administração deve manter-se numa posição de neutralidade em relação aos administrados, ficando proibida de estabelecer discriminações gratuitas, ou seja, estabelece que a atuação do agente público deve basear-se na ausência de subjetividade, ficando esse impedido de considerar quaisquer inclinações e interesses pessoais, próprios ou de terceiros. 
Só pode fazer discriminações que se justifiquem em razão do interesse coletivo, pois as gratuitas caracterizam abuso de poder e desvio de finalidade, que são espécies do gênero ilegalidade.
Hipóteses exemplificativas:
 	- Impessoalidade para ingressar na Administração Pública: O administrador não pode contratar quem quiser, mas somente quem passar no concurso público, respeitando a ordem de classificação. O concurso pode trazer discriminações, mas não gratuitas, devendo assim estar relacionada à natureza do cargo.
 
- Impessoalidadena contratação de serviços ou aquisição de bens: O administrador só poderá contratar através de licitação. O edital de licitação pode trazer discriminações, mas não gratuitas.
 
- Impessoalidade na liquidação de seus débitos: A Administração tem que respeitar a ordem cronológica de apresentação dos precatórios para evitar privilégios. Se for quebrada a ordem pode gerar sequestro de verbas públicas, crime de responsabilidade e intervenção federal.
 * Princípio da Moralidade
 
Conceito: A Administração deve atuar com moralidade e com ética, isto é de acordo com a lei. Esse princípio se relaciona com a ideia de honestidade, exigindo a estrita observância de padrões éticos e morais, de boa-fé, de lealdade, de regras que assegurem a boa administração e a disciplina interna na Administração Pública.
O princípio da moralidade administrativa não se confunde com a moralidade comum. Enquanto a última preocupa-se com a distinção entre o bem e o mal, a primeira é composta não só por correção de atitudes, mas também por regras de boa administração, pela ideia de função administrativa, interesse do povo, de bem comum. Moralidade administrativa está ligada ao conceito de bom administrador.
Hipóteses exemplificativas:
 
- Atos de improbidade administrativa que importem em enriquecimento ilícito (art. 9º da Lei 8429/92). Ex: Utilização em obra ou serviço particular, de veículos, materiais ou equipamentos públicos.
 
- Atos de improbidade administrativa que importem em prejuízo ao erário (art. 10 da Lei 8429/92). Ex: Aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior ao do mercado.
 
- Atos de improbidade administrativa que atentem contra os princípios da Administração (art. 11 da Lei 8429/92). Ex: Fraude à licitude de concurso público.
 
Sanções aos agentes públicos que pratiquem atos imorais:
“Os atos de improbidade administrativa importarão na suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário (cofres públicos), na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível” (art. 37, §4º da CF).
 
Estas sanções podem ser aplicadas simultaneamente, precedendo de instrumentos que apurem as irregularidades praticadas pelo servidor, ou seja, de processo administrativo disciplinar ou sindicância, garantindo o contraditório e a ampla defesa.
 
Cabe ao legislador infraconstitucional estabelecer a forma e a gradação dessas sanções.
 
Cominações previstas na Lei 8429/92:
 
Na hipótese dos atos de improbidade administrativa que importem em enriquecimento ilícito (art. 12, I da Lei 8429/92):
 	
Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio
Ressarcimento integral do dano, quando houver
Perda da função pública
Suspensão dos direitos políticos de 8 a 10 anos
Pagamento de multa de até 3 vezes o valor do acréscimo patrimonial
Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 10 anos
 
Na hipótese dos atos de improbidade administrativa que causem prejuízo ao erário (art. 12, II da Lei 8429/92):
 
Ressarcimento integral do dano.
Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância.
Perda da função pública.
Suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos.
Pagamento de multa civil de até 2 vezes o valor do dano.
Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 5 anos.
 
Na hipótese dos atos de improbidade administrativa que atentem contra os princípios da Administração Pública (art. 12, III da Lei 8429/92):
 
Ressarcimento integral do dano, se houver.
Perda da função pública.
Suspensão dos direitos políticos de 3 a 5 anos.
Pagamento de multa civil de até 100 vezes o valor da remuneração percebida pelo agente.
Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 3 anos.
  
* Princípio da Publicidade
Conceito: A Administração tem o dever de manter plena transparência de todos os seus comportamentos, ou seja, nada mais é que a divulgação, tendo como finalidade o conhecimento público. Esse princípio tem como base o fato de que o administrador exerce função pública, atividade em nome e interesse do povo, por isso nada mais justo que o titular desse interesse tenha ciência do que está sendo feito com os seus direitos. 
 
 
Exceções ao princípio da publicidade
Tendo em vista que algumas informações deverão permanecer em sigilo, podemos concluir que o princípio da publicidade não é absoluto. Ex.:
 
- Informações que comprometam o direito a intimidade das pessoas (art. 37, §3º, II da CF): “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação” (art. 5º, X da CF).
 
- Informações de interesse particular ou coletivo quando imprescindíveis para a segurança da sociedade ou do Estado (art. 5º, XXXIII da CF).
 
* Princípio da Eficiência
 
Conceito: A Administração Pública deve buscar um aperfeiçoamento na prestação dos serviços públicos, mantendo ou melhorando a qualidade dos serviços, com economia de despesas, portanto, a eficiência exige que a atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional. Consiste na busca de resultados práticos de produtividade, de economicidade, com a consequente redução de desperdícios do dinheiro público.
  - Binômio: qualidade nos serviços + racionalidade de gastos.
 
É relevante lembrar que a inclusão deste princípio na Constituição veio com a emenda constitucional 19/98, todavia, a Administração já tinha a obrigação de ser eficiente na prestação de serviços em razão das seguintes leis : Lei 8078/90; Lei 8987/95.
I.8.2) Princípios Infraconstitucionais
Possuem esta denominação por estarem previstos em outras legislações esparsas e específicas que não a Constituição Federal, podendo ser citado como exemplo a Lei de Licitações Públicas, a Lei de Improbidade Administrativa, a Lei de Processo Administrativo Federal, etc. São também chamados princípios implícitos ou reconhecidos.
Portanto o legislador infraconstitucional também pode estabelecer outros princípios, desde que não exclua aqueles previstos no artigo 37 da Constituição Federal. E podemos citar como exemplos:
*Princípio da isonomia ou igualdade formal
 
Conceito: Aristóteles afirmava que a lei tinha que dar tratamento desigual às pessoas que são desiguais e igual aos iguais. 
No ordenamento jurídico brasileiro e, especialmente no Direito Administrativo, vários institutos representam a aplicação do princípio da isonomia. Entre eles podemos citar a licitação e o concurso público, institutos que viabilizam a escolha da melhor proposta ou do melhor candidato, respectivamente, ao tempo em que torna viável a oportunidade de os interessados disputarem em igualdade de condições. Assim, considerando que os procedimentos de licitação e concursos que admitem desde o início a criação de critérios distintivos, também estão sujeitos à clara exigência de que a discriminação deva ser compatível com os fins e valores consagrados no ordenamento.
Portanto, a lei só poderá estabelecer discriminações se o fator de descriminação utilizado no caso concreto estiver relacionado com o objetivo da norma, pois caso contrário ofenderá o princípio da isonomia, ou seja, a lei só pode tratar as pessoas de maneira diversa se a distinção entre elas justificar tal tratamento, senão seria inconstitucional. 
Assim, este princípio vem solidificar a necessidade de tratamento isonômico a todos, salvo ashipóteses e permissivos legais.
Por exemplo, de forma hipotética, se a Administração Pública resolver fazer um concurso para salva-vidas e estabelecer no edital que deficientes físicos, de cadeira de rodas, não poderiam prestar o dito concurso – nesta hipótese não haverá violência à isonomia, já que eles não conseguiriam exercer esse tipo de atividade. 
Todavia, se o concurso fosse para o exercício de uma função administrativa qualquer, a mesma regra de exclusão de deficientes seria atentatória à igualdade constitucional;
 
*Princípio da Motivação
 
Conceito: A Administração está obrigada a motivar todos os atos que edita, pois quando atua representa interesses da coletividade.
Assim, este princípio implica à Administração o dever de justificar seus atos, apontando-lhes os fundamentos de direito e de fato, assim, como a correlação lógica entre os eventos e situações que lhes deram causa, a providência tomada, a sua compatibilidade com a previsão legal (atos vinculados) e, quando necessário, o juízo de valor, as razões de conveniência e oportunidade (atos discricionários) que justificaram a prática desses atos
 
 
*Princípio da Autotutela
 
Conceito: A Administração Pública tem possibilidade de revisar (rever) seus próprios atos, devendo anulá-los por razões de ilegalidade e podendo revogá-los quando inoportunos ou inconvenientes.
 
*Anulação: Tanto a Administração como o Judiciário podem anular um ato administrativo. A anulação gera efeitos “ex tunc”, isto é, retroage até o momento em que o ato foi editado, com a finalidade de eliminar todos os seus efeitos até então. 
*Revogação: Somente a Administração pode fazê-la. Caso o Judiciário pudesse rever os atos por razões de conveniência ou oportunidade estaria ofendendo a separação dos poderes. A revogação gera efeitos “ex nunc”, pois até o momento da revogação o ato era válido.
	 
	Anulação
	Revogação
	Fundamento
	Por razões de ilegalidade
	Por razões de conveniência e oportunidade
	Competência
	Administração e Judiciário
	Administração
	Efeitos
	Gera efeitos “ex tunc”
	Gera efeitos “ex nunc”
 A explicação acadêmica é simples: ex tunc, que significa em latim "desde então", significa que determinada decisão, sobre fato no passado, possui efeitos "desde a data do fato no passado". Já ex nunc, que significa em latim "a partir de agora", significa que os efeitos da decisão não valem desde a data de ocorrência do fato discutido, mas apenas a partir da data da decisão.
* Princípio da Continuidade da Prestação do Serviço Público
 
Conceito: A execução de um serviço público não pode vir a ser interrompida. Assim, a greve dos servidores públicos não pode implicar em paralisação total da atividade, caso contrário será inconstitucional (art. 37, VII da CF).
 
*Princípio da Razoabilidade
Conceito: O Poder Público está obrigado, a cada ato que edita, a mostrar a pertinência (correspondência) em relação à previsão abstrata em lei e os fatos em concreto que foram trazidos à sua apreciação. Este princípio tem relação com o princípio da motivação.
 
Se não houver correspondência entre a lei o fato, o ato não será proporcional. Ex: Servidor chegou atrasado no serviço. Embora nunca tenha faltado, o administrador, por não gostar dele, o demitiu. Há previsão legal para a demissão, mas falta correspondência para com a única falta apresentada ao administrador.
*Princípio da Supremacia do interesse público
Conceito: conforme este princípio o interesse público deve prevalecer sobre o interesse privado, por tratar de um princípio geral de Direito inerente a qualquer sociedade. 
Desse modo, o Estado desenvolve suas atividades administrativas em benefício da coletividade, porém mesmo quando age em vista de algum interesse estatal imediato, o fim último de sua atuação deve ser voltado para o interesse público. Diante de tal construção, pelo princípio da supremacia do interesse público sobre o privado, é determinado que, sempre que constatado que um ato tenha sido expedido em desconformidade com a lei, ou que se encontra em rota de colisão com os interesses públicos, tenham os agentes públicos a prerrogativa administrativa de revê-los, colocando, assim, os interesses da Administração Pública em sobreposição aos interesses particulares.
*Princípio da Segurança jurídica
O principio da segurança jurídica é que fundamenta a impossibilidade de aplicação retroativa de uma nova interpretação. Nesse sentido, há norma expressa no art. 2°, parágrafo único, XIII, da Lei 9.784/1999:
Art. 2o , Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:  XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.
Ex.: se a Administração interpretasse a lei de um modo “X" para um determinado caso concreto, tomando uma determinada decisão na sequência e, um tempo depois, mudasse a interpretação e consequentemente reapreciasse questão já decidida, aplicando a nova forma de interpretar uma dada norma e prejudicando um particular.
*etc
I.9) Da Organização da Administração Brasileira 
I.9.1) Estado, Governo e Administração Pública 
I.9.1.1) ESTADO 
a) Conceito de Estado 
Modernamente a soberania, a territorialidade e o povo são as características do conceito de Estado Moderno.
Obs.:
População # Povo
- População => conjunto de todos os habitantes de um dado território que com ele mantenham ou não vínculos políticos, além dos vínculos necessários a caracterização do Estado. População é termo estatístico e econômico. Aí estão não só os que votam e são votados, mas todos os indivíduos, (inclusive menores, incapazes e estrangeiros presentes em solo brasileiro permanentes) ,etc. 
- Povo => é coletivo de cidadão; é um conjunto de cidadãos que pode votar e ser votado. O povo representa a população de determinado Estado, parcela esta que se vincula por laços políticos e não só jurídicos como quanto aos indivíduos da população. 
A diferença entre Povo e População é relevante porque ao Povo é conferida a titulação de cidadania, de nacionalidade, em que há a liberdade de participação política nas obrigações do Estado com a possibilidade do individuo cidadão pode escolher, ou ser escolhido como governante do seu respectivo Estado. 
Território => é o limite espacial dentro do qual o Estado exerce de modo efetivo e exclusivo o poder de império sobre as pessoas e bens. Compreende além do solo, o mar territorial (LEI Nº 8.617, DE 4 DE JANEIRO DE 1993), o espaço aéreo e o subsolo, as Embaixadas no exterior, os navios mercantes em alto-mar e os de guerra em qualquer lugar, assim, como os aviões. 
Governo (Soberania) => Governo é a soberania posta em ação, isto é, conjunto das funções necessárias à manutenção da ordem jurídica e da administração pública. Significa Independência e autodeterminação.
Enfim, faltando quaisquer destes 03 elementos não será Estado.
b) Forma de Estado
No caso brasileiro, verifica-se que o Estado adotou a forma federativa de organização, o que indica a sua divisão em unidades autônomas (processo chamado descentralização política). Cada uma dessas unidades tem personalidade jurídica de direito público e seu próprio círculo de poder (competência). São designadas da seguinte forma: - União, - Estados, - Distrito Federal e – Municípios;
c) Poderes do Estado
A primeira função é aquela em que o poder se manifesta “sob a forma de normas gerais e obrigatórias para todos os habitantes, isto é, atos do Estado que se impõe a todos os que se encontram em determinadas situações; é a função legislativa, ou o Poder Legislativo”.
A segunda grande função do Estado não diz respeito à promulgação da lei que regula a vida social, mas sim aos atos singulares, visando objetivos concretos, particulares, como a nomeação de funcionários, a execução de serviços públicos, arrecadação de impostos. A esta função estatal dá-se o nome de função executiva ou Poder Executivo ou, ainda,função administrativa, e é desempenhada pelo órgão executivo, também denominado Poder Executivo.
A terceira função do Estado “aparece quando ele dirime os dissídios surgidos entre os cidadãos por motivo da aplicação das leis, quando julga e pune os infratores destas leis, quando, em resumo, ele declara o Direito, aplica as leis nos casos particulares, faz reinar a justiça nas relações sociais, assegura os direitos individuais. Esta é a função judiciária, e o órgão respectivo é formado pelos tribunais e juízes, o Poder Judiciário.”
I.9.1.2) GOVERNO 
a) Conceito de Governo
Governo pode ser compreendido como o grupo transitório de pessoas responsável pela execução do contrato social isto é, representa o projeto de Estado, em seus ideais nacionais, projeto esse que é empreendido através de certos regimes de governo. Nesse sentido, levando-se em consideração a multiplicidade de aspectos, podem existir dois tipos básicos de regimes de governo: os regimes liberais e autoritários.
I.9.1.3)ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
a) Conceito de Administração Pública
Administração Pública é a atividade que o Estado desenvolve por meio de atos concretos e executórios, para a consecução, direta, ininterrupta e imediata dos interesses públicos. 
Hely Lopes Meirelles se vale do critério formal (conjunto de órgãos instituídos para atingir as finalidades do governo), do critério material (conjunto de funções para o desempenho dos serviços públicos) e do critério operacional (caracteriza-se como o desempenho perene e sistemático dos serviços próprios do Estado).
A Administração Pública pode ser direta ou indireta. 
I.9.2) Organização Administrativa 
I.9.2.1) Administração Direta
Administração Direta ou centralizada é a própria esfera política (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) que exerce, diretamente, suas atribuições ou competências por meio de seus órgãos públicos. 
Portanto, é importante grifar que os entes que compõem a Administração Direta, por serem pessoas jurídicas de direito público. Estão sujeitos às prerrogativas e obrigações inerentes a esse regime, o que é extensível às suas estruturas internas, isto é, aos seus órgãos.
Considerando esse regime público, vale lembrar algumas consequências de sua aplicação. As pessoas da Administração Direta estão subordinadas aos procedimentos financeiros públicos. Como regras de contabilidade pública e aos limites da Lei de responsabilidade Fiscal (LC no. 101/00). Submetem-se também ás exigências de concurso público (art. 37, II da CF) e do dever de licitar (art. 37, XXI da CF). O seu quadro de pessoal é composto por servidores públicos, com todos os deveres e as garantias inerentes ao grupo, O seus atos administrativos gozam dos atributos de presunção de legitimidade, de auto-executoriedade e de coercibilidade, e, da mesma forma que seus contratos, seguem o regime administrativo, contando com as cláusulas exorbitantes. 
Obs.: São cláusulas exorbitantes aquelas que não seriam comuns ou que seriam ilícitas em contrato celebrado entre particulares, por conferirem prerrogativas a uma das partes (a Administração) em relação à outra; elas colocam a Administração em posição de supremacia sobre o contratado.
As pessoas da Administração Direta gozam de privilégios tributários, tal como a imunidade recíproca para os impostos (conforme art. 150, VI, “a” da CF), além das prerrogativas processuais, considerando o seu tratamento de fazenda pública. Seus bens estão protegidos pelo regime público, sendo alienáveis de forma condicionada, impenhoráveis, imprescritíveis e não podem ser objeto de oneração. Por fim o pagamento de seus débitos judiciais está sujeito ao regime de precatório previsto no art. 100 da CF. 
I.9.2.2) Administração Indireta
Todavia, o Estado pode decidir (politicamente) que a melhor maneira de desempenhar uma determinada atividade é criar (por disposição legal específica) outra pessoa jurídica, a quem será atribuída a prestação do serviço. Isso alivia o ente central e cria um corpo técnico especializado, com vistas à otimização do serviço. Essa nova pessoa poderá ostentar natureza jurídica de direito público (com prerrogativas e sujeições específicas) ou de direito privado (contando, nesse caso, com mais agilidade do que o ente estatal/central).
A Administração Indireta, portanto, é composta por entidades que possuem personalidade jurídica própria, mas sempre vinculadas à respectiva Administração Direta, e que são responsáveis pela execução de atividades administrativas que necessitam ser desenvolvidas de forma descentralizada. São elas as Autarquias, as Fundações Públicas, as Empresas Públicas e as Sociedade de Economia Mista. 
EXEMPLOS:
AUTARQUIAS – BACEN, ANATEL, INMETRO, AGECOM, GOIASPREV, UEG, JUCEG, DETRAN, AGETOP, INCRA, INSS, ANEEL, ANTT, ANVISA, etc
FUNDAÇOES PÚBLICAS– IBGE, CNPQ, FUNASA
EMPRESAS PÚBLICAS – EMBRAPA, CEF (tem objetivo social), CORREIOS, INFRAERO.
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA – PETROBRAS, BANCO DO BRASIL (é possível comprar ações do BB), ELETROBRÁS, SANEAGO, CELG.
Obs.: 
Apenas a título de informação : 
“Com o advento da Lei no. 11.107/05 surgem os consórcios públicos que podem ser formalizados entre os entes políticos (União, Estados, DF e Municípios), para gestão associada de serviços públicos de interesse comum. Todavia, essa união ganha uma nova personalidade jurídica que pode ser de direito público, formando-se uma associação pública, ou de direito privado. Ressalte-se que essa nova pessoa jurídica não constitui um novo ente federativo porque se contrário fosse, violaria a própria estrutura federativa do Brasil => todavia esta questão ainda está sendo amplamente debatida, principalmente quanto inconstitucionalidade e inconsistências legais”. 
As Organizações Sociais, as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público e os Serviços Sociais Autônomos não integram a Administração Indireta e muito menos a Direta, pois são entidades de direito privado alheias à estrutura governamental, mas que se relacionam com o Poder Público por intermédio de parcerias (contrato de gestão e termo de parceria), o qual é chamado de Terceiro Setor.
Obs.: Características Gerais Administração Direta e Indireta
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	ADMINISTRAÇÃO DIRETA - ÓRGÃOS PÚBLICOS
	
	
	
	 
	
	
	
	 
	
	
	
	PODER EXECUTIVO
	
	
	
	 
	
	
	
	 
	
	
	
	PODER LEGISLATIVO
	
	
	
	 
	
	
	
	 
	
	
	
	PODER JUDICIÁRIO
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	ADMINISTRAÇÃO INDIRETA - ENTIDADES
	
	
	
	 
	
	
	
	 
	
	NATUREZA DIREITO 
	
	AUTARQUIAS
	
	PUBLICO
	
	 
	
	
	
	 
	
	
	
	FUNDAÇÕES PÚBLICAS
	
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	NATUREZA DIREITO 
	
	EMPRESAS PÚBLICAS
	
	PRIVADO
	
	 
	
	
	
	 
	
	
	
	SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA
	
*Criação entidades:
Para a criação dessas pessoas jurídicas, exige-se previsão legal, pois o art. 37, XIX define que “somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação”
É interessante apontar alguns aspectos do dispositivo acima, Inicialmente, quanto à espécie normativa, a regra fala em “lei específica”, o que significa uma lei ordinária que terá como finalidade específica criar autarquias ou autorizar a criação das demais pessoas jurídicas. Dessa forma, a lei não poderá cuidar de vários assuntos dessas pessoas, além do que cada uma delas terá uma lei própria. Ressalte-se o caso da fundação que, apesar de autorizada a sua criação por lei ordinária, a lei complementar deverá especificar as suas possíveis áreas de atuação, possíveis finalidades.
Deve-se grifar, que a lei cria as autarquias e autoriza a criação das demais pessoas jurídicas. Na hipótese em que a lei cria – caso das autarquias – basta a edição da lei e a pessoa jurídica já estápronta para existir, o que não acontece no segundo caso. Quando a lei autoriza a criação de uma pessoa jurídica – caso das fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista – ela só passará a existir juridicamente com o registro dos seus atos constitutivos no órgão competente, seja no Cartório de Registro das Pessoas Jurídico, se ela tiver natureza civil, ou na Junta Comercial, quando possuir natureza empresarial.
A título exemplificativo:
Tendo como foco a Organização Federal (Ente Federativo União)- Poder Executivo .
Inicialmente a UNIÃO possui várias atribuições, como p.ex., a questão econômica do País e para tanto se verificou que tais atribuições seriam bem desempenhadas por uma estrutura própria hierarquizada, conforme abaixo:
Mas quem controla, por exemplo, a taxa de juros, o controle câmbio em nosso País? 
Antigamente era atribuição do Ministério da Fazenda e a Presidência da República validava....mas esta acabava sendo uma decisão mais política do que técnica. Assim, atualmente esta atribuição está reservada exclusivamente ao Banco Central (BACEN).
O Banco Central estaria subordinado ao Presidente da República ou ao Ministério da Fazenda?A resposta é “NÃO”, porque o Banco Central está fora da pirâmide e possui sua própria autonomia e independência.
Obs.:
A entidade descentralizada não sofre qualquer tipo de controle da União? Errado, pois existe o controle finalístico e neste não há possibilidade de uma ordem direta, todavia, de um controle ou uma supervisão ministerial. 
Se “A” for atropelado por um carro do Ministério da Fazenda a ação indenização será contra a União (personalidade jurídica), agora se o carro pertencer , por exemplo, Banco Central, a ação será contra Banco Central, pois este como vimos é uma pessoa jurídica independente, autônoma, com patrimônio e estrutura próprio. 
Com base nestas explicações iniciais podemos então afirmar que:
Os órgãos públicos (Administração Direta), como por exemplo, o Ministério da Fazenda, possuem as seguintes características: sem personalidade jurídica (a UNIÂO é que tem personalidade jurídica) dentro de uma subordinação hierárquica (pirâmide) e consequentemente um controle hierárquico, ou seja, o órgão superior controla o órgão inferior com base na hierarquia. (Ex. Presidente da República controla os Ministros)
Já as entidades da Administração Indireta (ex.: BACEN) possuem personalidade jurídica própria (podem ser sujeitos de direitos e obrigações, sendo, consequentemente, responsáveis pelos seus atos, visto que, possuem patrimônio próprio, independentemente de sua origem) com vinculação, ou seja, estará sempre vinculada a uma estrutura da Administração Direta...normalmente a um Ministério, que a doutrina denomina de “supervisão ministerial” (exemplos.: o Ministério da Fazenda tem uma supervisão ministerial em cima do Banco Central, o Ministério do Meio Ambiente tem uma supervisão ministerial em cima do IBAMA) e com um controle finalístico, ou seja, o Ministro da Fazenda não poderá, por exemplo, determinar/ordenar que o Banco Central diminua a taxa de juros , visto que se trata de uma estrutura independente e autônoma....todavia, o fim do Banco Central é controlar a economia e se este fim não for atingido, o Ministério da fazenda poderá efetuar uma intervenção. Sua criação e extinção condicionada à previsão legal (lei cria ou autoriza sua criação); possui finalidade específica, definida em lei; 
E nesse sentido, a Administração Pública pode ser organizada de forma centralizada, descentralizada, concentrada ou desconcentrada.
I.9.2.3) Centralização, Descentralização, Concentração, Desconcentração
* CENTRALIZAÇÃO 
Ocorre a chamada centralização administrativa quando o Estado executa suas tarefas por meio dos órgãos públicos integrantes da Administração Direta. Nesse caso, os serviços são prestados pelos órgãos do Estado, despersonalizados, integrantes de uma mesma pessoa política (União, DF, estados ou municípios), sem outra pessoa jurídica interposta. Portanto, quando falamos que determinada função é exercida pela Administração Centralizada Federal, sabemos que é a pessoa jurídica União quem a exerce, por meio de seus órgãos; quando se diz que um serviço é prestado pela Administração Centralizada do Distrito Federal, significa que é a pessoa jurídica Distrito Federal quem presta o serviço, por meio de seus órgãos, e assim por diante.
Ou seja, quando atividade administrativa é exercida pelo próprio Estado, ou seja, pelo conjunto orgânico que lhe compõe a intimidade, pelos seus órgãos, denomina-se forma centralizada de prestação dos serviços ou prestação direta. Nessa hipótese a prestação é feita pela própria Administração Direta que é composta pelas pessoas politicas: União, estados, Distrito Federal e Municípios. 
Em síntese, a centralização administrativa, ou o desempenho centralizado de funções administrativas, consubstancia-se na execução de atribuições pela pessoa política que representa a Administração Pública competente - União, Estado-membro, Municípios ou DF – dita, por isso, Administração Centralizada. NÃO há participação de outras pessoas jurídicas na prestação do serviço centralizado.
* DESCENTRALIZAÇÃO
Entretanto, para proteger o interesse público, buscando-se maior eficiência e especialização no exercício da função pública, o Estado poderá transferir a responsabilidade pelo exercício da função pública, o Estado poderá transferir a responsabilidade pelo exercício de atividades administrativas que lhes são pertinentes a pessoas jurídicas auxiliares por ele criadas com esse fim ou para particulares. Nesse caso, ele passa a atuar indiretamente, pois o faz por intermédio de outras pessoas, seres juridicamente distintos, o que se denomina descentralização administrativa. As pessoas jurídicas auxiliares criadas pelo Estado compõem a Administração Indireta, podendo ser: autarquia, fundação pública, empresa pública ou sociedade de economia mista.
Portanto, ocorre a chamada descentralização administrativa quando o Estado (União, DF, Estados ou municípios) desempenha algumas de suas funções por meio de outras pessoas jurídicas. A descentralização pressupões duas pessoas jurídicas distintas: o Estado e a entidade que executará o serviço, por ter recebido do Estado essa atribuição. A descentralização administrativa acarreta a especialização na prestação do serviço descentralizado, o que é desejável em termos de técnica administrativa.
 	Por esse motivo, já em 1967, ao disciplinar a denominada “Reforma Administrativa Federal”, o Decreto-Lei no. 200, em seu art. 6º, III, elegeu a “descentralização administrativa” como um dos princípios fundamentais da Administração Federal. 
Há 2 (duas) formas pelas quais o Estado pode efetivar a chamada descentralização administrativa: outorga e delegação.
Obs.: não é pacífico a nível doutrinário no que tange à transferência para as pessoas da Administração Indireta via outorga , a corrente majoritária afirma que as regidas pelo direito privado não podem ser via outorga, mas apenas via delegação.
	Outorga
	tranfere-se a titularidade e a execução dos serviços públicos
	
	 
	
	é exclusivo para as pessoas da Administração Indireta de direito público, portanto, as autarquias e as fundações públicas de direito público (doutrinadores que defendem esta alegam que esta regra se justifica porque a titularidade dos serviços não pode sais das maõs do Poder Público)
	
	 
	
	realiza-se por lei
	
	
	Delegação
	transfere-se somente a execução dos serviços públicos e tem prazo determinado
	
	 
	
	realiza-se por lei => às pessoas jurídicas da Administração Indireta de direito privado: as empresas públicas, as sociedades de economia mista
	
	 
	
	realiza-se por contrato administrativo => aos particulares, como ocorre nas concessões e permissões de serviços públicos
	
	 
	
	realiza-se por ato administrativo => aos particulares, como as autorizações de serviços públicos
Em resumo, a descentralização administrativapressupõe a existência de duas pessoas jurídicas: a titular originária da função e a pessoa jurídica que é incumbida de exercê-la. Se essa incumbência consubstanciar-se numa outorga, será criada por lei, ou em decorrência de autorização legal, uma pessoa jurídica que receberá a titularidade do serviço outorgado. É o que ocorre na criação de entidades (pessoas jurídicas) da Administração Indireta prestadoras de serviços públicos. Se a atribuição do serviço for feita mediante delegação, a pessoa jurídica delegada receberá, por contrato ou ato unilateral, a incumbência de prestar o serviço em seu próprio nome, por prazo determinado, sob fiscalização do Estado. A delegação não implica a transferência da titularidade do serviço à pessoa delegada, mas apenas a concessão, a permissão ou a autorização temporária para a execução do serviço.
*DESCONCENTRAÇÃO
Para que o ente federativo, a exemplo, a União possa exercer o seu grande leque de atribuições e responsabilidades, considerando que é titular e executor das atividades administrativas, é preciso uma organização e distribuição interna dessas competências (uma divisão interna das tarefas) o que se denomina desconcentração. A desconcentração, que é um fenômeno de distribuição interna de partes de competências decisórias, agrupadas em unidades individualizadas, refere-se à organização interna de cada pessoa jurídica. Ela não prejudica a unidade monolítica do estado, pois todos os órgãos permanecem ligados por um consistente vínculo denominado hierarquia, podendo ser em razão da matéria, do grau hierárquico ou do território.
Assim, ocorre a chamada desconcentração quando determinado ente ou entidade da Administração, encarregada de executar um ou mais serviços, distribui competências, no âmbito de sua própria estrutura, a fim de tornar mais ágil e eficiente a prestação dos serviços.
A título de exemplo, ocorre desconcentração, no âmbito da Administração Direta Federal, quando a União distribui as atribuições decorrentes de suas competências entre diversos órgãos de sua própria estrutura, como os ministérios (Ministério da Educação, Ministério dos Transportes etc.); ou quando uma autarquia, por exemplo, uma universidade pública, estabelece uma divisão interna de funções, criando, na sua própria estrutura, diversos departamentos (Departamento de Graduação, Departamento de Pós-Graduação, Departamento de Direito, Departamento de Filosofia, Departamento de Economia etc.) Repisa-se o fato de que a desconcentração, mera técnica administrativa de distribuição interna de funções, ocorre, tanto na prestação de serviços pela Administração Direta, quanto pela Indireta. 
Assim, caracteriza-se desconcentração pela distribuição interna de competências dentro de uma mesma pessoa jurídica com o fim de tornar mais eficiente a execução das finalidades administrativas previstas em lei. E ocorre tanto no caso de um município que se divide internamente em órgãos, cada qual com atribuições definidas, quanto em uma sociedade de economia mista, um banco estadual, por exemplo, que organiza sua estrutura interna em superintendências, departamentos ou seções, com atribuições próprias e distintas, a fim de melhor desempenhar suas funções institucionais.
* CONCENTRAÇÃO 
A prestação concentrada se daria no caso de uma pessoa jurídica que não apresentasse divisões em sua estrutura interna, razão pela qual, podemos afirmar tratar-se de conceito eminentemente teórico.
REFORÇO:
=> É importante deixar claro que a "descentralização" não se confunde com a “desconcentração”. Tanto uma quanto outra, é verdade, são formas de distribuição de competências. Contudo, na descentralização essa distribuição se dá externamente, ou seja, de uma entidade para outra, pressupondo, portanto, duas pessoas jurídicas distintas, a estatal (entidade política) e a pessoa jurídica por ela criada (entidade meramente administrativa). Já na desconcentração, a distribuição de competências ocorre internamente, dentro da própria entidade com competência para desempenhar a função, entre os seus próprios órgãos.
A desconcentração cuida-se de uma técnica de administração, destinada a desafogar o exercício da função administrativa, haja vista que, podendo uma determinada entidade pública exercer sua atividade por meio de um único órgão público, ou seja, “concentradamente”, ela pode, para facilitar o desempenho dessa atividade, exercê-la por mais de um órgão, o que o faz “desconcentradamente”. Na desconcentração, reitere-se, há uma divisão interna de competências ou funções, no interior do próprio Estado ou das entidades de direito público que cria.
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
I.9.2.4) Abrangência Administração Indireta
O fundamento da ideia de Administração Indireta está assentado no instituto da descentralização. Este vem a ser a distribuição de competências de uma para outra pessoa, física ou jurídica.
São consideradas entidades da Administração Indireta no direito moderno a Autarquia, a Empresa Pública, a Sociedade de Economia Mista e as Fundações Públicas.
Outrossim, existem características comuns a todas as entidades da Administração Indireta, quais sejam: Personalidade jurídica – para que possam desenvolver suas atividades, as entidades da administração indireta são dotadas de personalidade; consequentemente, podem adquirir direitos e assumir obrigações por conta própria, não necessitando, para tanto, das pessoas políticas. Patrimônio próprio – em função da característica anterior, as entidades possuem patrimônio próprio, distinto das pessoas políticas. Vinculação a órgãos da Administração Direta – as entidades da Administração Indireta são vinculadas aos órgãos da Administração Direta, com o objetivo principal de possibilitar a verificação de seus resultados, a harmonização de suas atividades políticas com a programação do Governo, a eficiência de sua gestão e a manutenção de sua autonomia financeira, operacional e financeira, através dos meios de controle estabelecido em Lei e demais itens conforme ficará demonstrado no decorrer do trabalho.
a) ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA
a.1 Autarquias
O termo autarquia significa autogoverno ou governo próprio.
São elementos necessários à conceituação das autarquias os relativos à personalidade jurídica, à forma de instituição e ao objeto.
À luz desses elementos conceitua-se autarquia como a pessoa jurídica de direito publico, integrante da administração indireta, criada por lei para desempenhar funções que, despidas de caráter econômico, sejam próprias e típicas do Estado....portanto apenas o Estado podem cria-las
	São pessoas jurídicas de Direito Público, com patrimônio e com receita próprios, que realizam atividades típicas da Administração, inclusive aquelas que pressupõem o exercício do poder de polícia. Originalmente, surgem para qualificar o funcionamento da máquina estatal, a partir da descentralização do seu fazer administrativo e da organização financeira; nasce para prestar serviço público e/ou exercer poder de polícia administrativa. Criadas por lei específica (CF, art. 37, XIX), começam a operar a partir de um decreto, porém só desaparecerão por intermédio da produção de nova lei (Lei 9.472/1997, arts. 8.º e 10).
A autarquia recebe uma outorga legal, que lhe transfere a titularidade e a execução da atividade, que é então assumida na sua íntegra. Se é verdade que não está presa aos rigores de uma estrutura hierárquica, adequada apenas aos órgãos decorrentes da desconcentração, encontra-se submetida ao controle (ou à tutela) do órgão destacado pela lei – em geral, um Ministério. A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), nos termos da Lei 11.182/2005, artigo 1.º, é vinculada ao Ministério da Defesa. 
Internamente possui mecanismos de controle – a autotutela – realizados dentro de seus próprios órgãos. Não é possível confundir-se, contudo, o controle dos atos praticados pela autarquia, a supervisão ministerial realizada pelosórgãos da Administração Direta, com a transformação desse vínculo em instância recursal necessária ou exercício evidente de um poder hierárquico.
Assume a autarquia, em nome próprio, toda sorte de responsabilidades, especialmente aquelas que decorrem da prestação direta de um serviço público ou do exercício do poder de polícia administrativa e responde por elas, na exata medida de sua força. Ao mesmo tempo usufrui de alguns privilégios, como, por exemplo, a imunidade tributária no que diz respeito a determinados impostos (CF, art. 150, § 2.º) e o fato de seu patrimônio ser inalienável, impenhorável (CF, art. 100), imprescritível (seus bens não podem ser objeto de usucapião) e não-onerável, ou seja, para a última característica, os bens destinados à prestação de serviço público não podem ser objeto de penhor ou hipoteca; portanto, se a autarquia exaurir seus recursos, guarda o Estado a responsabilidade subsidiária pelas obrigações inadimplidas. Ela assume as responsabilidades no limite de suas potencialidades, porém, ao mesmo tempo, todo o seu patrimônio é, na verdade, bem público impenhorável, o que determina que os seus pagamentos seguirão as mesmas regras da Fazenda Pública. Seus pagamentos após as sentenças judiciais transitadas em julgado serão feitos na forma de precatório. Eventuais credores não poderiam buscar no patrimônio da autarquia a satisfação de seus débitos, e, como já se disse, apenas se minguarem seus recursos, o Estado responde subsidiariamente – a responsabilidade é subsidiária, e não solidária.
Todas as autarquias possuem autonomia, porém algumas apresentam um grau ainda maior: são as autarquias em regime especial. O conceito está respaldado em algumas leis que referem expressamente quando as autarquias se encontram nessa condição. A Lei 9.427/1996, artigo 1.º, aponta o nascimento da “(...) Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, autarquia sob regime especial, vinculada ao Ministério das Minas e Energia (...)”. Por sua vez, a Lei 9.472/1997, artigo 8.º, estabelece que fica “(...) criada a Agência Nacional de Telecomunicações, entidade integrante da Administração Pública Federal Indireta, submetida a regime autárquico especial e vinculada ao Ministério das Comunicações, com a função de órgão regulador das telecomunicações (...)”. E mais, o artigo 8.º, § 2.º, dessa Lei ainda declara que a “(...) natureza de autarquia especial conferida à agência é caracterizada por independência administrativa, ausência de subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes e autonomia financeira”. Na verdade, apenas a regra referente aos dirigentes é ponto de inovação em relação a todas as autarquias ditas comuns. 
Alguns doutrinadores classificam as autarquias em:
- Autarquias assistenciais: aquelas que visam a dispensar auxílio a regiões menos desenvolvidas ou a categorias sociais específicas, para o fim de minorar as desigualdades regionais e sociais, preceito, aliás, inscrito no art.3º, III da CF, exemplos: a ADENE - Agência de Desenvolvimento do Nordeste e ADA- Agência de Desenvolvimento da Amazônia;
- Autarquias previdenciárias: voltadas para a atividade e previdência social oficial, exemplo: o INSS (Instituto Nacional de Seguro Social);
- Autarquias culturais: dirigidas à educação e ao ensino. Exemplo: a UFRJ (Universidade Federal do Rio Janeiro);
- Autarquias profissionais: incumbidas da inscrição de certos profissionais e de fiscalizar sua atividade. Exemplo: OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), CRM (Conselho Nacional de Medicina). A Lei nº. 9649 de 27/05/1998, passou a estabelecer que os serviços de fiscalizações de profissões regulamentadas serão exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público, mediante a autorização legislativa (Art. 58). Consigna, ainda, que os conselhos de fiscalização terão personalidade jurídica de direito privado, sem vínculo funcional ou hierárquico com os órgãos da administração pública (§ 2). Sua organização e estrutura são fixadas por decisão interna do plenário (§ 1). O foro, porém, para dirimir litígios será o da Justiça Federal (§ 8). Ficou excluída dessa nova disciplina a OAB regulada pela lei nº. 8906, de 04/07/1994 (§ 9). O STF, considerando que o serviço de fiscalização de profissões constitui atividade típica do Estado, dando ensejo ao exercício ao poder de polícia e aplicações de punições, o que é insuscetível de delegação a entidades privadas, suspendeu, por medida cautelar, a eficácia do Art. 58 e parágrafos da Lei nº. 9649/98, e declarou no mérito a inconstitucionalidade do dispositivo. (ADIN nº. 1.717-DF PUBL. Em 28/03/2003).
- Autarquias Administrativas: que formam categoria residual, ou seja, aquelas entidades que se destinam às várias atividades administrativas, inclusive de fiscalização, quando essa atribuição for da pessoa federativa a que estejam vinculadas. É o caso do INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial); BACEN (Banco Central do Brasil); IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis);
- Autarquia de controle: enquadram-se nesta categoria as recém-criadas agências reguladoras, inseridas no conceito genérico de agencias autárquicas, cuja função primordial consiste em exercer controle sobre as entidades que prestam serviços públicos ou atuam na área econômica por força de concessões e permissões de serviços públicos (descentralização por delegação negocial), como é o caso da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), da ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações) e da ANP (Agência Nacional de Petróleo).
Exemplos Autarquias:
a) ESTADO GO => 	AGECOM, GOIASPREV, UEG, JUCEG, DETRAN, AGETOP, etc.
b) MUNICÍPIO DE GOIÂNIA => AMT, AGMGO, IPSM, etc.
Nas autarquias é possível ser adotado dois regimes jurídicos de pessoal: o estatutário, em que o servidor público ocupa um cargo publica, regido por um estatuto, ou o celetista, em que o empregado público ocupa emprego público regido pelas Leis Trabalhistas (CLT).
a.2 Fundações Públicas
Conforme explica a doutrinadora Di Pietro:
“A fundação instituída pelo Poder Público caracteriza-se por ser um patrimônio, total ou parcialmente público, a que a lei atribui personalidade jurídica de direito público ou privado, para consecução de fins pública; quando tem personalidade pública, o seu regime jurídico é idêntico ao das autarquias, sendo por isso mesmo, chamada de autarquia fundacional, em oposição a autarquia corporativa. As fundações de direito privado regem-se pelo Direito Civil em tudo o que não for derrogado pelo direito público.” 
Observa-se assim que há dois tipos de fundação, uma regida pelo Direito Público e outra por normas privadas.
São peculiaridades das fundações públicas: a criação por dotação patrimonial; o desempenho de atividade atribuída ao Estado no âmbito social; sujeitam ao controle ou tutela por parte da Administração Direta; possuem personalidade jurídica de direito público, em regra; e criação por autorização legislativa específica.
A fundação deverá ter sempre por objetivo a realização de atividade social, educacional ou cultural, como saúde, educação, cultura, meio-ambiente e assistência social, portanto, as fundações públicas, assim como as privadas, visam objetivos não-econômicos. Elas não visam lucro. São constituídas visando algo diferente do mero retorno financeiro direto, como a educação, a saúde, o amparo ao trabalhador etc. Assim, a Fundacentro (ligado ao Ministério do Trabalho) visa difundir conhecimento sobre segurança e saúde no trabalho e meio ambiente; o IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) visa compreender e apoiar o desenvolvimento do Brasil através da coleta de informações estatísticas; a Funai (Fundação Nacional do Índio) visa o amparo das populações indígenas, etc. Nenhuma delas objetiva dar lucro.
As Fundações Públicas de Direito Público admitem os dois regimes dois regimes jurídicos de pessoal: o estatutário, em que o servidor público ocupa um cargo publica, regido por um estatuto, ou o celetista,

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