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Ética e Cidadania Elaine Cristina Arantes 2016 Curitiba-PR Ética e Cidadania Elaine Cristina Arantes Catalogação na fonte pela Biblioteca do Instituto Federal do Paraná © INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ – EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Este Caderno foi elaborado pelo Instituto Federal do Paraná para a rede e-Tec Brasil. Presidência da República Federativa do Brasil Ministério da Educação Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica Elio de Almeida Cordeiro Reitor pro tempore Izaias Costa Filho Chefe de Gabinete Ezequiel Westphal Pró-Reitor de Ensino – PROENS Evandro Cherubini Rolin Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional – PROPLAN Rubens Felipe Ribeiro Pró-Reitor de Administração – PROAD Valdinei Henrique da Costa Pró-Reitor de Gestão de Pessoas – PROGEPE Ezequiel Burkarter Pró-Reitor de Extensão, Pesquisa e Inovação – PROEPI Fernando Roberto Amorim de Souza Diretor de Educação da Distância Eduardo Fofonca Diretor de Ensino e Desenvolvimento de Recursos Carmen Sílvia da Costa Coordenadora de Tecnologias Educacionais Lídia Emi Ogura Fujikawa Designer Instrucional Hilton Thiago Preisni Diagramador Darlan Rodrigues Martins Revisor Monique Mika Ilustradora Ester dos Santos Oliveira Lidia Emi Ogura Fujikawa Projeto Instrucional Diego Windmöller Projeto Gráfico Prezado estudante, Bem-vindo à Rede e-Tec Brasil! Você faz parte de uma rede nacional de ensino, que por sua vez constitui uma das ações do Pronatec - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego. O Pronatec, instituído pela Lei nº 12.513/2011, tem como objetivo principal expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) para a po- pulação brasileira propiciando caminho de o acesso mais rápido ao emprego. É neste âmbito que as ações da Rede e-Tec Brasil promovem a parceria entre a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) e as instâncias promotoras de ensino técnico como os Institutos Federais, as Secretarias de Educação dos Estados, as Universidades, as Escolas e Colégios Tecnológicos e o Sistema S. A Educação a Distância no nosso país, de dimensões continentais e grande diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao garantir acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimento da formação de jovens moradores de regiões distantes, geograficamente ou economicamente, dos grandes centros. A Rede e-Tec Brasil leva diversos cursos técnicos a todas as regiões do país, incentivando os estudantes a concluir o Ensino Médio e realizar uma formação e atualização contínuas. Os cursos são ofertados pelas instituições de educação profissional e o atendimento ao estudante é realizado tanto nas sedes das instituições quanto em suas unidades remotas, os polos. Os parceiros da Rede e-Tec Brasil acreditam em uma educação profissional qualificada – integradora do ensino médio e educação técnica, – é capaz de promover o cidadão com capacidades para produzir, mas também com autonomia diante das diferentes dimensões da realidade: cultural, social, familiar, esportiva, política e ética. Nós acreditamos em você! Desejamos sucesso na sua formação profissional! Ministério da Educação Novembro de 2011 Nosso contato etecbrasil@mec.gov.br Apresentação e-Tec Brasil Indicação de ícones Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual. Fique atento! Indica o ponto de maior relevância no texto. Pesquise! Orienta ao estudante que desenvolva atividades de pesquisa, que complementem seus estudos em diferentes mídias: vídeos, filmes, jornais, livros e outras. Glossário Indica a definição de um termo, palavra ou expressão utilizada no texto. Você sabia? Oferece novas informações que enriquecem o assunto ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao tema estudado. Pratique! Apresenta atividades em diferentes níveis de aprendizagem para que o estudante possa realizá-las e conferir o seu domínio do tema estudado. Design do componente Unidade Unidade Unidade Unidade Unidade 1 3 5 2 4 Ética e moral Introdução à Ética Introdução à Moral A conduta cidadã Evolução do conceito de cidadania Gestão da reputação do profissional Ética, reputação e imagem profissional Conduta humana fundamentada na ética A conduta ética Ética profissional O que é profissão? 11 13 14 33 34 51 52 23 24 43 45 Unidade Unidade Unidade Unidade Unidade 6 8 10 7 9 Ética nas negociações O “sim” nem sempre é o suficiente Gestão da diversidade: valorizando as diferenças no convívio social e profissional A gestão da diversidade Ética, Transparência e Responsabilidade Social Como a responsabilidade social se insere na gestão das organizações Segurança no Trabalho para Pessoas com Deficiência Conceito de deficiência O processo de comunicação O processo de comunicação 85 86 67 68 93 94 75 77 59 61 Querido aluno, Ética é um tema sempre presente no nosso cotidiano desde o relacionamento pessoal e profissio- nal até a reflexão sobre as descobertas feitas por pesquisas científicas feitas cujo impacto leva ao questionamento sobre os limites do controle da vida do ser humano. Nós nos deparamos frequen- temente com escândalos e tendemos a crer que a falta de ética é a regra geral, na conduta do homem. Quero, neste livro, ressaltar que cabe a cada um de nós o comportamento ético e moral diário dando a devida importância ao exercício pleno da cidadania contribuindo para a formação de pessoas e profissionais que construam uma Nação melhor. Ao final deste livro, fica a pergunta: Ética pública e privada: há luz no fim do túnel? Vamos refletir e responder juntos a partir das discussões que fizemos ao longo desta obra. Artigos, vídeos, entre- vistas e enquetes complementam o conteúdo apresentado a partir da percepção de outras pesso- as e nos permitem comparar o que foi visto neste livro, nossa própria percepção e a contribuição de terceiros. Minha sugestão é que você leia, reflita e discuta com os seus colegas, construindo coletivamente o conhecimento sobre este tema. Boa leitura e bom trabalho! Professora Elaine Cristina Arantes Palavra dos autores Iniciaremos nossa abordagem com os conceitos fundamentais de ética, moral, cidadania, valores, conduta ética, dilemas éticos e consciência ética. Vistos estes conceitos, vamos aplicá-los no cotidiano do homem e do profissional, voltando para a gestão. Vamos discutir amplamente neste livro os temas voltados para a gestão e sua relação com as bases éticas fundamentais. Liderança, comunicação, relacionamento interpes- soal, código de ética profissional e organizacional, gestão da reputação, valorização da diversidade, ética no serviço público são alguns temas sobre os quais você refletirá em termos de consciência e conduta ética. Apresentação do componente curricular Unidade Ética e moral 1 12 Ética e Cidadania Nesta unidade, vamos estudar dois assuntos fundamentais na formação do caráter do sujeito: os conceitos de ética e moral, e os valores éticos e morais, tanto do indivíduo quanto das organizações. Estes valores e princípios devem conduzir as ações do homem, seguindo a sua consciência ética. Os exemplos que vamos trazer vão servir para mate- rializar estes conceitos, auxiliando na compreensão e reflexão dos assuntos. Ao final dos estudos desta unidade você estará apto a diferenciar ética e moral, reconhecer seus princípios e deles se utilizar nas tomadas de decisão, seja na suavida particular, seja na sua vida profissional. Vamos abordar os conceitos fundamentais de ética e moral, desde a sua abordagem nos tempos antigos, antes de Cristo, até os dias atuais. Vamos refletir sobre a base destes conceitos e compreender a diferença entre moral, imoral e amoral. É preciso esclarecer que não se pretende abordar a ética e seus conceitos correlatos em bases filosóficas, e sim trazer para o cotidiano do servidor municipal a reflexão sobre o que é ético e antiético nas relações. Certa vez, Oscar Wilde disse “a arte não é moral nem imoral, mas amoral”! O que isso quer dizer? Primeiramente, vamos esclarecer que imoral e amoral dizem respeito à moral. Moral é aquilo que está de acordo com os bons costumes e regras de boa conduta. Imoral pode ser entendido como uma prática que fere os bons costumes, ou seja, uma prática que fere a moral. Por sua vez, amoral se refere à pessoa que não pratica atitudes morais, que não tem senso de moral. Assim, podemos dizer que, para Oscar Wilde, a arte não tem senso do que seja moral. É por isso que a arte agrada algumas pessoas, ao mesmo tempo que é estranha para outras. A sociedade chinesa, por exemplo, determina matar os bebês do sexo feminino, para controlar a natalidade do país. Para eles, isso é uma atitude moral, uma conduta daquela cultura. O que você acha disso? Na sua cultura isso seria considerado antiético? Ou, quem sabe, imoral? Reflita sobre isso durante esta aula. 13Unidade 1 – Ética e moral Introdução à Ética Você sabe a diferença entre ética e moral? Sim, são coisas diferentes... Primeiramente, vamos compreender a ética, e depois diferenciá-la de moral. Ética é a parte da filosofia que estuda a moral, que reflete sobre as regras morais. A reflexão ética pode, inclusive, contestar as regras morais vigentes, entendendo-as, por exemplo, ultrapassadas. A ética varia de cultura para cultura, de grupo para grupo. Ou seja, o que é ético para mim, pode não ser ético para você porque eu tenho uma conduta de vida diferente da sua; e a ética estuda os valores morais de uma sociedade. Dizemos que isso ou aquilo é ético baseado nas regras impostas pelo grupo do qual faze- mos parte, e cujas ações se fundamentam na cultura transmitida de geração a geração, e que nos diz o que é certo ou errado fazer. Cada sociedade tem sua ética própria. Assim, não se pode dizer que há certo ou errado, por exemplo, quando se compara o papel da mulher no Ocidente e no Oriente Médio ou na cultura muçulmana. Lá, as mulheres devem usar burka, uma norma que não é adotada pela mulher ocidental, como a brasileira Figura 1.1 - Burka / vestimenta obrigatória para as mulheres mulçumanas. Fonte: Denish C via Visualhunt.com / CC BY-NC-ND 14 Ética e Cidadania O termo ética foi trazido pelos trabalhos de Pitágoras, em VI a.C., e por Aristóteles, em IV a.C., em sua obra “Ética a Nicômaco”. Para Patrus-Penas e Castro (2010, p. 32), “A ética, como ciência do ethos, é um saber elaborado segundo regras ou segundo uma lógica peculiar”. É a ética, conforme Srour (2011, p.21), que esclarece o motivo que leva os agentes so- ciais a tomarem esta ou aquela decisão, orientados por este ou aquele valor, condiciona- dos por estes ou aqueles interesses. Portanto, ser ético significa ser um agente social cujas decisões são fundamentadas na moral do grupo ao qual pertence e são tomadas com base em valores e interesses que busquem o bem comum. Colombo et. al (2011, p.11) recorre a Vázquez (2005) para ensinar que ética “pode ser compre- endida como ‘teoria, investigação ou explicação de um tipo de experiência humana ou forma de comportamento dos homens’ e possui como fun- ção fundamental estudar a essência do compor- tamento moral”. Introdução à Moral Lembra que ética estuda as regras morais, não é? Agora, vamos ver a relação da ética com a moral... Moral é um conjunto de regras da conduta de uma determinada sociedade, regras estas determinadas pela própria sociedade. Quem segue as regras é uma pessoa moral; quem as desobedece é uma pessoa imoral. Falando nisso, você sabe a diferença entre moral, imoral e amoral? Colombo et. al (2011 p. 25) indicam que, para Vásquez (2005), o comportamento moral é legislado pela ética. Os autores reforçam ainda que “a ética vai definir o que é bom e investigar princípios da moralidade de uma sociedade. Ela fundamenta e justifica certos comportamentos, mas não cria a moral”. Os princípios éticos são repletos de condutas morais! A moral de um povo é o conjun- to de normas vigentes consideradas como critérios que orientam o modo de agir dos indivíduos daquela sociedade. Rios (2011, p. 29) ensina que, “Quando se qualifica um comportamento como bom ou mau, tem-se um critério que é definido no espaço da Vamos ver este pequeno vídeo sobre ética. Acompanhe! <https://www.youtube.com/watch?v=k- FSzAyzsbE> 15Unidade 1 – Ética e moral moralidade”, e isso interessa à ética no sentido de procurar o fundamento dos valores que oferecem sustentação para este comportamento bom ou mau. A origem da palavra “ética”, conforme Srour (2011, p. 18), está no “caráter distintivo, os costumes, hábitos e valores de determinada coletividade ou pessoa”. Daí surge a con- fusão entre ética e moral, pois a palavra “costume” foi traduzida em latim por mos ou mores no plural, derivando a palavra moral, no português. As escolhas que estes agentes fazem, considerando suas avaliações sobre o bem e o mal, é o que diferencia fatos morais (estudados pela ética) de fatos sociais (do cotidiano). I. O mal e o bem, quando se admite que há um mal necessário para que um bem maior seja atingido; II. O bem e o bem, quando só é possível beneficiar uma das partes, como exemplificado na Figura 1.3); e III. O mal e o mal, quando se admite que “entre os males, o menor”. Temos, então, que moral, para Rios (2011, p. 32), é “um conjunto de normas e regras destinadas a regular as relações dos indivíduos em uma comunidade social dada”. Estas normas e regras, para Rios (2011, p. 32) “se sustentam nos valores criados pelos sujeitos em suas relações entre si e com a natureza”. Vamos ver um quadro, esclarecendo esta relação entre ética e moral? Acompanhe! Quadro 1.1 - Ética e Moral ÉTICA MORAL Princípios éticos Código de conduta Ética é princípio. Moral é conduta específica. Ética é permanente. Moral é temporal. Ética é universal. Moral é cultural. Ética é regra. Moral é conduta da regra. Ética é teoria. Moral é prática. Ética é reflexão. Moral é ação. Ética trata do bem/mal. Moral trata do certo/errado. Aético = Ausência de ética Amoral = Ausência de moral Antiético = Contrário à ética Imoral = Contrário a moral Fonte: adaptado de Codigodeconduta.org, 2013. 16 Ética e Cidadania A visão ética de Einstein Humildade, afabilidade, cordialidade e confiança naquilo que fazia eram características de Albert Einstein, cuja irreverência, segundo Sá (2010, p. 46), era fruto de seu inconfor- mismo. Sua visão ética sobre a vida foi um de seus legados, além das brilhantes pesquisas no campo da Física e da Matemática. Sá (2010, p. 47) reforça alguns dos princípios éticos de Einstein: • Valor para a simplicidade, liberdade e respeito a cada ser; • Recusa a normas, dogmas, inconformismo e submissão; • Aceitação daquilo que se pode compreender; • Repúdio à escravidão; • Confiança na criatividade do ser humano; • Crença de que os males são resultado do desamor e da ignorância; • Aceitação de que não se ensina ou aprende o que não se ama; • Fama merece cautela, pois causa inveja e ressentimento. Albert Einstein nasceu na Alemanha, em 1879. Conhecido por ter desenvolvido a Teoria da Relatividade, seu trabalho abriu caminhopara o desenvolvimento da energia atômi- ca. Recebeu em 1921 o Prêmio Nobel de Física pela sua teoria quântica, esclarecendo o efeito fotoelétrico. Perseguido pelos nazistas deixou a Alemanha passando a morar nos Estados Unidos, como cidadão americano, onde faleceu em 1955. Em 2009, foi eleito por 100 renoma- dos físicos em todo o mundo como o físico mais memorável de todos os tempos. Vimos que ética e moral não são a mesma coisa. Ética é uma disciplina teórica que estuda os prin- cípios da moralidade. A moral é um conjunto de normas e regras destinadas a regular as relações dos indivíduos em uma comunidade social. Vimos também alguns dos princípios de Einstein, um gê- Assista ao vídeo com a entrevista concedida pelo Prof. Mario Sergio Cortella a Jô Soares, exibido pela TV Globo. Nesta entrevista, Cortella fala sobre ética e explica conceitos como moralidade, amoralidade e imoralidade. <http://www.youtube.com/ watch?v= QK5LDsEKuEA> 17Unidade 1 – Ética e moral nio que não se rendeu a condutas antiéticas, mesmo que tenha sido perseguido em seu próprio país. Valores éticos individuais e organizacionais Agora vamos tratar dos valores éticos individuais e organizacionais vamos refletir sobre os elementos fundamentais para as decisões éticas individuais e organizacionais, sejam elas públicas ou privadas. As relações humanas são permeadas por questões éticas. Na vida, sempre precisamos fazer escolhas. Somos livres para fazer escolhas, e escravos das suas consequências. Firmar-se nos seus valores requer retidão. Valores e virtudes Quais são os princípios dos quais você não abre mão? Jantar sempre com toda família? Falar sempre a verdade, doa a quem doer? É isso que chamamos de valores, isto é, princípios que regem a sua vida, e formam a base de nossa conduta individual. O mesmo pode ser observado na tomada de decisão das organizações. Você conhece os valores declarados pela empresa onde você trabalha? Observe que na Figura 1.2, os valores estão na base do planejamento estratégico das organizações. Os níveis estratégico, tático e operacional executam suas tarefas e tomam decisões com base nas crenças da organização. Figura 1.2 - Valores da organização na base de seu planejamento estratégico. Fonte: elaborada pela autora (2014). Sá (2010, p. 79) recorre a Aristóteles para ensinar que “aos hábitos dignos de louvor 18 Ética e Cidadania chamamos virtudes”. Vale, aqui, ressaltar que os virtuosos são dignos de louvor ainda que o meio em que vivam ou trabalhem não proporcione a prática da conduta virtuosa. O que isso quer dizer? Significa que, por mais que você esteja imerso em um ambiente cujas ações estejam em desacordo com os seus valores, você não deve praticar tais ações, mantendo-se firme na conduta virtuosa, regida pelos seus valores. A conduta virtuosa (respeitar todos os seres, por exemplo) é uma qualidade fundamental no campo da ética e somente é possível para pessoas com valores fortes, como o respeito, por exemplo. Como vimos na aula anterior, sobre ética e moral, o limite da ética está no limite da sua escolha. Você pode escolher seguir os seus princípios ou não. Veremos mais adiante a importância dos códigos de ética profissionais e organizacionais. Contudo, vale aqui observar que de nada adianta existirem padrões de conduta se as pessoas não se identificarem legitimamente com seus princípios. Quando os valores mudam, os costumes também mudam. A legislação acompanha esta mudança e estabelece limites para o convívio harmonioso, determinando o comporta- mento ético das pessoas em uma sociedade. Em 1950, por exemplo, não se imaginava que as mulheres trabalhassem fora de casa. O valor atribuído à presença da mulher no mundo do trabalho era diferente naquela épo- ca. Hoje, no entanto, a mulher pode escolher trabalhar fora, assim como o homem, isso porque mudaram os valores em relação ao papel da mulher na sociedade. Figura 1.3 - Mudança de valores – papel da mulher na sociedade. Fonte: IFPR (2015). 19Unidade 1 – Ética e moral Conforme dissemos antes, mudaram os valores, mudaram os costumes. Atualmente, homens e mulheres dividem os mesmos direitos e responsabilidades na sociedade e em casa, e a legislação prevê, por exemplo, a obrigatoriedade de berçário nas empresas com um número mínimo de mulheres empregadas. Isso reflete a mudança de costumes que mencionamos. Para Rios (2011, p. 29), “não é apenas no campo da moralidade que se encontram va- lores. Existe valoração na medida em que qualquer interferência do homem na realidade se dá para conferir um significado a esta realidade”. Consciência ética O que fazer se o Código Civil protege o sigilo e a lei fiscal obriga sua quebra? A consciência, como bem lembra Sá (2009, p. 73), “tem como mais forte o dever de não trair e de não insurgir-se contra aquele que se tem o dever de proteger”. Contudo, quando prevalece o bem público, a lei age no sentido de revelar aquilo que a consciência leva a omitir. Deveria ser necessária a ação da lei já que se sabe que a omis- são prejudica o bem-estar público? Uma imagem que me vem à mente quando falo sobre consciência ética é a ocupação, em novembro de 2010, do Morro do Alemão, um ano depois, em novembro de 2011 a ocupação da Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Figura 1.4 - Ocupação do Complexo do Alemão em novembro (2010). Fonte: © Agência Brasil – ABr. Glossário opor-se; reagir. 20 Ética e Cidadania Estas duas comunidades mantinham seu próprio código de ética, respeitado não somente pelos próprios traficantes, mas também pelos moradores. A intervenção dos policiais, com apoio do Governo Federal brasileiro, se deu e foi le- gítima, pois a ética ali predominante entrava em conflito com a ética da sociedade, prejudicando os moradores daquele local e oferecendo um exemplo de conduta para outros indivíduos que não condiz com a convivência saudável que se espera para os seres humanos. A consciência ética daqueles que dominavam estas comunidades não condiz com aquela aceita em nossa sociedade. É deste choque de percepções sobre o que é certo e errado que se originam confrontos sociais. Sá (2011, p. 74) apresenta alguns estados especiais de manifestação da consciência ética ao indicar que sentimentos morais, religiosos, partidários e econômicos, assim como as expressões do ego, voltadas para o interesse e a emoção, podem tentar a consciência ética a ceder. A qualidade destas manifesta- ções determina o quanto as circunstâncias ambientais influenciarão na firmeza do cará- ter de quem toma a decisão. Pratique! 1. E no seu país, você lembra de algum personagem histórico que deixou seu legado para o povo, sem se render a condutas antiéticas, assim como fez Einstein? Vasculhe a sua memória, e se não encontrar, faça uma pesquisa na internet, na biblioteca ou pergunte aos parentes mais velhos se eles se lembram de alguém assim. Aí então, pesquise sobre esta pessoa e faça anotações sobre a sua conduta ética. Leia a seguir o artigo sobre o pensamento e a obra de Aristóteles, em especial “Ética a Nicômaco” <http://www.webartigos.com/articles/5996/1/ Etica-a-Nicomaco/pagina1.html> 21Unidade 1 – Ética e moral 2. Analise o caso a seguir e, em seguida, reflita sobre o dilema. Macedo estudou administração e trabalha em uma empresa de representação esportiva. De uma família bastante unida, Macedo tinha no seu pai seu exem- plo de vida, ensinando-lhe valores bons, como o respeito ao próximo, aos mais velhos e às mulheres. No trabalho, Macedo era feliz. Fazia o seu trabalho e era querido pelas pessoas. Certo dia, o pai de Macedo adoeceu. Foram longos meses no hospital, o que fez com que a família se unissefinanceiramente para arcar com as custas médi- cas. Vendo sua preocupação, o gerente da empresa onde Macedo trabalhava o convidou para participar de algumas novas representações esportivas, que lhe trariam maiores lucros e o ajudaria com a atual dificuldade familiar. Fonte: LAMBERTINI, David. Portal Mídia (2015). Ao tomar conhecimento das atividades irregulares de que se tratavam as novas representações esportivas, Macedo entrou em um dilema: aceitar participar e ir contra seus princípios, mas resolver a questão médica pela qual seu pai enfren- tava; ou recusar a oferta, o que lhe custaria o emprego, afinal ele já sabia das irregularidades, mas manter-se firme nos valores que seu pai lhe ensinou e que ele cultivou ao longo da vida? Considerações: Você se colocou no lugar do Macedo? O que você faria no lugar dele? Para te ajudar a decidir, lembre-se da consciência ética. Aquilo que você prefere não contar reúne motivos para você não fazer. Mas, o limite da ética mora no limite da sua escolha. Aprendemos que valores são princípios dos quais não se abre mão, podendo ser indivi- duais ou organizacionais. Vimos que hábitos dignos de louvor são chamados de virtudes e que de nada adianta códigos da profissão ou de organizações se as pessoas não inter- nalizarem seu significado. A consciência ética também foi tema de discussão desta aula em que tratamos dos dilemas a que são confrontados os profissionais. Unidade 2 Conduta humana fundamentada na ética 24 Ética e Cidadania Nesta unidade, abordaremos a ética como base para a conduta do homem, individu- almente, nas organizações em que trabalha ou nos grupos sociais aos quais pertence. Ao compreendermos que o estudo da ética passa pela normatização das condutas dos indivíduos, precisamos também conhecer as razões que levam os indivíduos a aceitarem as normas impostas pelo grupo ao qual pertencem. A conduta ética Cada situação do seu cotidiano requer uma determinada conduta, considerada adequa- da. Como se vestir e como se comportar, por exemplo, na Igreja, na festa de fim de ano da empresa, na casa de uma pessoa recém-conhecida, etc. Assim também é no trabalho. Cada empresa tem suas regras, e precisamos estar alinhados com essas regras. Ou seja, a conduta humana deve respeitar normas implícitas no convívio ou explícitas em manuais, códigos ou na lei, por exemplo. A palavra “etiqueta” traz este conceito, pois tra- ta-se do respeito à ética em situações específicas do convívio, como, por exemplo, à mesa, durante as refeições; numa cerimônia religiosa; num even- to político. O cerimonial segue uma etiqueta pre- vista, que, por sua vez, contempla os princípios éticos fundamentados na moral, nos costumes e valores daquele grupo. Os dilemas pessoais e profissionais que enfrentamos No exercício de nossa profissão, nos deparamos frequentemente com dilemas éticos que exigem reflexão. Por exemplo, o que dizer de um advogado que deve defender um cri- minoso confesso? Ou de um contador que, mesmo sabendo das atividades ilícitas de seu cliente, tenha que lhe prestar serviço? Ou de um da obrigatoriedade de se reportar um acidente ocorrido no trabalho ainda que isto cause impactos negativos para a empresa junto à sociedade? Vamos entender essa situação de conflito ético a partir de uma importante história da humanidade. Nos dias atuais, por causa da explosão das redes sociais digitais, uma nova gama de regras precisa ser adotadas para que não se desrespeite o próximo. É a chamada etiqueta social digital. Acesse a seguir e confira dicas de especialistas sobre o uso responsável de redes sociais na sua relação com a empresa onde você trabalha. <http://economia.ig.com.br/carreiras/ 2013-09-14/confira-13-dicas-de-etiqueta- profissional-nas-redes-sociais.html> 25Unidade 2 – Conduta humana fundamentada na ética A sabedoria de Salomão Apresentaram-se duas mulheres a Salomão. Uma disse: "Senhor, eu e esta mulher habitávamos na mesma casa. Durante a noite, estando a dormir, sufocou o filho e, aproveitando-se do meu sono, pôs o meu filho adormecido junto de si e colocou aos meus pés o seu filho que estava morto. De manhã, olhando de perto para ele, vi que não era o meu filho". A outra mulher interrompeu: "Não, o meu filho é o que está vivo, o teu morreu". A primeira replicou: "Não, o teu é que morreu. O que está vivo é meu. E continuaram a disputar. Então o rei disse: Trazei uma espada, dividi em duas partes o menino que está vivo e dai metade a cada uma!". Cheia de amor ao seu filho, a mulher cujo filho estava vivo suplicou: "Senhor, peço-vos que lhes deis a ela o menino vivo e não o mateis!". A outra, pelo contrário, dizia: "Não seja para mim nem para ti, mas divida-se". Então Salomão disse: "Dai a primeira o menino vivo porque é ela a verdadeira mãe". E assim todo o povo de Israel soube que a sabedoria de Deus assistia ao rei para julgar com retidão. Fonte: <http://www.bibliacatolica.com.br/historia_biblia/17.php>. Acesso em: 08 set. 2011. Como vimos, estar de acordo com a sua consciência ética é fundamental para alimentar- mos o senso de justiça, além de ser um elemento essencial ao caráter humano. Os interesses pessoais Para Srour (2011, p. 41), interesses são “fatores tão valiosos para os agentes sociais que eles se mobilizam para satisfazê-los e defendê-los”. O problema começa quando os in- teresses pessoais encontram-se no limite do egoísmo e da ganância. Você se lembra da fraude de 65 bilhões de dólares conduzida por Bernard Madoff, ex-presidente da bolsa eletrônica Nasdaq? A pirâmide de investimentos que ele criou consistia em usar o dinhei- ro de novos aplicadores para remunerar os antigos. Quando houve uma brusca queda nos novos investimentos em 2008, face à recessão mundial, o esquema desmoronou. Em junho de 2009, Madoff foi condenado a 150 anos de prisão. Muitos perderam suas economias neste investimento que contava com a boa-fé das pessoas e que acabou pre- judicando suas vidas. Por outro lado, há uma situação interessante a ser observada. Os trabalhadores muitas vezes se queixam da pressão sofrida no ambiente de trabalho, mas quando são chama- dos a revelar a causa do estresse, não apontam suas verdadeiras causas, acreditando que colocarão em risco sua competência profissional. 26 Ética e Cidadania Veja a seguir o resultado da pesquisa feita pela ONG britânica Mind. A ONG britânica Mind, voltada para a saúde mental, publicou um levantamento refe- rente ao estresse endêmico que acomete milhões de trabalhadores no Reino Unido e que acarreta a perda de bilhões de dólares em horas de trabalho. O mais curioso é que 93% mentiram a seus patrões a respeito do motivo real de seu absenteísmo. Alegaram dores de estômago, resfriados, dores de cabeça, consultas médias, problemas em casa ou doenças na família, menos o estresse no trabalho. Não confessaram que aguentam cada vez menos as pressões para o cumprimento de metas, nem tentaram discutir as questões referentes ao ambiente de trabalho em que prevalece o moral baixo, a baixa produtividade e formas escapistas de enfrentar tensões. Fonte: Srour, 2011. Citado em: www.mind.org.uk/news/4106_the_final_taboo_millions_of_employees_forced_to_lie_about_stress À medida que cada um olha somente para seus interesses pessoais, cria-se um círculo vicioso e to- dos perdem. Veja como a conduta ética permeia vários aspectos do nosso cotidiano, exigindo refle- xões constantes! Vimos que o estudo da ética passa pela normati- zação das condutas dos indivíduos. Ainda que o interesse pessoal exista, este não deve ser tal que se exceda para o egoísmo e para a ganância que prejudicam a todos. Por outro lado, a sinceridadena avaliação de situações difíceis contribui para sua solução enquanto que condutas evasivas so- mente levam a uma perda coletiva. Por que falar sobre ética? “Como querem que eu faça tudo direito se a justiça é morosa, os impostos são um ab- surdo, todo dia vemos escândalos com os políticos em quem votamos, o mundo cheio de gente esperta[...] por que eu tenho que ser ético?” Querido aluno, estas e outras situa- ções não podem servir como parâmetros para nossa conduta. Agora vamos rever alguns temas polêmicos ao longo da história da Humanidade que nos levam a refletir sobre as razões para sermos éticos. Endêmico: que tem caráter de endemia. Peculiar a um povo ou região. Endemia: Doença que existe constantemente em determinado lugar e ataca as pessoas que aí vivem. A matéria “Hemofilia e o dilema ético” é um exemplo do estudo da ética voltado para questões científicas e de convívio social envolvendo a ética profissional na área médica. Neste caso, um dilema se impõe aos médicos envolvendo um caso de paternidade. Leia, reflita e dê sua opinião. Discuta com seus colegas a respeito e compare as opiniões a respeito deste caso. <http://veja.abril.com.br/blog/genetica/ arquivo/hemofilia-e-o-dilema-etico/> 27Unidade 2 – Conduta humana fundamentada na ética Decisões éticas e antiéticas na história da humanidade A história da humanidade revela situações baseadas em decisões antiéticas que, ao lon- go do tempo, foram corrigidas. Ao declarar que a Terra se move em torno do Sol, e não o inverso, Galileu Galilei desafiou a Igreja Católica que o convocou para julgamento diante do Santo Ofício, em Roma. Condenado a se retratar publicamente, diz-se que ele teria sussurrado Eppur si muove, ou seja, “mas ela se move” referindo-se ao movimento da Terra em torno do Sol. Figura 2.1 - Galileu Galilei. Fonte: Domínio Público/Wikipedia. Somente no século XX, 350 anos após sua morte, a Igreja Católica, por meio do Papa João Paulo II, se retratou publicamente, assumindo o erro por esta condenação. Acesse o site a seguir e relembre quando santo para João Paulo II vem a público e pede perdão pelos erros cometidos pela Igreja Católica: <http://www1.folha.uol. com.br/folha/especial/2005/papa/0058. shtml> 28 Ética e Cidadania Pesquisas científicas Em 1996, pesquisadores escoceses surpreenderam o mundo com o resultado da primeira experiência de clonagem de animais: nascia a ovelha batizada como “Dolly” a partir de uma célula da glândula mamária de uma ovelha adulta. Na sequência, foram também clonados bois, cavalos, ratos e porcos. Figura 2.2 - A ovelha Dolly, primeiro mamífero clonado. Fonte: Toni Barros / Wikimedia Commons. Produzir artificialmente um ser vivo tornou-se objeto de polêmicas entre religiosos, po- líticos e movimentos sociais em diversos países. A discussão retomou sua força quando Dolly precisou ser sacrificada, em 2003, devido à uma doença pulmonar progressiva. Pesquisas com células tronco nos levam a crer na esperança de cura para doenças como diabetes, esclerose, Alzheimer, distrofia muscular e Parkinson. As células embrionárias usadas nestas pesquisas são as únicas com capacidade de diferenciação nos 216 tecidos que formam o corpo humano. Por outro lado, despertam discussões calorosas sobre o acesso do homem a células embrionárias. A discussão gira em torno da vida de um indi- víduo que deixa de se formar para curar outro ser humano. Também os resultados de pesquisas são objeto de preocupação dos órgãos públicos. No Brasil, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) divul- gou diretrizes que promovem a ética na divulgação dos resultados das pesquisas que são realizadas em nosso país. Esta iniciativa se deu devido a fraudes ocorridas na comunica- ção de resultados obtidos por pesquisadores brasileiros. 29Unidade 2 – Conduta humana fundamentada na ética Não se pode realizar procedimentos médicos sem a anuência do paciente. A ética se faz presente na condução de situações como esta já que há grupos de pessoas incapazes de decisão como crianças e pacientes de hospi- tais psiquiátricos cuja concordância com pesqui- sas científicas deve se dar por seus representantes legais. Entram em cena a consciência ética do ser humano e do profissional fundamentada nos va- lores do indivíduo que toma a decisão e nos deve- res profissionais éticos esclarecidos no código da categoria. Internet com ética Muitas mudanças já aconteceram nas redes sociais, buscando oferecer alguma privaci- dade aos seus participantes. Privacidade, aliás, está cada vez mais difícil de se obter. O acesso a internet é um direito humano, garantido pela Declaração da ONU, em 2011, mas o fato é que não é possível haver um controle 100% efetivo sobre o que acontece no ambiente virtual; dependemos da consciência ética das pessoas que nele navegam para que seu uso seja feito para o bem comum. A pirataria na internet, por exemplo, ocorre quando se obtém cópias não autorizadas de bens para uso pessoal (Srour, 2011), da mesma maneira que estas cópias são vendidas no mercado, nas ruas ou nas casas, sem autorização legal. A moral do oportunismo se ins- tala e a conduta antiética é justificada pela necessidade do suprimento de necessidades básicas do ser humano. Esta conduta se justifica? Srour (2011, p. 38), indica que “racio- nalização antiética” está na base desta conduta orientando práticas racionais fundamen- tadas no que Sá (2010, p. 263), chama de “ética da mentira”. As pessoas estabelecem um conjunto articulado de justificativas para seus atos imorais e ilícitos, condenados pela sociedade. Vimos que ao longo da história da Humanidade foram tomadas decisões antiéticas que se basearam nos princípios vigentes naquele momento e que norteavam a conduta da sociedade. Vimos também que polêmicas são levantadas a partir de pesquisas científicas realizadas na busca pela cura de doenças. A ética na internet é um tema contemporâneo que precisa ser considerado orientando o comportamento dos indivíduos no sentido de promover um convívio harmônico de todos. Vamos ver uma pequena entrevista com o professor doutor Peter Spink sobre a condução científica baseada na ética? Acompanhe! https://www.youtube.com/watch?v=c-PM- 2ji_fE 30 Ética e Cidadania Pratique! 1. No exercício de sua profissão, você já se deparou com dilemas éticos? Qual escolha você fez e a que você renunciou? Após sua decisão, qual foi sua avaliação: a escolha que fez demonstrou ser a mais acertada? 2. Em que medida é válido colocar em risco seres vivos ou mesmo colocá-los em risco para se desenvolver pesquisas científicas? Observe quantos experimentos são feitos e relacione seus benefícios comparando-os com os riscos que apresentam. Reflita sobre os resultados desta análise e compare com os de seus colegas. 31Unidade 2 – Conduta humana fundamentada na ética Anotações Unidade A conduta cidadã 3 34 Ética e Cidadania Olá, seja bem-vindo (a) à unidade 3 da disciplina Ética e Cidadania. Nesta unidade vamos estudar os temas: Conduta cidadã e Direitos e deveres cotidianos dos cidadãos. Nosso objetivo é verificar mais detalhadamente o conceito de cidadania e sua evolução na sociedade para, então, poder traçar um panora- ma atual e histórico sobre cidadania no Brasil. Ao final dos estudos deste tema, você estará apto a identificar de que forma o brasileiro exerce a sua cidadania e cumpre seus direitos enquanto cida- dão, evidenciando seus traços históricos. O objetivo desta unidade é abordar a conduta de cada cidadão em relação aos seus direitos e de- veres em relação à coletividade a que faz parte, refletindo sobre a ética presente no cotidianodo cidadão não somente em relação ao que ele pode exigir do Estado, mas também no que diz respeito ao cumprimento de seus deveres. Tratar da conduta ética é tratar da relação entre o indivíduo e o Estado. A esta relação chamamos de cidadania, e os frutos dessa relação são os di- reitos e deveres que cada indivíduo tem para com o Estado, que foram primeiramente utilizados na Roma Antiga. Evolução do conceito de cidadania Originado na Grécia antiga, entre 1100 a.C. e 146 a.C., o termo cidadania indica aquele que habita uma cidade (civitas) e diz respeito a sua atuação efetiva, ou seja, nem todos eram cidadãos, somente aqueles que usufruíam de privilégios em determinadas classes sociais. O conceito, naquela época, excluía mulheres, crianças e escravos e incluía somente os homens totalmente livres, aqueles que não precisavam trabalhar para viver. A Roma Antiga teve início no éculo VIII a.C., com a fundação de Roma, e durou 12 séculos. Participar ativamente da vida e do governo é um direito e um dever do povo. Você tem exercido este direito, em seu município? Movimentos populares como a Ação Cidadania Contra a Miséria e pela Vida, liderado por Betinho, e a ação dos “caras pintadas”, que incentivou o impeachment do Presidente Fernando Collor de Mello são exemplos do exercício destes direitos. Vamos relembrar estes importantes atos em favor do próximo e pelo bem comum? Acesse os conteúdos a seguir: https:/ /www.youtube.com/watch?v= fyqtgTinL4M http://g1.globo.com/politica/noticia/2012/ 09/impeachment-de-collor-faz-20-anos- relembre-fatos-que-levaram-queda.html 35Unidade 3 – A conduta cidadã Como podemos imaginar, o número de cidadãos era bem reduzido na Grécia Antiga, quando seu conceito foi elaborado. Na Roma Antiga, cidadania estava relacionada ao exercício de direitos políticos, civis e religiosos atri- buída somente aos patrícios e negada aos ple- beus e aos escravos. Com a expansão militar romana, o advento da Lei das Doze Tábuas (450 a.C.), o berço do Direito romano, assegurou aos plebeus o acesso ao exercício da cidadania. Com a queda do Império Romano e o início da Idade Média, as relações entre o cida- dão e o Estado passaram a ser controladas pela Igreja Católica, e com o Feudalismo, a vassalagem estabeleceu uma intensa relação de dependência do camponês. O homem medieval nunca foi cidadão, nunca teve direitos e deveres. De alguma maneira, foram “suspensos” os princípios de cidadania. A Revolução Francesa, que teve início em Paris, em 14 de julho de 1789, com a Queda da Bastilha, alterou o quadro político daquele país e foi um marco na instauração de um Estado demo- crático voltado para os interesses de todos os ci- dadãos e um exemplo seguido por outros países. Com o início da Idade Moderna foram introduzi- dos os princípios de liberdade e igualdade na bus- ca pela justiça e contra os privilégios. O conceito de cidadania no Estado Democrático de Direito, conforme explica Luiz Flávio Borges d’Urso (2005), está relacionado a: “um status jurídico e político mediante o qual o cidadão adquire direitos civis, políticos e sociais; e deveres (pagar impostos, votar, cumprir as leis) relativos a uma coletividade política, além da possibilidade de participar na vida coletiva do Estado. Esta possibili- dade surge do princípio democrático da soberania popular.” Patrícios: homens livres, descendentes dos fundadores da cidade. Plebeus: descendentes de estrangeiros. Escravos: todos aqueles que não saldavam suas dívidas, os traidores e os prisioneiros de guerra. Conheça mais sobre a lei das doze tábuas, no texto de José Alves: http://www.infoescola.com/direito/lei-das- doze-tabuas/ Você sabia que a Bastilha foi tomada pelo povo por causa da irresponsabilidade política com o dinheiro do povo? Isso reflete certa conscientização sobre a relação dos cidadãos com o Estado. Veja mais clicando no ícone. http://www.infoescola.com/historia/queda- da-bastilha/ 36 Ética e Cidadania Assim, participar ativamente da condução da gestão pública faz parte do exercício pleno da cidadania, importando não somente em apontar as melhorias a serem realizadas, mas também em atuar na direção de sua realização. A inclusão política se faz por meio do exercício pleno da cidadania, o que é reforçado pela colocação de Dalmo de Abreu Dallari (1998, p. 14): “A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social”. No Brasil, a Constituição de 1988 foi um marco na conquista do povo pelo seu direito a partici- par da tomada de decisões no país. No dia 27 de julho de 1988, em que foi promulgada a nova Constituição, Ulysses Guimarães disse: “essa será a Constituição cidadã porque recuperará como ci- dadãos milhões de brasileiros, vítimas da pior das discriminações, a miséria”. Cidadania organizacional Na esfera empresarial, a cidadania é também uma maneira de as organizações cumpri- rem com seus deveres, recolhendo impostos, por exemplo, ao mesmo tempo em que usufruem de seus direitos na relação com os públicos que de alguma maneira são impac- tados por suas atividades. A cidadania empresarial está presente quando uma organização oferece aos seus fun- cionários mais do que prevê a lei, como no caso de berçário, creche, assistência médica extensiva a familiares, integração de pessoas com deficiência ao ambiente de trabalho e promoção de seu relacionamento saudável com os colegas, etc. Este é um termo que tem sido cada vez mais utili- zado no Brasil desde que o Instituto Ethos de Res- ponsabilidade Social iniciou suas atividades, em 1998, estimulando o investimento em projetos sociais e ambientais pela iniciativa privada. O povo brasileiro estava cansado dos atos unilaterais dos governantes militares, por isso a promulgação da Constituição de 88 foi libertadora, devolvendo ao povo seu direito cidadão. Veja mais no vídeo a seguir. https:/ /www.youtube.com/watch?v= 0pGa7hdxVrk Conheça a missão, a visão e os valores do Instituto Ethos. Clique e acesse: http://www3.ethos.org.br/conteudo/sobre- o-instituto/missao/#.Vio5Z36rTZ4 37Unidade 3 – A conduta cidadã A Declaração dos Direitos Humanos Cidadania é um direito de todos os serres humanos, e está garantido por lei, pela De- claração Universal dos Direitos Humanos, proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU) e assinada por todos os Estados Membros, garantindo “a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo”. Figura 3.1 - Eleanor Roosevelt exibe réplica da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Fonte: cortesia da Biblioteca Presidencial Franklin D. Roosevelt. Notamos que a cidadania vem mudan- do ao longo do tempo, face aos novos cenários políticos que se apresentavam. Durante muitos períodos da humani- dade, os direitos dos cidadãos foram deles privados, tendo sido preciso lutar para que a política refletisse a vontade e o bem do povo. Você exige seus direitos e exerce seus deveres para com a sociedade e o Estado? As questões a seguir refletem o ser cidadão na sociedade atual: – Parar em vaga de idosos ou deficientes (mesmo que seja por um segundo, hein...); – Ceder o assento preferencial no transporte co- letivo; – Exigir Nota Fiscal das suas compras para o devi- do recolhimento de impostos; – Participar de manifestações políticas, exercendo seu papel pela moralização social; – Votar conscientemente.Reflita sobre isso e decida se você tem exercido a cidadania! 38 Ética e Cidadania Cidadãos: direitos e deveres cotidianos Agora vamos estudar os direitos e deveres do cidadão. O objetivo é refletir sobre o exer- cício cidadão face à administração pública. Vamos também discutir o conhecido “jeitinho brasileiro” de se resolver as situações delicadas. Quando você compra um produto pela internet e, depois que o recebe em casa, você acessa o site para avaliar o produto e opinar sobre a qualidade, o atendimento, o serviço de entrega, entre outros, você está dando feedback às empresas (fabricação e venda), realimentando o processo e se tornando parte essencial do atendimento às expectativas do cliente quando ao produto ou serviço. Figura 3.2 – D. Pedro II aos 12 anos de idade. Fonte: Domínio público / Wikimedia Commons Você conhece o mais famoso caso do “jeitinho brasileiro” na nossa história? Foi o Golpe da Maioridade, em 1840, que colocou D. Pedro II no trono brasileiro, ainda aos 14 anos de idade. Se fosse seguir a Constituição promulgada pelo próprio pai, D. Pedro I, ele só poderia ser Imperador do Brasil aos 18 anos de idade. É a capacidade de improvisar para passar por cima de regras, desafios e desigualdades que encontramos todos os dias. 39Unidade 3 – A conduta cidadã Cidadão ou consumidor do governo? Vamos começar conhecendo o que alguns pesquisadores dizem a respeito do exercício cidadão e refletir sobre seus ensinamentos, comparando-os com o que vemos no nosso cotidiano. Em seu artigo, Mintzberg retoma o questionamento feito por Tom Peters sobre a máxima que conhecemos: “o direito de uma pessoa termina quando começa o direito da outra”. Leia atentamente o trecho do artigo: “Eu não quero, diz Tom Peters, um burocrata da prefeitura me criando dificuldades. Eu quero tratamento apropriado, rápido, eficaz e profissional. Mas o que acontece se meu vizinho quiser uma permissão para aumentar a casa dele, fazendo sombra sobre a minha? Quem é o cliente da prefeitura, neste caso?” (MINTZBERG, 1998, p. 151). Será que somos mesmo livres para fazermos o que quiser? Com base no que vimos até agora, vale lembrar Matias-Pereira (2010, p. 37) quando indica que o conceito de cliente pode ser ampliado quando se fala em administração pública, “considerando o cidadão como um cliente que recebe serviços ao mesmo tempo em que se concebe a organiza- ção como um sistema integrado de provedores internos e externos”. Observe como temos aqui afirmações que se complementam: o cidadão pode ser visto como um consumidor à medida que interage com a gestão pública como provedor ex- terno de informações, recolhimento de tributos, conservação de patrimônio público, etc. Vale aqui ressaltar que na iniciativa privada, as organizações cada vez mais têm envolvido os consumidores no desenvolvimento e aperfeiçoamento de seus produtos e serviços. Também as organizações têm sido cobradas pela sociedade pelo exercício da “cidadania empresarial” ou seja, seu comprometimento com a gestão do que é público por meio de parcerias estratégicas. O exercício da cidadania empresarial não se limita ao recolhimento de tributos, é mais amplo do que isso. São exemplos de cidadania empresarial: programas de inclusão social por meio de in- vestimento social; integração de pessoas com deficiência no ambiente de trabalho, indo muito além do que exige a legislação; preservação meio ambiente, entre outros. O “jeitinho” é um traço cultural brasileiro? Há quem diga que se trata de um traço cultural do povo brasileiro, enquanto outros de- fendem a afirmação de que se trata de pura falta de ética mascarada pela culturalidade. 40 Ética e Cidadania O antropólogo Roberto da Matta (2009), ao discutir o tema “O jeitinho brasileiro é uma forma de corrupção?”, ensina que esta forma de resolver situações difíceis contando com a benevolência dos outros poderia ser mundial, não fosse em países como a Ale- manha ou Suíça onde impera a rigidez no cumprimento das normas. Para este autor, o mesmo “jeitinho” que facilita a vida no cotidiano também coloca o brasileiro acima da lei: “o jeitinho se confunde com corrupção porque desiguala o que deveria ser tratado com igualdade”. Para da Matta, há uma questão sociológica envolvida no “jeitinho” que estabelece uma relação ruim com a norma estabelecida para todos. O cidadão exige o cumprimento da lei pelo político que ocupa um cargo público, mas por outro lado, pede a um parente que faça “vista grossa” sobre um tributo não recolhido. Como lidar com a ética nesta situação? Como dizer que o representante do povo foi an- tiético e precisa ter seus direitos políticos cassados se o próprio cidadão transgride a lei. Vimos que a relação entre os cidadãos e o governo precisa ser muito mais intensa do que o mero recolhimento de tributos e sua aplicação na área pública. A participação do cidadão na gestão faz a diferença entre ser apenas consumidor e ser cidadão atuante na gestão pública. Vimos também que o “jeitinho brasileiro” é uma maneira que encontra- mos de resolver situações difíceis. Pratique! Para o filósofo Mario Sergio Cortella, “a corrupção é obra nossa, então ela pode ser ex- tinta por quem construiu o processo de corrupção”. Agora, analise a seguinte questão: Você acaba de comprar um apartamento. E para não ficar sem tv por assinatura, afinal o serviço é relativamente caro, você liga para aquele camarada e faz o famoso “gato net”. E mais, passando em frente à porta do apartamento vizinho, você o ouve dizer a senha do wifi para um colega que o visita. Ou seja, você passa a usar a internet do vizinho, via wifi. Então, pensando sobre o que disse o filósofo e tendo analisado o caso acima, reflita so- bre como evitar ou mesmo descontruir o processo de corrupção diária em que vivemos, aplicando o “jeitinho brasileiro”? 41Unidade 3 – A conduta cidadã Anotações Unidade Ética profissional 4 44 Ética e Cidadania Olá, seja bem-vindo (a) à unidade 4 da disciplina Ética e Cidadania. Nesta unidade vamos estudar os temas: Ética profissional e Código de ética. Nosso objetivo orientar os cida- dãos, evidenciando a importância de se conhecer e seguir o código de ética da empresa em que trabalha, bem como estar ciente do que seja uma conduta pautada na ética profissional. Ao final dos estudos deste tema, você terá alinhado sua conduta cotidiana profissional aos princípios éticos ou mesmo ter confirmado que sua conduta é ética, do ponto de vista empresarial. Nesta unidade vamos estudar o conceito de profissão e as virtudes que seu exercício exi- ge. Também discutiremos a relação entre a habilidade técnica no exercício da profissão e a prática das virtudes universais que permeiam as profissões. Assim como o código de ética empresarial e profissional. Vamos lá? O amadurecimento ético no Brasil tem ficado evidente nos noticiários, com as investiga- ções que acontecem nas mais diversas áreas profissionais. São exemplos de como não ser ético na sua profissão: um médico que dá atestado para um amigo; um agente de trânsi- to que aceita propina para não aplicar multa; um contador que ajuda a sonegar impostos de uma empresa; e um político que frauda uma licitação de obra pública, por exemplo. Mas não pense que falta de ética reside apenas em atos como estes. Atitudes simples, como fofocar com um colega sobre a vida de outro colega de trabalho, ou levar adiante informações obtidas em sigilo, também constituem um ato antiético profissional. Refletir é essencial para identificar se a conduta é ou não ética. Aí, então, para manifes- tar-se eticamente, é preciso resistir para manter sua consciência tranquila. 45Unidade 4 – Ética profissional Oque é profissão? Vários autores definem profissão. Vamos ver Sá (2009, p. 155): é o “exercício habitual de uma tarefa, a serviço de outras pessoas”. Os benefícios, tanto para quem desempenha esta tarefa como para quem é beneficiado por sua execução, também integram este conceito. E a ética, para Sá (2009), permeia o exercício da profissão, pois a conduta profissional condizente com a moral e a regulação feita pela lei garantem benefícios para os profis- sionais, para a categoria a qual pertence e para a sociedade. Vale aqui ressaltar que a conduta ética universal são virtudes desejadas em qualquer exercício pro- fissional, independentemente da área de atuação ou cultura em que for desenvolvido. Fazem parte da conduta ética universal: Zelo, Honestidade e Competência. 46 Ética e Cidadania Parafraseando Sá (2009, p. 164), sua profissão não é meio de “ganhar a vida”, ela deve ser encarada como a maneira que você escolheu para ganhar a vida que ela pode te proporcionar, representando um propósito de fé. Virtudes exigidas na conduta profissional Para desempenhar qualquer profissão, são exigidas habilidades técnicas, certo? Para tra- balhar como médico, uma pessoa precisa estudar o corpo humano e as suas interven- ções. Assim como para ser ator, a pessoa precisar conhecer as artes de interpretação. Mas, uma empresa não quer apenas profissionais habilidosos tecnicamente, é preciso, acima de tudo, ter habilidades éticas no dia a dia. O conceito de profissão envolve a prática habitual de uma tarefa e pressupõe a conduta ética do pro- fissional que a desenvolve. Além das habilidades técnicas necessárias às atividades da sua profissão, virtudes como zelo, honestidade e competência são inerentes ao exercício de qualquer profissão, independentemente do país e da cultura onde for colocada em prática. Código de ética Agora vamos falar sobre o código de ética empre- sarial e profissional. Inicialmente, vamos compre- ender o que tem motivado as organizações a redi- gir, publicar e disseminar um código de ética para os públicos com os quais se relaciona. Na sequên- cia, discutiremos uma metodologia de produção do código de ética envolvendo os funcionários de uma organização. Código de ética profissional Em seu livro, Sá (2009, p. 152) ensina que “a profissão pode enobrecer pela ação correta e competente, pode também ensejar a desmoralização, através da conduta inconvenien- te, com a quebra de princípios éticos.” Ao pertencer a uma classe profissional, o indiví- duo assume um compromisso com a sociedade e com os colegas de profissão. Você se lembra do caso de médica que praticava a eutanásia no Hospital Evangélico de Curitiba? Acesse para relembrar: http:// veja.abril.com.br/noticia/brasil/a-receita- da-morte-na-uti-346-prescricoes-317- mortes-imediatas/ Seguindo e exemplo que temos usado nesta unidade, o da classe médica, veja a seguir dois importantes momentos na vida profissional: o juramento feito na formatura de colação de grau, cujos preceitos devem ser lembrados ao longo da sua vida profissional, e o código de ética profissional, que vai reger a sua conduta diária ao longo da sua história de vida. https:/ /www.youtube.com/watch?v= SDM44FDphuI http://www.portalmedico.org.br/novocodigo/ integra.asp 47Unidade 4 – Ética profissional Arruda (2006, p. 526) ensina que código de ética é um documento cujo objetivo é norte- ar condutas e procedimentos específicos, manuais ou políticas definidas concretamente para cada setor ou atividade. Já para Patrus-Pena e Castro (2010, p. 48), código de ética representa a “oportunidade de a empresa manifestar os valores básicos que pautam sua conduta no mundo dos ne- gócios e na relação com a sociedade”. Desde que o Instituto Ethos iniciou suas atividades no Brasil, em 1998, as organizações têm discutido o tema da responsabilidade social cujo conceito volta-se para a gestão do negócio de maneira ética e transparente com os públicos com os quais se relaciona, pautando-se no desenvolvimento de um caminho sustentável. Com a evolução das discussões sobre este tema, observa-se que as organizações cada vez mais têm adotado o código de ética como uma ferra- menta de orientação de conduta das pessoas que nelas trabalham, originando-se, então, o código de ética empresarial. Código de ética empresarial Assim como o profissional, enquanto cidadão, deve seguir um código de ética da sua profissão e desenvolver habilidades não só técnicas, mas também humanas, no exercício da sua profissão; as empresas, igualmente, devem elaborar e co- municar seu código de ética, ou seja, um docu- mento interno à organização, que mostre o que das pessoas se espera nas dependências da em- presa, durante o horário de labor. Vimos que a conduta de um profissional causa impacto sobre sua própria reputação, as- sim como sobre a reputação da organização onde ele trabalha e sobre a categoria a qual ele pertence. A partir de agora, você pode ter ciência sobre como agir dentro da empresa e também refletir sobre a sua conduta profissional. Você conhece o código de ética da empresa onde você trabalho, suas normas e conduta? Vamos conhecer, como exemplo, o código de ética do Grupo Boticário. Acesse: <http://www.grupoboticario.com.br/pt- br/sustentabilidade/Documents/codigo_ conduta%20Modificado%202.pdf> Este documento deve estar acessível a todos os funcionários e a sua aplicação deve ser diária, a fim de manter o respeito e a harmonia, de acordo com a visão da organização. Como já dissemos antes, devemos pensar não em uma empresa ética, mas em uma empresa formada por pessoas éticas. As decisões destas pessoas no cotidiano da gestão do negócio constroem a reputação tanto da organização como dos próprios profissionais tomadores de decisão. 48 Ética e Cidadania Pratique! 1. Você conhece e já leu o código de ética da sua profissão? Faça uma pesquisa na internet e busque por este documento. Depois, leia-o e reflita: eu estou seguindo o código de ética da minha profissão? 2. Você é um profissional habilidoso, não é? Sabe executar bem as suas atividades pera as quais você foi contratado. Mas e quanto às outras habilidades de que viemos falando ao longo deste tema de estudos? Você reconhece em você algumas das habilidades mais procuradas nas pessoas pelas empresas, atualmente? Justifique sua resposta. Veja quais são, a seguir: Honestidade Profissionais éticos e íntegros são a base da convivência, da harmonia e da confiança nas empresas, criando um clima excelente de trabalho. Proatividade Quanto mais você tiver iniciativa, mais você será observado com bons olhos. Às vezes não precisamos esperar que nos peçam para fazer alguma coisa. 49Unidade 4 – Ética profissional Comunicação Procure melhorar sua capacidade de comunicação se for tímido, porque os chefes gos- tam de pessoas que conseguem negociar e lidar com problemas, usando seu poder de comunicação. Trabalho em equipe De nada adianta ser individualista. O que importa é jogar para o time. Juntos somos mais fortes, mas é preciso desenvolver senso de time, respeitando e ajudando nas tarefas. Criatividade Pense fora da caixa, dê novas ideias e fuja do convencional. Em tempos de crise, a criatividade é altamente valorizada. Liderança Aqui o que vale é a habilidade de exercer influência, saber chefiar equipes, com res- peito e motivação. Adaptabilidade Capacidade de adaptação a diversos cenários, situações e ambientes. Saber driblar crises e encontrar oportunidades em ambientes adversos, por exemplo. Colaboração Disposição para ajudar as pessoas, valorizando a cooperação entre os pares de trabalho. Simpatia Cara amarradae arrogância não são qualidades. Quanto mais você conquistar as pes- soas ao seu redor, mais pontos vai ganhar. Fonte: adaptado de CARDOZO (2011). Disponível em: <http://noticias.r7.com/blogs/julio-cardozo/2011/05/26/ 10-habilidades-que-os-patroes-valorizam-nos-profissionais/>. Acesso em: 24 out. 2015. Unidade Gestão da reputação do profissional 5 52 Ética e Cidadania Olá, seja bem-vindo (a) à unidade 5 da disciplina Ética e Cidadania. Nesta unidade vamos estudar os temas: Gestão da reputação do profissional e Ética na administração e gestão e discutir sobre a tomada de decisão dos gestores de uma organização com base em suas habilidades. Nesta unidade nosso objetivo é verificar mais detalhadamente as habilidades necessárias ao administrador, a fim de traçar seu perfil técnico e gerencial; e salientar para a impor- tância da sua reputação e imagem pessoal, dentro e fora da empresa. Ao final dos estu- dos deste tema, você terá condições de agir de forma a cuidar da sua reputação e traçar seu perfil gerencial, evidenciando seus pontos fortes e fracos. Estudando estes temas, vamos discutir os impactos da conduta profissio- nal sobre a vida e carreira das pessoas. Para tanto, vamos tratar da exposição dos profissionais nas redes sociais e seu impacto, positivo e negativo, sobre a reputação de um profissional. Vamos lá? As redes sociais, apesar de divertidas e de cons- tituírem um espaço para manifestação pessoal e coletiva, também é um prato cheio para expor a sua vida indevidamente. Ética, reputação e imagem profissional O patrimônio de um profissional é constituído também da percepção que se tem dele, de suas decisões na vida pessoal e de sua conduta na organização com os colegas e na sua relação com o trabalho. Em sua obra, Sá (2010) reforça o valor do código de ética da profissão no sentido de preservar o nome profissional que causa impactos em toda categoria. Ao tratar as condutas antiéticas do ser humano, Sá (2010, p. 153) reforça a importância de se preservar a imagem pessoal e profissional que faz por merecer a confiança da sociedade e das organizações. Leia a matéria “Reputação on-line: como cuidar da sua imagem na internet” e reflita sobre como as redes sociais podem prejudicar a sua imagem profissional, inclusive utilizando suas imagens sem a sua permissão. Acesse: http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/ reputacao-online-veja-como-cuidar-da-sua- imagem-na-internet Energia e inteligência são necessárias para que possamos nos contrapor aos resultados das ações que buscam destruir uma imagem positiva, seja ela pessoal ou profissional. 53Unidade 5 – Gestão da reputação do profissional “O que se faz durante toda uma vida, em poucos dias pode desmoronar, diante dos efeitos malévolos da ação dos caluniadores, traidores, difamadores, chantagistas e intri- gantes” (SÁ, 2010, p. 153). Direito de uso de imagem Pessoas que constroem uma imagem positiva ao longo de suas vidas e acabam se tor- nando “celebridade”, precisam cuidar para que dela não se faça uso indevido ou sem autorização. Campanhas de comunicação fre- quentemente utilizam a imagem de atletas, ato- res, entre outros para endossar produtos ou ser- viços de organizações de diferentes segmentos. A imagem de um profissional é um assunto tão sério que a normatização de seu uso é feita pela Lei n. 9.610/98. Vale aqui ressaltar que também fazem parte des- ta discussão o direito ao desenvolvimento de um produto, serviço, autoria de textos ou produções culturais, entre outros. O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) é o órgão que regula os registros de paten- tes neste campo. Quando patentes são registra- das e seus produtos tornados públicos qualquer utilização sem autorização prévia ou fazendo a devida referência é punida pela lei. Da mesma maneira, textos acadêmicos devem fazer referência aos seus autores originais, como fontes de referência. Veja o exemplo deste livro. Inúmeros autores são citados, suas referências estão no texto e ao final desta obra. Assim, quando fazemos trabalhos acadêmicos, devemos seguir as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que oferecem as diretrizes para as instituições de ensino, como a nossa e seus alunos. Vimos que a imagem de um indivíduo é elemento fundamental no patrimônio de uma pessoa e de um profissional. Pessoas, profissionais e organizações constroem imagens positivas sustentadas por ações que beneficiam a sociedade. Indivíduos cuja imagem está associada à ética e à retidão de caráter são frequentemente citados como exemplos para a sociedade, sendo que a legislação prevê normas específicas para o uso de imagem e deve ser respeitada. Aprofunde seus conhecimentos e acesse: Lei de Direitos Autorais: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9610.htm> Órgão que regula os registros e patentes (INPI): <http://por-leitores.jusbrasil.com.br/ noticias/2995368/o-direito-de-imagem-e- suas-limitacoes> Manual de trabalhos acadêmicos do IFPR: <http://reitoria.ifpr.edu.br/wp-content/ uploads/2010/05/normas_ifpr_completa_ alta_impressao.pdf> Caso de polícia envolvendo professor e aluna: <http://www.jornaldocampus.usp. br/index.php/2011/03/professor-demitido- responsabiliza-aluna-por-plagio> 54 Ética e Cidadania Ética na administração e gestão O mercado de trabalho pós-moderno, atual, é muito dinâmico, e, por isso, exige sempre uma nova atitude e/ou habilidade do profissional. Anti- gamente, era comum uma pessoa passar 30 anos numa mesma empresa e se aposentar; hoje, no entanto, esta situação é improvável de acontecer. Habilidades para a administração Uma organização tem três níveis para sua gestão. Veja a Figura 5.1: Estratégico Presidência e Diretoria Estratégico Gerência Operacional Todos aqueles que não estão nos dois primeiros níveis Figura 5.1 - Níveis organizacionais. Fonte: IFPR (2015). Vale aqui lembrar que quando falamos em nível operacional, não estamos nos referindo apenas às pessoas que trabalham na indústria, operando máquinas, mas também aos supervisores, coordenadores, analistas, estagiários, etc. Em todos estes níveis, é necessário que o profissional domine habilidades que estão de- monstradas na Figura 5.2: Veja algumas das maiores mudanças encontradas no mercado de trabalho atual, em relação a épocas passadas. Acesse: <http://pt.slideshare.net/berconsultoria/ as-10-grandes-mudanas-no-mercado-de- trabalho> 55Unidade 5 – Gestão da reputação do profissional Figura 5.2 - As habilidades de um administrador. Fonte: Chiavenato (2003). Observe que as habilidades técnicas são mais requisitadas no nível operacional, o que não significa dizer que os demais níveis não precisem ter domínio sobre questões técni- cas envolvidas nos processos. Eles precisam sim, mas numa intensidade menor. Quanto mais alto o nível hierárquico que você ocupa na organização, menor é a necessidade de aplicar habilidade técnica, e maior é a necessidade de ter desenvolvidas as suas habilida- des conceituais. Como foi possível observar, nem só de competência técnica depende uma organização... muito pelo contrário.. o relacionamento humano é fundamental na gestão de um negó- cio, estando as habilidades humanas equivalentes nos três níveis de uma organização. O exercício da profissão com civilidade, independentemente do nível em que o profissio- nal se encontra é fundamental para que se forme um ambiente saudável de trabalho, em que os profissionais complementem sua formação técnica e sua visão sobre o negócio em que estão atuando. Mudanças na natureza do trabalho e a necessidade do desenvolvimento de novas habilidades de gestãoMontana e Charnov (2010, p. 468) chamam nossa atenção para as mudanças ocorridas na natureza do trabalho, ao longo do tempo: 56 Ética e Cidadania Essa migração, da agricultura para o balcão de farmácia, se deveu à mudança estrutural do mundo dos negócios, da fabricação para o processamento de informações. Neste contexto, Montana e Charnov (2010, p. 468) indicam que funções no campo da informação tiveram notável crescimento entre 1980 a 1995, passando de uma porcen- tagem de 17% para 65% da força de trabalho, e aumentando significativamente com o acesso à internet. O perfil do trabalhador tem mudado, exigindo dos profissionais o desenvolvimento de novos conhe- cimentos, novas habilidades e atitudes. Trabalha- dores idosos têm sido cada vez mais percebidos no mercado de trabalho, da mesma maneira que a mudança de valores sociais abriu espaço para a entrada das mulheres e de portadores de necessi- dades especiais também compõem uma força de trabalho cuja atuação é regulada pela legislação. Vimos que os níveis organizacionais, estratégico (alta direção), tático (gerência) e opera- cional (demais funcionários), e que a cada um cabem habilidades conceituais e técnicas em mais ou menos intensidade. Confirmamos também que habilidades humanas são fundamentais para os profissionais em qualquer nível, para garantir um ambiente sau- dável no trabalho. A mudança na força de trabalho das organizações tem exigido dos profissionais o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes. Leia “Ética profissional e compromisso social”, de Rosana Soibelmann Glock e José Roberto Goldim, em que se discutem temas como a ética da ação voluntária com uma perspectiva que vai fazê-lo pensar. Acesse: <http://www.ufrgs.br/bioetica/eticprof. htm> 57Unidade 5 – Gestão da reputação do profissional Pratique! 1. Faça uma avaliação e verifique se você tem mais habilidades conceituais do que téc- nicas. Veja também se você tem desenvolvido habilidades humanas de maneira a promover um relacionamento profissional que garanta um ambiente de trabalho sau- dável com aqueles que o cercam. Acesse: <https://www.posgrado.net.br/blog/entry/ teste-quais-as-suas-competencias-gerenciais.html> 2. Que atitudes você adota para se prevenir de situações indesejáveis que possam afetar sua imagem como profissional? Faça uma revisão dos perfis que você disponibiliza nas redes sociais e veja também as fotos que você publicou. Reflita sobre o impacto que estas informações podem ter sobre sua reputação como indivíduo e como profis- sional. Relacione o que você estudou neste tema com o seu perfil em redes sociais e, então, reflita sobre a necessidade ou não de mudar o que você tem postado. Unidade O processo de comunicação 6 60 Ética e Cidadania Olá, seja bem-vindo (a) à unidade 6 da disciplina Ética e Cidadania. Nesta unidade vamos estudar as questões éticas envolvidas nos relacionamentos interpessoais no trabalho, e as adversidades no ambiente de trabalho e o papel da liderança. Nosso objetivo é estabe- lecer os limites da liderança sadia, desenvolver resiliência, além de conhecer o processo de comunicação a aprimorá-lo, reconhecendo os ruídos do processo. Ao final dos estu- dos deste tema, você estará apto a estabelecer excelente comunicação organizacional e reconhecer-se como um bom líder. Nesta unidade vamos estudar como se dá o processo de comunicação e seus componen- tes. Além de identificar os ruídos comunicacionais, estabelecendo maneiras de evitá-lo, a fim de melhorar o processo comunicativo. Vamos ver também um tema que tem sido objeto de muitas discussões dentro e fora do ambiente de trabalho: o assédio moral. Afinal, qual é a diferença entre cobrar resultados com firmeza e assediar moralmente? E falaremos sobre o conceito de “resiliência”, termo que tem sido utilizado pelas organi- zações, na gestão de pessoas. Vamos lá? Analise a imagem a seguir. Note como a informação começou e como ela terminou. Em seguida reflita sobre a importância de uma boa comunicação entre as pessoas da em- presa onde você trabalha. O que você faria para evitar esta interferência? Ou como você faria para corrigir o problema que aconteceu na comunicação? Inúmeras ações promovem um ambiente de trabalho saudável, em que as pessoas se relacionam preservando o respeito ao próximo, adotando um comportamento ético em suas decisões. No cotidiano da organização, os relacionamentos entre as pessoas são fundamentais para que o ambiente saudável de trabalho proporcione condições favorá- veis para a tomada de decisão. 61Unidade 6 – O processo de comunicação São as decisões dos profissionais que garantem a imagem positiva da organização peran- te o mercado, fortalecendo o relacionamento com os consumidores ao longo do tempo como ação importante na conquista da sustentabilidade do negócio. O processo de comunicação De forma resumida, o processo de comunicação é apresentado com os seguintes com- ponentes: A comunicação, aparentemente, é muito simples: uma mensagem é enviada por meio de um canal, de um emissor (quem fala) para um receptor (quem escuta), que dá um retorno (feedback) sobre o seu entendimento. O emissor tem uma intenção comunicativa. Quando o receptor entende a mensagem de forma diferente da pretendida pelo emissor, surgem então os problemas chamados de os ruídos de comunicação. Ruídos de comunicação e conflitos Comunicação com consumidores de outras culturas, boatos e feedbacks para os mem- bros da equipe, por exemplo, são situações na área da comunicação que podem gerar conflitos. Há, no cotidiano das organizações, inúmeras possibilidades de acontecerem que podem causar constrangimentos nos relacionamentos, abrindo espaço para condutas impró- prias, mesmo que sem intenção. 62 Ética e Cidadania A gestão da atuação dos profissionais no relacionamento com outras culturas é papel da liderança da equipe, contudo, cada um dos seus integrantes precisa ter bem definida a importância de um comportamento adequado a este contexto. Montana e Charnov (2010, p. 453) apontam que a diferença de idioma é o primeiro obstáculo, ainda que se contrate tradutores para apoio na comunicação. Gírias e expressões locais dão origem a situações que precisam ser administradas para não se refletirem em conflitos. Veja os exemplos apresentados por Montana e Charnov (2010, p. 453): a) Nos EUA, a General Motors apresentava uma campanha de comunicação em que se referia à qualidade do chassi de seus automóveis com a expressão: “Body by Fisher” (Feito por Fisher, em português). Esta mesma expressão, na Holanda, significa “Cadáver feito por Fisher”. b) Numa negociação, o norte americano propôs que as discussões fossem “tabled” (adiadas, em português). Para o inglês que estava na mesa de negociação, esta expressão significa exatamente o contrário, ou seja, trazer para discussão. Como vimos, uma falha na comunicação pode gerar um boato, que pode gerar muitos conflitos, assim como palavras mal utilizadas, percepções inadequadas das pessoas, falta de sigilo e predisposição em se propagar informações não confirmadas, costumam causar situações constrangedoras para todos. Outra possibilidade de ocorrência de conflitos face à comunicação inadequada se dá em função do feedback (retorno) que os trabalhadores esperam de suas lideranças. O acompanhamento do desempenho dos funcionários parte do princípio que critérios de avaliação foram estabelecidos previamente e comunicados aos funcionários. Reuniões de feedback (retorno) devem ser periódicas entre a liderança e os liderados, a fim de que os profissionais saibam como está sendo percebido seu desempenho, os pontos fortes e aquilo que precisa ser desenvolvido ou aprimorado.
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