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ÉTICA NA SAÚDE AULA 02

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ÉTICA NA SAÚDE 
 
 
Bioética – história e princípios básicos 
O que seria bioética? 
Uma maneira de unir ciência ao conceito moral, a onde não possamos esquecer do ser 
humano, na tentativa de novas invenções. 
 
As bases filosóficas da Bioética começaram a ser mais bem definidas após a Segunda 
Guerra Mundial, quando o mundo ocidental, chocado com as práticas nazistas 
executadas pretensamente em nome da ciência, cria um código ético para normatizar os 
estudos e experiências relacionados a seres humanos. Deste episódio, fortalece-se 
também a ideia de que a ciência (ou qualquer outra forma de progresso) não pode ser 
mais importante que o homem. Assim, tecnologias e desenvolvimento técnico devem 
ser controlados para acompanhar a consciência da humanidade sobre os efeitos que eles 
podem ter, nos indivíduos, no mundo e na sociedade. 
 
Bioética – princípios básicos 
Bios (vida) + ethos (relativo à ética) 
O objetivo primordial da Bioética é discutir as questões relativas à vida e a saúde, 
principalmente as que surgiram a partir de inovações tecnológicas posteriores aos 
debates éticos tradicionais, sob um enfoque humanista e assim, evitar que estes debates 
se restrinjam a aspectos puramente tecnicistas, esquecendo-se de que tratamos de 
aspectos delicados e extremamente complexos. 
A ética industrial decorrente da disseminação de valores capitalistas e da incessante 
busca por mais desenvolvimento tecnológico, estabeleceu nas sociedades ocidentais 
uma ideologia chamada de teoria utilitarista, através da qual a vida humana passa a ser 
concebida como objetivando a maximização da qualidade. Com isso, o debate ético 
sobre a sacralidade da vida humana começa a perder sentido em detrimento do quanto 
pode ser feito para que as pessoas em geral vivam mais e melhor. 
 
 John Finnis e outros estudiosos da ética e da bioética que se contrapunham a esta 
abordagem, argumentam que a questão da maximização do prazer (ou da qualidade de 
vida) não pode se impor (como uma equação matemática) eticamente a aspectos morais 
e a valores mais amplos do que o prazer. 
Você compreendeu que a Bioética atua de modo a solucionar questões práticas 
decorrentes de intervenções médicas e científicas sobre o ser humano. Esta atuação se 
divide em três tipos distintos de procedimentos. São eles: 
 
 
Descritivo – Voltado para a descrição e análise dos conflitos produzidos pela interação 
entre o ser humano e as práticas científicas. 
 
Normativo – Direcionado para a prescrição de procedimentos médicos e científicos 
corretos e pela proibição de procedimentos reprováveis eticamente. 
 
Protetor – Atua de modo a proteger os envolvidos em algum tipo de disputa de 
interesses e valores, priorizando a defesa da parte mais fraca. 
 
Para objetivar estas atuações, a Bioética se sustenta em alguns conceitos básicos: 
1. O princípio do duplo efeito: uma situação frequente é a ocorrência de uma 
determinada ação que acarreta em dois efeitos concomitantes, um bom e outro 
mau. Apesar de buscarmos o primeiro resultado, ele sempre trás consigo um 
efeito colateral indesejável, porém inseparável. O que fazer nestas situações? 
Desistir do efeito positivo em função do colateral ou aceitar os danos como 
consequências de um fim positivo? Como decidir sobre o que irá pesar mais? O 
principio do duplo efeito foi elaborado para estabelecer as condições pelas quais 
considera-se ética uma ação boa que promove efeitos negativos. 
 
2. O princípio da totalidade: Este princípio se origina do sistema psicológico da 
Gestalt que sustenta que “o todo é mais do que a soma de suas partes”. Assim, as 
partes do corpo não podem ser compreendidas de modo dissociado da unidade 
física. Em outras palavras, isso significa dizer que não podemos dispor das 
partes de nosso corpo sem analisarmos o que isso irá promover em termos da 
preservação de nossa saúde geral. A amputação de um órgão ou parte do corpo, 
por exemplo, precisa ser justificada em função de um dano permanente que não 
possa ser alterado e que implique em prejuízos para a saúde geral do corpo. Ou, 
em situações de doação a terceiros, o quanto esta remoção irá ou não afetar as 
condições de saúde geral do doador (em termos de proporcionalidade ao bem 
produzido ao outro). 
 
3. Meios ordinários e extraordinários de tratamento: Um procedimento padrão 
no tratamento de alguma enfermidade se traduz pela aplicação de medicamentos 
ou processos terapêuticos já amplamente testados, de acesso disponível e que 
possuem eficácia comprovada na produção de resultados. Este tipo de 
procedimento, chamamos de meios ordinários (comuns). 
 
Existem, no entanto, situações em que estes procedimentos não logram êxito, 
nestes casos, é preciso lançar mão de procedimentos que ao contrário dos 
primeiros, são muitas vezes caros, produzem efeitos colaterais indesejáveis e 
ainda assim, não tem sua eficácia plenamente comprovada. São os chamados 
meios extraordinários. 
 
4.Justiça: Critérios de justiça estão diretamente associados aos aspectos éticos e 
não poderiam deixar de estar, também, vinculados à Bioética. A justiça é o 
conceito pelo qual cada um deve receber o que lhe é merecido por direito ou 
pela ação de seus atos. Assim, casos semelhantes devem ser tratados de modo 
semelhante e casos diferentes tratados de modo diferenciado. Dentre os padrões 
de aplicação dos critérios de justiça, temos a chamada justiça comutativa, que 
define padrões relativos à equidade nos mais variados tipos de trocas ou relações 
comerciais como, por exemplo, as formas de determinação de preços e salários. 
Temos a justiça retributiva que estipula sanções legais para a violação das leis e 
que determina os meios de garantia que o que é devido seja pago ou restituído. 
 
5.Santidade da vida humana: Como vimos, quando John Finnis se opõe à ética 
industrial, o objetivo central de sua crítica se localizava na restauração do 
conceito de sacralidade da vida humana. Não precisamos, necessariamente, 
considerar esta concepção sob um ângulo religioso, mas é importante 
percebemos que a vida é o valor maior a ser preservado. Desta forma, qualquer 
intervenção ou interferência produzida sobre ela, precisa obrigatoriamente ser 
avaliada em termos éticos e morais e deve ter o sentido de sacralidade como 
paradigma central de suas considerações. Muitos autores preferem o uso do 
termo dignidade da vida humana para se reportar a este sentido (em oposição ao 
sentido de santidade da vida).

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