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Mecanismos de Isolamento Reprodutivo e Modelos de Especiação 1 • Professor: Dr. Michel Barros Faria • Alunos: Marcos, Elináia, Carina, Ritchele • Curso de Ciências Biológicas - 4º Período 2 Objetivos • Definir os modelos de especiação, bem como os modelos de isolamento reprodutivo; • Compreender como surgem as barreiras reprodutivas entre uma nova espécie e seu ancestral. 3 Introdução Nenhum dos indivíduos de uma população é idêntico, se diferenciando geneticamente, ecologicamente, morfologicamente e através de diferenças comportamentais. Tais variações dentro de uma população tem muitas consequências importantes (RICKLEFS, 1996). 4 Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Darwin%27s_finches.jpeg [...]se fizermos a medição em anos, apenas se observa a extinção de uma ou duas espécies e o aparecimento de outras tantas espécies novas, quer locais, quer, tanto quanto sabemos, ao nível de toda a superfície terrestre (Darwin 1859). Deriva continental 5 Abraham Ortelius cartógrafo e geógrafo, flamengo, considerado o criador do primeiro Atlas moderno, em 1596 sugeriu que os continentes estivessem unidos no passado. • Antonio Snider Pellegrini cientista e geógrafo francês q ue elaborou, em 1858, dois mapas representando as Américas e o continente Africano no passado. Deriva continental 6 Alfred Lothar Wegener geógrafo e meteorologista alemão proponente da teoria da deriva continental em 1915, com a publicação de sua obra clássica A Origem dos Continentes e Oceanos. Wegener afirmava que os continentes, hoje separados por oceanos, estiveram unidos numa única massa de terra no passado, por ele denominado de Pangeia. www.todamateria.com.br •Pangeia – 225 mi •Triásico – 200 mi •Jurássico – 135 mi •Cretácico – 65 mi •Presente Deriva continental 7 Distribuição geográfica dos fósseis gondwânicos. A distribuição de fósseis terrestres idênticos em locais atualmente isolados entre si, como Austrália, Índia, África e América do Sul foi um dos argumentos de Wegener para o lançamento de sua teoria da Deriva Continental https://pt.wikipedia.org/wiki/Deriva_continental Família: Camelidae Gray, 1821 8 ultradownloads.com.br Dromedário (Camelus dromedarius) Camelo (Camelus bactrianus) Alpaca (Vicugna pacos) Lhama (Lama glama) Guanaco (Lama guanicoe) vicunha (Vicugna vicugna) Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Camelo Vicariância A especiação de uma linhagem pode ocorrer por vicariância isolamento geográfico de populações de um táxon que se diferenciam nas áreas derivadas. (RECODER, 2011). Um exemplo clássico de vicariância é a separação de animais marinhos, como peixes e camarões, dos oceanos Pacífico e Atlântico pela formação do Istmo do Panamá, que ocorreu há cerca de 3 milhões de anos. Nessa formação criou uma ponte de terra ligando as Américas do Norte e do Sul 9 Fonte: http://www.mmc.com.pa/webimg/mapa/posicion-geografica.jpg Dispersão Para RICKLEFS (1996), dispersão é um processo ecológico, onde a distribuição de uma população que caracteriza-se pelo espaçamento dos indivíduos entre si, formando padrões variados (agregada, homogêneas, aleatória ou randômica). 10 Homogênea Agregada Aleatória Vicariância X Dispersão Ambos estão relacionados com barreiras ecológicas. Enquanto a vicariância é a divisão de uma espécie pelo surgimento de uma barreira, a dispersão implica a transposição de uma barreira. Em ambos os casos, o isolamento implica eventos de especiação. 11 Vicariância Dispersão Modelos de Especiação Especiação é o processo evolutivo pelo qual as espécies vivas se formam. Este processo pode ser uma transformação gradual de uma espécie em outra (anagênese) ou pela divisão de uma espécie em duas por (cladogênese). Há quatro modos principais de especiação: a especiação alopátrica, simpátrica, parapátrica e peripátrica. A especiação pode também ser induzida artificialmente, através de cruzamentos selecionados ou experiências laboratoriais. (LOPES, 2004) Fonte: www.notapositiva.com 12 Anagênese e Cladogênese Anagênese: processo pelo qual um caráter surge ou se modifica numa população ao longo do tempo, responsável pelas “novidades evolutivas” por exemplo a mutação, permutação e seleção natural, que atuam sobre a variabilidade genética da população, selecionado os organismos mais adaptados as condições ambientais. Cladogenese: processo responsável pela ruptura da coesão original em uma população, gerando duas ou mais populações que não podem mais trocar genes entre seus indivíduos. Pode ocorrer em função do fenômeno da deriva genética, do surgimento de barreiras geográficas ou mutações. (LOPES, 2004) Fonte: pt.slideshare.net 13 Modelos de Especiação Há quatro modos principais de especiação : Alopátrica: A população inicial divide-se em duas populações geograficamente isoladas devido, por exemplo, a fragmentação do habitat pelo aparecimento de uma cadeia montanhosa. Simpátrica: As populações divergem quando ainda ocupam a mesma área. Este tipo de especiação pode ocorrer muitas vezes em insetos que se tornam dependentes de plantas hospedeiras diferentes numa mesma área. Parapátrica: Não há separação geográfica completa entre as duas populações isoladas. Isso implica que algum fluxo gênico pode ocorrer. Peripátrica: A população isolada é menor do que a outra, mecanismos como a deriva genética ou o efeito fundador são mais importantes, pois populações pequenas sofrem frequentemente do efeito de gargalo. Fonte:https://www.youtube.com/watch?v=zTy7b47K hvY Fonte: www.ib.usp.br Fonte; www.ib.usp.br Fonte: diariodomacacu.blogspot.com 14 Modelos de Especiação Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Speciation_modes_edit_pt.svg 15 Modelos de Especiação Pesquisadores brasileiros vêm registrando vários casos de espécies por isolamento geográfico no Brasil. Há milhares de anos o rio São Francisco desaguava num lago, e há mais ou menos 12 mil anos encontrou o mar, separando duas populações de uma espécie de lagarto. Hoje são encontradas duas espécies de lagarto que se enterram na areia: Tropidurus amathites, na margem direita e T. divaricatus, na margem esquerda. Fonte: Biologia Vol único (2006) 16 Mecanismos de Isolamento Reprodutivo Qualquer espécie está representada por um sistema gênico integrado, selecionado através de gerações, de modo a estabelecer-se em um ambiente apropriado. Sua unidade é assegurada e controlada por processos que impedem ou dificultam o cruzamento com outras espécies, denominados de mecanismos de isolamento reprodutivo. Esses mecanismos são entendidos como propriedades biológicas de natureza intrínseca, inerentes aos indivíduos real ou potencialmente reprodutivos que constituem as populações pertencentes a cada espécie (BEZERRA & FERNANDES, 1984). 17 Mecanismos de Isolamento Reprodutivo Os mecanismos de isolamento reprodutivo podem ser classificados do seguinte modo: Mecanismos Pré-Zigóticos: Impedem a fecundação. Mecanismos Pós-Zigóticos: Relacionados ao que ocorre com o zigoto híbrido e o indivíduo que pode vir a ser formado a partir dele. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Zigoto 18 Pré-zigóticos 19 Mecanismos de Isolamento Reprodutivo Mecanismos Pré-Zigóticos: impedem a fecundação. •Isolamento estacional ou temporal. •Isolamento de hábitat ou ecológicos. •Isolamento etológico. •Isolamento mecânico. •Mortalidade gamético. 20 Mecanismos de Isolamento ReprodutivoMecanismos Pré-Zigóticos Isolamento Estacional ou Temporal: Diferentes épocas reprodutivas. O acasalamento não ocorre porque as espécies se reproduzem em diferentes períodos de tempo (horas, dias ou estações). As ninfas de Magicicada septendecim (Linnaeus, 1758) vivem na terra por 17 anos Depois desse período, cavam túneis, sobem nas árvores e sofrem uma metamorfose, se tornando adultas e prontas para o acasalamento, e morrem semanas depois. Fonte: http://sesi.webensino.com.br/ 12 anos 17 anos 21 Mecanismos de Isolamento Reprodutivo Mecanismos Pré-Zigoticos: Isolamento de hábitat ou ecológicos: Ocupação de habitats diferentes Fonte: www.reddit.com Composição de colônia e reprodução de Molossus rufus (E. Geoffroy) (Chiroptera, Molossidae) em um refúgio no sudeste do Brasil A maior parte dos Molossídeos tropicais são poliestrais, variando o número de ciclos reprodutivos em diferentes localidades (KRUTZCH 2000). 22 http://www.scielo.br/pdf/rbzool/v19n4/v19n4a21.pdf Mecanismos de Isolamento Reprodutivo Mecanismos Pré-Zigoticos: Isolamento de hábitat ou ecológicos: Ocupação de habitats diferentes A) B) Fonte: pt.slideshare.net 23 Genero: Thamnophis Mecanismos de Isolamento Reprodutivo Mecanismos Pré-Zigoticos: Isolamento de hábitat ou ecológicos: Ocupação de habitats diferentes Experimento de Diane Dodd em 1989, com isolamento reprodutivo em Mosca-da-fruta (Drosophila pseudoobscura), onde a seleção natural aumentou a frequência dos genes que codificavam as enzimas digestivas apropriadas. Um gene estreitamente ligado influencia a dança de acasalamento da drosófila. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Especia%C3%A7%C3%A3o_alop%C3%A1trica 24 Mecanismos de Isolamento Reprodutivo Mecanismos Pré-Zigoticos: Isolamento etológico: O termo etológico refere-se a padrões de comportamento. Exemplos desse tipo de incompatibilidade comportamental que levam ao isolamento reprodutivo são: Sinais luminosos: Vaga-lumes machos, cuja variação depende da espécie, a fêmea só responde ao sinal emitido pelo macho da sua espécie. Coachar dos sapos: As fêmeas são atraídas para o território dos machos da sua espécie em função do canto, que é específico. Fonte: http://noticias.uol.com.br/meioambiente/album/2013/ 01/23/especies-bizarras.htm 25 Mecanismos de Isolamento Reprodutivo Mecanismos Pré-Zigoticos: Isolamento etológico: O termo etológico refere-se a padrões de comportamento. ESTUDOS VISANDO A SÍNTESE DE FEROMÔNIOS DE FORMIGAS ATRAVÉS DA REAÇÃO DE BAYLIS-HILLMAN. Feromônios são substâncias excretadas por organismos vivos e detectadas por outros indivíduos da mesma espécie, produzindo mudanças de comportamento e características. Fonte: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/855 13/194430.pdf?sequence=1&isAllowed=y 26 https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/85513/194430.pdf?sequence=1&isAllowed=y Mecanismos de Isolamento Reprodutivo Mecanismos Pré-Zigoticos: Isolamento mecânico: Diferenças nos órgãos reprodutores, impedindo a cópula Resulta da incompatibilidade estrutural dos órgãos reprodutores de diferentes espécies. Isso pode ocorrer tanto em animais quanto em vegetais, em que a diferença de tamanho ou forma dos órgãos genitais impede a cópula. Nas plantas, por exemplo, há casos em que o tubo polínico não consegue germinar no estigma de uma flor de outra espécie. Fonte: https://djalmasantos.wordpress.com/2010/11/28/polinizacao- e-fecundacao-nas-espermatofitas/ 27 Mecanismos de Isolamento Reprodutivo Mecanismos Pré-Zigoticos: Isolamento mecânico: Diferenças nos órgãos reprodutores, impedindo a cópula Fonte: biologoemcena.blogspot.com 28 Mecanismos de Isolamento Reprodutivo Mecanismos Pré-Zigoticos: Isolamento gamético: Fenômenos fisiológicos que impedem a fecundação de gametas entre espécies distintas. Ocorre muito em animais aquáticos. Estas espécies depositam os gametas na água, no mesmo local e ao mesmo tempo, ocorrendo só fecundação entre os gametas originados pela mesma espécie. As membranas do óvulo possuem moléculas especificas que são reconhecidas por moléculas complementares dos espermatozoides da mesma espécie, permitindo assim a penetração desses espermatozoides. 29 www.sobiologia.com.br Pós-zigoticos 30 As espécies, quando cruzadas, ficam excepcionalmente estéreis, para impedir que se misturem. A esterilidade é um resultado acidental das diferenças no sistema reprodutor das espécies-mãe. Charles Darwin (A Origem das Espécies) Mecanismos de Isolamento Reprodutivo Mecanismos Pós-Zigoticos: Relacionados ao que ocorre com o zigoto híbrido e o indivíduo que pode vir a ser formado a partir dele. Mortalidade do zigoto. Inviabilidade do híbrido. Estabilidade do híbrido. 31 Mecanismos de Isolamento Reprodutivo Mecanismos Pós-Zigoticos: Mortalidade do zigoto: Se ocorrer fecundação entre gametas de espécies diferentes, o zigoto poderá ser pouco viável, morrendo devido ao desenvolvimento embrionário irregular. 32 Mecanismos de Isolamento Reprodutivo Mecanismos Pós-Zigoticos: Inviabilidade do híbrido: indivíduos resultantes do cruzamento entre seres de duas espécies são chamados híbridos específicos. Embora possam ser férteis, são inviáveis por sua inferioridade adaptativa ou menor eficiência para a reprodução. 33 O sistema reprodutor das espécies puras encontra-se, evidentemente, em perfeito estado de funcionamento; no entanto, quando se cruzam, produzem poucos, ou mesmo nenhuns, descendentes. Por outro lado, os órgãos reprodutores dos híbridos são funcionalmente impotentes, como se pode ver claramente pelo estado do elemento masculino, tanto nas plantas como nos animais, embora os próprios órgãos, tanto quanto se consegue verificar ao microscópio, pareçam perfeitos em termos de estrutura. Charles Darwin (A Origem das Espécies) Mecanismos de Isolamento Reprodutivo Mecanismos Pós-Zigoticos: Esterilidade do híbrido: A esterilidade do híbrido pode ocorrer pela presença de gônodas anormais ou problemas decorrentes de meiose anômala. O ligre é um híbrido entre um leão e uma tigresa. Os machos deste animal são híbridos estéreis, pois o número de cromossomos do tigre e do leão são pares, mas diferentes, assim o ligre tem um número ímpar de cromossomos graças ao processo da meiose que ocorre na formação dos gametas (óvulos e espermatozoides), podem se acasalar, mas seus filhotes podem ter a saúde delicada. 34 Fonte https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/ Conclusão A ocorrência de mutações do material genético ao longo do tempo leva a um aumento da variabilidade e permite a continuidade da atuação da seleção natural. Portanto, durante a evolução, as populações passaram por processos de diferenciação, proporcionando um nível de isolamento que resultou na enorme biodiversidade biológica hoje existente. 35 Referências • ESBERARD, Carlos. Composição de colônia e reprodução de Molossus rufus (E. Geoffroy) (Chiroptera, Molossidae) em um refúgio no sudeste do Brasil. Rev. Bras. Zool. [online]. 2002; 19(4): 1153-1160. ISSN 0101-8175. • KRUTZSCH, P.H. 2000., Anatomy, phisiology and ciclicity of the male reproductive tfact. p. 9 I - I 55. In: E.G. CRICHTON & P.H. KRUTZSCH (Eds). Reproductive biology of bats. Cambridge, Academic Press, 5 10p. • LOPES, Sônia. Bio: volume único / Sônia Lopes – 1. ed. – São Paulo: Saraiva, 2004. • RICKLEFS, R.E. A Economia da Natureza. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996. • RECORDER, R. Biogeografia baseadaem eventos: uma introdução. Revista da Biologia. 2011; Vol. Esp. Biogeografia: 18-25 • UFSC. Universidade Federal de Santa Catarina. Estudos visando a síntese de feromônios de formigas através da reação de Baylis- Hillman. https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/85513/194430.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 10 de Agos. de 2015. • USP. Universidade de São Paulo. Especiação. Disponível em: http://labs.icb.ufmg.br/lbem/aulas/gr,ad/evol/especies/especie8.html. Acesso em: 20 de agos. de 2015. • Charles Darwin. On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life. (A Origem das Espécies) 1859. 36
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