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DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA

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DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
 A Família, entidade base da sociedade, tem seus valores tutelados pela Constituição Federal (Art. 226) e regulamentados no Código Penal. Diversas são as hipóteses de caracterização do crime que atenta contra a família.
I – CRIMES CONTRA O CASAMENTO
1. Bigamia - Art. 235. Contrair alguém, sendo casado, novo casamento:
Pena – reclusão, de 2(dois) a 6(seis) anos.
§ 1º Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de 1 (um) a 3(três) anos.
§ 2º Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime.
1.1. Fundamento constitucional: De acordo com o art. 226: “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”. § 1º O casamento é civil, e gratuita, a celebração. § 2º. O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
1.2. Objeto jurídico: Protege-se a instituição do casamento e a organização familiar que dele decorre, estrutura fundamental do Estado, que são colocados em risco com as novas núpcias.
1.3. Sujeito ativo: Estamos diante de um crime de concurso necessário. Sujeito ativo é o homem ou a mulher que contrai novos casamentos. É admissível o auxílio, instigação e o induzimento de terceiros.
1.4. Sujeito passivo: É o Estado e o cônjuge do primeiro casamento. O cônjuge do segundo matrimônio também poderá ser vítima, caso ele desconheça o estado de casado do outro contraente.
1.5. Elemento subjetivo: É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de contrair novo matrimônio enquanto vige o primeiro. Se o agente não estiver ciente da existência do impedimento para contrair o casamento, haverá erro de tipo, o qual exclui o dolo e, portanto, o crime. Estaremos diante do erro de proibição se um aldeão rústico, por exemplo, supuser que a simples separação judicial autoriza a aprovação de um novo vínculo matrimonial. 
1.6. Consumação: Estamos diante de um crime instantâneo de efeitos permanentes. Dá-se a consumação no momento em que o segundo casamento é celebrado, ou seja, com o consentimento formal das partes. A lavratura do casamento no livro de registro (CC, art. 1.536) constitui mera formalidade legal, a qual serve como meio de prova da celebração do matrimônio.
1.7. Tentativa: Há duas posições: (a) os atos praticados antes da celebração do casamento são preparatórios e não atos de execução. (b) até a consumação, os atos são preparatórios, como o processo de habilitação, ou executivos, os quais se iniciam com o ato de celebração. 
1.8. Questão prejudicial: (§ 2º): De acordo com § 2º do art. 235, “anulado por qualquer motivo o primeiro casamento ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime”. Estamos diante de uma questão prejudicial ao julgamento da ação penal. Exemplo: nulidade do casamento anterior, em relação ao crime de bigamia. O fato, porém, deve restar “exuberantemente demonstrado”.
1.9. Concurso de crimes: Poligamia: Adquirir de mais de um matrimônio enquanto ainda vige o primeiro. Deverá o agente responder pelo concurso material de crimes.
1.10. Ação penal: Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada, que independe de representação da vítima ou de seu representante legal.
2. Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento - Art. 236. Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. 
§ único: A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
2.1. Objeto jurídico: Tutela-se mais uma vez a regular organização da família.
2.2. Sujeito ativo: Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo desse delito. Nada impede que ambos os contraentes o pratiquem; basta que um engane o outro simultaneamente.
2.3. Sujeito passivo: É o Estado, bem como o outro contraente que esteja de boa-fé, ou seja, desconheça o erro essencial sobre a pessoa do cônjuge ou qualquer impedimento à celebração do casamento.
2.4. Elemento subjetivo: É o dolo, consubstanciado na vontade livre e consciente de contrair matrimônio induzindo o outro contraente em erro essencial ou lhe ocultando impedimento.
2.5. Consumação: Dá-se a consumação no momento da celebração do casamento.
2.6. Tentativa: de acordo com a doutrina, é juridicamente inadmissível, em razão do parágrafo único do art. 236, o qual constitui condição de procedibilidade para a instauração da ação penal.
2.7. Ação penal: É de crime de ação penal privada de iniciativa exclusiva do contraente enganado. Somente pode ser instaurada mediante queixa do cônjuge ofendido, após o trânsito em julgado da sentença que decretou a nulidade do matrimônio.
2.8. Prescrição: A contagem do prazo prescricional inicia-se no dia do trânsito em julgado da sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
3. Conhecimento prévio de impedimento - Art. 237. Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
3.1. Objeto jurídico: Tutela-se mais uma vez a regular organização da família.
3.2. Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Nada impede que ambos os contraentes sejam coautores, se tiverem ciência do impedimento.
3.3. Sujeito passivo: É o Estado, bem como o outro contraente de boa-fé, isto é, desde que desconheça o impedimento.
3.4. Elemento subjetivo: É o dolo direto, consubstanciado na vontade livre e consciente de contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause nulidade. Não se admite o dolo eventual. No caso de erro quanto à existência de impedimento, haverá erro de tipo, o qual exclui o dolo e, portanto, o crime (CP, art. 20).
3.5. Consumação e tentativa: Trata-se de crime instantâneo e efeitos permanentes. Consuma-se no momento em que o segundo casamento é celebrado, ou seja, com o consentimento formal dos noivos. Quanto à tentativa, vide comentários ao crime de bigamia.
3.6. Ação penal: : É crime de ação penal pública incondicionada. Em face da pena máxima prevista (detenção, de 3 meses a 1 ano), trata-se de infração de menor potencial ofensivo, estando sujeita ao procedimento sumaríssimo da Lei n. 9.099/95. É cabível a suspensão condicional do processo (art.89 da lei), em virtude da pena mínima prevista.
4. Simulação de autoridade para celebração de casamento - Art. 238. Atribuir-se falsamente autoridade para celebração de casamento:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, se o fato não constitui crime mais grave.
4.1. Objeto jurídico: Tutela-se o matrimônio, a proteção da disciplina jurídica do casamento.
4.2. Sujeito ativo: É o particular. Também pode ser o funcionário público que não tenha atribuição para celebrar casamento. É possível a participação.
4.3. Sujeito passivo: É o Estado, bem como os cônjuges de boa-fé.
4.4. Elemento subjetivo: Consuma-se no dolo, isto é, na vontade livre e consciente de atribuir-se falsamente autoridade para a celebração de casamento. Faz se necessário que o agente tenha efetivo conhecimento de sua falta de atribuição para presidir esse ato. O erro quanto a tal circunstância exclui o dolo e, portanto, o crime em questão (CP, art. 20).
4.5. Consumação e tentativa: Por se tratar de crime formal, consuma-se com o ato de o agente atribuir-se falsa autoridade, independentemente da efetiva realização do casamento. A tentativa será possível nas hipóteses em que o crime não se perfaz em um único ato.
4.6. Ação penal: A ação penal é pública incondicionada. Não se exige condição de procedibilidade para seu exercício. Incide o instituto da suspensão condicional do processo previsto no art. 89 da Lei n. 9.099/95, em face da pena mínima cominada (detenção, de 1 a 3 anos).
5. Simulação de casamento - Art. 239. Simular casamento mediante engano de outra pessoa:
Pena– detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.
5.1. Objeto jurídico: Tutela-se mais uma vez o matrimônio.
5.2. Sujeito ativo: Para Romão C. Lacerda, somente um dos contraentes ou ambos podem ser autores do delito em estudo. Para Noronha, não só os noivos podem ser sujeitos ativos do crime, por exemplo, o magistrado e o oficial do Registro Civil.
5.3. Sujeito passivo: É o Estado, bem como o cônjuge ou os cônjuges enganados.
5.4. Elemento subjetivo: É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de praticar a conduta típica. Por se tratar de crime subsidiário, se a finalidade do agente for a de obter fraudulentamente a posse sexual da mulher, o crime poderá ser outro (CP, art. 215).
5.5. Consumação e tentativa: Consuma-se com a simulação da celebração do casamento. A tentativa é admissível.
5.6. Ação penal: Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada. Tendo em vista a pena mínima prevista, detenção de um ano, é cabível a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei n. 9.099/95).
6. Adultério - Art. 240. (Revogado pela Lei n. 11.106/2005)
Previsão legal: Dispunha o art. 240 do Código Penal: Cometer adultério:
Pena – detenção de quinze dias a seis meses. O § 1º, por sua vez, dispunha: “Incorre na mesma pena o corréu”.
6.1. Revogação: A Lei n. 11.106, de 28-3-2005, cuidou de revogar o art. 240 do Código Penal, retirando-o do ordenamento jurídico. Operou-se verdadeira abolitio criminis, dado que o fato passou a ser considerado atípico. Como o comportamento deixou de constituir infração penal, o Estado perde a pretensão de impor ao agente qualquer pena, razão pela qual se opera a extinção da punibilidade, nos termos do art. 107, III, do Código Penal. O adultério, dessa forma, a partir do advento da Lei n. 11.106/2005, passou a gerar efeitos apenas na esfera cível, sendo uma das causas que justifica a separação judicial, não surtindo mais qualquer efeito na esfera penal. Sobre separação judicial, vide a Emenda Constitucional n. 66/2010, que alterou a redação do art. 226, § 6º, e passou a dispor que “O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio”, não fazendo, portanto, mais qualquer menção aos requisitos da prévia separação judicial por mais de um ano ou a comprovada separação de fato por mais de dois anos.
6.2. Ação penal: Com a revogação do art. 240, subsiste, em nosso ordenamento jurídico, apenas um único crime de ação penal privada, de natureza personalíssima: art. 236 (induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento).
Todos os crimes acima listrados estão no código penal brasileiro, no entanto ainda há muitos outros crimes tipificados, que visam à proteção do casamento, tanto no âmbito penal quanto no âmbito cível ou mesmo constitucionalmente, na verdade o estado como sendo o guardião da paz e da moral tem um ordenamento jurídico que visam justamente proporcionar a paz e a moral assim como também visa proteger os cidadãos e o casamento, que é o objeto de estuda do presente trabalho.
II - DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DE FILIAÇÃO (nome dos pais)
1. Registro de nascimento inexistente –- Art. 241 - Promover no registro civil a inscrição de nascimento inexistente: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
1.1. Objeto jurídico: Tutela-se nesse capítulo, especificamente, o estado de filiação, bem como a fé pública dos documentos inscritos no registro civil. 
1.2. Sujeito ativo: Crime comum. Assim, podem ser sujeitos ativos o oficial do registro civil que realiza a inscrição, os pais fictícios que a requerem etc. Nada impede a coautoria; cite-se como exemplo o médico ou as testemunhas que atestam falsamente o nascimento. 
1.3. Sujeito passivo: É o Estado, bem como o indivíduo prejudicado pelo registro. 
1.4. Elemento Subjetivo: dolo. 
1.5. Consumação e Tentativa: Trata-se de crime instantâneo de efeitos permanentes, que se consuma com a efetiva inscrição do nascimento inexistente no registro civil. Assim, não basta a mera declaração falsa ao oficial do registro civil. Se este não realiza a inscrição, por circunstâncias alheias à vontade do agente, haverá a tentativa do crime.
1.6. Tipo objetivo: trata-se de promover, dar causa, requerer, provocar. A conduta deve objetivar a inscrição falsa, ou seja, o registro de nascimento de uma criança não concebida ou um natimorto.
1.7. Tipo subjetivo: o dolo consiste na vontade de promover a inscrição no nascimento inexistente. Não existe forma culposa. Consuma-se com a inscrição no registro civil.
2. Parto suposto, supressão ou alteração de filiação: Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981).
Pena - reclusão, de dois a seis anos. (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981) - Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza: (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981).
É crime de ação múltipla, um único crime, existem 04 condutas:
2.1. Objeto jurídico: Tutela-se o estado de filiação, bem como a fé pública dos documentos inscritos no registro civil. 
2.3. Sujeito Ativo: (1): crime próprio, só a mulher, mas nada impede concurso de pessoas; (2), (3) e (4) são crimes comuns (qualquer pessoa). 
2.4. Sujeito passivo: Em todas as modalidades delituosas o sujeito passivo principal é sempre o Estado. (1): vítima a pessoa prejudicada pela perda de direito que teria não fosse a existência desse filho, ou seja, os herdeiros do sujeito ativo. (2): sujeitos lesados com o registro. (3): sujeito passivo é o recém-nascido ocultado que tem seus direitos inerentes ao estado civil suprimidos ou alterados. (4): sujeito passivo é o neonato substituído que tem seus direitos inerentes ao estado civil suprimidos ou alterados. 
2.5. Elemento subjetivo: dolo em todas as hipóteses. 
2.6. Consumação e Tentativa: (1) Dar parto alheio como próprio: o crime não se consuma com a mera simulação da gravidez, mas “no momento em que é criada uma situação que importe alteração do estado civil do recém-nascido”. A tentativa é perfeitamente admissível. (2) Registrar como seu o filho de outrem: consuma-se no momento em que é realizada a inscrição do infante alheio no registro civil. É possível a tentativa. (3) Ocultar recém-nascido, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: o crime consuma-se “no momento e no lugar em que, em consequência do ocultamento do neonato, se tenha criado uma situação material ou formal de se poder dizer suprimido o estado civil do mesmo neonato”. Se em consequência do ocultamento não se logra suprimir ou alterar direito inerente ao recém-nascido, há mera tentativa do crime. (4) Substituir recém-nascido, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: a consumação dá-se nos mesmos moldes da ocultação de recém-nascido. A troca ou substituição de crianças que, ato contínuo ou imediatamente, vem a ser descoberta não traduz, por si, consumação, pois mal se poderá falar em alteração de estado civil, isto é, ainda não se estabeleceu situação que não é correspondente à realidade. Será antes uma tentativa do crime, conquanto o agente possa tenta-lo sem avançar tanto na trajetória do delito”. 
2.7. Ação penal: É crime de ação penal pública incondicionada; independe, portanto, de representação do ofendido ou de seu representante legal. 
2.8. Prescrição: Na modalidade registrar como seu filho de outrem, de a cordo com o art. 111, IV, do Código Penal, a prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr nos crimes de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil da data em que o fato se tornou conhecido. Nas demais modalidades, a prescrição inicia-se no dia em que o crime se consumou. 
2.9. Procedimento: No tocante ao procedimento seguido pela modalidade delituosa prevista no caput, vide art. 394 do CPP, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.719/2008, que passou a eleger critério distinto para a determinaçãodo rito processual a ser seguido. A distinção entre os procedimentos ordinário e sumário dar-se-á em função da pena máxima cominada à infração penal e não mais em virtude de esta ser apenada com reclusão ou detenção. Já a forma privilegiada (parágrafo único), em face da pena máxima prevista (detenção, de 1 a 2 anos), constitui infração de menor potencial ofensivo, sujeita ao procedimento sumaríssimo da Lei n. 9.099/95, sendo, inclusive, cabível o instituto da suspensão condicional do processo (art. 89 da lei), em virtude da pena mínima prevista. 
3. Figura Privilegiada – Art. 242. Parágrafo único: Ocorrendo qualquer uma das figuras desse crime ocorrendo a prática por reconhecida nobreza, generosidade, humanidade, o juiz poderá aplicar a pena de detenção de 1 a 2 anos ou também perdão judicial.
4. Sonegação de estado de filiação: Art. 243 - Deixar em asilo de expostos ou outra instituição de assistência filho próprio ou alheio, ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra, com o fim de prejudicar direito inerente ao estado civil: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
4.1. Objeto jurídico: Tutela-se o estado de filiação. 
4.2. Sujeito ativo: Na modalidade deixar filho próprio, somente os pais do infante podem praticar esse crime. Já na modalidade deixar filho alheio, qualquer pessoa pode cometer o delito. 
4.3. Sujeito passivo: É o Estado, bem como o menor que é lesado em seus direitos inerentes ao estado civil. 
4.4. Elemento substancial: dolo 
4.5. Consumação e tentativa: Consuma-se com o abandono da criança em asilo de expostos ou outra instituição de assistência, havendo a ocultação de sua filiação ou atribuição de outra. Trata-se de crime material, portanto a tentativa é perfeitamente possível. 
4.6. Ação penal: é crime de ação penal pública incondicionada, portanto independe de representação do ofendido ou de seu representante legal. Lei dos Juizados Especiais Criminais: em virtude da pena mínima cominada, reclusão, de 1 a 5 anos, é cabível o instituto da suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei n. 9.099/95). 
 
III - DOS CRIMES CONTRA A ASSISTÊNCIA FAMILIAR
1. Abandono material – Art. 244: Deixar, sem justa causa, de prover subsistência do cônjuge, ou filho menor de 18 anos ou incapaz, ou de ascendente inválido ou maior de 60 anos, não lhes proporcionando recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia acordada e deixar de socorrer descendente ou ascendente gravemente enfermo sem justa causa.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o maior salário mínimo vigente no País. (Redação dada pela Lei nº 5.478, de 25.7.1968).
1.1. Objeto Jurídico: proteção da família
1.2. Sujeito Ativo e Passivo: somente cônjuges, pais, ascendentes ou descendentes.
1.3. Tipo Objetivo: São 3 condutas na falta de justa causa:
a-) Deixar de prover subsistência ao: cônjuge, filho menor de 18 anos ou inválido e ascendente inválido ou maior de 60 anos.
b-) Faltar ao pagamento (sem justa causa) de pensão alimentícia acordada. Se o pai está desempregado e não há condições há a justa causa.
c-) Deixar de socorrer, sem justa causa, descendente ou ascendente gravemente enfermo.
2. Entrega de filho à pessoa inidônea – Art. 245: Entregar filho menor de 18 anos a pessoa em cuja companhia saiba ou deva saber que o menor fica moral ou materialmente em perigo.
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Redação dada pela Lei nº 7.251, de 19.11.1984).
2.1. Objeto Jurídico: assistência ao filho menor.
2.2. Sujeito Ativo: somente os pais
2.3. Tipo Objetivo: entregar no sentido de deixar sob guarda ou cuidado, mesmo que temporariamente.
2.4. ART 245 § 1º – se os pais praticam o delito para obter lucro ou se é para enviar o menor para o exterior.
1ª forma para obter lucro: quando a entrega do menor é praticada visando a obtenção de lucro, bastando a finalidade sem o efetivo lucro. Ex. alugar o filho para a pessoa não entrar na fila do banco.
2ª forma enviado para o exterior: mais gravemente é punida a entrega do filho menor quando é enviado para o exterior com o resultado imputado por dolo ou culpa, se não chegar a sair do país não incide esta figura, mesmo dando o menor.
2.5. ART 245 §2º: incorre também crime do artigo, mesmo excluído o perigo moral e material, auxiliar no envio do menor para o exterior, para obter lucro (agenciador).
OBS.: quem compra criança responde pelo ECA, pois não é permitido compra de criança, somente doação.
3. Abandono intelectual - Art. 246: Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar.
3.1. Tipo Subjetivo: Deixar de prover significa não tomar as providencias necessárias omitindo-se assim das medidas que podem propiciar a instrução primária de filho em idade escolar.
4. Abandono moral – Art. 247: Permitir alguém que menor de 18 anos, sujeito a seu poder ou confiado a sua guarda ou vigilância: frequente casa de jogos ou mal afamada; – frequente espetáculo capaz de pervertê-lo; – residir ou trabalhar em casa de prostituição; – mendigar ou servir de mendigo.
4.1. Objeto Jurídico: preservação moral do adolescente.
4.2. Sujeito Ativo: pais ou qualquer pessoa responsável legal pelo adolescente.
4.3. Sujeito passivo: jovem menor de 18 anos.
4.4. Tipo objetivo: é permitir que menor de 18 anos tenham comportamento indicado nos incisos.

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