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1. INTRODUÇÃO O suporte parcial de peso corporal (SPPC) é um sistema que reduz a força resultante entre as forças gravitacional e de suspensão. É utilizado como uma alternativa para reabilitação físico-funcional no treinamento de marcha, já que produz uma diminuição da carga do aparelho locomotor. É um método que envolve o uso de colete para suspender o indivíduo sobre uma esteira ou piso fixo com o intuito de aliviar o peso corporal completamente ou parcialmente de acordo com o percentual escolhido segundo Matsuno (2009), e que varia entre 15% a 70% de suporte Haupenthal & Yoneyama (2008). A fisioterapia atua no tratamento com suporte de carga ao retirar a sobrecarga nos membros inferiores, com isso possibilita e facilita a marcha do paciente com dependência funcional. A função do aparelho músculo esquelético melhora quando se intensifica o treino de marcha em esteira com suporte parcial de carga (SPC),segundo Richards et al 1993. Entretanto, alguns pacientes (a maioria deles crianças com paralisia cerebral), apresentam dificuldades de equilíbrio neste tipo de treino, já que a esteira é uma superfície móvel e por isso mais instável, diferente do piso fixo que é comumente utilizado, Matsuno (2009), Celestino (2014). O SPPC é importante para reabilitação motora, pois proporciona melhora na biomecânica dos membros inferiores (MMII), já que evita uma hiperextensão de joelho, assim como melhora da postura axial e pélvica, ocasionando um melhor alinhamento do tronco e joelho. Este método permite o treino repetitivo da marcha com uma descarga de peso gradativa e mais simétrica entre os membros e consequentemente menor gasto energético. Permite maior tempo de deambulação em maiores velocidades e melhora do equilíbrio corporal através da estabilização do tronco, segundo Yoneyama et al (2009). A reabilitação física tem como tem como principal aliado a plasticidade neural que proporciona entre outros fatores, o aprendizado ou reaprendizado motor do padrão da marcha, que é um processo neurobiológico pelo qual os organismos modificam temporariamente ou definitivamente suas respostas motoras, melhorando seu desempenho, como resultado da prática, Segundo Oliveira et al (2000). O treino locomotor consiste na produção de estímulos, associado à coordenação entre membros, sendo uma alternativa para pacientes que tiveram a marcha prejudicada, na maioria das vezes, por disfunções neurológicas, Pereira et al (2009). Considerando que a marcha é um movimento funcional de extrema importância e que o suporte de peso corporal facilita a mesma ao diminuir a sobrecarga articular, torna-se necessário, mais artigos que comprovem a eficácia desse suporte na reabilitação musculoesquelética, e identifique o melhor tipo de superfície para o seu uso, já que existem poucos artigos que explorem o SPPC em piso fixo. O objetivo principal desse estudo foi revisar a importância do sistema de suporte de carga parcial (SCP) na reabilitação locomotora. 2. METODOLOGIA Foi realizada uma revisão, relacionada ao suporte parcial de peso. Todas as etapas foram executadas por dois examinadores independentes, que, ao final de cada etapa, estabeleceram consenso entre os resultados obtidos. Um terceiro examinador foi envolvido no caso de discordância entre os dois examinadores. Os artigos compreendem do ano de 2002 á 2015. Realizado nas bases de dados MEDLINE, LILACS e SCIELO, com as palavras chaves Suporte de carga; Marcha; Caminhada; Equilíbrio postural e seus correlatos na lingua inglesa. A pesquisa foi dividida em quatro etapas. Na primeira etapa, foram realizadas buscas eletrônicas nas bases de dados MEDLINE e LILACS para identificação dos estudos mediante estratégia de busca adequada às bases de dados e composta pela combinação de termos referentes. Posteriormente, os estudos encontrados foram avaliados quanto aos critérios de inclusão: aplicabilidade do suporte de carga em humanos. E quanto aos critérios de exclusão foram selecionados os estudos experimentais, não se aplica ao aparelho locomotor e não se aplica ao tema. Foram lidos e extraídos os textos em duplicata. As buscas foram realizadas de julho á agosto de 2015. Na segunda etapa, os títulos dos estudos foram avaliados e analisados quanto aos critérios de inclusão e exclusão. Na terceira etapa foi realizada análise do resumo dos estudos incluídos. E na quarta etapa a leitura na integra dos estudos. 3. RESULTADOS Foram encontrados duzentos e trinta e quatro (234) estudos na busca eletrônica, sendo duzentos e vinte e dois (222) excluídos por não se relacionarem ao tema nove (9), não se aplicam ao aparelho locomotor duzentos (200) ou são experimentais treze (13). Na análise dos títulos e dos resumos somaram o total de doze (12) artigos. Quando realizada a leitura na íntegra de todos os estudos, foi observado que um dos artigos não utilizou o suporte parcial de peso e sim a balança digital antropométrica, somando assim o total de onze (11) artigos. Todos os onze estudos analisados atenderam aos critérios de inclusão. O suporte parcial de peso corporal foi utilizado em 100% dos artigos, sendo que 30% realizarão intervenções pré-treinamento e pós-treinamento. 40% foram realizados apenas em esteira, 20% em esteira e piso fixo e 30% somente em piso fixo. A população dos estudos incluídos variou de criança a adultos, sendo o suporte parcial de peso utilizado por todos os estudos e nos seguintes indivíduos: Criança com paralisia cerebral, paciente hemiparéticos, indivíduos com acidente vascular crônico, lesado medular, paralisia cerebral espástica e diplégia espástica. Os artigos demonstraram que com uso do suporte de carga contribui para o aprendizado de um novo padrão de marcha, melhora a frequência cardíaca, melhora do condicionamento físico, redução da pressão arterial, redução da frequência cardíaca de repouso, redução do gasto energético, influencia na passada, capacidade de permanecer em ortostase e deambular com auxílio do andador, melhora da cadência marcha e melhora o equilíbrio. Isso por que o mesmo mensura a quantidade de suporte durante o treino de marcha na esteira, força de suspensão visando saber a porcentagem de peso e a variação do mesmo durante a marcha, analisa a assimetria e incentiva a plasticidade do sistema nervoso central. 4. DISCUSSÃO No treino de marcha convencional com bengalas, andadores, muletas ou em barras paralelas, há uma tolerância ao esforço dos pacientes com deficiência que apresentam limitações impedindo a realização do treino a grandes distâncias, segundo Haupenthal et al (2008). O auxílio do suporte de peso no treino da marcha permite que a descarga de peso seja gradativa sobre o solo, assim o paciente se adapta a atividade, para realizar menor gasto energético, além de proporcionar maior estabilidade do tronco, Faria (2005). Os artigos divergem sobre as diferenças observadas entre os tipos de superfície (piso fixo e esteira) e sobre o uso do suporte de carga no treino locomotor. Isto pode ser atribuído principalmente nos aspectos da propulsão, Souza (2011) e controle de equilíbrio, Yoneyama (2009), Celestino (2014), Matsuno (2009). Matsumo et al (2009), observaram no seu estudo que crianças com paralisia cerebral apresentaram passadas mais longas e rápidas no piso fixo, independente do uso ou não de SPPC ao ser comparado com a esteira. Por ser uma superfície móvel e instável 18-20, o treino na esteira contribui para diminuir o comprometimento e a velocidade da passada. E também por não terem o hábito de andar em esteira motorizada não se sentiram confortáveis e seguras com a velocidade mais rápida, afirmam Yoneyama (2009), Matsuno (2009) comprovados nos estudos que eles realizaram com as crianças. Ainda segundo Matsumo et al (2009) destacam que as crianças deveriam ser treinadas ao andar em uma superfície utilizada no dia a dia delas. Entretanto, a maioria dos estudos indica a esteira elétrica como um dispositivo comumenteutilizado que melhora a marcha num período de tempo curto. Vários autores, Filippin (2007), Yoneyama (2009), Dutra (2013), apontam que o treino de habilidades da marcha é mais eficiente em esteira quando comparado ao treino no solo. Em contrapartida, Sullivan et al (2002), Haupenthal et al (2008) afirmam que ainda não identificaram qual a técnica de tratamento ideal com o suporte de peso corporal. Para Celestino et al (2014) a esteira estimula passos rítmicos, repetitivos e diminui a geração de força de propulsão durante a caminhada. Segundo Matsumo at al (2009) há vantagens no treino na esteira como a utilização em um pequeno espaço e o favorecimento da prática repetitiva de ciclos completos com passos simétricos e consistentes, apesar de defender o treino em solo para crianças com paralisia cerebral. Baseado nos artigos analisados observou-se inúmeros benefícios do uso de suporte de carga, dentre os quais são: melhora cardiorrespiratória, osteomuscular e cinemática, Haupenthal (2008), Filippin (2007), Yoneyama (2009), Faria (2004), Dutra (2013). Além disso, o treino de marcha com esse dispositivo resulta numa melhora o sistema sensorial (proprioceptivo, sensitivo e equilíbrio), gerando um ganho de independência funcional. Para Yoneyama et al (2009) pacientes pós-ave com treino em esteira apresentam respostas motoras satisfatórias devido à melhora da assimetria no córtex sensoriomotor e ativação do córtex pré-motor no hemisfério afetado. Já Dutra et al (2013), considera que a recuperação locomotora, deve-se à estímulos neurais e ativação de centros espinhais em que produz um padrão cíclico de marcha, mesmo após a lesão medular. Cita ainda que durante o treino em esteira, a ativação desse gerador promove processos de plasticidade neural, o que favorece um novo padrão de marcha. Observa-se nos estudos que pacientes que possuíam maior dependência motora necessitou uma maior quantidade de suporte. Contudo, Haupenthal (2008) et al sugerem que o treino comece com o menor percentual possível para que o paciente se sinta confortável e execute a marcha próxima do normal, analisando os seguintes pontos: controle de tronco, fases de balanço e apoio, dissociação de cinturas e equilíbrio. Ocorre uma grande variação de quantidade de suporte oferecida aos pacientes, sendo 0%, Celestino (2014), Dutra (2013), Matsuno (2010), 15%, Celestino (2014), Dutra (2013), Haupenthal (2008), utilizado para iniciar o treino de marcha 20%, Souza (2011), com o intuito de ativar os músculos inferiores e reduzir o gasto energético, 30%, Yoneyama (2009), Souza (2011), Dutra (2013), Matsuno (2010) é o pencentual mais utilizado no treino em esteira. Em Dutra et al (2013), os
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