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Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010, 
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 
 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA INDÚSTRIA DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS NO MUNDO: 
ORIGENS E TENDÊNCIAS 
cefvian@esalq.usp.br 
 
APRESENTACAO ORAL-Estrutura, Evolução e Dinâmica dos Sistemas Agroalimentares e Cadeias 
Agroindustriais 
CARLOS EDUARDO DE FREITAS VIAN1; ADILSON MARTINS ANDRADE JÚNIOR2. 
1.ESALQ USP, PIRACICABA - SP - BRASIL; 2.DELLOITE, CAMPINAS - SP - BRASIL. 
Evolução Histórica da Indústria de Máquinas Agrícolas no Mundo: Origens e 
tendências 
 
 
Resumo 
O presente trabalho tem por objetivo realizar um levantamento histórico do desenvolvimento da 
indústria de máquinas e implementos agrícolas, assim como suas principais empresas na atualidade para 
entender a atual estrutura do mercado e as perspectivas para o seu futuro. Faz-se uma discussão sobre a 
importância do progresso técnico para competir neste ambiente. Estuda-se a concorrência e o progresso 
técnico nesta indústria, focando nas trajetórias tecnológicas e, também, no levantamento de informações 
da literatura sobre o desenvolvimento do mesmo. O trabalho concluí que o setor mantém as características 
de um oligopólio diferenciado, sendo a inovação e a diferenciação de produtos dois importantes 
instrumentos competitivos. Outra característica fundamental é o caráter mundial desta concorrência. 
Palavras-chaves – Máquinas agrícolas, história setorial, competitividade, inovação, estratégias 
competitivas 
Historical Evolution of Agricultural Machinery Industry in the World: Origins and 
trends 
Abstract 
This paper aims to resume the agricultural machinery history and development, as well as their majors 
companies in order to understand the current market structure and the prospects for their future. The first 
discussion is about the importance of technical progress to compete in this environment. We study the 
competition and technical progress in this industry, focusing on technological trajectories and also in 
collecting information from the literature about the development of this industry. The study concluded 
that the industry retains some characteristics likes differentiated oligopoly, with innovation and product 
differentiation are important competitive tools. Another key feature is the global nature of this 
competition. 
Key-words – Agricultural machines, industry history, competitiveness, innovation, strategies. 
Introdução: 
O surgimento do setor de máquinas e implementos para a agricultura mudou definitivamente a 
trajetória das técnicas de produção e oferta de produtos agrícolas no mundo, assim como a necessidade de 
envolvimento de mão-de-obra na produção agrícola, pois os aumentos da produtividade do setor levaram 
à substituição do homem nesta atividade, possibilitando o acesso a novas e melhores práticas de produção 
na agricultura. 
A crescente demanda por mecanização e equipamentos que utilizam tecnologias cada vez mais 
avançadas, assim como o aumento da concentração do mercado nas mãos de algumas empresas são 
elementos importantes a serem estudados para o entendimento das tendências do setor. 
Devido à relevância atual do setor no comércio mundial e poucos estudos da área, o presente 
trabalho realizou um levantamento histórico do desenvolvimento do setor de máquinas e implementos 
agrícolas para entender a atual estrutura do mercado e perspectivas para o seu futuro. O texto analisa a 
importância do progresso técnico para a evolução do setor e da inovação como instrumento para competir 
neste ambiente. 
O texto analisa o desenvolvimento do setor até 1990 a partir de estudos sobre a concorrência e 
progresso técnico na indústria de máquinas para a agricultura, focando nas trajetórias tecnológicas a partir 
 
Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010, 
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 
do levantamento de informações na literatura sobre o desenvolvimento de máquinas e sobre a história de 
algumas das principais empresas do setor. 
 Com objetivo de realizar o levantamento histórico do setor de máquinas e equipamentos agrícolas 
e para entender a atual estrutura do mercado e perspectivas para o futuro do setor, esse trabalho fez uso de 
pesquisas bibliográficas sobre a história do setor, assim como de suas empresas. 
Inicialmente buscou-se entender profundamente a estrutura do mercado até os anos de 1990, por 
meio do trabalho realizado por Fonseca (1990), que fez um levantamento completo da história e formação 
do setor em geral. Para complementar as informações sobre o desenvolvimento das empresas, assim como 
suas máquinas, foram consultadas bibliografias sobre a história do desenvolvimento da agricultura 
americana, um dos berços do setor, evolução das máquinas e formação das maiores empresas do setor 
atualmente. 
Para se trabalhar com todas as informações prospectadas das diversas fontes citadas, utilizou-se o 
método científico de estudos de multicasos, permitindo a análise dos agentes econômicos específicos, 
separadamente. Triviños, 1992 apud Lima (2003), o método científico de multicasos permite que dois ou 
mais casos sejam estudados sem que haja a preocupação de fatores comparativos em comum nos 
resultados obtidos isoladamente para cada estudo de caso ou agente mercadológico. 
 Para Yin, 2001 apud Lima (2003), cada estudo de caso consiste em um estudo completo e cada um 
possui eventos relevantes, sendo assim podem-se tirar conclusões características para estes estudos. 
 
1 - Surgimento da Indústria e dos Mercados de Máquinas Agrícolas no século XIX 
Até o século dezoito, os instrumentos agrícolas ainda eram rudimentares. A revolução industrial e 
a pujante população demandando cada vez mais alimentos colocou a Europa (e principalmente a 
Inglaterra) em geral em situação bastante delicada, precisava aumentar a produtividade agrícola para 
suprir a necessidade de subsistência. Em meados do século dezenove, a população urbana européia 
aumentou em cerca de 200 milhões de pessoas, em um grande processo de urbanização que culminou em 
processo de migração rural para cidade (êxodo rural), diminuindo o contingente de pessoas que 
trabalhavam no campo (DERRY e WILLIANS, 1977 apud FONSECA, 1990). 
Por estes motivos a necessidade de desenvolvimento tecnológico no campo fazia-se necessário. 
Porém o progresso no campo não estava isolado ao progresso de outras áreas, como o transporte, já que 
grande salto tecnológico nos meio de transporte, ferrovias e navegação gera um transbordo na produção 
de alimentos, barateando os custos de deslocamento de países distantes. 
Foi a partir das semeadeiras que o processo de mecanização tomou grande impulso, já que este 
tipo de plantio, para grãos economizava 54,5 litros de sementes e elevava a produtividade da colheita em 
10,5 hectolitros1 por hectare, demonstrado por Thomas Coke (FONSECA, 1990). 
As colheitadeiras, inventadas na Grã-Bretanha e Estados Unidos da América em meados de 1780, 
foram efetivamente usadas meio século depois. Uma nova versão de colheitadeiras surgiu em 1833, 
quando o americano Obed Hussey, criou uma máquina mais prática que a colheitadeira do escocês Bell, 
projetada para ser puxada por animais de tração. O modelo consagrou-se com o aperfeiçoamento de 
Cyrus McCormick (FONSECA, 1990 e HUGHES, 1972). 
Entre 1850 e 1870, a Inglaterra e a Europa como um todo deixam de ser o principal centro técnico 
da agricultura. Nesse período os países que não faziam parte do antigo centro, que até então eram 
supridores de produtos agrícolas dispensáveis para subsistência, passam a ser grandes supridores de 
produtos essenciais à subsistência, como trigo, produtos lácteos, carne e produtos tropicais 
(salvaguardando o açúcar). Com os Estados Unidos tornando-se o centro mundial do progresso 
tecnológico na agricultura e fabricação dos equipamentos agrícolas.No período entre 1780 e 1900 a área 
cultivada nos naquele país é de 160 milhões de hectares, mais de 10 vezes a superfície cultivável da 
Inglaterra e do País de Gales (HUGHES, 1972 e FONSECA, 1990). 
Em análise a esse desenvolvimento, Rasmussen (1983, apud FONSECA, 1990) aponta que várias 
pessoas que foram determinantes no desenvolvimento destes equipamentos norte americano: George 
Washington contratou um técnico britânico, Artthur Young, defensor do progresso tecnológico na 
 
1
 O hectolitro é uma unidade de volume equivalente a cem litros, representado pelo símbolo hl. É o segundo múltiplo do litro e, também, equivale a 100 
decímetros cúbicos (0,1 metros cúbicos). 
 
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agricultura visando o desenvolvimento técnico; Thomas Jefferson buscou melhorias e inovações 
mecânicas, desenvolvendo projetos para semear, seed drill, e outra série de utensílios agrícolas. 
 A máquina de descaroçar o algodão foi um dos principais avanços no período, projetada por Eli 
Whitney. Considerada um autentica inovação, já que este processo demandava grande contingente de 
mão-de-obra, foi um equipamento que gerou grande aumento na produtividade daquela cultura. O solo de 
pradaria2 norte americano foi outro fator determinante para o desenvolvimento de novos utensílios, já que 
os arados de madeira e ferro não se adaptavam àquele solo e os arados não deslizavam no solo abrindo os 
sulcos adequadamente, o ferreiro John Deere em 1837 do estado de Illinois, desenvolveu arados de ferro 
forjado liso que se adaptavam ao solo de pradaria. 
 Entre 1830 e 1860, foi a vez das ceifadeiras e segadeiras, para feno, de serem as grandes 
inovações da época. Gerando espaço para o desenvolvimento de vários equipamentos de colheitas. Além 
da primeira versão de colheitadeiras desenvolvidas por Hussey, surge a colheitadeira de McCormick, este 
abriu uma fábrica em Virgínia, estado norte americano, expandindo seu negócio para Chicago, chegando 
a produzir cerca de quatro mil máquinas por ano, tornando-se o maior produtor em 20 anos. Seu 
deslocamento para Chicago teve como propósito acompanhar os agricultores através das pradarias e 
planícies recém conquistadas (FONSECA, 1990). 
 O sucesso das máquinas até então desenvolvidas (ceifadeiras e enfardadeiras) que dependiam 
apenas de tração animal para seu funcionamento, encorajaram novas inovações no sentido de criar uma 
dependência de mão-de-obra humana, como máquinas destinadas para a cultura do milho que arava, 
semeava e cobria em uma mesma operação e um ancinho3 para feno e grãos, ambos tracionados por 
animais. 
Para Rasmussen, 1983 apud Fonseca (1990), é a guerra civil norte americana que fornece todo o 
ímpeto para uma grande mudança agrícola e para conversão de tração humana e tração animal para força 
mecânica. Os estados unidos foram os pioneiros no uso de tratores, grandes trilhadoras e “combines”, as 
colhedeiras, que executavam em um dia o processo de colher 12 hectares de trigo e realizar todas as 
operações necessárias, até o ensacamento do grão, todas ela movidas a vapor. Em, Dakota, estado norte 
americano, por volta de 1880, fazia-se aração em grande escala, com dezenas de arados trabalhando 
simultaneamente e paralelamente. Esses arados eram montados sobre pequenos carros sobre duas rodas 
onde um homem direcionava quatro cavalos, que geravam a tração, para o cultivo de imensas áreas com 
produtos destinados ao mercado. 
 Após o “Homestead Act”4, em 1862, a ocupação de novas terras nas pradarias e depois o oeste e, 
também, a construção das grandes estradas de ferro, possibilitaram a criação de uma agricultura moderna 
e mecanizada nos Estados Unidos. As máquinas a vapor eram utilizadas em várias atividades agrícolas, 
sendo exemplo de sua utilização: Oliver Dalrymple, fazendeiro de trigo no Minessota, assim como outros 
fazendeiros do Red River Valley, em Dakota do Norte , em 1880, iniciaram seu cultivo de trigo usando 
tratores a vapor (RASMUSSEN, 1983). Vale observar que a mecanização não ficou limitada às grandes 
fazendas monocultoras, mas expandiu-se para os outros agricultores. Essa tendência à mecanização 
firmou-se, no começo do século de 1900 as vendas anuais de máquinas agrícola, nos Estados Unidos, 
incluindo as exportações, alcançou 101 milhões de dólares, frente a 7 milhões de dólares ao ano, 
alcançados há 50 anos atrás (FONSECA, 1990). 
 
2- Evolução Tecnológica dos Tratores no Século XX 
Os tratores substituíram os animais à tração animal completamente na América do Norte antes da 
Segunda Guerra Mundial, e não Europa pouco depois da mesma (exceto Itália, aonde o processo foi mais 
lento). O trator assemelhava-se às maquinas movidas a vapor, charrua, usada na agricultura, usada pelos 
agricultores americanos e canadenses no século passado. A fabricação de tratores atingiu seu auge em 
1913, quando dez mil tratores foram fabricados. O primeiro trator a gasolina foi construído em 1892 na 
manufatura de Froelich (engenhoca com um motor), nos Estados Unidos, ver Figura 4.1 O 
 
2
 Pradaria é uma planície vasta e aberta onde não há árvores nem arbustos, com capim baixo em abundância. Estão localizadas em praticamente todos os 
continentes, com maior ocorrência na América do Norte. 
3
 O ancinho é um instrumento utilizado na agricultura e na jardinagem constituído por um longo cabo de madeira preso a uma travessa dentada, geralmente de 
metal. É utilizado para coletar materiais, como folhas, grama solta, palha, feno e, também, em hortas para preparar a terra para o plantio. É conhecido, 
também, por gadanho ou rastelo. 
4
 Lei da Propriedade Rural (Homestead Act), foi uma lei criada pelo Presidente Abraham Lincoln no dia 20 de maio de 1862. A lei determinava a transferência 
de terra do Estado para pequenos agricultores, incluindo os escravos negros, definitivamente libertados pela guerra. 
 
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desenvolvimento de Froelich foi adquirido por Jonh Deere, servindo como base para seus tratores no 
início do século. Somente em 1895 foi apresenta um projeto de automóvel movido à gasolina, projetado 
por Selden (WRIGHT, 1990). A primeira fábrica de trator, Hart-Parr Company, surgiu em Iowa, estado 
norte americano, em 1905, por meio de grande esforço de um grupo de pesquisadores da Universidade de 
Wisconsin, logo depois esta empresa foi incorporada pela Oliver (FONSECA, 1990). 
 
 
Figura 4.1 Trator Froelich movido à gasolina. 
Fonte: http://www.campsilos.org/excursions/grout/two/froelich_tractor_lg.jpg 
O desenvolvimento do mercado para tratores movidos à gasolina ou diesel foi lento até a Primeira 
Guerra Mundial. Fatores como elevação dos preços dos produtos agrícolas, escassez de mão-de-obra e o 
estímulo do governo norte americano, encorajaram os fazendeiros a realizar a transição para a 
mecanização, estimulando a produção industrial. 
 Na década de 1920 a mecanização da agricultura nos Estados Unidos aumentou moderadamente, 
após o New-Deal5, devido aos programas agrícolas promovidos pelos Estados Unidos, e após a Segunda 
Guerra Mundial que a transição para mecanização ocorreu fortemente, aumentando o mercado norte 
americano consideravelmente. No período entre as Guerras Mundiais, o mercado americano de tratores 
apresentou pequeno aumento, mas o seu desenvolvimento tecnológico foi muito significativo. Este 
avanço se deu por meio de inovações de produto e avanços consideráveis no processo de produção, 
principalmente na linha de produção. 
 Até 1913, o processo de montagem dos tratores era completamente descontínuo. Neste ano tentou-
se implantar o primeiro processo de montagem de tratoresem série. Nos anos seguintes, as melhorias 
ocorridas e incorporadas, como ignição por magneto (que permitia uma maior impulsão de arranque) e a 
introdução do motor a querosene (operava sem a necessidade de água para controlar o aquecimento), 
permitiram aumentar o desempenho do trator. O desenvolvimento de um sistema de acionamento de força 
foi desenvolvido e bem sucedido em 1918, dando potência na transmissão de força para diversos 
implementos. 
 O Fordson, ver Figura 4.2, foi o primeiro trator a obter grande sucesso, montado pela Ford e 
lançado em 1917. A grande inovação deste trator estava na linha de produção, onde pela primeira vez um 
trator foi montado em série, permitindo uma expressiva redução nos custos, em relação aos outros tratores 
montados descontinuamente, abrindo caminho para sua difusão na agricultura. Num mercado estimado de 
135 mil unidades de tratores, em 1918, a Ford atingira a marca de 25%. Sendo que em 1925, alcançou a 
marca 70% dos 158 mil tratores vendidos apenas nos Estados Unidos (FONSECA, 1990). 
 
 
Figura 4.2 – Modelo Fordson 
 Por volta de 1920, já existia um projeto básico de trator que permaneceu basicamente o mesmo 
por durante duas décadas. Esse projeto básico, cuja concepção era o Fordson, pode ser considerado como 
uma inovação primária. A partir dele foram sendo incorporados vários avanços técnicos com 
 
5
 O New Deal foi uma série de programas implementados nos Estados Unidos entre 1933 e 1937, no governo de Franklin Delano Rooselvelt, com o objetivo 
de recuperar e reformar a economia norte americana, e assistir aos prejudicados pela Grande Depressão. 
 
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características de inovação e melhorias técnicas. Mesmo assim, a utilização do trator estava restrita a 
poucas operações iniciais de preparo do solo. Sendo que uma versatilidade da máquina ocorreu após uma 
série de esforços dirigidos para melhorar seu funcionamento, adequando-se a operações menos 
rudimentares. 
 Após vários esforços tecnológicos, que duraram cerca de dez anos, foi desenvolvido um trator de 
uso geral, por volta de 1925. O Farmall (ver Figura 4.3), da International Harvester, representa o primeiro 
trator adaptado a uma série de operações agrícola. A grande novidade foi a introdução de uma mecanismo 
que facilita a elevação dos implementos do nível do solo. O Farmall possibilitou que a tratorização fosse 
estendida às culturas extensivamente alinhadas. 
 
 
 Figura 4.3 – Modelo Farmhall 
 Entre os anos de 1920 e 1940 foram lançadas outras novidades, a Jonh Deere introduz o modelo 
“D” (ver Figura 4.4) com custo menor em relação ao Fordson, que serviu como referência para outros 
tratores de sua linha, até os anos de 1960. 
 
Figura 4.4 - Modelo D da John Deere 
H. Hans, em 1921, desenvolveu o Lanz Bulldog (ver Figura 4.5), que tinha como vantagem, em 
relação ao trator da Jonh Deere, é que poderia ser operado com qualquer tipo de combustível (gasolina ou 
óleo vegetal), apresentando um menor número de componentes. Foram vendidas mais de seis mil 
unidades deste modelo. Em 1923 esta empresa desenvolveu o primeiro trator com tração nas quatro rodas, 
que não deslanchou no mercado. A Deere comprou sua planta da Lans em 1956. 
 
Figura 4.5 - Modelo Lanz Bulldog 
 Outro desenvolvimento que houve no período foi a substituição da roda de ferro pela pneumática 
de borracha, a grande evolução desta substituição se deu em 1938. A Continental inicia a fabricação de 
pneus para Lans em 1931. Com a introdução dos pneumáticos, o trator ganha maior equilíbrio e 
estabilidade, facilitando a sua operação em campo. Outro ponto importante com a substituição dos pneus 
foi que a capacidade de tração dos tratores simplifica consideravelmente seu deslocamento ao longo de 
estradas pavimentadas ao mesmo tempo em que representa aumento de conforto para o tratorista. Entre 
1935 e 1940 a comercialização destes tratores passou de 14% para 95% (FONSECA, 1990). 
 Este trator passou a ser considerado como padrão máximo de desenvolvimento tecnológico do 
trator, mantendo-se o projeto básico original praticamente inalterado. Os desenvolvimentos tecnológicos 
que ocorrem neste período foram apenas aperfeiçoamentos do projeto básico inicial. Com o decorrer do 
 
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tempo, o espaço para agregar novas modificações, supondo inalterável a concepção tecnológica do 
modelo Farmall, estava esgotado é já não restava campo para aperfeiçoamentos adicionais. 
 Em 1947, houve um novo impulso na inovação tecnológica para tratores, com o desenvolvimento 
do sistema de “três pontos” e do controle hidráulico remoto na operação com implementos. Até então, ao 
operar com arado, o trator defrontava-se com forte resistência do solo sobre os implementos, tendendo a 
virar, para compensar adicionava-se peso na frente do trator o que representava outro problema. A 
introdução deste engate no mecanismo de junção do trator com os seus implementos proporcionaram 
maior flexibilidade às operações, permitindo que se trabalhasse com implementos cada vez mais pesados. 
 Com outras melhorias significativas na indústria de tratores, a evolução do controle hidráulico e 
do engate ficou possível por meio de uma série de pequenos aperfeiçoamentos. Permitindo também 
melhoria no desempenho do conjunto trator e implementos. Kudrel (1975) acredita que este 
desenvolvimento representa um salto considerável, sendo uma “revolução” representada pelo sistema 
Fergurson no processo de desenvolvimento dos tratores. 
 Este sistema hidráulico, patenteado pela Ferguson em 1926, juntamente com período de 
refinamento, na Inglaterra, foi adaptado a um trator nos Estados Unidos em 1939, através e um acordo de 
fabricação com a Ford que durou até 1946. Em 1936 a Deere patenteava o seu sistema hidráulico. 
 
2.1 - Desenvolvimento do Trator após no Pós Guerra 
As ondas de desenvolvimentos tecnológicos na indústria de tratores no pós-guerra tiveram como 
importante propulsor a indústria automobilística e de auto-peças. As inovações incrementais 
compartilhadas entre essas indústrias destacam-se: motores a diesel, mecanismo de direção hidráulica, 
sistema de transmissão automática e aperfeiçoamentos nos mecanismos de embreagem. Algumas 
melhorias foram desenvolvidas pela própria indústria de tratores, destacando-se o aperfeiçoamento do 
mecanismo de tomada de força contínua, que permite ao trator desengrenar sem interromper a 
transmissão de força para os implementos; introdução da tração nas quatro rodas; incorporação de rodas 
duplas; e adoção de cabines de proteção do operador (FONSECA, 1990). 
O sistema Ferguson traz um novo conceito, onde se valoriza o conjunto trator e implementos, 
chamado de sistema de montagem integral. Este modelo trouxe inovações importantes no mecanismo de 
engate e controle dos implementos, que permitia melhor distribuição do peso do trator em operação, 
facilitando a operação com os implementos associados. Este trator passou a ser oferecido em escala 
industrial em 1946, tornando-se praticamente universal após os aperfeiçoamentos realizados pela outras 
fabricantes. Na década de 1950 o modelo tinha sido adotado pela Europa, Austrália, América do Sul e em 
outros países. 
Segundo Sahal (1981) apud Fonseca (1990), entre 1948 e 1968 a potência média dos tratores 
passou de 27 HP6 para 70 HP. Outra tendência foi o surgimento de tratores de menor porte (minitratores 
ou motocultivadores), onde as melhorias introduzidas ajudaram a aumentar a estabilidade do veículo. O 
investimento no desenvolvimento de máquinas com potência maior foi dinamizado pelo crescimento do 
mercadoeuropeu no pós-guerra e, também, pelo aumento das unidades agrícolas, que estavam 
aumentando paulatinamente, demandando, portanto, cada vez mais máquinas de maior porte. 
 
2.2 - Padronização da Indústria de Máquinas Agrícolas 
Nos anos de 1950 as máquinas agrícolas entraram num processo de convergência. Este processo 
iniciou-se após a criação do desing do trator Ferguson, que serviu de padrão para outros fabricantes. Essa 
onda de padronização foi acompanhada, também, pela ampliação da gama de produtos vendidos pelos 
fabricantes de tratores, que passaram a desenvolver e comercializar maior número de implementos que 
acompanhavam este produto, associados no conceito e “full-lines”. Sendo que este “fenômeno” permitiu 
maior integração da indústria no mundo, a partir da padronização Ferguson. Facilitando o intercâmbio de 
componentes a nível mundial (FONSECA, 1990). 
Kudrle (1975) apud Fonseca (1990) analisou a absorção da tecnologia inovadora da Ferguson, 
introduzida no mercado em 1946, pelos Estados Unidos, Inglaterra e resto da Europa. A incorporação 
daquele padrão tecnológico foi mais rápido na Inglaterra que nos Estados Unidos, já que naquele país o 
apego aos antigos padrões tecnológicos era maior que neste país e, também, pela “má avaliação das 
 
6
 HP, Horse Power, é uma unidade de potência necessária para elevar verticalmente de 1 pé/min uma massa de 33.000 libras. 
 
Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010, 
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tendências de mercado por parte das empresas” norte americanas. Já para o resto da Europa a 
incorporação foi mais lenta por motivos de renda rural, bem com da pequena dimensão dos 
estabelecimentos agrícolas dos países (FONSECA, 1990, Pág. 76). 
 Com o lançamento do Ferguson a participação da Ford no mercado cai acentuadamente. Em 1952 
a Ford se adapta aos novos padrões tecnológicos, seguida pela David Brown e Nuffield. A Harvester 
mantém-se atrás tecnologicamente nos mercados americano e europeu, explicado pelo seu fraco 
desempenho naqueles mercados. Nos ano de 1960 os componentes hidráulicos eram considerados “luxo 
desnecessário” para os fabricantes europeus, apenas na França a Massey e Harvester aperfeiçoaram sua 
capacidade de competição, por meio de um mecanismo de elevação que facilitava a mobilidade dos 
implementos, diferente do Ferguson, pois este não tinha controle de profundidade e mecanismo de 
engrenagem que deixasse o trator multiplamente versátil sem afetar sua força. Na década de 1960 as 
manufaturas americanas fabricavam tratores cada vez mais semelhantes, com sistema hidráulico e 
mecanismos de transmissão cada vez mais semelhantes, às vezes fornecidos pelo mesmo fabricante. 
Apenas a Jonh Deere se manteve fiel ao seu desing tecnológico anterior (FONSECA, 1990). 
 Neste período começou a surgir, nos Estados Unidos e Europa, comitês e associações 
encarregados de sugerir especificações formais para os produtos – estabelecimento de dimensões e 
posicionamento de peças e componentes visando, principalmente, o sistema de engate. Essas normas, em 
geral, surgiam originalmente nos Estados Unidos e eram disseminadas para o resto do mundo. Para a 
adequação às normas fazia-se necessário a universalização do sistema de engate. Porém, esta estratégia 
estava em desacordo com as estratégias das maiores montadoras de tratores, que queriam manter seu 
controle sobre a comercialização dos componentes e implementos, em alguns casos querendo manter seus 
implementos como parte de seu trator, incompatibilizando definitivamente o uso de implementos de 
outros fabricantes, seguindo o conceito de “full-line”. Como conseqüência, houve grande proliferação de 
prestadores de serviços e produtores especializados em implementos, que por sua vez eram associados por 
vínculos de fornecimento aos fabricantes de tratores. A tendência de padronização dos tratores tem grande 
influência na estrutura do mercado de máquinas agrícolas, sendo que esta padronização permitiu que as 
matérias-primas e commodities fossem comercializadas de forma ágeis e padronizadas (FONSECA, 
1990). 
 Em alguns países houve uma tendência contrária à padronização. Na Alemanha, por exemplo, a 
unidades agrícolas eram de pequeno porte e utilizavam tratores de pequeno porte, de um ou dois cilindros. 
A Daimler-Benz, em 1948, desenvolveu um projeto, Unimog, que era próximo de um cruzamento entre 
um trator e uma caminhonete pickup com tração nas quatro rodas. Na Itália existia outro trator de 
pequeno porte e com tração nas quatro rodas, para adaptar-se à agricultura de relevos fortemente 
irregulares (FONSECA, 1990). 
 A tendência de padronização não foi tão forte para as colheitadeiras, já que para este produto a 
especificidade de cada cultura determinava sua tecnologia, adotando-se tipos diferentes de colhedeiras 
para diferentes culturas, sendo necessário desenvolvimento de componentes e implementos específicos e 
não generalizados, como ocorria com os tratores. 
 Segundo Fonseca (1990) o processo de dinamismo de inovação tecnológica foi diminuindo com a 
padronização, já que se criou um projeto inerte tecnologicamente. Essa inércia foi compensada pela 
economia de aprendizado tecnológico que manifestou entre as indústrias de equipamentos e o conjunto de 
indústria metal-mecânica. Dentro da indústria de máquinas agrícolas, as empresas produtoras destes 
equipamentos tenderam a se organizar nos mercados de implementos, deixando os produtores presos às 
suas decisões. 
 
3 - Organização do Mercado de Máquinas Agrícolas Pós Guerra 
Segundo Fonseca (1990), esta indústria se organiza como oligopólio que se apoiava na 
diferenciação dos seus produtos, que foi fortemente influenciada pelo processo de “mudanças cumulativas 
não radicais” (P. 84). As empresas direcionaram seu foco para a competição na vida útil dos 
equipamentos e no desempenho. Outro diferencial das vendas é o foco na distribuição dos produtos, um 
dos principais fatores que levam as montadoras à liderança neste mercado. As inovações não eram 
radicais, mas o setor apresentava um dinamismo próprio de evolução por meio de seus projetos e desing - 
aprendizado pelo uso (processo de aperfeiçoamento dos equipamentos agrícolas estimulados pelos 
 
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fornecedores – indústria de auto-peças e metal-mecânica). Estes desenvolvimentos se davam após certo 
tempo de uso dos equipamentos pelos produtores. Outro ponto destacado pela autora é que: 
(...) modificações tecnológicas no nível do produto rebatem sobre o processo de produção, exigindo inversões na 
etapa de desenvolvimento de produtos, na ‘racionalização’ dos métodos produtivos, bem como a modernização do 
processo de fabricação. Nessas circunstâncias a capacidade de financiamento das empresas torna-se um elemento 
crucial, embora possa ser parcialmente substituída por políticas de crédito facilitado e subsídios concedidos pelo 
Governo, pelo menos durante algum tempo. Além disso, a capacidade financeira deve ser suficientemente grande para 
permitir montar e manter eficiente sistema de distribuição em cada um dos mercados em que as empresas atuam, o 
que também exige investimentos (P. 84). 
Após o término da Segunda Guerra houve grande aumento nas vendas de máquinas agrícolas, com 
rearranjo no número de empresas atuantes no mercado e mudança de liderança. A escassez de produto no 
mercado fez com que um trator fosse vendido por até 2 ou 3 vezes o seu preço. A demanda era tão grande 
que, segundo Kudrle (1970), mais de 20 pequenas empresas passaram a atuar na indústria norte americana 
de tratores nesse período. Porém estas empresas fecharam com a primeira retração do mercado, que 
ocorreu na década de 1950, devido ao fato destas terem dificuldades na execuçãode projetos mais 
sofisticados, elevados custos de produção e de distribuição. 
Após o forte crescimento do mercado no pós-guerra, o crescimento do mercado nos Estados 
Unidos, Japão e Europa, neste período, foi lento, porém constante, concentrado na reposição de 
equipamentos obsoletos e com o tempo de vida útil ultrapassados. Nestas circunstâncias, o tempo de vida 
dos maquinários agrícolas se torna fator fundamental para venda de novos produtos nestes países. A 
durabilidade dos maquinários agrícolas de grande porte era avaliada entre 10 e 15 anos, tornando a 
renovação, dos mesmos, lenta e “infrequente”. Estes fatores fizeram que a expansão das vendas não fosse 
favorável. Com a forte padronização dos produtos causou uma inércia tecnológica neste setor, fazendo 
com que os “players” baseiem seus produtos em concepções básicas. 
Os mercados tornam interdependentes e as empresas são obrigadas a levar em conta as estratégias dos 
concorrentes, mesmo em continente diferentes. Ao final da década de sessenta, três dos maiores fabricantes de tratores 
de rodas, Massey Fergusson, International Harvester e Ford, participavam, expressivamente em cerca de sete países. 
A participação conjunta dessas empresas, na ocasião, chegava a 60% na França, 62% na Itália, 72% nos Estados 
Unidos, 75% na Austrália e 80% na Inglaterra. Em 1960, na Inglaterra, os quatro maiores fabricantes (Massey, Ford, 
Harvester e Leyland) dominavam mais de 85% do mercado de tratores. Na Itália, Fiat Same, Landini e Ford 
respondiam por 77% da produção. Os menores índices de concentração surgiam na França e Alemanha, ambos em 
torno de 40 a 50%. Na América do Norte, nos anos 70, as vendas da Massey, Ford, Harvester e Deere representavam, 
em conjunto, mais de 70% de um total de 250 mil unidade/ano. Na Austrália, das quatro firmas presentes no mercado, 
só três respondiam por 70% das vendas. (...) em 1983, o valor das dez maiores fabricantes mundiais atingia 16,2 
bilhões de dólares no início da década de 1980, representando cerca de 73% de todo o mercado, excluindo-se os 
países da Europa Oriental. A produção conjunta da Massey, Ford, International e Deere alcançava, então, mais de 
45% do mercado. Kubota, Fiat, Case, Allis-Chalmers, Deutz e Renault, junto com os quatro maiores, traziam a 
concentração para mais 70% do total. Levando-se em conta a recente aquisição da Harvester pela Case, estima-se que 
o nível de concentração calculado pelas quatro maiores já se aproxime de metade do faturamento mundial da indústria 
(FONSECA, 1990, P. 90). 
Na década de 1980 houveram grades mudanças entre as principais empresas. As vendas de 
equipamentos atingiram a marca de US$ 22 bilhões, deste valor US$ 8 bilhões nos Estados Unidos. As 
empresas líderes em termos de vendas são: John Deere, International Harvester, Massey Ferguson, Fiat, 
Ford, New Holand, Tenneco-Case, Kubotta-Tekko a Allis Chalmers e a empresa alemã Klocker Hunbold 
Deutz. Justas totalizavam cerca de 70% das vendas no mundo. Em 1985 estes players mudaram no 
mercado, com a Ford absorvendo a New Holand e a Case incorpora a International Harvester. A 
participação da Case no mercado americano e canadense era em torno de 8% em 1980, passando para 
26% naqueles países e assumindo 14% da participação no resto do mundo. A integração Ford – New 
Holland teve como estratégia diversificação de mercados dos conglomerados Ford e Sperry New Rand, já 
que com a aquisição a empresa conseguiu completar sua linha de equipamentos (FONSECA, 1990). 
 A Deere norte americana sustentava a liderança em termos de valor de venda, com 20% de todo o 
mercado mundial, concentrando suas vendas no mercado norte americano. A Massey poderia ser 
classificada líder mundial em termos de unidades vendidas. A New Holland tinha liderança na vendas de 
colheitadeiras, disputando com a Massey-Ferguson e com a Claas, empresa alemã (FONSECA, 1990). 
A Fiat e Deere tinham como forte estratégia suas forças nos mercados nacionais. A Ford, 
Harvester e Massey desenvolveram estratégia de expansão global. Sendo que a Massey tinha a maior 
internacionalização, pois tinha planta em mais de vinte países, explorado mercados em países como 
Brasil, Argentina, Índia, África do Sul, entre outros. Esta estratégia da Massey tinha como foco o 
 
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fortalecimento de sua concorrência com as grandes empresas do período, Deere e Harvester, e, também, 
como resposta aos incentivos à instalação de indústrias promovida pelos governos daqueles países. Após 
aventurar-se nos mercados menos maduros daqueles países e enfrentar grande crise financeira no final da 
década de 1970, as expectativas de vendas da Massey não se concretizaram, fazendo com que a empresa 
mudasse sua estratégia, retirando-se de alguns países, preservando apenas seu acordo de fornecimento de 
tecnologias às antigas subsidiárias, garantindo sua participação no mercado mundial. 
 
3.1 - Importância da Economia de Escala para o Setor 
Fonseca (1990) aponta a importância das Economias de Escala até os anos de 1990, porem ressalta 
que a mesma poderia ser responsável por alto grau de concentração industrial. Estas economias 
manifestam tanto nas plantas industriais, como nas firmas. No último caso, diz respeito a aspectos 
indiretos ao processo de produção. International Harvester, Deere, Ford, Massey Ferguson, Case e 
White, são grandes organizações que possuem multiplantas e multiprodutos que se beneficiam tanto de 
economias de escala quanto ao nível de planta da firma. Servindo de parâmetro para avaliar o 
desempenho industrial (FONSECA, 1990). 
Economias de Escala podem ser atribuídas a três fatores: “custo de ampliação dos equipamentos e 
instalações incluindo indivisibilidades técnicas, custos decrescentes de operação devido à utilização mais 
‘eficiente’ da mão-de-obra, matérias-primas, insumos e energia e, finalmente, economias de grande 
reserva ou estoques” (FONSECA, 1990, P. 95). Sendo que economias de escala ao nível da firma incluem 
atividade de compras, distribuição, financiamento, atividade de P&D, entre outros. 
Kudrle (1975) apud Fonseca (1990) ao analisar o nível de preços sobre os custos, nota-se que há 
um aumento na margem de lucro, à medida que o tamanho dos tratores aumenta – este tamanho é 
avaliado pela capacidade de tração do trator em HP. Essa margem de lucro tende a ser ainda maior 
quando a escala de produção ao nível da planta aumenta, demonstrando que o preço por HP subia nos 
Estados Unidos, caia na Inglaterra, já os custos por HP caiam nos dois países. A queda sempre aparecia 
mais acentuadamente nos níveis de escala maiores, acima de 20 mil unidade/ano. 
 Após a II Guerra Mundial, a maior dimensão dos tratores e mudanças nos projetos passam a andar juntos. 
Amplia-se consideravelmente o sistema de montagem integral trator-implemento, o mesmo ocorrendo com 
subsistema e componentes, ensejando um processo contínuo de modificações nos projetos e adaptações nos produtos. 
Vários melhoramentos e inovações incorporados aos tratores e colheitadeiras, neste período, revelam esta tendência 
de aumento do tamanho. A adoção da tração nas quatro rodas é uma das inovações que se tornam quase obrigatórias 
em modelos maiores. Além da tração 4x4, o uso de motores turbinados – em geral, maiores do que os convencionais e 
de componentes mais complexos passa a acompanhar o aumento de tamanho do trator. (...) a inter-relação entre 
padrões técnicos existentes na agricultura, revelados através de práticas de cultivo (best-practices) e as trajetórias do 
progresso técnico na fabricação dos equipamentos (e insumos industrializados). Esta inter-relação é mediada pelos 
padrões de concorrência existente na indústria de equipamentos e, eventualmente, sancionada pelas políticas agrícolas 
que dão suporte financeiro às atividades agrícolas(FONSECA, 1990, P. 96). 
As características reforçam o aumento da escala das operações agrícolas, de certa forma, 
independente do aumento da área rural. Sendo que a tratorização por si só não conseguia proporcionar 
vantagens de escala, mas através da combinação com outros produtos os ganhos de escalas seriam 
possíveis. 
Economias de escala nas compras são basicamente descontos dos fornecedores às empresas de 
máquinas agrícolas. As indústrias de tratores e colheitadeiras dependem fortemente de compras de peças e 
sistemas oriundos de outras indústrias e setores. Fonseca (1990) analisou estudo realizado pela UNTC e 
apontou que um trator “standart” (padrão) produzido na década de 1980 era composto por duas mil 
partes, sendo que certa de mil e quatrocentas peças dos tratores “eram manufaturas por fornecedores que 
mantém alguma forma de integração com a indústria de tratores. As colheitadeiras (...) seu processo de 
fabricação não poderia ser totalmente automatizado, dificultando a obtenção de economias de 
massificação de produtos” (P. 98). 
 Como dito anteriormente, as economias de escala ocorrem também na distribuição dos produtos. 
Usando parâmetros de expansão de 20 para 90 mil unidades ano por estabelecimento os custos não 
operacionais, considerando custos de P&D, decaiam de 25% para 18%. Estimando, também, que para 
montar um sistema de distribuição eficiente fazia-se necessário investimento de cerca de US$ 300 
milhões (FONSECA, 1990, P. 103). 
 Outro estudo apontado por Schwartzman apud Fonseca (1990), demonstra o afirmado acima, os 
gastos com atividades administrativas, incluindo P&D, para as grandes empresas do período analisado 
 
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correspondiam em torno de 18% do custo total do produto (3% administração, 7% Redes de Revenda, 5% 
Financiamento Estoques e 3% P&D). Existe grande diferença no investimento em P&D entre as 
empresas, a Deere aplicava em torno de 5% de suas vendas, a Massey de 2 a 3%. 
 Outro fator importante a ser analisado é que economias de escala, no geral, são acompanhadas por 
economias de complementaridade, que podem ser obtidas através de um aumento mais que proporcional 
na produção de componentes e peças. A existência de economias de complementaridade está associada à 
semelhança entre elementos no processo de produção padrões. Alguns exemplos de economias de 
complementaridade para tratores são: em componentes produzidos, sistemas mecânicos e elétricos e 
motores (KUDRLE, 1970 apud FONSECA, 1990). 
Segundo Fonseca (1990) com o perigo eminente de perda de mercado por meio de deslocamento 
competitivo faz com que as empresas tenham postura mais “agressiva” em relação aos seus concorrentes. 
Em situações como essa faz com que a tecnologia seja uma forte arma para o progresso de novos 
produtos e no aumento da qualidade de produtos já existentes. Porém, quando a estrutura de concorrência 
encontra-se estável faz que estas empresas busquem melhorias técnicas buscando a redução dos seus 
custos de produção, associadas às econômicas de escala. 
 
3.2 - Estratégias de Especialização das Empresas e Diversificação dos Produtos (“full-lines” e “long-
line”) 
A combinação entre vantagens de especialização proporcionadas pela existência de economias de 
escala, com certo grau de diversificação em torno de linhas e capacitação tecnológica são armas 
concorrências para as empresas atuarem no mercado, já que, principalmente, as grandes empresas têm 
como estratégia a integração da indústria em torno de full-lines ou long-lines, que reflete uma coerência 
na estratégia da empresa. 
Dosi, Winter e Teece, XX apud Fonseca (1990) discorrem sobre as noções de “coerência” ou 
“especialização coerente”, permitindo a inclusão de várias linhas de produtos que tenham em comum 
vários procedimentos técnico-produtivos, conforme as características de seus ativos fixos, proporcionado, 
assim, as chamadas economias de escala ou economias de custo. Essa estratégia permite a exploração de 
práticas e rotinas comuns ao processo de montagem, de modo a permitir intercâmbio máximo de peças, 
motores e componentes. 
Fonseca (1990) dividiu os equipamentos utilizados na agricultura em quatro grupos: tratores, 
colheitadeiras, implementos e equipamentos associados ao trator (preparo do solo, tratos e plantio) e os 
implementos usados após a colheita, para a possível classificação das empresas conforme sua estratégia 
ou full-line, ou long-line, ou fornecedores especializados. 
Sendo assim, fabricantes que atuem sob base técnica semelhante, embora produzam para 
mercados diferentes e produzam pelo menos um dos grupos de equipamentos agrícolas com sues 
respectivos implementos e acessórios, podem ser classificas pela estratégia long-line. A autora aponta as 
empresas que adotaram essa estratégia, dentre estas estão as principais produtoras de carros no mundo, 
que também fabricavam tratores: Ford, Fiat (líder na produção de tratores na Europa), Volvo e Régie 
National des Usines Renault (francesa), que eram produtoras de carros e caminhões e também fabricavam 
tratores. A Sperry New Rand fazia parte da industria de equipamentos agrícolas por meio da New 
Holland. A Volvo tinha acordo com a Valmet, que desenvolveu nova geração de tratores, denominados 
Nórdicos. O conglomerado Tenneco atuava na indústria por meio da Case, que adquiriu a Harvester e 
David Brown. A Caterpillar também atuava no mercado, de forma marginal. 
O desenvolvimento tecnológico destes fabricantes de tratores estava diretamente atrelado ao 
mercado automobilístico (automóveis, caminhões e autopeças), ou mercado muito similar, caso da 
Caterpillar, permitindo que o aproveitamento máximo de economias de complementariedade e de escala. 
Já a estratégia full-line é adotada quando existem fortes convergências quanto aos métodos de 
fabricação e uso de insumos. Este tipo de estratégia ocorre quando a empresa fabrica pelo menos dois dos 
quatro grupos de equipamentos mencionados pela autora, o que na prática inclui fabricante de tratores e 
colheitadeiras, com seus acessórios, além de diversos implementos. Exemplo de conglomerados que 
utilizaram essa estratégia são: Deere, Chalmer, Harvester/Case, Massey (estas são as maiores empresas 
da época), assim como outras empresas menores: Kubotta e Deutz-Fahar. As vendas conjuntas destas 
empresas atingiram por volta de 54% do faturamento total da indústria em 1980. 
 
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Fonseca diz que este tipo de estratégia compromete as empresa se conglomerados, que já 
apresentam forte verticalização, pois quanto mais vertical a empresa for menor será o seu grau de 
liberdade para diversificar-se em direção a novas linhas de produtos. Porém, uma das principais 
vantagens da estratégia full-line é atenuação da sazonalidade da demanda por seus equipamentos (por 
exemplo, no Brasil a demanda por tratores é maior nos meses que antecedem o início das atividades de 
preparo do solo, de abril até setembro, já a demanda por colheitadeiras ocorre nos meses de novembro a 
fevereiro), otimizando a utilização de seus recursos, como mão-de-obra e uso de equipamentos de uma 
mesma planta. Outra vantagem em adotar essa estratégia é a operação com revendedores exclusivos, já 
que o revendedor deve ter a capacidade de fornecer toda linha integrada, comprometendo-se 
completamente com o sucesso ou fracasso daquela empresa. Além de uma ampla rede de distribuição e 
assistência técnica ligando agricultores, revendedoras e fabricantes, é da facilidade de transferência de 
informação dos agricultores para os fabricantes, permitindo que a indústria obtenha capacitação para 
enfrentar problemas manifestados lentamente, à medida que os equipamentos são usados. Quando a 
empresa temcapacidade de sistematizar este conhecimento, learning by using, incorporando-o às 
atividades de desenvolvimento de projetos e de produtos, incentivará seu potencial tecnológico 
proveniente do aprendizado pelo uso. 
 Fonseca ressalta que a força da full-line na América do Norte foi conseqüência da necessidade da 
indústria estabelecer contato direto com os dealers para efeito do financiamento do produto, viabilizando 
a aquisição de equipamentos pelos agricultores americanos e contornando o problema de baixo nível de 
renda dos mesmos. Além disso, grande parte do custo de distribuição naqueles países decorria do 
fornecimento de crédito para os distribuidores, permitindo-os manter estoques ao nível de atacado. 
 
4 - Atual Dinâmica da Indústria e dos Investimentos no Mundo e Brasil 
Como explanado nos capítulos anteriores, até a década de 1990 a indústria de máquinas agrícolas 
teve inovações incrementais, mantendo-se o padrão e desing até então desenvolvido. Sartti, Sabbatini e 
Vian (2009)7 apontam em seu trabalho (Projeto PIB – Perspectiva de Investimento no Brasil: Relatório 
Preliminar do Estudo no Setor) que o padrão de desenvolvimento do setor no período pode ser definido 
como um “somatório” de avanços condicionados pelas operações e pelas “adaptações” a outras condições 
de solo e clima e capacidade de adaptação de implementos melhores e mais pesados. Apenas nos anos 
1990 surgiram algumas novas tendências em termos de design dos tratores. 
Para Sarti, Sabbatini e Vian (2009) as tendências atuais de mercado são: maior potência e a 
automação das máquinas, permitindo melhor eficiência, maiores ganhos e redução de custos, com as 
empresas do setor, agora muito mais concentrada que nas décadas anteriores, buscando cada vez mais a 
diferenciação pela qualidade e por potência dos tratores e colheitadeiras. 
Sartti, Sabbatini e Vian (2009) apontam em seu trabalho que a “localização e a estrutura atual das 
indústrias de máquinas e implementos agrícolas foram condicionadas por um longo processo de evolução 
técnica e pela ocupação dos mercados domésticos dos respectivos países”, porém isso vem mudando e 
atualmente estas indústrias estão se instalando em outros países com grande potencial para o setor, como 
o Brasil, Índia e China, com perspectivas para abastecerem também os países vizinhos e a África (P. 5). 
Na Tabela 1, abaixo, segue a relação entre área agricultável e número de colhedoras para países 
selecionados. 
TABELA 1 Relação da área8 destinada à agricultura e número colheitadeiras utilizadas, para 
países selecionados entre 1990 e 2005 
País 1990 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 
Alemanha 80 89 89 89 90 89 89 89 89 89 90 90 
Itália 255 217 218 218 211 224 215 203 204 197 195 189 
França 155 170 173 176 182 190 215 215 215 224 234 245 
China 3393 1497 1191 1187 758 712 640 581 495 424 396 391 
Estados 
Unidos 283 270 270 270 373 372 374 375 436 439 433 433 
Argentina 561 544 544 544 570 576 578 580 583 584 590 590 
Canadá 295 338 345 345 443 470 502 538 553 569 585 603 
Rússia 361 443 474 518 554 604 634 676 724 787 867 958 
 
7
 Os resultados apresentados no Projeto PIB: Perspectiva do Investimento no Brasil – Relatório Preliminar do Estudo Setorial, tendo como autores Fernando 
Sartti; Rodrigo Sanattini; e Carlos Eduardo de Freitas Vian, não foram publicados até o momento. Portando, toda e qualquer mudança nos resultados citados 
nesta monografia, posteriormente à publicação da mesma, é de responsabilidade dos autores responsáveis por aquele projeto. 
8
 Refere-se a terras aráveis, inclusive cultivo permanente. 
 
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Brasil 1230 1284 1258 1232 1207 1207 1207 1231 1233 1233 1233 1233 
Índia 57437 47831 45900 43551 41393 40411 40418 40343 40398 39866 39458 38557 
 Fonte: Elaborada pelo autor a partir de dados básicos da FAOSTAT (2009). 
A Alemanha vem mantendo o seu nível de mecanização desde 1995. A Itália apresentou uma melhora, 
saindo de 255 ha/unidade, para 189 em 2005. O Brasil manteve-se estável durante este período. A 
Argentina também pode ser considerada integrante do rol de países com elevada taxa de mecanização da colheita, 
com 544 ha/máquina em 1997, mas com tendência à estabilização. O índice de 2005 para este país foi de 590 
hectares por colheitadeira. 
Países com dimensões continentais, como os Estados Unidos e o Canadá, possuem elevado índice de 
mecanização da colheita: a relação hectares colhidos para cada colheitadeira, em 1997, era de 270 ha e 345 ha, 
para os Estados Unidos e Canadá respectivamente. A Tabela 1 mostra que estes valores cresceram nos últimos 
anos, passando para 433 e 603 hectares por máquina. Para Sartti, Sabbatini e Vian (2009) este decrescimento 
nestes países reflete os ganhos de potência e a crescente automação das máquinas. Sendo esta uma tendência 
mundial para os próximos anos. Já países igualmente continentais, como a China, o Brasil e a Índia, apresentam 
taxas de mecanização da colheita menos intensivas, em 1997 estes números eram: 1.230 ha/colhedora no Brasil, 
1.187ha/ máquina na China, com substancial diminuição da área colhida por equipamento ao longo do período 
analisado. A tendência brasileira não se altera significativamente ao longo dos anos 2000, atingindo 1.233 
hectares por máquina em 2005. Isto demonstra que a demanda por máquinas não cresce por conta da maior 
produção agrícola apenas, outros fatores devem ser analisados, como a modernização da frota e a maior potência 
dos tratores vendidos atualmente. Analisando, ainda, os dados da tabela, é notável que a Índia tem potencial para 
o aumento do número de colhedoras, já que a relação área agricultável por unidade de colheitadeira era de 43 mil 
hectares, em 1997. A relação caiu para 38.557 em 2005. 
Gonçalves, 2000 apud Sartti, Sabbatini e Vian - 2009, diz que as discrepâncias entre os países têm de 
ser analisadas cuidadosamente, já que nos países tropicais as máquinas agrícolas podem ser utilizadas ao longo de 
todo o ano agrícola, permitindo maior racionalidade na ocupação da frota. No Brasil e países de clima semelhante, 
algumas culturas têm mais de uma safra ao ano, e as safras ocorrem em diferentes meses do ano para diferentes 
regiões. Essa situação possibilita o transporte das máquinas de uma região para outra, fazendo com que seu uso 
seja quase que contínuo ao longo do ano. Gonçalves exemplifica com a cotonicultura, pois a safra começa no sul 
e termina meses depois na região Centro-Oeste. Países de clima temperado há necessidade de um número maior 
de máquinas para a realização do cultivo, pois o período para o cultivo é menor, fazendo com que estes realizem 
as tarefas de cultivo no menor período de tempo possível, elevando o número da frota ociosa. 
 Vegro, 1997 apud Sartti, Sabbatini e Vian - 2009, analisa a mecanização do Brasil, que para ele 
traduz-se como tendência para o resto do mundo, analisado através do número de tratores. Na Tabela 2 
observa-se a queda neste índice de mecanização apresentado no período compreendido entre os anos de 
1960 até 1990. Houve também um aumento na área cultiva por trator, mas este índice para países 
desenvolvido teve tendência inversa. Sendo assim, Vegro (1997) conclui que há correlação entre o avanço 
da área plantada, preços de mercado e a demanda por máquinas, porém sem excluir a importância do 
crédito destinado ao produtor rural. 
Segundo Vegro (1997), o índice de mecanização mundial, medido em tratores, em 1990 foi de 
52,2 ha/trator, representando a metade do índice brasileiro em 1995. Os seguintes países apresentaram 
estes índices: Estados Unidos 38,7ha/trator; Canadá 61,4ha/trator; América do Sul, a média calculada 
para 1993, 72,7ha/ trator, portando o continente, na média, está atrás do Brasil.No Mercado Comum do 
Sul (MERCOSUL), a Argentina possuía 89,3ha/trator, também superando a média brasileira. Para Vegro 
(1997) o mercado de tratores e colheitadeiras é bastante sensível à evolução da agricultura, pois conforme 
há mudança na composição da pauta de produtos cultivados, abertura de novas fronteiras, necessidades de 
geração de saldos cambiais, políticas econômicas e agrícolas adotadas, processos inovativos, pressões 
ambientais e novas tendências de consumo, o mercado de tratores e máquinas agrícolas é, em geral, 
influenciado. 
Tabela 2 Área Cultivada, Frota de Tratores de Rodas e Índice de Mecanização da Agricultura no 
Brasil, 1960-2006 
Ano (1.000ha) área cultivada (unidade) Frota de tratores de 
rodas 
(ha/trator de rodas) índice de tratorização 
1960 25.673 62.684 410 
1965 31.637 76.691 413 
1970 34.912 97.160 359 
1975 41.811 273.852 153 
1980 47.641 480.340 99 
 
Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010, 
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 
1985 49.529 551.036 90 
1990 47.666 515.815 92 
1995 50.038 481.316 104 
2000 53.300 450.000 118 
2005 59.399 354.722 167 
2006 57.445 336.589 171 
 Fonte: Vegro (1997) e Sartti, Sabbatini e Vian (2009) 
 Sartti, Sabbatini e Vian (2009) analisam os dados da VDMA, associação alemã da indústria de 
máquinas agrícolas, e destacam que a produção mundial de máquinas e implementos agrícolas para esta 
empresa variou de 48 bilhões de Euros em 2005 para 57,1 bilhões de Euros em 2007. Vale a pena 
destacar a maior participação da Índia e China e o crescimento da Europa e Estados Unidos, o que é 
consistente com a maior demanda por máquinas para atender à maior área cultivada e pela modernização 
das frotas. Concluindo que entre 2005 e 2007 por volta de 43% da produção mundial de máquinas em 
2005 se concentrou na Europa Ocidental, a América do Norte ficou com 28%, a Ásia e Pacífico com 14% 
e a América Latina com 8%. Apontando também que a demanda de máquinas agrícolas no mundo mostra 
que algumas regiões têm um potencial de demanda menor que a produção, deixando evidente que a 
Europa Ocidental e a América do Norte têm uma grande inserção exportadora. 
Pela Tabela 3 é demonstrada a evolução da demanda de máquinas e equipamentos entre 2001 e 
2007. É notável a grande evolução da demanda asiática e do pacífico, o que pode ser explicado pelo 
avanço da modernização da agricultura na China, Índia, Camboja, Vietnã, entre outros. Observa-se que 
ocorreu um pico de demanda por máquinas na América do Norte em 2005, com queda no período 
seguinte. Os autores avaliaram que a variação poderia ser creditada às políticas de produção de 
bicombustíveis que incentivaram o aumento da produção de milho e ao processo de renovação da frota 
agrícola dos Estados Unidos, Canadá e México para atender à demanda das usinas de etanol. 
A demanda mundial de máquinas em 2007, segundo a Freedonia, foi da ordem de US$ 93,2 
bilhões. Nessa mesma tabela demonstra-se a distribuição percentual desta demanda. A Europa ocidental 
respondeu por 27% deste total, Ásia e Pacífico por 37 %, América do Norte 22% e demais regiões 14%. 
Esta consultoria estima que a demanda mundial em torno de 112 bilhões de dólares em 2012. Este 
crescimento da ordem de 3,2% ao ano será puxado pelo crescimento da mecanização em países 
emergentes como China e Índia, que tem baixos índices de mecanização como mostramos acima. Outra 
parcela será fruto da renovação da frota de países como Brasil, Argentina, Indonésia e Rússia, que ainda 
têm baixa mecanização se comparados com os países da Europa e Estados Unidos (SARTTI, 
SABBATINI e VIAN, 2009). 
Tabela 3 Demanda Mundial de Máquinas Agrícolas por Região – Anos Selecionados 
Região\Ano 2001 2005 2007 
Ásia/Pacífico 31% 34% 37% 
Europa Ocidental 31% 24% 27% 
América do Norte 26% 30% 22% 
Demais Regiões 12% 12% 14% 
 Fonte: Sartti, Sabbatini e Vian (2009) 
A Tabela 4 mostra a evolução das exportações e importações de implementos agrícolas, tratores, 
colheitadeiras e cultivadores motorizados entre 2000 e 2007, segundo dados da Comtrade. Pode-se 
perceber que o comércio mundial cresceu a taxas significativas neste período, em média 36 % ao ano. A 
maior parte deste comércio está concentrada no segmento de implementos agrícolas e peças, seguido de 
tratores e colheitadeiras e por fim dos cultivadores motorizados. 
Grandes partes destas transações se dão entre os países da Europa Ocidental e Estados Unidos, 
deixando claro que há um intenso comércio entre as filiais das empresas nestes países envolvendo peças e 
máquinas prontas. Os países da Ásia e das demais regiões tem participação relativa pequena neste 
comércio internacional, sendo mais importante a produção interna. 
 Tabela 4 Resumo das exportações e Importações de Máquinas e Implementos Agrícolas 
Exportações Importações 
 2000 2007 2000 2007 2000 2007 2000 2007 
 
Valor Comercializado (em 
milhões) 
Part. % Valor Comercializado (em 
milhões) 
Part. % 
Implementos 
Agrícolas e Peças 10.661,6 27.573,2 40.2 41.2 10.578,7 26.175,2 40.7 41.3 
Tratores 7.801,5 18.750,5 29.4 28.0 7.460,7 17.327,9 28.7 27.4 
Colheitadeiras 6.152,7 15.210,2 23.2 22.7 6.141,8 14.611 23.7 23.1 
 
Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010, 
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 
Cultivadores 
motorizados 1.878,5 5.459,3 7.1 8.1 1.782,5 5.197,9 6.9 8.2 
Total 26.493,4 66.993,3 100 100 25.963,7 63.312 100 100 
 Fonte: Sartti, Sabbatini e Vian (2009) 
Sartti, Sabbatini e Vian (2009) apontam que existem boas perspectivas para a demanda mundial 
por alimentos e que as regiões com potencial para a expansão da produção e da área são as dos países em 
desenvolvimento, especialmente a América Latina e África, como mostra a Tabela 5, usada para a 
elaboração de projeções pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA). 
Pode-se entender esta predominância do comércio de implementos e peças pela estratégia de 
produção das empresas, que centralizam em algumas fábricas a produção de determinados tipos de 
equipamentos e dos dedicados a certas culturas. A produção de peças segue a mesma lógica, sendo que há 
um grande fluxo entre as filiais das empresas no que tange a sensores, motores e equipamento eletrônico 
para máquinas usadas na agricultura de precisão. 
Tabela 5 – Área Agriculturável por Blocos de países 
Área Agriculturável (milhões de Hectares) 1997-99 2015 2030 
Mundo 1.608 ----- --------- 
Países em Desenvolvimento 956 1017 1076 
Países Industriais 387 ------ --------- 
Países em Transição 265 ------ --------- 
 Fonte: FAO 2006, citado por MAPA 2008 
Ao analisar o relatório da Freedonia, Sartti, Sabbatini e Vian (2009) ressaltam que os países 
desenvolvidos deverão manter sua tendência de crescimento por conta dos investimentos em 
biocombustíveis e da crescente tendência de uso de novas tecnologias, como a agricultura de precisão, 
como o uso de satélite para transmissão de dados para controle das atividades e, também, para atividades 
de adubação e pulverização, integração entre máquinas e implementos. Isto demanda a renovação da 
frota, pois estes equipamentos não podem ser adaptados às máquinas antigas. 
A indústria mundial de máquinas e equipamentos é um setor oligopolizado mundialmente. 
Podemos destacar três empresas como as mais importantes no mundo hoje: Case New Holland, Agco e 
John Deere. Elas atuam em todos os continentes através de fábricas próprias e, também, parcerias com 
empresas locais. 
Na Tabela 6 avalia-se a concentração a partir das três grandes empresas globais. A tabela trás a 
estimativa da Freedonia para o mercado global em 2002, 2005 e 2007 e calculando a participação 
aproximada com base no valor de vendas liquidas de cada empresa. Com a falta de dados para 
constituição da participação das empresas, neste presentetrabalho avaliou-se a participação no mercado 
para as maiores. Percebe-se uma relativa estabilidade na liderança da Deere neste período, sendo que 
CNH perdeu participação relativa e a AGCO cresceu por volta de 45,3%, refletindo a estratégia de fusões 
e aquisições. 
Tabela 6 - Estimativa de Market Share internacional em máquinas agrícolas automotrizes 
 2001 2005 2007 Crescimento 
Mercado Mundial 53,5 bilhões 70,2 bilhões 93,2 bilhões 57% 
Deere 11,6 bilhões 15,05 bilhões 13,0 bilhões 12,1% 
CNH 11,3 bilhões 11,17 bilhões 10,6 bilhões -6,6% 
Agco 4,75 bilhões 7,76 bilhões 6,9 bilhões 45,3% 
Kubota - - 4,3 bilhões - 
Claas - - 3,4 bilhões - 
Yanmar - - 3,0 bilhões - 
Outros - - 58,8 bilhões - 
 Fonte: Elaboração do autor a partir de dados das empresas e Sartti, Sabbatini e Vian (2009) 
As empresas que serão apresentas a seguir têm atuação local e regional: Claass da Alemanha, a 
Kubota e a Yanmar do Japão e a Mahindra da Índia. As seguintes empresas têm atuação de caráter local: 
Bobard da França, Carraro da Alemanha, Renault Agriculture, Argo da Itália, entre outras. O Quadro 4.1 
resume as empresas e seus locais de atuação. 
Fonseca (1990) aponta a Deere como a líder de mercado nos anos 1980 com cerca de 20% do 
mercado mundial, seguida pela Case/IH (15%), Massey (10%) e Ford (5%). Juntas estas empresas 
respondiam por cerca de 50% do market Share deste segmento. A John Deere consolidou a sua liderança, 
mantendo um market share da ordem de 13%, seguido pela Case com 10,6% e Agco com 6,9%. Estes 
 
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dados são diferentes da realidade nacional, onde estas empresas lideram com mais folga e onde a 
concentração é maior, visto que na há concorrentes nacionais de médio e pequeno porte em máquinas 
automotrizes. 
Em termos históricos, este setor passou por um importante processo de fusões e aquisições, 
destacando-se nos anos 1980 a aquisição da International Harvester pela Case e da New Holland pela 
Ford. Nos anos 1990 há a fusão destas duas empresas que formam a atual Case New Holland e que faz 
parte do Grupo Fiat após processo de integração com a Fiat Allis. 
O processo de fusões e aquisições foi importante para consolidar o setor, aproveitando sinergias 
entre as marcas e viabilizando a entrada em novos mercados sem a necessidade de construção de novas 
fábricas. Assim, não há elevação substancial da capacidade instalada, mas uma otimização. O segmento 
de implementos agrícolas mostrou-se de difícil caracterização internacional por ser composto por 
pequenas e médias empresas em cada país. No Brasil percebe-se que há uma tendência de avanço das 
empresas de tratores para este segmento, um processo de diversificação produtiva. Além disto, há também 
a tendência de consolidação de parcerias entre empresas de tratores e implementos. 
 
 
 
 
 
 
Quadro 1 – Caracterização da indústria mundial de Máquinas e Implementos Agrícolas 
Empresa Origem Área de Atuação Produtos Parcerias 
Deere & Co Americana Global – Fábricas em 15 
países 
Tratores, colheitadeiras e 
implementos 
Tianjin Tractor - 
Tiantuo (China) 
CNH (FIAT) Ítalo-Americana Global – Fábrica em 
todas as regiões 
Tratores, colheitadeiras e 
implementos. 
 
AGCO Americana Global – 140 países 
atendidos por 
revendedores 
Tratores e colheitadeiras GIMA – transmissões 
Kubota Japão, Regional- Ásia e 
América do Norte 
Tratores, colheitadeiras de 
pequeno porte 
Land Pride – 
Implementos 
Claas Alemanha Regional Tratores e colheitadeiras 
Yanmar Japão Regional – Japão, 
Estados Unidos e 
América Latina 
Tratores e cultivadores 
motorizados 
 
Same Deutz Farh Alemanha Regional – Europa Tratores e colheitadeiras 
Argo Itália Regional Tratores e colheitadeiras 
Mahindra Índia Regional – Índia e 
Estados Unidos 
 
Bucher Industries Alemanha Regional 
Kverneland Noruega Regional 
Bobard França Regional Pulverizadores motorizados 
Carraro Itália Regional Tratores Agco – Tratores para 
fruticultura e vinhedos 
Renault Agriculture França Regional Tratores 
Fóton China Regional Tratores e Colheitadeiras 
Eichner Índia Regional Tratores John Deere 
 Fonte: Elaboração do auto a partir de dados dos sites das empresas e Sartti, Sabbatini e Vian 
 (2009) 
Em termos históricos, este setor passou por um importante processo de fusões e aquisições, 
destacando-se nos anos 1980 a aquisição da International Harvester pela Case e da New Holland pela 
Ford. Nos anos 1990 há a fusão destas duas empresas que formam a atual Case New Holland e que faz 
parte do Grupo Fiat após processo de integração com a Fiat Allis. 
O processo de fusões e aquisições foi importante para consolidar o setor, aproveitando sinergias 
entre as marcas e viabilizando a entrada em novos mercados sem a necessidade de construção de novas 
fábricas. Assim, não há elevação substancial da capacidade instalada, mas uma otimização. O segmento 
de implementos agrícolas mostrou-se de difícil caracterização internacional por ser composto por 
pequenas e médias empresas em cada país. No Brasil percebe-se que há uma tendência de avanço das 
empresas de tratores para este segmento, um processo de diversificação produtiva. Além disto, há também 
a tendência de consolidação de parcerias entre empresas de tratores e implementos. 
 
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5 - Síntese da Evolução da indústria 
Conforme o discorrido até agora, o setor de máquinas e equipamentos agrícolas teve mudanças 
circunstâncias, que marcaram sua trajetória tecnologia e mudaram de vez a maneira dos produtores 
cultivarem commodities no mundo todo. A dependência destas máquinas e equipamentos é cada vez 
maior, já que o benefício principal da mecanização é o aumento da produtividade, esta por sua vez é 
determinante no mercado de commodities, o agricultor que não puder oferecer seus produtos de maneira 
tão competitiva quando os outros produtores sua saída do negócio é praticamente inevitável. 
Outro ponto importante é que as empresas e marcas que figuravam como as maiores empresas da 
área há um século atrás, continuam operando no mercado, às vezes com marcas diferentes ou como parte 
de outra empresa. Isso demonstra que a entrada e saída de empresas neste setor não são dinâmicas. 
Mantendo-se como oligopólios no mercado e sempre em busca de inovações e melhorias técnicas, pois 
esta é maneira como elas sempre competiram, diferenciando seus produtos dos outros competidores. 
No Quadro 3 são apresentadas de forma resumida as principais mudanças históricas no setor de 
máquinas e implementos agrícolas, divididos em três grandes fases: de 1892 a 1945, do surgimento das 
primeiras engenhocas destinadas ao cultivo agrícola até o término da Segunda Guerra Mundial; de 1946 a 
1990, período pós-guerra até inicio da grande abertura comercial; e 1991 a 2009, início das grandes 
conglomerações e maior concentração dos produtores de máquinas e equipamentos agrícolas. 
Sartti, Sabbatini e Vian (2009) analisam os principais fatores críticos de competitividade da cadeia 
de máquinas e implementos no mundo. Apontam a oligopólio mundial do seguimento passou por grandes 
modificações estruturais e competitivas nos últimos anos por conta de fusões e aquisições em âmbito 
internacional. Por sua vez, os dados de produção e demanda, mostram que há uma concentração da 
produção na Europa e Estados Unidos e da demanda nos países da Ásia/pacífico e América Latina. 
No Quadro 2 segue, cronologicamente, os principais marcos no desenvolvimento dos tratores 
desde sua criação, em 1898, até 1985. 
Quadro 2 Principais Marcos na Evolução dos Tratores, 1858 - 1985 
Data Modelo Principais Mudanças 
1858 Primeiro trator 
J. W. Fawkes puxouum arado de 8 discos utilizando um sistema com motor a vapor (41 
toneladas) 
1892 Froelich Primeiro trator movido à gasolina 
1913 Primeira Indústria de Tratores 
1917 Fordson Linha de produção - Primeiro trator montado em série 
1921 Lanz Bulldog Poderia ser operado tanto com gasolina quanto óleo vegetal 
Década de 1920 Modelo "D" Custo de produção menor que o modelo Fordson 
1925 Farmall 
Primeiro trator adaptável à uma série de operações agrícolas e mecanismo que facilitava a 
elevação dos implementos do nível do solo. 
1932 - Primeiro trator com pneus 
1938 95% das marcas Substituição de rodas de ferro pelas rodas pneumáticas de borrachas 
1939 Ferguson Introdução de levante hidráulico de três pontos 
1952 Ferguson Introdução de sistema de direção hidráulica 
1948 - 1968 Setor em geral Aumento da potência de 27 HP para 79 HP 
1970 - 1978 - Introdução de turbo-compressor e intercooler nos motores diesel 
1979 - 1985 - Tratores equipados com sensores e sistema de controle automático 
Fonte: Quadro elaborado pelo autor a partir de bibliografias consultadas neste trabalho e Silva (2005) 
Os dados da Tabela 7 mostram que há um esforço importante das empresas em direcionar 
investimentos para a área de pesquisa e desenvolvimento, em busca de inovações, procurando melhorar o 
desempenho das máquinas. Percebe-se uma grande preocupação da John Deere a qual investe cerca de 
800 milhões de dólares por ano em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. Analisando o número 
de patentes depositadas em números absolutos, percebe-se que empresas de menor porte, como CLAAS e 
Mahindra têm obtido sucesso em seus investimentos em P&D. 
Pelas características da agricultura as máquinas precisam ser adaptadas para as condições de cada 
região do mundo. Assim, embora a pesquisa e desenvolvimento de produto tendam a ser feitas nas sedes 
das empresas é crescente a atividade de engenharia para adaptação das máquinas às regiões em que serão 
realmente usadas, a descentralização dos projetos. Assim, a localização e a capacitação das subsidiárias 
são fatores de competitividade cada vez mais importantes para as empresas, que passaram a investir em 
 
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novas unidades nas regiões em que o avanço da agricultura é maior. Como exemplo, pode-se destacar a 
criação de fábricas da Deere no Brasil e na Ásia,a reativação da fábrica de Sorocaba da Case e os acordos 
de cooperação da Agco na Ásia (SARTTI, SABBATINI e VIAN, 2009). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quadro 3 - Síntese da evolução do setor desde sua formação 
 Períodos Analisados 
Tópicos 1892 – 1945 1946 – 1990 1991 – 2009 
Estrutura do 
Mercado 
 - Mercado concorrencial 
 - Muitas empresas pequenas competindo 
 - Não havia barreiras à entrada (processo 
de montagem descontínuo e inventores 
empreendedores que criavam e vendiam 
seus produtos) 
 - Empresas esparsas 
 - Consumidores locais 
 - Oligopólio Diferenciado 
 - Mercado cada vez mais globalizado 
 - Tendência à conglomeração das empresas 
 - Rearranjo no número de empresas atuantes no mercado 
 - Aparecimentos de Comitês e Associações encarregadas por 
sugerir especificações formais para o produto 
 - Oligopólio Diferenciado 
 - Forte conglomeração das 
empresas por meio de fusões e 
aquisições das grandes marcas 
por pequenas empresas 
 - Domínio de grandes empresas, 
detentoras das principais marcas, 
no mercado (Jonh Deere, CNH e 
AGCO) 
 - Crescimento do mercado de 
peças e equipamentos 
Estratégia das 
Empresas no 
Desenvolviment
o de Novos 
Produtos 
 - Inovações disrruptivas 
 - Learning by Doing 
 - Learning by Using 
 - Máquinas sem padrão 
 - Inovações não radicais 
 - Forte tendência a "estandartização" a partir dos anos de 1950 
 - Perda no dinamismo tecnológico 
 - Sistematização pelas empresas do Learning by Doing 
 - Sistematização pelas empresas do Learning by Using 
(experiência proveniente do uso do produto pelos produtores) 
 - Processo de padronização das máquinas agrícolas 
 - Foco na automação das 
máquinas e equipamentos 
agrícolas 
 - Maior potência dos tratores e 
colheitadeiras 
 - Equipamentos de alta 
tecnologia (máquinas controladas 
por GPS) 
 - Desenvolvimento de máquinas 
e equipamentos que atendem às 
especificidades de diferentes 
regiões 
Competição 
 - Inicialmente mercado regionalizado, 
restrito à área onde o construtores de 
máquinas atuavam 
 - Após o desenvolvimento do sistema de 
transporte, começou a expandir a 
comercialização dos produtos 
 - Comercialização focada no 
fornecimento de equipamentos que 
facilitasse a vida do produtor, diminuindo 
a necessidade de mão-de-obra, escassa a 
partir do êxodo rural e após as guerras 
 - As empresas direcionaram seu foco para a competição na vida 
útil dos equipamentos e no desempenho. 
 - Foco na distribuição geográfica dos produtos para atingir a 
liderança em vendas. 
 - Produtos padronizados 
 - Criação de Full-line para o agricultor ficar cada vez mais 
dependentes dos produtos e serviços das empresas 
- Desenvolvimento de máquinas e 
equipamentos que atendem 
especificidades regionais. 
- Criação de bancos pelas 
empresas para atender os 
agricultores. 
- Criação de novas linha de 
serviços. 
- Inserção no mercado de 
construção civil, mineração, entre 
outros. 
 
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Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 
Principais 
Criações de 
Produtos / 
Linhas de 
Produtos 
Comercializados 
 - Máquinas de descaroçar algodão 
 - Semeadeiras 
 - Utensílios agrícolas 
 - Arado de ferro forjado, adaptáveis ao 
solo de pradaria 
 - Ceifadeiras e Enfardadeiras para Feno 
movidas por meio de tração animal 
 - Tratores de sem padrão tecnológico e 
motor de baixa potência e difícil 
mobilidade (rodas de ferro) 
 - Colheitadeiras movidas à vapor 
 - Primeiro trator movido à gasolina 
 - Tratores com mais segurança para o operador e maior potência. 
 - Colhedeiras com maior produtividade e com sistema 
tecnológico mais complexo. 
 - Implementos Agrícolas (início do "full-line"). 
 - Tratores e Colheitadeiras 
munidas de alta tecnologia 
(sistemas cada vez mais 
complexos) 
 - Implementação de alta 
tecnologia nos equipamentos já 
existentes 
 - Sistemas de gestão de água 
monitorado via satélite 
Papel do Estado 
no 
Desenvolviment
o do Setor - 
Incentivos 
Governamentais 
 - Governo Norte Americano incentiva a 
inovação e Desenvolvimento no setor por 
meio de contratação de técnicos da área de 
mecânica para o Desenvolvimento dos 
equipamentos (George Washington 
contratou o técnico britânico Artthut 
Young para desenvolvimento de 
tecnologia nos Estados Unidos) 
 - Homestead Act, que transferia a terra do 
estado para os civis produtores rurais 
 - New Deal, nos Estados Unidos 
 - Países em desenvolvimento começam a apoiar a industrialização 
em seus países, atraindo e incentivando empresas de fora para o 
estabelecimento em seus territórios nacionais. 
 - Criação de linhas de créditos para agricultura e linhas de 
financiamentos de máquinas agrícolas em diversos países em 
desenvolvimento no mundo 
 - Fortalecimentos das linhas de 
créditos para agricultores 
 - Fortalecimentos das linhas de 
financiamentos para compra de 
máquinas e equipamentos 
agrícolas 
 - Maior abertura para o comércio 
internacional entre os países, 
facilitando a exportação de 
máquinas e equipamentos 
agrícolas 
Crescimento do 
Mercado 
 - Começou a crescer no território norte 
americano e Inglaterra, países que 
estavam apoiando a industrialização 
naquele período 
 - Expansão do mercado para as pradarias 
americanas 
 - Com o desenvolvimento de meios

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