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1 A Lei n° 13.467/2017 e MPV nº 808/2017 para servidores públicos da Justiça do Trabalho Bárbara Natália Lages Lobo 2018 2 3 Sumário ÍNDICE REMISSIVO .......................................................................................................... 5 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 7 2. ALTERAÇÕES DE DIREITO MATERIAL DO TRABALHO .................................. 9 2.1 Artigos 1° a 13 da CLT: Introdução ........................................................................... 10 2.2 Artigos 13 a 223-G da CLT: Das normas gerais de tutela do trabalho ................... 19 2.2.1 Art. 47 e art. 47-A: Dos livros de registro de empregados......................................... 20 2.2.2 Art. 58 a 71: Da jornada de trabalho ......................................................................... 20 2.2.3 Art. 75-A a 75-E: Teletrabalho .................................................................................. 30 2.2.4 Art. 134: Férias ........................................................................................................... 32 2.2.5 Art. 223-A a 223-F: Dano extrapatrimonial .............................................................. 33 2.3 Artigos 224 a 441 da CLT: Das normas especiais de tutela do trabalho ................. 38 2.3.1 Art. 394-A a 396: Da proteção à maternidade ........................................................... 39 2.4 Artigos 442 a 510 da CLT: Do contrato individual de trabalho .............................. 42 2.4.1 Art. 442 a 456-A: Disposições gerais ......................................................................... 42 2.4.2 Art. 457 a 466: Da remuneração ................................................................................ 53 2.4.3 Art. 468: Da alteração ................................................................................................ 59 2.4.4 Art. 477 a 486: Da Rescisão ....................................................................................... 62 2.4.5 Art. 505 a 510: Disposições especiais ........................................................................ 67 2.5 Artigos 510-A a 510-D da CLT: Da representação dos empregados ....................... 68 2.6 Artigos 511 a 620 da CLT: Direito Coletivo do Trabalho ........................................ 72 2.6.1 Art. 545: Da instituição sindical ................................................................................ 72 2.6.2 Art. 578 a 610: Da contribuição sindical ................................................................... 73 2.6.3 Art. 611 a 625: Convenções Coletivas de Trabalho................................................... 75 3. ALTERAÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO ........................... 81 3.1 Art. 643 a 734: Da Justiça do Trabalho ...................................................................... 82 3.2 Art. 763 a 910: Do processo judicial do trabalho....................................................... 85 3.2.1 Art. 763 a 837: Do processo em geral ........................................................................ 85 4 3.2.2 Art. 837 a 855: Dos dissídios individuais ................................................................... 99 3.3 Art. 896 a 899: Dos recursos ...................................................................................... 103 3.4 Art. 855-B a 855-E: Do processo de jurisdição voluntária para homologação de acordo extrajudicial .......................................................................................................... 109 3.5 Art. 855 a 892: Da Execução ................................................................................. 110 3.5.1 Art. 855-A: Do incidente de desconsideração da personalidade jurídica ............... 110 3.5.2 Art. 876 a 892: Da execução .................................................................................... 113 4. DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS ............................................................ 117 5. ALTERAÇÕES DE OUTRAS NORMAS PELA LEI 13.467/2017: ........................ 118 5.1 Lei 6.019/1974 ............................................................................................................. 118 5.2 Lei 8.036/1990 ............................................................................................................. 122 5.3 Lei nº 8.212/1991 ......................................................................................................... 125 6. ARTIGOS REVOGADOS ........................................................................................... 131 7. REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 134 5 ÍNDICE REMISSIVO A ACORDO COLETIVO DE TRABALHO ............. 80 acordo extrajudicial .......................................... 109 afastamento da empregada gestante do exercício de atividades insalubres ................................. 41 ajuda de custo ..................................................... 54 ajudas de custo.................................................... 55 alteração ............................................................. 59 arbitragem ........................................................... 67 auxílio-alimentação ............................................ 54 B base de incidência de encargo trabalhista ou previdenciário ................................................ 55 C características do contrato de trabalho intermitente ....................................................................... 44 Compensação de jornada .................................... 24 COMPOSIÇÃO DA COMISSÃO PARA REPRESENTAÇÃO DOS EMPREGADOS . 69 contrato individual de trabalho ........................... 42 contribuição sindical .......................................... 73 Convenções Coletivas de Trabalho .............. 75, 76 custas .................................................................. 87 D Dano extrapatrimonial ........................................ 33 diárias para viagem ............................................. 54 Direito Coletivo do Trabalho .............................. 72 Direito Processual do Trabalho .......................... 81 dissídios individuais ........................................... 99 E equiparação salarial ............................................ 60 escala de trabalho 12X36.................................... 25 exceção de incompetência territorial .................. 96 execução ........................................................... 113 extinção do contrato de trabalho por acordo entre empregado e empregador ............................... 66 F Férias .................................................................. 32 FLUXO PROCEDIMENTAL DA EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA TERRITORIAL ............ 96 fontes do direito do trabalho. .............................. 12 G gestante .............................................................. 39 gorjetas .............................................................. 56 grupo econômico ............................................... 10 H honorários de sucumbência................................ 91 honorários periciais............................................ 90 horas in itinere ................................................... 21 I incidente de desconsideração da personalidadejurídica ........................................................ 110 INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA ................. 112 J Jornada de trabalho .. 11, 20, 22, 25, 26, 28, 41, 75, 76, 77 Jornada em regime de tempo parcial ................. 22 jurisdição voluntária ........................................ 109 Justiça do Trabalho ............................................ 82 justiça gratuita ................................................... 88 L lactante ............................................................... 39 Lei 8.036/1990 ................................................. 122 Lei nº 6.019...................................................... 118 Lei nº 8.212/1991 ............................................ 125 litigância de má-fé ............................................. 94 Livros de registro de empregados ...................... 20 O ônus da prova ................................................... 98 P penalidades administrativas ............................... 81 Plano de Demissão Voluntária ou Incentivada .. 65 prazos processuais ............................................. 86 prêmios .............................................................. 54 Prescrição .......................................................... 15 prescrição intercorrente ..................................... 15 procedência parcial ............................................ 92 PROCESSO DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA PARA HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO EXTRAJUDICIAL ..................................... 110 6 processo judicial do trabalho .............................. 85 R Recurso de Revista ........................................... 106 recursos............................................................. 103 regime de tributação federal diferenciado .......... 56 remuneração ....................................................... 53 Representação dos empregados .......................... 68 REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL NAS AÇÕES TRABALHISTAS (ART. 818, §1º, DA CLT) ...................................................... 100 requisitos do contrato de trabalho intermitente .. 47 requisitos para a equiparação salarial ................. 60 requisitos para estabelecer ou alterar súmulas e outros enunciados de jurisprudência uniforme ....................................................................... 84 Rescisão .............................................................. 62 Responsabilidade por Dano Processual .............. 93 S sócio retirante ..................................................... 13 SUGESTÃO DE FLUXO PROCESSUAL PARA DECLARAÇÃO DA PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE DE VERBAS PREVIDENCIÁRIAS EM AÇÕES TRABALHISTAS ......................................... 18 SUGESTÃO DE FLUXO PROCESSUAL PARA DECLARAÇÃO DA PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE DE VERBAS TRABALHISTAS ......................................... 17 T Teletrabalho ....................................................... 28 tempo à disposição do empregador .................... 11 trabalhador autônomo ........................................ 42 Trabalho em regime de tempo parcial ............... 21 trabalho intermitente .......................................... 44 transcendência ................................................ 107 U ultratividade ....................................................... 80 7 1. INTRODUÇÃO A Lei nº 13.467, publicada no Diário Oficial da União no dia 14 de julho de 2017, conhecida como “Reforma Trabalhista”, alterou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1° de maio de 1943, e as Leis n° 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991. Em conformidade com o artigo 6º da Lei 13467/2017, a “Reforma Trabalhista” entrou em vigor no dia 11 de novembro de 2017. No dia 14 de novembro de 2017, foi adotada a Medida Provisória nº 808, que novamente alterou a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, regulamentando e alterando artigos já introduzidos pela Lei n° 13.467/2017. Considerando-se os impactos da nova legislação no dia a dia dos servidores públicos da Justiça do Trabalho, a Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, com o objetivo de atender diversas demandas para capacitação dos servidores no que tange à norma supracitada, a Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região apresenta o presente material, elaborado pela servidora da Seção de Formação de Magistrados e Jurídica de Servidores, Bárbara Natália Lages Lobo, como instrumento de estudo e consulta. Não se pretende com o presente material encerrar qualquer discussão acerca da reforma, tampouco refletir sobre a materialidade ou aspectos formais da norma, mas tão somente apresentar as alterações introduzidas pela lei (na ordem dos artigos modificados), bem como sugerir fluxos processuais de trabalho, de acordo com as mudanças de direito processual por ela realizadas, somadas às alterações do Código de Processo Civil (Lei n° 13.015/2015). Considerando-se a diversidade dos procedimentos adotados pelos magistrados, Varas do Trabalho e Gabinetes dos Desembargadores, os fluxos procedimentais presentes neste estudo são sugestivos. Nesse sentido, o presente estudo se pretende colaborativo, a partir de sugestões de todos os interessados, para melhor adequação do material à realidade vivenciada na Justiça do Trabalho. Sugestões de acréscimos e modificações poderão ser enviadas para a Escola Judicial no e-mail: formacao@trt3.jus.br. 8 9 2. ALTERAÇÕES DE DIREITO MATERIAL DO TRABALHO Inicialmente, é importante citar matéria de extrema relevância, mas que tem sido forte ponto de celeuma no que tange à interpretação da Lei nº 13.467/2017, pois, embora no artigo 6° da Lei disponha que ela entrará em vigor 120 dias após a sua publicação (Art. 6° - Esta Lei entra em vigor após decorridos cento e vinte dias de sua publicação oficial.), não dispôs sobre regras de direito intertemporal, ou seja, de que forma a norma afetará os contratos de trabalho em curso, bem como os processos em andamento, iniciados antes da vigência da norma. A MPV nº 808/2017 dispôs, no art. 2º, que a Lei nº 13.467/2017 aplica-se integralmente aos contratos de trabalho em vigor, in verbis: “Art. 2º. O disposto na Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, se aplica, na integralidade, aos contratos de trabalho vigentes”. Entretanto, a Medida Provisória permaneceu silente no que tange à aplicação das suas normas e daquelas constantes da Lei n° 13.467/2017 aos processos em andamento. Diante das várias possibilidades interpretativas, sugere-se acompanhar os entendimentos dos juízes, regionais e do Tribunal Superior do Trabalho nesse sentido, para melhor consecução do trabalho. Alguns entendimentos já adotados pelos Magistrados participantes da “2ª Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho” podem ser encontrados no seguinte link: http://www.jornadanacional.com.br/listagem-enunciados- aprovados-vis2.asp. Considerando-se, ainda, o tempo necessário para que a jurisprudência se adeque às inúmeras modificações propiciadas pela reforma, no presente estudo discorrer-se-á sobre as alterações e introduções legislativas como se todas já estivessem em plena vigência a partir do início do vigor da norma, limitando-se a comentários sobre alterações procedimentais e eventuais dúvidas que possam ocorrer quando da aplicação da norma. 10 2.1 Artigos 1° a 13 da CLT: Introdução Os artigos 1° a 13 estão inseridos noTítulo I da CLT, tratando-se de normas introdutórias e conceituais da aplicação da norma. Nesse sentido, a Lei n° 13.467/2017 a modifica na forma a seguir. “Art. 1º A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, passa a vigorar com as seguintes alterações:” CLT – Decreto-Lei n° 5.452/1943 “Reforma Trabalhista” – Lei 13.467/2017 Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. (...) § 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas. Art. 2° ................................................................ §2° - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego. §3° - Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. (NR) A Lei n° 13.467/2017 modificou o artigo 2°, §2°, da CLT, inscrevendo no referido dispositivo a possibilidade de reconhecimento de grupo econômico, ainda que as empresas não se relacionem de forma a existir a dominação de uma empresa ou grupo sobre as demais (relação empresarial horizontal). Entretanto, o §3°, introduzido pela norma em comento, dispõe requisitos para a configuração do grupo, quais sejam: a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes, não caracterizando o grupo econômico a mera identidade de sócios integrantes dos quadros sociais das empresas. A redação da norma não alterou o entendimento consolidado na Súmula n° 129 do TST, in verbis: Súmula nº 129 do TST - CONTRATO DE TRABALHO. GRUPO ECONÔMICO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, durante a mesma jornada de 11 trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário. Sobre o artigo em comento, enumera Manoel Antônio Teixeira Filho os requisitos para caracterização do grupo econômico segundo da Lei 13.467/2017: O fato de haver identidade de sócios em determinadas empresas não é suficiente para caracterizar a presença de grupo econômico (mesmo que sejam administradores ou detentores da maioria do capital social de uma ou de todas): para isso, é necessária a concorrência de três requisitos: a) a comprovação de interesse integrado; b) a efetiva comunhão de interesses; c) a atuação conjunta das empresas. Conjugando-se o disposto nos §§2° e 3°, do arg. 2º, da CLT, chegamos à conclusão de que, para a caracterização do grupo econômico, será necessária a presença dos seguintes requisitos cumulativos: a) estar, uma empresa, sujeita à direção, controle ou administração de outra; b) haver, entre essas empresas, interesse integrado, efetiva comunhão de interesses e atuação conjunta; c) em determinados casos, mesmo não havendo subordinação de uma empresa para as demais (letra “a”, retro), ou seja, em que as empresas mantêm, cada uma, a sua autonomia, pode haver configuração de grupo econômico, contanto que presente o interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta. (TEIXEIRA FILHO, 2017, p. 18). CLT – Decreto-Lei n° 5.452/1943 “Reforma Trabalhista” – Lei 13.467/2017 Art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada. Parágrafo único - Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço, para efeito de indenização e estabilidade, os períodos em que o empregado estiver afastado do trabalho prestando serviço militar ... (VETADO) ... e por motivo de acidente do trabalho. (Incluído pela Lei nº 4.072, de 16.6.1962) Art. 4° ................................................................ § 1° - Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço, para efeito de indenização e estabilidade, os períodos em que o empregado estiver afastado do trabalho prestando serviço militar e por motivo de acidente do trabalho. §2º - Por não se considerar tempo à disposição do empregador, não será computado como período extraordinário o que exceder a jornada normal, ainda que ultrapasse o limite de cinco minutos previsto no § 1° do art. 58 desta Consolidação, quando o empregado, por escolha própria, buscar proteção pessoal, em caso de insegurança nas vias públicas ou más condições climáticas, bem como adentrar ou permanecer nas dependências da empresa para exercer atividades particulares, entre outras: I - práticas religiosas; II - descanso; III - lazer; IV - estudo; V - alimentação; VI - atividades de relacionamento social; VII - higiene pessoal; VIII - troca de roupa ou uniforme, quando não houver obrigatoriedade de realizar a troca na empresa. (NR) 12 O artigo 4° da CLT sofreu alteração no parágrafo único, transformado em parágrafo primeiro, devido à inclusão do parágrafo segundo no artigo, contudo sem alteração substancial do conteúdo do §1°, tratando-se somente da retirada do veto existente na norma anterior. No §2°, a norma dispõe sobre os períodos de tempo em que o empregado permanece na sede do empregador, contudo não considerados à sua disposição, não incidindo o pagamento de horas extras, ainda que ultrapassado o tempo previsto no artigo 58, §1°, da CLT. Observe-se que a utilização da expressão "entre outras" no §2º deixa em aberto outras possibilidades em que o empregado, "por escolha própria, buscar proteção pessoal, em caso de insegurança nas vias públicas ou más condições climáticas, bem como adentrar ou permanecer nas dependências da empresa para exercer atividades particulares". Com a modificação, tem-se a incompatibilidade entre o texto legal e o disposto na Súmula n° 366 do TST.1 CLT – Decreto-Lei n° 5.452/1943 “Reforma Trabalhista” – Lei 13.467/2017 Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. Parágrafo único - O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste. Art. 8° ................................................................. §1° - O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho. §2° - Súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelos TribunaisRegionais do Trabalho não poderão restringir direitos legalmente previstos nem criar obrigações que não estejam previstas em lei. §3° - No exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho analisará exclusivamente a conformidade dos elementos essenciais do negócio jurídico, respeitado o disposto no art. 104 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e balizará sua atuação pelo princípio da intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva. (NR) 1 Súmula nº 366 do TST - CARTÃO DE PONTO. REGISTRO. HORAS EXTRAS. MINUTOS QUE ANTECEDEM E SUCEDEM A JORNADA DE TRABALHO (nova redação) - Res. 197/2015 - DEJT divulgado em 14, 15 e 18.05.2015. Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário do registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários. Se ultrapassado esse limite, será considerada como extra a totalidade do tempo que exceder a jornada normal, pois configurado tempo à disposição do empregador, não importando as atividades desenvolvidas pelo empregado ao longo do tempo residual (troca de uniforme, lanche, higiene pessoal etc.). 13 Ao artigo 8° da CLT foi acrescido o parágrafo 2°, que limita a atuação do Tribunal Superior do Trabalho e Tribunais Regionais do Trabalho para a edição de súmulas e outros enunciados de jurisprudência, os quais não podem restringir direitos legalmente previstos, tampouco criar obrigações não dispostas em lei. O parágrafo 3°, também introduzido na CLT pela Lei 13.467/2017, limita a análise da Justiça do Trabalho, no exame de CCT ou ACT, aos elementos dispostos no artigo 104 do Código Civil, de 2002, o qual dispõe: “Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei”. Sendo assim, segundo a norma modificada, a análise das CCT’s e ACT’s limitam-se aos elementos de validade do negócio jurídico. Art. 10-A. O sócio retirante responde subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas da sociedade relativas ao período em que figurou como sócio, somente em ações ajuizadas até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, observada a seguinte ordem de preferência: I - a empresa devedora; II - os sócios atuais; e III - os sócios retirantes. Parágrafo único. O sócio retirante responderá solidariamente com os demais quando ficar comprovada fraude na alteração societária decorrente da modificação do contrato. O artigo 10-A introduzido na CLT pela Lei 13.467/2017 limita a responsabilidade do(s) sócio(s) retirantes da(s) empresa(s) reclamada(s). Os sócios retirantes possuem responsabilidade subsidiária pelas obrigações trabalhistas da sociedade relativas ao período em que figurou como sócio. A norma também estabelece marco prescricional nas ações ajuizadas de até dois anos2, depois de averbada a modificação do contrato, desde que observada a seguinte ordem de preferência: 2 Referência: Código Civil – Art. 1003. Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, responde o cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros pelas obrigações que tinha como sócio. Art. 1032 (Código Civil/2002) A retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou a seus herdeiros, da responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos após averbada a resolução da sociedade; nem nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em igual prazo, enquanto não se requerer a averbação. 14 Caso seja comprovada fraude na modificação do contrato social que modificou a alteração societária, o sócio retirante responderá solidariamente com os demais. CLT – Decreto-Lei n° 5.452/1943 “Reforma Trabalhista” – Lei 13.467/2017 Art. 11 - O direito de ação quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve: (Redação dada pela Lei nº 9.658/98) I - em cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite de dois anos após a extinção do contrato; (Incluído pela Lei nº 9.658/98) (Vide Emenda Constitucional nº 28 de 25.5.2000) Il - em dois anos, após a extinção do contrato de trabalho, para o trabalhador rural. (Incluído pela Lei nº 9.658/98) (Vide EC nº 28/2000) §1º O disposto neste artigo não se aplica às ações que tenham por objeto anotações para fins de prova junto à Previdência Social. (Incluído pela Lei nº 9.658/1998) Art. 11. A pretensão quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve em cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho. I - (revogado); II - (revogado). ................................................................................. §2° - Tratando-se de pretensão que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente de alteração ou descumprimento do pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito à parcela esteja também assegurado por preceito de lei. § 3° - A interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo ajuizamento de reclamação trabalhista, mesmo que em juízo incompetente, ainda que venha a ser extinta sem resolução do mérito, produzindo efeitos apenas em relação aos pedidos idênticos. (NR) O artigo 11 da CLT foi modificado pela Lei 13.467/2017, para se adequar ao disposto no artigo 7°, XXIX, da Constituição da República/1988, que dispõe: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; A Súmula nº 294 do TST foi integralmente incorporada pelo §2º do art. 11: EMPRESA SÓCIOS ATUAIS SÓCIOS RETIRANTES 15 Súmula nº 294 do TST - PRESCRIÇÃO. ALTERAÇÃO CONTRATUAL. TRABALHADOR URBANO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Tratando-se de ação que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente de alteração do pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito à parcela esteja também assegurado por preceito de lei. O parágrafo 3°, também introduzido pela norma, dispõe que somente o ajuizamento de reclamação trabalhista, ainda que em juízo incompetente e venha a ser extinta sem resolução do mérito, interrompe a prescrição no Direito Processual Trabalhista, sendo que essa suspensão somente alcança os pedidos idênticos. Nesse sentido, a norma em comento guarda consonância com o teor da Súmula 268 do TST3. Art. 11-A. Ocorre a prescrição intercorrente no processo do trabalho no prazo de dois anos. § 1º - A fluência do prazo prescricional intercorrente inicia-se quando o exequente deixa de cumprir determinação judicial no curso da execução. § 2º - A declaração da prescrição intercorrente pode ser requerida ou declarada de ofício em qualquer grau de jurisdição. O artigo 11-A introduz na CLT a prescrição intercorrente no processo do trabalho, no prazo de dois anos, por inércia do exequente. Prescrição intercorrente é aquela que ocorre após o ajuizamento da ação, no curso desta4. A prescrição intercorrente extingue a execução (art. 924, V, CPC/2015)5. 3 Súmula nº 268 do TST - PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO. AÇÃO TRABALHISTA ARQUIVADA(nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a prescrição somente em relação aos pedidos idênticos. 4 “Prescrição intercorrente é a que se forma após o ajuizamento da ação (trabalhista, no caso). O adjetivo intercorrente significa aquilo que sobrevém no curso de algum acontecimento”. (TEIXEIRA FILHO, 2017, p. 37). “Chama-se intercorrente a prescrição que se dá no curso do processo, após a propositura da ação, mais especificamente depois do trânsito em julgado, pois, na fase de conhecimento, se o autor não promover os atos do processo o juiz o extinguirá sem resolução do mérito, valendo-se do disposto no art. 485 do CPC”. (SCHIAVI, 2017, p.74). 5 Nesse sentido, Francisco Meton Marques de Lima e Francisco Péricles Rodrigues Marques de Lima: “Prescrição intercorrente consiste na extinção do direito de ação para haver crédito consolidado e já em execução. Como a prescrição se consuma diante de dois eventos, decurso do tempo + inércia do credor, a intercorrente só se consumará quando a execução ficar parada, sem movimentação, por mais de dois anos e poderá ser declarada a requerimento ou de ofício pelo juiz. Então, o processo será extinto, com resolução do mérito. Logicamente, se não tiver ocorrido fato impeditivo (credor incapaz, p. ex), suspensivo (provocação de órgão extrajudicial de conciliação, mediação e/ou arbitragem) ou interruptivo (ajuizamento de ação judicial). (LIMA, Lima, 2017, p. 28). (...). Essa lei franqueia ao juiz decretar de ofício a prescrição intercorrente de tributo, quando verificar haver decorrido o prazo prescricional a partir da decisão que determinou o 16 A extinção da execução deve ser declarada por sentença, conforme disposto no artigo 925 CPC/2015. O §1° do art. 11-A da CLT dispõe sobre o marco inicial do prazo prescricional intercorrente, qual seja, a inércia do exequente quanto ao cumprimento de determinação judicial no curso da execução. Sendo assim, a prescrição intercorrente somente poderá ser declarada em execução, em qualquer grau de jurisdição, conforme §2° do art. 11-A da CLT, seja por requerimento da parte ou de ofício pelo magistrado. Com a modificação, tem-se a incompatibilidade entre o texto legal e o disposto na Súmula n° 114 do TST, com o seguinte teor: “PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. É inaplicável na Justiça do Trabalho a prescrição intercorrente”. Devem ser observadas as diretrizes do TST e TRT's para aplicação da prescrição intercorrente ao processo do trabalho, considerando-se que a Justiça do Trabalho executa contribuições previdenciárias (verba de natureza tributária, cuja execução é regulada pela Lei 6.830/1980). Também deverão ser observadas as diretrizes dos tribunais supramencionados acerca da aplicabilidade, ou não, do procedimento disposto no artigo 921, §§ 4° e 5°, do Código de Processo Civil/20156. arquivamento dos autos. Este arquivamento dá-se depois de decorrida a suspensão da execução pelo prazo máximo de um ano sem que seja localizado o devedor ou encontrados bens penhoráveis. Então, primeiro se suspende a execução por um ano. Não sendo encontrado o devedor ou bens penhoráveis, inicia-se a contagem do prazo para a prescrição intercorrente, a qual se consumará em cinco anos se nenhuma providência o credor adotar. Logicamente, há que se aplicar esse mesmo rito à prescrição intercorrente trabalhista, com exceção do prazo, que é de dois anos”. (LIMA, LIMA, 2017, p. 28). 6 Saliente-se que o Tribunal Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, aprovou a Resolução Nº 203, de 15 de março de 2016, que editou a Instrução Normativa n° 39, a qual dispõe sobre as normas do Código de Processo Civil de 2015 aplicáveis e inaplicáveis ao Processo do Trabalho, de forma não exaustiva. Segundo o art. 2°, VIII, da referida resolução, os art. 921, §§ 4º e 5º, e 924, V (prescrição intercorrente), do CPC não seriam aplicáveis ao Processo do Trabalho, por incompatibilidade. Portanto, será necessário observar se os ministros do TST entenderão que o artigo 11-A da CLT, introduzido pela Lei 13.467/2017, regula suficientemente a 17 Deve-se observar, entretanto, que o prazo prescricional disposto no CPC é de um ano, e o disposto na CLT é de dois anos. Caso entenda-se aplicável o procedimento disposto no art. 921, §§4º e 5°, do CPC/2015, será necessária a oitiva das partes, no prazo de 15 dias, para, somente após o decurso do prazo, haver o reconhecimento da prescrição intercorrente. 💡 Se o valor exequendo contemplar somente verbas trabalhistas, considerar-se-á como marco inicial prescricional a inércia do exequente ao cumprimento de determinação judicial (portanto, a data do decurso do prazo do exequente para adoção da providência determinada). Por exemplo: O juiz profere despacho intimando o reclamante para, no prazo de 10 dias, indicar meios efetivos para prosseguimento da execução em desfavor da reclamada. Há o decurso do prazo sem manifestação do reclamante. A data do decurso do prazo é a data inicial para fluência do prazo prescricional. SUGESTÃO DE FLUXO PROCESSUAL PARA DECLARAÇÃO DA PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE DE VERBAS TRABALHISTAS prescrição intercorrente no processo do trabalho ou se serão aplicáveis as normas constantes do CPC sobre a matéria, naquilo que não for incompatível com a disposição normativa. Despacho judicial intimando o exequente a adotar medida para prosseguimento da execução Inércia da parte. Certidão de decurso do prazo processual. Declaração da prescrição intercorrente por sentença. 18 💡 Se a execução versar somente sobre contribuições previdenciárias, é aplicável o artigo 40 da Lei 6.830/1980, por se tratar de débito tributário, in verbis: Art. 40 - O Juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não for localizado o devedor ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora, e, nesses casos, não correrá o prazo de prescrição. § 1º - Suspenso o curso da execução, será aberta vista dos autos ao representante judicial da Fazenda Pública. § 2º - Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano, sem que seja localizado o devedor ou encontrados bens penhoráveis, o Juiz ordenará o arquivamento dos autos. § 3º - Encontrados que sejam, a qualquer tempo, o devedor ou os bens, serão desarquivados os autos para prosseguimento da execução. § 4° - Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 5º - A manifestação prévia da Fazenda Pública prevista no § 4o deste artigo será dispensada no caso de cobranças judiciais cujo valor seja inferior ao mínimo fixado por ato do Ministro de Estado da Fazenda. (Incluído pela Lei nº 11.960, de 2009) Caso haja verba previdenciária no valor exequendo, o juiz suspenderá o curso da execução por até um ano e abrirá, caso necessário (§5º), vista dos autos ao representante judicial da Fazenda Pública (prazo a ser determinado pelo próprio juiz no despacho). Decorrido o prazo da suspensão, sem que sejam encontrados bens, o juiz ordenará o arquivamento dos autos. Após o decurso do prazo prescricional de 05 anos, na forma do art. 174 do Código Tributário Nacional7, o juiz intimará a União para se manifestar, podendo, em seguida, reconhecer a prescrição intercorrente, de ofício, e declará-la. SUGESTÃO DE FLUXO PROCESSUAL PARA DECLARAÇÃODA PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE DE VERBAS PREVIDENCIÁRIAS EM AÇÕES TRABALHISTAS 7 Código Tributário Nacional - Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva. 19 💡 Se a execução versar sobre verbas trabalhistas e previdenciárias, os procedimentos deverão ser observados, de acordo com a natureza do valor exequendo, ou seja, quanto às verbas trabalhistas serão observados o prazo e procedimento disposto no art. 11-A; quanto às verbas previdenciárias serão observados o prazo e procedimento disposto no art. 40 da Lei 6.830/1980. 💡 Acerca da prescrição intercorrente, sugere Mauro Schiavi (2017, p. 77): Mesmo que a prescrição intercorrente possa ser reconhecida de ofício, considerando-se as principiologias e singularidades do processo do trabalho, e também os direitos fundamentais de acesso à justiça, à tutela executiva (art. 5º, XXXV, da CF) e cooperação processual (art. 6º do CPC), pensamos cumprir ao magistrado, antes de reconhecer a prescrição intimar o exequente, por seu advogado e, sucessivamente, pessoalmente, para que pratique o ato processual adequado ao prosseguimento da execução, sob consequência de se iniciar o prazo prescricional. 2.2 Artigos 13 a 223-G da CLT: Das normas gerais de tutela do trabalho Despacho judicial suspende o curso da execução e concede vista dos autos à exequente (UNIÃO) Inércia da parte. Certidão de decurso do prazo processual. Aguardar por um ano o período de suspensão da execução. Decorrido um ano da suspensão, ARQUIVAR o feito. Decorrido o prazo de 05 anos da certidão de arquivamento, conclusos os autos para proferimento da decisão declaratória da prescrição intercorrente. Declaração da prescrição intercorrente por sentença. 20 2.2.1 Art. 47 e art. 47-A: Dos livros de registro de empregados CLT – Decreto-Lei n° 5.452/1943 “Reforma Trabalhista” – Lei 13.467/2017 Art. 47 - A empresa que mantiver empregado não registrado nos termos do art. 41 e seu parágrafo único, incorrerá na multa de valor igual a 1 (um) salário-mínimo regional, por empregado não registrado, acrescido de igual valor em cada reincidência. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) Parágrafo único. As demais infrações referentes ao registro de empregados sujeitarão a empresa à multa de valor igual à metade do salário-mínimo regional, dobrada na reincidência. (Parágrafo incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) Art. 47. O empregador que mantiver empregado não registrado nos termos do art. 41 desta Consolidação ficará sujeito a multa no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) por empregado não registrado, acrescido de igual valor em cada reincidência. § 1° - Especificamente quanto à infração a que se refere o caput deste artigo, o valor final da multa aplicada será de R$ 800,00 (oitocentos reais) por empregado não registrado, quando se tratar de microempresa ou empresa de pequeno porte. § 2° - A infração de que trata o caput deste artigo constitui exceção ao critério da dupla visita. (NR) Sem correspondente anterior na CLT. Art. 47-A. Na hipótese de não serem informados os dados a que se refere o parágrafo único do art. 41 desta Consolidação, o empregador ficará sujeito à multa de R$ 600,00 (seiscentos reais) por empregado prejudicado. Considerando-se a competência atribuída ao Ministério do Trabalho para aplicação das multas previstas nos artigos 47 e 47-A, por ora, chama-se somente a atenção sobre a possibilidade de ação judicial na Justiça do Trabalho, tendo em vista a competência disposta no art. 114, VII da Constituição da República: Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho. 2.2.2 Art. 58 a 71: Da jornada de trabalho CLT – Decreto-Lei n° 5.452/1943 “Reforma Trabalhista” – Lei 13.467/2017 Art. 58 - A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite. §1° - Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário no registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários. (Parágrafo incluído pela Lei nº 10.243/2001) §2° - O tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte, não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução. (Parágrafo incluído pela Lei nº 10.243/2001) Art. 58. ................................................................ § 2° - O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador. § 3° (Revogado). (NR) 21 §3° - Poderão ser fixados, para as microempresas e empresas de pequeno porte, por meio de acordo ou convenção coletiva, em caso de transporte fornecido pelo empregador, em local de difícil acesso ou não servido por transporte público, o tempo médio despendido pelo empregado, bem como a forma e a natureza da remuneração. (Incluído pela LC nº 123/2006) A Lei 13.467/2017 revoga as normas celetistas que dispunham sobre as horas in itinere (considerado como tempo à disposição do empregador o tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para seu retorno, em transporte fornecido pelo empregador, quando em local de difícil acesso, não servido por transporte público). Assim, conforme disposto no §2° do art. 58, o tempo despendido pelo trabalhador para ida e volta ao trabalho, independentemente do meio de transporte escolhido e, ainda que este seja fornecido pelo empregador, não será mais considerado como tempo à disposição do empregador. Considerando-se a extinção do dever de pagamento de horas in itinere, as súmulas n° 908 e 3209 do TST deixarão de ser aplicadas. CLT – Decreto-Lei n° 5.452/1943 “Reforma Trabalhista” – Lei 13.467/2017 Art. 58-A. Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a vinte e cinco horas semanais. (Incluído pela MP nº 2.164-41/2001) § 1° - O salário a ser pago aos empregados sob o regime de tempo parcial será proporcional à sua jornada, em relação aos empregados que cumprem, nas mesmas funções, tempo integral. (Incluído pela MP nº 2.164-41/ 2001). Art. 58-A. Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a trinta horas semanais, sem a possibilidade de horas suplementares semanais, ou, ainda, aquele cuja duração não exceda a vinte e seis horas semanais, com a possibilidade de acréscimo de até seis horas suplementares semanais. ....................................................................... .......... 8 Súmula nº 90 do TST - HORAS "IN ITINERE". TEMPO DE SERVIÇO (incorporadas as Súmulas nº 324 e 325 e as Orientações Jurisprudenciais nºs 50 e 236 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - O tempo despendido pelo empregado, emcondução fornecida pelo empregador, até o local de trabalho de difícil acesso, ou não servido por transporte público regular, e para o seu retorno é computável na jornada de trabalho. (ex-Súmula nº 90 - RA 80/1978, DJ 10.11.1978) II - A incompatibilidade entre os horários de início e término da jornada do empregado e os do transporte público regular é circunstância que também gera o direito às horas "in itinere". (ex-OJ nº 50 da SBDI-1 - inserida em 01.02.1995) III - A mera insuficiência de transporte público não enseja o pagamento de horas "in itinere". (ex-Súmula nº 324 – Res. 16/1993, DJ 21.12.1993) IV - Se houver transporte público regular em parte do trajeto percorrido em condução da empresa, as horas "in itinere" remuneradas limitam-se ao trecho não alcançado pelo transporte público. (ex-Súmula nº 325 – Res. 17/1993, DJ 21.12.1993) V - Considerando que as horas "in itinere" são computáveis na jornada de trabalho, o tempo que extrapola a jornada legal é considerado como extraordinário e sobre ele deve incidir o adicional respectivo. (ex-OJ nº 236 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001). 9 Súmula nº 320 do TST - HORAS "IN ITINERE". OBRIGATORIEDADE DE CÔMPUTO NA JORNADA DE TRABALHO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. O fato de o empregador cobrar, parcialmente ou não, importância pelo transporte fornecido, para local de difícil acesso ou não servido por transporte regular, não afasta o direito à percepção das horas "in itinere". 22 § 2° - Para os atuais empregados, a adoção do regime de tempo parcial será feita mediante opção manifestada perante a empresa, na forma prevista em instrumento decorrente de negociação coletiva. (Incluído pela MP nº 2.164-41/2001). §3° - As horas suplementares à duração do trabalho semanal normal serão pagas com o acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o salário-hora normal. §4° - Na hipótese de o contrato de trabalho em regime de tempo parcial ser estabelecido em número inferior a vinte e seis horas semanais, as horas suplementares a este quantitativo serão consideradas horas extras para fins do pagamento estipulado no § 3º, estando também limitadas a seis horas suplementares semanais. §5º - As horas suplementares da jornada de trabalho normal poderão ser compensadas diretamente até a semana imediatamente posterior à da sua execução, devendo ser feita a sua quitação na folha de pagamento do mês subsequente, caso não sejam compensadas. §6° - É facultado ao empregado contratado sob regime de tempo parcial converter um terço do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário. §7° - As férias do regime de tempo parcial são regidas pelo disposto no art. 130 desta Consolidação. (NR) A partir da vigência da reforma trabalhista, os contratos em regime de tempo parcial poderão ter duração de até 30 horas semanais, sem a possibilidade de prestação de horas extras, ou até 26 horas semanais, com a possibilidade de acréscimo de até 6 horas extras semanais, por modificação do caput do artigo 58-A da CLT e inclusão do parágrafo 5° ao referido artigo. A possibilidade de elastecimento da jornada de trabalho em regime de tempo parcial pode ser resumida na forma do seguinte quadro: Jornada em regime de tempo parcial Limite da jornada semanal Prestação de horas extras Acima de 26 horas até 30 horas Não há possibilidade Até 26 horas Até 6 horas extras semanais É importante observar que, na forma disposta no artigo 7º, XIII, da Constituição da República10, e em virtude do disposto no §2º do art. 58-A, a jornada de trabalho em regime 10 Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. 23 de tempo parcial deverá ser prevista em norma coletiva (ACT ou CCT) (OLIVEIRA, 2017, p. 22). Como será visto no art. 59 da CLT, a Lei 13.467/2017 revogou o §4° do artigo 59, que vedava a prestação de horas extras em contratos de trabalho em regime de tempo parcial. A referida norma acrescentou ao artigo 58-A da CLT os parágrafos 3° a 7°, mantendo- se o teor dos parágrafos 1° e 2° os quais introduzem aos contratos de trabalho em regime de tempo parcial as seguintes regras: Remuneração das horas extras com acréscimo de 50% sobre o valor do salário-hora normal; Possibilidade de prestação de horas extras nos contratos de trabalhos com jornada semanal inferior ao limite de 26 horas, restringindo a prestação de horas extras nesses contratos de trabalho a seis horas suplementares semanais. Possibilidade de compensação de horas suplementares até a semana imediatamente posterior à sua prestação. Caso não compensadas, as horas extras deverão ser pagas na folha de pagamento do mês subsequente. O artigo 143, § 3°, da CLT, que vedava o pagamento do abono de férias a empregados em regime de tempo parcial foi revogado pela Lei 13.467/2017 e introduzido no artigo 58-A da CLT o parágrafo 6° que autorizou o empregado em regime de tempo parcial a converter 1/3 do período de férias a que tem direito em abono pecuniário. As normas sobre férias dos empregados em regime de tempo parcial eram dispostas no artigo 130-A da CLT, que também foi revogado. Aplicam-se, portanto, na forma do §7° do artigo 58-A, aos empregados nesse regime as normas aplicáveis aos demais empregados dispostas no art. 130 da CLT. CLT – Decreto-Lei n° 5.452/1943 “Reforma Trabalhista” – Lei 13.467/2017 Art. 59 - A duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas suplementares, em número não excedente de 2 (duas), mediante acordo escrito entre empregador e empregado, ou mediante contrato coletivo de trabalho. §1º - Do acordo ou do contrato coletivo de trabalho deverá constar, obrigatoriamente, a importância da remuneração da hora suplementar, que será, pelo menos, 20% (vinte por cento) superior à da hora normal. (V. CF, art. 7º, X). Art. 59. A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. §1° - A remuneração da hora extra será, pelo menos, 50% (cinquenta por cento) superior à da hora normal. ................................................................................. §3° - Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a compensação integral da jornada 24 § 2º - Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias. (Redação dada pela MP nº 2.164-41, de 2001) §3º Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a compensação integral da jornada extraordinária, na forma do parágrafo anterior, fará o trabalhador jus ao pagamento das horas extras não compensadas, calculadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão. (Incluído pela Lei nº 9.601/1998) §4° - Os empregados sob o regime de tempo parcial não poderão prestar horas extras. (Incluído pela MP nº 2.164-41/2001). extraordinária, na forma dos §§ 2o e 5o deste artigo, o trabalhadorterá direito ao pagamento das horas extras não compensadas, calculadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão. §4° - (Revogado). §5° - O banco de horas de que trata o § 2o deste artigo poderá ser pactuado por acordo individual escrito, desde que a compensação ocorra no período máximo de seis meses. §6° - É lícito o regime de compensação de jornada estabelecido por acordo individual, tácito ou escrito, para a compensação no mesmo mês. (NR) A redação do artigo 59, §1°, da CLT, foi modificada pela Lei n° 13.467/2017, em conformidade com o disposto no art. 7°, X, da Constituição da República, o que não tem grandes implicações práticas, pois este último já era aplicado aos contratos de trabalho. Como anotado quando do estudo do art. 58-A, a “Reforma Trabalhista” revogou o §4º do art. 59, que vedava a prestação de horas extras por trabalhadores em regime de tempo parcial. O parágrafo 5°, introduzido pela norma em comento, estabeleceu a possibilidade de celebração de acordo individual escrito para instituição de banco de horas, observado o período máximo de 6 meses para compensação das horas nesta hipótese. Caso a compensação decorra de norma coletiva (ACT e CCT), conforme previsão do §2° (cuja redação se manteve inalterada pela Lei 13.467/2017), o prazo para compensação continua a ser de um ano, não podendo ser ultrapassado nesse período a soma das jornadas semanais de trabalho previstas. Em uma hipótese ou na outra (acordo de compensação de jornada individual ou coletivo), a jornada diária a ser cumprida não poderá ultrapassar limite máximo de 10 horas. O §6° reconhece a licitude do regime de compensação de jornada, estabelecido por contrato individual tácito ou escrito, para a compensação no mesmo mês. Deve-se atentar para possível revisão da Súmula n° 85 do TST que versa sobre o tema, por incompatibilidade de seus itens, especialmente os I, II e V11. 11 Súmula nº 85 do TST - COMPENSAÇÃO DE JORNADA (inserido o item VI) - Res. 209/2016, DEJT divulgado em 01, 02 e 03.06.2016: 25 Art. 59-A. LEI 13.467/2017 Em exceção ao disposto no art. 59 desta Consolidação, é facultado às partes, mediante acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, estabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação. Parágrafo único. A remuneração mensal pactuada pelo horário previsto no caput deste artigo abrange os pagamentos devidos pelo descanso semanal remunerado e pelo descanso em feriados, e serão considerados compensados os feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando houver, de que tratam o art. 70 e o § 5º do art. 73 desta Consolidação. A admissão da jornada de trabalho em escala de trabalho 12X36 era excepcional no ordenamento jurídico brasileiro, conforme entendimento consolidado na Súmula 444 do TST12. Entretanto, após a vigência da "Reforma Trabalhista" a jornada na referida escala passa a ser admitida, podendo ser estabelecida em norma coletiva (ACT ou CCT), observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação. O parágrafo único do art. 59-A estabelece que a remuneração mensal pactuada na escala de trabalho 12X36 abrangerá o DSR, os descansos em feriados e as prorrogações de trabalho noturno13. I. A compensação de jornada de trabalho deve ser ajustada por acordo individual escrito, acordo coletivo ou convenção coletiva. (ex-Súmula nº 85 - primeira parte - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) II. O acordo individual para compensação de horas é válido, salvo se houver norma coletiva em sentido contrário. (ex-OJ nº 182 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000) III. O mero não atendimento das exigências legais para a compensação de jornada, inclusive quando encetada mediante acordo tácito, não implica a repetição do pagamento das horas excedentes à jornada normal diária, se não dilatada a jornada máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional. (ex-Súmula nº 85 - segunda parte - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) IV. A prestação de horas extras habituais descaracteriza o acordo de compensação de jornada. Nesta hipótese, as horas que ultrapassarem a jornada semanal normal deverão ser pagas como horas extraordinárias e, quanto àquelas destinadas à compensação, deverá ser pago a mais apenas o adicional por trabalho extraordinário. (ex- OJ nº 220 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001) V. As disposições contidas nesta súmula não se aplicam ao regime compensatório na modalidade “banco de horas”, que somente pode ser instituído por negociação coletiva. VI - Não é válido acordo de compensação de jornada em atividade insalubre, ainda que estipulado em norma coletiva, sem a necessária inspeção prévia e permissão da autoridade competente, na forma do art. 60 da CLT. 12 Súmula nº 444 do TST - JORNADA DE TRABALHO. NORMA COLETIVA. LEI. ESCALA DE 12 POR 36. VALIDADE. - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 - republicada em decorrência do despacho proferido no processo TST-PA-504.280/2012.2 - DEJT divulgado em 26.11.2012. É valida, em caráter excepcional, a jornada de doze horas de trabalho por trinta e seis de descanso, prevista em lei ou ajustada exclusivamente mediante acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho, assegurada a remuneração em dobro dos feriados trabalhados. O empregado não tem direito ao pagamento de adicional referente ao labor prestado na décima primeira e décima segunda horas. 13 "A jornada de doze horas poderá acontecer durante o período considerado não noturno; mas poderá entrar pelo período considerado noturno. Nesse caso, não haverá adicional de horas noturnas, posto que já incluído no valor avençado para a jornada de 12X36". (OLIVEIRA, 2017, p. 27). 26 A Medida Provisória nº 808/2017, modificou a redação dada ao art. 59-A pela Lei 13.467/2017, que passou a dispor: Art. 59-A. Em exceção ao disposto no art. 59 e em leis específicas, é facultado às partes, por meio de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, estabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação. § 1º A remuneração mensal pactuada pelo horário previsto no caput abrange os pagamentos devidos pelo descanso semanal remunerado e pelo descanso em feriados e serão considerados compensados os feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando houver, de que tratam o art. 70 e o § 5º do art. 73. § 2º É facultado às entidades atuantes no setor de saúde estabelecer, por meio de acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação. Com a nova redação, foi retirada a possibilidade de se estabelecer jornada de trabalho em escala 12X36 por acordo individual escrito, podendo haver o cumprimento do referido horário de trabalho somente mediante a celebração de ACT e CCT. O parágrafo único do anterior art. 59-A da Lei 13.467/2017 foi convertido no §1º do referido artigo, sem alterações em sua redação. A Medida Provisória nº 808/2017 também acrescentou ao art. 59-A o §2º, que faculta às entidades atuantes no setor de saúde estabelecerem a jornada de trabalho prevista no presente artigo, inclusive por acordos individuais escritos.Art. 59-B. O não atendimento das exigências legais para compensação de jornada, inclusive quando estabelecida mediante acordo tácito, não implica a repetição do pagamento das horas excedentes à jornada normal diária se não ultrapassada a duração máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional. Parágrafo único. A prestação de horas extras habituais não descaracteriza o acordo de compensação de jornada e o banco de horas. O caput do art. 59-B traz em seu texto a redação contida no item III da Súmula 85 do TST, não inovando. Entretanto, o parágrafo único do referido artigo dispõe, em sentido contrário ao entendimento consolidado no item IV da referida súmula, que a partir da vigência da 27 Lei 13.467/2017, a prestação habitual de horas extras não descaracterizará o acordo de compensação de jornada e banco de horas. CLT – Decreto-Lei n° 5.452/1943 “Reforma Trabalhista” – Lei 13.467/2017 Art. 60 - Nas atividades insalubres, assim consideradas as constantes dos quadros mencionados no capítulo "Da Segurança e da Medicina do Trabalho", ou que neles venham a ser incluídas por ato do Ministro do Trabalho, Industria e Comercio, quaisquer prorrogações só poderão ser acordadas mediante licença prévia das autoridades competentes em matéria de higiene do trabalho, as quais, para esse efeito, procederão aos necessários exames locais e à verificação dos métodos e processos de trabalho, quer diretamente, quer por intermédio de autoridades sanitárias federais, estaduais e municipais, com quem entrarão em entendimento para tal fim. Art. 60. ................................................................ Parágrafo único. Excetuam-se da exigência de licença prévia as jornadas de doze horas de trabalho por trinta e seis horas ininterruptas de descanso. (NR) O parágrafo único, introduzido no art. 60 da CLT, excetuou as jornadas de trabalho 12X36 da exigência de licença prévia das autoridades competentes em matéria de higiene do trabalho para prorrogação das jornadas de trabalho nas atividades insalubres (Art. 60, caput). CLT – Decreto-Lei n° 5.452/1943 “Reforma Trabalhista” – Lei 13.467/2017 Art. 61 - Ocorrendo necessidade imperiosa, poderá a duração do trabalho exceder do limite legal ou convencionado, seja para fazer face a motivo de força maior, seja para atender à realização ou conclusão de serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar prejuízo manifesto. §1º - O excesso, nos casos deste artigo, poderá ser exigido independentemente de acordo ou contrato coletivo e deverá ser comunicado, dentro de 10 (dez) dias, à autoridade competente em matéria de trabalho, ou, antes desse prazo, justificado no momento da fiscalização sem prejuízo dessa comunicação. §2º - Nos casos de excesso de horário por motivo de força maior, a remuneração da hora excedente não será inferior à da hora normal. Nos demais casos de excesso previstos neste artigo, a remuneração será, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) superior à da hora normal, e o trabalho não poderá exceder de 12 (doze) horas, desde que a lei não fixe expressamente outro limite. §3º - Sempre que ocorrer interrupção do trabalho, resultante de causas acidentais, ou de força maior, que determinem a impossibilidade de sua realização, a duração do trabalho poderá ser prorrogada pelo tempo necessário até o máximo de 2 (duas) horas, durante o número de dias indispensáveis à recuperação do tempo perdido, desde que não exceda de 10 (dez) horas diárias, em período não superior a 45 (quarenta e cinco) dias por ano, sujeita essa recuperação à prévia autorização da autoridade competente. Art. 61. ............................................................. .... § 1° O excesso, nos casos deste artigo, pode ser exigido independentemente de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. ............................................................................. (NR) 28 A modificação do artigo 61, §1º, da CLT, retira o dever de comunicação às autoridades competentes da prorrogação do limite da duração do trabalho legal ou convencionado nas hipóteses de força maior, conforme disposto no caput do art. 61. CLT – Decreto-Lei n° 5.452/1943 “Reforma Trabalhista” – Lei 13.467/2017 Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo: (Redação dada pela Lei nº 8.966/94) I - os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados; (Incluído pela Lei nº 8.966/94) II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial. (Incluído pela Lei nº 8.966/94) Parágrafo único - O regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados mencionados no inciso II deste artigo, quando o salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação de função, se houver, for inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento). (Incluído pela Lei nº 8.966/94) Art. 62. ................................................................. ....................................................................................... III - os empregados em regime de teletrabalho. ............................................................................. (NR) A Lei 13.467/2017 introduz na CLT, no título II, Capítulo II-A, disposições normativas sobre o "Teletrabalho". Nesse sentido, acresceu o §3° ao art. 62, excluindo os empregados em regime de teletrabalho do regime de jornada de trabalho disposto nos art. 58 a 61. O efeito prático da referida norma é o não pagamento de horas extras aos teletrabalhadores. CLT – Decreto-Lei n° 5.452/1943 “Reforma Trabalhista” – Lei 13.467/2017 Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas. §1º - Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas. § 2º - Os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho. §3º - O limite mínimo de uma hora para repouso ou refeição poderá ser reduzido por ato do Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, quando ouvido o Serviço de Alimentação de Previdência Social, se verificar que o estabelecimento atende Art. 71. ................................................................. ....................................................................... ................ § 4° A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho. ....................................................................... ...... (NR) 29 integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios, e quando os respectivos empregados não estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares. §4º - Quando o intervalo para repouso e alimentação, previstoneste artigo, não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar o período correspondente com um acréscimo de no mínimo 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho. (Incluído pela Lei nº 8.923/1994). §5° O intervalo expresso no caput poderá ser reduzido e/ou fracionado, e aquele estabelecido no § 1o poderá ser fracionado, quando compreendidos entre o término da primeira hora trabalhada e o início da última hora trabalhada, desde que previsto em convenção ou acordo coletivo de trabalho, ante a natureza do serviço e em virtude das condições especiais de trabalho a que são submetidos estritamente os motoristas, cobradores, fiscalização de campo e afins nos serviços de operação de veículos rodoviários, empregados no setor de transporte coletivo de passageiros, mantida a remuneração e concedidos intervalos para descanso menores ao final de cada viagem. (Redação dada pela Lei nº 13.103/2015) (Vigência) A modificação do §4º do art. 71 da CLT implica o pagamento do adicional de 50% sobre o valor da hora normal de trabalho (na redação anterior, o percentual mínimo era de 50%), caso o intervalo intrajornada seja suprimido ou concedido parcialmente. O referido parágrafo ainda dispõe que o empregador deverá pagar somente o período não concedido do intervalo intrajornada com o acréscimo, sendo esta verba considerada indenizatória, e não salarial. A modificação do art. 71, §4º, da CLT destoa dos entendimentos consolidados na Súmula nº 437 do TST, especialmente dos itens I (segundo o qual, a não-concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo implicaria o pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido) e III14 (consideração de natureza salarial da verba paga a título de intervalo suprimido parcial ou totalmente). 14 Súmula nº 437 do TST - INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381 da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012. I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não-concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração. II - É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a supressão ou redução do intervalo intrajornada porque este constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido por norma de ordem pública (art. 71 da CLT e art. 7º, XXII, da CF/1988), infenso à negociação coletiva. 30 Relativamente a essa súmula, observe-se também o disposto no artigo 611-A, introduzido pela Lei 13.467/2017, que estabelece a prevalência de ACT ou CCT sobre a lei quando dispuser sobre: Art. 611-A, III - intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a seis horas. 2.2.3 Art. 75-A a 75-E: Teletrabalho CAPÍTULO II-A DO TELETRABALHO Art. 75-A. A prestação de serviços pelo empregado em regime de teletrabalho observará o disposto neste Capítulo. Art. 75-B. Considera-se teletrabalho a prestação de serviços preponderantemente fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo. Parágrafo único. O comparecimento às dependências do empregador para a realização de atividades específicas que exijam a presença do empregado no estabelecimento não descaracteriza o regime de teletrabalho. Art. 75-C. A prestação de serviços na modalidade de teletrabalho deverá constar expressamente do contrato individual de trabalho, que especificará as atividades que serão realizadas pelo empregado. §1º - Poderá ser realizada a alteração entre regime presencial e de teletrabalho desde que haja mútuo acordo entre as partes, registrado em aditivo contratual. §2º - Poderá ser realizada a alteração do regime de teletrabalho para o presencial por determinação do empregador, garantido prazo de transição mínimo de quinze dias, com correspondente registro em aditivo contratual. Art. 75-D. As disposições relativas à responsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento dos equipamentos tecnológicos e da infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho remoto, bem como ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado, serão previstas em contrato escrito. Parágrafo único. As utilidades mencionadas no caput deste artigo não integram a remuneração do empregado. Art. 75-E. O empregador deverá instruir os empregados, de maneira expressa e ostensiva, quanto às precauções a tomar a fim de evitar doenças e acidentes de trabalho. III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais. IV - Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de trabalho, é devido o gozo do intervalo intrajornada mínimo de uma hora, obrigando o empregador a remunerar o período para descanso e alimentação não usufruído como extra, acrescido do respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, caput e § 4º da CLT. 31 Parágrafo único. O empregado deverá assinar termo de responsabilidade comprometendo-se a seguir as instruções fornecidas pelo empregador. A Lei 13.467/2017 introduz na CLT os artigos 75-A a 75-E, os quais dispõem sobre os seguintes aspectos do teletrabalho15: Caracterização (art. 75-B). O teletrabalho caracteriza-se como tal quando presentes os seguintes requisitos: a prestação de serviços preponderantemente fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo; O comparecimento às dependências do empregador para a realização de atividades específicas que exijam a presença do empregado no estabelecimento não descaracteriza o regime de teletrabalho (art. 75-B, parágrafo único); Deve-se constar expressamente do contrato individual de trabalho a adoção da modalidade de teletrabalho, bem como a especificação das atividades que serão realizadas pelo empregado (art. 75-C); Existe a possibilidade de alteração do regime presencial para o regime de teletrabalho, desde que por acordo mútuo entre as partes, devendo haver registro em aditivo contratual (art. 75-C, §1°); Também há a possibilidade de alteração do regime de teletrabalho para o regime presencial, por determinação do empregador (jus variandi), observado o prazo mínimo de 15 dias para transição e o dever de registro em aditivo contratual (art. 75- C, §2°); Há a necessidade de previsão em contrato escrito da responsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento dos equipamentos tecnológicos e da infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho remoto, bem como do reembolso de 15 "O sentido literal do termo 'teletrabalho' é o de trabalho à distância ou remoto. Pode ser
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