Buscar

TEXTO MÉRITO

Prévia do material em texto

82 ConstrU<;:ao Civil e Direito 
A cobran~a imediata e nao apenas potencial da penalidade e mui-
to importante em contratos de longa dura~ao, sobretudo nas situa~6es 
mais 6bvias, porque, primeiramente, nao deixa discussao quanto aos 
fatos para o fim da obra, ou seja, nao permite que o distanciamento 
distor~a a visao dos fatos e, tambem, a cria~ao de uma s itua~ao em 
que os executores diretos do dono da obra e do construtor passem a ter 
um contencioso particular a respeito de uma conta corrente de multas 
potenciais, o que, invariavelmente afeta de forma negativa o clima de 
coopera~ao que deve existir na execu~ao de contratos desse tipo. 
Capitulo IV 
A Pratica das Clausulas de 
For~a Maior nos Contratos 
de Constru~ao 
MAURICIO ALMEIDA PRADO 66 
lntrodu~ao 
A inclusao de cl<3usulas de for~a maior nos contra tos de constru-
~. ilo e uma prati ca consolidada, tanto no ambito dos contratos nacio-
rhlis como dos internacionais. Procuraremos neste capitu lo identificar e 
r•xflminar as principais caracterfsti cas desta pratica. 
A primeira questao que surge eo porque desta pratica, sea maior 
p.1rte dos sistemas jurfdicos proveem uma norma espedfica sobre for~a 
rna ior? Vejam que nao s6 os direitos nacionais, mas tambem a Conven-
"'lo de Viena sobre compra e venda de mercadori a67, e os Prind pios 
Unidroit68 contemplam normas especfficas sobre este lema. Ademais, 
usualmente, essas normas sao consideradas imperativas, e tem como 
S6cio deL. 0. Baptista Advogados, Professor da Fundac;ao GetCil io Vargas (SP), Doutor 
•• 1,1 Universidade de Paris X, Mestre pela Universidade de Sao Paulo, Membro associado do 
C Institute of World Business Law. 
Artigo 79. Sobrc estc artigo v. ALMEIDA PRADO, M. " lnterp rctac;iio c ap licac;ao cia 
·gra de exonera<;ao da Conven<;ao de Viena ( 1980)". In: Arbitragem lntemacional - UNI-
>ROIT, CISC el Direito Brdsileiro, Sao Paulo, Quarti er Latin, 20 t 0, p. 321-339. 
t\rt igo 7. 1.7. 
84 Construs:ao Civil e Din~ah 
efeito principa l, comum aos di ferentes sistemas jurfdicos, a exonera\ao 
da obrigac;ao para o devedor vftima do evento de forc;a maior. Pare 
ce, portanto, desnecessaria a pratica especffica para clausulas de forc;.t 
maior. No entanto, o que se observa na rea lidade e uma pratica conso 
l idada e especffica. 
As principais raz6es desta pratica se relacionam com a inade 
quac;ao da norm a geral dos sistemas jurfdicos para l idar com contra 
tos internac ionais e com contratos complexes, como os do setor de 
construc;ao. As normas gerais dos sistemas jurfdicos nao estabelecem, 
por exemplo, um perfodo de suspensao da execuc;ao previamente a 
exonerac;ao da obrigac;ao; nao preveem a obrigac;ao de comunicac;ao; 
o dever das partes de negociar para mitigar os custos do perfodo de 
susP,ensao e para achar soluc;6es para manter o contrato. Essas preocupa-
c;oes sao parti cularmente importantes nos contratos de construc;ao, pois 
os eventos de forc;a maior sao comuns (greves, acidentes cl imaticos, 
mudanc;as legislativas, atrasos na obtenc;ao de licenc;as governamen-
ta is), e com serias consequencias financeiras. 
Em razao do carater sucinto das normas gerais de forc;a maior pre-
scntC's nos clifcrC'ntcs ordcn(lmcntos jurfdicos, os arbitros e jufzes as-
.,unwm ,, incumhenci.1 muilo ampla de decidi r o destino do contrato 
rw.,.,,,., < r rcun'>l~ nc ias. ldcntifi camos, ass im, dois fundamentos para a 
pr.tll( ,, ( ontr,Hual cspecffi ca: 
,t) organizac;ao das obrigac;6es das partes e do gerenciamento do 
contrato diante de uma situac;ao radica l, tanto do ponto de vi s-
ta fa tico (suspensao da obra), como economico (custos eleva-
des), como jurfdi co (exonerac;ao das obrigac;6es contratadas); 
b) reforc;a da seguranc;a jurfd ica do contrato, ou seja, estabele-
cimento de uma regra facilmente identificavel, que regule de 
forma completa e adequada a questao da forc;a maior para as 
particularidades de cada caso. 
Desde os anos 70, certos au torcs ja ident ificavam a ex istenc ia de 
uma pratica especffica aos contratos intern acionais69 . Esta prati ca evo-
1
'
9 Em especial KAliN, P. " Forcr majrurr el t onlrals internationaux de longue duree ". In: 
Journal du Droit International, 1975, n2 3, p. 468 e ss.; FONTAINE, M . " Les clauses de force 
majeure dans les contrc~ts interndtion.wx ". In: Droit et Pratique du Commerce International, 
1979, tomo 5, ng 4, p. 469-506. VAN OMM[SLAGIIE,P. "Les clauses de force majeure et 
llaca das Clausu las de fon; a maior nos Contratos de Construs:ao 85 
, r c consolidou70 . Um dos fatores mais importante e a estruturac;ao 
.. as c lausu las em tres partes: os requisites para apl icac;ao da c lausula 
os mecanismos de sua apl icac;ao (2); e os efe itos finais (3) . E esta 
'nrtura que adotamos para o presente capitulo. 
Req uisites 
0 exame dos requisites necessari os para apl icac;ao da clausula de 
r ~ a maior sera real izado a partir dos seguintes aspectos: natureza do 
q•nto (1 ); momenta de sua manifestac;ao (2); imprevisibi lidade (3); ex-
·rroridade (4); impacto sobre a execuc;ao do contrato (5); e obrigac;ao 
I·· notificar (6). 
A. NATUREZA DO EVENTO 
Na maioria das clausulas encontradas em contratos de construc;:ao 
Kontramos a descric;ao do conceito de forc;a maior acompanhada de 
n,, lista nao exaustiva de eventos suscetfveis de acarretar a apli cac;:ao 
t clausula. Em geral, ta is eventos estao ligados a guerras, catacl ismas 
tlurais, atos governamenta is, greves (ou outros conf litos em materia 
· tbalhista) e reviravoltas economicas. lsso pode ser ilustrado pelos 
'\emplos segu intes: 
"For the purposes of thi s Agreement term force majeure shall be 
deemed to include any cause affecting the performance of this 
Agreement arising from or attribu tab le to acts, events, omissions 
or accidents beyond the reasonable control of the party to perform 
and in parti cular but not without l imitation shal l include the follo-
w ing: 
I) STRIKES, lockouts or other industrial action; 
II) c ivi l commotion, riot, invasion, war, threa t of or preparation 
for war; 
lamprcvision (hardship) dans les contrats internationaux" . In: Revue de Droit International 
1 cle Droit Compare, 1980, n2 I , p. 7 e ss. No Brasi l, v. estudo recente de BAPTISTA, L. 0. 
rmtratos intemacionais : SJo Pc~u l o: Lex Magister, 201 I . p. 229 e ss. 
A Camara de Comrrcio International de Paris publicou uma clausula modelo de for<;a 
n.uor, "ICC Force Majeure Clause 2003 ", Paris, ICC, 2003, nr. 650. Especificamente para 
, srtor de conslru c;:Jo a lntema tionc~l Federation of Consulting Engineers (FIDIC) tambem 
·l1borou uma clausuli1 de forc;:a maior em todos os seus moclelos de conlri11os. 
86 Constru~ao Civil e Direi to 
Ill ) fire, explosion, storm, flood, earthquake, subsidence, ep idemic 
or other natural physica l disaster; 
IV)impossibil ity of the use of railways, shipping, aircraft, motor 
transport or other means of public or private transport; 
V) act or decree of any governmental municipal or publi c authority" 
"No CONTRATO, motivo de forc;a maior e definido como qual-
quer causa alem do controle de qualquer PARTE que atrasa ou 
impede o devido desempenho do CONTRATO e que, apesar da 
devida diligencia, a PARTE afetada nao consegue controlar, apesar 
de empreender todos os esforc;os para superar a referida causa. 
M otivo de forc;a maior pode, nao se limitando a, incluir qualquer 
um dos seguintes itens: 
- guerra ou hostilidades; 
- revo ltas ou comoc;oes civis; 
- terremotos, inundac;oes, tempestades, ra ios ou outros desastres 
flsicos naturil is, a excec;ao de condic;oes de tempo puramente 
.ldvN-.,l s como chuvc1, r ongclamento ou neve; 
grt•ws, de n,lturcta nacional ou regional, a excec;ao de greves 
d.1 c ompanhia do SUBCONTRATANTE ou CONTRATANTE; 
impossibilidade de qualquer estrada de ferro, porto, aeroporto,scrvi c;o de transporte ou outros meios de transporte ou comu-
nicac;ao (que ocorram simultaneamente) ." 
Ass im, tais clausu las aplicam-se, em princfpio, a todo evento cuja 
ocorrencia seja suscetfvel de impedir a execuc;ao do contrato. A va n-
tagem da lista e incluir eventos que usualmente ocorrem no setor de 
construc;ao (de ocorrencia prev isfvel), mas que nao se pode, a priori, 
estabelecer o impacto do mesmo sobre o contrato. A greve e um exem-
plo. Ela pode impedir ou nao a execuc;ao do contrato, pode serum fa to 
alheio a empresa ou derivada de culpa dela (ex.: falta de pagamento de 
dire itos trabalhistas obrigat6rios). 
Dessa maneira, a clausu la antecipa que a greve pode constitui r 
um evento de forc;a maior se observar os demais requisitos da c lausula. 
Como grifamos nos cxemplos acima, deve-se tomar cu idado para nao 
criar uma lista taxativa de cvcntos, pois tal impediria a apli ca<;ao da 
\ pratica das Clausulas de for~a maior nos Contratos de Constru~ao 87 
lor<;a maior para eventos cuja natureza nao tenha sido expressamente 
rclentificada na clausu la (na segunda clausula, por exemplo, nao estao 
rncl ufdos atos do Estado, como mudanc;a na lei ou nao concessao de 
lrcenc;as ambientais); a lista deve ser meramente exemplificativa. 
Algumas vezes, as clausulas utili zam unicamente a expressao "for-
c, a maior", remetendo sua interpretac;ao diretamente ao direito apli cavel: 
"1. Neither of the Parties sha ll be considered in default of their 
ob ligations accord ing to this Contract to the extent that it can be 
estab lished that performance of such obligation w as prevented by 
FORCE MAJEURE". 
0 problema deste tipo de clausula e que os elementos do conceito 
de forc;a maior dependerao do direito ap licavel ao meri to do contrnto, 
do direito positivo e da jurisprudencia, o que pode levar a so luc;ocs 
rnadequadas as especi fic idades do setor de construc;ao. 
B. MOMENTO DA OCORRENCIA DO EVENTO DE FOR<;A MAJOR 
A 16gica de uma clausu la de forc;a maior e a de aplicar-se aos even-
Ins que ocorram ap6s a conclusao do contrato. A inclusao dos eventos 
«1ue ja ex istiam no momento da conclusao do contrato (e que as partes, 
·t,lquele momento, nao podiam conhecer) e controvertida. Em determi-
11.\dos sistemas jurfdicos, como o bras ileiro, a impossibilidade anterior 
r celebrac;ao do contrato pode ser qualificada como vfcio de consenti-
·llcnto (erro), acarretando efeitos especfficos como a anulabilidade do 
ontrato. Em outros sistemas, como a common law, a imposs ibilidade 
•n terior tem os mesmos efeitos da impossibilidade superveniente (exone-
. r~ao das obrigac;oes), de modo que as partes que desejam incluir essas 
up6teses no campo de aplicac;ao da clausu la de forc;a maior devem faze-
,, rxpressamente, como o ilustra a clausula segui nte71 : 
"A circumstance referred to in this Clause which had occurred 
prior to the formation of the Contract shall give a right to suspen-
sion on ly if its effect on the performance of the Contract cou ld not 
be foreseen at the time of the formation of the Contract." 
P<J ra um estudo das decisoes inglesas sabre esse assunto, v. BERG, A. "The detai led 
11tmg of a force majeure c lause". In: Foret! 111c1jeure and frustration of contract. 2 ed. Lon-
Lioyd's of London Press, Ewan Me Kendrick (editor), 1995. p. 78. 
88 Construc;:ao Civil e Direito 
C. IMPREVISIBILIOADE 
Algumas clausulas de forc;a maior exigem igualmente que a 
ocorrenc ia do evento seja imprevisfvel no momenta da conclusao do 
contrato. Nestes casas, parte-se do pressuposto de que comerciantes 
experi entes conhecem as c ircunstancias e os riscos principais relativos 
a determinado contrato. Par conseguinte, a omissao de alocac;ao no 
contrato do evento cuja ocorrencia era provavel durante as negocia-
c;oes implica a assunc;ao par uma das partes das consequencias que 
poderi am advir desses riscos. 
Na maioria das c lausulas em que o requisito de imprevi sibilidade 
aparece, este e expressamente submetido ao criteria da razoabilidade. 
" ... or cause whatsoever, si milar or dissimi lar, which cannot reaso-
nably be forecasted or provided aga inst and which cannot be overcome 
w ith due diligence." 
Assim, incumbe flO interprete examinar se, no momenta da con-
clusao do contrato, um comerciante, dotado de comportamento dili-
gcntc, podcria ra/oavc• lmcntc tcr previsto os riscos da ocorrencia de um 
t,, I C'vrnto c• ter ,, lc>< .ulo os rcspcctivos ri scos no contrato. 
1\ m,Hon.t cl,1s cl,)usulas, porem, nao preveem este requisito. lsto 
o.,(• cl,t porqur os rcquisitos mais importantes sao os da exterioridade 
do <'VC'nto em rr iR<;ao ~ parte que invoca a protec;ao da clc~usula e a 
1rnposs ibilidade de execuc;ao do contrato (temas que serao abordados 
c1 scguir). A imprevisibilidade do evento e de diffcil aferimento uma ve 
que o teste e realizado anos ap6s a concl usao do contrato par um jui 
ou arbitro alheios ao contrato e as c ircunstancias de sua negociac;ao. 
Muitas vezes, a ocorrencia do evento e previsfvel (veja-se o exemplo 
das greves, ou chuvas intensas), mas nao o impacto que tal evento pode 
causar sabre a execuc;ao do contrato (fato normal, dificuldade de cum-
primento ou impossib ilidade de execuc;ao). A interpretac;ao de boa-fe 
e a razoabi l idade sao criterios determinantes nessas situac;oes para a 
defini c;ao do destino do contrato. 
D. EXTERIORIDADE 
As clausulas de forc;a maior imp6em a exterioridade do even-
to com respeito a parte vftima como requisito para sua ap licac;ao. 
\ prati ca das Clausulas de fon; a maior nos Contratos de Construc;:ao 89 
\ maioria das clausulas encontradas resume essa condic;ao par meio 
I,, expressao "beyond of control" ou, em uma expressao mais flexfvel, 
beyond the reasonable control of either party", como demonstram os 
·xemplos segu i ntes: 
" Force Majeure shall mean any event beyond the reasonable con-
trol of the Claiming Party and unavoidable notwithstanding the re-
asonable care of such Claiming Party ... " 
" ... neither party shall be liab le to the other party for any loss, in -
jury, delay damages or other casualty suffered or incurred by such 
parties hereto due to strikes, riots ... , or any other cause similar 
thereto which is beyond reasonable control of either party, ... " 
Par meio dessa expressao, a doutrina considera geralmente que a 
p.trte vftima72 : 
a) nao deu causa a ocorrencia do evento de for~a maior; 
b) nao estava em situac;ao de inadi mplencia de suas obrigac;oes 
no momenta da ocorrencia do evento; e 
c) deveria ter tornado medidas para impedir ou reduzir os efei tos 
do evento sabre o contrato. 
lncumbe entao ao in terprete defin ir com objetiv idade o que um 
omerciante diligente deveria ra zoavelmente ter feito na mesma situ-
<.1073 . 
Algumas vezes, as c lausulas apresentam imprecis6es ou lacunas 
.t.tnto a incl usao dessa condic;ao. Cabera entao ao arbitro ou ao juiz 
msiderar se as partes quiseram excluir essa condic;ao, ou se se trata de 
11 requisi to implfc ito, inerente a obrigac;ao de executar o contrato 
boa-fe. Na ausencia de uma prova irrefu tavel de que a intenc;ao das 
tries era excluir essa condic;ao, entendemos que se trata de um requi-
liO impl fc ito a fim de nao exonerar a parte fa ltosa. 
DRAETTA, U. e LAKE, R. "Contrats internationaux: pathologie et remedes". Bruxelas: 
1,. BrL1ylant, 1996. p. 99; M . FONTAIN E. Droit des contrats internalionaux. AnalysP Pt 
lion des clauses. Paris: Feduci/Fec, 1 989. p. 214. 
II.AHN, P. " Force majeure et contrats internationaux de longue du n~e", op. cit., p. 476; 
lJBERT. Le contrat d'ing(mierie-conseil. Pa ris: Masson, 1979. p. 93. 
90 Construc;ao Civile Direito 
E. IMPACTO DO EVENTO SOBRE A EXECU(AO DO CONTRA TO 
Entre as condi<;oes de aplica<;ao da clausu la de for<;a maior, a que 
fixa o grau de impacto que o evento deve causarsabre a execu<;ao do 
contrato consti tu i a principa l diferen<;a entre essas c lausulas e as clau-
su las de hardship74 . Assim, a maioria das clausulas de for<;a maior exige 
a impossibi lidade objetiva da execU<;ao do contrato. 
"Entende-se por forc;a maior, para a execuc;ao da convenc;ao, todo 
ato ou evento imprevisfvel, irresistfvel, fora do controle das partes, 
quando tal ato ou evento tiver incidencia direta sabre a execuc;ao 
do contra to. Em consequencia, ... nao constitui caso de fore; a maior 
todo ato ou evento que somente tom e a execur;ao de uma obriga-
r;ao mais diffcil ou mais onerosa para o devedor . ... " 
Em alguns casas, o rigor da imposs ibi lidade objetiva do cumpri-
mento da obriga<;ao e atenuado por termos como " razoave lmente ir-
resistfvel". Determinadas cla usulas real izam a fusao dos conce itos de 
ror(a maior r dr hnrdc;hif> . Vrjam os rxrmplos abaixo: 
" I 11her pillly ~h.rll fw c•milfeclto suspend performance of his obli-
g.lllom undc•1 the> (on tract to the C'xtent that such performance is 
- . 
ifll/!l'ih•dor m,rdC' unrc'r~sonnbly onerous by nny of the following 
('\ ('11/.,,.," 
" lo the extent that Contractor performance is delayed or prevented 
by causes beyond its control, including but not limited to Acts of 
Cod, acts of loca l. state or federa l governmental authorities impe-
ding or rendering impracticable progress of the task specified he-
rein. strikes, civil disorders of the like, Contractor would be deemed 
not to be in default ofits obligations under this ... " 
74 As clausulas de hardship fixam um patamar de um nivel de rigor inferior, aquele da 
ruptura do equilibria do contrato. Sobre clausula de hardship, v. MARTINS COSTA, J. "As 
clausulas de hardship e a obrigac;ao de rencgociar nos contratos de longa durac;ao ". In: Re-
vista de Arbitragem e Mediar;ao, 2010, vol. 25, p. 6-39; ALMEIDA PRADO, M. "A evoluc;ao 
clas clausulas de hardship". In: Direito do Comercio lnternacional Pragrnci.tica, Diversidacle 
e lnovar;ao. Curitiba: Jurua, 2005. p. 4'17-456; DE ARAUJO, N. "Contratos in ternacionais e 
a clausu la de hardship: a transposic;ao de sua conceituac;:ao, segundo a Lex mercatoria, para 
o plano interno nos contratos de longa durac;:Jo ". lri: Contratos lnterrrcJcionais, 3. ed. Rio de 
Janeiro: Renovar, 2009. p. 307-340. 
\ Q!'iitica das Clausulas de forc;a maior nos Contratos de Construc;:ao 91 
F. NOTIFICA(AO 
Por fim, a maioria das clausulas exam inadas ex ige ainda que a 
p.ute afetada pelo evento de for<;a maior notifique o cocontratante da 
Korrencia do evento, dos possfveis efeitos que este tera sabre a execu-
t.1o do contrato e de sua inten<;ao de aplicar a c lausula de for<;a maior. 
'\s condi<;oes de forma e de conteudo dessa obriga<;ao variam conside-
r.tvelmente na pratica. As c lausulas mais simples preveem apenas uma 
obriga<;ao geral de informa<;ao: 
"Sea CONTRATADA e!ou a CONTRATANTE ficarem temporaria-
mente impedidas de cumprir suas obrigac;oes no todo ou em parte, 
em consequencia de Caso Fortuito ou de Forc;a Maior, de acordo 
com o C6digo Civil, deverao comunicar o fato a ALUNORTC, no 
prazo de 05 (cinco) dias uteis de sua ocorrencia, sob pena de de-
cair do direito de invocar o disposto." 
Outras clausu las estipulam a forma, o prazo eo contcudo da no-
lifica<;ao: 
"Caso a ocorrencia de um Evento de Forr;a Maior venha a afetar a 
capacidade do CONTRATADO de atender suas obrigac;oes decor-
rentes deste Contrato e do Contrato Principal, este devera notificar 
a ocorrencia do fato, em ate 3 (tres) dias contados de sua ocorren-
cia, descrevendo-a em detalhes e fornecendo uma avaliac;ao por-
menorizada das obrigac;oes afetadas, bem como uma cstimativa 
pormenorizada das obrigac;oes afetadas .. . " 
"If an event of Force Majeure occurs at any time, the Claiming Par-
ty shall inform the other parties hereto in a timely manner by a writ-
ten notice, and shall provide documents certifying the occurrence 
of such Force Majeure. A Force Majeure event shall be deemed to 
have commenced no earlier than seventy-two (72) hours prior to 
the giving of such notice. The Claiming Party shall, in such notice, 
indicate what actions is taking in order to mitigate the effect of 
such Force Majeure event': 
As consequenc ias do atraso ou da nao execu<;ao da notifica<;ao 
1clcm ser muito diversas. No primeiro e segundo exemplos acima, a 
1l1fica<;ao e um requisite para apl ica<;ao da clausu la contratua l, e a 
n~Jo consiste na perda do direito de invocar a for<;a maior. Certos 
Construs:ao Civil c 1>1 
fU\II(tc.un -~- ngcu dP.,.,ils consequencias pelos prejulzos qu, 
llOIIflC,'lfflo podt• C.tlUSar a outra parte75 . No terceiro caso, cl p 
vlllr'' 1 ·'P'""'" se beneficia dos efe itos da c lausula de forc;;a maior 
hor,''" apo"' tc r nolificado. 
Nd pratica, se observa que esta opc;;ao (terceiro exemplo) e prefcrrv, 
porque muitas vezes o evento da forc;;a maior e de tal ordem que nJo. 
posslvel se cumpri r o prazo da notificac;;ao. Desastres naturais (terrcmc 
tos, tsunamis), por exemplo, podem afetar o contrato e a organizac;;ao d. 
empresa como um todo, o que a levara a sustentar a impossibilidade oh 
jetiva da reali zac;;ao da notifi cac;;ao no prazo acordado. A soluc;;ao que <HI 
toriza a suspensao do contrato ap6s a notificac;;ao aloca o custo do atrac;l 
na parte retardataria, mas nao I he suprime o direito de alegar forc;;a maior 
nos parece ser mais adequada para equi librar os direitos em questao. 
2. 0 m ecanisme de apl icac;;ao 
A reuniao dos requisites anal isados acima resu lta a ap li cac;:ao d.1 
clausula de forc;a maior. As consequencias imediatas sao a suspensao 
cia cxccuc;ao do contrato ( I ) c; a rea li zac;;ao de negociac;;oes (2). 
G. A SUSPENSAO DA EXECU~AO 
A m.11orid das clausu las de forc;a maior no setor de constru c;;ao pre-
vl- t1 suspensao da execuc;;ao do contrato como primeira consequencia 
da apli cac;:ao desta clausu la. A suspensao tem por efeito princ ipal con-
ceder um al lvio imediato a parte cuja execuc;;ao foi afetada, mas visa 
tambem preservar o vincu lo contratuaF6 . 
0 perlodo de suspensao das obrigac;;oes pode comec;;ar em me-
mentos diferentes. 
a) Na maioria dos casos, a c lausula de forc;;a maior preve a sus-
pensao da execuc;ao do contrato a partir da real izac;;ao da noti -
ficac;;ao pela parte vltima das perturba c;;oes ao cocontrdtante: 
75 
KAHN, P. "Force majeure et contrats internationaux de longue dun~e", op. cit , p. 477; 
MOISAN, P. "Technique contractt1elle et gestion des risques dans les contrats internationaux: les 
cas de force majeure et d'imprevision ". In: l.es Cahiers de Droit, 1994, vol. 35, n" 2, p. 3 13 e ss. 
7
G 0 contra to permanece em vigor, e as pdrtes nJo ficam automaticamente exoneradds de 
suas obrigas:oes. 
1." Clausu las de fon;:a maior nos Contratos de ConstrU<;ao 93 
11 '~ rch other party gives written notice of it to the other party 
~ c 1fying in al l reasonable detail the matters constituting fo rce 
)Jl'ure. then the party so prevented or delayed shall be excused 
,,,,. performance of the punctua l performance as the case may be 
1 1ts obligations under this Agreement as from the date of such no-
W. I' for so long as such cause of prevention o r delay sha ll continue. 
11w parties shall consu lt together in order to resolve the problem." 
t onstatada a ocorrencia de Caso Fortuito ou de Forc;;a Maior, fi ca-
r,\o suspensas tanto as obrigac;oes da CONTRATADA como as da 
c O NTRATANTE sob este Contrato." 
h) Algumas clausu las preveem que as partes, antes de qualquer 
suspensao, devem encontrar-se para anal isar o efeito das per-
turbac;;oes sobre o contrato, e e somente a partir dessas nego-
c iac;oes que elas decidirao a soluc;ao mais adequada ao caso: 
" Depending of the degree of impact of the event on the verform.m-
ce of the CONTRACT. the Parties sha ll discuss anddecide whether 
the CONTRACT is to be amended, or whether there is to be parti al 
exemption from responsibi lity for perform ing the CONTRACT, or 
whether the performance of the CONTRACT is to be delayed." 
A gestao do perlodo de suspensao e particularmente senslve l nos 
mtratos de construc;ao em razao dos altos custos decorrentes da para-
,,,c;:ao dos trabalhos como a desmobili zac;ao de mao de obra, aluguel 
:. • cquipamentos, custos fin ancei ros. A fim de regu lamentar as obriga-
ocs das partes durante esse perlodo, certas clausu las estabelecem for-
.n.llmente que as partes devem empregar seus melhores esforc;os para 
nrnimizar as perdas e informar devidamente o cocontratante da exten-
,\o das perturbac;oes, assim como das medidas que foram tomadas a 
'"'Se respeito77 . As clausulas seguintes ilustram essas considerac;oes: 
"The Parties shall take all necessary care and measures to minimize 
the effects of force majeure for all the Parties." 
Sobre a obrigac;:ao de minimizar as perdas na lex mercatoria, v. Y. DERAINS. 
I 'obligation de minimiser le dommage dans Ia jurisprudence arbitrale". In: Revue de Droit 
1b Affaires lnternationales, 1987, p. 375 e ss.; HANOTIAU, B. "Regime juridique et portee 
de !'obl igation de moderer le dommage dans les ordres juricliques nationaux et le droit du 
commerce inlernational ". In: Revue de Droit des Affaires lnternationales, 1987, p. 393 e ss. 
94 Construr;:ao Civil e D i rc•1 
"Any party invoking the protection of this clause shall keep th• 
other ful ly informed as to the cause, the circumstances, the li k('l 
period it will continue and all other relevant matters and will ta~' 
all reasonable action to minimize the consequences of the rclt 
vant events and to the consequences of the relevant events an11 
to resume due performance of the obligations excused as soon ,, 
practicable." 
Como os efeitos da suspensao da execut;ao do contrato sao muito 
relevantes, a maioria das clausu las preve a obrigat;ao de negociar. 
H. AS NEGOCIA~OES 
Os objetivos principais desta obrigat;ao sao a minimizat;ao da(, 
perdas e a busca de meios para assegurar a sobrevivencia do contrato (' 
a retomada dos trabalhos78 : 
"Either party upon rece ipt of the Notice of Force Majeure under 
Arti c le x. 2 shall confer promptly with the other and agree upon 
a course of action to remove or alleviate such cause(s), and shall 
~ek reasonable alternative methods of achieving the same perfor-
m,,ncc obicctivcs under the Contract." 
' 
"The CONTRACTOR and the SU BCONTRACTO R shall use all rea-
sonable efforts to minimize the effect of a Force Majeure event on 
the Works and to cooperate to develop and implement a plan of 
remedial and reasonable alternative measures to mitigate the effect 
of the Force M ajeure event." 
" If circumstances of Force Majeure have occurred and shall conti -
nue for a period of more than thirty (30) days, then the parties shall 
endeavor to agree: 
- a new date/new dates for compl iance w ith the ob ligations he-
reunder; 
- any amendment to this Agreement which may be required pur-
suan t to the above mentioned delay." 
78 Neste sentido, v. LE ROY, D. La force majeure dans le commerce international . These, 
Universite de Paris I, 199 1, p. 554 c ss. 
111ca das Clausulas de forr;:a maior nos Contratos de Construc,.<1o .,,., 
"Depending of the degree of impact of the event on the performan-
ce of the CONTRACT, the Parties shall discuss and decide whether 
the CONTRACT is to be amended. or whether there is to be partial 
exemption from responsibility for performing the CONTRACT. or 
whether the performance of the CONTRACT is to be delayed." 
" If a state of emergency exists in Nigeria or the Work is suspended 
by force majeure for a period exceeding one month, the parties shall 
hold discussions to resolve the situation to their mutual benefit." 
As regras de organiza<;ao das negociat;6es sao raramente estabe-
, rdas, o que pode acarretar problemas para seu bom desenrolar. Em 
do caso, o direito aplicavel desempenha urn papel importante a esse 
peito, especialmente por meio da imposit;ao da obrigat;ao de nego-
u de boa-fe. 
A obrigat;ao de negociar de boa-fe nao implica, porem, uma obri -
'·' .to de resu ltado. Na ausencia de disposit;ao contratual especffica, 
1briga<;ao de negociar de boa-fe s6 pode ser considerada uma obri-
·~3o de meio79, que se limita a impor as partes 0 dever de procurar, 
.. •cl iante trocas de propostas serias, uma solut;ao para a mitigat;ao dos 
'''Jufzos e o restabelecimento do contrato. 
Algumas clausulas procedem a alocat;ao dos custos incorridos du-
ullc o perfodo de suspensao da execut;ao do contrato: 
"Durante o perfodo impeditivo, as Partes suporta rao independen-
temente as suas perdas." 
"No caso de uma situat;ao de fort;a maior, os custos serao arcados 
pela PARTE responsavel." 
Este ponto e relevante porque os exemplos acima podem implicar 
1 ,,ssunt;ao pelo Construtor de custos altos (desmobi lizat;ao, manu-
·r tc;ao do canteiro e remobil izat;ao), mesmo em ci rcunstancias Pm quC' 
dono da obra suscitou a protet;ao da clausula de fort;a maior (por 
"t'mplo, no atraso de obtent;ao de licent;as governamentais, ou em 
·,tlizar desapropriat;6es). 
A ausencia de regulat;ao especffi ca sabre a alocat;ao desses custos 
d··rxa aos arbitros e ao juiz a incumbencia de resolver se ha div isao de 
P. KAHN. "Force majeure et rontrats internationaux de longue duree", op. cit. , p. 482. 
96 Construc;:ao Civi l e Dir<•11 
custos em conformidade como direito apli cavel ao contrato. Como, Ill 
mais das vezes, o d ireito pos itive e silen te a este respeito, os arb itro'> 1 
ju iz deverao aplicar princfp ios gerais do direito, como enriquecimenh 
sem causa, para efetuar tal aloca\=aO. 
3. Efeitos finais 
Os resultados finais da aplica\=ao da c lausula de for\=a maior po 
dem consistir na retomada da execu\=ao do contrato, na adapta\=ao do 
mesmo ou ainda no seu termo fin al. 
I. A RETOMADA DA EXECU<;AO DO CONTRA TO 
A retomada da execu\=ao do contrato com respeito a suas previ 
s6es iniciais pode ocorrer se o evento que deu origem a for\=a maior 
cessar de existir (em razao de greve, por exemplo). 
Neste contexte, a prorroga\=ao (ou nao) do contrato e um tem <1 
frequentemente tratado nas clausu las de for\=a maior: 
"The time for performance shall be extended for the duration of thr 
force majeure and its effects." 
"Thr Party which wishes to ava il itse lf from the provisions of this 
/\rt1rlc 15 shall immediately give notice of the impediment and its 
<•ffcel on such its abi li ty to perform its ob ligations pursuant to this 
Agreement and shall immediately resume its performance when 
such impediment ceases to ex ist." 
"Upon cessation of the Force Majeure event, the Claiming Party 
shal l make its best efforts to resume normal performance of its obli-
gations under the Subcontract as soon as possible." 
Na falta de tal previsao no contrato, incumbira as partes incluf-la 
durante as negocia\=6es ou no momenta da retomada da execu\=ao do 
contrato. No setor de constru\=ao, e comum que a prorroga\=ao do con-
trato seja superior ao perfodo de suspensao, dado o tempo necessaria 
para remobilizar mao de obra e equipamentos. Para reduzir este impacto, 
usual mente, as negocia\=6es preveem esfor\=OS de acelera\=ao da obra ap6s 
a retomada dos trabalhos, desde que, obviamente, se chegue a um acordo 
com rela\=ao aos custos adicionais deste esfor\=O para se recuperar tempo. 
Portanto, e comum que as negocia\=6es levem a modifica\=ao do 
contra to. 
,, das Clausulas de forc;:a maior nos Contratos de Construc;:ao 97 
J. A ADAPTA<;AO DO CONTRA TO 
I rn fun\=ao da ampl itude das modifica\=6es acordadas, o contrato 
• -;ofrer consequencias especfficas, como8°: 
,l) a modifica\=ao do objeto da obriga\=ao (ex. : mudan\=a do esco-po do contrato); 
b) a cria\=ao de uma ou mais obriga\=6es (ex.: garantias ad ic io-
nais); 
c) a supressao de uma ou mais obriga\=6es (ex.: cessao de parte 
do contrato para terceiros); 
d) a supressao e a cri a\=aO (nova<;ao) de uma ou mais obriga<;6es. 
Por outro lado, em caso de fracasso das negocia<;6es, a totalidadc 
j, clausulas de for\=a maior examinadas confere as partes a facui-
L, IP de p6r fim ao contrato. 
1<. A EXTIN<;AO DO CONTRA TO 
Se o evento de for\=a maior persistir no tempo, a faculdade de p6r 
'11 dO contrato pode ser conferida as duas partes, ou entao a uma das 
ulcs exclusivamente, como demonstram as clausulas seguintes: 
" In the event any of such cause of force majeure shall continue 
for a period of 3 (three) months, the Parties hereto shal l mutual ly 
discuss the matter and the course of action to be taken, provided 
however that after this 3 (three) months period the Party not affec-
ted by the force majeure event shal l have the ri ght to give notice to 
the other Party terminating this Agreement." 
"And in the event that both parties are unable to agree on such im-
plementation w ithin two (2) months after starting such consu ltation, 
either party shall have the ri ght to terminate the further performance 
of CONTRACT." 
V. F11sRE, R. "Les clauses d 'adaptation clans les contrats ". In: Revue Trimestrielle de Droit 
tl, 1983, n2 82, p. 23 e ss. 
98 Construc;ao Civil e Din•t 
"Se uma situa<;ao de for<;a maior persistir por mais de seis (C,, 
meses, entao cada PARTE tem a liberdade de pedir a rescisao de • 
CONTRA TO." 
Essas clausulas raramente fornecem detalhes sobre o regime aplr 
cavel a extin<;ao, mas nao deixam de observar que as partes fi cam exo 
neradas do cumprimento de suas obri gac;6es contratuais sem ter ch· 
assumir as penalidades que essa inexecu<;ao ensejari a: 
" In the event such c ircumstances last for more than 3 months run 
ning for either of the Parties of for both of them, each of the Partie:. 
will have the right to cancel the fulfillment of its obligations under 
the present Contract. In such cases neither of the Parties wi II have 
the right to claim possible losses for another." 
" If the delay in delivery is deemed to be due to force majeure 
CONTRACTOR w ill be exempted from paying penalty. loss and 
damage or interest." 
"The parti es w ill not be l iable in way as a resu lt of their failure to 
fulfi ll any provision of this Agreement, when ... ". 
Como no caso dos custos incorridos durante o perlodo de suspen-
s,lo cl,, cxcc u~ao clo contrato, a ausencia de regula<;ao espedfica sobre 
il .11 oc.1 ~Jo dos custos decorrentes da extin<;ao do contrato deixa aos 
,\rbitro:. c ao juiz a incumbencia de resolver se ha divisao de custos em 
conformidade com o direito aplicavel ao contrato. Como, no mais das 
vezes, o direito positivo e silente a este respeito, os arbitros e o juiz 
deverao ap licar prindpios gerais do direito, como enriquecimento sem 
causa, para efetuar ta l alocac;ao. 
A pratica das clausulas de for<;a maior nos contratos de Iongo pra-
zo e de execu<;ao sucessiva ja esta ha muito tempo conso lidada. A par-
ticularidade do setor de construc;ao e o enfoque no gerenciamento do 
contrato durante o perlodo de ocorrencia da for<;a maior para reduzir 
os prejulzos e manter o vincu lo contratual de forma que, tao logo pos-
slve l, se retome a execuc;:ao do contrato. 
Por se tratarem de c lausulas ex tensas e detalhadas, divididas em 
tres etapas 16gicas (requisitos para apl ica<;ao, mecanismo de ap lica-
<;ao e efeitos finais), a prati c,1 c frcquentemente objeto de sln tese em 
clausulas modelo (propostas por organismos internacionais, como por 
li• ,, das Clausulas de forc;a maior nos Contratos de ConslrliS•I() fL 
nplo a ICC Force Majeure Clause 2003, ou clausu la de forc;a maior 
c ontratos FIDIC) ou clausu las padrao, elaboradas pelas pr6prias 
r•rl~sa s ou advogados. 0 negociador experi ente sabe que essas refe-
, r.1s sao importantes para se ganhar tempo e reduzir custos. Nao se 
1. • deixar de, em cad a caso, confrontar essas referencias as particu-
d.ldes da negocia<;ao em questao. 0 tempo eo esfor<;o empregados 
··l,tborac;ao cuidadosa dessas c lausulas na fase de negocia<;ao sao 
•t.lmente bern compensados quando o evento de for<;a maior e susci -
do c a execuc;ao do contrato e interrompida. 
( onclusao 
A pratica contratual e por sua natureza d inamica, objeto de cons-
•l tC evolu<;ao. Neste sentido, ressa ltamos a necessidadc c a rccomr n-
'~·10 de que as clausu las de forc;a maior estipulcm a aloe ·l~·1o, c•ntrl' 
partes, dos custos inc identes no perlodo de suspcnsao cia CX(.'(. U ~·l <> 
1 , contrato (como aqueles decorrentes da desmolibili za<;ao de milo cle 
>r.l e equipamentos, manuten<;ao do canteiro, custos indiretos, rccu-
1 , •r,l <;ao do prazo no momenta da retomada dos serv i<;os). Is to porque 
11 muitos casos estes custos sao relevantes e a ausencia de parametros 
ontratua is para sua d istri bu i<;ao conduz as partes a li tlgios diante do 
uliciario ou em arbitragem.

Outros materiais