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Crimes de Trânsito - Trabalho

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Direito Penal:
CRIMES DE TRÂNSITO
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 Dispositivos Legais:
Aos crimes cometidos na direção de veículo automotor previstos neste Código, aplicam-se às normas gerais do CP e do CPP, se este capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei 9.099/95, no que couber:
§ 1º. Aplicam-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74 (composição dos danos civis), 76 (aplicação da pena restritiva de direitos) e 88 (representação nas lesões corporais) da Lei 9.099/95, exceto se o agente estiver:
I – sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência;
II – participando em via pública de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente: 
III – transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 Km/h. 
§ 2º. Nas hipóteses previstas no § 1º deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação da infração penal. 
Art. 291
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A suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta como penalidade principal, isolada ou cumulativamente com outras penalidades.
Somente é possível a aplicação do dispositivo nos crimes dos arts. 302, 306, 307 e 308, uma vez que neles há referência expressa nesse sentido.
Entretanto, sendo o réu reincidente na prática de crime previsto no CTB, em qualquer infração (art. 302 a 312), o juiz poderá aplicar a suspensão ou proibição de obter a permissão ou habilitação, conforme dispõe o art. 296, CTB.
 Art. 292 
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Nos termos do art. 293, CTB, a duração da penalidade (suspensão ou proibição de obter a permissão ou habilitação) será de dois meses a cinco anos, e para a fixação o juiz deverá observar o disposto no art. 59, CP.
É possível, também, a aplicação da suspensão da habilitação como medida cautelar, que poderá ser decretada tanto na fase do inquérito policial ou da ação penal, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, em decisão motivada, desde que haja necessidade para a garantia da ordem pública (art. 294, caput, CTB).
Conforme dispõe o § único, do art. 294, CTB, da decisão cautelar, ou da decisão que indeferir o requerimento do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo.
Art. 293
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Como se pode observar, expressamente há possibilidade de se suspender a habilitação ou, então, proibir sua obtenção, de forma preventiva, quando houver necessidade para a garantia da ordem pública.
Nesse aspecto, tem-se que a análise do caso concreto é que ensejará decretação cautelar da suspensão ou proibição, já que deverá ser verificada a presença de alguns requisitos para a concessão: a garantia da ordem pública, o fumus boni juris e periculum in mora (esses dois últimos típicos das cautelares).
Art. 294
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 A suspensão para dirigir veículo automotor ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação será sempre comunicada pela autoridade judiciária ao Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, e ao órgão de trânsito do Estado em que o indiciado ou réu for domiciliado ou residente.
Art. 295
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Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código, o juiz aplicará a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis.
Art. 296
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A penalidade de multa reparatória consiste no pagamento, mediante depósito judicial em favor da vítima, ou seus sucessores, de quantia calculada com base no disposto no § 1º do art. 49 do Código Penal, sempre que houver prejuízo material resultante do crime.
§ 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao valor do prejuízo demonstrado no processo.
§ 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts. 50 a 52 do Código Penal.
§ 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa reparatória será descontado.
 NATUREZA JURÍDICA DA MULTA REPARATÓRIA
1ª corrente: sanção penal porque é calculada como multa penal – art. 49, § 1º, CP – e é executada como multa penal – art. 50 a 52, CP. Sendo sanção penal, é inconstitucional porque não está prevista nos crimes. Fere o princípio da legalidade: não há pena sem prévia cominação legal.
2ª corrente: sanção civil porque se destina a vítima e seus sucessores. Não pode ser superior ao valor do prejuízo comprovado no processo. É um instituto de caráter indenizatório.
3ª corrente: efeito extrapenal secundário da condenação.
 
EXECUÇÃO
CTB – se a multa reparatória não for paga, deve ser executada conforme o art. 50 a 52, CP, ou seja, como multa penal. O art. 51, CP diz que a multa penal não paga é executada pela Fazenda Pública na vara da Fazenda Pública.
Art. 297
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 São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos crimes de trânsito ter o condutor do veículo cometido a infração:
I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de grave dano patrimonial a terceiros; 
II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas; 
III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; 
IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria diferente da do veículo;
V - quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o transporte de passageiros ou de carga;
VI - utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou características que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo com os limites de velocidade prescritos nas especificações do fabricante;
VII - sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a pedestres.
O rol é taxativo, e, portanto, não é possível relacionar outras agravantes; possível, todavia, a aplicação de outras circunstâncias agravantes do art. 61, CP, como a reincidência, por exemplo.
Art. 298
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Ao condutor de veículo, nos casos de acidente de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.
Não é permitida a prisão em flagrante, ou mesmo a prestação de fiança, quando o condutor prestar pronto e integral socorro à vítima.
Art. 301
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Seção II: Dos Crimes em espécie
Arts. 302 a 312
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VEÍCULO AUTOMOTOR: Anexo I – CTB: todo veículo a motor de propulsão que circule por seus próprios meios, e que serve normalmente para o transporte viário de pessoas e coisas, ou para a tração viária de veículos utilizados para o transporte de pessoas e coisas. O termo compreende os veículos conectados a uma linha elétrica e que não circulam sobre trilhos (ônibus elétrico).
*Veículos que circulem por força de tração humana, animal, veículo automotor aquático ou aéreo, ciclomotor haverá homicídio culposo do CP e não do CTB.
CICLOMOTOR: Anexo I – CTB - veículo de duas ou três rodas, provido de um motor de combustão interna, cuja cilindrada não exceda a cinquenta centímetros cúbicos (3,05 polegadas cúbicas) e cuja velocidade máxima de fabricação não exceda a cinquenta quilômetros por hora.
Considerações Iniciais
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 Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:
Penas: detenção, de 02 a 04 anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Parágrafo único. No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de um terço à metade, se o agente:
I – Não possuir permissão para dirigir ou carteira de habilitação.
II – praticá-lo na faixa de pedestres ou na calçada.
III – deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente.
IV – no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.
Somente será típica, para o CTB, a conduta do sujeito que estiver na condução de veículo automotor e vier a matar a vítima.
Se o sujeito, imprudentemente, atravessa a rua, obrigando ao motociclista desviar a trajetória, que vem a sofrer queda e morrer,
ou daquele que empurra um carro desligado, que vem a atropelar e matar a vítima, nesses casos há homicídio culposo do art. 121, § 3º, do CP (pena – detenção, de 01 a 03 anos), e não a do tipo em estudo.
Art. 302
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Estão elencadas no § único do art. 302, e a pena do caput sofrerá aumento de 1/3 à metade.
1ª - Não possuir permissão para dirigir ou carteira de habilitação.
Nesse caso, fica excluída a agravante genérica do art. 298, inciso III, do CTB; fica absorvido, outrossim, o crime de falta de permissão ou habilitação para dirigir veículo (art. 309, CTB), em face do princípio da subsidiariedade.
2ª - Praticá-lo na faixa de pedestres ou na calçada.
Para a caracterização da agravante é necessário que o fato tenha ocorrido na faixa de pedestres ou na calçada, mesmo que a vítima tenha morrido em outro local. No Hospital, por exemplo.
Nesse caso, da mesma forma, fica excluída a agravante genérica do art. 298, inciso VII, CTB.
Causas de aumento de pena
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3ª - Deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente.
Nesse caso, fica absorvido o crime de omissão de socorro (art. 135, CP).
Se a vítima vier a ser socorrida por terceiros, a posição prevalente da jurisprudência é que incide o agravamento da pena, tendo em vista o descumprimento do dever de solidariedade humana por parte do condutor, muito embora haja posicionamento em contrário.
Se o condutor correr perigo de linchamento e fugir, não há a circunstância agravante, pois aí ele não tinha a possibilidade de fazê-lo sem risco pessoal.
4ª - No exercício de sua profissão ou atividade estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.
Somente é possível a aplicação ao motorista profissional (de ônibus, de caminhão, taxista, etc).
Causas de aumento de pena
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A ação penal é pública incondicionada e o rito é dos crimes apenados com detenção (art. 539, CPP).
Não é aplicável a Lei 9099/95, já que o homicídio culposo não é infração de menor potencial ofensivo (pena máxima é de 04 anos), como também o benefício da suspensão condicional do processo (art. 89), pois a pena mínima é de 02 anos.
O pai, por ação ou omissão, isto é, que tolera ou não impede que o filho conduza veículo automotor, que vem a matar culposamente a vítima, responde pelo crime, nos termos do art. 29,caput, do CP (quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade).
Ação Penal
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A compensação de culpas, como já estudado, é incabível em matéria penal, isto é, eventual culpa da vítima não compensa (não exclui) a do condutor do veículo. O condutor somente não responderá pelo crime em caso de culpa exclusiva da vítima.
Por outro lado, é possível a concorrência de culpas no Direito Penal, quando, por exemplo, ambos condutores de veículo agem culposamente na eclosão do evento (motoristas chocam seus respectivos veículos num cruzamento, cada qual agindo culposamente). Ambos respondem pelo crime.
Compensação e concorrência de culpas
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 Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:
Penas – detenção, de 06 meses a 02 anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
§ único. Aumenta-se a pena de um terço à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do parágrafo único do artigo anterior.
Como se pode notar, as elementares do tipo penal da lesão corporal culposa no trânsito são as mesmas do homicídio culposo no trânsito, com a única diferença que o resultado neste é a morte da vítima ocasionada pela conduta culposa do condutor do veículo, enquanto que naquela o eventus damni é a ofensa a integridade física do ofendido.
Conforme entendido manso e pacífico do Supremo Tribunal Federal, o crime de lesão corporal no trânsito absorve o delito de direção inabilitada (art. 309, CTB), já que aquele é delito de maior gravidade (HC nº 80.041-MG, Rel. Min. Octavio Gallotti, em 30 de maio de 2000).
Art. 303
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Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave.
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.
Art. 304
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SUJEITO ATIVO – condutor de veículo na ocasião do acidente, não culpado. É crime de mão-própria. É possível a participação de terceiros por induzimento/instigação. 
Exemplo: amigo induz o condutor a não socorrer.
Constitui bis in idem se o condutor responder pelo art. 302/303, CTB com a causa de aumento da omissão de socorro e o crime do art. 304, CTB – omissão de socorro.
Observações
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Observação ¹: OMISSÃO SUPRIDA POR TERCEIROS – essa hipótese pressupõe que houve omissão do condutor que foi suprida depois por alguém. Se os terceiros se adiantaram ao socorro, o condutor não responde pelo crime.
Observação ²: VÍTIMA COM MORTE INSTÂNTANEA – crime impossível por absoluta impropriedade do objeto, pois cadáver não pode ser vítima de omissão de socorro.
Observação ³: FERIMENTOS LEVES QUE RECLAMAM SOCORRO – se o ferimento for insignificante não se configura o crime de omissão de socorro.
Observações
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Situações
Condutor envolvidonoacidenteeculpado, que omite socorro à vítima:
Condutorenvolvidonoacidente, não culpado, que omite socorro à vítima:
Condutor não envolvido no acidente, que omite socorro:
Art. 302/303, CTB + 1/3 a1/2em razão da omissão.
Art. 304, CTB.
Art. 135, CP – omissão de socorro. Não pode aplicar o CTB já que ele não está envolvido no acidente.
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Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída.
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Com esse dispositivo, o legislador procurou obrigar o condutor do veículo a permanecer no local do acidente para facilitar a apuração de sua responsabilidade civil ou penal, muito embora o questionamento da constitucionalidade do tipo, pois ninguém tem o dever de produzir prova contra si mesmo, ou incriminar-se.
Sujeito ativo do crime é o condutor do veículo envolvido; sujeito passivo é o Estado.
Dolo genérico: vontade consciente de se afastar do locus delicti; e dolo específico: para fugir à responsabilidade penal ou civil.
Não há crime, se o condutor foge porque corria o risco de ser linchado (estado de necessidade).
Se o motorista já havia sido identificado, ou mesmo se as placas de seu veículo já haviam sido anotadas, e foge, não há o crime pela absoluta ineficácia da fuga.
O momento consumativo é o do afastamento do local do acidente, e mesmo que posteriormente o condutor venha a ser identificado, subsiste o crime.
A tentativa é possível, quando, por exemplo, o motorista tenta fugir do local e é impedido por terceiros.
Art. 305
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Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de  álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008 – Lei Seca)
Penas – detenção, de 06 meses a 03 anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
 Para a caracterização do delito é necessário que:
1o – condução de veículo automotor em via pública;
2o - ingestão, anterior ou concomitante, de substância alcoólica ou de efeitos análogos;
3o - alteração do sistema nervoso central, com redução ou modificação da função motora, da percepção ou do comportamento;
4o - afetação da capacidade de dirigir veículo automotor;
5o - condução anormal do veículo, expondo, assim a incolumidade coletiva a perigo de dano;
6o - nexo de causalidade entre a condução anormal e a ingestão
de substância alcoólica ou de efeito análogo.
Art. 306
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ANTES DA LEI 11.705
DEPOIS DA LEI 11.705
Mera influência de álcool ou substância de efeitos análogos.
Provada por:
- exame de dosagem;
-etilômetro[bafômetro] ou
- exame clínico visual dos sintomas da embriaguez.
6 ou + decigramas de álcool por litro de sangue. Provado por:
- exame de dosagem [sangue];
-etilômetro [bafômetro] – art. 2º, II, Decr. 6.488/08;
- exameclínico
Exigia perigo concreto. Crime de perigo concreto.
Não exige mais situação de perigo concreto. Crime de perigo abstrato.
# STJ HC 155.069/RS – 5ª turma – julgado em 06.04.2010.
Art. 306
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Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor imposta com fundamento neste Código:
Penas – detenção, de 06 meses a 01 ano, e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição.
§ único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar no prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a permissão para dirigir ou a carteira de habilitação.
Como se pode notar, é imprescindível, para a caracterização do delito, o trânsito em julgado da decisão, judicial ou administrativa, que impôs a proibição ao condutor.
Art. 307
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Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística não autorizada pela autoridade competente, desde que resulte dano potencial à incolumidade pública ou privada:
Penas - detenção, de seis meses a dois anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
 
 CONDUTA:
Participar de Corrida/Competição/Disputa
Exige no mínimo dois condutores. É crime plurissubjetivo ou de concurso necessário.
É crime de mão-própria e admite a participação de terceiros.
Ex: terceiro que empresta o automóvel para o racha é partícipe.
 
O Racha inclui corrida, competição ou disputa NÃO AUTORIZADA E EM VIA PÚBLICA E NA CONDUÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR, GERANDO PERIGO CONCRETO. 
 Se for em via particular não é crime. 
Ex: tomada de tempo, disputa de acrobacias, cavalo-de-pau, trafegar de automóvel em duas rodas.
OBSERVAÇÃO: Se no racha ocorrer homicídio, os infratores responderão por homicídio doloso/culposo conforme a hipótese, ficando absorvido o crime do art. 308, CTB.
Art. 308
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Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Dirigir: colocar o veículo em movimento e em tráfego.
Só para veículo automotor.
O fato deve ter ocorrido em via pública.
 
 CONCEITO DE VIA PÚBLICA
Art. 2º, CTB. São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as avenidas, os logradouros, os caminhos, as passagens, as estradas e as rodovias, que terão seu uso regulamentado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre elas, de acordo com as peculiaridades locais e as circunstâncias especiais.
Parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são consideradas vias terrestres as praias abertas à circulação pública e as vias internas pertencentes aos condomínios constituídos por unidades autônomas.
O crime ocorre se o indivíduo conduzir sem a devida habilitação, devida permissão ou com o direito de dirigir cassado.
Art. 309
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Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança.
Pena – detenção de 06 meses a 01 ano, ou multa.
A lei pune, v. g., o pai que permite que o filho dirija seu veículo, ou aquele que cede o automóvel ao colega inabilitado.
Permitir significa consentir, dar licença.
Confiar é autorizar, ceder.
Entregar significa passar às mãos de alguém.
Art. 310
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Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano:
Pena – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
I - O delito do art. 311, CTB, derrogou o art. 34, da LCP no que se refere à conduta de velocidade incompatível.
II - Se ocorrer lesão corporal culposa ou homicídio culposo, em decorrência da velocidade incompatível, o delito em estudo é absorvido pelo crime mais grave. Entretanto, há posição em sentido contrário.
III - O crime do art. 311, do CTB, absorve o de direção sem habilitação (art. 309), muito embora haja posição diversa (concurso material ou formal entre os tipos).
Art. 311
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Inovar artificiosamente, em caso de acidente automobilístico com vítima, na pendência do respectivo procedimento policial preparatório, inquérito policial ou processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir em erro o agente policial, o perito ou o juiz:
Pena – detenção, de 06 meses a 01 ano, ou multa.
Inovar significa modificar, alterar, substituir.
Artificiosamente é o engodo, a fraude, o artifício, a enganação, e, pode atingir, como o próprio tipo diz, o local do acidente, alguma coisa do local, ou mesmo a pessoa envolvida.
É imprescindível, outrossim, a ocorrência de acidente automobilístico com vítima.
A consumação se dá com a simples inovação artificiosa, mesmo que o agente policial, perito ou juiz não venham a ser enganados. Trata-se, como entende a doutrina brasileira, de crime formal.
A tentativa é possível quando, por exemplo, a conduta de inovação é iniciada, e antes de efetivada, há o impedimento por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Art. 312
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Caso Polêmico
Caso Rafael Mascarenhas
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FATO POLÊMICO
Rafael Guimarães Mascarenhas, estudante e músico de 18 anos, - filho mais novo da atriz Cissa Guimarães - faleceu no dia 20 de julho de 2010, vítima de atropelamento no Túnel Acústico da Gávea, Rio de Janeiro.
A pista estava interditada para manutenção na hora do acidente. Entretanto, não houve manutenção naquela noite. A vítima foi socorrida ainda com vida e levada para o hospital. Ele chegou a ser operado, mas faleceu.
De acordo com o Departamento de Polícia que investigou o caso, Rafael andava de skate no túnel, que estava interditado para a passagens de veículos. Segundo a CET-Rio (Companhia de Engenharia de Tráfego/Rio), a pista ficou fechada ao tráfego de 1h10 às 4h10. Todavia, de acordo com a polícia, os veículos que estavam na via não teriam furado o bloqueio. A companhia informou que dentro do túnel há uma passagem usada somente em casos de emergência, e que os motoristas dos veículos teriam usado esse local. 
Caso Rafael Mascarenhas
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Eram dois carros, um Honda Civic e um FIAT Siena, que teriam se aproveitado da interdição da pista para apostar um "racha". Um dos veículos, o Siena, atingiu Rafael Mascarenhas em alta velocidade na descida do túnel. O motorista do automóvel, Rafael de Souza Bussamra, abandonou o local e sem prestar socorro. Após o incidente, ele chegou a ser parado por uma viatura da polícia, mas foi liberado após garantir que pagaria propina aos policiais.
O atropelador, Rafael Bussamra, foi indiciado por homicídio doloso, pois há indícios de que disputava, no momento do atropelamento, um racha com Gabriel Fernandes, que dirigia o outro carro. Gabriel foi indiciado por homicídio doloso. Porém o Ministério Público não aceitou a denuncia contra Gabriel Fernandes.
Rafael Bussamra também foi indiciado pelos crimes de fraude processual, por ter levado o carro para a oficina após o atropelamento numa tentativa de encobrir provas; fuga do local e corrupção ativa. Deste último crime também foi acusado Roberto Bussamra, pai do atropelador. Os dois admitiram terem pago R$ 1 mil a dois policiais militares para encobrir a cena do acidente e evitar a prisão em flagrante. O irmão do atropelador, Guilherme Bussamra,
também foi indiciado por fraude processual, por ter ajudado o pai a levar o carro para a oficina após o atropelamento.
Caso Rafael Mascarenhas
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 TIPICIDADE
Conforme o Código de Trânsito Brasileiro, os crimes cometidos neste caso são:
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave.
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves. 
Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. 
Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística não autorizada pela autoridade competente, desde que resulte dano potencial à incolumidade pública ou privada:
Penas - detenção, de seis meses a dois anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Tipicidade
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Não restam dúvidas que os atos cometidos pelo acusado são tipificados conforme os dispositivos do Código de Trânsito Brasileiro supramencionados.
O fato de o acusado ter atropelado a vítima e fugido sem prestar o devido socorro, se encontra claramente enquadrado nos artigos 304 e 305, haja vista ter ficado configurado a tentativa de se esquivar da responsabilidade de seu ato.
 
Por fim, o fato de o acidente ter sido provocado no momento em que o acusado participava de uma disposta de carros em via pública, ou seja, de um “racha”, não resta dúvidas do enquadramento nos termos do artigo 121 do CP. Visto que mencionado anteriormente, que, se ocasionada morte durante o “racha”, implicará o delito de homicídio.
Além dos crimes dispostos no Código de Trânsito Brasileiro, Rafael Bussamra também é acusado de cometer os crimes:
Homicídio com Dolo Eventual - Dolo eventual ocorre quando se assume o risco de que o crime ocorra.
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Comentários Finais
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É fundamental demonstrar a ocorrência de dolo eventual na presente situação, sabendo que nesse caso o agente assumiu e aceitou a produção do resultado, haja vista se tratar da condução de veículo automotor em via pública, praticando racha, algo totalmente incompatível com a segurança do trânsito, pois é fato que todo condutor sabe que essas condutas no trânsito, além de proibidas, poderão ocasionar dano ou uma lesão, conforme ocorreu nesse caso concreto. 
 Corrupção ativa
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
COMENTÁRIOS: 
Além dos tipos relacionados diretamente ao acidente ocorrido, o acusado também deve ser enquadrado como corruptor ativo, em função do mesmo ter prometido vantagens aos policiais militares para que os mesmo possibilitassem a sua fuga do local do crime, ou seja, não resta dúvidas que se trata de questão de corrupção. 
Comentários Finais
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Primeiras condenações: Gabriel Fernandes e Guilherme Bussamra
Do dia 7 de dezembro de 2010, o juiz do 2º Tribunal do Júri do Rio, Paulo de Oliveira Lanzelotti Baldez, homologou a transação penal de Gabriel Fernandes e Guilherme de Souza Bussamra, acusados de, respectivamente, participação em via pública de corrida automobilística não autorizada e fraude na pendência de procedimento policial. A transação penal é um instrumento legal que cabe em crimes com pena inferior a dois anos. Assim, os réus foram condenados a pagar cestas básicas. 
O réu Gabriel Fernandes foi condenado a pagar 10 salários mínimos em espécie ou cestas básicas à Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR) e teve sua carteira de motorista suspensa pelo prazo de um ano.
Já Guilherme de Souza Bussamra, (que ajudou a esconder o carro do irmão atropelador em uma oficina), irá pagar a metade do valor em dinheiro ou cestas básicas, para mesma instituição, pois, de acordo com sua defesa, ele estaria residindo em São Paulo, o que lhe trouxe despesas, dificultando o pagamento do valor de 10 salários. A ABBR irá escolher o meio de pagamento a ser recebido.
Comentários Finais
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