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1 Material elaborado pela monitoria Leticia 2ª FASE OAB Material de Apoio – Direito Penal – Cristiano Rodrigues – Concurso de Pessoas MATERIAL DE APOIO CONCURSO DE PESSOAS 1. Teoria Monista Nosso ordenamento adotou a teoria monista temperada (art. 29, CP) para o concurso de pes- soas, pela qual todo aquele que concorre para o crime responde por esse crime, seja como coautor ou partícipe. Logo, teremos um único crime atribuído a todos os participantes que estejam em concurso de pessoas. Para que se aplique a teoria monista e reconheça o concurso de pessoas é requisito básico que haja o liame subjetivo, ou seja, o acordo de vontades entre autor, coautor e partícipe. Observação: Há certas exceções da teoria monista na parte especial do Código Penal, em que se permite imputar crimes diversos para coautores. Isto ocorre, por exemplo, no crime de aborto, em que a gestante responde pelo crime de auto-aborto, do art. 124, e seu coautor responde pelo art. 126 (aborto com consentimento). 2. Critérios Delimitadores da Autoria 2.1. Critério Restritivo: autor será apenas aquele que realizar pessoalmente a conduta típi- ca, ou seja, aquele que praticar o verbo núcleo do tipo penal. 2.2. Domínio do Fato: autor será aquele que possuir o domínio sobre os fatos, podendo alte- rar, ou mesmo impedir, a ocorrência do resultado, independentemente de realizar ou não o verbo. 3. Espécies de Autoria a) Autoria direta: ocorre quando o sujeito, possuindo domínio do fato, se vincula diretamen- te à realização do crime, seja praticando o verbo (autor executor), seja planejando a prática do crime, para que um terceiro execute a conduta, mediante o acordo de vontades. b) Autoria mediata: ocorre quando o agente que possui domínio do fato se utiliza de um ter- ceiro, que não possui o domínio do fato, para realizar a conduta, não havendo acordo de vontades e concurso de pessoas. Só responde pelo crime o autor mediato, “por detrás”; o terceiro que age sem domínio do fato é mero executor da ação, não sendo visto como autor e não respondendo pelo crime. Hipóteses: 2 Material elaborado pela monitoria Leticia (i) coação moral irresistível e obediência hierárquica (art. 22, CP) (ii) Erro determinado por terceiro (art. 20, §2º, CP) (iii) Uso de um agente inimputável para cometer o crime: c) Autoria colateral: ocorre quando dois agentes um sem saber do outro, atuam ao mesmo tempo, na mesma situação, para realizar um crime. Neste caso, como não há liame subjetivo entre e- les, não há coautoria e cada um responderá apenas por aquilo que tiver feito (Exemplo: homicídio consumado e homicídio tentado). d) Autoria colateral incerta: Ocorre quando, em uma autoria colateral, onde não há acordo de vontades e não seja possível se identificar quem deu causa ao resultado, ambos responderão pela tentativa do crime, em face do in dubio pro reo e da presunção de inocência. e) Coautoria: nada mais é do que uma autoria conjunta, em que dois ou mais agentes, cada um com domínio do fato, mediante acordo de vontades, concorrem para a prática do crime, podendo ocorrer pela divisão de tarefas, em que cada um desempenha uma função essencial para a empreitada ou ainda quando todos realizam em conjunto e com domínio do fato a conduta típica. 4. Participação É colaboração dolosa, com liame subjetivo, no fato principal do autor, de forma acessória e sem domínio do fato. Nosso ordenamento adotou a teoria da acessoriedade limitada, pela qual, para que haja res- ponsabilidade penal do partícipe, a conduta principal do autor deve ser típica e ilícita. Logo, havendo uma exclusão da ilicitude na conduta do autor, afasta-se também a responsabilidade penal do partíci- pe. 4.1. Formas de Participação 4.1.1. Participação moral a) Induzimento: é criar a vontade, a ideia de cometimento do crime na cabeça do autor. b) Instigação: é ampliar, estimular a vontade de cometer crime que o autor já possui. c) Auxílio moral: é um conselho, uma dica dada ao autor, que propicia, facilita a realização do crime. 4.1.2. Participação Material Auxílio Material: é toda ajuda concreta, no plano fático para realização do crime, como ins- trumentos, meios e modos de execução 4.2. Participação de menor importância Art. 29, §1º, CP. Apenas na participação e não na coautoria, o juiz poderá reduzir a pena de 3 Material elaborado pela monitoria Leticia um sexto a um terço quando considerar que a colaboração para empreitada criminosa foi de pequena relevância. 4.3. Cooperação dolosamente distinta Art. 29, §2º, CP. Ocorre quando o coautor ou partícipe quer colaborar para determinado crime, porém há um desvio na conduta do autor que acaba realizando outro crime, mais grave. Neste caso, o participante responderá apenas pelo crime para o qual quis contribuir, enquanto o autor responderá por tudo aquilo que fez. Se o resultado mais grave ocorrido era previsível para o coautor ou partícipe, imputa-se a ele ainda somente o crime para o qual quis colaborar, mas com a pena aumentada de até a metade. Observação: a maioria da doutrina entende que é possível se falar de coautoria em crime culposo, quando há o acordo de vontades para a realização conjunta da conduta imprudente. Porém, a participação não é admitida em crime culposo. Logo, só há participação dolosa em crimes dolosos. Observação2: nada impede a coautoria nos crimes omissivos, quando há o acordo de vonta- des para não prestar a assistência. Já a participação mo crime omissivo de outrem é possível, desde que o partícipe não tenha possibilidade de prestar a assistência e ser autor da sua própria omissão, mas interfira participando (por exemplo, instigando) na omissão alheia. Observação3: de acordo com o art. 30, CP é possível se imputar um crime próprio (Exemplo: art. 123, CP) a quem não possua as características exigidas pelo tipo quando houver coautoria ou par- ticipação, conhecendo as características pessoais do autor, respeitando, assim, a teoria monista. 4 Material elaborado pela monitoria Leticia
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