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AO JUÍZO DA 30ª VARA CÍVEL DA COMARCA SÃO PAULO CAPITAL PROCESSO N.º Zílio, já qualificado nos autos da AÇÃO DE EXECUÇÃO em epígrafe, que perante este MM. Juízo lhe é movida por Deustêmio, por intermédio de seu advogado infra-assinado apresentar a presente: IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA Em face do exequente, com base nos seguintes fundamentos fáticos e jurídicos: I)Preliminarmente: Preliminarmente, importante destacar que o juízo no qual foi proposta a presente ação de execução é absolutamente incompetente para julgar esta demanda, tendo em vista se tratar de uma sentença estrangeira que foi homologada pelo STJ, cabendo portanto exclusivamente à Justiça Federal dar prosseguimento a fase do cumprimento de sentença, conforme art. 965 CPC c/c 109 da CF/88. Assim, requer o executado que sejam remetidos os autos ao Juízo competente. Caso assim não entenda Vossa Excelência e por puro ao amor debate, requer que seja inadmitida a presente execução pelas razões a seguir. II) Dos Fatos: Deustêmio, de posse de uma sentença estrangeira condenatória contra Zílio, devidamente homologada perante o Superior Tribunal de Justiça, propõe a competente execução perante uma das Varas Cíveis da Comarca de São Paulo, local onde reside o devedor, tendo sido distribuída para a 30ª. Vara Cível. Ocorre que o bem penhorado não é da propriedade de Zílio, pois trata-se de veículo de propriedade da empresa em que ele trabalha, estando na sua posse para exercício da profissão. Além do mais, os cálculos elaborados pelo credor estão em desconformidade com o disposto na sentença. III) Do Direito: Conforme narrado acima, temos que o autor promoveu a penhora para o cumprimento da execução sobre um bem que não constitui o patrimônio do autor da dívida, e sim de um terceiro estranho (patrão do autor) a relação entre os litigantes. Importante frisar que o bem móvel aqui executado (carro), pertence ao patrão do autor, o qual permite que este utilize o carro em tempo integral permitindo inclusive que guarde-o em sua garagem, unicamente para fins de trabalho. Temos portanto, que o executado não detém a propriedade do bem mas sim a posse mansa e pacífica, constituindo-se assim um mero detentor da coisa. De acordo com as lições de Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, temos: “A detenção é uma posse degradada, juridicamente desqualificada pelo ordenamento jurídico vigente. O detentor não poderá manejar ações possessórias e nem tampouco alcançar a propriedade pela via de usucapião. O legislador entendeu que, em algumas situações, alguém possui poder fático sobre a coisa sem que sua conduta alcance repercussão jurídica, a ponto de ser negada ao detentor a tutela possessória.” Desta forma, percebemos que o autor ao promover a ação de execução e consequentemente a penhora o bem aqui discutida, incorreu em erro, devendo este Juízo revogar a penhora, haja vista que o executado não é proprietário e o art. 789, CPC, preceitua que o devedor responde com SEUS bens presentes e futuros. Ainda no que tange ao pedido de revogação da penhora, temos que esta se revela além de incorreta, excessiva, pois ao homologar a sentença estrangeira, o STJ confere a esta como sendo um título executivo judicial. Entretanto, os cálculos apresentados pelo exequente se afiguram excessivamente desproporcionais, senão vejamos: VALOR APRESENTADO VALOR DEVIDO VALOR CORRETO R$ XXXXX R$ XXXXX R$ XXXX Assim, conforme exposto na tabela acima, bem como de acordo com o art. 525, v, §§ 4º e 5º, CPC, é que se requer que seja imediatamente indeferido o pleito aurtoral. IV) Do Pedido de Efeito Suspensivo. Pede-se o efeito suspensivo do presente cumprimento de sentença. Esse pedido se dá tendo em vista que o bem erroneamente penhorado já se encontra em depósito do Juízo como garantia da execução, caso Vossa Excelência não entenda como correto os fatos aqui narrados. No que tange ao efeito suspensivo, temos que como via de regra a impugnação a execução não impede os atos executivos ou expropriatórios podendo o juiz, a requerimento do executado atribuir-lhe efeito suspensivo, uma vez que verificada os requisitos do periculum in mora e fumus boni iuris, bem como o depósito em juízo como explicitado no parágrafo anterior, conforme o §6º do art. 525, CPC. Diante do caso concreto, é nítido que a penhora realizada sobre o bem móvel (carro) do executado acarretará à este enorme prejuízo, tendo em visa que poderá perder o seu emprego que é o seu único modo de sustento e também, não constitui patrimônio do devedor legítimo desta dívida. Com isso, requer-se a este juízo que seja deferido o efeito suspensivo, para que seja suspensa a penhora sobre o bem móvel do qual Zílio é mero detentor, uma vez que tal ato é não se configurará razoável, caracterizado aqui fumus boni iuris e também possível um dano de difícil reparação configurando periculum in mora, pois este emprego é o seu único modo de sustento, pois caso o carro venha a ser expropriado isso acarretará enorme dano ao executado. V) Do Pedido. Ante o exposto, requer-se: 1 - Que seja recebida a presente impugnação de cumprimento de sentença, deferindo-se o efeito suspensivo, suspendendo-se a presente execução do título executivo judicial; 2 – Que seja acolhida a preliminar de incompetência do juízo arguida; 3 - Que seja citado o exequente pessoalmente por mandado judicial para querendo apresentar defesa; 4 - Que ao final sejam julgados procedentes os pedidos do executado para reconhecer o excesso de execução do presente cumprimento de sentença de R$ XXXXX para R$XXXXXX; 5 – Requer-se também o cancelamento da penhora recaído sobre bem que não constitui patrimônio do devedor; 6 – Que seja o autor condenado ao ônus de sucumbência e custas e taxas judiciárias. VI – Das Provas Requer que seja admitida a produção de prova oral por meio de depoimento pessoal e prova testemunhal bem como produção de prova documental e pericial. Nestes Termos Pede Deferimento Local, Data Advogado OAB
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