Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA RAFAELA ROCHA PINTO Equilíbrio líquido-líquido em sistemas ternários com Líquidos Iônicos baseados no íon amônio, incluindo a síntese e purificação dos mesmos CAMPINAS 2016 RAFAELA ROCHA PINTO Equilíbrio líquido-líquido em sistemas ternários com Líquidos Iônicos baseados no íon amônio, incluindo a síntese e purificação dos mesmos Tese apresentada à Faculdade de Engenharia Química da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Doutora em Engenharia Química. Orientadora: Profa. Dra. Roberta Ceriani Co-Orientadora: Profa. Dra. Silvana Mattedi ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELA ALUNA RAFAELA ROCHA PINTO E ORIENTADA PELA PROFª. DRª. ROBERTA CERIANI CAMPINAS 2016 Tese de Doutorado defendida por Rafaela Rocha Pinto e aprovada em 15 de fevereiro de 2016 pela banca examinadora constituída pelos doutores *: ________________________________________________ Profa. Dra. Roberta Ceriani ________________________________________________ Prof. Dr. Elias Basile Tambourgi ________________________________________________ Prof. Dr. Guilherme José Máximo ________________________________________________ Profa. Dra. Geormenny Rocha dos Santos ________________________________________________ Profa. Dra. Christianne Elisabete da Costa Rodrigues _____________________ * Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno. Dedicatória Aos meus valiosos pais, José da Silva Pinto e Gerusa Rocha Pinto, meus carinhosos irmãos, Gustavo Henrique Rocha Pinto e Bernardo José Rocha Pinto, meu dedicado namorado, Pablo Andrés Alvarez Gomez e a duas pessoas queridas que já se foram, minha sorridente e alegre amiga, Mariana Demartini e meu mestre, Martin Aznar (in memorian). Agradecimentos A Deus, por ter me iluminado nesta jornada. A minha família, por ser meu porto seguro, meu aconchego. O carinho de vocês foi a energia para seguir em frente, acreditando e buscando meus ideais. Ao meu eterno orientador, professor Martin Aznar, pelos exemplos de pessoa digna e correta. A minha dedicada orientadora, professora Roberta Ceriani, que sempre serena e disposta confiou em mim e compartilhou valiosos ensinamentos. A minha co-orientadora, professora Silvana Mattedi, pelo seu empenho em colaborar em meu aprendizado. Mesmo distante se fez muito presente. Ao meu namorado, Pablo Andrés, pelo seu carinho e compreensão. Você me ajudou a seguir em frente, dividindo a dor nos momentos tristes e multiplicando a alegria nos momentos felizes. Aos amigos que fiz no laboratório e que vou levar sempre comigo, Irede Ângela, Leonardo de Oliveira, Enio Rocha, Luis Follegatti, Amanda Cristina e Dalia Ramirez. O companheirismo de vocês me fortaleceu nesta caminhada. Ao meu querido amigo Fabrício Rocha, que esteve presente ao meu lado em diversos momentos desta etapa da minha vida. A UNICAMP e a UFBA. Instituições educacionais que me receberam e muito colaboraram, através de seus membros e instalações, para o desenvolvimento deste trabalho. A FAPESP (projeto 2011/19736-1), por acreditar em meu projeto e me ceder apoio financeiro. RESUMO Líquidos iônicos são solventes de menor impacto ambiental por apresentarem, principalmente, baixa pressão de vapor. Este estudo tem como principal objetivo a determinação de dados de equilíbrio líquido - líquido (ELL) de sistemas contendo líquido iônico (solvente) + água/metanol/etanol (soluto) + acetato de metila/etila/propila (diluente), a 25 ⁰C. Os líquidos iônicos deste trabalho são próticos, de síntese simples, baixo custo e foram sintetizados em nosso laboratório. A comprovação da formação dos sais líquidos se deu por análises de estruturas, FT-IR e RMN. Após a constatação do produto desejado, propriedades físicas e termofísicas importantes industrialmente foram determinadas. Foram determinados também volumes molares de solventes + solutos a fim de verificar o comportamento volumétrico de tais misturas binárias. O conhecimento prévio deste comportamento pode trazer uma ideia da atuação dos materiais como solvente nos sistemas ternários. Para obtenção dos dados de equilíbrio líquido - líquido foram empregadas: i) as técnicas de propriedades físicas (densidade e índice de refração) a cada ponto de névoa para construção da curva de calibração, utilizada para encontrar as composições dos componentes em equilíbrio e; ii) a técnica que utiliza também as propriedades a cada ponto de névoa complementada pela extrapolação do segmento ponto de mistura e composição rica em líquido iônico. Para sistemas contendo água ou etanol os três líquidos iônicos apresentaram capacidade de extração muito próximas, e para sistemas contendo metanol o líquido iônico de menor cadeia, 2-HEAB, apresentou maior capacidade de extração. Os dados experimentais de ELL foram modelados termodinamicamente utilizando o modelo NRTL e o método ASOG. Ambos foram capazes de descrever os dados de equilíbrio estudados com baixos desvios em relação a composição, apresentando desvios globais médios de 0,90%, NRTL, e 2,68%, ASOG. Palavras chave: líquido iônico, equilíbrio líquido-líquido, sistemas ternários, NRTL, ASOG. ABSTRACT Ionic liquids are considered less environmental impact solvents, especially for their low vapor pressure. The goal of this work was to determine liquid liquid equilibrium (LLE) data of ternary systems with ionic liquid + water / methanol / ethanol + methyl / ethyl / propyl acetate at 25 ⁰C. In this work ionic liquids are protic, with simple synthesis, and were produced in our laboratory. The measurement of properties (density and refractive index) at each cloud point was the technique used to determine the calibration curves at methanol and ethanol systems and water systems, the measurement property technique was complemented by segment extrapolations between feed point and ionic liquid rich phase, through acetate phase direction. Ionic liquids are environmentally friend solvents because of their low vapor pressure. The FT- IR and RMN analysis were used for verifying the liquid salt formation. After the intended product was formation, some important industry properties were determined. Also solvent + solute molar volume were determined aiming to verify these binary mixture volumetric behavior. In fact, previously knowledge about mixture volumetric behavior can give an ideia about the use of these materials as solvents. In water and ethanol systems the three ionic liquids presented close extraction capacities, while methanol systems the lower chain ionic liquid, 2-HEAB, presented higher extraction capacity. The NRTL model and the ASOG method were used and both presented good agreement to experimental data, with global deviations around 0.90% (NRTL) and 2.68% (ASOG). Keywords: ionic liquid, liquid-liquid equilibrium, NRTL, ASOG ÍNDICE DE FIGURAS Figura 2.1 Reação de metátese de sais de piridínio.................................................................31 Figura 2.2 Publicações relacionadas ao termo “líquido iônico” em títulos, abstract ou palavras-chave verificadas na Base Scopus, desde os primeiros relatos até atualmente (2016)........................................................................................................................................31Figura 2.3 Representação gráfica dos dados de Equilíbrio Líquido-Líquido para um sistema do Tipo I: (a) diagrama triângulo equilátero; (b) diagrama triângulo retângulo.......................42 Figura 2.4 Ideia do método de contribuição de grupo.............................................................47 Figura 3.1 Reação de neutralização ácido-base para formar líquido iônico prótico a base de etanolamina e ácido graxo.........................................................................................................52 Figura 3.2 Esquema da síntese de líquidos iônicos próticos: 1) funil de gotejamento, 2) condensador, 3) balão de 3 bocas, 4) banho de gelo.................................................................53 Figura 3.3 Esquema da purificação dos líquidos iônicos próticos...........................................54 Figura 3.4 Vista lateral da célula de equilíbrio: 1) entrada de água, 2) saída de água, 3) coletor superior, 4) coletor inferior, 5) área de armazenamento da amostra, 6) área de circulação de água, 7) septo de vedação...................................................................................59 Figura 3.5 Extrapolação da reta para determinação dos componentes em equilíbrio na fase rafinado em sistemas contendo água: (●): componentes em equilíbrio na fase solvente, (■): ponto de mistura, (______): reta entre componentes em equilíbrio na fase solvente e ponto de mistura, (-------): reta extrapolada do ponto de mistura até ponto de interseção com curva binodal da fase rafinado, (□): ponto de interseção com curva binodal da fase rafinado, (______) curva binodal. ...........................................................................................................................61 Figura 3.6 Esquema geométrico para cálculo da distância (h) entre ponto de mistura e tie line (Fonte: De Oliveira e Aznar, 2011)..........................................................................................65 Figura 4.1 Índice de refração versus tempo para formação dos líquidos iônicos: (♦): 2-HEAB; (■): 2-HEAP; (▲): 2-HEAH; (−) correlação Equações 4.1 – 4.3............................................67 Figura 4.2 Líquidos Iônicos: 2-HEAB (esquerda); 2-HEAP (centro); 2-HEAH (direita).......68 Figura 4.3 Espectroscopia de Infra Vermelho dos líquidos iônicos: butanoato de 2- hidroxietilamônio (2-HEAB); pentanoato de 2-hidroxietilamônio (2-HEAP) e hexanoato de 2- hidroxietilamônio (2-HEAH) ...................................................................................................69 Figura 4.4 RMN de Hidrogênio 2-HEAB................................................................................71 Figura 4.5 RMN de Carbono 2-HEAB....................................................................................71 Figura 4.6 RMN de Hidrogênio 2-HEAP................................................................................72 Figura 4.7 RMN de Carbono 2-HEAP.....................................................................................72 Figura 4.8 RMN de Hidrogênio 2-HEAH................................................................................73 Figura 4.9 RMN de Carbono 2-HEAH....................................................................................73 Figura 4.10 Densidade dos LI: (♦) 2-HEAB, (■) 2-HEAP e (▲) 2-HEAH, (●) 2-HEAP literatura (Iglesias et al., 2010); as linhas correspondem ao ajuste da Equação 4.4.................75 Figura 4.11 Índice de refração dos LI: (♦) 2-HEAB, (■) 2-HEAP e (▲) 2-HEAH, (●) 2- HEAP literatura (Iglesias et al., 2010); as linhas correspondem ao ajuste da Equação 4.4......76 Figura 4.12 Viscosidade dos LI: (♦) 2-HEAB, (■) 2-HEAP e (▲) 2-HEAH; as linhas correspondem ao ajuste da Equação 4.5. .................................................................................76 Figura 4.13 (a): Curvas termogravimétricas dos líquidos iônicos (♦): 2-HEAB; (■): 2-HEAP; (▲): 2-HEAH; (b): determinação da temperatura onset extrapolada.......................................79 Figura 4.14 Capacidade calorífica (♦) 2-HEAB, (■) 2-HEAP e (▲) 2-HEAH.......................82 Figura 4.15 Volume molar aparente versus fração molar de LI a 25 e 50 ⁰C: (a) 2-HEAB; (b) 2-HEAP; (c) 2-HEAH...............................................................................................................83 Figura 4.16 Volume molar de excesso versus fração molar de LI a 25 e 50 ⁰C: (a) 2-HEAB; (b) 2-HEAP; (c) 2-HEAH.........................................................................................................86 Figura 4.17 Volume molar aparente versus fração molar de LI a 25 ⁰C: (a) 2-HEAB; (b) 2- HEAP; (c) 2-HEAH..................................................................................................................88 Figura 4.18 Volume molar de excesso versus fração molar de LI a 25 ⁰C: (a) 2-HEAB; (b) 2- HEAP; (c) 2-HEAH..................................................................................................................92 Figura 4.19 Experimento de ponto de névoa; (a) sistema na região homogênea; (b) sistema após receber 1 gota do reagente titulante e entrar na região heterogênea.................................94 Figura 4.20 Desenvolvimento de experimento de ELL; (a) sistema sob forte agitação; (b) 30 minutos após término da agitação; (c) 1 hora após término da agitação; (d) 3 horas após término da agitação...................................................................................................................95 Figura 4.21 Curvas binodais em fração mássica para os sistemas: LI (1) + metanol (2) + acetato (3) a T = 25 ºC e p = 94 kPa: ◊ 2-HEAB + acetato de metila; □ 2-HEAP + acetato de metila; ∆ 2-HEAH + acetato de metila; × 2-HEAB + acetato de etila; * 2-HEAP + acetato de etila; ○ 2-HEAH + acetato de etila; +2-HEAB + acetato de propila;- 2-HEAP + acetato de propila; _ 2-HEAH + acetato de propila...................................................................................99 Figura 4.22 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAB (1) + Metanol (2) + Acetato de Metila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○): ponto de mistura ; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG.......................................................103 Figura 4.23 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAP (1) + Metanol (2) + Acetato de Metila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○): ponto de mistura ; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG.......................................................104 Figura 4.24 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAH (1) + Metanol (2) + Acetato de Metila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○):ponto de mistura ; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG.......................................................105 Figura 4.25 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAB (1) + Metanol (2) + Acetato de Etila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○): ponto de mistura ; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG...................................................................106 Figura 4.26 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAP (1) + Metanol (2) + Acetato de Etila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○):ponto de mistura ; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG...................................................................107 Figura 4.27 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAH (1) +Metanol (2) + Acetato de Etila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○): ponto de mistura ; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG...................................................................108 Figura 4.28 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAB (1) + Metanol (2) + Acetatode Propila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○): ponto de mistura ; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG.......................................................109 Figura 4.29 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAP (1) + Metanol (2) + Acetato de Propila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○): ponto de mistura ; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG......................................................................................................................................110 Figura 4.30 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAH (1) + Metanol (2) + Acetato de Propila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○): ponto de mistura ; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG.......................................................111 Figura 4.31 Curvas binodais em fração mássica para os sistemas: LI (1) + etanol (2) + acetato (3) a T = 25 ºC e p = 94 kPa: ◊ 2-HEAB + acetato de metila; □ 2-HEAP + acetato de metila; ∆ 2-HEAH + acetato de metila; × 2-HEAB + acetato de etila; * 2-HEAP + acetato de etila; ○ 2- HEAH + acetato de etila; + 2-HEAB + acetato de propila; - 2-HEAP + acetato de propila; _ 2- HEAH + acetato de propila.....................................................................................................117 Figura 4.32 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAB (1) + Etanol (2) + Acetato de Metila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○): ponto de mistura ; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG.......................................................121 Figura 4.33 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAP (1)+Etanol (2)+Acetato de Metila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○): ponto de mistura ; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG.......................................................122 Figura 4.34 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAH (1) + Etanol (2) + Acetato de Metila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○):ponto de mistura ; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG.......................................................123 Figura 4.35 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAB (1) + Etanol (2) + Acetato de Etila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○):ponto de mistura ; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG...................................................................124 Figura 4.36 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAP (1) + Etanol (2) + Acetato de Etila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○):ponto de mistura ; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG...................................................................125 Figura 4.37 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAH (1) + Etanol (2) + Acetato de Etila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○): ponto de mistura ; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG...................................................................126 Figura 4.38 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAB (1) + Etanol (2) + Acetato de Propila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○): ponto de mistura ; (x): pontos da binodal; (a): (◊): NRTL; (b): (∆): ASOG...............................................................127 Figura 4.39 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAP (1) + Etanol (2) + Acetato de Propila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○): ponto de mistura ; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG.......................................................128 Figura 4.40 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAH (1) + Etanol (2) + Acetato de Propila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○): ponto de mistura; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG.......................................................129 Figura 4.41 Representação dos sistemas tipo I e II deste trabalho: a) diagrama tipo I (líquido iônico + álcool + acetato); b) diagrama tipo II (líquido iônico + água + acetato) .................133 Figura 4.42 Curvas binodais para sistemas 2-HEAB (1) + água (2) + acetato de metila (3): (♦); acetato de etila (3): (♦); acetato de propila (3): (♦); destaque no canto superior esquerdo representa a pequena região de solubilidade na fase rica em acetato.....................................134 Figura 4.43 Curvas binodais para sistemas 2-HEAP (1) + água (2) + acetato de metila (3): (■); acetato de etila (3): (■); acetato de propila (3): (■); destaque no canto superior esquerdo representa a pequena região de solubilidade na fase rica em acetato.....................................134 Figura 4.44 Curvas binodais para sistemas 2-HEAH (1) + água (2) + acetato de metila (3): (▲); acetato de etila (3): (▲); acetato de propila (3): (▲); destaque no canto superior esquerdo representa a pequena região de solubilidade na fase rica em acetato......................135 Figura 4.45 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAB (1) +Água (2) +Acetato de Metila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○): ponto de mistura ; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG.......................................................140 Figura 4.46 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAP (1)+Água (2) +Acetato de Metila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○): ponto de mistura; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG........................................................................141 Figura 4.47 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAH (1)+Água (2) +Acetato de Metila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○): ponto de mistura ; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG.......................................................142 Figura 4.48 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAB (1) +Água (2) +Acetato de Etila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○): ponto de mistura ; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG.......................................................143 Figura 4.49 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAP (1)+Água (2)+Acetato de Etila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○): ponto de mistura ; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG........................................................................144 Figura 4.50 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAH (1)+Água (2)+Acetato de Etila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○): ponto de mistura ; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG........................................................................145 Figura 4.51 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAB (1) +Água (2) +Acetato de Propila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○): ponto de mistura ; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG.......................................................146 Figura 4.52 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAP (1) +Água (2) +Acetato de Propila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○): ponto de mistura ; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG.......................................................147 Figura 4.53 Diagrama de fases para sistemas compostos por: 2-HEAH (1) +Água (2) +Acetato de Propila (3) a 25 ºC ± 0,01 ºC; (___□): experimental; (○): ponto de mistura ; (x): pontos da binodal; (a): (---◊): NRTL; (b): (---∆): ASOG.......................................................148 Figura 4.54 Coeficientes de distribuição de água, K2, em líquidos iônicos e acetatos..........152 Figura 4.55 Coeficientes de distribuição de metanol,K2, em líquidos iônicos e acetatos.....153 Figura 4.56 Coeficientes de distribuição de etanol, K2, em líquidos iônicos e acetatos........153 Figura 4.57 Coeficientes de distribuição de diluentes, K3, em líquidos iônicos, tendo água como soluto.............................................................................................................................154 Figura 4.58 Coeficientes de distribuição de diluentes, K3, em líquidos iônicos, tendo metanol como soluto.............................................................................................................................154 Figura 4.59 Coeficientes de distribuição de diluentes, K3, em líquidos iônicos, tendo etanol como soluto.............................................................................................................................154 Figura 4.60 Seletividade (K2/K3) dos líquidos iônicos com água, a 25 ºC............................155 Figura 4.61 Seletividade (K2/K3) dos líquidos iônicos com metanol, a 25 ºC.......................155 Figura 4.62 Seletividade (K2/K3) dos líquidos iônicos com etanol, a 25 ºC..........................155 Figura 4.63 Distribuição de água entre líquido iônico (1) e acetato (3), a 25 ºC: ◊ 2-HEAB + acetato de metila; □ 2-HEAP + acetato de metila; ∆ 2-HEAH + acetato de metila; × 2-HEAB + acetato de etila; * 2-HEAP + acetato de etila; ○ 2-HEAH + acetato de etila; + 2-HEAB + acetato de propila; - 2-HEAP + acetato de propila; _ 2-HEAH + acetato de propila.............156 Figura 4.64 Distribuição de metanol entre líquido iônico (1) e acetato (3), a 25 ºC: ◊ 2-HEAB + acetato de metila; □ 2-HEAP + acetato de metila; ∆ 2-HEAH + acetato de metila; × 2- HEAB + acetato de etila; * 2-HEAP + acetato de etila; ○ 2-HEAH + acetato de etila; + 2- HEAB + acetato de propila; - 2-HEAP + acetato de propila; _ 2-HEAH + acetato de propila.....................................................................................................................................157 Figura 4.65 Distribuição de etanol entre líquido iônico (1) e acetato (3), a 25 ºC: ◊ 2-HEAB + acetato de metila; □ 2-HEAP + acetato de metila; ∆ 2-HEAH + acetato de metila; × 2-HEAB + acetato de etila; * 2-HEAP + acetato de etila; ○ 2-HEAH + acetato de etila; + 2-HEAB + acetato de propila; - 2-HEAP + acetato de propila; _ 2-HEAH + acetato de propila.............157 Figura 4.66 Percentual de extração de água a 25 ºC; ◊ 2-HEAB + acetato de metila; □ 2- HEAP + acetato de metila; ∆ 2-HEAH + acetato de metila; × 2-HEAB + acetato de etila; * 2- HEAP + acetato de etila; ○ 2-HEAH + acetato de etila; + 2-HEAB + acetato de propila; - 2- HEAP + acetato de propila; _ 2-HEAH + acetato de propila.................................................159 Figura 4.67 Percentual de extração de metanol a 25 ºC; ◊ 2-HEAB + acetato de metila; □ 2- HEAP + acetato de metila; ∆ 2-HEAH + acetato de metila; × 2-HEAB + acetato de etila; * 2- HEAP + acetato de etila; ○ 2-HEAH + acetato de etila; + 2-HEAB + acetato de propila; - 2- HEAP + acetato de propila; _ 2-HEAH + acetato de propila.................................................159 Figura 4.68 Percentual de extração de etanol a 25 ºC: ◊ 2-HEAB + acetato de metila; □ 2- HEAP + acetato de metila; ∆ 2-HEAH + acetato de metila; × 2-HEAB + acetato de etila; * 2- HEAP + acetato de etila; ○ 2-HEAH + acetato de etila; + 2-HEAB + acetato de propila; - 2- HEAP + acetato de propila; _ 2-HEAH + acetato de propila.....................................................................................................................................160 ÍNDICE DE TABELAS Tabela 2.1 Classificação dos reagentes para síntese dos líquidos iônicos, conforme o Comitê de Materiais Perigosos da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (NAS).........36 Tabela 3.1 Informações sobre os reagentes utilizados neste estudo........................................50 Tabela 3.2 Estrutura dos compostos utilizados neste trabalho.................................................51 Tabela 3.3 Valores de υk,i e υiFH dos compostos......................................................................62 Tabela 3.4 Parâmetros de interação do grupo ASOG mk/l e nk/l utilizados...........................62 Tabela 4.1 Índices de refração em intervalos de tempo da reação para formação dos líquidos iônicos.......................................................................................................................................67 Tabela 4.2 Características da frequencia de absorção dos grupos funcionais em análise de FTIR dos líquidos iônicos.........................................................................................................70 Tabela 4.3 RMN (hidrogênio e carbono) com deslocamentos químicos (ppm) dos componentes dos líquidos iônicos estudados a 25 ºC, fornecido por experimentos 2D: 1H e 13C............................................................................................................................................74 Tabela 4.4 Densidade, ρ, índice de refração, nD, viscosidade, µ, e desvio padrão, σ, dos líquidos iônicos.........................................................................................................................77 Tabela 4.5 Parâmetros ajustados das Equações 4.4 e 4.5 e desvios padrões (σpad) correlacionados entre dados experimental a calculado.............................................................78 Tabela 4.6 Temperaturas obtidas das curvas de TGA, T0 (K): temperatura de perda de 5% de massa; Ton (K): temperatura onset extrapolada; TT (K): temperatura de perda total de massa.........................................................................................................................................80 Tabela 4.7 Capacidade calorífica dos líquidos iônicos: 2-HEAB, 2-HEAP, 2-HEAH e safira (material referência) .................................................................................................................81 Tabela 4.8 Fração molar, x1, molalidade, m, densidade, ρ, volume molar aparente, Vϕ,1, volume molar de excesso, VmE de líquidos iônicos (1) + água (2) ...........................................84 Tabela 4.9 Coeficientes de Equação de Redlich-Meyer para Volume Molar Aparente de líquidos iônico + água a 25 e 50 ºC e ARD %..........................................................................85 Tabela 4.10 Coeficientes de Equação de Redlich-Kister para Volume Molar de Excesso de líquidos iônico + água a 25 e 50 ºC e ARD %..........................................................................87 Tabela 4.11 Fração molar, x1, molalidade, m, densidade, ρ, volume molar aparente, Vϕ,1 e volume molar de excesso, VmE, de líquido iônico (1) + metanol (2) a 25 ºC............................89 Tabela 4.12 Fração molar, x1, molalidade, m, densidade, ρ, volume molar aparente, Vϕ,1 e volume molar de excesso, VmE, de líquido iônico (1) + etanol (2) a 25 ºC...............................90 Tabela 4.13 Coeficientes de Equação de Redlich-Meyer para Volume Molar Aparente de líquidos iônico (1) + metanol ou etanol (2) a 25 ºC e ARD %.................................................91 Tabela 4.14 Coeficientes de Equação de Redlich-Kister para Volume Molar de Excesso de líquidos iônico (1) + metanol ou etanol (2) a 25 ºC e ARD %.................................................93 Tabela 4.15 Dados das curvas binodais: fração mássica (w), dos sistemas Líquido Iônico (1) + Metanol (2) + Acetato (3) a T = 25 ºC e p = 94 kPa..............................................................97 Tabela 4.16 Parâmetros ajustados, obtidos da Equação 4.7, para curva de calibração..........100 Tabela 4.17 Dados de ELL para sistemas: Líquido Iônico (1) + Metanol (2) + Acetato a T = 298.15 K e p = 94 kPa.............................................................................................................101Tabela 4.18 Parâmetros e coeficientes de correlação (R2) das correlações de Hand e Othmer- Tobias, para os sistemas ternários líquido iônico (1) + metanol (2) + acetato de metila/etila/propila (3) a 25 °C................................................................................................112 Tabela 4.19 Parâmetros de interação binária estimados para modelo NRTL: Metanol (1), Acetato de Metila (2), Acetato de Etila (3), Acetato de Propila (4), 2-HEAB (5) e 2-HEAP (6), 2-HEAH (7), a T = 25 ºC e p = 94 kPa............................................................................113 Tabela 4.20 Parâmetros para os pares de grupos, estimados pelo método ASOG, a T = 25 ºC e p = 94 kPa.............................................................................................................................114 Tabela 4.21 Média dos desvios médios quadráticos entre dados experimentais e calculados por NRTL e ASOG, Equação 3.7...........................................................................................114 Tabela 4.22 Dados das curvas binodais: fração mássica (w), dos sistemas Líquido Iônico (1) + Etanol (2) + Acetato (3) a T = 25 ºC e p = 94 kPa...............................................................115 Tabela 4.23 Parâmetros ajustados, obtidos da Equação 4.7, para curva de calibração..........118 Tabela 4.24 Dados de Equilíbrio Líquido-Líquido para sistemas: Líquido Iônico (1) + Etanol (2) + Acetato a T = 298.15 K e p = 94 kPa.............................................................................119 Tabela 4.25 Parâmetros e coeficientes de correlação (R2) das correlações de Hand e Othmer- Tobias, para os sistemas ternários líquido iônico (1) + etanol (2) + acetato de metila/etila/propila (3) a 25 °C................................................................................................130 Tabela 4.26 Parâmetros de interação binária estimados para modelo NRTL: Etanol (1), Acetato de Metila (2), Acetato de Etila (3), Acetato de Propila (4), 2-HEAB (5) e 2-HEAP (6), 2-HEAH (7), a T = 25 ºC e p = 94 kPa............................................................................131 Tabela 4.27 Média dos desvios médios quadráticos entre dados experimentais e calculados por NRTL e ASOG, Equação 3.7...........................................................................................132 Tabela 4.28 Dados das curvas binodais: fração mássica (w), dos sistemas Líquido Iônico (1) + Água (2) + Acetato (3) a T = 25 ºC e p = 94 kPa................................................................135 Tabela 4.29 Parâmetros ajustados, obtidos da Equação 4.7, para curva de calibração da fase rica em LI................................................................................................................................137 Tabela 4.30 Parâmetros das retas ligando pontos de mistura e pontos de equilíbrio na fase rica em LI.......................................................................................................................................138 Tabela 4.31 Dados de Equilíbrio Líquido-Líquido para sistemas: Líquido Iônico (1) + Água (2) + Acetato a T = 298.15 K e p = 94 kPa.............................................................................139 Tabela 4.32 Parâmetros e coeficientes de determinação (R2) das correlações de Hand e Othmer-Tobias, para os sistemas ternários líquido iônico (1) + água (2) + acetato de metila / etila / propila (3) a 25 °C.........................................................................................................149 Tabela 4.33 Parâmetros de interação binária estimados para modelo NRTL: Água (1), Acetato de Metila (2), Acetato de Etila (3), Acetato de Propila (4), 2-HEAB (5), 2-HEAP (6) e 2-HEAH (7) e a T = 25 ºC e p = 94 kPa...............................................................................150 Tabela 4.34 Parâmetros para os pares de grupos, estimados pelo método ASOG, a T = 25 ºC e p = 94 kPa.............................................................................................................................151 Tabela 4.35 Média dos desvios médios quadráticos entre dados experimentais e calculados por NRTL e ASOG, Equação 3.7...........................................................................................151 ÍNDICE DE EQUAÇÕES Equação 2.1.............................................................................................................................39 Equação 2.2.............................................................................................................................39 Equação 2.3.............................................................................................................................40 Equação 2.4.............................................................................................................................40 Equação 2.5.............................................................................................................................40 Equação 2.6.............................................................................................................................40 Equação 2.7.............................................................................................................................41 Equação 2.8.............................................................................................................................41 Equação 2.9.............................................................................................................................45 Equação 2.10...........................................................................................................................45 Equação 2.11...........................................................................................................................45 Equação 2.12...........................................................................................................................45 Equação 2.13...........................................................................................................................45 Equação 2.14...........................................................................................................................45 Equação 2.15...........................................................................................................................46 Equação 2.16...........................................................................................................................48 Equação 2.17...........................................................................................................................48 Equação 2.18...........................................................................................................................48 Equação 2.19...........................................................................................................................48 Equação 2.20...........................................................................................................................49 Equação 2.21...........................................................................................................................49 Equação 2.22...........................................................................................................................49 Equação 3.1.............................................................................................................................56 Equação 3.2.............................................................................................................................57 Equação 3.3.............................................................................................................................57 Equação 3.4.............................................................................................................................58Equação 3.5.............................................................................................................................58 Equação 3.6.............................................................................................................................63 Equação 3.7.............................................................................................................................63 Equação 3.8.............................................................................................................................64 Equação 3.9.............................................................................................................................64 Equação 3.10...........................................................................................................................64 Equação 3.11...........................................................................................................................65 Equação 3.12...........................................................................................................................65 Equação 3.13...........................................................................................................................65 Equação 4.1.............................................................................................................................66 Equação 4.2.............................................................................................................................66 Equação 4.3.............................................................................................................................66 Equação 4.4.............................................................................................................................78 Equação 4.5.............................................................................................................................78 Equação 4.6.............................................................................................................................78 Equação 4.7.............................................................................................................................96 LISTA DE NOMECLATURAS Letras latinas ak/l parâmetro de interação de grupo que depende da temperatura, modelo ASOG A parâmetro de ajuste Bv parâmetro empírico do volume molar aparente constH constante do teste de Hand constOT constante do teste de Othmer-Tobias D número de conjunto de dados E percentual de extração h distância entre tie - line e seu respectivo ponto de mistura K coeficiente de partição do soluto kH constante do teste de Hand kOT constante do teste de Othmer-Tobias mk/l e nk/l parâmetros de interação que dependem do grupo, modelo ASOG m molalidade M massa molar N número de componentes NG número de grupos da mistura nD Índice de refração p pressão P Parâmetro de regressão para curva de calibração para determinação das composições em equilíbrio R constante dos gases ideais R2 coeficiente de determinação S seletividade Sv parâmetro empírico do volume molar aparente T temperatura V volume x fração molar w fração mássica Letras gregas αij parâmetro de não randomicidade da mistura, modelo NRTL σ desvio µ viscosidade ρ densidade ϴ propriedade física (ρ ou nD) γ coeficiente de atividade ik ,υ átomos diferentes de hidrogênio do grupo k e molécula i FH iυ soma dos átomos da estrutura Γk, coeficiente de atividade residual do grupo k na mistura Γk (i) coeficiente de atividade residual do grupo k no composto puro i ϕ molar aparente ϕ 0 parcial molar Unidades ⁰C Graus Celsius cm centímetro g grama J Joule K Kelvin kg quilograma m metro mol mol Pa Pascal s segundo Abreviações 2-HEAB butanoato de 2-hidroxietilamônio 2-HEAP pentanoato de 2-hidroxietilamônio 2-HEAH hexanoato de 2-hidroxietilamônio ARD média do desvio relativo ASOG Analytical Solutions of Groups ASTM American Section of the International Association for Testing and Materials BASIL Biphasic Acid Scavenging Using Ionic Liquids CA Central Analítica COV Composto Orgânico Volátil DSC Digital Scan Calorimeter ELL Equilíbrio Líquido Líquido EXTRAE Laboratório de Extração, Termodinâmica Aplicada e Equilíbrio FTIR Fourier Transform Infrared Spectroscopy GECIM Grupo de Energia e Ciência dos Materiais LEF Laboratório de Equilíbrio de Fases LI Líquido Iônico LRAC Laboratório de Recursos Analíticos e de Calibração NAS National Academy Science NRTL Non Random Two Liquid ppm parte por milhão RMN Ressonância Magnética Nuclear TGA Thermogravimetric analysis UNIFAC Universal Functional Group Activity Coefficients UNIQUAC UNIversalQUAsiChemical Subscritos 0 perda inicial de massa 1 solvente 2 soluto 3 diluente abs absoluto calc calculado exp experimental i componente on onset pad padrão rel relativo t perda total de massa Sobrescritos mist mistura C parte entrópica E excesso FH Flory-Huggins G grupos R parte entálpica SUMÁRIO RESUMO ...................................................................................................................................... 7 ABSTRACT .................................................................................................................................. 8 ÍNDICE DE FIGURAS ................................................................................................................. 9 ÍNDICE DE TABELAS .............................................................................................................. 16 ÍNDICE DE EQUAÇÕES ........................................................................................................... 19 LISTA DE NOMECLATURAS ................................................................................................. 21 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 27 1.1 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 29 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................ 30 2.1 LÍQUIDOS IÔNICOS ....................................................................................................... 30 2.1.1 USO DOS LÍQUIDOS IÔNICOS COMO SOLVENTE ........................................... 32 2.1.2 SÍNTESE DOS LÍQUIDOS IÔNICOS ...................................................................... 34 2.1.3 LÍQUIDOS IÔNICOS: SOLVENTES DE MENOR IMPACTO AMBIENTAL ...... 36 2.1.4 RECUPERAÇÃO E RECICLO DOS LÍQUIDOS IÔNICOS ................................... 37 2.2 EXTRAÇÃO LÍQUIDO-LÍQUIDO ................................................................................. 37 2.3 EQUILÍBRIO LÍQUIDO-LÍQUIDO ................................................................................ 40 2.4 MODELAGEM TERMODINÂMICA ............................................................................. 43 2.4.1 NRTL ......................................................................................................................... 44 2.4.2 ASOG ......................................................................................................................... 46 3. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 50 3.1 REAGENTES .............................................................................................................50 3.2 SÍNTESE E PURIFICAÇÃO ...................................................................................... 51 3.3 CARACTERIZAÇÃO ...................................................................................................... 54 3.4 PROPRIEDADES ............................................................................................................. 55 3.5 VOLUMES MOLARES ................................................................................................... 56 3.6 EQUILÍBRIO LÍQUIDO-LÍQUIDO ................................................................................ 58 3.7 MODELAGEM TERMODINÂMICA DOS DADOS EXPERIMENTAIS ..................... 61 3.8 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS DADOS TERMODINÂMICOS ....................... 63 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 66 4.1 SÍNTESE E PURIFICAÇÃO ...................................................................................... 66 4.1.1 ANÁLISE DE ESTRUTURA ............................................................................. 69 4.2 PROPRIEDADES ....................................................................................................... 74 4.2.1 DENSIDADE, ÍNDICE DE REFRAÇÃO, VISCOSIDADE ............................. 74 4.2.2 TEMPERATURA DE DEGRADAÇÃO E CAPACIDADE CALORÍFICA ..... 79 4.3 VOLUMES MOLARES ............................................................................................. 82 4.3.1 LÍQUIDO IÔNICO + ÁGUA .................................................................................... 82 4.3.2 LÍQUIDOS IÔNICOS + METANOL/ETANOL ....................................................... 87 4.4 EQUILÍBRIO LÍQUIDO-LÍQUIDO ................................................................................ 93 4.4.1 SISTEMAS: LÍQUIDO IÔNICO + METANOL + ACETATO ................................ 97 4.4.2 SISTEMAS: LÍQUIDO IÔNICO + ETANOL + ACETATO .................................. 115 4.4.3 SISTEMAS: LÍQUIDO IÔNICO + ÁGUA + ACETATO ...................................... 132 4.5 SELETIVIDADE E EXTRAÇÃO DOS LÍQUIDOS IÔNICOS .................................... 152 5. CONCLUSÕES ................................................................................................................. 161 6. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................................ 163 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 164 APÊNDICES ............................................................................................................................. 172 APÊNDICE I ............................................................................................................................. 172 APÊNDICE II ........................................................................................................................... 176 APÊNDICE III .......................................................................................................................... 178 APÊNDICE IV .......................................................................................................................... 180 APÊNDICE V ........................................................................................................................... 182 27 1. INTRODUÇÃO Atualmente estudos objetivando desenvolver materiais que apresentem baixos impactos ambientais vem aumentado consideravelmente. Solventes tradicionais tem alta pressão de vapor, alta inflamabilidade, apresentam uma pequena faixa de estabilidade térmica e são altamente poluentes (FERREIRA et al., 2012). Observando esses aspectos, líquidos iônicos podem ser uma alternativa atrativa como material substituto de grande parte dos solventes utilizados pelas indústrias químicas, alimentícias e outras, considerando que estes apresentam aspectos antagônicos aos mencionados acima. Tais características fazem dos líquidos iônicos um produto da química verde e de menor impacto ambiental. Líquidos iônicos são capazes de dissolver uma ampla variedade de substâncias orgânicas e inorgânicas (FREIRE et al., 2011) e vem sendo utilizados como solvente em processos de separação (ÁLVAREZ et al., 2010a), polimerização (KUBISA, 2004) ou como meio de pré tratamento de biomassa (DADI et al., 2007; LEE et al., 2009), e estão recebendo consideravel atenção, devido a suas evidentes aplicações. Líquidos iônicos são sais que consistem de íons positivos e negativos, de natureza hidrofílica ou hidrofóbica. São também líquidos a temperaturas abaixo de 100 ⁰C, diferente dos sais convencionais (ÁLVAREZ et al., 2010c; IGLESIAS et al. 2010; TALAVERA- PRIETO et al., 2014), e devido ao empacotamento dos pares de íons que impede uma estrutura eletrostática ordenada, uma fase sólida não pode ser formada sob condições ambiente (COTA et al., 2007). Mesmo que o primeiro líquido iônico tenha sido reportado há mais de um século, em 1888, apenas nesta última década estudos envolvendo este tipo de material vem recebendo especial atenção. A base de dados Scopus apresenta mais de 30.000 artigos relacionados a líquidos iônicos nos últimos 10 anos. No começo das pesquisas com líquidos iônicos, estes eram um grupo de sais que se apresentavam na forma líquida, em temperatura ambiente. Agora são amplamente reconhecidos por apresentarem variação em suas propriedades, quando tratando-se de líquidos diferentes entre si, pois por serem “solventes projetáveis”, é possível ajustar suas propriedades através da escolha do cátion e do ânion (ÁLVAREZ et al., 2010c; BHATTACHARJEE et al., 28 2012). Uma vez que suas propriedades podem ser ajustadas através destas combinações de seus íons, eles podem ser ajustados a tarefas específicas (AGUIRRE et al., 2012). Apesar disso, assim como os solventes convencionais, os líquidos iônicos sempre terão aspectos negativos e positivos que deverão ser cuidadosamente analisados quando utilizados para determinado fim (ZIYADA et al., 2010). Existe uma divisão na classe dos líquidos iônicos em apróticos e próticos (IGLESIAS et al., 2010; ÁLVAREZ et al., 2010c; TALAVERA-PRIETO et al., 2014). Líquidos apróticos são amplamente mais estudados (AZNAR, 2007; CHOWDHURY et al., 2008; DE OLIVEIRA et al., 2010; ANANTHARAJ e BANERJEE., 2011; BITTNER et al., 2012), porém é possível encontrar artigos que recomendam o uso de líquidos iônicos próticos, por algumas razões como: a simplicidade na produção, baixo custo e elevada eficiência em processos (IGLESIAS et al., 2010; COTA et al., 2007; ÁLVAREZ et al., 2010c; ÁLVAREZ et al., 2011). Do ponto de vista de solvatação os líquidos iônicos próticos são interessantes pois possuem um próton permutável e são produzidos pela transferência prótica em uma reação ácido-base estequiométrica, e quando comparados aos líquidos iônicos apróticos, a maior diferença é a presença de um próton (ou prótons) capaz de promover uma extensa rede de ligações de hidrogênio (ÁLVAREZ et al., 2010c; IGLESIAS et al., 2010). Líquidos iônicos são classicamente usados como solventes em processos de extração líquido – líquido, considerando que a separação de misturas de ésteres e alcoóis é um desafio, devido a esses componentes, quando misturados, formarem azeótropos e assim de difícil destilação, logo a extração líquido – líquido se torna uma alternativa. Por exemplo, acetato de metila pode ser produzido durante a síntese de álcool polivinílico (GENDUSO et al., 2015) e usualmente solventes tradicionais, como água e etilenoglicol, são utilizados nesta separação. Fica, portanto, evidente o crescente interesse em líquidos iônicos, nos mais diversos campos, por razões ecológicas, econômicas e também por questões de eficiência, especialmentena área do equilíbrio de fases de misturas multicomponentes. O máximo de informações disponíveis é decisivo para o completo entendimento desta ampla classe de material. 29 1.1 OBJETIVOS Os objetivos específicos deste trabalho foram: ● A partir dos reagentes monoetanolamina e ácidos orgânicos (ácido butanóico, pentanóico e hexanóico) sintetizar os líquidos iônicos: butanoato de 2-hidroxietilamônio (2- HEAB), pentanoato de 2-hidroxietilamônio (2-HEAP) e hexanoato de 2-hidroxietilamônio (2- HEAH), aplicando a técnica descrita por Álvarez et al. (2010a). Após a formação dos líquidos, comprovar a formação dos sais de amônio pelas técnicas de FT-IR e RMN de hidrogênio e carbono; ● Estudar o equilíbrio líquido-líquido de sistemas ternários, envolvendo 3 solventes (líquidos iônicos), 3 solutos (água, metanol e etanol) e 3 diluentes (acetatos de metila, etila e propila). ● Realizar a modelagem termodinâmica dos dados experimentais de equilíbrio líquido-líquido utilizando modelo NRTL e método ASOG. E como objetivos secundários: ● Determinar importantes propriedades físicas dos líquidos iônicos sintetizados: densidade, índice de refração, viscosidade, temperatura de degradação térmica e capacidade calorífica; ● A partir dos dados provenientes de densidade das misturas binárias, determinar volumes molares das misturas solvente + soluto, dos sistemas referidos acima. Os compostos foram selecionados a partir dos seguintes critérios: disponibilidade de dados na literatura e relevância na área da pesquisa. O objetivo principal é contribuir com dados experimentais inéditos de ELL de sistemas ternários contendo líquidos iônicos, sendo esses sintetizados experimentalmente. 30 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 LÍQUIDOS IÔNICOS Ao se deparar com o termo, “líquido iônico”, em princípio, dois conceitos ou duas formas de compreensão podem ser consideradas: uma solução contendo íons dissociados, como por exemplo uma solução de NaCl ou sais que foram submetidos a altas temperaturas até atingirem o ponto de fusão (sabe-se que para fundir um sal tradicional são necessárias altas temperaturas, acima de 700 ºC). Assim, qualquer composto que apresente uma estrutura cristalina iônica-covalente que esteja em estado líquido, a princípio pode ser considerado um sal iônico, ou sal fundido (DUPONT et al., 2000). Entretanto, há um consenso de que o termo “líquido iônico” se refere a compostos iônicos que apresentam ponto de fusão abaixo de 100 ºC (WASSERSCHEID e KEIM, 2000). Tipicamente, esses compostos tem excelente estabilidade química e térmica, pressão de vapor desprezível, baixa viscosidade (relativa aos sais fundidos) e muitos deles são descritos como menos agressivos ao meio ambiente (ÁLVAREZ et al., 2010c; IGLESIAS et al., 2010). A combinação de diferentes cátions e ânions pode resultar em sais com pontos de fusão baixos. Os cátions dos líquidos iônicos são, geralmente, uma estrutura orgânica de grande simetria, sendo etanolamina, sulfônio, fosfônio, imidazólio e piridina, os cátions mais utilizados. Essa escolha também permite que propriedades como ponto de fusão, viscosidade e miscibilidade em outros solventes possam ser alteradas. Os ânions que formam os líquidos iônicos são geralmente compostos orgânicos (ácidos carboxílicos) ou inorgânicos, que têm uma carga negativa difusa ou protegida (CLARE et al., 2009). De acordo com Marsh e colaboradores (2004), o número de líquidos iônicos sintetizados em 2004 já ultrapassava a marca de 500. Os relatos dos primeiros líquidos iônicos não são recentes, sendo o nitrato de 2- hidroxietilamônio, que tem ponto de fusão de 52-55 ºC, descrito pela primeira vez em 1888 (GABRIEL e WEINER, 1888), e nitrato de etilamônio, com ponto de fusão de 12 °C, em 1914 (WALDEN, 1914). Na década de 1940, foi descoberto que, quando misturados cloreto de alquilpiridínio e tricloreto de alumínio, como mostrado na Figura 2.1, forma-se um sistema iônico com baixa temperatura de fusão. Este sistema apresenta uma fraca interação interiônica 31 e, por consequencia, uma baixa energia de retículo cristalino e baixa temperatura de fusão, próxima a -40 ºC (STRACKE, 2008). Figura 2.1 Reação de metátese de sais de piridínio Pesquisas com líquidos iônicos ficaram por mais de 80 anos esquecidas, resurgindo em meados dos anos 80 e ganhando maior interesse nos anos 2000, fato este que continua em expansão até os dias de hoje, como mostra a Figura 2.2, que traz o número de publicações relacionadas a líquidos iônicos, desde seus primeiros relatos. É visível que existe uma crescente percepção de que há uma grande diversidade de sais de baixo ponto de fusão, nunca antes explorados, oferecendo novas oportunidades de pesquisa. É inegável que a investigação sobre o uso de líquidos iônicos continuará a crescer. Figura 2.2 Publicações relacionadas ao termo “líquido iônico” em títulos, abstract ou palavras- chave verificadas na Base Scopus, desde os primeiros relatos até atualmente (2016) 0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000 40.000 N ú m e ro d e p u b lic a çõ e s Anos das publicações 1900-1979 1980-1999 2000-2015 32 Em março de 2003, a empresa BASF anunciou o primeiro processo industrial com o uso de um líquido iônico, o processo BASIL (Biphasic Acid Scavenging Using Ionic Liquids). O uso de líquidos iônicos como meio de reação para processos químicos rendeu à BASF o prêmio de “Inovação para o Crescimento”, de 2004. Neste processo, 1- metilimidazolio foi a base que apresentou melhor resultado na interação com o ácido clorídrico, um dos subprodutos mais encontrados nas indústrias químicas (MAASE e MASSONNE, 2009). Em 2014, o setor têxtil apresentou interesse em desenvolver pesquisas com o uso de líquidos iônicos. A Feira de Tecnologias para a Indústria Têxtil - Tecnotêxtil Brasil 2014, apresentou o trabalho de Moraes e colaboradores (MORAES et al., 2014) que aborda o uso de um líquido iônico como substituto da água, em processos de tingimento de tecidos. Processos de tingimento de tecidos gastam cerca de 125 a 150 litros de água para cada 1 quilo de tecido (MORAES et al., 2014). Líquidos iônicos próticos foram utilizados no lugar da água para o tingimento de tecidos multifibras e os resultados de intensidade colorística deste trabalho mostraram que é possível propor um processo alternativo de tingimento sem uso direto de água, o que pode ser bastante interessante no cenário atual de crise de abastecimento desse recurso natural. 2.1.1 USO DOS LÍQUIDOS IÔNICOS COMO SOLVENTE Ligações de hidrogênio, em geral, têm grande influência sobre interações solvente-soluto, provavelmente mais do que qualquer outra propriedade no solvente. Solventes que têm ligações O-H ou N-H doam prótons, e são capazes de formar ligações de hidrogênio, enquanto grande parte dos hidrogênios ligados ao carbono é muito fracamente ácida para formar ligações de hidrogênio. Solventes com constante dielétrica superior a 15 podem ser divididos em próticos e apróticos, e classificam-se como solventes próticos aqueles que são bons doadores de prótons e formam ligação de hidrogênio entre ácido e base, e como solventes apróticos aqueles que não o são (IGLESIAS et al., 2010; SANTOS et al., 2014). Sendo os líquidos 33 iônicos considerados solventes, estes também podem ser divididos entre solventes próticos ou apróticos. A volatilidade dos líquidos iônicos apróticos é considerada insignificante (MIRJAFARI et al., 2012), sendo esta uma das vantagens destes líquidos, e tem sido a justificativa para a sua caracterização como “solventes ecológicos”. Assim, têm menos chances de serem inflamáveis ou explosivos, pela distribuição aérea de seus vapores.Esta característica os mostra com uma grande vantagem frente aos compostos orgânicos voláteis (COV). Além disso, dependendo do processo, muitos líquidos iônicos podem ser reciclados e reutilizados (RENNER, 2001; VISSER et al. 2002). Os líquidos iônicos próticos se assemelham aos apróticos, na questão de baixa volatilidade, quando sua constante de dissociação, pKa, é próxima de 10 (MIRJAFARI et al., 2012). A vantagem de ser um material com baixa pressão de vapor fica ainda mais em evidência quando associado a um processo de reaproveitamento de resíduo, como é o caso da produção de álcool de segunda geração. Líquidos iônicos vêm sendo empregados como meio de pré-tratamento, realizado para facilitar a conversão de material lignocelulósico em açúcar redutor que pode ser subsequentemente convertido em bio-etanol por meio de processo de fermentação. Pré-tratamento com líquidos iônicos podem reduzir a cristalinidade da celulose e da hemicelulose e remover parcialmente a lignina sem gerar produtos de degradação, que são inibidores de enzimas ou microorganismos da fermentação (DADI et al., 2007; LEE et al., 2009). Em outro campo da engenharia química, a dessulfurização extrativa para óleo diesel, De Oliveira e colaboradores (2012) verificaram o uso de líquidos iônicos a base de metiletanolamina na separação de dibenzotiofeno de n-dodecano, e constataram resultados de percentual de extração entre 25 e 30 % para líquido iônico com ácido hexanóico em sua composição. 34 2.1.2 SÍNTESE DOS LÍQUIDOS IÔNICOS Existem dois métodos básicos para a preparação de líquidos iônicos: metátese de um sal de halóide, sendo o produto desta reação, em sua maioria, líquidos iônicos apróticos; e reação de neutralização ácido-base, geralmente produzido líquidos iônicos próticos. 2.1.2.1 Reações de metátese (Clare et al., 2009; Álvarez, 2010b) A grande maioria dos líquidos iônicos é preparada pela reação de metátese de um sal de halóide. Em geral esta reação pode formar líquidos iônicos miscíveis ou imiscíveis em água. Conhecer se há interação entre estes dois compostos é importante neste tipo de síntese, pois a reação de metátese pode gerar sub-produtos, sendo necessário uma etapa adicional de lavagem do líquido iônico. Se o produto for imiscível em água e o sub-produto residual for ácido livre a lavagem pode ser feita com água. Geralmente a solubilidade em água diminui com o aumento da cadeia carbônica do cátion. A precipitação completa de halogenetos a partir de solventes orgânicos pode também ser muito lenta e com formação de precipitados de partículas sub-microns de difícil filtragem, levando a produtos contaminados e o processo mais oneroso. O uso de água e metais nos processos de síntese de líquidos iônicos pela via de reações de metátese mostra que este é um processo que se distancia de conceitos que visam a preservação ambiental. Além disso, os líquidos iônicos são produzidos a partir de compostos orgânicos voláteis e em alguns casos são purificados com uso de COV´s. O uso destes compostos não seria um problema, quando na produção do material, os mesmos fossem todos consumidos, mas considerando que há risco para quem manipula a síntese, a ideia de não utilizar compostos orgânicos voláteis é interessante. Alguns avanços sobre a síntese de líquidos iônicos podem ser comentados, por exemplo, Messali e colaboradores (2015) produziram, em recipiente fechado, sem uso de solventes adicionais, brometo de 1-alkyl-3- butylimidazolio com uso de irradiação por 5 horas a 70 ºC. 35 2.1.2.2 Reações de neutralização ácido-base (Clare et al., 2009; Álvarezb, 2010) A síntese de líquidos iônicos próticos é relatada como simples, de baixo custo e que gera um material de alta pureza, e nos últimos anos muitos pesquisadores vem apresentando interesse em trabalhar com este material (COTA et al., 2007; ÁLVAREZ et al., 2010ª, DE OLIVEIRA et al., 2012). Sais baseados em alquilamônio são preparados pela neutralização de aminas com ácidos. Em uma reação similar, sulfonatos de tetraalquilamônio são preparados pela mistura de quantidades equimolares de ácido sulfônico e hidróxido de tetraalquilamônio, ou seja, são formados por transferência de prótons entre uma mistura equimolar de um ácido de Brønsted e de uma base de Brønsted. Presumindo que o ácido e a base estão disponíveis em um estado altamente puro, o processo de neutralização pode produzir diretamente um líquido iônico de alta pureza. Há duas questões importantes relacionadas ao preparo dos líquidos iônicos próticos: 1. Os reagentes utilizados na síntese podem ser distintamente voláteis. Uma vez que estes têm diferentes pressões de vapor, qualquer evaporação do reagente ou produto, durante a síntese, irá alterar a sua composição. Assim, esta síntese, mesmo sendo simples, necessita de cautela e controle, e deve, após finalizada, ser realizadas análises de FT-IR ou RMN do material sintetizado para fins de comprovação de estrutura. 2. As aminas primárias e secundárias podem, em princípio, formar uma amida, em vez de o sal, quando combinado com certos ácidos. Isto é especialmente problemático quando temperaturas elevadas estão envolvidas no processo. Líquidos iônicos obtidos de aminas e ácidos orgânicos ou inorgânicos são da categoria de líquidos iônicos próticos e apresentam características de baixo custo e síntese simples, o que favorece aplicações no âmbito indústria, além de serem menos agressivos ao meio ambiente (IGLESIAS et al., 2010, ÁLVAREZ et al., 2010c). 36 2.1.3 LÍQUIDOS IÔNICOS: SOLVENTES DE MENOR IMPACTO AMBIENTAL Do ponto de vista químico, que conceitua um solvente “verde” ou “amigo” do meio ambiente como aquele que tem baixa pressão de vapor, o líquido iônico pode ser enquadrado nesta categoria. No entanto, muitos líquidos iônicos são sintetizados a partir de reagentes tóxicos ou são tóxicos depois de sintetizados. Além disso, do ponto de vista “verde”, fontes renováveis sempre merecem atenção, como é o caso da pesquisa que utiliza ácido levulínico e fenol, ambos capazes de serem produzidos a partir de lignina, a fim de sintetizar LI´s de Brønsted (LIU et al., 2013). Desta forma, para o líquido iônico ser considerado realmente “verde” ele deve ser sintetizado a partir de compostos renováveis, seu produto final deve ser não–tóxico e biodegradável e apresentar baixa pressão de vapor. Cumprindo esses três requisitos, os líquidos iônicos podem ser considerados solventes “environmentally friends”. Em 1966, o Comitê de Materiais Perigosos da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (NAS), em resposta a um pedido da guarda costeira, elaborou um guia sistemático para classificar os riscos relativos de produtos químicos transportados por navios. Foram dados valores de zero a quatro para os perigos relativos aos itens fogo, saúde, poluição das águas e reatividade. Os reagentes utilizados para síntese dos líquidos iônicos deste trabalho são considerados de risco médio, conforme esta classificação (Tabela 2.1). Ressalta- se que esta classificação é da década de 60, não sendo encontrada nenhuma revisão atualizada. Tabela 2.1 Classificação dos reagentes para síntese dos líquidos iônicos, conforme o Comitê de Materiais Perigosos da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (NAS) Ácidos graxo de cadeia curta Etanolamina Parâmetros de risco Parâmetros de risco Saúde Poluição das águas Reatividade Saúde Poluição das águas Reatividade Vapor irritante 2 Toxicidade Humana 2 Outros produtos químicos 3 Vapor irritante 2 Toxicidade Humana 2 Outros produtos químicos 3 Líquido irritante 3 Toxicidade Aquática 1 Água 2 Líquido irritante 2 Toxicidade Aquática 1 Água 0 Venenoso 0 Efeito estético 2 Auto- reação 0 Venenoso2 Efeito estético 2 Auto- reação 0 Fogo 1 Fogo 1 37 O produto final produzido pelos reagentes da Tabela 2.1, líquido iônico, deve passar por análises de toxicidade para verificar se este se encaixa ou não no conceito de química verde. 2.1.4 RECUPERAÇÃO E RECICLO DOS LÍQUIDOS IÔNICOS Líquidos iônicos são compostos muito interessantes para a realização de processos de extração, mas, na verdade, pouco se comenta sobre métodos para purificá-los e ainda menos sobre purificação de líquidos à base de amônio, que são utilizados neste trabalho. Um método que visa a purificação deste produto é a centrifugação, que recupera com sucesso LI´s hidrofóbicos (BIRDWELL et al., 2006). O uso de membranas também tem sido usado para reter contaminantes que possam estar presentes em LI´s; uma vantagem deste método é que não exige substâncias auxiliares, solventes, e pode ser utilizado com uma ampla variedade de líquidos iônicos (KRÖCKEL e KRAGL, 2003). Outro tipo de operação utiliza evaporador rotativo com aplicação de vácuo, que resulta em metodologia bastante eficiente para recuperar e purificar líquidos iônicos contendo compostos de enxofre. A operação foi baseada na pressão de vapor do LI, que é mais baixa que as pressões dos outros componentes (ALONSO et al., 2007). Finalmente, purificação por contato com outro componente, como o caso da mistura acetona + etanol, para remoção de metais presentes em soluções aquosas, sendo reciclado 5 vezes, sem perder eficiência entre uma utilização e outra (VALDÉZ VERGARA et al., 2015). 2.2 EXTRAÇÃO LÍQUIDO-LÍQUIDO A extração líquido-líquido, também conhecida como extração por solvente, está baseada no princípio de que o soluto se distribui entre dois líquidos imiscíveis ou parcialmente miscíveis entre si, através do contato entre as fases. O solvente ideal para um processo de extração é aquele que tem grande afinidade para com o soluto e que seja totalmente imiscível com o diluente. O solvente ideal é normalmente inatingível. A distribuição do soluto irá depender de sua preferência por um ou outro líquido, que está 38 diretamente relacionada com sua solubilidade em cada um deles (HACKBART, 2007). Assim, os componentes desta operação unitária são: diluente (líquido do qual se deseja extrair o soluto), soluto (componente que se deseja separar do diluente), solvente (líquido com o qual se extrai o soluto), sendo as correntes de saída denominadas: fase rafinado (rica em diluente) e a fase extrato (rica em solvente). As fases devem entrar em contato da forma mais eficiente possível, pois a transferência de massa do soluto deve dar-se da solução de alimentação para a fase do solvente. Após intenso contato, as fases devem ser fisicamente separadas para a quantificação adequada do componente extraído. A intensidade de mistura depende de variáveis como a viscosidade, tensão interfacial e diferença de densidade das fases em contato. Os equipamento de extração líquido – líquido mais utilizados são misturadores/decantadores e colunas de extração, que podem ser estáticas ou agitadas. Geralmente, a corrente mais leve é introduzida no fundo da coluna e, por gravidade, entra em contato com a corrente mais pesada, inserida na parte superior. A transferência de soluto de uma fase para a outra, que se dá por difusão molecular e/ou convecção, e os conceitos do equilíbrio de fases, são todos similares no princípio àqueles encontrados na destilação e na absorção (SCHEIBEL e KARR, 1950). Quando, para tratar uma dada mistura, tanto a destilação como a extração líquido - líquido são opções viáveis, a escolha recai, normalmente, sobre a destilação. A extração por solvente pode ser uma alternativa quando a separação por destilação é difícil (caso das misturas azeotrópicas ou de volatilidade relativa próxima da unidade). É possível estabelecer um paralelismo entre extração líquido - líquido e destilação. Em ambos os casos o soluto passa da fase de alimentação (corrente líquida) para a outra fase que se adiciona ou forma no processo (líquido ou vapor, respectivamente). O agente da separação na extração é o novo líquido que se adiciona, enquanto que na destilação é o calor que se fornece ao processo, o qual dá origem a uma nova fase, desta vez vapor. Assim, a extração com uso de solvente é uma operação isotérmica enquanto na destilação há, necessariamente, variação de temperatura ao longo do processo (custos energéticos substancialmente mais elevados) (TREYBAL, 1963). A porcentagem de extração, em base mássica, de um soluto de uma solução diluente é obtida através da Equação 2.1: 39 ����çã� %� = �� � � ∗ 100 = ����������� �������� ��� ����������� ∗ 100 Equação 2.1 Sendo C composição do soluto, w fração mássica, os sobrescritos mist e raf significam mistura inicial e fase rafinado, respectivamente, e os subscritos 0 e f indicam inicial e final, respectivamente. Dados experimentais da extração do soluto entre as fases líquidas podem ser demonstrados em termos do coeficiente de distribuição (K), sendo a razão entre as composições de um dos componentes do sistema nas duas fases em equilíbrio (SANDLER, 2006). A razão entre os coeficientes de distribuição do soluto e do diluente, seletividade (S), é uma medida de eficiência do solvente, cujo valor indica o grau que o solvente solubiliza preferencialmente o soluto em relação ao diluente e pode variar com o teor dos componentes. Sendo estes valores maiores que 1 o sistema de extração de um determinado componente é possível, indicando que soluto apresenta maior preferência de interação com o solvente do que com diluente. Na Equação 2.2, K2 e K3 são os coeficientes de distribuição do soluto (2) e do diluente (3), respectivamente; w21 e w31 representam as frações mássicas do soluto e diluente na fase rica em solvente (1), respectivamente; e w23 e w33 são as frações mássicas do soluto e diluente na fase rica em diluente (3), respectivamente. ��,! = "#"$ = �#% �#$& �$% �$$& Equação 2.2 Alvarez-Guerra e colaboradores (2014) fizeram o estudo da possibilidade da reciclagem de líquido iônico utilizado em processo de separação de proteínas de sais, através de dados de coeficiente de distribuição. O processo de separação consiste em formar duas fases, uma rica em sal e outra rica em LI e a metodologia da pesquisa consistiu em verificar a quantidade de líquido iônico presente na fase rica em sal, sendo esta quantidade considerada como perda deste componente de sua fase majoritária. Os autores comentaram que quanto 40 menor o valor de K do soluto, menor a teor de líquido iônico na fase rica em sal, e desta forma conhece-se a quantidade de LI que pode ser reutilizada em etapas posteriores. 2.3 EQUILÍBRIO LÍQUIDO-LÍQUIDO Quando dois ou mais líquidos se misturam a certas condições de pressão e temperatura pode-se obter duas ou mais fases de diferentes concentrações que estão em equilíbrio termodinâmico. Este fenômeno é chamado de Equilíbrio Líquido-Líquido (SMITH et al., 2006). Para um determinado sistema, a condição de equilíbrio baseia-se em três condições de igualdade: Equilíbrio Térmico TI = TII = ... = Tpi Equação 2.3 Equilíbrio Mecânico PI = PII = ... = Ppi Equação 2.4 Equilíbrio Químico µI = µII = ... = µpi Equação 2.5 As expressões 2.3 – 2.5 estabelecem que o sistema deve ser analisado por três processos: transferência de calor, deslocamento de fronteira e transferência de massa. Estes processos acontecem, respectivamente, por gradientes das propriedades intensivas: temperatura, pressão e potencial químico. O potencial químico fornece o critério fundamental para o equilíbrio de fases, porém seu valor é muito difícil de ser encontrado.
Compartilhar