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Cristaloquímica Estudar cap. 3 Livro do Klein, C. & Dutrow, B. Cristaloquímica • O que é a cristaloquímica? É a parte da mineralogia que procura esclarecer as relações entre as propriedades físicas, a composição química e a estrutura cristalina dos minerais (arranjo espacial e ligação entre partículas) Propriedades dos minerais dependem não apenas da estrutura mas também da composição Os motivos serão: átomos, íons, grupos iônicos e eventuais moléculas Cristaloquímica • Minerais Formados por átomos, íons, moléculas calcite structure from (Crystallography365) Revisão de química • Átomo: unidade básica da matéria que mantém as características dos elementos • Consiste de um núcleo formado por prótons e nêutrons, que é cercado por uma região maior, organizada e formada por elétrons • Átomo: • Prótons – carga positiva • Nêutrons – neutro, não possui carga • Elétrons – carga negativa • Íon: cátions e ânions • Qual a diferença de um átomo e um íon? • Átomo: • Prótons – carga positiva • Nêutrons – neutro, não possui • Elétrons – carga negativa • Íon: cátions e ânions • Qual a diferença de um átomo e um íon? Todo íon é um átomo, mas nem todo átomo é um íon. • Átomo: • Prótons – carga positiva • Nêutrons – neutro, não possui • Elétrons – carga negativa • Íon: cátions e ânions • Qual a diferença de um átomo e um elemento químico? • Átomo: • Prótons – carga positiva • Nêutrons – neutro, não possui • Elétrons – carga negativa • Íon: cátions e ânions • Qual a diferença de um átomo e um elemento químico? Elemento químico é um conjunto de átomos com o mesmo número atômico. Átomo é a menor partícula de um elemento químico. • Átomo: • Prótons – carga positiva • Nêutrons – neutro • Elétrons – carga negativa • Íon: cátions e ânions • Elemento Químico Tabela Periódica • Átomos estão ordenados na tabela periódica através dos seus elétrons presentes na camada orbital mais externa (elétrons de valência) • Átomos estão organizados em ordem crescente de número atômico (Z) – número de prótons Revisão de química • Sete linhas horizontais: correspondem aos números quânticos principais (n = 1 a 7), ou camadas K a Q; • Sete linhas horizontais: correspondem aos números quânticos principais (n = 1 a 7), ou camadas K a Q; • Colunas: agrupam elementos com mesma configuração dos orbitais externos s, p e d; os casos em que f é preenchido são indicados na parte inferior, em linhas destacadas (lantanídeos e actinídios) • As colunas enumeradas em números romanos representam o número de elétrons contidos na camada mais externa do átomo • Colunas: As colunas enumeradas em números romanos representam o número de elétrons contidos na camada mais externa do átomo Revisão de química • Colunas: As colunas enumeradas em números romanos representam o número de elétrons contidos na camada mais externa do átomo Revisão de química • Raio atômico: • Colunas: raio maior em Z maior • Linhas: raio diminui com o aumento da carga negativa • Variação do raio atômico de alguns elementos mais representativos • Íon Ao contrário do átomo, os íons são partículas carregadas eletronicamente Possuem excesso ou deficiência de elétrons • Potencial de Ionização: energia necessária pra remover um elétron de um átomo neutro Revisão de química • Gases Nobres: átomos estáveis, com suas camadas orbitais completas Revisão de química • Gases Nobres: átomos perfeitos, com suas camadas orbitais completas Revisão de química Tendem a perder elétrons Revisão de química Tendem a ganhar elétrons Revisão de química Alto potencial de ionização: elementos receptores de elétrons Revisão de química Alto potencial de ionização: elementos receptores de elétrons Revisão de química • Eletronegatividade: define a capacidade de um átomo na configuração fundamental de atrair elétrons adicionais para a sua eletrosfera, procurando alcançar uma configuração eletrônica final semelhante à dos gases nobres Revisão de química Os valores de Eletronegatividade na Tabela Periódica Revisão de química Revisão de química • A Diferença de Eletronegatividade (∆E) é útil na avaliação do caráter da ligação entre dois elementos: Grande diferença = forte caráter iônico; Pequena diferença, eletronegatividades altas = caráter covalente; Pequena diferença, eletronegatividades baixas a intemediárias = ligação metálica • Ligações químicas: São as forças de atração que mantém as partículas unidas em um retículo cristalino ou em uma molécula As ligações químicas ocorrem mediante a interação dos orbitais externos, incompletos, onde se alojam os elétrons de valência dos átomos envolvidos Ocorre entre os átomos que procuram se tornar estáveis Cristaloquímica • Ligações químicas: São as ligações químicas as responsáveis por unir os átomos que formam os minerais Os tipos de ligações são diretamente responsáveis pelas propriedades físicas e químicas dos minerais Cristaloquímica • Ligações químicas: Definem grande parte das propriedades dos minerais Tipos? Cristaloquímica • Ligações químicas: Definem grande parte das propriedades dos minerais Tipos: Iônica, Covalente, Metálica, Van der Waals e Ligações de Hidrogênio Cristaloquímica • Ligações químicas: • Ligações iônica, covalente e metálica: átomos envolvidos procuram adquirir uma configuração estável com os seus respectivos orbitais de valência assemelhando-se aos orbitais completamente preenchidos dos gases nobres Cristaloquímica • Ligação Iônica: metal + não metal Um ou mais elétrons da camada de valência de um átomo são transferidos para a camada de valência do outro átomo, atingindo a configuração de um gás nobre Cristaloquímica • Ligação Iônica: metal + não metal Cristaloquímica • Ligação Iônica Cristaloquímica • Ligação Iônica • Quais os minerais mais comuns que vocês conhecem que se formam através de ligações iônicas? Cristaloquímica • Minerais formados através de ligações iônicas: • Halogenetos: São os minerais formados pelos elementos halogênios (flúor, cloro, bromo, iodo e astato), que possuem 7 elétrons na última camada orbital • Eles usualmente se combinam com cátions de baixa valência e formam minerais de alta simetria, exemplo halita • Os exemplos mais comuns dos halogenetos são halita (NaCl), silvita (KCl) e fluorita (CaF) Cristaloquímica • Minerais formados através de ligações iônicas: • Os exemplos mais comuns dos halogenetos são halita (NaCl), silvita (KCl) e fluorita (CaF2) Cristaloquímica fluorita (CaF2) • Minerais formados através de ligações iônicas: • Os exemplos maiscomuns dos halogenetos são halita (NaCl), silvita (KCl) e fluorita (CaF2) Cristaloquímica halita (NaCl) • Ligação iônica tende a ser forte • Minerais formados através de ligações iônicas: Dureza e densidade moderada Pontos de fusão não muito altos Baixa condutividade térmica e elétrica no estado sólido Alto grau de simetria Cristaloquímica • Ligação Covalente: não metal + não metal Os orbitais externos incompletos compartilham os elétrons de valência, com a sobreposição (interpenetração) destes orbitais Dois átomos com configuração parecida tentando roubar o elétron do outro, e acabam sobrepondo seus orbitais Cristaloquímica • Ligação Covalente: não metal + não metal Cristaloquímica • Ligação Covalente: não metal + não metal • Formam ligações muito fortes, resultando em minerais de alta dureza Cristaloquímica • Ligação Covalente: intensa interação entre os orbitais envolvidos • Diamante • Carbono: Z = 6 • Configuração eletrônica: 1s2 2s2 2p2 Cristaloquímica Formação dos orbitais híbridos sp3 do C no diamante: Retículo cristalino do diamante: modelo expandido • Ligação covalente: muito forte • Minerais formados através de ligações covalentes: Alta dureza; diamante: H = 10. Alta fragilidade Isolantes elétricos no estado sólido e quando fundidos; Alto ponto de fusão; Geralmente, baixa simetria; Cristaloquímica Cristaloquímica • Ligação Metálica: metal + metal • Os átomos metálicos tendem a perder elétrons (eletropositivos) e quando se unem entre si, formam uma nuvem eletrônica de elétrons liberados que ficam dispersos no retículo cristalino, sem posições fixas • Ligação com força fraca à moderada Cristaloquímica • Ligação Metálica: metal + metal • Exemplos de minerais com ligação metálica: • Elementos Nativos como o Au, Ag, Cu • Ligas metálicas (união de dois ou mais metais) ex. Bronze 90% de Cu e 10% de Sn Cristaloquímica • Ligação metálica: moderada à fraca • Minerais formados através de ligações metálicas: Alta densidade; Alta simetria (cúbica, hexagonal); Dureza (H) baixa a moderada; Alta ductibilidade, maleabilidade; Alta condutibilidade térmica e elétrica; Cristaloquímica Resumindo: Nas ligações iônica, covalente e metálica, os átomos envolvidos procuram adquirir uma configuração estável com os seus respectivos orbitais de valência assemelhando-se aos orbitais completamente preenchidos dos gases nobres. Na ligação iônica, isto é alcançado através da doação dos elétrons de valência dos cátions para os ânions – assim, ambos adquirem uma configuração eletrônica “fechada”; Na ligação covalente, os orbitais externos incompletos compartilham os elétrons de valência, com a sobreposição (interpenetração) destes orbitais; Na ligação metálica, os elétrons de valência circulam livres pela estrutura, participando temporariamente de vários orbitais incompletos. Cristaloquímica • Ligações de van der Walls e de hidrogênio • Ligações Fracas Cristaloquímica • Ligações de van der Walls • Ligação Fraca • Ligações decorrentes de cargas residuais Ligam moléculas neutras e unidades estruturais Ocorrem junto de demais ligações Cristaloquímica • Ligações de van der Walls Cristaloquímica Grafite • Retículo cristalino do Grafite Cristaloquímica Cristaloquímica • Diamante: C, Ligação Covalente • E o grafite? Porque possuem características tão diferentes? • Ligações de van der Walls Define geralmente a zona de clivagem e de baixa dureza do mineral Exemplos de minerais com essa ligação: grafite e enxofre Cristaloquímica • Ligações de hidrogênio Ligações eletrostáticas de um íon hidrogênio positivamente carregado e um íon negativamente carregado Ligação fraca, mas mais forte que a de van der Walls Cristaloquímica • Ligações de hidrogênio Ligações eletrostáticas de um íon hidrogênio positivamente carregado e um íon negativamente carregado Cristaloquímica • Ligações de hidrogênio Ligação muito comum em minerais hidratados, que possuem o grupo (OH)- na sua composição Micas, anfibólios, argilominerais Cristaloquímica • Considerando os tipos de ligações vistas anteriormente, teremos: Cristais iônicos Cristais covalentes Cristais metálicos Cristais moleculares Cristaloquímica • A maioria dos minerais são formados por uma mistura de ligações Cristaloquímica Cristaloquímica • Cristais com mais de um tipo de ligação • Grafite: Folhas de C ligadas covalente, ligações Van der Waals entre folhas Calcita: Clivagem relacionada a ligações iônicas fracas, contra fortes ligações covalentes para CO3 Klein, C. & Dutrow, B. Manual De Ciências Dos Minerais. Bookman, 716p. 2012. Referências para estudo (Mg,Fe)2SiO4 CaMgSi2O6 Mg2Si2O6 Mg3Al2(SiO4)3 Mg3(Fe,Al,Si)2(SiO4)3 Aspectos das estruturas dos cristas Estudar cap. 4 Livro do Klein, C. & Dutrow, B. Aspectos das estruturas dos cristas Arranjos de empacotamento dos átomos e íons influenciam a estrutura mineral resultante O arranjo dos átomos em uma estrutura cristalina depende não somente do íon, da carga e do tipo de ligação química entre os átomos, mas também do tamanho dos átomos e íons Aspectos das estruturas dos cristas Lembrar que ânions e cátions possuem diferentes tamanhos Unidos através de ligações químicas, vão tentar preencher o espaço do modo mais eficiente possível Exemplos da relação de tamanho entre átomos e íons: Para melhor entender o empacotamento... • Em uma estrutura cristalina, cada átomo ou íon será cercado por outros átomos ou íons • Os íons (ânions e cátions) comportam-se como esferas redondas, cuja distribuição no retículo é função das suas relações de tamanho em um empacotamento o mais econômico possível em espaço Princípios de Goldschmidt e Laves: Os átomos de uma estrutura cristalina procuram arranjar-se: a) ocupando o espaço da maneira mais eficiente possível; b) buscando uma configuraçãoa mais simétrica possível; c) procurando o número de coordenação mais alto possível, i.e. interagindo com o maior número possível de átomos vizinhos. Para melhor entender o empacotamento... Metais Cristais metálicos formados por ligações metálicas Os átomos possuem o mesmo tamanho Para melhor entender o empacotamento... Metais Cristais metálicos formados por ligações metálicas Os átomos possuem o mesmo tamanho Esses átomos vão se arranjar ordenadamente para ocupar todos os espaços vazios Empacotamento de tangerinas de mesmo tamanho em um plano Empacotamento de laranjas de mesmo tamanho tridimensionalmente Existem dois arranjos de empacotamento primário: Empacotamento Hexagonal Fechado (EHF) Empacotamento Cúbico Fechado (ECF) Vão ocorrer em átomos de mesmo tamanho (cristais metálicos principalmente) Esferas iguais Arranjo Hexagonal: 6 vizinhos próximos no plano Dois tipos de vazio Note vazios nas quais os átomos da próxima camada se assentarão Esferas iguais Átomos vermelhos só podem se assentar em um tipo de vazio Quando o primeiro se assenta, só são ocupados outros vazios do mesmo tipo Camada 1 Sítios A Camada 2 Sítios B Camada 3 pode agora ocupar sítios A (diretamente acima dos átomos amarelos) ou sítios tipo C (acima dos vazios de ambas as camadas A e B) Se ocupa sítio tipo A o ordenamento de camadas se torna A-B-A-B e cria um empacotamento hexagonal fechado (EHF) Número de coordenação (vizinhos próximos), N.C. = 12 6 coplanares 3 acima do plano 3 abaixo do plano EHF Se ocupa sítio tipo A o ordenamento de camadas se torna A-B-A-B e cria um empacotamento hexagonal fechado (EHF) Número de coordenação (vizinhos próximos), N.C. = 12 6 coplanares 3 acima do plano 3 abaixo do plano EHF Se ocupa sítio tipo A o ordenamento de camadas se torna A-B-A-B e cria um empacotamento hexagonal fechado (EHF) Número de coordenação (vizinhos próximos), N.C. = 12 6 coplanares 3 acima do plano 3 abaixo do plano EHF Se ocupa sítio tipo A o ordenamento de camadas se torna A-B-A-B e cria um empacotamento hexagonal fechado (EHF) Número de coordenação (vizinhos próximos), N.C. = 12 6 coplanares 3 acima do plano 3 abaixo do plano EHF Se ocupa sítio tipo A o ordenamento de camadas se torna A-B-A-B e cria um empacotamento hexagonal fechado (EHF) Número de coordenação (vizinhos próximos), N.C. = 12 6 coplanares 3 acima do plano 3 abaixo do plano EHF Se ocupa sítio tipo A o ordenamento de camadas se torna A-B-A-B e cria um empacotamento hexagonal fechado (EHF) Número de coordenação (vizinhos próximos), N.C. = 12 6 coplanares 3 acima do plano 3 abaixo do plano EHF Se ocupa sítio tipo A o ordenamento de camadas se torna A-B-A-B e cria um empacotamento hexagonal fechado (EHF) Número de coordenação (vizinhos próximos), N.C. = 12 6 coplanares 3 acima do plano 3 abaixo do plano EHF Se ocupa sítio tipo A o ordenamento de camadas se torna A-B-A-B e cria um empacotamento hexagonal fechado (EHF) Número de coordenação (vizinhos próximos), N.C. = 12 6 coplanares 3 acima do plano 3 abaixo do plano EHF Alternativamente podemos colocar a terceira camada nos sítios tipo C (acima dos vazios em ambas as camadas A e B) Terceira camada: Se ocupa sítios tipo C o ordenamento de camadas é A-B-C- A-B-C e cria um empacotamento cúbico fechado (ECF) Átomos da camada azul estão acima dos vazios entre átomos nas camadas A e B ECF Terceira camada: Se ocupa sítios tipo C o ordenamento de camadas é A-B-C- A-B-C e cria um empacotamento cúbico fechado (ECF) Átomos da camada azul estão acima dos vazios entre átomos nas camadas A e B ECF Terceira camada: Se ocupa sítios tipo C o ordenamento de camadas é A-B-C- A-B-C e cria um empacotamento cúbico fechado (ECF) Átomos da camada azul estão acima dos vazios entre átomos nas camadas A e B ECF Terceira camada: Se ocupa sítios tipo C o ordenamento de camadas é A-B-C- A-B-C e cria um empacotamento cúbico fechado (ECF) Átomos da camada azul estão acima dos vazios entre átomos nas camadas A e B ECF Terceira camada: Se ocupa sítios tipo C o ordenamento de camadas é A-B-C- A-B-C e cria um empacotamento cúbico fechado (ECF) Átomos da camada azul estão acima dos vazios entre átomos nas camadas A e B ECF Vista lateral mostra a cela unitária cúbica de face centrada resultante. ECF ECF Arranjos de empacotamento primário: Serão apenas 2 arranjos fechados: Empacotamento Hexagonal Fechado Empacotamento Cúbico Fechado Em ambos os arranjos de empacotamento fechado, cada esfera fica em contato com outras 12 esferas 12 átomos vizinhos = Número de coordenação 12 Em ambos os arranjos de empacotamento fechado, cada esfera fica em contato com outras 12 esferas 12 átomos vizinhos = Número de coordenação 12 • Átomos devem ter tamanhos iguais • Elementos nativos • Au, Ag, Cu = ECF (cristais metálicos) Mas os minerais não são formados apenas de átomos iguais e de mesmo tamanho! Mas os minerais não são formados apenas de átomos iguais e de mesmo tamanho! Os espaços vazios podem acomodar átomos menores Mas os minerais não são formados apenas de átomos iguais e de mesmo tamanho! Os espaços vazios podem acomodar átomos menores Cristais Iônicos: constituídos por cátions (carga +, tamanho <) e ânions (carga -, tamanho >) que possuem diferentes tamanhos Mas quais os átomos (cátions) que podem preencher os espaços vazios em um empacotamento formado por cátions e ânions de diferentes tamanhos? E quais são os vizinhos mais próximos desses átomos? (N.C) Linus Pauling resolveu essas questões! As estruturas dos cristais com forte caráter iônico podem ser descritas através das Regras de Pauling, elaboradas pelo químico Linus Pauling (1901 – 1994), prêmio Nobel de Química em 1954 Regras de Pauling Estas regras funcionam melhor para retículos cristalinos com amplo predomínio da ligação iônica, mas podem ser utilizadas, com as devidas precauções, também para retículos cristalinos com ligações intermediárias entre iônicas e covalentes (exemplo: silicatos). Simplificando, cátions e ânions são considerados como esferas rígidas de tamanho variável. Estas esferas podem ser empacotadas, tangenciando-se em padrões os maissimétricos e mais compactos possíveis. Regras de Pauling 1ª Regra de Pauling: O princípio da coordenação “Um poliedro de coordenação de ânions se forma ao redor de cada cátion; a distânica cátion-ânion é determinada pela soma dos raios, e o número de coordenação do cátion é determinado pela razão entre os raios (raio do cátion / raio do ânion – RA/RX)”. Ou seja: quando a diferença de tamanho entre cátion e ânion é grande (cátion muito pequeno, ânion grande), o número de ânions que poderá coordenar o cátion central será reduzido; quanto menor a diferença de tamanho, maior será o número de coordenação (NC - número de ânions tangenciando o cátion). Quando RA/RX < 0,15: NC = 2 Raro ocorrer em cristais iônicos. Mas pode ocorrer no grupo UO2 e NO2 1ª Regra de Pauling: O princípio da coordenação Coordenação 2 Quando 0,15 < RA/RX < 0,22: NC = 3 Poliedro: triângulo plano Comum em minerais que possuem os grupos CO3 1ª Regra de Pauling: O princípio da coordenação 1ª Regra de Pauling: O princípio da coordenação Coordenação 3 Quando 0,22 < RA/RX < 0,41: NC = 4 Poliedro: tetraedro Grupo SiO4 nos silicatos, estrutura da esfarelita ZnS e do diamante 1ª Regra de Pauling: O princípio da coordenação Coordenação 4 Quando 0,41 < RA/RX < 0,73: NC = 6 Poliedro: octaedro Comum na halita, na relação de Ca e O da calcita, e inúmeros outros cátions em silicatos 1ª Regra de Pauling: O princípio da coordenação Coordenação 6 Exemplo de cristal iônico: NaCl – Na entre 6 ânions Cl (NC = 6) 1ª Regra de Pauling: O princípio da coordenação Coordenação 8 Quando 0,73 < RA/RX < 1,00: NC = 8 Poliedro: cubo Encontrado no sítio cristalográfico M4 dos piroxênios. Costuma abrigar cátions grandes como Ca2+ e Na2+ Exemplo de cristal iônico: CaF2 – Ca 2+ entre 8 ânions F- (NC = 8) CaF2 –F - entre 4 Ca2+ (NC = 4) (tetraedro) 1ª Regra de Pauling: O princípio da coordenação Coordenação 12 Quando RA/RX ~ 1,00: NC = 12 Poliedro: cuboctaedro Quando os cátions e ânions possuem tamanhos iguais Cristais Metálicos Os íons ou átomos, devido seus tamanhos e empacotamento na estrutura do cristal, vão estar localizados em determinados sítios cristalográficos. Estes sítios normalmente são designados em termos do número de coordenação ou poliedro de coordenação Ex.: Nos silicatos, o Si é cercado por 4 oxigênios em coordenação tetraédrica = Sítio tetraédrico. Poliedro de Coordenação O oxigênio (O2-) é o ânion mais comum em poliedros de coordenação. Os princípios de coordenação explicam os grupos aniônicos Exemplos: –com C4+ em coordenação triangular (NC = 3) origina (CO3) 2- –com S6+ em coordenação tetraédrica (NC = 4) origina (SO4) 2- –com Si4+ em coordenação tetraédrica (NC = 4) origina (SiO4) 4- Regras de Pauling 2ª Regra de Pauling: Princípio da valência eletrostática “Em uma estrutura cristalina estável, a força total das ligações de valência que alcançam um ânion a partir de todos os cátions vizinhos é igual à carga do ânion”. Ou seja: a carga de um determinado íon deve ser totalmente neutralizada pelos íons de carga oposta que o coordenam (cátion pelos ânions, ânion pelos cátions). Isto resulta na neutralidade eletrônica do retículo como um todo. Para compreendermos esta regra vamos definir valência eletrostática (v.e.): v.e. = carga do íon/N.C. Exemplo: NaCl: RNa 1+ = 0,97Å , RCl 1- = 1,81Å RNa 1+/ RCl 1- = 0,54, NC = 6, o poliedro é octaédrico Qual v.e.? 2ª Regra de Pauling: O princípio de valência eletrostática NaCl possui v.e.= 1.6 Em torno de cada Na1+ haverá 6 Cl1- Cada um gastará 1/6 de sua carga para neutralizar a carga do cátion central; O mesmo para o cada Cl1- será coordenado por 6 Na1+, onde cada qual gastará 1/6 de sua carga para neutralizar a carga do ânion central. 2ª Regra de Pauling: O princípio de valência eletrostática Na estrutura do NaCl, todas as ligações são de mesma intensidade: trata-se de uma estrutura isodésmica Força de ligação uniforme CaF2 Ca2+, N.C=8, v.e=2/8=1/4 Os oito ânions de F- se distribuem com ¼ de carga para netralizar o Ca No caso do F-, com coordenação 4, o Ca se distribui com ¼ de carga também, mas formando um tetraedro 2ª Regra de Pauling: O princípio de valência eletrostática Força de ligação uniforme 2ª Regra de Pauling: O princípio de valência eletrostática (CO3)-2 C: RC 4+ = 0,20Å, O: RO 2- = 1,40Å RC 4+/ RO 2- = 0,16 , NC = 3 v.e=4/3= 1 + 1/ 3 (atenção: ligação covalente!) Cada O2- irá neutralizar 1 + 1/3 da carga do C4+ central, ou seja: sobram 2/3 de sua carga. Portanto, estes ânions de oxigênio não terão carga suficiente para participar de outro poliedro [CO3] 2-. 2ª Regra de Pauling: O princípio de valência eletrostática (CO3) -2 C: RC 4+ = 0,20Å - O: RO 2- = 1,40Å RC 4+/ RO 2- = 0,16 , NC = 3 v.e=4/3= 1 + 1/ 3 (atenção: ligação covalente!) Cada O2- irá neutralizar 1 + 1/3 da carga do C4+ central, ou seja: sobram 2/3 de sua carga. Portanto, estes ânions de oxigênio não terão carga suficiente para participar de outro poliedro [CO3] 2-. Neste caso, haverá ligações com intensidade distinta no retículo: as ligações entre C e O (covalentes, mais intensas) e entre a carga residual dos ânions O, neutralizando outros cátions com NC maior, como Ca2+, Mg2+, Fe2+, etc – a estrutura será anisodésmica, i.e. terá ligações de intensidades diferentes. Força de ligação não uniforme 2ª Regra de Pauling: O princípio de valência eletrostática estrutura será anisodésmica, i.e. terá ligações de intensidades diferentes. Esta regra explica a existência dos radicais aniônicos, que são unidades destacadas, com uma “forte personalidade própria” nos retículos cristalinos. Exemplos: [CO3] 2-, [NO3] 1-, [SiO4] 4-, [SO4] 2-, [WO4] 2-, etc Em alguns casos, os ânions que coordenam um cátion central gastam metade de sua carga para neutralizar este cátion; exemplo é o radical aniônico [SiO4] 4- RSi 4+ = 0,42Å e: RO 2- = 1,40Å RSi 4+/ RO 2- = 0,30, NC = 4 v.e= 4/4= 1 2ª Regra de Pauling: O princípio de valência eletrostática [SiO4] 4- RSi 4+ = 0,42Å e: RO 2- = 1,40Å RSi 4+/ RO 2- = 0,30, NC = 4 Cada um dos 4 oxigênios que coordena o Si central gastará metade da sua carga para neutralizar este cátion. Estrutura mesodésmica. O O-2 poderá utilizar a metade restante de sua carga para participar de um radical aniônico semelhante, unido ao anterior pelo vértice. Isto permitirá o desenvolvimento de estruturas extensas de tetraedros de Si-O, ou seja, haverá polimerização. 2ª Regra de Pauling: O princípio de valência eletrostática Padrões de polimerização dos tetraedros [SiO4] -4 Regras de Pauling 3ª Regra de Pauling: Compartilhamento de elementos poliédricos I “A existência de arestas e faces comuns a dois poliedros aniônicos em uma estrutura coordenada, diminui a estabilidade das estruturas iônicas”. Ou seja: Isto se deveà maior proximidade dos núcleos dos átomos, que se repelem com uma intensidade exponencial inversa a distância entre eles. Este efeito é mais intenso quando o cátion central dos poliedros for pequeno (NC reduzido) e tiver carga alta. 3ª Regra de Pauling: Compartilhamento de poliedros No caso de poliedros tetraédricos, quando compartilham arestas a distância entre os cátions diminui para 58% de quando os compartilhavam vêrtices, e para 33% de quando compartilham faces. Nos octaédricos, estes valores são 71% e 58%, respectivamente. Regras de Pauling 4ª Regra de Pauling: Compartilhamento de elementos poliédricos II “Em um cristal contendo diferentes cátions, aqueles de alta valência e com número de coordenação pequeno tendem a não compartilhar elementos poliédricos entre si”. Ou seja: Em uma estrutura contendo tipos diversos de cátions, aqueles com valência elevada e número de coordenação pequeno tendem a não compartilhar arestas, vêrtices e muito menos faces de seus poliedros entre si. Cátions com valência elevada e número de coordenação pequeno tendem a não compartilhar arestas, vêrtices e muito menos faces de seus poliedros entre si. Quando acabam por compartilhar, as arestas ou faces compartilhadas se contraem, e os cátions se deslocam do centro do poliedro, afastando-se do elemento compartilhado 4ª Regra de Pauling: Compartilhamento de poliedros Regras de Pauling 5ª Regra de Pauling: O princípio da parcimônia “O número de tipos essencialmente diferentes de constituintes em um cristal tende a ser pequeno”. Ou seja: Em estruturas cristalinas, há poucos tipos de posições catiônicas (poliedros de coordenação) e aniônicas (ex. octaédrica, tetraédrica). Em estruturas de composição variada, íons diversos, de tamanho não muito diferente entre si, tendem a ocupar o mesmo tipo de sítio estrutural, e assim podem ser considerados, para alguns efeitos, como um mesmo tipo de constituinte. 5ª Regra de Pauling: O princípio da parcimônia Resumo a 5ª regra: São poucos os diferentes tipos de sítios onde ficam os cátions e os ânions em um cristal. Assim diferentes elementos podem ocupar sítios similares. Isso significa que em estruturas cristalinas com composição química complexa, vários íons diferentes podem ocupar o mesmo sítio. Esses íons serão considerados como um mesmo constituinte, que ocasionará o fenômeno da solução sólida, presentes em diversos minerais. 5ª Regra de Pauling: O princípio da parcimônia Exemplo: Anfibólio Fórmula química geral do anfibólio: A0-1B2C5T8O22(OH,F)2 A= sítio octaédrico A B= sítio octaédrico ou cúbico distorcido M4 C= sítio octaédrico M1, M2 e M3 T= sítio tetraédrico T Os cátions mais comuns que ocupam cada sítio são: A= Na, K (átomos e íons grandes) B ou M4= Na, Ca, Mg e Fe2+ , Mn e Li C ou M1, M2 e M3= Mg, Fe2+ , Al e Fe3+ , Ti, Cr, Zn T= Si e Al OH pode ser substituído também por F e Cl 5ª Regra de Pauling: O princípio da parcimônia Figura do DHZ, Terceira edição, Estrutura do Amfibólio 5ª Regra de Pauling: O princípio da parcimônia Figura do DHZ, Terceira edição, Estrutura do Amfibólio Então, como se dá a substituição de um cátion por outro nos cristais? Seguem as regras de V.M. Goldschmidt Dois cátions podem se substituir em uma estrutura cristalina se: • a diferença entre os seus raios iônicos for menor que 15%; • eles tiverem mesma carga, ou se a diferença de cargas for compensada por outra substituição em outro sítio da estrutura; • eles formarem ligações de caráter similar em relação a eletronegatividade. Íons cuja substituição é comum
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