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I Os B e h a v i o r i s m o s E m um primeiro trabalho acadêmico (Costa, 1995), já se fa zia presente a preocupação de demarcar o fato de que não se pode falar em nom e do Behaviorism o sem m encionar a qu al tipo de Behaviorism o está se referindo, uma vez que existem diferenças sig nificativas entre os seus vários modelos. Os mais conhecidos no meio acadêmico são os representados por Watson, o Clássico, e por Skinner, o Radical. Entretanto, há, ainda, o Behaviorismo Mediacional, representado principalmente por Tolman e Hull, o Behaviorism o Teleológico, representado por Rachlin e o Interbehaviorismo, que tem a figura de Kantor como representante. C om o as d iscu ssõ es n este liv ro estarão p au tad as no Behaviorism o de Skinner, sendo necessário também esclarecer sobre determ inados aspectos do Behaviorismo Clássico e do Behaviorismo M ediacional, este capítulo se propõe a caracterizar cada um destes modelos, a partir das concepções de comportamento e ambiente, de paradigma adotado, de modelo causal e de visão de homem. Behaviorismo Clássico de John Watson Inaugurado com a publicação do artigo Psychology as the behaviorist views it, em 1913 (Watson, 1913), o Behaviorismo surge em contraposição às psicologias m entalistas então dominantes (Matos, 1997). Antes de seu surgimento, os psicólogos estavam voltados para o estudo da mente ou da consciência humana, adotando como méto do a introspecção. 1 Com o comportamentalismo, pelapmneira vez, os estudos psicológicos “deram as costas” à experiência imediata. Tudo aquilo que faz parte da experiência subjetwa individualizada deixa de ter lugar na ciência, seja por que não tem importância, seja porque não é acessível aos métodos objetivos da ciência (Figueiredo e Santi, 1997, pp. 66-67). Assim, considera-se que o Behaviorismo foi um marco na história da psicologia, na medida em que delimitou como objeto de estudo o comportamento e buscou introduzir métodos com patíveis com aqueles das ciências naturais (Chiesa, 1994). Para isso, W atson rejeitou toda e qualquer referência a processos mentais em sua pro posta de ciência psicológica. W atson (1924/1970) escreveu; "V am os nos limitar a coisas que podem ser observadas, e formular leis apenas para aquelas coisas. Agora, o que podemos observar? Nós podem os observar o comportamento — o que o organismo faz ou diz” (p. 6). O comportamento, na concepção de Watson, referia-se basica m ente às mudanças observadas no organismo, em especial, às m udan ças nos sistemas glandular e motor, decorrentes de algum estím ulo ambiental antecedente. Em função da ênfase nas respostas glandulares e motoras, o Behaviorismo de W atson é denominado por alguns autores de M uscle-twitch Psychology (Psicologia da C ontração M uscular) (Kitchener, 1977). Por outro lado, a despeito da interpretação dc que as explicações de Watson seriam meramente fisiológicas, ele é enfático em fazer a diferença. [A] Fisiologia está particularmente interessada no funcionamento de partes do animal.... [O] Behauiorismo,, por outro Indo, enquanto estâ in tensivamente interessado no funcionamento de todas estas partes, estâ intrinsecamente interessudo no que o animal como um todo fareí de m a nhã até à noite e de noite até tie manhã (Watson 1924/1970, p. 11), E acrescenta: "Em outras palavras, a resposta na qual o behaviorista está interessado é a resposta com um à pergunta "o que ele está fazendo e por que está fazendo?" (Watson 1924/1970, p. 15). Desta maneira, conclui-se que W atson estava interessado no com por tamento enquanto um fenômeno molar — no sentido de um "conjunto de movimentos integrados" - porém, para estudá-lo, considerava ne cessário decompô-lo em partes mais simples (Kitchener, 1977). Para Watson, todos os comportamentos são reflexos, uma vez que consistem "d e respostas eliciadas por estímulos7' (Zuriff, 1986, p. 692). Deste modo, o paradigma adotado por ele para explicar os com p ortam entos foi o parad igm a p av lov ian o S-R . Em d eco rrên cia d isto , o B eh av iorism o w atso n ian o tam b ém é co n h ecid o com o Behaviorismo Clássico ou "Psicologia S-R" (Chiesa, 1994; Moore, 1995a, 1996; Matos, 1997). Um estímulo consiste em qualquer objeto no ambiente ou mu dança no próprio corpo do organismo (contrações musculares, palpita- 2 çoes e outras)1. Já a resposta diz respeito ao que o organismo faz, classi ficada como externa (explícita) e interna (implícita) (Watson 1924/1970). Ao usar o modelo explicativo S-R, no qual um evento antece dente é a causa do comportamento, W atson assume uma concepção mecanicista de explicação comportamental. M ecanicista no sentido de que a causa é necessariamente um evento anterior que produz, assim, um efeito 0upiassu e M arcondes, 1993). Outra denominação dada ao Behaviorismo de W atson foi Behaviorismo Metodológico. Tal denominação está relacionada com a opção metodológica de W atson, ou seja, quando ele abandonou o estudo da vida mental, o fez por uma limitação de método e não por considerar que os processos mentais inexistissem 2. Nas palavras de Chiesa (1994): [Watson argumentou] ... que o estudo da vida mental, consciência, sensações, e assim por diante não estava levando a psicologia a ne nhum lugar e deveria ser abandonado provisoriamente, em favor da concentração na pesquisa comportamental, até o desenvolvimento de métodos mais capazes de irradiar alguma luz sobre estes processos. Princípios do comportamento deveriam ser aplicados de maneira ci entífica, sem referência a estados mentais, até a psicologia avançar como uma ciência natural (p. 184). Uma implicação que se origina desta posição de Watson re fere-se à manutenção da concepção dualista de homem. Tanto para as psicologias tradicionais quanto para o Behaviorismo watsoniano, exis tem processos internos que diferem dos comportamentais quanto à natureza: os primeiros são mentais (subjetivos) e os segundos são físi cos (objetivos) (Chiesa, 1994). Sintetizando: o Behaviorismo é definido por W atson (1970) como "um a ciência natural que se encarrega de toda a área do ajusta mento hum ano" (p. 11), cujos objetivos consistem em prever e controlar o comportamento. Dentre suas principais características, estão: tomar como objeto de estudo o comportamento publicamente observável; igno 1 Esta noção de ambiente envoivend o também o que se passa no interior do organismo é particularmente importante em urna proposta behaviorísta, em função da possibilidade de aceitação da causalidade m tem a. Afinal, se todos os comportamentos são reflexos, dado o estímulo (externo ou interno) a res posta ocorrerá. A diferença desta interpretação para as dem ais interpretações intemalistas residiria no fato de que a natureza do inttm o, neste contexto, é físico e não mental. Contudo, isto é apenas uma suposição que precisaria ser melhor investigada. Assim, a proposição de que W atson é extemalista, com respeito às suas explicações com portam entais, será mantida. 1 Existem posições divergentes em relação a denominar Watson de behaviorista metodológico. Hayes e Hayes (1992), por exemplo, o consideram um behaviorista metafísico. Entretanto, a argumentação dada pelos autores que o consideram com o representante do Behaviorismo Metodológico é uma argum entação justificável. Note, por exemplo, a afirm ação de Zettle e Hayes (1982) de que "o Behaviorism o M etodológico (com o um a posição filosófica) tem enfatizado que, por razões metodológicas, apenas o com portam ento publicamente observável pode ser considerado como cientificamente admissível" (p. 75). lista caracterização do Behaviorismo Metodológico é a mesma que é feita para o Behaviorismo de Watson. 3 rar os fenômenos mentais; utilizar procedimentos objetivos para estu dar o comportamento e explicar todos oscom portamentos através do paradigma S-R (Matos, 1997). Após esta fase inicial da chamada revolução behaviorista, di versas críticas foram feitas a esta nova proposta de psicologia, dentre as quais a de que era mecanicista, simplista e desumanizadora. Entre tanto, talvez a principal crítica tenha sido a de que as explicações behavioristas eram inadequadas e limitadas, já que nem todo compor tamento poderia ser explicado por conexões S-R (Moore, 1995a, 1996). Em conseqüência disto, na tentativa de explicar alguns pro blemas que o Behaviorismo de Watson não explicava satisfatoriamente, "os psicólogos reintroduziram os fenômenos mentais nas explicações na forma de variáveis mediacionais 'organísm icas'" (Moore, 1995b, p. 59). E sta nova fase da re v o lu çã o b e h a v io r is ta , ro tu la d a de Neobehaviorismo Mediacional, teve início entre o final da década de 1920 e o com eço da década de 1930 (Moore, 1995a, 1996), tendo den tre seus representantes Tolman e Hull. Neobehaviorismos Mediacion&is de Tolman e Hull O N eobehaviorism o M ediacional de Tolm an, conhecido como Behaviorismo Intencional, teve seus fundamentos lançados em 1932, com o livro Purposive behaviorin animal and men (cf. Carrara, 1998). Um pressuposto básico do Neobehaviorismo de Tolman é o da intencionalidade do comportamento. Para ele, todo organism o se comporta para alcançar um objetivo, um alvo determinado (Zuriff, 1985). Assim, o comportamento persiste ''até o objetivo ser alcança- do" (Kitchener, 1977, p. 37). O comportamento, na concepção de Tolman, era um fenôm e no emergente por possuir em si mesmo propriedades que o descrevem e definem - propriedades estas não reduzíveis à fisiologia - motivo pelo qual é denominado de m olar (Kitchener, 1977; Smith, 1989; Carrara, 1998). A defesa da intencionalidade do comportamento, aliada ao fato de ser um representante da teoria S-O-R, permite que Tolm an seja considerado um precursor de algumas teorias cognitivistas. Isto porque o enunciado S-O -R evidencia um a posição m ediacional e intemalista quanto à determinação do comportamento, o que consis te em um aspecto característico de teorias cognitivistas. O enunciado S-O-R significa que entre o estímulo e a res posta existe um conjunto de eventos ocorrendo no organism o, que são os verdadeiros determ inantes do fenôm eno com portam ental (Zuriff, 1985). 4 Os eventos mediacionais, designados por Tolman (1938), como variáveis intervenientes, foram concebidos "com o construtos adicionais, os quais cada ciência considera útil criar e introduzir como passo explicativo entre as variáveis independentes, de um lado, e as variáveis dependentes finais, de outro" (p. 229). Em outras palavras, define-se uma variável interveniente como aquela que conecta as variáveis inde pendentes e dependentes (Zuriff, 1985)3. Tolm an categorizou as variáveis intervenientes em três gru pos: a) sistema de necessidades, que diz respeito ao estado de priva ção ou impulso; b) matriz de crença-valores (variável cognitiva), que se refere a hierarquias de expectativas aprendidas sobre estím ulos do ambiente e suas funções na relação com o comportamento e c) espaço comportamental, o qual pode ser entendido como o contexto em que o comportamento ocorre (Carrara, 1998). De acordo com Tolm an (1948), o processo de aprendizagem envolve a construção de m apas cognitivos do ambiente, que se for mam no cérebro dos organismos. Estes mapas representam relações estímulo-estímulo (S-S) ou as expectativas dos organismos "do que leva ao que..." (Zuriff, 1985, p. 254). Dito de outro modo, os mapas cognitivos são construídos a partir da relação organismo-meio, através de cone xões entre estímulos ambientais e expectativas do organismo (evento m ediador que funciona como um estímulo), constituindo-se em guia para o comportamento dos organismos em situações posteriores. Dá-se o nome de gestalts-sinais (sign-gestalts) aos processos cognitivos que inte gram as relações aprendidas entre as pistas do ambiente e as expectati vas do organismo, ou seja, um mapa cognitivo seria um padrão d e gestalts sinais (Cabral e Nick, 1997). Outro ponto importante no sistema de Tolman refere-se à acei tação de processos mentais. Neste sentido, ele afirma que: O behaviorismo a ser apresentado aqui sustentará que os processos men tais são mais utilmente concebidos como apenas aspectos dinâmicos, ou determinantes, do comportamento. Eles são variáveis funcionais que intermedeiam equações causais entre estímulo ambiental e estados fisio lógicos iniciais..., de um lado, e comportamento final público, de outro (Tolman, 1932, conforme citado por Zuriff, 1985, p. 207). Em outro momento, Tolman (1959) conclui que, ao iniciar o seu sistem a behaviorista, o que "realm ente estava fazendo era tentar reescrever uma Psicologia m entalista de senso comum... em termos behavioristas operacionais" (conforme citado por Carrara, 1998, p. 62). A publicação do livro Principies o f Behavior, no ano de 1943, marca o surgim ento de outro tipo de N eobehaviorism o S-O -R - o Neobehaviorismo de Clark Hull (Chiesa, 1994). 3 Fm 1948, MacCorqodale e Meehl (1948) propuseram um a diferenciação entre variáveis intervenientes e construtos hipotéticos. Adiante, tratar-se-á desta distinção. 5 Hull, à semelhança de Tolman, faz uso das variáveis mediacionais para explicar o comportamento. Contudo, seu uso é diferenciado. Na litera tura, dentre os exemplos de construtos mediacionais postulados por Hull, encontram-se o drive, a inibição condicionada, a reação de fadiga, a interação neural aferente e o fator de oscilação (Chiesa, 1994), sendo que os cinco construtos considerados principais no Neobehaviorismo hulliano são: for ça do hábito, reação potencial, inibição, oscilação do potendaí de reação e princípio ou limiar de reação (Tumer, 1965). As variáveis mediacionais do sistema de Hull são variáveis essencialmente intra-organísmicas, no sentido de que possuem um ca ráter neurofisiológico (Chiesa, 1994). Como representantes do Neobehaviorismo Mediacional, para Tolman e Hull o ambiente é apenas o iniciador da cadeia S-O-R, caben do aos mediadores a função de " causas reais" do comportamento. C ontrapondo-se o N eobehaviorism o de H ull com o de 1 olman, nota-se que apesar de serem classificados como mediacionais e intem alistas, apresentam diferenças significativas. Tolman e Hull concebiam o comportamento como um fenô meno molar, entretanto, para Hull, rtiolar significava m acroscópico e não envolvia as propriedades de propósito e cognição postuladas por Tolman (Kitchener, 1977). Enquanto Tolman recorreu a conceitos mentais em sua ex plicação do comportamento, de acordo com Zuriff (1985), Hull rejei tou a função explicativa destes conceitos. Possivelmente por isto, Hull trabalhava com as variáveis mediacionais entendendo-as apenas como variáveis intra-organísmicas e não recorreu a conceitos cognitivos como intenção, representação, expectativa e crença (Chiesa, 1994). Isto evidencia que uma concepção mediacional e intemalista quanto à determinação do comportamento pode não ser suficiente para definir uma abordagem como cognitiva. M ais que isso, uma visão cognitiva requer a introdução das cognições como fatores determinantes para o fenômeno comportamental. Por cognição entende-se a postulação de processos que ocorrem no interior dos organismos, como memória, percepção, inteligência, pensamento, crenças etc., mas que não se con fundem com suas condições anátomo-fisiológicas. Tolman e Hull possuem concepções diferenciadas em relação à mediação. Enquanto para Tolman a natureza da mediação era mais pro priamente cognitiva, Hull a considerava como neurofisiológica. Mesmo as variáveis intra-organísmicas postuladas por Tolman referem-se à pró pria fisiologiado organismo de uma forma genérica. Ele não falava em processos e estruturas neurais, mas sim de estados de privação e condi ções endócrinas, demonstrando claramente sua ênfase nas variáveis cognitivas. Porém, deve ficar claro que tanto Tolman como Hull utilíza- 6 vam termos referentes a processos que não podiam ser de nenhum modo observados (MacCorquodale e Meehl, 1948). Hm decorrência da distinção feita anteriormente, Tolm an se gue a linha watsoniana de manutenção do dualismo e Hull é considera do representante do monismo, por não utilizar termos que se referem a processos ou entidades não-físicas. Em resumo, o Neobehaviorismo de Tolman é considerado um Behaviorismo Cognitivo, uma vez que enfatiza o papel das variáveis cognitivas na explicação do com portam ento dos organism os. Em contrapartida, apesar de Hull tam bém ser mediacionista e internalista no que se refere à explicação do comportamento, seu m odelo não é cognitivista, pois recorre à neurofisiologia do organism o (em algu mas circunstâncias de modo m eram ente especulativo) para explicar o fenômeno comportamental. Na tentativa de recuperar "o ambiente, como instância privi legiada onde o cientista busca variáveis e condições das quais o com portamento é função" (Matos, 1997, p. 59), um novo tipo de Behaviorismo é inaugurado por B. F. S k in n er- o Behaviorismo Radical. Behaviorismo Radical de B. F. Skinner Em bora o m odelo behaviorista de Skinner venha sendo construído a partir da década de 30, é apenas em 1945, com a publica ção do artigo intitulado The operational analysis o f psychological terms (Terms), que Skinner distingue seu Behaviorismo dos demais (Andery, 1993; Tourinho, 1995). Skinner (1963) define o Behaviorismo como a filosofia da ciên cia do comportamento, pois consiste em um conjunto de reflexões sobre o objeto de estudo, temas e métodos da psicologia e da ciência do com portamento (Costa, 1997). A denominação Behaviorismo Radical possui o significado de anti-mentalista (Lopes, 1993), ou seja, Skinner é radical por negar a existência de fenômenos cuja natureza não seja física, por exemplo, mente e cognição (Matos, 1997). Por negar a existência de tais fenômenos, a visão de homem skinneriana é monista — o organismo é uno e interage em sua totalidade com o ambiente. No Behaviorismo Radical, o comportamento é definido como a relação entre o organismo e o ambiente (Skinner, 1938) e, neste sentido, busca identificar o contexto em que cada resposta foi estabelecida e se mantém assim como sua função no ambiente. E, diferentemente do que su sten tav a W atson, para Skin n er, g rand e p arte do rep ertó rio comportamental humano é operante e não reflexo. O operante é definido como uma classe de respostas cuja probabilidade de ocorrência é função de suas conseqüências (Skinner, 1953/1965). 7 O paradigma utilizado por Skinner para explicar o comporta m ento operante consistiu na tríplice contingência, Sd-R-Sr, na qual o Sd refere-se ao estímulo discriminativo que sinaliza a ocasião para o refor ço; o R ,a resposta e o S r,oestím ulo reforçador. Assim, "um a formulação adequada da interação entre um organismo e seu ambiente deve sempre especificar três coisas: (1) a ocasião em que a resposta ocorre/ (2) a pró pria resposta, (3) as conseqüências reforçadoras" (Skinner, 1969, p. 7, grifo acrescentado). Ao mudar a unidade de análise, Skinner modificou também a noção de causa. Enquanto nos m odelos behavioristas clássico e m ediacional existia uma relação mecânica de causa e efeito, o modelo causal adotado por Skinner é selecionista; são as conseqüências pro duzidas pelo comportamento que atuam selecionando este. Nas palavras de Chiesa (1994), "behavioristas radicais ado tam um modelo causal que não exige fornecer ligações entre um evento e outro; ele não é linear e não pressupõe contiguidade no espaço e no tem po" (p. 116). Uma explicação mecânica, em contrapartida, procura sempre um mecanismo para explicar a realidade e a explica de forma independente da existência dos indivíduos (Michelleto, 1997). A rea lidade, para o mecanicismo, em função de se form a[r] por uma sucessão de interações mecânicas faz supor a necessidade constante de urna matéria através da qual o efeito pudes se se propagar e a necessidade de um princípio de explicação sempre baseado em um mecanismo. Para eventos em que não se podia obser var uma relação causal espacial ou temporal imediata, muitas vezes se tornava necessária a elaboração de conceitos baseados em interpre tações ou especulações para garantir a conexão do sistema, de causas (Michelleto, 1997, p. 32). De forma semelhante a Watson, Skinner considera ambiente qualquer parte do mundo externo e interno que afete o indivíduo. Mais especificamente, ambiente seria qualquer parte do universo ao qual o in d iv íd u o resp ond e d iscrim in ativ am en te (Sk inner, 1953/ 1965; Tourinho, 1997a). De forma sintética, o Behaviorismo Radical caracteriza-se, so bretudo, por ser a filosofia da ciência do comportamento que delimita o comportamento enquanto objeto de estudo em si mesmo, considera que a maioria dos comportamentos humanos é operante, adota o paradigma Sd-R-Sr, explica o comportamento sem recorrer a nenhum tipo de media dor tal como o sistema nervoso ou cognições e defende uma concepção monista de homem (Chiesa, 1994). As distinções entre os Behaviorism os apresentadas neste capítulo servirão de suporte para a caracterização do modelo de in tervenção analítico-comporta mental a ser feita no capítulo seguinte. 8
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