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Crime Ambiental Complementado

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Crime Ambiental 
 O direito ambiental é regido por princípios próprios, a Constituição Federal de 1988 dispõe em seu artigo 225 Caput. “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para os presentes e futuras gerações.” Mas apenas isso não era o suficiente, assim em 1998 foi criada a lei 9605/98 de Crimes Ambientais.
 A Lei de Crimes Ambientais nº 9.605/1998, considerada como de fundamental evolução por trazer ao cidadão mecanismos quando da proteção da vida através das sanções penais ambientais, dispõe ainda de sanções administrativas, provindas das condutas e atividades lesivas ao meio ambiente (FIORILLO, 2003, p. 376).
Conceito
 São considerados crimes ambientais toda e qualquer ação que causar poluição de qualquer natureza que resulte ou possa resultar em danos à saúde ou que provoque a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora.
Apesar de para muitos ainda persistir a equivocada concepção de que preservar o meio ambiente é proteger somente a fauna e a flora, contemporaneamente, o meio ambiente, enquanto bem jurídico constitucionalmente tutelado pode ser enquadrado sob cinco prismas diferenciados:
Meio ambiente natural cuida dos recursos naturais, interações com a atmosfera, águas, solo, subsolo, elementos da biosfera, a fauna, a flora e a zona costeira. (Lei 6.938/81). Biosfera: conjunto de regiões da Terra onde existe vida. 
Meio ambiente artificial construído pela ação humana, transformando os espaços
naturais em espaços urbanos. (Art. 21, XX; 182 e segs. e 225 CF/88).
Meio ambiente cultural relacionado com os bens da natureza material e imaterial, os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
Meio ambiente do trabalho protege o homem em seu local de trabalho mediante observância às normas de segurança. (Art. 7º, XXII; 200, VII e VIII CF/88) e o patrimônio genético.
E é esse conceito amplo de meio ambiente que deve ser considerado para os fins da Lei Ambiental Penal. Para os fins de proteção penal, portanto, meio ambiente é mais do que dispõe o art. 3º, I, da Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981), pois a tutela estabelecida na Lei Ambiental Penal (Lei 9.605/98) abrange, também, lesões ao meio ambiente cultural (p. ex., o crime previsto no art. 62:“Destruir, inutilizar ou deteriorar: I – bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial; II – arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial”) e artificial (p. ex., o art. 65: “Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano”). 
O meio ambiente é bem transindividual, sendo difusos os seus titulares. Pode ser, no entanto, que a conduta praticada ofenda, além do meio ambiente, outro bem jurídico, de titularidade determinada. Nesse caso, o terceiro lesado também é sujeito passivo, não apenas de forma difusa – por ser co-titular do bem jurídico meio ambiente –, mas especificamente com relação ao seu direito ou interesse que foi prejudicado pela ação delitiva. Se a ação criminosa, além de caracterizar delito ambiental, também configura outro crime (como furto ou dano, por exemplo), caberá a responsabilização do agente por ambas as espécies delitivas (o crime ambiental e o que atinge outro bem jurídico), aplicando-se as regras relativas ao concurso de crimes. 
Sistema Constitucional de Meio Ambiente:
A Constituição Federal estrutura a proteção ao meio ambiente de forma difusa, atribuindo ao Poder Público e à sociedade o dever de preservá-lo. É o que dispõe o seu art. 225, caput:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
A expressão Poder Público é genérica. Abrange os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e estende-se nos âmbitos federal, estadual e municipal. Essa corresponsabilidade é traçada de forma clara nos arts. 23, III, IV, VI, VII e IX (atribuição administrativa comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, para licenciar e fiscalizar), 24, VI, VII e VIII, da Constituição Federal (competência legislativa concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal), e 30, I, II, VIII e IX (competências administrativa e legislativa dos Municípios). Portanto, todas as esferas o Poder Legislativo (Federal, Estaduais e Municipais) podem legislar sobre proteção ambiental. Da mesma forma, todas as esferas do Poder Executivo (Federal, Estaduais e Municipais) têm atribuição para aplicar as normas de proteção ambiental, mesmo as editadas por outra esfera de governo. Por exemplo: o Município, no exercício do poder
de polícia ambiental, pode efetuar autuação com fundamento no descumprimento de norma de proteção ambiental contida em resolução do CONAMA - Órgão federal – ou em lei estadual.
Infere-se, ainda, da Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81), que a competência para editar normas de proteção ambiental (portanto, competência normativa) dos Estados e dos Municípios é suplementar e complementar à da União, podendo estes entes federativos, ainda, estabelecer padrões relacionados com o meio ambiente, observados os padrões fixados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA (art. 6º, §§ 1º e 2º). Esse dispositivo deve ser lido em consonância com o art. 24, VI, VII e VIII, da Constituição Federal, que estabelece competência concorrente para legislar sobre meio ambiente, de forma que à União cabe apenas legislar sobre normas gerais, cabendo o restante da competência legislativa aos Estados e ao Distrito Federal. Deve-se levar em conta, ainda, o art. 30, II, da CF, que atribui aos Municípios a competência para suplementar a legislação federal e estadual, no que couber. Suplementar significa acrescentar, de forma que as municipalidades não podem editar normas que contravenham, direta ou indiretamente, a legislação federal e estadual. Podem, sim, criar normas próprias, que fortaleçam as normas de proteção ambiental já editadas pela União ou pelo Estado. Pode-se concluir que, no que respeita ao meio ambiente, ao invés da rígida repartição de competências, a Constituição Federal estabelece uma peculiar forma de relacionamento entre os entes da federação, criando um sistema nacional de proteção ao meio ambiente, que articula e obriga todo o Poder Público, de forma dinâmica, através de competências comuns, concorrentes e suplementares.
Competência 
 Para julgar as contravenções penais a competência será sempre da Justiça Estadual. Segundo Súmula 38 do STJ: ‘’Compete a Justiça Estadual comum, na vigência da Constituição de 1998, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesses da União ou de suas entidades. ’’
  Em razão da matéria, tratando-se de ação penal pública, o processo e o julgamento dos crimes e contravenções perpetrados contra o ambiente, como regra, são de atribuição da Justiça Estadual e da Justiça Federal. Segundo Súmula 122 do STJ: ‘’Compete a Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, a, do Código de Processo Penal. ’’
 O professor Roberto Rosas, esclarece a respeito da súmula 122: ‘’A competência especial fixada na Constituição para a Justiça Federal dá-lhe a condição especial sobre competência geral (estadual) no julgamento de crimes conexos, infração penal em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, e crime comum de julgamento pela Justiça Estadual (súmula 38 do STJ)’’.
Competência Estadual:
O Decreto Estadual 44.844/2008dispõe em seu Art. 1º que compete Ao Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM, ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CERH, à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - SEMAD, à Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM, ao Instituto Estadual de Florestas - IEF e ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas - IGAM a aplicação das Leis nº 7.772, de 8 de setembro de 1980, nº 14.309, de 19 de junho de 2002, nº 14.181, de 17 de janeiro de 2002 e da Lei nº 13.199, de 29 de janeiro de 1999, deste Decreto e das normas deles decorrentes, no âmbito de suas respectivas competências. 
A Lei Delegada Estadual nº 125, de 25 de janeiro de 2007 (Publicação - Diário Oficial da União – 26/01/2007)(Retificação - Diário Oficial da União – 30/01/2007) dispõe sobre a estrutura orgânica básica da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - SEMAD - e dá outras providências.
1[2] A Lei Estadual nº 7.772, de 8 de setembro de 1980 (Publicação - Diário do Executivo - "Minas Gerais" - 09/09/1980)dispõe sobre a proteção, conservação e melhoria do meio ambiente.
1[3] A Lei Estadual nº 14.309, de 19 de junho de 2002 (Publicação - Diário Do Executivo - Minas Gerais - 20/06/2002) dispõe sobre as políticas florestal e de proteção à biodiversidade no Estado.
1[4] A Lei nº 14.184, de 30 de janeiro de 2002 (Publicação - Diário do Executivo - "Minas Gerais" - 01/02/2002) dispõe sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Estadual. 
 Princípios 
O Princípio da Insignificância.
 A teoria do Princípio da Insignificância objetiva excluir do âmbito de aplicação da lei penal as condutas que são irrelevantes e que não gerem danos expressivos que atinjam o bem jurídico tutelado pela norma A insignificância esta presente nas questões ambientais, em que a repercussão da conduta fosse de pequenas proporções.
 Cabe destacar que a aplicação do princípio da insignificância aos crimes ambientais não significa a impunidade do agente que praticou a conduta, tendo em vista que o mesmo deverá ser responsabilizado por meio de imposição de sanção administrativa em decorrência do ato lesivo ou pelo dever de reparar o impacto ambiental gerado. Além disso, deve ser destacado que no que tange à preservação do meio ambiente, o Direito Penal tem pouco a concretamente contribuir, uma vez que os mecanismos que efetivamente podem atuar de forma preventiva cabem a instâncias que extrapolam o âmbito do próprio direito.
O direito penal ambiental é um dos ramos do direito penal. No entanto, embora esteja estritamente vinculado aos princípios penais, recebe o influxo de um conjunto de princípios novos, porém consolidados, sobre os quais se ergue o direito ambiental. O sistema que resulta da reunião destes princípios confere características peculiares ao direito penal ambiental.
Princípio da precaução: encontra-se dentre os mais importantes fundamentos do direito ambiental, com definição na Conferência da Terra (ECO 92), Princípio 15, nos seguintes termos:
Princípio 15. Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para
prevenir a degradação ambiental.
Pelo princípio da precaução tem-se que a mera incerteza acerca da possibilidade de degradação ambiental, ocasionada por um empreendimento ou nova tecnologia, deve ser interpretada em favor do meio ambiente, de forma que o empreendimento somente poderá ser instalado ou a tecnologia utilizada após a confirmação segura de que sua implementação não causará um risco que não possa ser dominado. Graças a esse Princípio, a disponibilização de certos produtos é por muitas vezes criticada pelos vários segmentos sociais e o próprio Poder Público, como aconteceu no recente episódio dos transgênicos, já que não foi feito o EPIA (Estudo Prévio de Impacto Ambiental), exigência constitucional que busca avaliar os efeitos e a viabilidade da implementação
de determinado projeto que possa causar alguma implicação ambiental.
Princípio da prevenção: Por ele, a tutela jurídica do meio ambiente deve operar tão logo surja o risco de lesão, de forma a evitar que a degradação venha a se efetivar. Sua justificativa se encontra no fato de que a degradação ambiental é dificilmente reparável.
Trata-se de princípio ambiental consagrado universalmente, conforme ensina Paulo Affonso Leme Machado (2002, p. 71): Essas Convenções apontam para a necessidade de prever, prevenir e evitar na origem as transformações prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente. Todos esses comportamentos dependem de uma atitude do ser humano de estar atento ao seu meio ambiente e não agir sem prévia avaliação das consequências. Tal princípio encontra-se, assim como o princípio da precaução, impregnado na Lei Ambiental Penal que, por isso, contém grande número de tipos de perigo.
Princípio do desenvolvimento sustentável: constata-se que os recursos ambientais não inesgotáveis, tornando-se inadmissível que as atividades econômicas desenvolvam-se alheias a esse fato. Busca-se com isso a coexistência harmônica entre economia e meio ambiente. Permite-se desenvolvimento, mas de forma sustentável, planejada, para que os recursos hoje existentes não se esgotem ou tornem-se inócuos. Dessa forma, o princípio do desenvolvimento sustentável tem por conteúdo a manutenção das bases vitais da produção e reprodução do homem e de suas atividades, garantindo igualmente uma relação satisfatória entre os homens e destes com seu ambiente, para que futuras gerações também tenham oportunidade de desfrutar os mesmos recursos. 
Princípio do poluidor pagador: Segundo o professor Celson Antônio Pacheco Fiorillo, (2010, p.88) este princípio reclama atenção e não traz consigo como indicativo “pagar para poder poluir”, “poluir mediante pagamento”. Não se podem buscar através dele formas de contornar a reparação do dano, estabelecendo-se uma liceidade para o ato poluidor, como se alguém pudesse afirmar: “poluo, mas pago”. Dito isso, num primeiro momento, impõe-se ao poluidor o dever de arcar com as despesas de prevenção dos danos ao meio ambiente que a sua atividade possa ocasionar. Cabe a ele o ônus de utilizar instrumentos necessários à prevenção dos danos. Numa segunda órbita de alcance, esclarece este principio que, ocorrendo danos ao meio ambiente em razão da atividade desenvolvida, o poluidor será o responsável pela sua reparação.
O Supremo Tribunal Federal teve a oportunidade de enfrentar o tema indicando o posicionamento do novel Professor na ação de Inconstitucionalidade 3.378-6 DF julgada em abril de 2008. O Ministro Carlos Brito, Relator da ação cita que “o princípio do usuário pagador não é uma punição, pois mesmo não existindo qualquer ilicitude no comportamento do pagador ele pode ser implementado”. “Assim para tornar obrigatório o pagamento pelo uso do recurso ou pela poluição, não há necessidade de ser provado que o usuário- poluidor está cometendo faltas ou infrações.” 
Finalizando, consubstanciados no Art. 4º, VIII da Lei 6.938/81, leva-se em conta que os recursos ambientais são escassos, portanto, sua produção e consumo geram reflexos ora resultando sua degradação, ora resultando sua escassez. Além do mais, ao utilizar gratuitamente um recurso ambiental está se gerando um enriquecimento ilícito, pois como o meio ambiente é um bem que pertence a todos, boa parte da comunidade nem utiliza um determinado recurso ou se utiliza, o faz em menor escala. 
Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica.
 A responsabilidade penal da pessoa jurídica pelo cometimento de infrações ambientais é um instrumento de política criminal capaz de concretizar o principio ambiental da prevenção, segundo o qual é necessário que medidas sejam tomadas visando afastar ou minimizar os danos causados ao meio ambiente,de forma a garantir a perenidade da sadia qualidade de vida das gerações humanas, bem como da natureza existente no planeta, como forma de antecipar-se ao processo de degradação ambiental com riscos e impactos já conhecidos pela ciência. O Código Civil segue a tendência da teoria organicista, pois dispõe, principalmente, que a pessoa jurídica é representada por meio de seus órgãos e administradores. È pacífico o entendimento de que a pessoa jurídica ao ocasionar lesões ao meio ambiente deve arcar com os danos no âmbito civil e administrativo. A responsabilidade civil consiste na obrigação do agente causador do dano em reparar o prejuízo causado. E a responsabilidade administrativa, gerará a imposição de uma sanção administrativa - advertência, multa simples, multa diária, apreensão de instrumentos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na prática delituosa.
 O Artigo 3º da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 disciplina in verbis “Art. 3º. A pessoa jurídica é responsabilizada administrativa, civil e penalmente nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade”. 
 “Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato”. 
Exemplo de crime
Crime contra a Fauna
1-Conceito:
Ensina Luís Paulo Sirvinskas (2011, p. 163): “Fauna é o conjunto de animais próprios de um país ou região que vivem em determinada época. No entanto, nem todos os animais são protegidos pela Lei Ambiental. Protegem-se as espécies da fauna silvestre ou aquática, doméstica ou domesticada, nativas exóticas ou em rota migratória. Essa proteção não é absoluta. A lei exige a permissão, licença ou autorização da autoridade competente para alguns casos.”
2- Classificação:
A fauna recebe várias classificações doutrinárias, dividindo-se quanto ao habitat entre silvestre e doméstica. 
Fauna silvestre é o conjunto de animais de uma região que vivem em liberdade, ou seja, fora do cativeiro. Não é sinônimo de animal que vive na selva, mas sim de animal que vive em liberdade ou fora do cativeiro, sem adaptabilidade natural ao convívio humano. 
Fauna exótica é a originária de outro país.
Fauna doméstica é constituída por animais que não vivem em liberdade, mas em cativeiro, sofrendo modificações em seu habitat natural. Convivem, regra geral em harmonia com a presença humana, dependendo do homem para sobreviver. 
**Relativamente aos animais gerados em criadouros artificiais há dúvida quanto ao seu enquadramento. Segundo Nicolau Dino Neto (2011, p. 182) o conceito de anima silvestre se estende a todos os animais nascidos fora do cativeiro, cuja espécie não seja doméstica, independente do habitat que gerou a espécime. Dessa forma, os animais normalmente encontrados fora do cativeiro, mas nascidos de criadouros artificiais também fazem parte da fauna silvestre.
Esse é o entendimento da Lei de Proteção à Fauna (lei 5.197/67), já que os criadouros são suscetíveis de autorização, tendo o artigo 3, § 2º, da Lei 5197/67, afirmado: "É proibido o comércio de espécies de fauna silvestre e de produtos e objetos que impliquem na sua caça, perseguição, destruição ou apanha, excetuando-se as espécies de criadouros devidamente legalizados" (§ 1º). 
A ser assim, pela leitura do § 1º, da Lei 5197/67, concluímos no sentido de que os criadouros se restringem à espécie de animal denominado de silvestre. Em sentido contrário, Celson Antônio Fiorillo assevera que a interpretação está permeada por um vício em sua leitura, já que a classificação em silvestre ou doméstico está inserida em um contexto ligado ao critério de liberdade, sendo difícil a compatibilização entre as espécies criadouras artificiais e a visão de liberdade. Para o autor, melhor será considerarmos os criadouros como animais de natureza doméstica, vez que dependem do homem para o exercício de suas funções vitais, submetendo-os ao regime jurídico da forma doméstica.
3. Lei de Proteção à Fauna Silvestre:
Antes da edição da Lei Ambiental Penal, os delitos contra a fauna eram tratados pela Lei Federal nº 5.197/67 (Lei de Proteção à Fauna Silvestre). Como a Lei Ambiental Penal não revogou expressamente a referida lei, limitando-se a dispor, no art. 82, que “revogam-se as disposições em contrário”, este último diploma legal permanece em vigor, naquilo que não conflitar com a Lei Federal nº 9.605/98. 
4. Meio ambiente – bem comum do povo:
Nos termos do art. 225, caput, da CF, o meio ambiente é bem comum do povo, res communis omnium. Sendo assim, não pertence ao Estado, mas sim à coletividade. Posto isso, não se compatibiliza com a CF o art. 1º, caput, da Lei de Proteção à Fauna Silvestre (Lei Federal nº 5.197/67), segundo o qual os animais “são propriedades do Estado”, ou seja, da União. Ressalte-se que a Súmula nº 91 do STJ, que dizia “Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra a fauna”, foi cancelada no ano de 2000, de forma que, atualmente, não resta dúvida acerca da competência: pertence esta, em regra, à Justiça Estadual, deslocando-se para a Justiça Federal caso se
configure alguma das hipóteses previstas no art. 109 da CF.
Julgado: 
RECURSO ESPECIAL. PENAL. COMPETÊNCIA. CRIMES
CONTRA A FAUNA. SÚMULA 91/STJ. INAPLICABILIDADE APÓS
O ADVENTO DA LEI N.º 9.605/98. INEXISTÊNCIA DE LESÃO
A BENS, SERVIÇOS OU INTERESSES DA UNIÃO.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL.
Esta Colenda Corte Superior de Justiça já decidiu que
inexistindo, em princípio, qualquer lesão a bens, serviços ou
interesses da União (art. 109 da CF), afasta-se a competência
da Justiça Federal para o processo e o julgamento de crimes
cometidos contra o meio ambiente, aí compreendidos os
delitos praticados contra a fauna e a flora (CC 27.848/SP -
3ª Seção - Rel. Min. Hamilton Carvalhido – DJ de 19/02/
2001). O fato de o IBAMA ser responsável pela fiscalização
das áreas e pela expedição de autorização de desmatamento
não indica, por si só, que exista interesse direto da Autarquia,
se o crime é cometido em terra particular e, principalmente,
fora de Unidade de Conservação da Natureza (Lei n.º 9.985/
00). Recurso conhecido, mas desprovido.
(STJ – Quinta Turma – REsp 480411/TO - Recurso Especial
2002/0164172-0 – Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca –
publicado no DJ de 13.10.2003, p. 416)
Responsabilidade Penal das Pessoas Jurídica de Direito Público
 Apesar de haver a discussão acerca do tema, esta dialética é ampliada veementemente quando o objeto do questionamento recai sobre a pessoa jurídica de direito público. A doutrina que advoga a tese contrária à responsabilização daqueles entes políticos pauta-se nos seguintes argumentos: não teria como o dano ambiental trazer benefícios ao Estado; faltariam sanções a ser aplicadas ao Estado; e haveria um bis in idem social. Como mostram os três argumentos a seguir:
Princípio da legalidade: A Lei nº 9.605/98 adotou o sistema francês de responsabilização dos entes morais, e este ordenamento não adota a responsabilidade penal das pessoas coletivas de direito público. Assim não haveria possibilidade de responsabilização dos entes coletivos de direito público, em simetria com o sistema francês mencionado.
Impossibilidade do benefício estatal: Como vimos anteriormente, é necessário que a conduta ilícita seja em benefício da pessoa jurídica; caso contrário, tal ente jurídico estaria sendo apenas um instrumento para a realização de uma conduta ilícita.
Bis in idem social: A argumentação se pauta em que não há sanções a ser aplicadas ao Estado; e que a aplicação de uma pena de multa, por exemplo, estaria sendo solidarizada por toda a sociedade, a qual estaria sendo penalizada duas vezes, uma em razão de a multa ser paga com dinheiro público, auferível através dos tributos; e a segunda, em virtudedo dano sofrido pelo meio ambiente, bem de uso comum do povo.
 Autoria.
 A Lei dos Crimes Ambientais trata não só da autoria da prática dos ilícitos penais, como também da participação de outras pessoas. O Código Penal brasileiro não definiu o conceito de autoria, no entanto doutrinariamente vislumbram-se três teorias à cerca do referido conceito.
 Inicialmente tem-se o conceito restritivo do autor Fabbrini Mirabete: “aquele que pratica uma conduta típica inscrita na lei, ou seja, aquele que realiza a ação executiva, a ação principal”.
 Posterior a tal, verifica-se o conceito extensivo, vez que não faz distinção entre o autor e o partícipe, considerando então autor qualquer pessoa que tenha concorrido para a ação delituosa.
 Por fim percebe-se a teoria do domínio do fato, adotada pela reforma penal do ano de 1984, que dispõe que autor é aquele indivíduo que detém o domínio final do fato, ou seja, aquele que realiza o fato final em virtude volitiva própria. 
O Artigo 2º da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 disciplina in verbis “Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.”
 Não se verifica uma taxatividade quanto às possibilidades de concurso para a prática dos crimes ambientais, no entanto prevê-se como regra a modalidade de crimes comissivos por omissão.
Aplicação das Penas.
São penas aplicáveis à pessoa natural as privativas de liberdade, as restritivas de direitos artigos. 7º a 14 da Lei nº. 9.605/98. 
Interdição temporária de direitos aplicáveis às pessoas físicas artigo 10 º da Lei nº. 9.605/98. 
A pena de prestação pecuniária artigo 12 º da Lei nº. 9.605/98. 
Multa artigo 18 º da Lei nº. 9.605/98. 
As penas aplicáveis às pessoas jurídicas estão previstas nos artigos, 21º a 23º da Lei nº. 9.605/98” e prevê as seguintes penas:
Multa;
Restritiva de direitos;
Prestação de serviços à comunidade
Denúncia Genérica 
 Ocorre a permissão da denúncia de caráter geral nos crimes ambientais. Considerando o que dispõe o art. 2º da Lei n. 9.605/1998, nas hipóteses de crimes ambientais, embora seja possível a chamada denúncia de caráter geral, o órgão acusador deve especificar os danos suportados pelo meio ambiente e cotejá-los, ainda que superficialmente, com a atividade desenvolvida pelo gestor empresarial incriminado, pois, do contrário, estaria prejudicado o exercício do contraditório e da ampla defesa. 
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Direito
Nayara Luiz Messias Bárbara
Bruno Altair Silva Mendes
LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998.
Dos crimes ambientais
Belo Horizonte
2017
Nayara Luiz Messias Bárbara
Bruno Altair Silva Mendes
LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998.
Dos crimes ambientais
Trabalho apresentado ao curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Orientador: Prof. Daniel Couto e Gama
Belo Horizonte
2017
Referencias bibliográfica:
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2010.
Fiscalização Ambiental Agenda Verde- Flora. Diretoria de Fiscalização dos Recursos Florestais. Belo Horizonte: 2012
GHIGNONE, Luciano Taques. Manual Ambiental Penal. Salvador: 2007.

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