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Resenha Crítica – Rede de fronteiras internas do Brasil (André Roberto Martin)

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O artigo, acima de tudo, aborda como se constituiu a rede de fronteiras internas vista no Brasil atualmente, onde André Roberto Martin, docente da Universidade de São Paulo USP, cria um cenário cronológico em 7 (sete) páginas, à exclusão dos mapas, da história da geografia de fronteiras a nível mundial até chegar no Federalismo e Regionalismo Político brasileiro, o qual é estritamente influenciado pela dinâmica das fronteiras estabelecidas e as alterações sofridas. 
Como já citado acima, a dissertação de Martin tem por finalidade explanar os acontecimentos ocorridos nesses 500 anos de mudanças territoriais em Terras Tupiniquins. Mas antes de aprofundar na temática, o autor tem a preocupação em recapitular no que se define a palavra “fronteira” e sua associação aos Estados-Nacionais de acordo com 3 visões: a geográfica (passagem de uma escala onde as relações se desenvolvem em um nível local para uma rede de cidades mais ou menos hierarquizada com um mercado mais diversificado); em termos urbanísticos (representou a derrubada dos ‘muros da cidade’ que caracterizavam o burgo medieval como fortalezas); no plano militar (trata-se da fragmentação entre polícia e exercito, especificamente da diferenciação mais geral: política; social; jurídica; entre as esferas pública/privada). A partir daí ele, o autor, inicia a trajetória percorrida pela territorialização do país. 
De acordo com o texto, a primeira tentativa de organizar as “fronteiras internas” da Colônia de Portugal se dá através do uso das Capitanias Hereditárias. Martin define-as como 15 faixas latifundiárias se estendendo pelo litoral até o limite da linha do Tratado de Tordesilhas, onde as divisões dos lotes eram baseadas nas latitudes e longitudes marítimas, sendo ao todo 12 capitanias, delegadas aos Donatários pela Coroa Portuguesa a tarefa de colonização e exploração de determinadas áreas. Embora algumas tenham falido, ele afirma que “[...] com o passar do tempo, os núcleos urbanos mais prósperos acabariam expandindo seu raio de influência, absorvendo as capitanias que se desenvolviam mais lentamente. Recife [...] atraiu” além de Olinda “as Capitanias do Rio Grande e Itamaracá [...] Salvador absorveria os territórios de Ilhéus e Porto Seguro [...] e São Vicente [...] estenderia sua influência pelos [...] Estados de São Pulo, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais”. Da mesma forma que vinham surgindo novas cidades e novas capitanias, os limites das mesmas passaram a buscar apoio não mais nas latitudes, mas em acidentes geográficos, passando as fronteiras internas de artificiais a naturais, e, com o fim do Tratado de Tordesilhas resultada da União Ibérica, os bandeirantes adentraram no território, ocasionado pela descoberta do Ouro, outra grande perturbação fatal a geometria dos limites Inter capitanias surgiu.
	A partir do dado momento, as formações de novos territórios passaram a acontecer devido a movimentos sociopolíticos, como ocorrido durante a Guerra dos Emboabas, onde São Paulo teve “[...] nada menos de 14 instruções diferentes que alterariam as demarcações dos limites entre as províncias paulista e mineira [...]” ocasionando o desmembramento e criação de Minas de Ouro e, mais tarde, outras secessões começaram, criando as Capitanias de Goiás e Mato Grosso, sucessivamente, a Província do Paraná e a perda da autonomia por parte dos paulistas para a do Rio de Janeiro. Outro acontecimento importante foi a adição do Triângulo Mineiro a Minas Gerais foi o caso de Dona Beja, sequestrada, devido a sua beleza, pelo ouvidor-geral Joaquim Inacio Silveira da Motta, o qual, para impedir um problema mais grave por causa de suas ações, concedeu o território. O contexto territorial continuou a mudar durante o Reino Unido luso-brasileiro e o Brasil Império, uma vez que muitos estavam insatisfeitos com a situação atual, promovendo, ao todo, 20 rebeliões de caráter separatistas, dentre elas se destacam a Cabanagem no Pará, a Balaiada no Maranhão e Piauí, a Sabinada na Bahia, a Praieira no Pernambuco, a Farroupilha no Rio Grande do Sul e a Guerra da Cisplatina, resultando no Uruguai. O Governo Regencial tentara contornar a situação, admitindo, com o Ato Adicional de 1834, a autonomia financeira e administrativa das províncias, em uma espécie de antecipação do federalismo. Todavia, as revoltas só tiveram um fim quando o Governo deixou de ser uma Monarquia e passou a ser uma República.
	A última fase da formação territorial do país citada por Martin é destacada pela organização do território, com a adição do Acre (elevado a estado em 1962) e a criação de Ponta Porã, Iguaçu (estes dois voltam a condição original depois da guerra), Amapá, Rio Branco (mais tarde renomeado como Roraima) desmembrados da Amazônia, além Guaporé e o arquipélago de Fernando de Noronha no ano de 1943, com a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Guaporé batizado de Rondônia em homenagem ao Marechal Rondon. Na década de 60, o novo Distrito Federal foi criado a partir do desmembramento do estado de Goiás assim como Mato Grosso foi emancipado do Mato Grosso do Sul em 1977. Enquanto que o antigo DF foi transformado em estado da Guanabara (compreendendo apenas a cidade do Rio de Janeiro e, mais tarde, anexado ao fluminense). 1962, o Território Federal do Acre foi elevado à condição de estado, e no ano de 1981 foi criado a Rondônia. A Constituição de 1988, além elevar Roraima e Amapá à condição de estados e integrar Fernando de Noronha a Pernambuco como distrito estadual, deixou a estrutura das divisões como ela é hoje.
	Embora o texto seja de cunho universitário e seu autor possua um amplo conhecimento nas mais variadas áreas, as diversas disciplinas abordadas como: História Mundial e do Brasil; Geopolítica; Regionalização; Integração Regional Latino-americana; Formação Econômica e Territorial do Brasil; o tornam educativamente rico, principalmente em relação aos pensamentos da comparação das Capitanias Hereditárias com os sistemas feudais (a diferença entre os dois sistemas de governo são mínimas) e explanações dos casos de Juazeiro e Petrolina somado ao de Dona Beja, presentes na cultura popular brasileira, agregado com a linha de raciocínio do autor apresentam informes dispensáveis, os quais resultam em uma leitura de 7 páginas, à exclusão dos mapas, longa e cansativa, que poderiam ser retiradas do texto e não afetaria o entendimento do mesmo. Situação extremamente oposta a obra abordada, a tese de doutorado de Antonio Carlos Robert de Moraes, também docente da USP, intitulada “Base da Formação Territorial do Brasil” expressa, com maestria e bem equilibrada, a ação dos ciclos econômicos da ex-colônia ligada a criação das fronteiras internas como consequência.
	A tese elaborada por André Roberto Martin não ajudaria um aluno diante de uma pesquisa ou um professor para a elaboração de uma aula, independentemente do nível de escolaridade ou conhecimento dos assuntos, o autor utiliza uma linguagem de difícil entendimento e uma má estruturação das ideias. Para os que necessitam de tal leitura para um trabalho é aconselhável ler com máxima atenção e resumindo os pontos que não são de grande importância.
André Roberto Martin tem Graduação em Geografia pela Universidade de São Paulo (1977), mestrado em Geografia (Geografia Humana) pela Universidade de São Paulo (1984) e doutorado em Geografia (Geografia Humana) pela Universidade de São Paulo (1993). Livre docente em Geografia Política (professor associado) da Universidade de São Paulo, desde 2007. Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Geografia Regional e Política. Coordenador do Programa de Pós graduação em Geografia Humana da FFLCH-USP (2007 a 2009) e Chefe do Departamento de Geografia (2010 a 2012), iniciando segundo mandato em 2013. Tem livros e textos publicados sobre geografia política e geografia regional, enfocando os temas do regionalismo, do federalismo, das fronteiras e da geo-política global. (Texto informado pelo autor)
Alan Ferreira M. de Oliveira, aluno do curo de Bacharelado em Geografiada Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN.

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