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Fichamento dos delitos e das penas

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Fichamento direito penal 
Autor: Beccaria Cesare
Livro: Dos Delitos e Das Penas (1764), Itália
Editora: Martin Claret.RJ.2006
Aluno(a): Humberto de Freitas Nunes 
Curso – FIPAR (Faculdade Integrada de Paranaíba) Direito 3º semestre
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 1.Introdução (pag.10-15)
Felizes s ão aquelas poucas nações que não esperaram até que a sucessão de vicissitudes humanas,
do extremo da maldade, fizesse surgir uma transição para o bem, mas que, por leis prudentes,
facilitam o progresso de um para o outro” (p.10)
Felizes s ão aquelas poucas nações que não esperaram até que a sucessão de vicissitudes humanas,
do extremo da maldade, fizesse surgir uma transição para o bem, mas que, por leis prudentes,
facilitam o progresso de um para o outro” (p.10)
Felizes s ão aquelas poucas nações que não esperaram até que a sucessão de vicissitudes humanas,
do extremo da maldade, fizesse surgir uma transição para o bem, mas que, por leis prudentes,
facilitam o progresso de um para o outro” (p.10)
 “No entanto, entre os homens reunidos, nota- se a tendência contínua de acumular no menor número os privilégios, o poder e a felicidade, para só deixar à maioria miséria e fraqueza”
”Só com boas leis podem impedir-se tais abusos. Mas, de ordinário, os homens abandonam a leis provisórias e à prudência do momento o cuidado de regular os negócios mais importantes, quando não os confiam à discrição daqueles mesmos cujo interesse é oporem-se às melhores instituições e às leis mais sábias”
“Felizes são aquelas poucas nações que não esperaram até que a sucessão de vicissitudes humanas, do extremo da maldade, fizesse surgir uma transição para o bem, mas que, por leis prudentes, facilitam o progresso de um para o outro” 
Todos esses problemas merecem que se procure resolvê-los com essa precisão geométrica que triunfa da destreza dos sofismas, das dúvidas tímidas e das seduções da eloquência.
Comentário: Os povos tiveram que passar por muitas coisas, sofrimento, desgraça para que pudessem perceber que era necessário melhorar seu ordenamento, e assim tentar viver em harmonia, e com certamente um pouco mais de igualdade e justiça, acabando com os abusos de um poder sem limites, que os homens poderosos achavam que era um de seus direitos
 2º capítulo: Origem das penas e do direito de punir (pag 18-20)
“ A moral política não pode proporcionar à sociedade nenhuma vantagem durável, se não for fundada sobre sentimentos indeléveis do coração do homem.”
 “toda lei que não for estabelecida sobre essa base encontrara sempre uma resistência à qual será constrangida a ceder. Assim a menor forma, continuamente aplicada, destrói por fim um corpo que pareça solido, porque lhe comunicou um movimento violento”
“consultemos, pois o coração humano; acharemos nele os princípios fundamentais do direito de punir”
Comentário: Segundo Beccaria, os homens cansados de viver no meio de temores e de encontrar inimigos por toda parte, fatigados de uma liberdade que a incerteza de conservá-la tornava inútil, sacrificaram uma parte dela para gozar do resto com mais segurança
3º capitulo: consequências desses princípios (pag 20-21)
 “A primeira consequência desses princípios é que só as leis podem fixar as penas de cada delito e que o direito de fazer leis penais não pode residir senão na pessoa do legislador, que representa toda a sociedade unida por um contrato social.”
“Ora, o magistrado, que também faz parte da sociedade, não pode com justiça infligir a outro membro dessa sociedade uma pena que não seja estatuída pela lei; e, do momento em que o juiz é mais severo do que a lei, ele é injusto, pois acrescenta um castigo novo ao que já está determinado. Segue-se que nenhum magistrado pode, mesmo sob o pretexto do bem público, aumentar a pena pronunciada contra o crime de um cidadão.”
 Comentário: O juiz ou magistrado tem a incumbência de resguardar o patrimônio social e individual aplicando a lei de maneira justa e equilibrada. A legislação brasileira prevê que cabe ao poder legislativo formular de leis penais. E isso por tal poder representar toda a sociedade que desde muito é ligado por um contrato social.
O juiz é figura neutra capaz de enxergar com mais clareza e razão as causas do conflito, decidindo assim sabiamente a quem concederá o direito pleiteado.
 4º capitulo: Da interpretação das leis (pag 21-24)
“Resulta ainda, dos princípios estabelecidos precedentemente, que os juízes dos crimes não podem ter o direito de interpretar as leis penais, pela razão mesma de que não são legisladores. Os juizes não receberam as leis como uma tradição doméstica, ou como um testamento dos nossos antepassados, que aos seus descendentes deixaria apenas a missão de obedecer. Recebem-nas da sociedade viva, ou do soberano, que é representante dessa sociedade, como depositário legítimo do resultado atual da vontade de todos.”
“Não se julgue que a autoridade das leis esteja fundada na obrigação de executar antigas convenções; essas velhas convenções são nulas, pois não puderam ligar vontades que não existiam. Não se pode sem injustiça exigir sua execução; seria reduzir os homens a não passar de um vil rebanho sem vontade e sem direitos. As leis emprestam sua força da necessidade de orientar os interesses particulares para o bem geral e do juramento formal	ou tácito que os cidadãos vivos voluntariamente fizeram ao rei.”
“Não cabe ao juiz interpretar a lei.
A lei deve ser sólida para que a magistrada simplesmente a aplique sem a necessidade de interpretação, e sem variações. Esse método evitaria a injustiça.”
Comentário: para que os direitos de cada um seja assegurado, é necessário que sejam intocáveis e claras, para que o juiz somente a aplique em vez de interpreta-la como lhe convém 
5º capitulo: da obscuridade da lei (pag 24-26)
“Colocai o texto sagrado das leis nas mãos do povo, e, quanto mais homens houver que o lerem, tanto menos delitos haverá; pois não se pode duvidar que no espirito daquele que medita um crime, o conhecimento e a certeza das penas ponham freio à eloquência das paixões.”
Comentário: As leis precisam ser claras, escritas em língua vulgar para que possam ser entendidas por todos. As leis precisam ser interpretadas. É necessário que o texto das leis se tornem um livro popular, para que todos tenham acesso, ou seja, colocar nas mãos do povo pois quanto mais pessoas o lerem, haverá menos delitos. As pessoas tomando ciência das penas conseguem por freio a eloquência das paixões.
6º capitulo: da prisão (pag 26-27)
“A lei deve estabelecer claramente os critérios necessários para que o acusado seja preso, não cabendo ao juiz essa função. O preso culpado e o preso inocente devem ser tratados com dignidade em presídios decentes.”
Comentário: para que cada individuo seja julgado de maneira justa, é necessário que as leis sejam apresentadas sendo claras e coesivas, pois assim, cada um saberá seus direitos e deveres 
7º capitulo: Dos indícios do delito e da forma dos julgamentos (pag 27-30) 
“As provas concretas e independentes umas das outras são mais consistentes. As provas podem ser perfeitas e imperfeitas. Os jurados devem ser sorteados de maneira a garantir a imparcialidade do juiz e ao mesmo tempo assegurar no julgamento representantes do povo.”
Comentário: As provas devem ser consistentes e independentes entre si por assim provarem o crime.
No ordenamento jurídico brasileiro os jurados são escolhidos por sorteio, proporcionalmente deste modo um julgamento mais imparcial por representantes da sociedade.
8º capítulo: das testemunhas (pag 30-32)
“É importante, em toda boa legislação, determinar de maneira exata o grau de confiança que se deve dar às testemunhas e a natureza das provas necessárias para constatar o delito.”
Todo homem razoável, isto é, todo homem que
puser ligação em suas ideias e que experimentar as mesmas sensações que os outros homens, poderá ser recebido em testemunho. Mas, a confiança que se lhe der deve medir-se pelo interesse que ele tem de dizer ou não dizer a verdade.”
“As testemunhas devem ser idôneas e é muito importante que sempre sejam mais de uma.
O depoimento da testemunha deve ser analisado e uma vez repetido de modo idêntico tem mais chances de ser real.” 
9º capitulo: das acusações secretas (pag 34-35)
“A calúnia secreta deve repudiada, a calúnia pública ao menos permite a defesa.
Um governo digno é aquele que não admite a calúnia secreta”
10º capitulo: dos interrogatórios (pag 35-36)
“O interrogatório sugestivo não deve ser admitido. O mesmo não é recomendado pois insinua o acusado a dar determinadas respostas a seu favor ou contra si e não a verdade. Se as provas forem concretas o interrogatório do suspeito pode não ser relevante. E nesse caso a tortura é ineficaz.”
“se um interrogatório especial é contrário à natureza, obrigando o acusado a acusar-se a si mesmo, não será ele constrangido a isso mais violentamente pelos tormentos e as convulsões da dor? Os homens, porém, se ocupam muito mais, em sua norma de conduta, com a diferença das palavras do que com a das coisas.”
“11º capítulo: dos julgamentos (pag 36-37)
Outra contradição entre as leis e os sentimentos naturais é exigir de um acusado o juramento de dizer a verdade, quando ele tem o maior interesse em calá-la. Como se o homem pudesse jurar de boa fé que vai contribuir para sua própria destruição! Como se, o mais das vezes a voz do interesse não abafasse no coração humano a da religião” 
“O juramento é um mero procedimento formal.
É ridículo pensar que o acusado jurará de boa-fé dizer a verdade se realmente for culpado.”
Comentário: não faz sentido que o acusado jure dizer somente a verdade se for culpado pois obviamente não fara, já que assim estaria produzindo provas contra ele mesmo 
12º capitulo: da tortura (pag 37-43)
“A tortura é inútil e desumana.
A tortura apenas faz o acusado confessar o crime para não sentir mais a dor dessa pena.”
Comentário: A constituição brasileira proíbe a pena de tortura.
O caráter dessa pena é inútil, pois além de gerar uma confissão forçada, assim como a pena de prisão não repara o dano causado, apenas repreende.
13 capitulo: Da Duração Do Processo e Da Prescrição (pag 74-80)
“O processo deve durar por tempo determinado e suficiente para a investigação do delito e punição do delinquente em tempo hábil. O mesmo princípio se aplica ao tempo de prescrição. Cabe ao legislador estabelecer este tempo com sabedoria.
Os delitos têm níveis diferentes de gravidade e podem ser classificados de acordo com tal. Os crimes podem ser hediondos ou não.
Os crimes mais graves devem ter mais tempo para investigação e os menos graves menos tempo. Muitas vezes o poder judiciário se preocupado apenas em punir o crime e não em descobrir a verdade.”
14º capitulo: Dos Crimes Começados; dos cúmplices; da impunidade (pag 81-84)
“A Tentativa de cometer o crime deve ser punida, como por exemplo, a tentativa de homicídio. Os cúmplices devem ser punidos com a mesma intensidade com que o mandante do crime o é.
Os garantiam a impunidade aos cúmplices que entregassem seus comparsas, nisso há vantagens e desvantagens.”
Comentário: No Brasil a tentativa de alguns crimes são punidas por si só. Os cúmplices em geral têm uma pena que pode ser equiparada à dos delinquentes chefes do crime.
Existe na justiça brasileira a possibilidade de em alguns casos os cúmplices terem suas penas atenuadas por colaborarem com a justiça nas investigações.
15º capítulo: Da Moderação das Penas (pag 85-89)
“O objetivo das penas é tão simplesmente impedir que o delinquente volte a cometer tal crime novamente e assim proteger a sociedade. Tais penas devem ser proporcionais à gravidade do delito cometido.
As penas não devem ser cruéis.”
Comentário: No Direito penal brasileiro temos o princípio da proporcionalidade das penas, o qual diz que o castigo imputado deve ser proporcional ao delito.
A constituição federal brasileira impõe que no Brasil não haverá penas degradantes nem cruéis, como exemplo, penas de tortura.
16º capitulo: Da Pena de Morte (pag 90-102)
“ante espetáculo dessa profusão de suplícios que jamais tornaram os homens melhores, eu quero examinar se a pena de morte é verdadeiramente útil e se é justa num governo sábio.”
“Quem poderia ter dado a homens o direito de degolar seus semelhantes? Esse direito não tem certamente a mesma origem que as leis que protegem.”
“A soberania e as leis não são mais do que a soma das pequenas porções de liberdade que cada um cedeu à sociedade. Representam a vontade geral, resultado da união das vontades particulares. Mas, quem já pensou em dar a outros homens o direito de tirar-lhe a vida? Será o caso de supor que, no sacrifício que faz de uma pequena parte de sua liberdade, tenha cada indivíduo querido arriscar a própria existência, o mais precioso de todos os bens?”
Comentário: Muitos países modernos hoje no mundo aplicam a pena de morte e perpétua, um deles é os Estados Unidos da América. A constituição federal brasileira proíbe as penas de morte, de tortura e perpétuas.
A análise de Beccaria esclarece de maneira lógica que a pena de morte não é eficaz para punir de fato o criminoso e a mesma apenas abreviam seu sofrimento e impedi que o mesmo sofra lentamente pelo seu crime, pois morto não sente nada, nem pode refletir muito menos pagar pelo delito que cometeu.
17º capitulo: Do Banimento e das Confiscações (pag 103-105)
“O banimento deve ser a punição para todos os perturbadores da ordem pública e infratores da lei.
A confiscação dos bens do infrator irá depender da gravidade do delito. Ela terá seu lado negativo e ineficaz se tratando de confiscar bens referentes à família do banido, o que seria injustiça.”
18º capitulo: Da Infâmia (pag 106-108)
“A infâmia é a exclusão social moral imputada ao criminoso, o qual se vê afetivamente afastado dos demais cidadãos.
Tal infâmia deve ser imputada apenas para delitos graves de grande relevância, caso contrário se tronará banal. E ainda deve ser específica a um indivíduo, pois a infâmia imputada de maneira coletiva se torna brevemente a infâmia de ninguém.”
19º capitulo: Da Publicidade e da Presteza das Penas (pag 108-112)
“O tempo de prisão do acusado deve ser breve e suficiente para que o processo seja instruído e as investigações concluídas. Os presos mais antigos devem julgados primeiro.
O tempo que se passa entre o cometimento do crime e o julgamento deve ser mínimo a ponto de incutir na mente do delinquente que não crime sem castigo.”
Comentário: O Brasil enfrenta um grave problema no andamento de seus processos devido a grande demanda dos mesmos e a pouca quantidade de comarcas e tribunais para julgar tais processos.
Muitos acusados chegam a ter processos acumulados por seus vários delitos cometidos sem ter previsão da data de julgamento de nenhum deles.
20º capitulo: Que o Castigo Deve Ser Inevitável – Das Graças (pag 112-116) 
“Não é o rigor da punição que previne o crime, mas sim a certeza de que essa punição ocorrerá. O direito de punir pertence à lei e não ao cidadão.
A esperança de impunidade não deve ser mantida na mente do criminoso.
A segurança pública não pode ser sacrificada devido ao perdão concedido pelo soberano.”
21º capitulo: Dos Asilos (pag 116-119) 
“A internação do criminoso em asilo pode ser perigosa, pois gera a impunidade.
O criminoso só pode pagar pelo crime no país onde cometeu o crime, pois neste país reside a salvaguarda da lei que pode efetivamente o punir.”
Comentário: No Brasil aos criminosos mentalmente doentes existe a medida de segurança a qual eles cumprem internados em hospitais psiquiátricos.
De um modo geral na sociedade atual os criminosos costumam ser punidos no país em cometeram o crime. No Brasil, por exemplo, funciona assim: se um brasileiro comete um homicídio nos
Estados Unidos e depois foge para o Brasil ele não pagará por esse crime. O contrário também acontece, se um estrangeiro cometer um crime no Brasil e fugir para seu país não terá punição, a menos que vá para outro país que aceite prendê-lo e extraditá-lo de volta ao Brasil para ser punido.
22º capitulo: Do Uso de Pôr a Cabeça a Prêmio (pag 119-122)
“O criminoso não deve ser exposto ao ridículo a uma pena cruel pública.
Isso representaria a falta de moral e virtude da justiça que deve ser equilibrada.”
23º capitulo: Que as Penas Devem Ser Proporcionadas Aos Delitos (pag 122-126) 
“O interesse de todos não é somente que se cometam poucos crimes, mais ainda que os delitos mais funestos à sociedade sejam os mais raros. Os meios que a legislação emprega para impedir os crimes devem, pois, ser mais fortes à medida que o delito é mais contrário ao bem público e pode tornar-se mais comum. Deve. pois, haver uma proporção entre os delitos e as penas.”
“Se o prazer e a dor são os dois grandes motores dos seres sensíveis; se, entre os motivos que determinam os homens em todas as suas ações, o supremo Legislador colocou como os mais poderosos as recompensas e as penas; se dois crimes que atingem desigualmente a sociedade recebem o mesmo castigo, o homem inclinado ao crime, não tendo que temer uma pena maior para o crime mais monstruoso, decidir-se-á mais facilmente pelo delito que lhe seja mais vantajosos; e a distribuição desigual das penas produzirá a contradição, tão notória quando freqüente, de que as leis terão de punir os crimes que tiveram feito nascer.”
24º capitulo: Da Medida Dos Delitos (pag 126-130)
“A verdadeira medida dos delitos é o dano causado à sociedade. As intenções do criminoso não são punidas, mas sim o ato em si. Pois os maiores crimes muitas são
cometidos com as melhores intenções. A igualdade é a base da justiça.”
25º capitulo: Divisão dos delitos (pag 131-133)
“Os crimes são divididos em várias categorias de acordo com a sua gravidade e também conforme o bem lesado. Existem crimes que são consumados através da destruição da sociedade ou dos que a representam. Outros atingem os cidadãos em sua vida de um modo geral, nos seus bens ou em sua honra. E tantos outros são ações contrárias a lei, e geralmente atentam contra os bens públicos.
Além dessas situações específicas nada pode ser considerado crime, a menos que seja assim reconhecido por alguém que tenha seu interesse particular prejudicado.
Os conceitos de vício e virtude, certo e errado se transformam e mudam conforme a passagem dos tempos, de acordo com os interesses passageiros dos legisladores e mudanças nas tradições e costumes sociais.”
26º capitulo: Dos crimes de lesa-majestade (pag 134)
“Os crimes de lesa-majestade pertencem à categoria de crimes graves.
Um equívoco de ideias deu esse nome à práticas totalmente diferentes entre si.
Todo tipo de delito é prejudicial à sociedade, porém não possuem o mesmo potencial ofensivo e precisam ser analisados particularmente conforme o local e circunstâncias, e as penas para tais devem ser específicas e mais brandas para os delitos mais leves.”
Comentário: Os crimes devem ser tratados com individualidade e suas penas proporcionais a seu potencial ofensivo.
A ocasião e o lugar da prática do ato devem também ser considerada ao ser feito o julgamento do fato.
27º capitulo: Dos atentados contra a segurança dos particulares e, principalmente, das violências
(pag 135-139)
“Os crimes contra a vida, contra a honra, contra os bens e outros devem ser punidos de maneira rigorosa.
Tais crimes podem também ser cometidos por magistrados, demais autoridades e pessoas de grande poder economico quando praticam o abuso de poder afligindo o povo, ou mesmo podando seus direitos através de atos corruptos.
A escravidão dos negros foi praticada através do abuso de poder e tirania da classe de autoridades e nobres favorecidos por suas riquezas.
Deve existir a igualdade civil entre todos, as penas aplicadas aos simples cidadãos devem ser também aplicadas aos nobres e autoridades importantes, sem nenhum privilégio ao mesmo.”
28º capitulo: As injúrias (pag 140-144) 
“O ser humano tem dificuldade em reconhecer e definir o real significado
da honra.
O conceito de honra é complexo e abrange várias ideias em suas diversas vertentes. Os primeiros magistrados sugiram da necessidade de impedir que indivíduos mais poderosos violassem os direitos dos menores.
A evolução da sociedade fez surgir novos conflitos não previstos em lei, um deles é o poder da opinião alheia, esse poder pode ser destrutivo ou positivo dependendo de quem se beneficia com ele ou é prejudicado por ele.
A honra é elemento fundamental na vida em sociedade receber honra e estima alheias é algo almejado pela própria natureza humana.”
29º capitulo: Dos duelos ( pag145-146)
“A prática do duelo surgiu a partir da necessidade de manter a própria honra. A punição com pena de morte imposta à prática do duelo é desnecessária.
O cidadão que se recusa ao duelo é desprezado pela sociedade. A melhor maneira de evitar o duelo é proporcionar a punição do agressor moral.”
Comentário: O ordenamento jurídico brasileiro proíbe a prática do duelo.
Na realidade de fato o duelo acontece de várias maneiras entre as pessoas da população, em várias situações. Brigas de ruas, brigas de bar, brigas no trânsito que geral lesão corporal são exemplos do duelo social moderno.
30º capitulo: Do roubo (pag. 147-148)
“O roubo cometido sem violência deve ser punido apenas com pena pecuniária.
Se o roubo é cometido por infortunados deve ser punido com pena de escravidão temporária.
O roubo com violência deve ter uma pena diferente dos roubos sem violência, ou seja, mais severa.
Seria lícito somar à pena de prisão à pena corporal ao delinquente que cometeu roubo com violência.”
31º capitulo: Do contrabando (pag 149-151)
“O contrabando é um delito que ofende o soberano, mas sua pena não deve ser infame, tendo em vista que este não é um crime que fere diretamente os sentimentos da sociedade. E isso porque os indivíduos na sociedade só podem se sentir lesados pelos males que conhecem.
O objeto contrabandeado deve ser apreendido pelas autoridades.”
32º capitulo: Das falências (pag 152-156)
“A fraude contra credores deve ser punida de maneira exemplar. O falido de boa-fé deve ser tratado com menos rigor pela lei. O mesmo deve ser obrigado a trabalhar com mais empenho para tentar reerguer-se e pagar suas dívidas.
No caso do falido fraudulento, o mesmo poderá até ser punido com penas corporais.
O bem do comércio deve ser protegido pela lei.”
Comentário: A lei brasileira prevê a fraude contra credores e condena rigorosamente tal prática.
Os falidos de boa-fé tem algumas oportunidades para se reerguerem, este instituto era antigamente chamado de concordata e atualmente chama-se recuperação judicial.
É justo que o devedor falido de boa-fé tenha mais uma chance de salvar seus negócios e saldar suas dívidas.
33º capitulo: Dos delitos que perturbam a tranquilidade pública (pag157-159) 
“A perturbação à paz pública é um delito considerado perigoso à manutenção da ordem social, dentre eles incluem tumulto nas vias públicas, discursos inflamados que causam a excitação do populacho.
As ruas e visas públicas devem ser iluminadas e deve haver guardas e seguranças pagos pelo estado com os recursos tributários cobrados da população. E isso para salvaguardar a paz e a ordem.”
34º capitulo: Da ociosidade (pag. 160-161)
“A ociosidade é perniciosa à sociedade, pois consiste pura e simplesmente em não contribuir de maneira nenhuma para o crescimento próprio nem social.
O fato de não se fazer nada para produzir à própria subsistência e pedir esmolas não algo aceitável em uma sociedade de bem.
O crescimento da população e a concessão de mais liberdade aos cidadãos podem favorecer a ociosidade.”
Comentário: A legislação brasileira prevê o delito de vadiagem, consiste em manter a ociosidade voluntariamente e ao invés de trabalhar o indivíduo
vadia pelas ruas pedindo esmolas, ou mesmo dando pequenos golpes.
No entanto várias são as razões que forçam um indivíduo a pedir esmolas ou viver em uma condição semelhante à vadiagem.
A falta de condições dignas de vida e o descaso do Estado geram vários vadios e ociosos por falta de oportunidades.
35º capitulo: Do suicídio (pag 162-167)
“O suicídio é um delito cuja pena não pode ser imposta ao praticante, muito menos aos seus familiares. Vários são os elementos que trazem ao ser humano o amor pela vida e a vontade de viver.
Existe a esperança de que o suicida sofra após a morte ao receber uma possível punição de Deus.
O suicídio é menos grave do que o abandono à pátria.”
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36º capitulo: Dos delitos difíceis de constatar (pag 168-172)
“Alguns delitos são um tanto quanto difíceis de serem provados, como o infanticídio, a pederastia e o adultério.
O adultério se diferencia consideravelmente dos demais delitos porque é praticado por uma necessidade biológica que antecede até mesmo a existência das leis jurídicas. Os casamentos seriam mais duradouros se fossem mais numerosos e mais livres.
A pederastia é fruto das necessidades biológicas individuais do indivíduo do sexo masculino e não um desvio de conduta moral.
O infanticídio é um delito cometido geralmente pela mulher que está parindo um ser concebido por mero descuido.
Os crimes os quais a lei não procura prevenir com eficácia tem sua punição prejudicada.”
37° capítulo: De uma espécie particular de delito.
“Quanto a mim, só falo aqui dos crimes que pertencem ao homem natural e que violam o contrato social; devo silenciar, porém sobre os pecados cuja a punição mesmo temporal deve ser determinada segundo outras regras que não as da filosofia.”
Comentário: O autor deixa bem explícito que não pode analisar a natureza do delito de liberdade religiosa, pois a época e o lugar onde vivera não o permitiram. Assim, afirma que só trata dos delitos relacionados ao homem natural e os que violam o contrato social.
38° capítulo: de algumas fontes gerais de erros e de injustiça na legislação 
“é por uma falsa ideia de utilidade que se procura submeter uma multidão de seres sensíveis a regularidade simétrica que pode receber uma matéria bruta e inanimada “
39° capítulo: do espírito de família 
“Suponha-se uma nação composta por cem mil homens, distribuídos em vinte mil famílias de cinco pessoas cada uma, inclusive o chefe que a representa; se a associação é feita por famílias, haveria vinte mil cidadãos e oitenta mil escravos; se é feita por indivíduos; haveria cem mil cidadãos livres”
“A moral particular só inspira a submissão e o medo, ao passo que a moral publica anima a coragem e o espírito da liberdade”
40° capítulo: do espírito do fisco
“O acusado que se recusa a confessar-se culpado, embora convencido por provas certas, sofrerá uma pena mais leve do que se tivesse confessado”
“uma vez reconhecida a existência do delito, a confissão do acusado se torna prova convincente. Acredita-se tornar essa prova menos suspeita, arrancando a confissão dos crimes pelos tormentos’
41° capítulo: dos meios de prevenir crimes 
“É melhor prevenir os crimes do que ter de puni-los; e todo legislador sábio deve procurar antes impedir o mal do que repara-lo, pois uma boa legislação, não é se não a arte de proporcionar aos homens o maior bem-estar possível e preserva-los de todos os sofrimentos que lhes possam causar, segundo o cálculo dos bens e do males desta vida “
Comentário: Para tornar a felicidade de uma nação durável, é necessário que boas leis aumentem o numero de sábios, para que não seja feita alguma escolha errônea.
42° capítulo: conclusão
“de tudo que acaba de ser exposto, pode deduzir-se um teorema geral utilíssimo, mas conforme ao uso, que é o legislador ordinário das nações” 
Comentário: “para não ser um ato de violência contra o cidadão, a pena deve ser essencialmente pública, pronta, necessária, a menor das penas aplicáveis nas circunstancias dadas, proporcionada ao delito e determinada pela lei.”

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