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O código criminal de 1830

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O código criminal de 1830
Estudar história é compreender que leis, códigos, revoluções e constituições são criadas dependendo do contexto histórico e da situação no qual o homem está inserido, partindo desse pensamento, é necessário a compreensão de que na década de 1820, os códigos brasileiros que estavam em vigor eram regidos no âmbito de um Direito arcaico, foi então, com a proclamação da independência, em 1822 que surge a necessidade de atualizar vários aspectos da vida social no Brasil. Foi então que começaram a ser tomadas algumas providências, como manter as leis portuguesas, com intuito de não existir uma brecha legislativa.
Foi então, que em 1827 o Imperador sentiu a necessidade da urgência de criar uma codificação civil e nominal, então, os projetos foram analisados, discutidos e debatidos; E no ano seguinte, criada a Comissão Bicameral para avaliação desses assuntos, os própios membros da Câmara, com pressa, não levaram em consideração as falhas/imperfeições do projeto e sim os danos causados por sua demora; Então, passaram para Câmara dos Deputados, um projeto imperfeito e feito nas pressas, que foi aprovado e entrou em vigor em 8 de janeiro de 1831.
O código criminal de 1830 é dividido em duas partes; a parte geral e a parte especial. Possui 313 artigos, que são divididos em;
I- dos crimes e das penas, arts. 1º ao 67;
II- dos crimes públicos, arts. 68 a 178;
III- dos crimes particulares, arts. 179 a 275;
IV- dos crimes policias, arts. 276 a 313;
Alguns pontos do Código Criminal
Um dos maiores questionamentos que gerou polêmica durante a constituição do Código Criminal foi em relação á penalização dos crimes, surgindo o debate sobre á pena de morte. Porém, apesar do carisma do “jeitinho brasileiro” e a ignorância da época, essa punição, sem volta, foi aprovada e ainda, é descrita a sua execução;
“Artigo 38. A pena de morte será dada na forca.”
“Artigo 39. A execução se fará na véspera de domingo, dia santo, ou dia de festa nacional.”
“Artigo 40. “O réu será conduzido pelas ruas mais publicas á força.”
“Artigo 42. O corpo do enforcado será entregue a seus amigos e parentes, estes porém, não poderão enterrá-lo.”
Somente uma mulher grávida poderia, por um tempo, escapar da execução, porém, 40 dias após o parto tornaria lícito sua execução, de acordo com o artigo 43 do código criminal de 1830.
Outras penas eram previstas, como a de Galés, a de prisão com trabalho, a de prisão simples, o banimento, a de degredo, a de desterro e a maioria delas suspendia os direitos públicos do condenado. – artigos 44,46,50,51,52 e 53 referem-se a esses crimes.-
Ainda em relação ás penas, havia uma garantia constitucional que dizia não poder haver penas como açoites, torturas, marcas de ferro quente e penas cruéis -artigo 179, inciso 19.- Porém, essa afirmação, apesar de dizer que não excluía ninguém, não levava em consideração os escravos, no qual eram vistos como objetos para umas coisas e pessoas no que diz respeito aos delitos.
Os crimes sexuais também eram rigidamente punidos no Código Criminal, porém, a punição dependia da mulher, caso fosse uma “mulher de família” a pena era mais grave do que com uma prostitua.
O adultério também e considerado crime por esse Código, porém, para a mulher adultério era consentido pelas autoridades em qualquer caso, e para o homem apenas se ele mantivesse uma outra mulher, e mesmo assim seriam necessários provas; Levando em conta, a sociedade patriarcal da época.
Em relação aos atos religiosos, o código criminal de 1830, pode ser considerado como contraditório, pois, afirma que ninguém poderia ser perseguido por motivo de religião, ao mesmo tempo em que afirma que a religião católica é a oficial do Estado.
Cabe citar, que o Código não imputava pena por não julgar como criminosos nem os menores de 14 anos, nem “loucos” pois era entendido que tinham consentimentos sobre seus atos, podendo então já ser punidos.
Apesar de suas falhas, o Código Criminal de 1830, trás muitos princípios de Justiça, como por exemplo o Principio da Legalidade que o código somente não foi perfeito por permitir ainda o arbítrio, trazendo consigo alguns princípios de Cesare Beccaria, tema central do trabalho passado.

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