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OCEANO PROFUNDO, MAR PROFUNDO (deep sea) Plataforma continental Sopé continental Distância da costaP ro f. (k m ) Zona batial Zona abissal Ta lu de co nt . Planície abissal !"#$%&'( )%$*+,-#-"-&'.(//(01 !"#$%&'( 2%$*3( 14-#"(.( 567(01 As águas do oceano profundo, ou simplesmente “mar profundo” correspondem às profundidades além dos 200 m, onde a penetração de luz é extremamente reduzida ou ausente. Zonação ecológica dos ambientes marinhos AMBIENTE MUITO POUCO CONHECIDO !!!! - maior ecossistema da Terra: 70% da Terra é coberta pelos oceanos, e 50% da Terra é coberta por águas oceânicas com profundidade superior a 3000m - entretanto, é dos ambientes menos conhecidos... - “a superfície da Lua é mais conhecida do que o oceano profundo” - 1860: HMS Porcupine - Escócia, 4000m, fauna profunda - 1872-1876: HMS Challenger - iniciou época heróica da exploração do oceano profundo, com coletas em muitas áreas -1950-1952: expedição do Galathea - ápice da época heróica, com a descoberta de vida nas fossas oceânicas - 1960: tecnologia - substituição de equipamentos de coleta qualitativos por quantitativos - experimentos de manipulação: submersíveis, ROVs, landers - essencialmente um sistema heterotrófico alimentado por carbono orgânico oriundo das águas superficiais [exceção = fontes hidrotermais e fontes frias (quimiosíntese)] Submarino = barco que pode operar livre acima e abaixo da superfície. Submersível = veículo para trabalhar sob a água com mobilidade limitada. Geralmente são transportados para sua área de operação por navios de superfície ou grandes submarinos. O submersível não é totalmente autônomo. Pode precisar de suporte para recarregar as baterias, ar pressurizado e reabastecimento de oxigênio. ROV (Remotely Operated Underwater Vehicles) = Veículo de Operação Remota = submersíveis não-tripulados, altamente manobráveis e operados à distância por um indivíduo a bordo de uma embarcação de superfície. São conectados ao navio por um grupo de cabos, que carregam sinais elétricos entre o ROV e o navio. A profundidade dos cabos define a profundidade até a qual o veículo pode descer. Desde que mantida a fonte de energia, podem permanecer submersos por aproximadamente 72 horas. Souza, K.G. & Martins, L.R. 2007. Novas tecnologias aplicadas no estudo de recursos minerais de mar profundo. Gravel, 5: 25-38. ROVs de observação: basicamente são câmeras que se movimentam operadas de superfície; < 1m3 e não dispõe de braços. ROVs de trabalho: maiores (2m de altura x 3m de comprimento) e pesados, possuem braços e podem carregar grande quantidade de ferramentas para intervenções em poços e equipamentos submarinos. A LV IN (4 50 0m ) M IR (6 00 0m ) N A U TI LE (6 00 0m ) JS L (9 00 m ) SH IN K A I6 50 0 (6 50 0m ) D ee p W or ke r (6 00 m ) 1P, 2C 2P, 1C 2P, 1C 1P, 2C 1P SU B M ER SÍ VE IS R O Vs -são muito utilizados na indústria do petróleo em águas profundas em processos de montagem e manutenção de equipamentos em águas profundas, onde mergulhadores não conseguem alcançar; - as chances de sucesso da missão dependem da experiência e habilidade do operador (operador de ROV, piloto de ROV); - esse know how de operação, entretanto, é difícil de ser adquirido, principalmente devido ao alto custo operacional do equipamento (2007, US$ 50.000/dia), o que inviabiliza a sua utilização para treinamento; -simuladores para treinamento de operadores de ROV é uma alternativa a ser utilizada. - profissão altamente valorizada no mercado de petróleo e gás brasileiro!!!!!!!!!!!!!! Conceitos iniciais no estudo do oceano profundo • Forbes: ausência de animais além dos 600m • Thomson: baixa diversidade de espécies • Ambiente estável e tranquilo • Homogeneidade • Ausência de produção primária: heterotrofia • Ausência de processos sazonais: Moseley (1880) ‘uma certa excitação anual entre os habitantes’ O oceano profundo: mudanças nos últimos 30 anos • Alta diversidade de espécies • Períodos de tempestades bênticas que levam perturbação a um ambiente aparentemente tranquilo • Entrada sazonal de energia produzida na superfície • Produção primária quimiossintética (fontes hidrotermais e fontes frias) • Alto endemismo Formações em forma de domo sobre o leito oceânico, de até 10 km de extensão e 700 m de altura, criadas pela liberação de fluidos e lama da sub-superficie do subsolo.`´E um tipo de fonte fria Lama vulcânica Áreas do leito oceânico onde gases de sulfitos, metano e outros fluidos ricos em hidrocarbonetos fluem (em temperaturas semelhantes a do ambiente circundante)Fontes frias Fissuras do leito oceânico comumente encontradas próximas a lugares de atividade sísmica que exudam material geotermicamente aquecido e água rica em mineraisFontes hidrotermais Feições do leito oceânico resultantes do crescimento de organismos produtores de carbonatos e sedimentaçãoRecifes profundos Elevações submarinas de pelo menos 1000 m do nível do leito oceânico, geralmente de formato cônico ou circular, elíptico ou mais alongado na base. Tipicamente de origem vulcânica, muitas vezes formam cadeias e fontes hidrotermais Montes submarinos Depressões estreitas e profundas formadas por subdução de placas tectônicas, podendo atingir 11 kmFossas profundas e zona hadal Canais profundos que podem se continuar de canhões e estender-se por centenas ou milhares de quilômetros sobre o leito oceânicoCanais submarinos Vales escavados na margem continental atravessando a plataforma e o talude continental. Transporte de sedimentos, erosão submarinaCanhões submarinos Cadeias de montanhas submarinas de origem tectônica em áreas de divergência de placas – é onde encontram-se as fontes hidrotermaisCordilheiras oceânicas Áreas planas do leito oceânico além da base do sopé continentalPlanícies abissais Mudança suave de declividade entre o talude e a planície abissalSopé continental Além da quebra da plataforma; frequentemente cortados por cânions, canais, calhas de rios, coraisTalude continental Principais feições geomorfológicas do oceano profundo Padrões de biodiversidade bentônica em relação à profundidade. Fonte Weaver et al., 2004.Compilado de várias fontes Diversos estudos da vida marinha bentônica indicam que a riqueza de espécies e a sua diversidade relacionam-se com a complexidade do leito oceânico (substrato). Algumas áreas sobre o leito oceânico, especialmente nas planícies abissais, são escassamente ocupadas por espécies do macrobentos e meiofauna (que representam mais de 90 % da abundância total), enquanto que em outras áreas, as populações proliferam mais densamente. A diversidade bêntica marinha é maior entre 1000 e 2000 m de profundidade, devido a uma maior complexidade estrutural e de ambientes. No talude continental (entre 200 e 3000 m), ao longo de canhões, cadeias de montanhas e montes submarinos, espera-se encontrar a maior parte da diversidade ainda desconhecida do planeta. Diversidade nos ambientes profundos A maior parte dos organismos encontrados nas zonas profundas dos oceanos se mantém do input de alimento e nutrientes produzidos pela fotossíntese na zona epipelágica. Onde a disponibilidade de alimento aumenta, ou se torna mais estável por algum motivo, os organismos podem se agregar em maior número, formando comunidades diversificadas, denominados “hotspots” de diversidade. UNEP (2007). Deep-Sea Biodiversity and Ecosystems: A scoping report on their socio-economy, management and governance. UNEP-WCMC Biodiversity Series No 28 (www.unep-wcmc.org/resources/publications/ UNEP_WCMC_bio_series) UNEP RegionalSeas Reports and Studies N° 184 UNEP (2007). Seamounts, deep-sea corals and fisheries. HABITATS, ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE DO OCEANO PROFUNDO (deep sea) Taludes continentais (continental slopes) Planícies/planos abissais (abyssal plains) Montes submarinos (seamounts) Corais de águas frias (cold water corals) Campos de esponjas do mar profundo (deep sea sponge fields) Fontes hidrotermais (hydrothermal vents) Fontes frias (cold seeps) Carcaças de baleias (whale falls) Taludes e sopés continentais, são comumente encontrados em profundidades de 200 a 3000 m, e constituem 13 % da superfície da área da terra. Eles são constituídos principalmente de sedimentos terrígenos com um acentuado nível de declividade e, em sua maioria atravessados por canhões submarinos e camadas de sedimento. Essas enormes feições, juntamente com a ação das correntes oceânicas, criam uma vasta variedade de feições topográficas, com uma ampla disponibilidade de substratos para organismos bentônicos, incluindo áreas de sedimento fino (lama), cascalho, recifes ou manchas de recifes e rochas expostas. Essa diversidade geomorfológica do talude continental, combinada com condições oceanográficas favoráveis de disponibilidade de alimento e nutrientes (e.g. ressurgências), criam um arranjo de condições favoráveis para a grande abundância e variedade de formas de vida. Mapa tridimensional da Península Ibérica TALUDES CONTINENTAIS Paraíba do Sul Canhões do sudeste-sul brasileiro A BC D PLANÍCIES/PLANOS ABISSAIS Áreas planas do leito oceânico, geralmente ocorrendo em profundidades entre 3000-6000m. Correspondem a aproximadamente 40% do fundo oceânico. De relevo suave e constituído pela nova crosta oceânica formada nas regiões de cordilheiras oceânicas, tipicamente acumula espessas camadas de sedimento. Principais características: - baixa biomassa; - alta diversidade de espécies; - grande extensão de habitat; - feições topográficas e hidrodinâmicas muitas vezes complexa. Em algumas regiões de planície abissais a ocorrência de nódulos polimetálicos sustenta um outro tipo de ecossistema. Montes submarinos são relevos submarinos de pelo menos 1000 m e de origem tectônica e/ou vulcânica, sempre encontrados nas margens das placas tectônicas das cadeias oceânicas. Basedo em dados de satélites, pelo menos 14000 montes submarinos já foram registrados. Entretanto acredite-se que esse número é uma subestimativa: existiriam mais de 100.000 montes submarinos de grandes dimensões nos oceanos. Os montes submarinos sempre apresentam uma topografia complexa de terraços, montes, canais e crateras, e interagem de forma dinâmica com as correntes em seu redor. Este aspecto permite uma variedade de condições de vida e micro-habitats que abrigam comunidades ricas e diversificadas em espécies. Embora apenas poucos tenham sido estudados do ponto de vista biológico, acredita-se que também funcionem como “hotspots” de biodiversidade, atraindo predadores pelágicos de topo de cadeia e espécies migratórias. Também abrigam fauna bentônica com grande número de espécies endêmicas. MONTES SUBMARINOS Cadeias de montes submarinos no Brasil Status of Deep Sea Corals in US Waters With Recommendations for Their Conservation and Management CORAIS DE ÁGUAS FRIAS Ao contrário dos corais de águas rasas, os corais de águas frias não apresentam simbiose com algas, e alimentam-se de zooplâncton e MOP. Não são um único grupo taxonômico de animais, e sim um grupo funcional, que pode agregar diversos componentes de uma comunidade diversificada e complexa. Podem abrigar entre centenas a milhares de espécies de animais marinhos. São mais frequentemente encontrados em profundidades de 200-1000 m e temperaturas de 4 a 13oC. Sua presença incorpora um habitat tridimensional no fundo oceânico. O exemplo mais conhecido são os corais do leste do Atlântico, que são parte de um cinturão de Lophelia pertusa que se estende na margem continental desde a Noruega até a África do Sul. Distribuição mundial de recifes de águas profundas (cold-water coral reefs) Freiwald, et al, 2004. S ol en os m ili a va ria bi lis M ad re po ra oc ul at a Lo ph el ia pe rtu sa Associou a presença dos corais de águas frias na Bacia de Campos com o fluxo da Água Intermediária Antártica, entre 600-800 m. CAMPOS DE ESPONJAS DO MAR PROFUNDO Aproximadamente 65 espécies de esponjas já foram registradas ocorrendo no oceano profundo. Sua presença também incorpora um ambiente tridimensional no fundo oceânico, aumentando a complexidade do habitat e atraindo uma rica fauna de invertebrados e peixes. Características das espécies profundas: - tamanho grande; - baixa taxa de crescimento; - baixo nível de cimentação. Localização dos ambientes redutores do oceano profundo: fontes hidrotermais (vents, x) e fontes frias ( seeps, ) As fontes hidrotermais (fontes quentes, vents) e cold seeps (fontes frias, seeps) são ecossistemas quimiotróficos, que utilizam fontes não-fotossintéticas de energia, como gás de metano, de sulfetos, assim como fluidos de componentes minerais, transportados de regiões profundas da subsuperfície ao leito oceânico. No oceano profundo existem habitats nos quais o O2 dissolvido é reduzido ou ausente. Caracterizam-se pela presença de sulfetos de hidrogênio e, às vezes, metano. São comumente associadas com áreas de atividade vulcânica sobre o fundo oceânico, como nas cordilheiras oceânicas e margens das placas tectônicas. Nesses locais, gases geoterrmicamente aquecidos e plumas de água rica em minerais e energia química são exudados (liberados) no leito oceânico. Sulfato osulfeto (fauna microbiana ou processos inorgânicos na crosta) MO o metano (processos termogênicos ou processos biogênicos, embora nas cristas das cordilheiras possam ter origem inorgânica) Investigados pela natureza peculiar dos organismos: - descobertos no Pacífico leste em 1977 -ecossistemas complexos mantidos por outra fonte de energia que não a energia solar (quimiossíntese) - comunidades com alta biomassa, simbiose, novos táxons - impacto visual de vermes gigantes (vestimentíferas) e das “fumarolas” Em contato com a água fria do oceano, os minerais superaquecidos (>400oC) precipitam e formam as fumarolas em forma de chaminé, que podem crescer até 30 cm/dia e atingir 60 m de altura. Diversos elementos polimetálicos (cobre, ferro, zinco, prata) e gases de metano e enxofre são exudados. Abrigam uma fauna única (endêmica) microbiana, de invertebrados (mexilhões e caranguejos) e peixes. A fonte local de alimento baseia-se em bactérias que convertem a energia das emissões de enxofre. Cerca de 500 espécies de organismos habitam as fontes hidrotermais (ChEss, 2007). A biomassa local pode ser 500-1000 vezes maior do que a de áreas vizinhas. FONTES HIDROTERMAIS (fumarolas submarinas) EPR = várias localidades entre 17oS e 21oS GAL = Galápagos (local de descoberta) Vestimentífera Riftia pachyptila FONTES HIDROTERMAIS (fumarolas submarinas) A fonte térmica subsuperficial é uma câmara de magma localizada alguns kms abaixo da crista, embora a natureza exata dessa câmara e a forma como os fluidos circulantes relacionam- se seja ainda pouco compreendido. Associação hospedeiro-simbionte em ambiente redutor: vestimentífera Riftia pachyptila Carecem de boca e sistema digestivo e dependem totalmente de bactérias simbiontes para a alimentação, as quais em troca obtêm abrigo e alimento. Tolera altíssimas concentrações de sulfeto através de um sistema especializado de transporte no sangue que o imobiliza. Também consegue aproveitar as mudançastemporais nos compostos das exudações e armazená-los. Áreas do assoalho do oceânico onde elementos como metano, sulfetos de hidrogênio e outros fluidos derivados de hidrocarbonos são encontrados. Diferem das fontes hidrotermais por não emitirem fluidos com temperaturas superiores às do ambiente. Assim como as fontes hidrotermais, constituem um ambiente que mantém diversas espécies endêmicas. Comunidades inteiras de organismos independentes da luz – conhecidos como extremófilos – se desenvolvem nesses ambientes, com base em relações simbióticas com bactérias quimioautotróficas. Estas processam sulfetos e metano através da quimiossíntese em energia química. Organismos como bivalves e vermes vestimentíferos usam esta energia para se manter e, em troca, abrigam e fornecem alimento para as bactérias. Ao contrário das fontes hidrotermais, que promovem condições efêmeras e variáveis em elevadas temperaturas, as fontes frias emitem fluidos mais lentamente, a longo prazo, com regimes constantes de temperatura e estabilidade. Seus organismos normalmente atingem idades muito mais avançadas que aqueles que ocorrem em fontes hidrotermais. Na verdade, estudos recentes demonstraram que os vermes vestimentíferas que habitam as fontes frias provavelmente são os invertebrados de vida mais longa conhecido, com idades mínimas de 170 a 250 anos. FONTES FRIAS Desde a descoberta das fontes hidrotermais, o interesse nos ambientes redutores e na fauna associada tem crescido. 1989 = Craig Smith observou pela primeira vez comunidades quimioautotróficas no esqueleto de uma baleia no Pacífico Norte. Estágios: Baleia morre e afunda: 1) Fase necrógafa (meses a anos) Carne fresca é consumida por necrófagos móveis (comedores de defuntos) 2) Estágio oportunista Comunidades densas de crustáceos e poliquetas oportunistas instalam-se no sedimento e no esqueleto, enriquecendo-o 3) Estágio quimioautotrófico Ossos das baleias = 60% de lipídeos A degradação anaeróbica desses liídeos por microrganismos produz sulfetos que podem ser utilizados por bactérias quimioautotróficas e permitem a colonização por fauna típica CARCAÇAS DE BALEIAS A despeito da variedade e heterogeneidade da vida marinha profunda, existe um certo número de adaptações que a maioria dos organismos do deep-sea compartilham: •Adaptações relacionadas à pouca disponibilidade de energia e alimento (Koslow et al, 2000; Gage, 1996); •Crescimento lento; •Maturidade sexual tardia; •Baixa fecundidade; •Longevidade; orange roughy (Hoplostethus atlanticus) ~ 200 anos coral de ouro (Gerardia spp) ~ 1800 anos ! Tratando- se do animal mais longevo da terra (Bergquist et al., 2000). Adaptações relacionadas ao ambiente profundo R ift ia pa ch yp til a Hoplostethus atlanticus Contribuição de diferentes habitats aos “bens e serviços” Total = 13 x 9 = 117 BOM ALGUM POUCO NENHUM %n 38,545 42,750 18,822 00 5 6 Carbonate mounds = feições presentes no leito oceânico resultantes do crescimento de organismos produtores de carbonato e sedimentação (controlada pelas correntes) Biogeography of Deep-Water Chemosynthetic Ecosystems O Censo da Vida Marinha (CoML) http://www.coml.org/
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