Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Concreto Armado Pós-graduação Em Engenharia Estrutural Prof. MSc. Leonardo Alexandre Objetivos do Curso • Apresentar ao pós-graduando o comportamento dos elementos estruturais em concreto armado e suas particularidades, abordando os fundamentos teóricos e utilizando ferramentas computacionais para o dimensionamento e detalhamento de estruturas de concreto armado. • Fazer com que o pós-graduando tenha conhecimento para analisar, dimensionar e detalhar lajes, vigas, pilares e blocos de fundações considerando os aspectos recomendados na NBR 6118:2014. Realizar análise estrutural considerando a formação de rótulas de concreto e detalhar regiões especiais utilizando a teoria de bielas e tirantes. Ementa • Propriedades do concreto, aço e concreto armado; • Comportamento das estruturas de concreto armado; • Dimensionamento e detalhamento de lajes; • Dimensionamento e detalhamento de vigas; • Dimensionamento e detalhamento de pilares; • Introdução ao modelo de bielas e tirantes; • Dimensionamento e detalhamento de blocos de fundação. Calendário • 24/03/2018 • 07/04/2018 • 28/04/2018 • 05/05/2018 • 12/05/2018 • 26/05/2018 Avaliação: Aplicações fornecidas ao final das aulas. Data limite para entrega das avaliações: 26/05/2018. Bibliografia Sugerida • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118 (2014). Projeto de estruturas de concreto – Procedimento; • ABNT NBR 6118:2014 Comentários e Exemplos de Aplicação. Ed.: IBRACON, 2015; • CARVALHO, R. C.;FIGUEIREDO FILHO, J.R. Cálculo e Detalhamento de Estruturas Usuais de Concreto Armado: Segundo a NBR 6118:104, 4 e.d.,São Carlos, EdUFSCar, 2014; • CARVALHO, R. C.; PINHEIRO, L. M. Cálculo e Detalhamento de Estruturas Usuais de Concreto Armado: Vol. 2, 2 e.d.,São Carlos, EdUFSCar, 2013; • PFEIL, W. Concreto Armado, 3v. Rio de Janeiro, LTC, 1989. Concreto • Material composto; • Mistura de um aglomerante hidráulico (cimento) com materiais inertes (agregados) e água; • Traço do concreto: proporção entre os diversos componentes; • Fator água/cimento (a/c): parâmetro importante para a resistência do concreto; • Aditivos: acentuar características específicas, como acelerador de pega, super fluidificantes, etc. Propriedades do Concreto Massa Específica do Concreto Normal Varia entre 2 ton/m³ e 2,8 ton/m³. Para efeito de cálculo, adota-se 2,4 ton/m³ para o concreto simples e 2,5 ton/m³ para o concreto armado. Classificação Os concretos são divididos em classes de resistência, de acordo com a resistência à compressão após 28 dias de endurecimento. C20 - fck = 20 MPa ou 2,0 kN/cm² C30 - fck = 30 MPa ou 3,0 kN/cm² Propriedades do Concreto Resistência à Compressão (fck) É a propriedade mecânica mais importante do concreto, pois além de trabalhar predominantemente à compressão, outros parâmetros podem ser relacionados empiricamente com o fck. Propriedades do Concreto Resistência à Compressão (fck) Sob ações de cargas de longa duração, o concreto apresenta uma resistência à compressão inferior à obtida com os ensaios rápidos padronizados. (Efeito Rüsch) Propriedades do Concreto Resistência à Tração (fct) • Ensaio de tração direta (fct) • Ensaio de tração na compressão (fct = 0,9.fct,sp) • Ensaio de tração na flexão (fct = 0,7.fct,f) A Resistência à tração pode ser estimada a partir da resistência à compressão. Observar que as resistências são expressas em MPa. fctk,inf = 0,7.fct,m fctk,sup=1,3.fct,m fct,m = 0,3.fck 2/3 se ≤ C50 fct,m = 2,12.ln(1+0,11.fck) se C55 até C90 Propriedades do Concreto Módulo de Elasticidade Inicial (Eci) Pode ser estimado pelas expressões a seguir: Propriedades do Concreto Módulo de deformação secante (Ecs) Utilizado na análise estrutural, principalmente para a determinação dos esforços solicitantes e verificações do ELS. Pode ser estimado pela expressão: 15 20 25 30 35 40 45 50 15 25 35 45 55 65 75 85 95 M ó d u lo ( G P a) fck (MPa) Eci Ecs Propriedades do Concreto Diagrama tensão-deformação Para tensões de compressão menores que 0,5.fc, pode-se admitir uma relação linear entre tensões e deformações, adotando-se para módulo de elasticidade o valor secante. Propriedades do Concreto Diagrama tensão-deformação Para o concreto não fissurado, pode ser adotado o diagrama tensão-deformação bilinear de tração. Concreto Estrutural A baixa resistência a tração do concreto simples, inviabiliza o seu uso em peças como tirantes e vigas. Associação do concreto simples com o aço (ótima resistência à tração) que constitui a armadura do material composto – Concreto Armado Concreto Estrutural As armaduras devem seguir a trajetória das tensões principais de tração. Ao ocorrer a ruptura do concreto da zona tracionada da seção, a armadura costura as partes resultantes, restando apenas fissuras como registro desta ruptura. Propriedades do Aço da Armadura Passiva Bitolas Comerciais (CA-50) Superfície nervurada Propriedades do Aço da Armadura Passiva Bitolas Comerciais (CA-60) Superfície nervurada e soldável em todas as bitolas Propriedades do Aço da Armadura Passiva Bitolas Comerciais (CA-25) Superfície lisa Propriedades do Aço da Armadura Passiva Superfície Aderente A capacidade aderente entre o aço e o concreto está relacionada ao tipo de superfície. Massa Específica (7850 kg/m³) Módulo de Elasticidade Na falta de ensaios ou valores fornecidos pelo fabricante, pode ser admitido igual a 210 GPa. Propriedades do Aço da Armadura Passiva Diagrama tensão-deformação Para o cálculo nos estados-limites de serviço e último, pode-se utilizar o diagrama simplificado mostrado na figura abaixo, para aços com ou sem patamar de escoamento. O valor de fyk para os aços sem patamar de escoamento é o valor da tensão correspondente à deformação permanente de 0,2 %. Propriedades do Concreto Armado Introdução • Aderência entre o concreto e a armadura, permitindo a mobilização da armadura imersa na massa de concreto. Aderência perfeita. • Proteção da armadura pelo concreto, evitando a corrosão mesmo na presença de pequenas fissuras. Importância dos limites para as aberturas de fissuras e de cobrimento adequados. • O Coeficiente de dilatação térmica dos dois materiais apresentam valores muito próximos, evitando problemas relativos a diminuição, ou até mesmo a eliminação, da aderência entre os dois materiais. Propriedades do Concreto Armado Aderência entre o Concreto e as Armaduras Aderência (bond) é responsável por fazer com que o aço e o concreto trabalhem em conjunto transmitindo os esforços internos de um para outro material. A aderência serve para ancorar as armaduras, nas extremidades ou nos pontos de emenda por traspasse, e ainda, para impedir o escorregamento das armaduras nos segmentos entre fissuras, limitando a abertura das mesmas. Propriedades do Concreto Armado Aderência entre o Concreto e as Armaduras Ancoragem é a fixação da barra do concreto, de modo que os esforços na barras sejam absorvidos pelo concreto. Isso permite que a barra seja interrompida. Emenda é a transferência de esforços de uma barra para outra. Isso se faz necessário por disposições construtivas ou pelo comprimento da barra e só é possível graças à aderência entre o aço e o concreto.Propriedades do Concreto Armado Tipos de Aderência Aderência por adesão decorre das ligações físico-químicas que se estabelecem no contato entre as barras de aço e o concreto durante o processo de pega do cimento. Essa ligação é destruída para pequenos deslocamento relativos entre a barra e o concreto, contribuindo pouco para a resistência da aderência. Propriedades do Concreto Armado Tipos de Aderência Aderência por atrito ocorre quando há tendência de deslocamento relativo entre a barra de aço e o concreto. As forças de atrito dependem da rugosidade superficial da barra e das pressões transversais às armaduras. Desta forma, a compressão transversal contribui para aumentar a aderência por atrito. fixação da barra do concreto, de modo que os esforços na barras sejam absorvidos pelo concreto. Isso permite que a barra seja interrompida. Propriedades do Concreto Armado Tipos de Aderência Aderência mecânica ocorre em barras nervuradas devido ao contato direto entre o concreto e as saliências na superfície da barra. Uma barra lisa pode apresentar aderência mecânica devido a rugosidade superficial proveniente da fabricação ou da corrosão. Portanto, como não é possível quantificar separadamente a contribuição de cada parcela da aderência, a separação é apenas esquemática. Propriedades do Concreto Armado Ancoragem por Aderência As tensões de aderência (τb) são variáveis ao longo do comprimento de ancoragem (lb). Entretanto, é suficiente considerar um valor médio (fbd) para efeito de cálculo. Fazendo o equilíbrio entre a força de ancoragem e a força limite aplicada na barra de aço correspondente a tensão de escoamento de cálculo do aço (fyd), tem-se: Propriedades do Concreto Armado Fendilhamento Na direção transversal à barra surgem tensões de tração, cuja resultante produz esforço de tração transversal denominados esforço de fendilhamento. Devido as tensões de tração, podem surgir fissuras longitudinais ou de fendilhamento na região de ancoragem. Quando o cobrimento é pequeno em relação ao diâmetro da barra, pode ocorrer a sua ruptura. Propriedades do Concreto Armado Resistência de Aderência A resistência de aderência de cálculo entre a armadura e o concreto é calculada de acordo com expressão abaixo. Propriedades do Concreto Armado Situações de Aderência Propriedades do Concreto Armado Durabilidade do concreto armado Parte da edificação Exemplos Vida útil de projeto (anos) Mínimo Intermediário Superior Estrutura principal Fundações, elementos estruturais (pilares, vigas, lajes e outros), paredes estruturais, estruturas periféricas, contenções e arrimos ≥ 50 ≥ 63 ≥ 75 Coberturas Rufos, calhas internas e demais complementos (ventilação, iluminação e vedação) ≥ 8 ≥ 10 ≥ 12 Impermeabilização Componentes de junta e rejuntamentos, mata- juntas, sancas, golas, rodapés e demais componentes de arremate ≥ 4 ≥ 5 ≥ 6 Mecanismos de envelhecimento e deterioração relativos ao concreto Lixiviação: É o mecanismo responsável por dissolver e carrear os compostos hidratados da pasta de cimento por ação de águas puras, carbônicas agressivas, ácidas e outras. Para prevenir a sua ocorrência, recomenda-se restringir a fissuração, de forma a minimizar a infiltração de águas, e proteger as superfícies expostas com produtos específicos, como os hidrófugos. Mecanismos de envelhecimento e deterioração relativos ao concreto Expansão por sulfato: É a expansão por ação de águas ou solos que contenham ou estejam contaminados com sulfatos, dando origem a reações expansivas e deletérias com a pasta de cimento hidratado. A prevenção pode ser feita pelo uso de cimento resistente a sulfato. Mecanismos de envelhecimento e deterioração relativos à armadura Despassivação por carbonatação: É a despassivação por ação do gás carbônico da atmosfera sobre o aço da armadura. As medidas preventivas consistem em dificultar o ingresso dos agentes agressivos no interior do concreto. O cobrimento das armaduras e o controle da fissuração minimizam este efeito, sendo recomendado um concreto de baixa porosidade. Mecanismos de envelhecimento e deterioração relativos à armadura Despassivação por ação de cloretos: Consiste na ruptura local da camada de passivação, causada por elevada teor de íon cloro. As medidas preventivas consistem em dificultar a ingresso dos agentes agressivos ao interior do concreto. O cobrimento das armaduras e o controle da fissuração minimizam este efeito, sendo recomendável o uso de um concreto de pequena porosidade. O uso de cimento composto com adição de escória ou material pozolânico é também recomendável nestes casos. Mecanismos de envelhecimento e deterioração relativos à estrutura São todos aqueles relacionados às ações mecânicas, movimentação de origem térmica, impactos, ações cíclicas, retração, fluência e relaxação, bem como as diversas ações que atuam sobre a estrutura. Sua prevenção requer medidas específicas que devem ser observadas em projeto. Alguns exemplos de medidas preventivas são: • Barreiras protetoras em pilares sujeitos a choques mecânicos; • Período de cura após a concretagem; • Juntas de dilatação em estruturas sujeitas a variação volumétrica; • Isolamento térmico, em casos específicos, para prevenir patologias devidas a variação térmica. Propriedades do Concreto Armado Classes de Agressividade Propriedades do Concreto Armado Critérios de projeto que visam durabilidade 1. Prever drenagem eficiente; 2. Evitar formas arquitetônicas e estruturais inadequadas; 3. Garantir concreto de qualidade apropriada, particularmente nas regiões superficiais dos elementos estruturais; 4. Garantir cobrimentos de concreto apropriado para proteção às armaduras; 5. Detalhar adequadamente as armaduras; 6. Controlar a fissuração das peças; 7. Prever espessuras de sacrifício ou revestimentos protetores em regiões sob condições de exposição ambiental muito agressiva; 8. Definir um plano de inspeção e manutenção preventiva. Propriedades do Concreto Armado Qualidade do Concreto Armado Propriedades do Concreto Armado Cobrimento Nominal O Cobrimento de uma determinada barra deve respeitar os seguintes valores: Propriedades do Concreto Armado Cobrimento Nominal Propriedades do Concreto Armado Resistência do Concreto ao Impacto O impacto produz dois efeitos principais na estrutura: • rupturas locais, no ponto de aplicação da carga; • transmissão de uma energia cinética, que deve ser absorvida pela estrutura, sob a forma de trabalho interno. No caso de estruturas de concreto armado, as rupturas locais são perigosas, pois o concreto é um material frágil. Os efeitos locais são contrabalançados por armaduras (estribos, armaduras longitudinais, fretagem), que reduzem a fragilidade do concreto. Propriedades do Concreto Armado Resistência do Concreto ao Impacto Para a absorção de energia cinética, a estrutura deve poder deformar-se consideravelmente, sem risco de ruptura. Para isso, a carga de ruptura deve ser substancialmente superior à carga que provoca a fissuração. No caso de pilares de obras viárias (pontes, viadutos), que são sujeitos a impactos acidentais de veículos desgovernados, utilizam-se armaduras construtivas muito concentradas, para evitar que os danos localizados, produzidos pelo impacto, possam causar a ruína de toda a estrutura.Princípios do Dimensionamento Para elementos estruturais de esbeltez l/d ≥ 2 (l = distância entre as seções de momento fletor nulo; d = altura da seção transversal) pode-se aplicar a hipótese de Bernoulli : 1) As seções transversais permanecem planas após a deformação do elemento até o estado limite último. Princípios do Dimensionamento 2) A resistência à tração do concreto não é considerada, ou seja, regiões de concreto tracionadas são consideradas sem efeito. Desta forma, pode-se afirmar que para toda força de tração necessária ao equilíbrio interno devem ser providenciadas pelas armaduras. 3) Elementos de aço e concreto da seção transversal, que se situem em fibras de igual distância à linha neutra, sofrem as mesmas deformações, ou seja, a aderência é perfeita. Flexão Simples - Estádios A seção de concreto é caracterizada aplicando-se um carregamento que vai do zero até a ruptura. Denomina-se Estádios as três fazes pelas quais a seção de concreto passa ao longo do carregamento: Estádio I, Estádio II e Estádio III. Flexão Simples – Estádio I I. Corresponde ao início do carregamento; II. O concreto resiste às tensões de tração; III. Diagrama de tensões linear ao longo da seção; IV. Cálculo do momento de fissuração e da armadura mínima; V. Termina quando a seção fissura. Flexão Simples – Estádio I Momento de Fissuração Nos estados-limites de serviço, as estruturas trabalham parcialmente no estádio I e II. A separação entre esses dois comportamentos é definida pelo momento de fissuração que pode ser calculado, aproximadamente, pela seguinte expressão: Flexão Simples – Estádio I Momento de Fissuração Exemplo Seja uma viga biapoiada de um edifício residencial, com seção de 22 cm x 40 cm, vão equivalente l = 410 cm, concreto C25, aço CA-50, armadura longitudinal 4 φ 16 (8,04 cm²), d = 35,5 cm, classe II de agressividade ambiental (c = 3 cm) e valores característicos das ações de: gk = 28 kN/m , qk = 7 kN/m pk = gk + qk = 35 kN/m Exemplo – Momento de Fissuração Momento de Fissuração Exemplo – Momento de Fissuração Formação de Fissuras No estado-limite de formação de fissuras (ELS-F), segundo o item 17.3.1 da NBR 6118:2014, deve ser utilizado o fctk,inf Exemplo – Momento de Fissuração Deformação Excessiva No estado-limite de deformação excessiva (ELS-DEF), deve ser usado o fct,m Flexão Simples – Estádio I Armadura Mínima A armadura mínima de tração, em elementos estruturais armados ou protendidos deve ser determinada pelo dimensionamento da seção a um momento fletor mínimo dado pela expressão a seguir, respeitando a taxa mínima absoluta de 0,15 %: Flexão Simples – Estádio I Armadura Mínima A expressão do momento mínimo refere-se ao momento de fissuração de vigas de concreto armado sem força normal. Alternativamente, a armadura mínima pode ser considerada atendida se forem respeitadas as taxas mínimas de armadura da tabela abaixo: Exemplo – Armadura Mínima Armadura Mínima Seja a seção de uma laje com h = 0,12 m, d = 0,09 m, concreto da classe C40, γc = 1,4 e γs = 1,15: Exemplo – Armadura Mínima Armadura Mínima Observa-se que o valor obtido é diferente da Tabela, pois adota-se uma relação d/h diferente. Flexão Simples – Estádio II Combinações de Serviço Para elementos estruturais de concreto armado de uma edificação residencial, os estados limites de serviço a serem verificados são ELS-W (abertura de fissura) e o ELS-DEF (deformação excessiva) A combinação de ação a ser considera para a verificação do ELS-W é a combinação frequente. No caso do ELS-DEF, as flechas são, usualmente, verificadas com a combinação quase permanente. No entanto, em casos especiais em que os elementos não estruturais (como vedações) são sensíveis às deformações da estrutura, o ELS-DEF pode ser verificado com a combinação frequente. Flexão Simples – Estádio II Flexão Simples – Estádio II Exemplo – Combinações de Serviço Combinação quase permanente O momento da combinação quase permanente é: Exemplo – Combinações de Serviço Combinação Frequente Como MCQP (63,25 kN.m) > M r (22,6 kN.m), ou seja, há fissuras e faz-se necessário calcular a posição da linha neutra (xII) e o momento de inércia (III) no estádio II, para ambas as verificações (ELS-W e ELS-DEF). Flexão Simples – Estádio II Linha Neutra Para seção retangular com armadura simples, XII é obtido com a equação: Para a avaliação da abertura de fissura, o cálculo no estádio II pode ser feito considerando a relação αe entre os módulos igual a 15 Exemplo – Linha Neutra ELS-DEF ELS-W Flexão Simples – Estádio II Momento de Inércia Para seção retangular com armadura simples. Para avaliação do ELS-DEF, tem-se: Para avaliação do ELS-W, tem-se: Flexão Simples – Estádio II Avaliação aproximada da flecha em vigas O modelo de comportamento da estrutura pode admitir o concreto e o aço como materiais de comportamento elástico e linear, de modo que as seções ao longo do elemento estrutura possam ter as deformações específicas determinadas no Estádio I, desde que os esforços não superem aquele que dão início à fissuração, e no estádio II, em caso contrário. Deve ser utilizado no cálculo o valor do módulo de elasticidade secante Ecs, sendo obrigatório a consideração do efeito da fluência. Flexão Simples – Estádio II Momento de Inércia Equivalente Exemplo – Momento de Inércia Equivalente Momento de Inércia Equivalente Flexão Simples – Estádio II Momento de Inércia Equivalente Para vãos de vigas contínuas, quando necessário maior precisão, pode-se adotar, para a rigidez equivalente, o valor ponderado pelo seguinte critério Exemplo – Flecha Imediata Flecha Imediata Para viga biapoiada, a flecha imediata (assumida elástica) é dada por: Substituindo os valores, tem-se: Flexão Simples – Estádio II Flecha Diferida A flecha adicional diferida, decorrente das cargas de longa duração em função da fluência, pode ser calculada de maneira aproximada pela multiplicação da flecha imediata pelo fator αf Na avaliação das flechas é importante levar em conta sua dependência com relação às condições do processo construtivo e às propriedades dos materiais no momento da sua efetiva solicitação. Flexão Simples – Estádio II Flecha Diferida Flexão Simples – Estádio II Flecha Diferida Exemplo – Flecha Diferida Flecha Diferida Flecha Total Flexão Simples – Estádio II Deslocamentos-limites São valores práticos utilizados para verificação em serviço do estado limite de deformação excessiva da estrutura. A NBR 6118:2014, classifica quatro grupos básicos: • Aceitabilidade sensorial: o limite é caracterizado por vibrações indesejáveis ou efeito visual desagradável; • Efeitos específicos: os deslocamentos podem impedir a utilização adequada da construção; • Efeitos em elementos não estruturais: deslocamentos estruturais podem ocasionar o mau funcionamento de elementos que, apesar de não fazerem parte da estrutura, estão a ela ligados; Flexão Simples – Estádio II Deslocamentos-limites • Efeitos em elementos estruturais: os deslocamentos podem afetar o comportamento do elemento estrutural, provocando afastamento em relação às hipóteses de cálculo adotadas. Se os deslocamentos foram relevantes para o elemento considerado,seus efeitos sobre as tensões ou sobre a estabilidade da estrutura devem ser considerados, incorporando-as ao modelo estrutural adotado. Flexão Simples – Estádio II Deslocamentos-limites Flexão Simples – Estádio II Deslocamentos-limites Flexão Simples – Estádio II Deslocamentos-limites Flexão Simples – Estádio II Deslocamentos-limites Exemplo - Contraflecha Contraflecha Pode ser adotada uma contraflecha da ordem da flecha imediata: ac = ai = 0,85 cm A contrafelcha, também pode ser um pouco maior que a flecha imediata. Porém a NBR 6118 estabelece um limite. ac,lim = L / 350 = 410 / 350 = 1,17 cm Como é usual adotar valores múltiplos de 0,5 cm, pode-se adotar contraflecha de 1,0 cm, menor que o limite de 1,17 cm, e que acarretaria uma flecha final de 0,97 cm, menor que alim = 1,64 cm. Flexão Simples – Estádio II Outras Providências no ELS-DEF Quando forem necessárias, há outras providências que podem ser tomadas para diminuir as deformações. As mais comuns são: • aumentar a seção transversal (b ou h); • aumentar a armadura tracionada (As); ou • adotar armadura de compressão (A’s). Convém ressaltar que aumentar a altura da viga (h) é a alternativa mais eficiente. Flexão Simples – Estádio II Controle de Fissuração A fissuração em elementos estruturais de concreto armado é inevitável, devido à grande variabilidade e à baixa resistência do concreto à tração, mesmo sob as ações de serviço (utilização), valores críticos de tensões de tração são atingidos. Visando obter bom desempenho relacionado à proteção das armaduras quanto à corrosão e à aceitabilidade sensorial dos usuários, busca-se controlar a abertura dessas fissuras. As fissuras podem ainda ocorrer por outras causas, como retração plástica térmica ou devido a reações químicas internas do concreto nas primeiras idades, devendo ser evitadas ou limitadas por cuidados tecnológicos. Flexão Simples – Estádio II Abertura de Fissuras O valor da abertura das fissuras pode sofrer a influência de restrições às variações volumétricas da estrutura, difíceis de serem consideradas nessa avaliação de forme suficientemente precisa. Além disso, essa abertura sofre também a influência das condições de execução da estrutura. Por essas razões, os critérios apresentados a seguir devem ser encarados como avaliações aceitáveis do comportamento geral do elemento, mas não garantem avaliação precisa da abertura de uma fissura específica. Flexão Simples – Estádio II Abertura de Fissuras Para cada elemento ou grupo de elementos das armaduras passiva e ativa aderente, que controla a fissuração do elemento estrutural, deve ser considerada uma área Acr do concreto de envolvimento, constituída por um retângulo cujos lados não distem mais de 7,5.φ do eixo da barra da armadura. Flexão Simples – Estádio II Abertura de Fissuras O valor característico da abertura de fissuras (Wk) determinado para cada parte da região de envolvimento, é o menor entre os obtidos pelas expressões a seguir: Flexão Simples – Estádio II Abertura de Fissuras É conveniente que toda a armadura de pele da viga, na sua zona tracionada, limite a abertura de fissuras na região Acri correspondente, e que seja mantido um espaçamento menor ou igual a 15.φ Flexão Simples – Estádio II Abertura de Fissuras O Cálculo no estádio II pode ser feito considerando a relação entre os módulos de elasticidade do açõ e do concreto igual a 15. n1 é o coeficiente de conformação superficial da armadura passiva. Nas vigas usuais, com altura menor que 1,2 m, pode-se considerar atendida a condição de abertura de fissuras em toda a pele tracionada, se a abertura de fissuras calculada na região das barras mais tracionadas for verificada e se existir armadura de pele Exemplo – Abertura de Fissuras Taxa de Armadura na Fissuração Será considerada a taxa de armadura de tração em relação à área da região de envolvimento Acr. Considerando b = 22 cm, c = 3,0 cm, φt = 0,63 cm e φl = 1,6 cm, temos: Exemplo – Abertura de Fissuras Cálculo da Tensão na Armadura (σs) Cálculo com αe = 15 Cálculo com αe = Es/Ec = 8,75 Comparando os resultados (3% menor), parece não haver diferença significativa em considerar αe = Es/Ec = 8,75 em vez de αe = 15, como preconiza a Norma. Exemplo – Abertura de Fissuras Cálculo Aproximado de σs Para seção retangular com armadura simples, no estádio II, um valor aproximado de σs pode ser obtido com a expressão: Nota-se que este valor é muito próximo dos obtidos anteriormente. Portanto, em um cálculo preliminar, a verificação pode ser feita com a tensão obtida com este cálculo aproximado. Exemplo – Abertura de Fissuras Cálculo de Wk Como se considera o menor valor entre ambos, resulta: Flexão Simples – Estádio II Verificação da Abertura Limite A abertura máxima característica das fissuras (Wk) desde que não exceda valores da ordem de 0,2 mm a 0,4 mm, sob ação das combinações frequentes, não tem importância significativa na corrosão das armaduras passivas. Na Tabela seguinte são dados valores-limites de Wk, assim como outras providências, visando garantir proteção adequada das armaduras quanto à corrosão. Entretanto, devido ao estágio atual do conhecimento e da alta variabilidade das grandezas envolvidas, esses limites devem ser vistos apenas como critérios para um projeto adequado de estruturas. Flexão Simples – Estádio II Verificação da Abertura Limite Flexão Simples – Estádio II Verificação da Abertura Limite Flexão Simples – Estádio II Verificação da Abertura Limite No caso das fissuras afetarem a funcionalidade da estrutura, como, por exemplo, no caso da estanqueidade de reservatórios, devem ser adotados limites menores para as aberturas das fissuras. Para controle mais efetivo da fissuração é conveniente a utilização da protensão. Por Controle de quanto à acessibilidade sensorial, entende-se a situação em que as fissuras passam a causar desconforto psicológico aos usuários, embora não representem perdas de segurança da estrutura. Limites mais severos de aberturas de fissuras podem ser estabelecidos com o contratante. Exemplo – Abertura de Fissuras Verificação da Abertura Limite Para concreto armado e classe de agressividade ambiental II, tem-se: Wlim = 0,3 mm Wk = 0,16 mm < Wlim Constata-se que a verificação ocorre com folga, o que justificaria o emprego do cálculo aproximado para a determinação de σs. Flexão Simples – Estádio II Providências no ELS-W Caso a verificação de abertura de fissuras não seja atendida, as principais providências são: • diminuir o diâmetro das barras da armadura de tração, respeitando-se As,nec ; • aumentar a quantidade de armadura (diminuir σs); • aumentar a seção transversal (b ou h). Flexão Simples – Estádio III I. Plastificação da zona comprimida; II. Concreto próximo da ruptura; III. Diagrama de tensões do concreto na forma parabólico-retangular ou retangular equivalente; IV. Realização do dimensionamento, denominado “cálculo na ruptura” ou “cálculo no estádio III”. Domínios de Deformação na Ruína Domínios de Deformação na Ruína Domínio 1 (Força normal de tração com pequena excentricidade) i. O estado limite último é caracterizado pela deformação máxima do aço (10 ‰); ii. A linha neutra é externa à seção transversal; iii. A seção transversal efetiva consiste apenas das duas armaduras de aço, não havendo participação do concreto, que é admitido como inteiramentefissurado; iv. A ruptura é devido a falha do aço. Domínios de Deformação na Ruína Domínio 2 (Flexão simples ou flexão composta com grande ou média excentricidade) i. O estado limite último é caracterizado pela deformação máxima do aço (10 ‰); ii. A linha neutra corta a seção transversal; iii. Na peça existe um banzo tracionado e um banzo comprimido, mas o concreto da zona comprimida não atinge a ruptura; iv. A ruptura é devido a falha do aço. Domínios de Deformação na Ruína Domínio 3 (Flexão simples ou flexão composta com grande ou média excentricidade) i. O estado limite último é caracterizado pelo esmagamento do concreto (3,5 ‰) ; ii. A linha neutra corta a seção transversal; iii. As peças que atingem o estado limite último neste domínio são ditas subarmadas. Esta é a situação desejável, pois não há risco de ruína não avisada ; iv. A ruptura do concreto ocorre simultaneamente com o escoamento da armadura. Domínios de Deformação na Ruína Domínio 4 (Força normal de compressão com média ou pequena excentricidade) i. O estado limite último é caracterizado pelo esmagamento do concreto (3,5 ‰) ; ii. A linha neutra corta a seção transversal; iii. As peças que atingem o estado limite último neste domínio são ditas superarmadas. Esta situação deve ser evitada, pois a ruptura ocorre de forma frágil, não avisada. O concreto rompe sem que a armadura tracionada possa provocar fissuração para advertência; iv. A ruptura do concreto ocorre antes do escoamento da armadura. Domínios de Deformação na Ruína Domínio 5 (Força normal de compressão com pequena excentricidade) i. O estado limite último é caracterizado pelo esmagamento do concreto (3,5 ‰) ; ii. A linha neutra corta a seção transversal; iii. As peças que atingem o estado limite último neste domínio são ditas superarmadas. Esta situação deve ser evitada, pois a ruptura ocorre de forma frágil, não avisada. O concreto rompe sem que a armadura tracionada possa provocar fissuração para advertência; iv. A ruptura do concreto ocorre antes do escoamento da armadura. Condições de Equilíbrio Flexão Simples – Estádio III Método Semiprobabilístico A verificação da segurança é realizada de acordo com o seguinte procedimento: • Ações e resistências características: Variáveis aleatórias com 5% de probabilidade de serem ultrapassadas para o lado mais desfavorável (contra a segurança); • Ações e resistências de cálculo: Majoram-se as ações e solicitações (γf) e minoram-se as resistências (γm, γs para o aço e γc para o concreto); • Segurança: Situação de ruína determinística por meia da comparação dos valores de cálculo (Sd ≤ Rd) Flexão Simples – Estádio III Estado Limite Último - ELU • Perda do equilíbrio como corpo rígido (tombamento); • Resistência ultrapassada (esmagamento do concreto); • Escoamento excessivo da armadura (ε > 10‰); • Aderência ultrapassada (escorregamento da barra); • Transformação da estrutura em mecanismo (estrutura hipoestática); • Flambagem; • Instabilidade dinâmica (ressonância); e • Fadiga (cagas repetitivas). Flexão Simples – Estádio III Combinações Últimas Flexão Simples – Estádio III Coeficientes de Ponderação das Ações Flexão Simples – Estádio III Coeficientes de Ponderação das Resistências Ductilidade em Vigas A capacidade de rotação dos elementos estruturais é função da posição da linha neutra no ELU. Quanto menor for x/d, tanto maior será tal capacidade. Nas vigas e lajes é necessário garantir boa condições de dutilidade respeitando os limites da posição da linha neutra (βx): βx (x/d) ≤ 0,45, para fck ≤ 50 Mpa; βx (x/d) ≤ 0,35, para 50 MPa < fck ≤ 90 MPa. Caso necessário, adota-se armadura de compressão (Armadura Dupla). Exemplo – Estádio III Momento de Cálculo Linha Neutra Exemplo – Estádio III Verificação da Dutilidade Área de Aço Armadura Dupla A introdução da armadura de compressão para garantir o atendimento de valores menores da posição da linha neutra (βx), que estejam nos domínios 2 ou 3, não conduz a elementos estruturais com ruptura frágil. Tal ruptura está associada a posições da linha neutra no domínio 4, com ou sem armadura de compressão Condições de Equilíbrio Referências Bibliográficas • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118 (2014). Projeto de estruturas de concreto – Procedimento; • ABNT NBR 6118:2014 Comentários e Exemplos de Aplicação. Ed.: IBRACON, 2015; • PFEIL, W. Concreto Armado, 3v. Rio de Janeiro, LTC, 1989. • PINHEIRO, L.M., MUZARDO, C.D. Notas de Aula, 2003
Compartilhar