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O livro digital em ambientes virtuais de aprendizagem: 
utilização da hipermídia como novas possibilidades de leitura 
 
The eBook in digital learning environments: 
use of hypermedia as new possibilities for reading 
 
Alexsandro Stumpf
1
 
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) 
Berenice Santos Gonçalves
2
 
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) 
Alice Teresinha Cybis Pereira
3
 
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) 
Marilia Matos Gonçalves
4
 
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) 
 
 
 
Resumo 
Diante da crescente inovação tecnológica, do surgimento de aplicativos interativos de leitura e da 
possibilidade da inserção de livros digitais nas plataformas de educação a distância, o presente 
estudo busca compreender como os recursos hipermidiáticos presentes em livros eletrônicos podem 
contribuir para os processos de ensino aprendizagem suportados por ambientes virtuais. Assim, a 
partir de um método que envolveu uma fundamentação e discussão sobre formatos, aplicativos e 
dispositivos de leitura, bem como a relação de autoria dos sujeitos envolvidos na construção dos 
livros digitais, apresentam-se as potencialidades do livro digital para os contextos de aprendizagem 
a distância. 
 
Palavras-chave 
Livro digital, aprendizagem, interatividade. 
 
 
 
 
 
1 alexsandro@unochapeco.edu.br 
2 bere@floripa.com.br 
3 alice@ava.ufsc.br 
4 marilinhamt@gmail.com 
Abstract 
Front the increasing technological innovation, the emergence of interactive reading and the 
possibility of inserting digital books on the platforms of distance education, this study seeks to 
understand how the features present in hypermedia electronic books can contribute to the processes 
of teaching and learning supported for virtual environments. So, from a method that involved a 
rationale and discussion formats, applications and devices for reading, and the relationship of 
authorship of the individuals involved in the construction of eBooks, shows the potential of the 
digital book to the contexts of distance learning . 
 
Keywords 
eBook, learning, interactivity. 
 3 
1. Introdução 
 
A educação à distância torna-se realidade na vida de milhares de pessoas que buscam novas formas 
de aprendizagem. O fato de não precisar estar em uma sala de aula com data e horário determinado, 
possibilita ao aluno a flexibilidade do tempo, a aproximação de fronteiras, o contato com novas 
tecnologias, em fim, abre caminho para o ingresso em um novo espaço de busca pelo 
conhecimento: o ciberespaço. 
 
Segundo Santaella (2009) o ciberespaço é descrito como um universo paralelo a nossa „realidade 
humana‟, constitui-se de um mundo virtual que tem sua matriz na internet e é sustentado por uma 
rede de computadores que funcionam como meio de acesso a esse universo. 
 
Aprender no ciberespaço requer conhecimento e adaptação do usuário a uma nova linguagem. 
Acostumado a escrever com papel e caneta e a ler em livros impressos que precisam ser folheados 
sobre a mesa, o aluno troca de cenário e passa a interligar-se com a linguagem que Nojosa (2007, p. 
74) descreve como hipertexto, sendo este um “conjunto de nós de significações interligados por 
conexões entre palavras, imagens, sons etc., em que não precisa seguir hierarquia de informação 
[...]. Cada leitor pode estabelecer seu próprio percurso de leitura.” 
 
Muitos usuários, já habituados com a prática da leitura em livros impressos, sentem dificuldades de 
ler na tela de um computador. “O computador e seu texto “volátil” subvertem alguns dos aspectos 
simbólicos do livro [...] e afetam a maneira como é visto por seu leitor/usuário.” (COELHO, 2010, 
p. 163). No ciberespaço, a busca constante em aproximar o universo virtual da realidade humana, 
possibilita a construção de dispositivos e interfaces gráficas com recursos que simulam o espaço 
físico. São links que conduzem o leitor de um ponto ao outro do texto com um simples clique. Além 
disso, os dispositivos mais atuais vão além dos recursos de hipertexto, permitindo a inserção de 
outras ferramentas que proporcionam interação do usuário com elementos gráficos do livro digital. 
A exemplo dessas novas tecnologias, destacam-se os tablets, aparelhos eletrônicos em formato de 
uma prancheta, que apresentam como principal característica, aplicativos com interfaces sensíveis 
ao toque. 
 
Ao incorporar textos, sons, imagens estáticas e em movimento todas em um mesmo ambiente, a 
linguagem do hipertexto passa ser incorporada a uma linguagem mais ampla no universo do 
ciberespaço, uma linguagem que Santaella (2009) define como hipermídia. 
 
Com todos esses recursos hipermidiáticos que propõem a interação do usuário com os ambientes 
virtuais, fica difícil compreender o porquê muitos cursos de educação a distância não utilizam 
dessas tecnologias para aproximar ainda mais o aluno do conteúdo a ser estudado. 
 
Essa deficiência de atratividade diante do usuário pode ser percebida em grande proporção no que 
se refere à leitura de livros em ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs). O fato da maioria dos 
livros digitais serem disponibilizados em formato PDF faz com que muitos alunos imprimam os 
textos, em vez de ler diretamente no computador, pois se sentem mais confortáveis em desenvolver 
a leitura no papel do que na tela. Para Coelho (2010, p. 162), 
 
[...] observa-se, inclusive, uma falta de paciência em relação ao texto na tela do 
computador. Tendemos a lê-lo mais displicentemente e nos desfazemos dele com maior 
facilidade (sem culpa) do que no caso da página com o texto impresso. A rolagem, ou 
scrolling, do texto na tela facilita a leitura casual. A noção de início e fim de texto a que 
nos acostumamos na relação com o livro também desaparece na tela do computador. 
 
 4 
Nesse contexto, a proposta deste artigo é, justamente, discutir a problemática da utilização do livro 
em ambientes virtuais de aprendizagem, buscando identificar possibilidades de adequação do livro 
digital às necessidades dos usuários, diante das novas tecnologias digitais e seus recursos 
hipermidiáticos. Para tanto se faz necessário compreender o cenário do livro eletrônico aplicado a 
ambientes virtuais de aprendizagem e suas perspectivas de interação com o leitor em cursos de 
educação a distância. 
 
 
2. O livro digital em ambientes virtuais de aprendizagem 
 
Nos últimos anos, os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) vem sendo cada vez mais 
utilizados no âmbito acadêmico e corporativo como uma opção tecnológica para atender uma 
demanda educacional conectada ao universo da internet. Para Milligan (1999, apud Pereira, 2007), 
o termo AVA deve ser usado para descrever um software baseado em servidor e modelado para 
gerenciar e administrar os variados aspectos da aprendizagem, disponibilizar conteúdos, 
acompanhar o estudante, avaliar o processo de ensino-aprendizagem, entre outros. De uma forma 
mais breve, McKimm et al. (2003, apud Pereira, 2007, p. 6) descreve AVA como “um conjunto de 
ferramentas eletrônicas voltadas ao processo ensino-aprendizagem.” 
 
Entre as ferramentas e recursos, inseridos em um software educacional, estão os livros digitais e as 
apostilas eletrônicas, os quais trazem textos referentes ao conteúdo do curso ou da disciplina. O que 
se percebe é que nem sempre esses textos estabelecem um “diálogo” com o leitor. Muitas vezes só 
conseguem atingir seu objetivo, de ser lido e apreciado, quando transferidos para o papel. É claro, 
que muitos alunos, para evitar a impressão ou para tentar agilizar o processo da leitura, acabam 
lendo na própria tela do computador, mas nem sempre essa práticase torna cômoda e eficiente. 
 
A maioria dos livros eletrônicos, também conhecidos como eBooks, ainda não incorporaram todos 
os recursos digitais disponíveis para a sua formatação. Os eBooks que podem utilizar em sua 
estrutura tanto recursos de hipertexto, como o uso de links entre palavras, imagens e elementos 
gráficos, quanto recursos de hipermídia, incluindo sons, vídeos e animações, possibilitando ao leitor 
interagir com o livro, apresentam-se ainda, em sua maioria, em formatos estáticos, sem nenhuma 
possibilidade de interação do usuário. 
 
No âmbito das novas tecnologias, o rompimento dos limites materiais, com a passagem do 
impresso para o eletrônico e a quebra da seqüência de páginas impressa, desperta o leitor 
para o aprendizado de uma nova leitura, mais dinâmica em termos de deslocamento físico e 
ação, além de trazer para a narrativa novos elementos que estimulam outros sentidos no ato 
da leitura. (PIRES, 2010, p. 108). 
 
Pires fala do uso da hipermídia como potencializadora da prática de leitura em ambientes virtuais. 
Segundo o autor, “durante o ato de leitura de uma obra hipertextual, o leitor poderá ser despertado, 
também, pelos elementos visuais dispostos e articulados nas páginas (tela) que abrigam a seqüência 
narrativa.” (PIRES, 2010, p. 108). 
 
Para distinguir o que é um livro eletrônico estático de um livro com possibilidades de interação, 
Pires (2010, p. 104) classifica os eBooks, tomando como referência os conceitos de Pierre Lévy, em 
livros digitais e livros virtuais. 
 
Livro digital: Diz respeito a uma enorme quantidade de exemplares que simulam o livro 
impresso, onde o leitor encontra uma dupla de páginas diagramadas segundo configurações 
já estabelecidas: uma bitola de texto, corpo X e entrelinha Y, numeração de página etc. 
Esses exemplares, geralmente são arquivos em PDF [...]. Consideraremos aqui estes 
 5 
“livros” como exemplos de “textos realizados por completo”, que no momento da sua 
atualização pelo leitor, durante o “trabalho” de leitura, em nada diferem dos livros 
impressos em papel. 
Livro virtual: [...] exemplares que podem ser gravados em CD-ROM, ou para a leitura em 
“navegação” on-line, sendo imprescindível na sua “construção” e “reconstrução” a 
utilização das ferramentas da hipertextualidade eletrônica. Como resultado de sua 
configuração, os “Livros virtuais” geram narrativas nãolineares ou multilinerares. 
 
Neste artigo, não pretende-se assumir uma ou outra definição para o conceito de livro eletrônico. 
Apresentam-se apenas estas distinções, a fim de compreender que dentro do universo dos eBooks há 
diversas possibilidades de formatação e de modos de exibição ao usuário. Os três elementos que 
determinarão o modo como o livro será apresentado no ambiente virtual são: o formato do livro; o 
aplicativo de leitura; e o dispositivo eletrônico. 
 
3. Os elementos de composição do livro digital 
 
Para Edinei Procópio, especialista em livros eletrônicos e membro da Comissão do Livro Digital da 
Câmara Brasileira do Livro (CBL), o eBook compreende: “o software reader (aplicativo que auxilia 
na leitura do livro na tela); o dispositivo de leitura (o recipiente ou o suporte dos livros); e o livro (o 
título em si ou a obra escrita).” (PROCÓPIO, 2010, p. 45). 
 
A seguir apresentar-se-ão separadamente esses três elementos. Para uma melhor compreensão, 
trataremos o terceiro elemento “livro” como “formato do arquivo”, pois é assim que Procópio 
define a obra escrita e editada, e mudaremos a ordem de apresentação, seguindo o processo de 
produção editorial. 
 
3.1 O formato do arquivo 
 
A primeira etapa de produção do livro digital consiste na editoração do conteúdo do livro. Após 
digitado em um documento de texto, a obra geralmente passa pelas mãos dos designers de livros 
que irão construir um projeto gráfico e fazer o trabalho de diagramação em um software específico
5
. 
Até aqui as etapas de produção para a publicação de um livro impresso e um livro digital são as 
mesmas, porém, a forma com que o livro é construído, ou seja, a definição do projeto de design, 
depende do formato em que o livro será disponibilizado para a leitura. São vários os tipos de 
formatos: RB, PDF, LIT, PDB, PRC
6
, ePub etc. Entre eles, destacam-se o PDF e o ePub. 
 
O formato PDF, como já mencionado, é o mais utilizado em ambientes virtuais de aprendizagem 
(AVAs). Isso porque para transformar um livro destinado para impressão gráfica em um livro 
digital em formato PDF não é necessário mudar o design ou a diagramação do livro. Basta ter o 
cuidado em alterar a escala de cores do modo CMYK (destinada ao meio impresso) para o modo 
RGB (destinada ao meio eletrônico). 
 
Entretanto, o formato PDF possibilita a inserção de outros recursos que no meio impresso não se 
tornam possível. Mesmo o formato considerado estático por muitos autores, permite a inserção de 
hipertextos que podem conduzir o usuário a uma navegação entre os links do livro. Recursos 
básicos como clicar em uma referência e direcionar à página da internet onde o texto referenciado 
encontra-se disponível, ou mesmo definir um sumário com links para os capítulos, são alternativas 
que podem ser exploradas no formato PDF. O que acontece é que muitos designers, preocupados 
 
5 O software mais utilizado para este fim é o Adobe InDesign. 
6 Os principais softwares de leitura dos formatos RB, PDF, Lit, PDB e PRC são, respectivamente, Rocket Edition, 
Acrobat eBook Reader, MS Reader, MobilePockt Reader e Palm Reader. 
 6 
apenas com a forma, deixam de lado possibilidades de interação e acabam “engessando” um 
conteúdo que poderia ser mais “dinâmico”. 
 
As possibilidades de navegação também vão depender do software que será utilizado para a 
abertura do arquivo. Há vários tipos de readers, sendo que uns possuem mais recursos de interação 
do que outros. A escolha do reader pode ser sugerida pelo próprio desenvolvedor do ambiente 
virtual de aprendizagem ou pode ficar a critério do usuário. Isso dependerá da proposta de interação 
que será pretendida com o uso do software. 
 
A figura a seguir apresenta algumas das possibilidades de navegação em um arquivo em formato 
PDF. As marcações em vermelho representam as possibilidades de interação disponíveis no próprio 
software de leitura; já as marcações em azul correspondem às intervenções de hipertexto que o 
designer pode inserir na interface do eBook no momento de sua editoração. 
 
 
 
Figura 1: Interface de um eBook, em formato PDF, acessado no software Adobe Reader. 
Fonte: do autor. 
 
Já o formato ePub é uma tendência universal de formatação dos eBooks
7
. Sua principal 
característica está no ajuste do texto à tela do dispositivo, ou seja, sua formatação não é “estática” 
como no formato PDF simples. O usuário pode aumentar e diminuir o tamanho da fonte do texto 
 
7 Procópio (2010, p. 141), comenta que “quando começaram a surgir as tecnologias para eBooks, sentiu-se a 
necessidade de criar um padrão para elas; uma especificação cujas regras definissem como seriam formatados os 
conteúdos para os livros eletrônicos e como seria a estrutura básica dos componentes dos seus arquivos. A essa 
iniciativa deu-se o nome de Opne eBook Specification, atual ePub. 
 7 
conforme sua necessidade de visualização. Arquivos ePub permitem ainda a aplicação de inúmeros 
recursos de hipermídia que podem variar dependendo do aplicativo (software reader) em que será 
aberto. Assim como no formato PDF, o livro em formato ePub também pode apresentar formas de 
navegação que dependem tanto dos recurso disponíveis no reader quanto de intervenções feitas 
pelodesigner ou programador. Por ser desenvolvido em uma linguagem de programação diferente 
do PDF
8
, requer ajustes na editoração do arquivo, não sendo, portanto, uma simples exportação do 
documento que “seria” destinado à impressão gráfica. Para Procópio (2010), a conversão em 
formato ePub representa um custo a mais na produção do livro digital. Isso é um dos fatores que 
acaba por não contribuir na sua popularização, uma vez que para a conversão em formato PDF não 
há esse custo. 
 
A seguir, apresentam-se algumas das possibilidades de navegação em um eBook de formato ePub, 
aberto em um software reader. As marcações em vermelho correspondem à navegação da interface 
do aplicativo de leitura e as marcações em azul fazem referência aos recursos de hipertexto 
desenvolvidos no momento da editoração do livro. 
 
 
 
Figura 1: Interface de um eBook, em formato ePub, acessado no software Adobe Digital Editions. 
Fonte: do autor. 
 
Procópio (2010, p. 139) afirma que “na prática não existe um arquivo ou um formato no qual o 
leitor pode se apegar e esquecer-se do resto, porque alguns livros estão disponíveis em um único 
formato. De qualquer modo, o formato mais convergente, que tende a originar um padrão, apesar de 
algumas questões, sem dúvida alguma, é o formato ePub.” 
 
 
8 Arquivos em formato ePub são desenvolvidos em linguagem XML (Extensible Markup Language), ou seja, é um 
formato para a criação de documentos com dados organizados de forma hierárquica e que possui como principal 
característica a adaptação da mancha de texto à qualquer dispositivo de leitura. 
 8 
Há diversos aplicativos de leitura para executar os arquivos em formato ePub, PDF ou demais 
formatos que possam ser encaixados nos formatos de livros digitais. Cada um desses softwares 
apresenta recursos diferentes para interação. Por este motivo, Procópio (2010) sugere que não se 
deve começar pela escolha do formato do livro, mas pelo software que vai lê-lo ou vai 
disponibilizar o conteúdo. 
 
3.2 O software reader 
 
“O reader é o software ou o aplicativo desenvolvido para auxiliar na leitura de livros nas telas de 
computadores de mesa, nas telas de computadores portáteis ou de bolso, ou na tela de dispositivos 
dedicados.” (PROCÓPIO, 2010, p. 45). 
 
Em ambientes virtuais de aprendizagem, ao clicar no link de um livro digital, geralmente abre-se 
um software de leitura do arquivo. Por serem, em sua maioria, arquivos em formato PDF, os 
usuários dificilmente precisam se preocupar em baixar o aplicativo no computador, pois geralmente 
esses readers já estão instalados no computador. 
 
Já os aplicativos destinados à leitura do formato ePub, por ainda não serem tão “populares” como o 
PDF, geralmente dependem de instalação por parte do usuário. Para Procópio (2010, p. 46), “os 
melhores readers, no entanto, são aqueles que permitem a leitura de arquivos de livros eletrônicos 
baseados em formatos padrão compatíveis como HTML ou XML. Ou seja, em formatos baseados 
em especificações abertas, como é o caso do ePub.” 
 
Muitos desses softwares de leitura possibilitam, entre vários outros recursos, a possibilidade de 
criação de bibliotecas pessoais, marcadores de páginas, busca por palavras-chave, ferramentas para 
sublinhar, assinalar e grifar o texto, dicionários e buscadores de palavras em sites específicos. Estas 
ferramentas precisam estar associadas às características dos hardwares (dispositivo eletrônico). 
 
3.3 O dispositivo de leitura 
 
Ler em um computador de mesa pode ser desagradável para uma parcela de usuários. Ler em um 
laptop parece não mudar muito essa relação. Mas ao passo em que novos equipamentos eletrônicos 
surgem, tornando-se práticos de manusear e transportar de um lugar para outro dentro de uma 
mochila ou até mesmo embaixo do braço, a relação da leitura em dispositivos eletrônicos acaba 
mudando de perspectiva. 
 
Partindo sempre do que ainda é mais usual entre os alunos de cursos de educação a distância, é 
evidente que se precisa pensar no computador tradicional no topo dos dispositivos de leitura. 
Entretanto, inúmeros são os usuários que já fazem uso de outros aparelhos eletrônicos mais 
práticos, modernos e que concedem uma aproximação maior com o manejo do livro digital. 
 
Além dos computadores de mesa e dos computadores portáteis, também enquadram-se na relação 
de dispositivos de leitura os computadores de bolso, os tablets e os e-readers.
9
 Estes últimos são 
exclusivos para a leitura de eBooks, não sendo, portanto, tão usuais em cursos de educação à 
distância, a não ser, é claro, em se tratando apenas da leitura de textos como atividade 
complementar e externa ao ambiente virtual de aprendizagem. 
 
As inovações na área da informática buscam constantemente encontrar soluções interativas que 
 
9 Para citar alguns exemplos, estão os PalmTops, entre os computadores de bolso; o iPad e o Galaxy Tab, entre os 
tablets; e o Kindle, o Sony Reader e o Nook, entre os e-readers. 
 9 
permitam o envolvimento do usuário com as interfaces gráficas. Prova disso são os computadores 
de formato tablet que, mediante os seus recursos touch screem, permitem ao usuário substituir o 
tradicional mouse pelo simples toque na tela, a fim de executar determinado comando com a ponta 
dos dedos. Ou ainda, pode-se citar os e-readers, dispositivos específicos para a leitura de livros que, 
assim como os tablets, também utilizam-se de recursos de tela sensível ao toque para virar a página 
de um livro eletrônico, por exemplo. 
 
São recursos que precisam ser pensados como possibilidades de interação com o usuário, a fim de 
contribuir com uma leitura mais eficiente e prazerosa. No processo de construção do livro para 
ambientes virtuais de aprendizagem, os sujeitos envolvidos – autor, designer, leitor – precisam 
compreender seus novos papéis diante de um universo regado de possibilidades de interação que 
afloram constantemente. Os recursos hipermidiáticos do ciberespaço estão disponíveis para serem 
utilizados em benefício a uma educação pautada nas novas tecnologias. 
 
4. Perspectivas do livro digital em AVAs 
 
Embora o livro digital ainda possa ser visto por muitas pessoas como o vilão que acabará com a 
existência do livro impresso e, para outras, como o filho prodígio que nunca vingará, sempre haverá 
aqueles que apostarão na sua sobrevivência e no seu fortalecimento diante da hipermídia. O livro 
tradicional apresenta pontos positivos de linearidade, continuidade, visão do todo, facilidade de 
acesso, portabilidade etc., porém, o interesse pelo livro digital vem crescendo, aumentando sua 
visibilidade e aceitação do usuário. É evidente que a comparação ao livro impresso sempre irá 
existir e que o livro digital só será aceito em sua totalidade quando conseguir provar que realmente 
pode ser tão eficiente ou até mesmo melhor que o livro tradicional. 
 
No contexto dos ambientes de aprendizagem, uma perspectiva que o livro digital traz no processo 
de concepção do livro é a possibilidade de co-autoria. Talvez seja esta a tendência dos futuros 
eBooks aplicados aos ambientes virtuais de aprendizagem. Pelo menos é o que tudo indica. O autor 
deve pensar o conteúdo do livro com vários caminhos a serem percorridos, possibilitando até 
mesmo a inserção de novos conteúdos dentro desse livro, trabalhando na ideia de que, a partir das 
contribuições do autor, o leitor poderá produzir seu próprio entendimento e gerar novos 
conhecimentos. Ainda no processo de co-autoria, caberá ao designer (gráfico e/ou de interação) 
disponibilizar os caminhos a serem percorridos. A forma com que os textos, as imagens, oslinks, os 
efeitos de som e animação serão apresentados na obra digital poderão orientar o usuário na leitura 
dos eBooks, tornando o design um elemento co-participativo dessa construção. 
 
Este cenário abre, segundo Pires (2010, p. 109) “um novo e fértil campo de atuação para o designer, 
trata-se de uma reformulação na própria idéia do livro”. O livro digital ao passar para uma lógica 
não linear coloca o designer como responsável (ao lado do escritor) por elaborar potencialidades na 
organização de conteúdos visuais. Ainda ao fazer referência ao papel do designer, Pires (2010, p. 
110-111) ressalta que, “por meio do livro eletrônico, a relação existente entre forma, conteúdo e 
sentido, na qual os meios e “suportes materiais” que veiculam os textos, impõem certos limites e 
posturas alterando os modos de leitura e o significado da obra”. O autor parafraseia Roger Chartier 
ao afirmar que “... os textos não existem fora dos suportes materiais (sejam eles quais forem) de que 
são os veículos”. 
 
Ao referir-se à co-autoria dos leitores dos livros digitais, Pires (2010, p. 111) defende que 
 
Para o leitor do livro virtual a narrativa se apresenta em construção, ainda que venha a ser 
composta por uma reserva de dados disponibilizada. O autor desta obra não constrói sua 
trama, sua textura, por completa, mas apresenta seus fios e a urdidura. A partir do acesso a 
 1
0 
estes “possíveis”, quem se apressará dos gestos de tecer, dando forma singular à narrativa, 
será, indiscutivelmente, o leitor. 
 
Em muitas narrativas hipertextuais o leitor precisa clicar, ou seja, optar por uma das possibilidades 
disponíveis para que a história prossiga. Nesses casos, é imprescindível a participação do leitor para 
o desenrolar da narrativa. 
 
Por esta noção de mudança nos papéis de autoria do texto, percebe-se que ao relacionar o livro 
digital no ambiente virtual de educação à distância, a participação do aluno de forma interativa 
torna-se o fator essencial para garantir sua conexão com a leitura. Quanto mais recursos interativos 
o livro proporcionar, sem é claro dispersar a atenção do usuário, melhor será sua relação com o 
ambiente virtual. 
 
Ao desenvolver os projetos de plataformas educacionais para AVAs, os designs precisam pensar 
nas possibilidades de inserção de livros digitais mais interativos do que os tradicionais formatos 
PDF. O PDF garante algumas características que são importantes para a manutenção de um layout 
similar ao impresso, porém, formatos como o ePub podem contribuir ao propor uma leitura que 
prima pela legibilidade e pela utilização de uma navegação rápida e eficiente. Para tanto seria 
necessário incorporar aos AVAs, aplicativos que permitam a leitura de textos em formato ePub. 
 
Uma grande potencialidade que também se apresenta, principalmente para uma aplicação em livros 
digitais didáticos é a construção do livro em forma de aplicativos interativos que não necessitem de 
outro software para a sua execução. O livro interativo necessita, porém, do desenvolvimento de uma 
programação específica que atenda todos os comandos desejados de interação, como a 
movimentação de elementos gráficos na tela por meio dos recursos touch screen, resolução das 
atividades no próprio aplicativo etc. Entre os eBooks, o livro interativo é o que melhor se apropria 
dos conceitos de hipermídia, possibilitando o uso de som, vídeos e links que possibilitam a 
interação do leitor com o conteúdo da obra com o simples toque dos dedos na tela do dispositivo, 
possibilitando até mesmo a construção de novos conteúdos 
 
Para Coelho (2010, p. 172), “a interatividade do computador é semelhante à de um jogo e produz o 
mesmo prazer lúdico no usuário. É natural, portanto, que lhe seja atribuído um valor afetivo maior 
que pelo livro para muitas pessoas”. O leitor precisa se divertir com o livro digital, precisa ter um 
apelo sentimental com o virtual e sentir prazer em ler na tela. A tarefa é difícil, mas é só saber 
aproveitar os recursos disponíveis e focar nos anseios e expectativas dos usuários. 
 
4. Considerações finais 
 
Apesar das discussões sobre o futuro do livro digital ter ganhado grande visibilidade no cenário 
atual, poucas são as abordagens em relação à aplicação dos eBooks em ambientes virtuais de 
aprendizagem. Raras são as referências que descrevem o livro no contexto do ensino a distância. 
Este artigo buscou analisar o livro digital exatamente por esse viés, pensando nas possibilidades do 
futuro do livro diante dos recursos hipermidiáticos do ciberespaço. 
 
Assim, buscou-se, por meio de uma abordagem teórica, propor uma discussão a cerca dos três 
elementos que compõem o livro digital: o formato do arquivo, o aplicativo e o dispositivo de 
leitura. Ao analisar o conceito e características técnicas de cada um, identificaram-se algumas 
potencialidades dos livros digitais diante da prática da leitura em ambientes virtuais de 
aprendizagem. O livro não precisa apresentar seu conteúdo de forma estática, formatado em PDF. A 
proposta de não linearidade do livro digital requer que o formato do eBook seja mais flexível, com o 
uso de recursos de hipertexto e hipermídia. 
 1
1 
 
Ao tratar dos aplicativos de leitura, percebeu-se que a formatação e os recursos de interação podem 
variar dependendo do software reader a ser adotado pelo usuário. 
 
Em relação aos dispositivos de leitura, observou-se que o rápido avanço tecnológico traz, a cada 
dia, novos hardwares com recursos cada vez mais interativos. O surgimentos dos tablets e dos 
readers revolucionaram a ideia do livro digital e possibilitou ao usuário uma aproximação mais 
afetiva com o livro. 
 
Ao analisar a participação do usuário na leitura de textos inseridos dentro da linguagem 
hipermidiática, percebeu-se que a não linearidade dos textos, associada a recursos de interação, 
fazem do leitor um sujeito co-autor, pois é ele quem define que rumo seguir dentro de um livro 
digital com possibilidades interativas. A construção do conhecimento se dá pelas escolhas de 
navegação, muitas vezes sugeridas pela formatação visual do designer que desenvolveu a interface 
do livro digital, sendo este também, um co-autor do processo de construção dos eBooks. 
 
Ainda é cedo para dizer quais serão os rumos dos livros inseridos nas plataformas dos cursos a 
distância. Mas se não se pode prever, pelo menos se pode imaginar que em breve não será mais 
necessário imprimir em papel, pois os usuários estarão cada vez mais atraídos pelos recursos de 
interação disponíveis nos livros digitais. 
 
5. Referências 
 
COELHO, Luiz Antonio L. Afiando com o Livro. In: Design: Olhares sobre o livro. Coelho, Luiz 
Antonio Luzio; Farbiarz, Alexandre (Orgs.). Teresópolis: Editora Novas Idéias, 2010. 
 
NOJOSA, Urbano Nobre. Da rigidez do Texto à Fluidez do Hipertexto. In: Hipertexto Hipermídia: 
as Novas Ferramentas da Comunicação Digital. Ferrari, Pollyana (Org.) São Paulo: Contexto, 2007. 
 
PEREIRA, Alice T. Cybis (Org.). Ambientes Virtuais de Aprendizagem - Em Diferentes Contextos. 
Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda., 2007. 
 
PIRES, Julie A. Leitura e virtualidade: Tecendo entre as linhas da narrativa. In: Design: Olhares 
sobre o livro. Coelho, Luiz Antonio Luzio; Farbiarz, Alexandre (Orgs.). Teresópolis: Editora Novas 
Idéias, 2010. 
 
PROCÓPIO, Ednei. O livro na era digital. São Paulo: Giz Editorial, 2010. 
 
SANTAELLA, Lucia. Navegar no ciberespaço: o perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo: 
Paulus, 3 ed. 2009.

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