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Psicologia e o compromisso social

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Psicologia e o compromisso social
Prof. Ms. Valter da Mata
 
Histórico
A Psicologia sempre esteve vinculada à sociedade brasileira e sempre respondeu a demandas sociais, dessa forma, manteve durante toda a sua existência um determinado compromisso com a sociedade.
Histórico
Psicologia enquanto ciência e profissão marcada pelo compromisso com os interesses da elite:
Controle;
Categorização;
Diferenciação;
Higienização;
Práticas voltadas à manutenção e incremento do lucro. 
Histórico – Brasil Colônia
Brasil Colônia: ideias psicológicas produzidas pelos representantes das igrejas e intelectuais orgânicos foram marcadas pelo controle.
Histórico – Brasil Colônia
Controles dos indígenas;
Controle das mulheres e crianças.
Estudos considerados ao campo da Psicologia, por tratarem de comportamentos e de aspectos morais que guiavam as condutas da população.
Histórico – Brasil Império
As ideias psicológicas passam a ser produzidas no âmbito da medicina e da educação e respondeu ao interesse da higienização da sociedade.
Buscava-se uma sociedade livre da desordem e dos desvios.
Educação marcada por práticas autoritárias e disciplinares.
Medicina marcada pela criação de hospícios como asilos higiênicos e de tratamento moral.
Histórico – Brasil Império
A Moral enquanto característica natural do homem;
O homem perdia a moral quando se degenera;
Degeneração como produto das misturas de raças. Associava-se a imoralidade à pobreza e à negritude.
Histórico – Brasil República
No final do século 19 a Psicologia adquire status de ciência autônoma na Europa.
Educação: marcada pelo movimento da Escola Nova. Transformação das escolas em laboratórios. Abolição dos castigos e a vigilância disciplinar, substituindo pela vigilância psicológica.
Surgimento de muitas teorias do desenvolvimento humano. 
Histórico – Brasil República
Ideias psicológicas influenciando no campo do trabalho, da administração, baseado no pensamento taylorista.
Educação para o trabalho: diferenciação das pessoas, para formação de grupos homogêneos e seleção de trabalhadores adequados.
Desenvolvimento dos testes psicológicos, fundamentais para prática diferenciadora e categorizadora. 
Profissão Regulamentada
Psicologia servindo às elites, sendo seu acesso dificultado aos que têm baixo poder aquisitivo.
Baixa inserção social, baixo poder organizativo, com entidades frágeis, de pequeno poder de pressão e que negociou pouco com o Estado suas demarcações e possibilidades de contribuição social.
Profissão Regulamentada
Dados do CRP 06 no ano de 1995: Alto índice de psicólogas(os) na área da saúde, mas fora das instituições. Atuação em consultórios particulares.
Psicologia enquanto profissão frágil, dando respostas pouco desenvolvidas, atendendo diferentes demandas com respostas genéricas.
Sociedade Moderna
A Psicologia se instituiu como uma ciência e profissão conservadora, que não constroem nem debatem um projeto de transformação social.
A Psicologia não tem um projeto de transformação social por adotar uma perspectiva naturalizante do homem e de seu desenvolvimento psíquico.
As teorias do desenvolvimento tomam o psiquismo como algo natural e que tinha percurso certo, tudo isso dado pela “natureza humana”.
Sociedade Moderna
Tendências progressistas surgem a partir dos anos 1970, com a criação da área da Psicologia Comunitária.
Significou um avanço porque exigiu que a Psicologia olhasse a realidade social como um princípio da construção da ciência e da profissão.
Profissão eminentemente feminina. Existiam até esse período um protagonismo feminino inexpressivo.
Elementos ideológicos da profissão
A Psicologia tem naturalizado o fenômeno psicológico;
Os psicólogos não tem concebido suas intervenções como trabalho;
A Psicologia tem concebido os sujeitos como responsáveis e capazes de promover seu próprio desenvolvimento.
Naturalização do Fenômeno Psicológico
Fenômeno psicológico enclausurado no homem e como algo abstrato, que tem vida própria e destino traçado.
Identificado como um “verdadeiro eu”, natural e é mais verdadeiro que o eu que aparece nas relações sociais.
O fenômeno psicológico nos é dado como potencial e se desenvolverá conforme o homem for aproveitando as situações de estimulação que o mundo social lhe oferece.
Naturalização do Fenômeno Psicológico
Essa concepção resulta numa Psicologia de costas para realidade social. Não referencia ao cotidiano das pessoas, à cultura e aos valores sociais, às formas de produção da sobrevivência e às relações sociais para compreender o mundo psíquico.
O fenômeno psicológico é visto como algo universal.
Naturalização do Fenômeno Psicológico
Nessa perspectiva, a Psicologia é algo que dá suporte ao desenvolvimento natural, reencaminhado ao “trilho” quando se percebe algum desvio.
Psicologia enquanto uma profissão corretiva, utilizada quando os desvios e patologias encontram-se instalados.
A Psicologia pouco pode fazer para promoção de qualidade de vida.
Superando a naturalização
O fenômeno psicológico não deve ser concebido como algo natural e universal.
Nossas concepções de subjetividade deveriam unir o mundo objetivo com o mundo subjetivo, a fim de compreende-los como construções históricas a partir da atuação transformadora do homem sobre este mundo.
Superando a naturalização
A humanidade deve ser vista como algo que está no mundo objetivo, na medida em que o homem, ao transformar o mundo material, ultrapassou os limites de sua natureza animal e humanizou-se, e humanizou o mundo.
Os objetos culturais do homem, contém características humanizadas desse homem.
A humanidade está posta, no mundo objetivo.
A humanidade é retirada do mundo objetivo pela ação transformadora do homem e utilizada para construir sua singularidade, sua individualidade.
Superando a naturalização
O mundo psicológico não é algo natural e sim algo construído.
O mundo psicológico, como registro singular das relações vividas por cada um de nós, não tem nada de natural e não carrega potencialidades. Constitui-se como um obra do próprio sujeito, na experiência de contato com o mundo cultural e social.
As concepções naturalizantes nos afastam do mundo social e acobertam a construção social do psiquismo , tornando-se ideológicas. 
Intervenção Psicológica no lugar do não-trabalho
As principais características do psiquismo são vistas como dadas pela natureza.
Se o homem encontrar as condições ideais na vida, nada restaria a Psicologia para fazer.
Mas a ideia é que consertamos o que a natureza criou e a sociedade desviou.
Nessa perspectiva o homem é concebido como ser autônomo e capaz de produzir seu próprio movimento de individualização.
Psicólogos ajudam as pessoas a se desenvolverem. 
Intervenção Psicológica no lugar do não-trabalho
Cabe ao sujeito o processo de produção de si mesmo, que se autoconhecendo poderá se autoconduzir e se autodesenvolver.
Os Psicólogos não acreditam que direcionam o desenvolvimento dos clientes, pois este é dado pela natureza.
O trabalho do psicólogo é desvelar as verdades sobre o sujeito, para que ele mesmo possa se conduzir.
Intervenção Psicológica no lugar do não-trabalho
A discussão sobre que sociedade e que homem estamos promovendo e estimulando com nossas concepções e com nosso trabalho, nem é colocada para maioria dos psicólogos.
O trabalho visto enquanto intervenção intencionada e direcionada sobre o mundo não existe para maioria dos psicólogos.
Como seres humanos, estamos submetidos a moral vigente e o problema é que naturalizamos a mesma.
O sujeito responsável pelo próprio desenvolvimento
O homem é pensado como alguém que possui a capacidade de produzir seu próprio desenvolvimento e individualização. Nas teorias psicológicas existe a ideia que o homem possui uma força motriz que o movimenta para o desenvolvimento.
Nessas concepções, a sociedade não tem papel algum. É vista como algo externo ao sujeito, que nada tem a ver no seu desenvolvimento.
A sociedade
ajuda ou atrapalha, mas não é vista como algo do humano, objetivação do humano que permite transmitir de geração a geração a humanidade criada pelo homem.
O sujeito responsável pelo próprio desenvolvimento
De costas para realidade social, os psicólogos querem entender o fenômeno psicológico a partir do próprio homem, ocultando as determinações sociais, construindo ideologias.
Aqui o homem é responsabilizado pelo próprio processo de desenvolvimento, pelo seu sucesso e pelo seu fracasso.
Essa concepção isola o sujeito e sua subjetividade do mundo social e isenta as instituições sociais e modos de produção da sobrevivência pelos sofrimentos psicológicos.
Psicologia e Compromisso Social
“A mudança desses paradigmas permitirá a superação da ideologia presente na Psicologia e consolidará um novo compromisso dos psicólogos e da Psicologia com a sociedade, um compromisso de trabalho pela melhoria da qualidade de vida; um compromisso em nome dos direitos humanos e do fim das desigualdades sociais.” (Bock, 2009)

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