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06 A eficYcia dos recursos fisioterapeuticos utilizados no tratamento da Tendinite do Supra espinhoso

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A eficácia dos recursos fisioterapeuticos utilizados no tratamento da 
Tendinite do Supra-espinhoso. 
 
Edinarda Alves Gomes1 
edinarda@ig.com.br 
Dayana Priscila Maia Mejia2 
Pós-graduação em Ortopedia e Traumatologia – Faculdade Sul Americana/FASAM 
 
Resumo 
O ombro é uma articulação complexa, sujeita a um grande número de afecções devido a sua 
instabilidade e ao grande número de movimentos que é capaz de realizar.A tendinite do 
supra-espinhoso causa dor e limitação funcional, especialmente na realização de atividades 
acima da cabeça. Músculos, ligamentos, tendões, bursa e as articulações em si sofrem 
alterações e as consequências de tal lesão, prejudicando toda a harmonia necessária para 
um bom funcionamento do complexo do ombro.A fisioterapia é indicada como forma de 
tratamento para auxiliar no alívio dos sintomas dolorosos e na reabilitação, reintegrando o 
indivíduo ao seu trabalho e possibilitando que realize suas atividades de vida diária. Este 
trabalho tem como objetivo apresentar a eficácia dos recursos fisioterapeuticos utilizados no 
tratamento da tendinite do supra espinhoso através de uma revisão bibliográfica. 
 
Palavras Chaves:Ombro; Tendinite; Supra-espinhoso; Manguito rotador. 
 
1.Introdução 
As ações realizadas pelo ombro são tão complexas que a limitação ou a hiper mobilidade de 
uma de suas articulações compreendem em perda da funcionalidade das estruturas envolvidas. 
O ombro ou articulação glenoumeral é constituído pela cabeça doúmero com a cavidade 
glenóide, sendo a articulação mais móvel do corpo, conseguindo realizar os movimentos mais 
amplo. O complexoarticular do ombro é composto de 20 músculos, 4 articulações ósseas 
(glenoumeral, esternoclavicular, acromioclavicular eescapulotorácica e ainda uma importante 
formação músculo-tendinosa para a articulação do ombro, o manguito rotador, formado pelos 
músculos supra-espinhoso, infra-espinho,sub escapular e redondo menor (SPENCE, 1991). 
Quando íntegro, permite a formação de um espaço articular fechado, sugerindo uma 
participação na nutrição da cartilagem e consequentemente prevenção de processos 
degenerativos. (CHECCHIA, 1994). 
O ombro é uma articulação bastante complexa e a mais móvel de todo o corpo humano, 
entretanto, é considerada pouco estável por sua anatomia articular, especialmente na 
articulação glenoumeral. Esta grande mobilidade e menor instabilidade podem ser atribuídas à 
frouxidão capsular associada à forma arredondada e grande da cabeça umeral e rasa superfície 
da fossa glenóide, sendo necessário harmonia sincrônica e constante entre todas as estruturas 
estáticas e dinâmicas que mantêms ua biomecânica normal. Por esse motivo, qualquer 
alteração que comprometa sua estrutura e função faz com que esse complexo articular seja 
alvo de inúmeras afecções, sendo a síndrome do impacto (SI)a mais comum em indivíduos 
adultos (BARBOSA, 2008). 
Segundo (REES, 2006), há duas grandes teorias na etiologia das tendinopatias e, consequente, 
na ruptura dos tendões: uma é mecânica e a outra vascular. Na teoria mecânica, é discutido 
que a carga repetitiva, mesmo dentro da faixa de oscilação de tensão normal-fisiológica de um 
 
1Pós-graduando em Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia. 
2Mestrando em Bioética e Direito em Saúde, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Graduada em 
Fisioterapia. 
 
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tendão, causa fadiga e eventualmente leva a falência tendínea, pois há acúmulo de danos no 
colágeno ou em outros componentes da matriz colágena, com tensionamentos repetitivos, até 
mesmo dentro dos limites fisiológicos de estresse. Tendões são tecidos metabolicamente 
ativos e necessitam de aporte vascular. Assim, na teoria vascular, é discutido que certos 
tendões (incluindo o do m. supra espinhal), ou pelo menos alguns segmentos destes, tenham 
uma provisão de sangue deficiente, deixando-os mais suscetíveis a degenerações. 
O músculo supra-espinhoso é um abdutor do úmero. Como o deltóide, ele funciona tanto para 
a flexão como para a abdução do úmero. Seu papeléquantitativo em vez de especializado. O 
braço de alavanca do supra-espinhoso é praticamente constante através de todaAmplitude de 
Movimento (ADM) e é maior do que o do deltóide paraos primeiros 60° de abdução. Quando 
o deltóide está paralisado, o supra-espinhoso sozinho consegue abduzir o braço por toda ou 
quase toda ADM da articulação glenoumeral, mas o movimento será fraco(SPENCE, 1991). 
As principais queixas dos pacientes normalmente são dor, rigidez, enfraquecimento e, quase 
sempre, “fisgadas”, quando o braço é usado na posição flexão-rotação interna. Os sintomas 
associados podem incluir dificuldade em adormecer, especialmente sobre o lado afetado, 
dificuldade no desempenho de atividades diárias rotineiras e de atividades acima da cabeça 
(MAXEY, 2002). 
A fisioterapia vem se destacando nos processos de reabilitação com uso de técnicas não 
invasivas que justamente evitam transtornos aos pacientes, uma maneira de acolhê-los no 
serviço e demonstrar resolutividade nas consequências oriundas de inúmeras afecções e 
processos patológicos, principalmente os de origem musculoesquelética, como por exemplo, 
as tendinites. 
A Fisioterapia, com a utilização de seus recursos terapêuticos pode proporcionarum alívio das 
condições sintomatológicas e/ou etiológicas, buscando restabelecer a função normal do 
complexo articular do ombro. Dentre esses recursos está a cinesioterapia, o tens e a 
laserterapia, indicados para os quadros dolorosos e nos processos inflamatórios intra-
articulares e no restabelecimento da função. 
Para que o tratamento fisioterapêutico na síndrome do impacto seja eficaz é necessário que o 
fisioterapeuta tenha conhecimento sobre o complexo do ombro, os mecanismos envolvidos 
nas suas disfunções e na sua evolução, avaliando a articulação minuciosamente e não de 
maneira isolada. 
A cinesioterapia, ou exercício terapêutico deve ser a intervenção principal no programa de 
assistência da fisioterapia, complementado por outras intervenções, tem a finalidade de 
aprimorar a função ou reduzir uma incapacidade, auxiliar no processo de recuperação do 
paciente, no fortalecimento e a recuperação funcional das musculaturas afetadas (KISNER, 
2005). 
A laserterapia consiste numa radiação que apresenta potencial terapêutico destacado emlesões 
profundas do tipo articular, muscular, etc, que atua na redução da inflamação e, 
consequentemente na algia (VEÇOSO, 1993). 
O objetivo desse trabalho, foi de realizar uma revisão bibliográfica acerca dos recursos 
fisioterapêuticos utilizados no tratamento das tendinites do supra-espinhoso. 
A escolha do recurso terapêutico para o tratamento ira acontecer baseando-se na causada 
disfunção e nas alterações ocorridas fisiologicamente. Através dos recursos terapêuticos 
afisioterapia pode proporcionar alivio as condições sintomatológicas e/ou etiológicas 
dasíndrome do impacto, visando o restabelecimento da função normal do ombro, (KISNER, 
2005). 
 
 
 
 
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2. Revisão bibliográfica 
 
2.1Anatomia do ombro 
O complexo do ombro é um termo utilizado para abranger todas as estruturas envolvidas com 
o movimento do ombro (LIPPERT, 2003). 
O ombro é um complexo inervado principalmente pelos nervos supraescapular e axial, todos 
pertencentes ao tronco superior do plexo braquial e irrigado por ramos articulares das artérias 
circunflexas anterior e posteriores do úmero e da supraescapular. O ombro tem suporte 
necessário para elevar o braço comumente em todos os planos relacionados ao tronco, 
permitindo assim que a extremidade superior levante e sustente grandes pesos acima do plano 
horizontal(FONTANA, 2005). 
Os músculos da região do ombro dão fixação e produzem movimentos da cintura escapular e 
controlam as relações escapuloumerais.Os músculos dessa região podem ser divididos em três 
grupos: músculos que conectam a cintura escapular com o tronco, o pescoço e o crânio 
(serrátil anterior, trapézio, rombóides maior e menor, peitoral menor e elevador da escápula); 
músculos que conectam a escápula e o úmero (deltóide, supra-espinhoso, infra-espinhoso, 
redondo menor e maior, subescapular, coracobraquial, bíceps e tríceps braquial); e músculos 
que conectam o tronco e o úmero, tendo pouca ou nenhuma fixação na escápula (grande 
dorsal e peitoral maior) (PACHECO,2010). 
Segundo (SOUZA, 2001), no complexo articular do ombro os músculos atuam sobre três 
ossos para o desempenho da maior parte dos movimentos proximais do membro superior: a 
escápula, a clavícula e o úmero. A escápula conecta a clavícula ao úmero e é amplamente 
móvel. Esse osso tem uma face costal, fossa subescapular, e uma face posterior, da qual se 
projeta a espinha da escápula. 
O manguito rotador, um conjunto de 4 músculos (subescapular, supra-espinhal, infra-espinhal 
e redondo menor) oferecem estabilidade dinâmica a articulação do ombro, assim como 
realizam os movimentos de rotação e abdução associados a outros músculos. A inserção 
proximal destes localiza-se na escápula, sendo a inserção distal do subescapular no tubérculo 
menor do úmero e dos demais no tubérculo maior do úmero (HALL, 2000; MOORE, 2001). 
O músculo subescapular origina-se na face costal da escápula, atravessa anteriormente a 
articulação glenoumeral e se insere no tubérculo menor do úmero. O músculo supra-
espinhosoorigina-se na fossa supra-espinhal e se insere no tubérculo maior do úmero. O 
músculo infra-espinhosoorigina-se na fossa infra-espinhal da escápula e se insere no tubérculo 
maio rdo úmero. O redondo menor é um pequeno músculo que pode estar fundido ao infra-
espinhoso. O tendão da cabeça longa do bíceps, que se origina no tubérculo supraglenoidal, 
percorre o úmero lateral e anteriormente e sai da articulação elo sulco intertubercular. O 
tendão bicipitale o manguito rotador são separados do processo acromial e do músculo 
deltóidepor uma quantidade variável de gordura e pela bursa subdeltóidea-subacromial. A 
bursa promove a lubrificação local e auxilia na suavidade dos movimentos entre as estruturas 
vizinhas (PACHECO, 2010). 
O úmero é o maior osso do membro superior. Sua cabeça lisa e esférica articula-se com a 
cavidade glenóide da escápula. Próximos da cabeça estão os tubérculos maior e menor, que 
servem para a inserção dos músculos que circundam e movimentam a articulação do ombro. 
Antero-lateralmente há uma rugosidade conhecida como tuberosidade deltóidea para a 
inserção do deltóide (MOORE, 2001). 
A cintura escapular que compreende a escápula e clavícula agregado ao úmero e manúbrio do 
externo, constituem o ombro, uma articulação complexa constituída por 4 articulações 
separadas, sendo estas, a glenoumeral, a esternoclavicular, a acromioclavicular e a 
escapulotorácica. Cada uma das 4 articulações possuem amplitudes e movimentos específicos, 
sendo limitados por suas estruturas ósseas, ligamentares, capsulares, tendões e músculos. Este 
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complexo articular trabalhando sincronicamente, permite aos membros superiores (MMSS) 
grandes amplitudes de movimentos (A.D.M), sendo no corpo humano a articulação de maior 
mobilidade. Esta coordenação entre a escápula e o úmero é denominado ritmo escápuloumeral 
(HALL, 2000). 
A articulação glenoumeral é descrita como sinovial esferóide tipo bola e soquete, possuindo 
quatro liberdades de movimento e uma estabilidade óssea suprida por um mecanismo 
harmônico e preciso de limitadores estáticos e dinâmicos. É considerada a mais importante 
das articulações do ombro, constituída pela cabeça do úmero e pela fossa glenóide da escápula 
que é relativamente rasa e pequena (PACHECO, 2010). 
A articulação também é composta por uma cápsula articular frouxa permitindo uma separação 
significativa das faces articulares durante o movimento umeral anterior e inferior (SILVA, 
2009). 
A estabilidade dessa articulação se dá pois os tendões do manguito rotador, ligamentos e lábio 
glenoidal se unem nos locais de inserção de forma que quando os músculos se contraem 
proporcionam uma estabilidade dinâmica na articulação tensionando a contenção estática. A 
cabeça longa do bíceps estabiliza contra elevação do úmero e anteriormente resiste à torção 
nos movimentos de abdução e rotação externa (KISNER, 2005). 
Apesar de não ser considerada uma articulação anatômica verdadeira, pois não tem 
características anatômicas de uma articulação sinovial, a articulação escapulotorácica é 
necessária para integridade da mobilidade do complexo do ombro. Seu movimento ocorre de 
acordo com as ações das articulações acromioclavicular e esternoclavicular, geralmente há 
flexibilidade considerável de tecido mole, permitindo que a escápula participe de todos os 
movimentos do membro superior. A amplitude de movimento total da articulação 
escapulotorácica é de aproximadamente 60° de movimento para 180° de abdução ou flexão do 
braço (LIPPERT, 2003). 
Segundo ( KISNER,2005), a articulação acromioclavicular é uma articulação triaxial plana, 
com ou sem presença de disco. Possui cápsula fraca, reforçada pelos ligamentos 
acromioclaviculares superior e inferior. Do ponto de vista biomecânico é a principal 
articulação do complexo articular do ombro. Consiste na união do acrômio da escapula à 
extremidade lateral da clavícula. Essa articulação não possui suporte dinâmico, pois nenhum 
músculo cruza a mesma. Existem três tipos de acrômio, o plano, o curvado e em forma de 
gancho. Acredita-se que as pessoas com o acrômio em forma de gancho são 70% mais 
suscetíveis a sofrer impacto do que as pessoas com acrômio plano ou ligeiramente curvado. 
A articulação acromioclavicular é incongruente, visto que a inclinação das superfícies 
articulares varia de pessoa para pessoa. As facetas articulares dessa articulação são pequenas e 
possibilitam poucos movimentos. Tal articulação tem tendência a lesões por estresse crônico 
devido atividades repetitivas (DUTTON, 2006). 
A parte distal da clavícula é ligada à escápula pela articulação acromioclavicular, a qual é 
considerada uma articulação sinovial plana permitindo o movimento da escápula em três 
direções, sendo sua função primária manter a relação entre a clavícula e a escápula nos 
estágios finais de elevação, que acontece quando o braço é levantado para frente ou para o 
lado, na flexão, abdução e todos movimentos entre esses (PACHECO, 2010). 
A articulação esternoclavicular é a única que liga o complexo do ombro ao tórax, é uma 
articulação sinovial que funciona com três graus de liberdade, existe um disco entre as duas 
superfícies ósseas e a cápsula é mais espessa anteriormente que posteriormente (ANDREWS 
et al, 2000). Seu funcionamento é do tipo articular esferóide, formada pela parte inferior da 
extremidade proximal da clavícula e as partes superior e lateral do manúbrio do osso esterno 
(WATKINS, 2001). 
Os ligamentos que constituem essa articulação são: o esternoclavicular anterior e posterior 
que sustentam a articulação anteriormente, o costoclavicular e o interclavicular, que 
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restringem a elevação e a depressão excessiva dos mesmos. A articulação esternoclavicular 
permite movimentos de elevação, aproximadamente 55º; depressão de aproximadamente 5º; 
protração e retração diante a posição de repouso aproximadamente 30º; rotação de 
aproximadamente 45º após a flexão ou abdução do ombro a 90º (PACHECO, 2010). 
O ligamento coracoacromial tem um formato triangular e ligao processo coracóide 
aoacrômio, formando um teto para o túnel do músculo supra-espinhal. Participa do 
mecanismode deslizamento subacromial, juntamente com o acrômio e o processo coracóide e 
formandoum arco protetor sobre a articulação glenoumeral contra impactos diretos sobre os 
tendões domanguito evitando sua translocação superior. É coberto pelo músculo deltóide 
quefrequentemente esta envolvido em lesões por impactos sobre as estruturas subacromiais, 
jáque o espaço subacromial é diminuído pelo arco coracoacromial no movimento de abdução 
da articulação glenoumeral (SOUZA, 2001). 
Diversas bolsas são encontradas na articulação escapulotorácica e ao seu redor. A bolsa 
escapulotorácica está localizada entre o gradil torácico e a superfície profunda do músculo 
serrátil anterior, já a bolsa subescapular é geralmente posicionada entre a área superficial do 
serrátil anterior e o subescapular. A bolsa escapulotrapezial é encontrada entre as fibras 
médias e inferiores do trapézio e a escápula súpero-medial. As mesmas promovem um 
deslizamento suave das estruturas que a cercam. A inflamação de uma dessas bolsas 
provocam estalidos dolorosos no ângulo súpero-medial da escápula(DUTTON, 2006). 
A força dos músculos do manguito rotador (subescapular, supra-espinhoso, infra-espinhal e 
redondo menor) é de grande importância para estabilidade e mobilidade do ombro. Suas fibras 
musculares se encontram em proximidade da articulação e seus tendões se fundem à capsula 
articular. Sendo sua principal função, além de realizar rotação interna, abdução, abdução 
horizontal e rotação externa, é manter o úmero centralizado na cavidade glenóide e anular as 
forças de cisalhamento promovidas pelos músculos grande dorsal, redondo maior, deltóide e 
peitoral considerados motores primários (ANDREWS, 2000). 
Os vícios posturais, desvios do tronco ou posições inadequadas da escápula podem ocasionar 
desequilíbrios no espaço subacromial e consequências no seu conteúdo (bursas e tendões). 
Caso não ocorra movimento em alguma das articulações, mesmo nas menores 
(acromioclavicular, esternoclavicular) provoca sobrecarga nas outras, podendo ser a origem 
de lesões degenerativas ou inflamatórias dessas últimas. Estes desequilíbrios se exacerbam 
quando o limite fisiológico dos tecidos é ultrapassado, situação não incomum na prática de 
esporte ou nas lesões (PALASTANGA, 2000). 
As bolsas subdeltóidea e subacromial localizam-se acima da articulação glenoumeral para 
evitar atritos entre as partes ósseas e os tecidos moles adjacentes. Essas bolsas são 
importantes nos deslizamentos dos tendões do músculo supra-espinhoso e da cabeça longa do 
bíceps braquial que ocorrem abaixo do acrômio. As mesmas também fornecem nutrientes 
para os músculos do manguito rotador (ANDREWS, 2000). 
 
2.2 Biomecânica do ombro 
A biomecânica é a ciência que estuda o movimento humano através da análise da física dos 
sistemas biológicos. O movimento de qualquer articulação ocorre dentro de um plano 
imaginário, onde cada plano se projeta em torno de um eixo é o ponto central no qual uma 
articulação gira. O movimento humano se baseia em três planos que se movem em torno de 
eixos: plano sagital, plano frontal e plano horizontal ou transversal (KONIN, 2006). 
Segundo (PACHECO,2010), a biomecânica pode ser dividida em forças internas e externas. 
As forças internas são compostas pelas forças musculares, articulares e outras forças, 
enquanto que as forças externas constituem-se da força da gravidade, da força de reação no 
solo e outras. As forças internas relacionam-se com o ato motor e com as cargas mecânicas 
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executadas pelos membros inferiores, representados pelo estresse, resultado no 
desenvolvimento e crescimento das estruturas do corpo. 
A articulação glenoumeral propicia a realização de vários movimentos que podem 
serrealizados isoladamente ou de forma combinada: flexão e extensão, adução e abdução, 
adução eabdução na horizontal e rotação interna e externa. A flexo-extensão é realizada no 
plano sagital aoredor de um eixo frontal, sendo a flexão máxima de até 180º e a extensão o 
movimento inverso; a abduçãoocorre no plano frontal ao redor de um eixo sagital com 
liberdade de até 180º, sendo a adução possívelneste plano apenas com 30º a 45º de amplitude 
quando associada a uma extensão.Outro movimento da glenoumeral é a rotação, podendo ser 
realizada em qualquer planocom seu grau de amplitude dependendo diretamente do grau de 
elevação do braço. A partir de 90ºde uma abdução podem ser realizados os movimentos de 
adução e abdução na horizontal, sendo estesrealizados num plano horizontal ao redor de um 
eixo vertical (ANDREWS, 2000). 
Desta forma, qualquer alteração anatomopatológica que interfira nesse mecanismo desinergia 
muscular ou que comprometa a biomecânica normal do ombro, de forma que o músculo 
deltoideprevaleça sobre o manguito rotador, poderá ocasionar microlesões traumáticas de 
origem inflamatóriae/ou degenerativas. 
 
2.3 Tendinitedo Supra-espinhoso 
Os tendões do manguito rotador, principalmente o tendão do músculosupra-espinhoso, estão 
localizados diante do arco coracoacromial, com o ombro em posiçãoneutra. Essa posição faz 
com que essas estruturas passem por baixo do arco coracoacromialdurante o movimento de 
flexão/abdução do ombro, podendo ocorrer compressão contra aporção anteroinferior do 
acrômio e do ligamento coracoacromial (SOUZA, 2001). 
O tendão é uma estrutura esbranquiçada, resistente à cargas e transmite energia e força 
oriunda do músculo ao osso. A inflamação do tendão dá-se o nome de tendinite, e como 
qualquer outro processo inflamatório, há dor, rubor, calor e edema, podendo progredir para 
micro ou macro lesões e até ruptura. (BACKHAUS et al., 2001). 
Há duas teorias que enfatizam as causas das afecções tendíneas, uma vascular e outra 
mecânica. O tendão do supra-espinhoso, assim como outrosmetabolicamente ativos, necessita 
de um aporte sanguíneo suficiente o que não é observado, justamente naquele tendão 
deixando-o suscetível à degenerações. Já a teoria mecânica, aborda o tensionamento, 
oscilações, cargas repetitivas e estresse mesmo dentro do limites fisiológicos, pois geram 
fadiga e danos em sua matriz colágena (REES,2006). 
Os tendões, de maneira geral, são nutridos vascularmente pela embebição e que após uma 
lesão serão regenerados mais lentamente quando comparados, por exemplo, ao músculo que 
recebe suprimento arterial direto, portanto, terá um processo de cura paulatina (LEFFERT, 
1998). 
Na tendinite do supra-espinhoso a lesão é geralmente perto da junção musculotendínea e 
resulta em um arco doloroso quando se posiciona a mão acima da cabeça. Há dor à palpação 
do tendão logo abaixo da face anterior do acrômio quando a mão do paciente é posicionada 
nas costas. É difícil diferenciar rupturas parciais de bursite subdeltóidea em razão da 
proximidade anatômica (KISNER, 2005). 
As lesões do supra-espinhoso ocorrem com mais frequênciaem indivíduos que costuma 
praticar esportes, tais como beisebol, natação, tênis ou em ocupações que exigem 
elevaçãorepetida do membro superior, associado a força e posição estática do mesmo. Na 
verdade ocorrem devido o atrito e compressão repetitiva de seu tendão pelas estruturas ósseas 
adjacentes durante os movimentos de abdução flexão de ombro, principalmente quando 
ultrapassam o limite de 60 graus. (SOUSA, 2006). 
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O supra-espinhoso é o músculo do ombro que mais sofre sobrecarga por está em uma zona 
crítica entre o acrômio e cabeça umeral, portanto, nos movimentos de abdução e flexão pode 
haver compressão indevida nessa região como cargas contínuas que podem resultar em 
inflamação, falta de flexibilidade, fraqueza muscular, degeneração,calcificação e ruptura do 
tendão (OLIVEIRA, 2010). 
O diagnóstico pode ser feito através da referente dor na região de inserção do supra-
espinhoso, seguindo sua palpação, e ainda para confirmação da patologia através da imagem 
radiológica.Os testes específicos estão ligados à dor e à limitação da mobilidade, relacionadas 
com alterações dos tendões e dos mecanismos de deslizamento (CIPRIANO, 2005). 
- Teste p/ tendinite do supra-espinhoso: Com o paciente sentado, instruí-lo para abduzir o 
braço a 90 graus com o braço em abdução e flexão para frente. Instruir o paciente para 
abduzir o braço contra resistência. Este teste tenciona o deltóide e o supra-espinhoso.Dor na 
inserção do supra-espinhoso pode ser indicativo de tendinite degenerativa do tendão supra-
espinhoso. 
- Teste de coçar de Apley: Com o paciente sentado, instruí-lo para colocar a mão no lado do 
ombro afetado atrás da cabeça e tocar o ângulo superior da escápula oposta. A seguir, instruir 
o paciente para colocar a mão atrás das costas e tentar tocar o ângulo inferior da escápula 
oposta. Esta manobra coloca em tensão os músculos do manguito e sugere tendinite 
degenerativa. 
- Teste de colisão de Hawkins-Kennedy: Com o paciente em pé, flexionar o ombro para frente 
a 90 graus, a seguir forçar o ombro em uma rotação interna sem resistência do paciente. Este 
movimento empurra o tendão do supra-espinhoso contra a superfície anterior do ligamento 
coracoacromial. Dor localizada é indicativa de tendinite do supra-espinhoso. 
Sinais e sintomas característicos mais frequentes são queixas de dor persistente na região 
superior do ombro (face lateral da cabeça do úmero, logo abaixo do acrômio) ao realizar 
qualquer movimento do braço acima da cabeça (levantar o braço), empurrar ou puxar objetos 
ou deitar por cima do ombro afetado. A dor pode, inclusive, interferir no sono do 
paciente(OLIVEIRA, 2010). 
A dor é devido ao grau da inflamação e não a ruptura, há uma piora a noite devido 
aoestiramento das partes moles, podendo ser espontânea e ir aumentando com os movimentos. 
Ador é presente em todas as fases da lesão, e é manifestado durante a abdução e flexão, entre 
70º e 120º(SILVA, 2005). 
As tendinites do supra-espinhosoacometem com maior frequência pessoas acima dos 50 anos 
devido à degeneração das fibras tendinosas no decorrer da idade e se não forem tomados os 
devidos cuidados pode ocorrer a ruptura longitudinal ou transversal, acometendo de maneira 
parcial ou completa. (OLIVEIRA, 2010). 
 
3.0Recursos Fisioterapêuticos 
Para se iniciar o programa de reabilitação fisioterapêutica é necessário conhecer os princípios 
e os resultados básicos do tratamento, realizar uma boa avaliação funcional, conhecer a 
interligação entre a anatomia e a cinesiologia da estrutura acometida, compreender o grau de 
debilidade e o potencial de recuperação do indivíduo (KISNER, 2005). 
A Fisioterapia, com a utilização de seus recursos terapêuticos pode proporcionarum alívio das 
condições sintomatológicas e/ou etiológicas, buscandorestabelecer a função normal do 
complexo articular do ombro (SOUZA,2006). 
O fisioterapeuta precisa não somente entender este tipo derecuperação, mas também 
permanecer ativamente envolvido com o paciente para que oprograma funcione edeve ter um 
fervor igual em prevenir aderências e fortalecer os músculos, e aomesmo tempo preservar a 
integridade de seu reparo. (GARRICK; WEBB, 2001). 
 
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Ultrassom terapêutico 
Oultrassom terapêutico é o recurso eletro-físico mais frequentemente utilizado na prática 
fisioterapêutica,para tratar dor e danos musculoesqueléticos e promover cicatrização de 
tecidos superficiais.Este recurso utiliza frequências entre 0,75 a 3MHz, com a maioria das 
máquinas fixando frequências de 1 ou 3MHz. A freqüência de 1 MHz é absorvido 
primariamente por tecidos com profundidade de 3 a 5cm e assim recomendado em lesões 
profundas ou em pacientes com mais tecido subcutâneo. Já a freqüência de 3MHz é 
recomendada para lesões em tecidos mais superficiais, com profundidade de 1 a 2cm 
(SPEED, 2001). 
As ondas ultrassônicas são absorvidas pelos tecidos e transformados em calor, ocorrendo 
principalmente em nível molecular, sendo as proteínas os tecidos que mais absorvem. Ao 
penetrarem nos tecidos, provocam vibração celular (micromassagem), produzindo o aumento 
da permeabilidade da membrana, acelerando assim, a velocidade de difusão iônica através 
dela. (MAIA FILHO, 2011). 
Os efeitos térmicos decorrentes do ultrassom são: aumento do fluxo sanguíneo local, redução 
de espasmo muscular, aumento da extensibilidade das fibras colágenas e resposta pró-
inflamatória. Contudo, exacerbadamente, os efeitos térmicos geram ondas estacionárias que 
podem lesar os tecidos, entretanto, pode-se utilizar o modo de pulsado e movimento contínuo 
do transdutor durante o tratamento para atenuar esses efeitos. (SPEED, 2001). 
 
Cinesioterapia 
A cinesioterapia é o principal recurso na reabilitação do ombro. Sendo indicada atodas as 
patologias dolorosas do ombro, este recurso fisioterapêutico é uma ferramentaindispensável 
para recuperação do paciente, (GREVE, 1992). 
A cinesioterapia é um importante recurso na maioria dos tratamentos 
fisioterapêutico,principalmente nas disfunções musculoesqueléticas, ajudando a eliminar ou 
reduzir alimitação funcional e a incapacidade, além de ajudar para reduzir a progressão da 
patologia ena prevenção da ocorrência de condições secundaria e de recidivas. Além disto, o 
uso dacinesioterapia possibilita o paciente tornar-se participante no tratamento, promovendo 
aindependência funcional, (HALL, 2001). 
Vários tipos de exercícios integram a cinesioterapia dentre eles os exercícios paraamplitude 
de movimento. São eles: passivos, que são produzidos em completo pelo terapeuta,exigindo 
pouca ou nenhuma contração da musculatura responsável pelo movimento, ativos,produzidos 
através da ação dos músculos responsáveis pelo movimento, ativos assistidos, quesão 
realizados a partir da associação do movimento ativo até o nível onde é possível ir e 
obterajuda de uma força externa para chegar até o nível normal do movimento. Estes 
exercícios são 
indicados para manter a capacidade de se mover da articulação e tecido conjuntivo, ajudar na 
produção de líquido sinovial, manutenção da elasticidade do músculo, diminuição do 
quadroálgico, manutenção da percepção de movimento e proporcionar coordenação e 
habilidadesmotoras para atividades funcionais (KISNER, 2005). 
Ainda na cinesioterapia encontramos os exercícios para fortalecimento musculardentre eles os 
exercícios resistidos que são divididos em: isométricos, onde a musculaturacontrai, mas não 
há diminuição do seu comprimento e nem movimentação da articulação,concêntricos, há 
encurtamento físico da musculatura, tensão muscular e uma resistência évencida e excêntrico, 
causa um alongamento (aumento do comprimento) da musculatura,produz força a medida que 
tenta controlar a força contrária (KISNER, 2005). 
 
 
 
9 
 
Mobilização Articular 
É definida como técnicas passivas de fisioterapia manual que podem ser empregadas em 
articulações e tecidos moles, aplicando velocidades eamplitudes variadas, utilizando com fins 
fisioterapêutico, movimentos fisiológicos ouacessórios. Velocidades e amplitudes podem 
variam desde uma força de pequena amplitudeaplicada a uma alta velocidade a uma grande 
amplitude aplicada a velocidade lenta (KISNER, 2005). 
A mobilização articular é uma das técnicas da fisioterapia manual que é usada paratratar a dor 
e disfunções articulares onde haja limitação da amplitude de movimento. Umaalteração na 
mecânica articular pode acontecer em devido a dor e defesa muscular, efusãoarticular,contraturas ou aderências nas cápsulas articulares ou nos ligamentos, ou aindadevido a 
desalinhamento ou sub-luxação das superfícies ósseas (BARBOSA, 2008). 
A mobilização articular é utilizada quando há dor nas articulações, defesa muscularreflexa e 
espasmo muscular. Elairá estimular efeitos neurofisiológicos, através demovimentos 
oscilatórios e de pequena amplitude que são usados para estimular 
osmecanoceptores,podendo inibir a transferência de estímulos nociceptivos nos níveis 
damedula espinhal ou do tronco encefálico. Estimulará também efeitos mecânicos através 
daseparação ou deslizamento de pequena amplitude da articulação, causando o movimento 
dofluido sinovial, que transporta nutrientes as porções avasculares da cartilagem 
articular,técnicas suaves de mobilização ajudam a conservar a troca de nutrientes impedindo 
os efeitosdolorosos e degenerativos da imobilização quando uma articulação esta com edema 
oudolorida, impedindo a movimentação (KISNER, 2005). 
Algumas condições são contra-indicadas para a mobilização articular como artrite 
inflamatória, neoplasias, osteoporose, osteopenia, doença neurológica, fratura e distúrbios 
vasculares de artéria vertebral. 
 
Laserterapia 
A laserterapia consiste numa radiação obtida a partir da estimulação de um 
diodosemicondutor, formado por cristais de arseneto de gálio (As-Ga), que apresenta 
potencialterapêutico destacado em lesões profundas do tipo articular e muscular (VEÇOSO, 
1993). 
Os efeitos proporcionados pela laserterapia que podem reduzir o quadro de dor eprocesso 
inflamatório,favorece aeliminação de substâncias alógenas, atua à distância sobre o “filtro da 
dor”, como umestímulo constante sobre as fibras nervosas grossas, bloqueando assim a 
passagem dassensações dolorosas transmitidas pelas fibras finas. Nas zonas reflexas por 
atuação sobre océrebro, diminui os níveis de bradicinina e ativa a liberação de endorfinas, que 
tambématuariam como inibidores da sensação dolorosa.Já os efeitos antiinflamatórios são 
consequências que o laser exerce sobre asprostaglandinas, pois modifica a pressão 
hidrostática intracapilar melhorando a absorção delíquidos intersticiais e provocando a 
redução do edema com ativação da regeneração tissular.Há também o efeito bioestimulativo 
trófico tissular, são eles: aumento de fibroblastos,regeneração dos vasos sanguíneos, 
incremento da revitalização a partir dos restos basais (AGNE, 2005). 
Atua como anti-inflamatório e analgésico, que somados ao seu poder bioestimulante 
diminuem o desconforto logo após a primeira aplicação e aceleram a reparação, além de 
proporcionar estímulo ao nível de fibroblastos, com formação de fibras colágenas mais 
ordenadas (VEÇOSO, 1993). 
Ainda é enfatizado que o laser terapêutico não tem efeito diretamente curativo, entretanto age 
como um importante agente antiálgico, proporcionando ao organismo uma melhor resposta à 
inflamação, com consequente diminuição do edema e minimização da sintomatologia 
dolorosa, além de favorecer a reparação tecidual da região danificada mediante a 
bioestimulação celular (ROCHA, 2004). 
10 
 
 
Crioterapia 
Refere-se ao uso do resfriamento local como forma de terapia por meio de condução 
provocando uma gama de respostas termorreguladoras. Essa técnica causa efeito local de 
vasoconstrição imediata dos vasos sanguíneos cutâneos seguida de vasodilatação mediada por 
frio em algumas áreas, restringe o fluxo sanguíneo na pele minimizando a perda de calor. A 
redução do fluxo sanguíneo profundo local e taxa de fluxo dependerá da área e da 
profundidade local de tecido mole. Ocorre também aumento da viscosidade sanguínea 
contribuindo para a redução da perfusão sanguínea no local (SOUZA, 2001). 
 
Tens 
A Estimulação Nervosa Elétrica Transcultânea (TENS) é utilizada paracontrole da dor, desde 
que essa já tenha sido previamente diagnosticada.É responsável pela estimulação das fibras 
nervosas que transmitemsinais ao encéfalo, interpretados pelo tálamo como dor. Os impulsos 
transmitidos deforma transcutânea estimulam as fibras A, mielinizadas, transmissoras 
deinformações ascendentes proprioceptivas. Essas fibras são sensíveis às ondasbifásicas e 
monofásicas interrompidas, como as do TENS. A base do efeito do TENSse dá conforme a 
"Teoria das Comportas", quese tornou base para o entendimento do controle elétrico da dor 
(TRIBIOLI, 2003). 
Durante a aplicação do TENS, são geradas correntes pulsadas por umgerador de pulso portátil 
e essas são enviadas através da superfície intacta da pelepor meio de placas condutoras 
chamadas eletrodos. O modo convencional deadministrar TENS é usar as características 
elétricas que ativam seletivamente fibras“táteis” de diâmetro largo sem ativar fibras 
nociceptivas de menor diâmetro. Asevidencias sugerem que isso produzirá alivio de dor de 
um modo similar ao “esfregaro local da dor”. Na prática, o TENS convencional é emitida para 
gerar umaparestesia forte porém confortável dentro do local da dor (SHEILA KITCHEN, 
2003). 
 
4. Metodologia 
A metodologia utilizada consta de uma revisão bibliográfica realizadas em livros, artigos 
originais e de revisão, publicadas na base de dados Scielo, Revista Brasileira de Ortopedia, 
Revista Brasileira de Fisioterapia, em língua portuguesa e inglesa. Destes materiais foram 
extraídas informações sobre anatomia e fisiologia do complexo do ombro, bem como as 
intervenções fisioterapêuticas e sua eficácia. Os artigos foram selecionados de acordo com o 
assunto de interesse pela análise dos resumos, sendo excluídos aqueles que não apresentavam 
consistência científica. 
 
5. Resultados e discussão 
A amplitude de movimento depende da integridade das articulações envolvidas e estas são 
sustentadas internamente por ligamentos, sinóvias e cápsula articular e externamente por 
tendões, músculos, fáscias e nervos. Essas estruturas são responsáveis por grande parte das 
cargas oriundas da movimentação e atividade física diária (SANTOS, 2006). 
Segundo (CASSIO, 2007) o manguito rotador do ombro é formado pelos músculos supra-
espinhoso, infra-espinhoso, redondo menor e subescapular. A função desses músculos é a 
estabilização da articulação glenoumeral e a execução dos movimentos do braço sobre a 
articulação do ombro (o supra-espinhoso promove abdução, o infra-espinhoso e o redondo 
menor, rotação externa, e o subescapular, rotação interna). 
A estrutura que sofre mais sobrecarga é o musculo supra-espinhoso por estar situado entre 
duas estruturas ósseas, a borda anterior do acrômio e a cabeça do úmero. Pode sofrer 
compressões durante os movimentos de abdução ou flexão dos braços, sendo aliviadas pela 
11 
 
presença da bolsa subacromial e pela pouca duração dos movimentos. Porém, dependendo da 
duração e frequência desses movimentos, poderão ocorrer compressões indevidas, 
provocando distúrbios biomecânicos significativos (PRENTICE, 2002). 
A abdução é dividida em três fases, uma dependente da outra. Em sua primeira fase o 
movimento ocorre de 0° a 90º e é realizado principalmente pelos músculos deltoide e supra-
espinhoso, formando o par da abdução da articulação glenoumeral, esta fase finaliza pois a 
articulação se bloqueia devido ao impacto da tuberosidade maior do úmero contra a glenóide. 
Com tal articulação bloqueada, a abdução só pode continuar devido à ação da cintura 
escapular, compondo a segunda fase, com movimento de 90º a 150º, através dos músculos 
trapézio e serrátil anterior realizando movimento pendular da escápula e rotação longitudinal 
das articulações esternoclavicular e acromioclavicular. Desta vez a limitação do movimento 
se dá pela resistência dos músculos adutores, grande dorsal e peitoral maior. Na terceira e 
ultima fase, de 150ºa 180º, é necessária a participação da coluna vertebral para que o 
movimento seja completo, quando o movimento de abdução é unilateral ocorre uma 
inclinação lateral pela ação dos músculos espinhais do lado contrário. Se o movimento é 
bilateral faz-se necessária uma hiperlordose lombar também através dos músculos espinhais. 
Vale ressaltar que no fim da abdução todos os músculos responsáveis pela mesma estão 
contraídos (KAPANDJI, 2000). 
Aação do supra-espinhoso não é potente, não possui nenhum componente significativo de 
rotação, porém é responsável pela fixação da cabeça do úmero na cavidade glenóide, 
protegendo-a contra deslocamentos para cima, principalmente no início da abdução, quando o 
deltoide tenta deslocar a cabeça do úmero para cima (KISNER, 2005). 
Os músculos sinergistas agem a favor do movimento desejado, enquanto os antagonistas 
realizam o trabalho pra freiar o movimento, impedindo que haja uma atividade incontrolada e 
danosa. O equilíbrio entre a ação muscular sinergistas (força positiva) e antagonista (força 
negativa) resultam num somatório de forças cujo resultado é a neutralidade do movimento e a 
estabilidade articular (SOUZA, 2006). 
A fadiga muscular pode ocorrer devido a uma falta relativa de força ou resistência. Uma vez 
fatigado, se a atividade for continuada, provavelmente chegará a sofrerdanos estruturais, 
talvez na forma de hemorragia ou, simplesmente, de edema localizado. Uma vez lesionada, a 
unidade músculotendinosa deixa de atender às exigências que lhe são feitas.Após a lesão, o 
músculo parece reagir com espasmos e encurtando-se. Incapaz de funcionarnormalmente, o 
músculo se torna fraco. Da próxima vez que for chamado para agir, suascapacidades estarão 
diminuídas e a recorrência da lesão acontecerá com facilidade muito maior (BARBOSA, 
2008). 
As lesões acontecem com mais frequência em praticantes de beisebol, natação, tênis, ou em 
ocupações que exigem elevação repetida do braço associado a força e posição estática do 
mesmo. Na realidade, trata-se de uma tendinite do músculo supra-espinhoso devido ao atrito e 
compressão repetitiva do seu tendão pelas estruturas ósseas que o circundam durante os 
movimentos de abdução e flexão dos braços, especialmente quando estes ultrapassam o limite 
dos 60° (PRENTICE, 2002). 
No diagnóstico deve-se colher a história adequadamente, observar se houve trauma, otempo 
de evolução, se existe dor aos movimentos e a noite, e se já realizou algum tratamento.Para 
isso, deve-se realizar uma investigação criteriosa com adequada anamnese , exames físicos e 
complementares (HEBERT, 2003). 
Uma boa história é fundamental para se realizar o diagnóstico visto que a dor no ombro tem 
um aspecto amplo de padrões e características. Deve-se realizar uma breve descrição do perfil 
do paciente através da coleta de dados como a idade, ocupação, dinâmica da mão, atividades 
recreativas, requisitos de trabalho e o modo que realiza as AVD’S, (DUTTON, 2010). 
12 
 
A ressonância magnética nuclear é um excelente exame para aavaliação do manguito rotador, 
uma vez que fornece dados objetivos sobre a qualidade dostendões, na fase inflamatória ou na 
ruptura, e além disso indica precisamente sobre a extensãoda retração presente e a condição 
dos músculos a serem reparados. Não há nenhum outroexame que forneça melhores dados do 
que a ressonância magnética (HEBERT, 2003). 
Ao estabelecer um programa de exercícios fisioterapeuticos paracomprometimentos da função 
da região do ombro ou qualquer outra região do corpo, é preciso considerar as características 
anatômicas e cinesiológicas próprias, assim como o estado da patologia e as limitações 
funcionais impostas pelos comprometimentos (KISNER, 2005). 
Na fase aguda o objetivo é a proteção do locallesionado, restaurar o arco de movimento sem 
dor, diminuição da dor e da inflamação, retardona atrofia muscular, minimizar os efeitos 
nocivos da imobilização e da restrição demovimentos, a manutenção do condicionamento 
cardiovascular e independência com oprograma de exercícios domiciliar. Na fase funcional o 
objetivo é atingir o movimentocompleto sem dor, restaurar a força, melhora do controle 
neuromuscular (DUTTON, 2004). 
 
6. Conclusão 
Pode-se concluir que a tendinite do supra-espinhoso é uma patologia incapacitante que se não 
houver um tratamento adequado, poderá levar a lesões maiores como a ruptura do tendão. 
A tendinite decorrente de um processo inflamatório, devido a problemas biomecânicos e/ou 
vascular, de seu tendão.Os indivíduos portadores de tendinite do supra-espinhoso, com dor e 
limitação funcional, são beneficiados por meio de um programa de intervenção 
fisioterapêutica, demonstrando que os seus recursos promovem a diminuição da dor, 
relaxamento muscular, melhorando a lubrificação intracapsular e aumentando o ganho de 
mobilidade do membro afetado, contribuindo para uma evolução mais rápida do tratamento. 
Porém, quando não é possível a reversão do quadro apenas com o tratamento conservador, a 
cirurgia é uma alternativa importante e eficaz para os casos crônicos resistentes ao tratamento 
conservador. 
A demora na procura por diagnóstico e tratamento fisioterapêutico pode acarretar em 
dificuldade de retorno às atividades normais, ocasionando possíveis afastamentos 
dasatividades laborais, impossibilitando de exercer funções rotineiras da vida diária, e 
prejudicando até mesmo o lazer. 
Tem uma prevalência maior em pessoas queutilizam em excesso o ombro acima da cabeça, 
afetando também atletas. 
A fisioterapia tem como objetivo na tendinite do supra-espinhoso, ocasionar uma diminuição 
do quadro álgico, diminuir o quadro inflamatório, devolver suaintegridade fisiológica, 
restabelecer força aos músculos afetados, reintegrar o paciente asatividades de vida diária. 
 
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