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Assistência Social Pontes ou Barreiras - Leonardo Koury

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ASSISTÊNCIA SOCIAL: PONTES OU BARREIRAS 
Leonardo Koury Martins
1
 
 
Resumo: 
O presente artigo tem como propósito trazer uma discussão 
sobre as condições de organização da classe trabalhadora no 
âmbito da política pública de Assistência Social no Brasil. 
Retrata as condições éticas e políticas e o diálogo cotidiano 
com as relações sociais presentes no território e as diversas 
manifestações da Questão Social ali presente. O artigo também 
tenta contribuir uma comentário do resgate da a importância do 
papel transformador do profissional Assistente Social na luta de 
classes. 
Palavras-chave: Assistência Social, Questão Social, Política. 
 
 
ANÁLISE DE CONJUNTURA 
 
A construção de uma nova ordem societária esta inteiramente articulada a duas 
grandes situações presentes na física moderna, o tempo e o movimento. 
É importante considerar estas duas situações, pois elas estão presentes não 
apenas nas ciências exatas, mas estão presentes em qualquer dimensão que se 
compreenda a vida humana e as relações sociais nela estabelecida. Tanto para os 
animais por sua menor organização cerebral, quanto para os seres-humanos, o tempo 
e o movimento permitem transcrever traços de mudanças incontestáveis. 
Segundo NETTO (2009) o pluralismo traz consigo o debate importante de 
compreender que o silêncio é uma posição autoritária frente a construção do projeto 
profissional. O pluralismo não é o mesmo que ecletismo, traduz-se na intenção do 
constante conflito de ideias e perspectivas que pretendem no interior da formação e da 
prática profissional trazer perspectivas que contribuam, ou não, para aproximarmos de 
uma sociedade libertadora. 
 
1 Leonardo Koury Martins: Assistente Social, Escritor: autor de 2 livros, Educador Popular e Militante dos Movimentos Sociais. 
Portanto sem a compreensão das situações de tempo e espaço, é impossível 
romper com o conservadorismo e compreender que a práxis, na atual condição de 
disputa de projetos, traz à teoria social crítica uma forma coerente de compreender a 
dimensão das relações sociais e do poder. 
A teoria social crítica tende a construir o conceito classista, indispensável na 
atuação profissional, e estabelece como construção intelectual a seguinte análise: 
a sociedade não é uma entidade de natureza 
intencional ou teleológica – isto é: a sociedade não tem 
objetivos nem finalidades; ela apenas dispõe de 
existência em si, puramente factua. No entanto, a 
mesma teoria sublinha que os membros da sociedade, 
homens e mulheres, sempre atuam teleologicamente – 
isto é: as ações humanas sempre são orientadas para 
objetivos, metas e fins. (NETTO; 2009) 
 
O papel transformador da sociedade está na relação com que mulheres e 
homens a organizam, na compreensão da condição de oprimidos organizarem e da 
resistência da classe dominante em deslegitimar a luta do povo trabalhador contra a 
opressão sofrida. 
Está na ação humana a relação mais intensa entre o tempo e o movimento. 
Sem esta análise, a conjuntura torna-se opaca, um simples quadro do presente. 
Considerar o contexto histórico e cultural, as relações envoltas ao poder e como se 
vincula a relação coletiva e individual dos atores sociais nela expostos é compreender 
que o tempo e o movimento tem papel direto na tomada de decisão, que por sua vez 
configura a ação política determinante da dialética social. 
Na lógica da organização societária a não tomada de posição, pode por sua 
vez compreender na omissão política do sujeito. É certo que omitir-se contribui mais 
em legitimar a classe dominante do que contribuir com o fim de sua opressão. 
 
POSICIONAMENTO CRÍTICO 
 
 A construção da práxis, só existe quando se compreende que a crítica não está 
no silêncio da ação. A dialética social e seus reflexos, traduzem cotidianamente novas 
percepções e análises nas quais somos colocados a nos posicionar. 
 Fato é que no tambor das relações de classe, a ação do tempo é condutor da 
transformação, seja na condição de recuo ou de avanço, porem deve estar alinhada 
com o movimento que permeia a sociedade. Sem a análise de conjuntura e a reflexão 
sobre princípios e considerações sobre o projeto ético-político podemos como assiná-
la GRAMSCI (1917) tornar-nos indiferentes. 
 Segundo o autor, ser indiferente é não compreender que o fatalismo, a crítica 
sem análise e a nenhuma compreensão do papel enquanto intelectual orgânico, 
desconstrói as alternativas de avanços da classe explorada. Para o autor os 
indiferentes tem o papel de: 
Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; e aquilo 
com que não se pode contar; é aquilo que confunde os 
programas, que destrói os planos mesmo os mais bem 
construídos; é a matéria bruta que se revolta contra a 
inteligência e a sufoca. (GRAMSCI; 1917) 
 
Poeticamente, o compromisso com a organização da classe trabalhadora, só 
existe quando se percebe que maior que o fatalismo ou o delírio da boa vontade, está 
na esperança e na prática transformadora. 
Não está, por exemplo, na mão do Estado ou da normatização das políticas 
públicas o papel emancipador. Numa noção da posição do funcionário público, como 
exemplo na política de Assistência Social; a sua intervenção profissional, por sua vez 
sua intervenção política, traduz de forma micro a legitimação da subalternidade e 
dependência do das instituições, ou mesmo também pode traduzir a organização da 
classe trabalhadora e a ascensão das manifestações da Questão Social. 
 NETTO (2009) contribui que é fundamental a compreensão dos trabalhadores 
em especial aos profissionais formados em Serviço Social, que é na construção do 
projeto profissional, aliado a um projeto societário que pretende romper com a ordem 
social capitalista que se dará o entendimento revolucionário da atuação nos espaços 
sócio ocupacionais: 
[...] esta possibilidade é tanto maior quando tais corpos 
se tornam sensíveis aos interesses das classes 
trabalhadoras e subalternas e quanto mais estas 
classes se afirmem social e politicamente. (NETTO; 
2009) 
 
 É impossível desintegrar a relação de tempo e espaço de uma análise que nos 
retire a condição de sermos protagonistas no diálogo com os mais pobres. No 
cotidiano do território é que se dão as relações sociais e culturais e a percepção das 
condições econômicas que estruturadas a toda movimentação dos sujeitos ali 
presentes, refletem o interesse ou não de sua organização. 
 Sem perceber que o diálogo direto com as cidadãs e os cidadãos que utilizam 
os serviços públicos, em especial os socioassistenciais, apenas haverá uma 
reprodução midiática e clientelista. Não se é possível ter uma análise clara da 
conjuntura, até mesmo da construção das políticas sociais, sem modificar a relação de 
acesso e debate com quem às utiliza e perceber sua vivência. 
 
PONTES OU BARREIRAS 
 
 Escolher a construção de pontes ou barreiras está na posição do profissional e 
na sua atuação para além do espaço de trabalho. É quase impossível contribuir 
verdadeiramente para a transformação da sociedade apenas no horário comercial. 
 Baseado na tradição marxista; não se é possível apenas na venda da força de 
trabalho alterar a desigualdade existente. Engendrar-se na dinâmica do território e 
compreender suas especificidades e as condições que o aproxima de outras 
realidades como violência e pouco acesso a bens culturais e educativos é uma forma 
de romper barreiras e construir pontes. 
 Não se deve desejar construir pontes para que os acessos sejam restritos. No 
seio do território, diversas questões se apontam, porem interligadas a dinâmica da 
pobreza e sua criminalização, bem como a pouca afirmação da cidadania.Construir pontes é perceber que na busca de um benefício eventual, existem 
várias demandas como transporte público, acesso a serviços e o apelo ao consumo 
estão ali também expostos. Perder a dimensão crítica de que a oferta socioassistencial 
limita-se ao encaminhamento é não perceber a riqueza de possibilidades e atuação 
permanentes na discussão territorial. 
 Associações de moradores, debates acalorados e greves são opções políticas 
que devemos fazer na atuação profissional, bem como para além da mesma, participar 
e ser também ator. Protagonismo que não seja coletivo não é contribui na construção 
de pontes e se omitir do seu papel político enquanto sujeito desta coletividade é 
afirmar a desigualdade, se perceber omisso a opressão e criar barreiras. 
REFERÊNCIAS 
 
GRAMSCI, A. Os indiferentes, 11 de fevereiro de 1917 Tradução Pedro Uchôa. 
Disponível em <http://www.marxists.org/portugues/gramsci/1917/02/11.htm#topp>. 
Acesso em 03.10.2014 
 
NETTO, J.P. A Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social. In MOTA A.E. 
et al (orgs) Serviço Social e Saúde: formação e Trabalho Profissional . 4e.d., 
SãoPaulo: Cortez, 2009

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