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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS
UNIDADE CARANGOLA
Trabalho de Linguística
JUAN RICARDO CARVALHO SENNA
CARANGOLA – 2014
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS
UNIDADE CARANGOLA
Trabalho de Linguística
JUAN RICARDO CARVALHO SENNA
Trabalho apresentado para avaliação na disciplina de Linguística II, do curso de Licenciatura em Letras, turno Noturno, da Universidade do Estado de Minas Gerais ministrado pela professora Anna Carolina Ferreira Carrara.
CARANGOLA – 2014
Tem se examinado com mais frequência, nos últimos anos, a ocorrência de discussões acerca o ensino da língua materna. O debate discorre sobre a visão distorcida de que o português bem falado, deve-se ao bom uso das normas do “bem falar e do bem escrever”; engloba também a maneira tradicional e errada de ensinar a gramática normativa e a atitude de alguns profissionais da gramática em forçar o aprendizado das normas e usos da gramática aos alunos e demais à sua volta.
Perini no livro “Sofrendo a gramática” inicia afirmando que saber a gramática e o português é privilégio para poucos. São restritas as pessoas que dominam a Língua Portuguesa. O autor tem como objetivo mostrar a importância da língua no aspecto da fala sem deixar de lado a escrita e a gramática, ele nos mostra que a fala e a escrita são duas coisas distintas na Língua Portuguesa. Defende o ensino da gramática como ciência para que haja espaço para debate e não que a tratem como dogma.
Perini relaciona três causas que tornam a gramática incompreensível, gerando desconforto em bom número de pessoas, pelo fato dela não ser bem absorvida. Segundo Perini, a gramática causa certo desconforto em algumas pessoas, por ela não ser bem compreendida. A Primeira causa é a falta de um objetivo concreto em aprender à gramática, onde a escola diz estar ensinando a língua materna, pelo simples fato de ensinar à gramática. Não há clareza sobre o objetivo de aprender gramática. A maioria segue o pressuposto de que ela é um instrumento indispensável para saber ler e escrever habilmente, mas o autor, em negativa, exemplifica que podemos não saber gramática e escrevermos bem. Os alunos recebem uma informação equivocada de que melhorarão na leitura e escrita, mas logo percebem o equívoco e desacreditam a disciplina. Afirma da seguinte forma:
“Ora, não existe um grão de evidência em favor disso; toda a evidência disponível é em contrário. Vamos pensar um momento: se é preciso saber gramática para escrever bem, será de esperar que as pessoas que escrevem bem saibam gramática – ou, pelo menos, que as pessoas que sabem gramática escrevam bem.” (PERINI, 2011, p.50).
Maria Helena de Moura Neves, em sua obra Que gramática estudar na escola? Baseada principalmente em pesquisas e estudos próprios, aborda que gramática o professor de língua materna deve utilizar em suas aulas. Consegue levar os leitores à reflexão sobre os fenômenos da língua. A autora considera que o termo Gramática Normativa “não reflete a verdade das coisas” (Moura Neves, p.29), pois não apresenta explicitamente marcas injuntivas da linguagem, ou seja, não diz explicitamente “faça isto” ou “não use isto”, isto é, não apresenta um método eficiente para permitir ao aluno a competência de falar e de escrever bem. A autora salienta que para conhecer língua não depende do conhecimento de todo o luxo teórico da gramática tradicional. Num plano superficial, há um caráter apenas descritivo, mas num nível mais velado, observa-se que são organizações modelares e diretivas, uma vez que se apresenta um parâmetro como modelo, mesmo que não se empregue nenhum discurso injuntivo. Por tais motivos, a autora adota o termo Gramática Tradicional, pois está afeiçoada à trajetória que culminou na sua instituição. Finalizando seu raciocínio:
 “... na visão leiga, conhecer a língua é conhecer as normas, as prescrições, o uso “correto”, e, especialmente, saber explicar” os desvios” e os” acertos”.” (NEVES, 2003, p. 36).
Perini como estudioso e linguista, ele questiona a metodologia do ensinar gramática. Esse é outro ponto que causa grande desconforto no estudo da nossa língua, que na sua visão é falha porque o professor não sabe explicar o sentido de ser assim quando questionado pelo aluno, ele simplesmente ensina e diz é porque é. Desta maneira o aluno não consegue um raciocínio lógico para o entendimento da matéria. A matéria não é decorar regras e tabelas para serem aplicadas em textos, se eles não conseguirem usá-las no dia a dia deles certamente não aprenderam. Perini afirma em seu livro o seguinte:
“O professor diz que o futuro do subjuntivo do verbo ver é quando eu vir etc.: assim, “devemos” (ou “devíamos”) dizer quando eu te vir amanhã... O aluno sabe muito bem que ninguém fala assim; todos dizemos quando eu te ver... Em outras palavras, o que o professor está ensinando não bate com o que se observa na realidade. Se um aluno perguntar por que o professor está dizendo que a forma é quando eu vir, a resposta (se houver resposta) será que é assim que é o certo. Note-se; não se deu nenhum motivo racional, deu-se uma ordem: faça assim, senão vai ser pior para você”. (PERINI, 2011, p.51).
Terceiro ponto importante abordado por Perini não há uma organização lógica. Pode haver variações na explicação do mesmo assunto em diferentes materiais gramaticais, ou seja, há contradições dentro da própria referência de consulta para o mesmo assunto, a gramática, que veicula uma disparidade de conceitos inconsistentes, que não se aplicam a todos os casos que em princípio, deveriam se aplicar. Cada autor tem uma maneira diferente de definir determinado conteúdo. Parafraseando o autor, “o problema é que as gramáticas escolares, não são organizadas de maneira lógica; e como entender uma disciplina que não tem organização lógica? Não é de se espantar que ninguém tenha segurança ou que goste dela.” (PERINI, 2011, p. 54).
Perini passou grande parte de sua vida pesquisando e escrevendo sobre gramática, devido à atitude de algumas pessoas em relação à disciplina, ele argumenta que ela deveria ser tratada como ciência, logo, seriam feitas pesquisas e haveria um laboratório, tornando possível modificações necessidades, possibilitando tornar o conteúdo das gramáticas usadas na escola, mais adequadas, desde o ensino fundamental até o ensino médio.
 Porém essa teoria vem ao encontro com interesses de várias pessoas, existem professores que advogam em manter a gramática pura. O que gera o misticismo de que a “língua portuguesa é a mais difícil”. Pode ser que se fosse realizável esse projeto, o estudo de nossa língua, seria passado de maneira mais clara, objetiva e simples aos alunos e, principalmente aos faltantes. Por essa razão há outros profissionais que desejam a modernização da gramática para que fique mais próxima da fala. Perini vai mais longe se referindo na distribuição da matéria ao longo dos anos escolares.
Concordo com o autor quando ele diz que a gramática perde o sentido na aplicação na escola, metodologia aplicada é totalmente inadequada à organização lógica. Examinemos afirmação do autor em relação à adequação da gramática:
“... é claro que precisamos de melhores gramáticas: mais de acordo com a linguagem atual, preocupadas com a descrição da língua e não com receitas de como as pessoas deveriam falar e escrever. E, acima de tudo precisamos de gramáticas que façam sentido, isto é, que tenham lógicas. Que as definições sejam compreensíveis e que sejam respeitadas em todo o trabalho. Se digo eu digo que vaca é um animal de quatro patas, não tenho direito de afirmar que Mimosa é vaca porque tem manchas no lombo. Por que isso seria permitido em gramática?” (PERINI, 2011, p. 56).
Perini faz uma ressalva que todos os falantes natos da língua portuguesa possuem um conhecimento internalizado e, fazem o bom uso da língua, chutando para escanteio a hipótese de que, os brasileiros, não sabem fazer o bom uso de sua língua materna, mostrando um conhecimento inato altamente sofisticado desua língua, alcançado naturalmente e que não exige nenhum tipo de estudo específico para se domar a técnica, independente de ter tido aulas de português na escola ou de conhecer a Nomenclatura Gramatical Brasileira.
Segundo Maria Helena, duas ocasiões alterou a história da consideração da gramática no Ocidente. A primeira foi o aparecimento dos estudos variacionistas da sociolinguística, que passaram a vincular os padrões ao uso, ao registro e à eficácia.
 A segunda foi o desenvolvimento de estudos sobre a conversação, que relativizam o padrão e vincula escolha de padrão a modalidade de língua, visando satisfazer as necessidades particulares de cada situação, obtendo-se assim a adequação. O desenvolvimento da linguística fez com que a variação linguística fosse reconhecida pelos verdadeiros gramáticos como um fenômeno natural da essência da linguagem. Porém, a linguística vem numa vertente de cair no vazio da disciplina gramatical, como afirma a autora:
“estamos longe de ver o cidadão comum e o professor reconhecendo que a variação é nada mais que a manifestação evidente da essência e da natureza da linguagem” (NEVES, 2003, p. 36).
A autora diz que não são os gramáticos que sustentam a visão distorcida da língua, e sim o povo que tem fascínio pela “boa linguagem”. A comunidade, com olhos no estrato social, procura adequar sua linguagem a padrões prestigiados, buscando receitas que lhe digam, de forma simplista, quais formas se pode ou não se pode usar.
Por fim, a autora conclui o capítulo informando que o educando, um ser social em contato constante com os padrões, desamparado na procura de orientação sobre a norma-padrão que há de tornar legítima a sua fala na sociedade, prefere as receitas simplificadas e de veloz transferência que possam acelerar o seu processo de conquista sem muito lhe exigir reflexões.
No capítulo As relações entre a dicotomia uso x norma e a disciplina gramática, Neves considera “crueldade” fixar as bases do exame no esquema clássico de associação de uso (usus) com rusticidade e de Norma (auctoritas) com urbanidade. Hoje ainda há a imposição de padrões, a valoração de modelos, mas esse aquele par clássico perde posição em relação a outro: uso com modernidade x autoridade com antiguidade. Após discutir a validade das normas estabelecidas autoritariamente, a autora diz que o mais adequado seria partir do uso efetivo para estabelecer as normas. Inverte-se a direção ao se tomar como ponto de partida o uso da língua, explicando-o do ponto de vista linguístico e sociocultural, para que seja naturalmente aceito o surgimento do que há de ser prescrito, anulando a concepção de autoridade, atribuída a gramáticos e afins. Esse é o ponto central do livro.
Conclui-se que, ambos os autores estão em sintonia, em consonância, que há muito tempo se ensina a gramática de forma errada e que a metodologia de ensino da gramática enseja e aspira mudanças. Para mudar, - ou tentar mudar – todo esse paradigma, deve-se primeiramente parar de relacionar a gramática com a boa leitura e escrita. Mas não se deve desconsiderá-la, pois é uma ilusão pensar que a mesma não serve para nada, pelo contrário, ela insere o indivíduo nos saberes cultural e universal. No que diz respeito à metodologia, o professor deve deixar de lado o seu pensamento pessoal sobre a língua, pois o mesmo deve dizer o que é a língua e não como ela deveria ser segundo suas próprias conclusões. As gramáticas precisam ser melhoradas de acordo com a linguagem atual, sem dizer como as pessoas devem ou não devem falar. Elas deveriam ter, acima de tudo, lógicas e suas definições necessitam ser mais compreensíveis. Nessa perspectiva, o ensino da gramática é sintetizado a sucessivas falhas, as quais precisam ser reformuladas, pois além de serem inconsistentes são excludentes e tais medidas supracitadas, seriam uma forma de aperfeiçoar décadas de maçantes e repetitivos erros.

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