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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 8ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO PAULO – SP
Autos do processo nº
Patrícia Goulart de Bragança e Junqueira, já devidamente qualificada nos autos do processo de número em epígrafe, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência, através de seu defensor infra-assinado, com fulcro no art. 403, § 3º do Código de Processo Penal, apresentar
ALEGAÇÕES FINAIS SOB A FORMA DE MEMORIAIS
Pelas razões de fato e de Direito a seguir expostas.
I. DOS FATOS
A Querelada, por não conseguir alcançar o sucesso e por inveja da Querelante, sua ex-colega de faculdade, acessou o perfil pessoal da Querelante e inventou um fato jamais ocorrido em que a Querelante teria lhe agredido, conforme exposto na Inicial.
A autoria e a materialidade do crime de calúnia estão consubstanciadas na documentação que foi anexada junto à inicial, bem como nos depoimentos das testemunhas de acusação.
O dolo da querelada também está devidamente evidenciado, haja vista que agiu de forma calma, tranquila, premeditada e calculada, pois sentou-se à frente do computador, redigiu o texto e publicou na rede social da Querelante, caracterizando perfeitamente o dolo de dano, o “animus calumniandi”.
Desta forma, Excelência, pelos fatos narrados e provas produzidas, comprovados a autoria, a materialidade delitiva e o dolo, deve a Querelada ser condenada nas penas dos artigos 138 e 141, III do Código Penal, estabelecendo-se, ainda, a justa indenização devida à Querelante pela Querelada, nos termos do artigo 387, IV, do Código de Processo Penal.
II. Da Nulidade Absoluta do Processo por Cerceamento de Defesa
Preliminarmente percebe-se a ausência da audiência de conciliação, prevista no artigo 520 do Código de Processo Penal.
“Art. 520. Antes de receber a queixa, o juiz oferecerá às partes oportunidade para se reconciliarem, fazendo-as comparecer em juízo e ouvindo-as, separadamente, sem a presença dos seus advogados, não se lavrando termo.“
O que, por consequência, vem a causar a nulidade do presente processo nos termos do artigo 564, III, “e” do Código de Processo Penal, segue:
“Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa; “
III. DO DIREITO
Estabelecem, respectivamente, os artigos 138 e 141, III do Código Penal:
“Art. 138: Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime. Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa. ”
“Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. ”
Conforme relatado na Inicial Acusatória, devidamente comprovado pelo teor do texto anexado à inicial e conduta processual da Querelada, percebe-se claramente a adequação da conduta típica da Querelada aos dispositivos penais invocados para sua responsabilização criminal, uma vez que a mesma imputou fato definido como crime ao Querelante, mesmo sabendo falsa a imputação, objetivando atingir sua honra objetiva, sua reputação perante terceiros, bem como lhe atribuiu qualidades negativas, atingindo-lhe em sua autoestima, com  a clara intenção de lesar sua honra subjetiva.
Desta forma, Excelência, fica patente a incidência da conduta realizada pela Querelada nos tipos penais previstos nos artigos 138 e 141, III do Código Penal, ao atribuir falsamente à Querelante a prática do crime previsto no artigo 129 do Código Penal, com o fim de prejudicar a honra objetiva da Querelante, mediante seus “seguidores”.
Em razão da condenação a ser atribuída à Querelada, deve esta arcar também com a reparação dos danos morais causados à querelante, nos termos do artigo 387, inciso IV, do Código de Processo Penal, o qual estabelece que:
“Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; ”
Nesse sentido, o ilustre doutrinador NORBERTO AVENA, em sua obra PROCESSO PENAL – Esquematizado – 7ª Edição – Editora Método, às fls. 314, nos esclarece que:
“Ao dispor que na sentença condenatória o juiz fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido, o art. 387, IV, do CPP não restringiu essa indenização tão somente aos danos patrimoniais, referindo-se, ao contrário e genericamente, à "reparação dos danos".
Nesse contexto, não vemos razão para excluir do juízo penal a possibilidade de arbitrar valor destinado à reparação, também, de danos de ordem moral eventualmente causados pela infração penal.
Afinal, não há dúvidas de que o legislador, permitindo ao juiz criminal, por ocasião da sentença condenatória, estabelecer indenização mínima devida à vítima, objetivou possibilitar a esta ter satisfeito o prejuízo que lhe foi causado pela prática criminosa com maior prontidão, sem a necessidade de aguardar as delongas de uma fase liquidatária prévia ao ajuizamento da ação executória.
Tal arbitramento, então, apenas visa a antecipar, em parâmetros mínimos, o valor que, em liquidação de sentença, seria apurado no juízo cível. E, no juízo cível, pela exegese do art. 186 do Código Civil, fica evidente que tanto o dano moral quanto o patrimonial sujeitam-se à reparação.
Por isso, parece-nos que a indenização arbitrada na sentença criminal poderá sim abarcar essas duas ordens de prejuízos - moral e patrimonial.
E, no tocante à quantificação, na decisão condenatória, do valor mínimo devido a título de dano moral, entende-se que deve ser realizada a partir de um critério de razoabilidade, detectável com base nas circunstâncias do caso concreto.
Por fim, não se alegue a possibilidade de serem conflitantes a sentença penal condenatória que fixar a indenização mínima a título de dano moral e a decisão eventualmente proferida em futuro processo cível de indenização, porque, de acordo com o art. 91, I, do Código Penal, a decisão penal condenatória faz coisa julgada na esfera cível quanto à obrigação de indenizar. Logo, se, no âmbito penal, for estabelecida indenização mínima em decisão transitada em julgado, isso não poderá, mais tarde, ser questionado na órbita civil.
Em outras palavras, estará vinculado o juízo cível ao dano reconhecido em sede de condenação criminal, cabendo-lhe, então, no máximo, considerar suficiente o valor imposto ao acusado no juízo penal, mas não isentá-lo de tal obrigação ou quantificar o dano em montante inferior ao que foi decidido na esfera criminal.”
Pelo exposto, Excelência, plausível e cabível o arbitramento de indenização na sentença penal, no caso em julgamento.
IV. DOS PEDIDOS
Mediante as razões de fato e de direito expostas, devidamente subsidiadas pela documentação que compõe os presentes autos processuais, vem a Querelante, à ilustre presença de Vossa Excelência, requerer:
Preliminarmente, a declaração de nulidade do processo, devido a não realização da audiência de conciliação, o que violou o artigo 520 do Código de Processo Penal;
No caso de a preliminar não ser acatada, a condenação da querelada nas sanções penais previstas nos artigos 138 e 141, III do Código Penal, e o estabelecimento de indenização para reparar os danos morais causados pelas condutas criminosas.
Ação essa que culminará em ato da mais pura e cristalina justiça!
Nestes termos,
Pede deferimento.
São Paulo – SP, (...) de (...) de (...)
(Advogado)
OAB

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