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A DISSOLUÇÃO DAS FAMÍLIAS MULTIESPÉCIES (1)

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UNIVERSIDADE CEUMA
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
COORDENADORIA DO CURSO DE DIREITO
JESUS JHONNY DE SOUSA TEIXEIRA
A DISSOLUÇÃO DAS FAMÍLIAS MULTIESPÉCIES
São Luís
2018
A DISSOLUÇÃO DAS FAMÍLIAS MULTIESPÉCIES
1. CONCEITO DE FAMÍLIA
No conceito antigo, a família é formada pelo homem e pela mulher,
era predominantemente patrimonial, matrimonializada e se constituía apenas
pelo casamento. A família brasileira tem evoluído muito nos últimos anos.
Para Pamplona (2016) o conceito de família reveste-se de alta
significação psicológica, jurídica e social, impondo-nos um cuidado redobrado
em sua delimitação teórica, a fim de não corrermos o risco de cair no lugar-
comum da retórica vazia ou no exacerbado tecnicismo desprovido de
aplicabilidade prática.
Não é possível apresentar um conceito único e absoluto de Família,
apto a aprioristicamente delimitar a complexa e multifária gama de relações
sócioafetivas que vinculam as pessoas, tipificando modelos e estabelecendo
categorias. Qualquer tentativa nesse sentido restaria infrutífera e desgarrada
da nossa realidade.
Nesse sentido, Maria Berenice Dias (2017, pág. 1):
O conceito constitucional de família é de inclusão, de
abrangência. A enumeração não é taxativa, não se tratando de
numerus clausus. Em primeiro lugar porque a Constituição usa
a expressão “também” é um advérbio de inclusão. De qualquer
modo, as famílias não são mais exclusivamente formadas por
homens e mulheres. Não. Vivemos em uma época onde todos
– gostando ou não, querendo ver ou não – não têm como
deixar de reconhecer a existência de vínculos afetivos
formados por pessoas do mesmo sexo. 
A Constituição Brasileira impõe o respeito a dignidade humana com
base nos princípios fundamentais e estabelece que família é a base de toda a
sociedade, vedando qualquer espécie de discriminação.
Logo em seguida, mais especificamente nos §§ 1º a 4º do referido
art. 226, a Constituição cuida de, explicitamente, fazer referência a três
categorias de família, o casamento, a união estável e o núcleo monoparental: 
“Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção
do Estado. § 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. §
2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. § 3º
Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união
estável entre o homem e a mulher como entidade familiar,
devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. § 4º
Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade
formada por qualquer dos pais e seus descendentes”.
O grande avanço fora a aceitação da mudança da sociedade,
valores, sendo visto com naturalidade, como por exemplo, o avanço científico
das técnicas de reprodução humana assistida, cuidou-se também de imprimir
dignidade constitucional aos denominados núcleos monoparentais, formados
por qualquer dos pais e sua prole.
A constituição de família tornou-se democrática, igualitária buscando
a felicidade em cada indivíduo, a vontade de unir ao outro com intuito de prazer
e bem-estar. 
O Código Civil vigente necessitou sofrer modificações para adequar-
se às diretrizes constitucionais, ocorre que, o texto não é taxativo na
delimitação da configuração familiar (DIAS, 2009). 
É preciso compreender que a família, hoje, não é um fim em si
mesmo, mas o meio para a busca da felicidade, ou seja, da realização pessoal
de cada indivíduo, ainda que existam — e infelizmente existem — arranjos
familiares constituídos sem amor.
Maria Berenice (2007) vivemos em um país livre de Estado
Democrático de Direito, no qual o respeito à dignidade humana é o bem maior,
está na hora de deixarmos de ser agentes da intolerância. Nesse mundo, ainda
que tão segmentado, tão dicotômico, tão maniqueísta, não há mais espaço
para manifestações de repúdio aos vínculos afetivos que fogem do parâmetro
homem e mulher. 
2. A NOVA FAMÍLIA: A FAMÍLIA MULTIESPÉCIE
Com a evolução temos um novo conceito de família e novos
vínculos. Os animais de companhia entram como membros da família
significativo, sendo até a família, causando modificação nas relações,
tornando-se um fato social.
Nesse novo conceito de família há espaço para liberdade e as
famílias se formam do modo como seus sujeitos convirem, assim uma família
pode ser formada pela união de um casal de diferentes aspectos ou mesmo
solteiros e seus animais de estimação, conhecido comumente como família
multiespécie.
Segundo Maria Berenice Dias, família multiespécie é aquela
constituída pelos donos e seus animais de estimação, membros não humanos. 
É o afeto que une a família multiespécie, não é um valor jurídico,
mas como sentimento que mantém as relações de amizade, companheirismo,
solidariedade e amor. É o combustível necessário para a manutenção das
relações familiares, base da nossa sociedade. (Waléria Martins Vieira, 2015)
O conceito de constituição de uma rede de interações entre
animais e humanos se dá por um sistema social que distingui o
grupo familiar composto por pessoas e seus animais de
estimação denominada família multiespécie, onde os membros
se reconhecem e legitimam. (Maturana apud Faraco 2008, p.
37)
O conceito de família é muito amplo para ser definido em rol
taxativo, nesse sentido Maria Berenice Dias (2016) considera como uma
relação de seres ligadas por um vínculo de afetividade, solidariedade, união,
respeito, confiança, amor e projeto de vida comum. Tal definição está em
constante evolução e é necessário que o direito acompanhe essas
transformações e proceda uma atualização normativa para proteger as novas
famílias que se estabelecem em nossa sociedade. 
O nosso código civil, por exemplo, ainda considera os animais de
estimação como bens móveis, semovente e coisas que pertencem a seus
proprietários, podendo ser vendidos ou doados. No plano da realidade, no
entanto, os bichos de estimação são tidos como entes do núcleo familiar,
muitas vezes sendo tratados como filhos e seus donos detentores de direitos e
responsabilidades.
As famílias mulltiespécies já são uma realidade, basta observar o
notório crescimento do mercado em torno desses animais, com o surgimento
de Pet shops, veterinários, produtos e eventos voltados para sua alimentação,
saúde, moda e bem-estar. 
Nesse contexto, segundo a Euromonitor International, o Brasil está
em 3º lugar com a maior população total de animais de estimação e isso
representa 5,14% de um total de US$ 105,3 bilhões de faturamento em 2016.
Os Estados Unidos lideram a lista, com 42,2% do faturamento total, seguidos
por Reino Unido (5,8%), Brasil, Alemanha (5,09%), Japão (4,9%), França
(4,7%), Itália (3,2%), Austrália (2,6%), Canadá (2,43%) e Rússia (2,36%).
A Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de
Estimação (2017), o animal de estimação é considerado membro das famílias,
e seu bem-estar garante a saúde de todos.
 A Constituição diz que o planejamento familiar é livre, não ter filhos
é uma opção, ter filhos ou ter cachorros e tratá-los como tal é outra opção. O
direito começou a se ater com isso devido as demandas.
Há uma grande demanda no Poder Judiciário, no processo de
divórcio é possível formular o pedido para que o juiz regulamente a convivência
dos animais embora o direito brasileiro, embora o legislador ainda não fala em
guarda dos animais, porque no direito brasileiro, o animal é considerado como
uma coisa, como uma bem semovente.
 Segundo, Amaral (2015) “o afeto deve prevalecer em face as
normas jurídicas,que não devem ser engessadas, mas sim, podendo ser
deliberadas”.
3. A INEXISTÊNCIA DE NORMA ESPECÍFICA SOBRE A GUARDA DE
ANIMAIS EM CASO DE DISSOLUÇÃO DA FAMÍLIA
Os casos de guarda de animais estão mais frequentes no Judiciário,
sendo que essas questões analisadas com empatia e sensibilidade, já que os
animais são considerados como membros família. O Poder Judiciário utiliza-se
de analogia para resolver esses casos tendo em visto não haver leis
específicas sobre a guarda de animais.
A natureza jurídica dos animais de acordo com o Código Civil está
relacionada ao bem móvel, visto que são “suscetíveis de movimento próprio,
são também os chamados semoventes, todavia, sendo um bem, está sujeito a
partilha na ocasião da dissolução da sociedade conjugal (GEOFFROY, 2008)”. 
É cristalino o direito de guarda dos animais na decisão recortada
abaixo:
DIREITO CIVIL – RECONHECIMENTO/DISSOLUÇÃO DE
UNIÃO ESTÁVEL – PARTILHA DE BENS DE SEMOVENTE -
SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA PARCIAL QUE DETERMINA
A POSSE DO CÃO DE ESTIMAÇÃO PARA A EX-
CONVIVENTE MULHER– RECURSO QUE VERSA
EXCLUSIVAMENTE SOBRE A POSSE DO ANIMAL – RÉU
APELANTE QUE SUSTENTA SER O REAL PROPRIETÁRIO –
CONJUNTO PROBATÓRIO QUE EVIDENCIA QUE OS
CUIDADOS COM O CÃO FICAVAM A CARGO DA
RECORRIDA – Direito do apelante/varão em ter o animal em
sua companhia – animais de estimação cujo destino, caso
dissolvida sociedade conjugal é tema que desafia o operador
do direito – semovente que, por sua natureza e finalidade, não
pode ser tratado como simples bem, a ser hermética e
irrefletidamente partilhado, rompendo-se abruptamente o
convívio até então mantido com um dos integrantes da família –
cachorrinho “Dully” que fora presenteado pelo recorrente à
recorrida, em momento de especial dissabor enfrentado pelos
conviventes, a saber, aborto natural sofrido por esta – vínculos
emocionais e afetivos construídos em torno do animal, que
devem ser, na medida do possível, mantidos – solução que não
tem o condão de conferir direitos subjetivos ao animal,
expressando-se, por outro lado, como mais uma das variadas e
multifárias manifestações do princípio da dignidade da pessoa
humana, em favor do recorrente – parcial acolhimento da
irresignação para, a despeito da ausência de previsão
normativa regente sobre o thema, mas sopesando todos os
vetores acima evidenciados, aos quais se soma o princípio que
veda o non liquet, permitir ao recorrente, caso queira, ter
consigo a companhia do cão dully, exercendo a sua posse
provisória, facultando-lhe buscar o cão em fins de semana
alternados, das 10:00 hs de sábado às 17:00hs do
domingo. sentença que se mantém (RIO DE JANEIRO,
2015b). 
O legislador atento às transformações contemporâneas e a realidade
das famílias multiespécies, ensaiam tentativas para a construção de uma lei
brasileira que ofereça a proteção jurídica necessária ao animal de estimação e
que resguarde os interesses de seus donos em casos de conflitos de interesse.
O legislador propôs o projeto de lei nº 1365/2015 do Sr. Ricardo
Tripoli, que dispõe sobre a guarda dos animais de estimação em casos de
dissolução litigiosa: em seu art. 2º à guarda será atribuída a quem demonstrar
maior vínculo afetivo com o animal e maior capacidade para o exercício da
posse responsável. Tal projeto está aguardando designação da Coordenação
de Comissões Permanentes.
A proposta de lei nª 3670/2015 com origem PLS 351/2015 de autoria
do Senador Antônio Anastasia, em que altera o Código Civil para determinar
que animais não sejam considerados coisas mas sim bens móveis. De acordo
com o art. 1º dessa proposta de lei os artigos 82 e 83 do Código Civil, passam
a vigorar com as seguintes redação:
“Art. 82 […]
Parágrafo único. Os animais não serão considerados coisas. 
Art. 83 […]
IV – Os animais, salvo o disposto em lei especial.” (NR)
Observa-se que há predisposição para que haja uma lei que
regulamente essa nova realidade, a guarda de animais em casos de dissolução
de família multiespécie, uma vez que os animais devem possuir o status de
sujeito de direitos, aplicando o princípio da dignidade humana, para que ambos
os envolvidos saem vitoriosos nessa situação.
4. UMA ANÁLISE SOBRE O DIREITOS DAS FAMÍLIAS MULTIESPÉCIES 
Há uma necessidade de regularização do direito animal na
legislação brasileira. Em se tratando de dissolução de família multiespecie, os
julgadores utilizam-se de analogia para aplicação e solução dos casos.
Utilizam do critério melhor interesse do animal em analogia ao
melhor interesse da criança, tendo em vista que na maioria dos casos nesse
tipo de família os animais doméstica são intitulados como tais. Ao se buscar o
judiciário, o melhor interesse do animal deve ser materializado o caso concreto
na busca do bem-estar do pet.
Todavia o juiz deve observar as seguintes condições: ambiente
adequado para a moradia do animal, a disponibilidade de tempo para os
cuidados com ele, as condições de trato, zelo e de sustento, grau de afinidade
e afetividade entre o animal e a parte, e por fim as demais condições que
considerar imprescindível para a sobrevivência do animal, ou seja, levando em
consideração a melhor condição física e psicológica do animal.
Haja vista várias situação, faz imprescindível o conjunto probatório,
tais como fotos, comprovante de compra de produtos pets, registro do animal,
entre outro campo probatório para elucidação e influência nas decisões.
A ausência de normativa específica promove o sofrimento de certas
famílias, que ao acionar o judiciário para solucionar seus conflitos provenientes
dessas demandas enfrentam a ironia do Poder Judiciário, como é o exemplo do
seguinte julgado do Rio Grande do Sul:
“O curioso é que em tempos de assoberbamento do Poder
Judiciário, lotadas as mesas e os armários dos operadores do
Direito da área de família com questões de grande relevância,
tais como investigações de paternidade ou destituições de
poder familiar, não estamos aqui tratando da busca e
apreensão de um menor, cuja guarda se discute, mas sim de
uma cachorrinha. E as petições lançadas por autor e requerida,
eminentes colegas, não perdem de vista as expressões de
‘direito de guarda’ e ‘direito de visita’, não sendo de estranhar
que surgisse, em algum momento, alusão à defesa do ‘melhor
interesse canino’.”
Nesse sentido, o número de demandas no Poder Judiciário é
grande, e com base no Projeto de Lei de 2015 caberá ao magistrado as
condições para a guarda do animal e s provas colacionadas no processo pelos
requerentes.
Enquanto essa regulamentação não acontece o magistrado em
casos concretos têm se valendo-se das regras que disciplinam a guarda
compartilhada das crianças, previstas nos artigos 1.583 a 1.590 do Código
Civil, que trata sobre o instituto da guarda e o melhor interesse da criança/pet. 
4.1 O direito de guarda dos animais
A Guarda compartilhada e visitas envolvendo animais é novo no
judiciário quando envolvem situações de divórcio, no entanto muitos desses
casos já chegam no judiciário de forma consensual e acertada para apenas
regularizar. 
Nos casos litigiosos o Judiciário tem concedido a guarda
compartilhada do animal de estimação, ou então, após uma ponderação,
concede a guarda ao companheiro que apresente maior afinidade com o pet,
disponha de maior espaço físico e tempo para cuidar do animal, conferindo ao
outro companheiro o direito de visitas ao animal. 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. GUARDACOMPARTILHADA.
INSTITUTO DO DIREITO DE FAMÍLIA. APLICAÇÃO AOS
ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO. DISCÓRDIA ACERCA DAPOSSE
DOS BICHOS. AUSENCIA DE PLAUSIBILIDADE DO
DIREITO. ANTECIPAÇÃO DA TUTELA. IMPOSSIBILIDADE.
AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. A tutela de urgência está disciplinada nos artigos 300 e
seguintes do Código de Processo Civil , cujos pilares são a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo. 2. Inexiste plausibilidade jurídica no
pedido de aplicação do instituto de família, mais
especificamente a guarda compartilhada, aos animais de
estimação, quando os consortes não têm consenso a quem
caberá a posse dos bichos. Tratandose de semoventes, são
tratados como coisas pelo Código Civil e como tal devem ser
compartilhados, caso reste configurado que foram adquiridos
com esforço comum e no curso do casamento ou da entidade
familiar (artigo 1.725 , CC ). 3. In casu, ausente o prévio
reconhecimento da união estável, deve-se aguardar a devida
instrução e formação do conjunto probatório, para se decidir
sobre os bens a partilhar. Ademais, é vedado ao magistrado
proferir decisão de natureza diversa da pedida, em
observância ao princípio da adstrição ou congruência, nos
termos do artigo 492 do Código de Processo Civil . 4.
AGRAVO CONHECIDO E NÃO PROVIDO3 
Maria Berenice Dias (2013), aborda esta hipótese, explanando sobre
situações recorrentes em que casais que possuem animais de estimação, por
ocasião da separação, a um deles é concedida a guarda e a outro é
assegurado o direito de visitas.. 
De acordo com Canotilho (2000) o sistema jurídico é um sistema
dinâmico de normas, que possui uma estrutura dialógica, traduzida na
disponibilidade e capacidade de aprendizagem das normas constitucionais
para captarem a mudança da realidade e estarem abertas às concepções
cambiantes da verdade e da justiça. 
A família é a base das relações sociais e o pet passou a ter um novo
papel no seio familiar, o sistema jurídico deve acompanhar essas mudanças de
realidade e se adequar a essa nova dinâmica de vida, de modo a oferecer a
tutela jurídica satisfatória.
5. CONCLUSÕES
Os pets não podem ser mais considerados como bens sujeitos a
partilha, como dito por Lourenço (2008) é preciso que a lei finalmente
reconheça que um animal “não é um saco de cimento”, esse é o primeiro passo
para a construção de uma normativa específica que proteja o melhor interesse
dos animais em situações de divórcio. 
O Judiciário e o legislativo engatinham na concepção de critérios
objetivos nos quais o magistrado deve se apoiar para decidir sobre a guarda
dos pets, bem como os direitos e deveres de cada cônjuge em relação ao pet
em caso se divórcio.
Nesse interím, há uma multiplicidade de projetos de lei que já foram
criados para tratar do assunto, alguns deles ainda tramitam na Câmara dos
Deputados, merecendo destaque a PL 1365/2015 que trata da situação dos
animais de estimação em casos de separação, determinando critérios objetivos
a ser levado em consideração na hora da concessão da guarda e a PL
351/2015 que objetiva alterar o status dos animais no código civil de 2002, que
os trata como coisas, para que sejam inseridos como bens em sua
singularidade, por serem portadores de sentimentos.
Por ora, enquanto o Legislativo não se adequa aos novos tipos de
família, especialmente as famílias multiespécies, as soluções litigiosas
envolvendo os animais de estimação e seus donos ficam à mercê da sorte,
podendo o caso cair nas mãos de um juiz mais conservador ou um magistrado
atento a relação de sentimento e de afeto entre os animais e seus donos.
Para aquela família que constrói vínculo de afetividade, carinho e
cuidado com os animais, a evolução legislativa parece se arrastar e não
responder de forma objetivas suas necessidades, cabendo ao judiciário fazer
malabarismo, utilizando-se por analogia do direito de família e do estatuto da
criança e do adolescente para a resolução desses conflitos.
Mas, ainda que haja esta verdadeira guerra dos sexos, as pessoas
se atraem e buscam alguém para amar. É o que diz um trecho da música de
Vinicius de Moraes: “Não dá para ser feliz sozinho!” 
6. REFERÊNCIAS
Berenice Dias, Maria. Novos Rumos do Direito das Famílias.
Disponível em: [http://www.mariaberenice.com.br/uploads/17_-
_novos_rumos_do_direito_das_fam%Edlias.pdf]. Acesso em: 11.05.2018.
Berenice Dias, Maria. A evolução da família e seus direitos The
evolution of the family rights. Disponível em:
[http://www.mariaberenice.com.br/uploads/7_-_a_evolu%E7%E3o_da_fam
%Edlia_e_seus_direitos.pdf]. Acesso em: 12.05.2018. 
Faturamento 2016 do setor pet aumenta 4,9% e fecha em r$
18,9 bilhões, revela abinpet. Disponível em:
[http://abinpet.org.br/site/faturamento-2016-do-setor-pet-aumenta-49-e-fecha-
em-r-189-bilhoes-revela-abinpet/]. Acesso em:13.05.2018. 
MANUAL DE DIREITO CIVIL PDF. Disponível em:
[https://direitoemsala.files.wordpress.com/2017/08/manual-de-direito-civil-pablo-
stolze-2017.pdf] acesso em: 12.05.2018. 
MARIA APARECIDA ALKIMIN HERON JOSÉ DE SANTANA
GORDILHO. BIODIREITO E DIREITOS DOS ANIMAIS II. Disponível em:
[https://www.conpedi.org.br/publicacoes/02q8agmu/z1gb219p/z7hxt2X9JxTojzc
L.pdf]. Acesso em: 12.05.2018.
PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 351, DE 2015. Disponível em:
[http://antonioanastasia.com.br/projetos/PLS351-2015.pdf]. Acesso
em:13.05.2018. 
PROJETO DE LEI N.º , DE 2015. Disponível em:
[http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?
codteor=1328694]. Acesso em:13.05.2018. 
Vieira, Waléria Martins. A FAMÍLIA MULTIESPÉCIE NO BRASIL
UMA NOVA CONFIGURAÇÃO FAMILIAR. Disponível em:
[http://www.valerianoguira.com.br/storage/webdisco/2015/10/12/outros
/430bc566cf68f3c524a2f7969676996d.pdf ]. Acesso em:13.05.2018.

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