Buscar

Apostila Anatomia Animais Domésticos II

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS 
INSTITUTO DE BIOLOGIA 
ORFOLOGIA 
O DE ZOOTECNIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANATOMIA DOS ANIMAIS DE 
DEPARTAMENTO DE M
CURS
PRODUÇÃO II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ana Cristina Pacheco de Araújo 
Dr. Althen Teixeira Filho 
Ana Luisa Valente 
 
 
 
 
 
 
 
 
PELOTAS, 2010 
 
Regente: Professora Dra
 
Colaboradores: Professor 
 Professora Dra 
 2
SUMÁRIO 
 
1) Introdução.............................................................................................................. 03 
 
2) Anatomia do Sistema Nervoso.............................................................................. 04 
 
3) Esplancnologia Geral dos Mamíferos: 
 
3.1) Cavidades Corporais.......................................................................................... 17 
 
3.2) Anatomia Comparada do Sistema Respiratório.............................................. 20 
 
3.3) Anatomia Comparada do Sistema Circulatório e Linfático........................... 25 
 
3.4) Anatomia Comparada do Sistema Digestório ................................................. 31 
 
3.4.1) Estômago Unicavitário (Eqüino e Suíno)....................................................... 33 
 
3.4.2) Estômago Pluricavitário (Ruminante)........................................................... 36 
 
3.4.3) Intestino Eqüino e Suíno................................................................................. 39 
 
3.4.4) Intestino Ruminantes...................................................................................... 41 
 
3.4.5) Glândulas Anexas do Sistema Digestório...................................................... 42 
 
3.5) Anatomia Comparada do Sistema Urinário.................................................... 45 
 
3.6) Anatomia Comparada do Sistema Reprodutor Masculino............................ 48 
 
3.7) Anatomia Comparada do Sistema Reprodutor Feminino............................. 53 
 
4) Aves: 
 
4.1) Anatomia do Sistema Digestório...................................................................... 60 
 
4.2) Anatomia do Sistema Respiratório.................................................................. 64 
 
4.3) Anatomia do Sistema Genital Masculino........................................................ 67 
 
4.4) Anatomia do Sistema Genital Feminino.......................................................... 69 
 
Bibliografia consultada............................................................................................ 70 
 
 
 
 
 
 
 
 3
1) INTRODUÇÃO 
 
 A anatomia é um ramo do conhecimento que estuda a forma, a disposição e a 
estrutura dos componentes dos seres vivos. O termo de origem grega significa “cortar 
fora, dissecar”, por isso que um cadáver é o meio mais tradicional de estudá-la, além de 
ser primordial. 
 Nesta disciplina estudaremos a anatomia macroscópica, pois as estruturas 
poderão ser observadas a olho nu, e através da anatomia sistemática. Esta anatomia 
sistemática estuda os grupos de órgãos que estejam estreitamente relacionadas em suas 
atividades no corpo. A anatomia sistemática está dividida nas seguintes partes: 
 - Osteologia: estuda os ossos que compõem o esqueleto. 
 - Sindesmologia: estuda as articulações. 
 - Miologia: estuda os músculos. 
 - Neurologia: estuda o sistema nervoso: central e periférico. 
 - Angiologia: estuda o coração e vasos (artérias, veia e linfático). 
 - Esplancnologia: estuda as vísceras que compõem os sistemas localizados 
dentro do corpo. Ex: sistema digestório, respiratório, genital, tegumentar... 
 - Estesiologia: estuda os órgãos do sentido, como olho e orelha. 
 Termos anatômicos gerais que indicam a posição (local) e direção das partes do 
corpo dos animais. 
CRANIAL E CAUDAL: indica a direção ou a maior aproximação da cabeça ou cauda. 
DORSAL E VENTRAL: indica a direção próxima ao dorso ou ventre (abdomem). 
LATERAL E MEDIAL: estrutura distante ou afastada do plano mediano. 
ROSTRAL: na direção próxima ao focinho, usado somente na cabeça. 
PROXIMAL E DISTAL: próximo a raiz ou origem principal, utilizado em membros. 
PARIETAL E VISCERAL: parietal se refere a face da estrutura que está em direção a 
parede da cavidade, visceral se refere a face que está voltada para outra víscera. 
CORTICAL E MEDULAR: cortical é a camada mais externa e medular é a camada 
mais interna e têm relação com órgãos como os rins. 
INTERNO E EXTERNO, SUPERFICIL E PROFUNDO: tem o significado do termo. 
Nos membros: abaixo do carpo: dorsal e palmar; abaixo do tarso: dorsal e plantar. 
 
CONSTITUIÇÃO GERAL: 
 O corpo dos vertebrados tem como unidade anátomo-funcional a célula. Um 
conjunto de células da mesma natureza forma um tecido. A união de tecidos diferentes 
forma um órgão. Diversos órgãos reunidos podem formar um sistema ou aparelho. 
 
 
Desenho esquemático 
mostrando os planos 
anatômicos. Fonte 3. 
 4
2) ANATOMIA DO SISTEMA NERVOSO 
 
 O sistema nervoso compreende o encéfalo, medula espinhal e os nervos 
periféricos. Estes por sua vez conectam as várias partes do corpo ao encéfalo ou à 
medula espinhal. O sistema nervoso está constituído por dois tipos de substâncias: 
branca e cinzenta. 
SUBSTÂNCIA CINZENTA: formada, em sua maior parte, por corpos de neurônios, é o 
local onde se encontram os “comandos” do sistema nervoso central, ou seja, executam 
as atividades vitais. 
SUBSTÂNCIA BRANCA: formada, principalmente, por axônios de neurônios, 
constitui as vias de comunicação das diversas áreas de comando. 
 Neurônio: é a unidade básica do sistema nervoso. É responsável pela produção e 
transmissão dos estímulos elétricos. Um neurônio unipolar apresenta dendritos que 
chegam ao corpo celular, onde se encontra o núcleo celular, trazendo os impulsos, esses 
são transmitidos ao axônio que por sinapses passam a informação ao próximo neurônio 
ou a um órgão efetor (músculo). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
neurônio 
Cel. de Schwann 
Fibra mielínica (nervos) 
dendritos 
Axônio (fibra nervosa) 
Corte transversal da medula espinhal torácica
Corno dorsal 
 
 
Corno lateral 
 
 
Corno ventral 
Cadeia latero-vertebral simpática 
Encéfalo sistema nervoso – plano geral
Medula espinhal 
Cadeia latero-vertebral simpática 
 5
 
 Encéfalo ... 
 Central 
Sistema (SNC) Medula espinhal 
Nervoso 
 Meninges: Duramáter, Aracnóide e Piamáter 
 
 
 Periférico Nervos cranianos 
 (SNP) Nervos espinhais com seus gânglios raquidianos 
 Sistema nervoso autônomo: simpático 
 Parassimpático 
 
 
 
 
 
 
SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
Encéfalo
Fonte 6 
 
 
 É à parte do SNC situado dentro da cavidade craniana, sua forma e tamanho 
adaptam-se perfeitamente ao interior da cavidade. 
 Divisão anatômica 
 
 
 6
Vista lateral esquerda do encéfalo, imaginária. 
 
 Mielencéfalo – medula oblonga (1) 
+ primitivo Rombencéfalo Cerebelo (2) 
 (IV ventrículo) Metencéfalo 
 Ponte (3)rostral 
 Tecto mesencefálico - colículos (4) 
Encéfalo Mesencéfalo caudal 
 (Aqueduto) Pedúnculos cerebrais (5) 
 
 
 Tálamo (6) 
 Diencéfalo Epitálamo (corpo pineal) 
 (III ventr.) Hipotálamo: hipófise (7) 
 Prosencéfalo 
+ evoluído 
 Telencéfalo Hemisférios cerebrais (8) 
 (Ventr. Lateral) Hipocampo (9) 
 Rinencéfalo (10) 
 
1) Rombencéfalo: cavidade IV ventrículo 
 
Mielencéfalo: MEDULA OBLONGA 
Apresenta-se como uma continuação direta da extremidade cranial da medula 
espinhal. É o centro da respiração e é responsável pela aprendizagem da atividade 
motora, ou seja, movimentos repetitivos tornam-se cada vez mais precisos e rápidos 
quanto maior for à repetição. Face ventral pirâmide e corpo trapezóide ajudam na 
parte motora e auditiva, respectivamente. Face dorsal apresenta-se quase 
inteiramente coberta pelo cerebelo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
2 
3 
4 
5 
6 
7 
8 
9 
10 
 
 
 
 
 7
 
Metencéfalo: PONTE E CEREBELO 
PONTE: suas fibras transversais formam a via nervosa que une os hemisférios 
cerebrais aos hemisférios cerebelares. Só está presente nos mamíferos. 
CEREBELO: está dorsalmente a medula oblonga, forma o teto do IV ventrículo e 
está preso pelos pedúnculos cerebelares. O cerebelo supervisiona e regula todos os 
movimentos voluntários; determinando a extensão dos movimentos pela 
coordenação dos músculos envolvidos nestes movimentos. Supervisiona e influencia 
os movimentos involuntários que são necessários para restabelecer e manter o 
equilíbrio. Ainda mantém o tônus muscular normal. 
 
 
 
 
 
2) Mesencéfalo: canal aqueduto cerebral (comunica III com o IV ventrículo) 
Conecta o rombencéfalo com o cérebro anterior e está recoberto dorsalmente pelos 
hemisférios cerebrais. Dividem-se em tecto mesencefálico (colículos) e pedúnculos 
cerebrais. 
 
TECTO MESENCEFÁLICO: são quatro eminências arredondadas, situadas abaixo 
da porção caudal dos hemisférios cerebrais. Os colículos rostrais estão relacionados 
com a visão. Ex: o salto de ataque de um felino a uma presa, o salto do goleiro para 
pegar uma bola no ar (golpe de vista). Os colículos caudais estão relacionados com 
a audição. Ex: saltar instintivamente para longe de um estrondo, saltar para trás 
quando ouve barulho de freada de carro. Dependendo dos hábitos de cada animal, os 
colículos serão mais ou menos desenvolvidos. Ex: na toupeira, que vive em túneis 
escuros e não utiliza muito a visão, os colículos rostrais são atrofiados ou pequenos 
e os caudais são normais. No cão, em que a audição é muito desenvolvida, os 
colículos caudais são muito desenvolvidos enquanto os rostrais são normais. 
 
PEDÚNCULOS CEREBRAIS: representam a parte basal do mesencéfalo e em seu 
interior existe uma substância chamada de substância negra. Essa por sua vez reage 
à ação da dopamina (neurotransmissor, percussor da adrenalina e noradrenalina e é 
um estimulante do SNC) que, quando não atua sobre essa área, poderá ocasionar o 
“Mal de Parkinson”. 
1) cerebelo 
2) medula oblonga 
3) pirâmide 
4) corpo trapezóide 
5) ponte 
6) medula espinhal 1 
1 
2 
2 
3 
4 
5 
5 
6 
6 
 8
 
 
 
 
 
 
 
3) Prosencéfalo: Diencéfalo (cavidade III ventrículo) 
 Telencéfalo (cavidade ventrículo lateral) 
Diencéfalo: 
 
1) TÁLAMO: se localiza dorsalmente aos pedúnculos cerebrais, tem formato 
ovóide, na sua fusão temos a aderência intertalâmica (que ao redor dessa, 
encontramos um espaço circular, com formato de anel, que é o III ventrículo), é 
formado por vários núcleos de neurônios, é uma estação de reorganização dos 
estímulos vindos da periferia (dor, temperatura, tato e pressão, menos o olfato), 
tem ligação direta com o córtex cerebral e uma lesão (ou necrose) poderá levar a 
perda da sensação de dor do corpo do lado oposto. 
2) EPITÁLAMO: PINEAL OU CORPO PINEAL OU GLÂNDULA PINEAL: fica 
dorsal ao tálamo, tem formato ovóide nos animais domésticos e coloração 
escura, é um órgão endócrino, cuja principal função é a secreção de melatonina. 
Essa por sua vez tem papel importante no ritmo circadiano (ritmo diário do 
corpo em 24hs, hora de acordar, dormir, comer... quando ficamos acordados 
toda noite desregulamos esse ritmo) e na indução do sono. Também controla o 
cio (estro), o crescimento de pêlos e penas, a muda das mesmas e a postura dos 
ovos. Com isso tem papel importante no ciclo reprodutivo sazonal de animais. É 
o “terceiro olho” ou olho primitivo na rã e em alguns répteis. 
3) HIPOTÁLAMO: HIPÓFISE OU GLÂNDULA PITUITÁRIA: é uma glândula 
bastante desenvolvida, situada ao nível do hipotálamo e está em conexão com o 
mesmo por meio de um pequeno tubo de substância nervosa, chamado 
infundíbulo. É o centro principal do comando visceral, responsável pelas 
funções ditas animais como fome, sede e sexo. 
 
1) pedúnculos cerebrais 2) oculomotor (III par) 3) colículo rostral 
4) colículo caudal 5) assoalho do IV ventrículo 
Nas vistas ventral e dorsal (sem cerebelo) do encéfalo do eqüino. 
1 1 
2 2 
3 3 
4 4 
5 
 9
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
2 
3 
1) cerebelo 8) aqueduto cerebral (mesencefálico) 
2) medula oblonga 9) III ventrículo 
3) ponte 10) corpo mamilar 
4) pedúnculos cerebrais 11) hemisférios cerebrais 
5) tecto mesencefálico 12) corpo caloso 
6) glândula pineal 13) septo pelúcido 
7) aderência intertalâmica 14) quiasma óptico 
4 
5 
6 
7 
8 
9 
10 
11 
12 
12 
13 
14 
A 
 
B 
A: vista medial do encéfalo do eqüino 
B: vista ventral também de eqüino 
evidenciando a hipófise. 
 10
Telencéfalo: 
 
É a região mais desenvolvida do prosencéfalo e ocupa a maior parte da cavidade 
craniana. Compreende os dois hemisférios cerebrais, incluindo o córtex cerebral, os 
núcleos da base e o rinencéfalo. O córtex cerebral é o local em que os movimentos 
voluntários são iniciados, sensações tornam-se conscientes e funções superiores, 
semelhantes ao raciocínio e planejamento, são interpretadas. Profundamente ao 
córtex está um agregado de substância cinzenta denominados de núcleos da base, 
que são importantes na iniciação e na manutenção da atividade motora normal. 
 
HEMISFÉRIOS CEREBRAIS: são duas grandes massas de substância nervosa que 
ocupam a maior parte da cavidade craniana. Externamente observamos a presença 
de saliências (giros ou circunvoluções) e depressões (sulcos), que variam de número 
conforme a espécie (neopálio). Os hemisférios cerebrais estão separados pela fissura 
longitudinal e afastando-os com cuidado, observa-se uma massa branca, o corpo 
caloso, que faz a fusão entre eles. Rinencéfalo ou porção olfatória do cérebro: é a 
parte mais antiga dos hemisférios cerebrais, está relacionado basicamente com o 
olfato. Hipocampo: é uma circunvolução ao redor do tálamo e forma a parte caudal 
do assoalho do ventrículo lateral. É responsável pelo olfato e memória. 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
2 
1) hipocampo2) ventrículo 
lateral 
 
Vista medial do 
encéfalo do 
eqüino. 
Vista dorsal do encéfalo de 
ovino com secção frontal, 
passando pelo interior dos 
ventrículos laterais: 
 
1) córtex cerebral 
2) hipocampo 
3) ventrículos laterais 
(plexo corióide) 
4) corpo caloso 1 
1 
2 
2 
4 4 
3 
3 
 11
 
Meninges 
 São membranas que envolvem todo o SNC (encéfalo e medula espinhal), 
formando um estojo de proteção traumática para o frágil tecido nervoso central. 
Também tem função de evitar infecções, pois contém anticorpos. Existem três 
meninges, as quais denominamos da mais externa para a mais interna de Dura-
máter, Aracnóide e Pia-máter. 
DURA-MÁTER: é a mais externa das meninges, apresenta uma cor clara, é bastante 
espessa e vascularizada. Acha-se aplicada diretamente contra os ossos que formam a 
cavidade craniana e canal vertebral. É constituída de uma lâmina externa e outra 
interna, que estão bem unidas dentro da cavidade craniana. Ao nível do canal 
vertebral estas membranas se separam deixando um espaço entre elas, chamado 
espaço epidural ou extradural, sendo preenchido por tecido adiposo e vasos 
sanguíneos. 
ARACNÓIDE: membrana fina e delicada constituída de filamentos que se 
assemelham à teia de aranha. Está entre a dura-máter e a pia-máter. 
PIA-MÁTER: adere diretamente ao sistema nervoso central, colocando-se dentro 
das depressões e sulcos. 
Líquido cérebro-espinhal ou líquor: 
É formado pelos plexos corióides (emaranhado de vasos sanguíneos cobertos pela 
pia-máter) localizados no IV ventrículo, III ventrículo e ventrículos laterais a partir 
do sangue. Constitui-se de um filtrado sanguíneo com grande quantidade de 
anticorpos para defesa do organismo. Este líquido circula no IV ventrículo, 
aqueduto cerebral, III ventrículo, ventrículos laterais e no canal central da medula. 
 
 
 
Irrigação encefálica 
O encéfalo tem como fonte de suprimento 
sanguíneo as artérias carótidas internas 
(fonte principal) e vertebrais (fonte 
secundária) nos animais de produção, como 
eqüinos, ruminantes e suínos. As artérias 
carótidas internas chegam à base do encéfalo 
através do forame lacero, na altura da 
hipófise. Fonte 10 e figuras acima fonte 6. 
 12
Medula Espinhal 
É uma estrutura alongada, mais ou menos cilíndrica, com achatamentos dorso 
ventral e algumas variações de forma e tamanho. Começa no nível do forame magno 
e está em conexão direta com a medula oblonga, rostralmente e se estende até a 
metade da região sacral. As variações mais importantes são os espessamentos 
(intumescências) das partes que dão origem aos nervos que suprem os membros 
torácicos e pélvicos, e o afilamento final caudal (cone medular). A intumescência 
cervical é o ponto de origem dos nervos que vão inervar o membro torácico, e da 
intumescência lombossacral partem os nervos para o membro pélvico e cavidade 
pélvica. A medula está dividida em 4 regiões correspondente as da coluna vertebral. 
É formada por 2 tipos de substâncias, branca por fora e cinzenta por dentro. Através 
de um corte transversal pode-se observar que a substancia cinzenta tem formato de 
H e á perfurada, na linha média, por um pequeno canal central. No final da medula 
espinhal temos uma leve dilatação chamada cone medular, da onde parte vários 
nervos espinhais em desnível com os espaços intervertebrais, chamado cauda 
eqüina. 
 
 
 
 
SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO 
 
É o sistema que liga o meio externo e interno, onde os estímulos são recebidos ao 
sistema nervoso central e deste aos órgãos efetores (alvos). O sistema nervoso 
periférico é constituído por nervos e gânglios fora do sistema nervoso central, eles 
vinculam informações sensitivas para o encéfalo e para a medula espinhal, 
Intumescência 
cervical 
Intumescência 
lombossacral 
Coluna 
vertebral do cão 
aberta 
dorsalmente na 
região sacral, 
evidenciando a 
cauda eqüina. 
Corte 
transversal da 
medula 
espinhal, 
evidenciando o 
H medular 
cinzento 
Vista dorsal de toda a medula espinhal 
do cão evidenciando as intumescências 
Fonte 6 
 13
promovem movimentos de músculos e secreções das glândulas por meio de seus 
nervos motores. É composto pelos nervos espinhais, pelos doze pares cranianos e 
sistema nervoso autônomo (simpático e parassimpático). 
 
Nervos espinhais 
 
FORMAÇÃO DOS NERVOS ESPINHAIS: 
Os nervos espinhais são formados por uma raiz dorsal (sensitiva) e outra raiz ventral 
(motora), a partir do H medular. Após formarem o tronco saem do canal vertebral 
pelos orifícios intervertebrais ou vertebrais laterais, dividindo-se num ramo dorsal 
curto e ramo ventral longo. 
 
 
 
Plexo braquial: é uma trama de nervos sensitivos e motores, que ao se anastomosarem, 
trocam fibras nervosas, com a função de originar novos nervos compostos por fibras 
provenientes de várias raízes nervosas da medula espinhal. Este é um mecanismo 
compensatório de defesa para paralisias totais quando da ruptura de uma raiz nervosa. 
Este plexo é originário dos ramos ventrais dos nervos espinhais de C5, C6, C7, C8, 
T1 e T2, sendo que C5 e T2 são inconstantes. Inerva o membro torácico, sendo o mais 
importante o nervo radial. 
 
 
 
Nervos espinhais:
 
Região cervical: presenta 8 pares de 
nervos cervicais em todas as espécies, 
pois o primeiro nervo emerge entre o 
occipital e o atlas. Para inervar 
determinados locais como membros e 
parede abdominal, os ramos ventrais 
provenientes do corno ventral, se reúnem 
para formar plexos ou outros nervos. Ex: 
nervo frênico é formado pelos ramos 
ventrais dos dois ou três últimos nervos 
cervicais (C6, C7 e C8). Inerva o 
músculo diafragma. Fonte 6. 
 
a
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 14
Região torácica: o número de nervos torácicos é de acordo com a espécie, e se 
distribuem na parede do tórax como nervos intercostais. 
 
Região lombar e sacral: plexo lombossacral: é uma trama de nervos sensitivos e 
motores, originados a partir dos ramos ventrais dos nervos espinhais lombares e 
dos dois primeiros sacrais, provenientes da medula espinhal. Inervam a musculatura 
dorsal do tronco, genital e membro pélvico. Mais importante: nervo ciático. 
 
 
 
Nervos cranianos:
N. ciático
Fonte 3. 
 
 
O encéfalo possui 12 pares de vias nervosas que o relacionam com órgãos 
periféricos sem a participação da medula espinhal, sendo chamados de nervos 
encefálicos ou cranianos. São representados por números romanos. Tem uma 
sensibilidade especial. Tem sua origem aparente no tronco encefálico, sendo o IV 
par (troclear) o único a sair pela face dorsal do encéfalo. Estão presentes nesse 
numero a partir dos anfíbios. 
 
I olfatório: capta o olfato. 
II óptico: capta a visão. 
III oculomotor: inerva as pálpebras e grande parte dos músculos do olho. 
IV troclear: sai dorsal e inerva também a musculatura do olho. 
V trigêmeo: oftálmico, maxilar (musculatura mastigatória) e mandibular. 
VI abducente: inerva também a musculatura do olho. 
VII facial: sente o gosto e inerva a musculatura mímica, face. 
VIII vestibulococlear: audição e equilíbrio. 
IX glossofaríngeo: capta também o gosto e inerva a laringe e faringe. 
X vago: maior de todos, indo até a cavidade abdominal, igual ao anterior. 
XI acessório: inerva a laringe e faringe. 
XII hipoglosso: língua. 
 
 15
Sistema nervoso autônomo: 
 
Também chamado de sistema nervoso visceral ou neurovegetativo. É a parte do 
sistema nervoso que geralmente, não esta sob o controle da consciência, inerva os 
músculos lisos, cardíaco (miocárdio) e algumas glândulas. Sua função principal é 
manter o equilíbrio do meio interno (homeostase). O sistema nervoso periférico 
(SNP) tem um nervo cujo corpo celular se localiza no sistema nervoso central 
(SNC) e seu axônio se estende sem interrupção até o esqueleto muscular, ao 
contrário o sistema nervoso autônomo tem dois nervos periféricos. O primeiro 
denomina-se nervo pré-ganglionar, que também tem seu corpo celular no SNC, mas 
seu axônio inerva um segundoneurônio em cadeia, chamado nervo pós-ganglionar, 
sendo que seu corpo celular localiza-se numa estrutura periférica denominada 
gânglio, que são definidos como uma coleção de corpos de células nervosas fora do 
SNC. O sistema nervoso autônomo está dividido em sistema nervoso simpático e 
sistema nervoso parassimpático. 
 
SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO: 
Este sistema, geralmente, tem o axônio pré-ganglionar curto e um pós-ganglionar 
longo. O pré-ganglionar tem sua origem na medula espinhal e saem junto com as 
raízes ventrais (motoras) do primeiro nervo espinhal torácico (T1) até o terceiro ou 
quarto nervos espinhais lombares. Após sua origem, pelo orifício intervertebral 
juntamente com os nervos espinhais, os axônios pré-ganglionares dirigem-se para 
uma cadeia de gânglios para vertebrais interligados (tronco simpático), localizados 
próximo ao corpo das vértebras. A partir desses gânglios partem os axônios pós-
ganglionares até os órgãos alvos (efetores). Os mediadores químicos 
(neurotransmissor) do simpático com os órgãos alvos são a norepinefrina e 
adrenalina. Atua nas situações estressantes ou fuga, provocando um aumento dos 
batimentos cardíacos, pressão arterial, freqüência respiratória e midríase. 
 
SISTEMA NERVOSO PARASSIMPÁTICO: 
Tem origem em nervos cranianos e segmentos sacrais da medula espinhal, sendo por 
isso denominado, algumas vezes, de sistema craniossacral. Fibras da parte cranial 
são distribuídas por 4 nervos cranianos: oculomotor (III par), facial (VII par), 
glossofaríngeo (IX par) e vago (X par). Os 3 primeiros suprem fibras 
parassimpáticas de músculos lisos e glândulas da cabeça. O nervo vago inerva fibras 
parassimpáticas das vísceras do tórax e do pescoço e quase a totalidade das vísceras 
abdominais. A parte distal do sistema digestório e as vísceras pélvicas são inervadas 
por fibras parassimpáticas da parte sacral do sistema nervoso parassimpático. Estas 
fibras pélvicas misturam-se com nervos simpáticos para formar o plexo pélvico. O 
mediador químico (neurotransmissor) do parassimpático é a acetilcolina. É o 
sistema atuante nos processos metabólicos provocando um incremento na secreção 
gástrica, motilidade intestinal e relaxamento do esfíncter pilórico, sendo por isso 
denominado de sistema anabólico ou vegetativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 16
 
 
 
 
 
Fonte 9. 
 17
3) ESPLANCNOLOGIA GERAL DOS MAMÍFEROS 
3.1) Cavidades Corporais 
 
3.1.1) CAVIDADE TORÁCICA 
É a segunda cavidade do corpo em tamanho, tem formato de cone com o ápice voltado 
cranialmente, apresenta-se comprimida lateralmente, é formada por quatro paredes e 
uma abertura cranial e internamente é revestida por uma membrana chamada pleura. 
Apresenta como órgãos principais os pulmões e o coração. 
Parede dorsal: formada pelas vértebras torácicas, ligamentos e músculos. 
Paredes laterais: formada por músculos (grande dorsal, intercostais externos e 
intercostais internos) e costelas. 
Parede ventral: formada pelo osso esterno, cartilagens costais e músculos (peitorais 
superficial e profundo e intercostais internos). 
Parede caudal: formada pelo músculo diafragma (porção carnosa e porção tendinosa, 
apresenta três aberturas: hiato aórtico, hiato esofágico e forame da veia cava caudal. 
Abertura cranial: formada por estruturas importantes como: artérias e veias, esôfago, 
traquéia e timo (faz parte do sistema linfático, órgão responsável por parte da defesa do 
organismo quando filhotes, involuindo quando adulto). 
A cavidade torácica é dividida em “espaços” que são chamados de mediastinos. Divide-
se em mediastino cranial, médio e caudal, sendo que o coração está localizado no 
mediastino médio. 
A irrigação da cavidade torácica é feita por ramos das artérias aorta (artérias intercostais 
dorsais) e torácica interna (artérias intercostais ventrais). Enquanto a drenagem é feita 
pelas veias ázigos (recebe a drenagem das veias intercostais dorsais) e torácica interna 
(recebe a drenagem das veias intercostais ventrais), sendo que ambas drenam para a veia 
cava cranial. 
 
 
 
4.1.2) CAVIDADE ABDOMINAL 
Legenda: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cavidade torácica de cão aberta, evidenciando o lado esquerdo do coração, 
pulmão direito e outras estruturas importantes. Fonte 3. 
 18
3.1.2) CAVIDADE ABDOMINAL 
É a maior cavidade do corpo, está separada cranialmente da cavidade torácica pelo 
diafragma e se continua caudalmente pela cavidade pélvica. Tem um formato ovóide, 
sendo achatada lateralmente. Limites: 
Parede dorsal ou teto: formada pelas vértebras e músculos lombares (incluindo a parte 
lombar do diafragma). 
Paredes laterais: formada por pele, tela subcutânea, músculos: oblíquo abdominal 
externo, oblíquo abdominal interno e transverso do abdômen. Após a musculatura temos 
o peritônio, parte cranial do ílio com os músculos ilíacos (caudalmente) e as cartilagens 
das costelas asternais (falsas) e parte das costelas que estão caudais a inserção do 
músculo diafragma (cranialmente). 
Parede ventral ou assoalho: pele, tela subcutânea, músculos retos abdominais e a 
aponeurose (inserção) dos músculos oblíquos e transverso. Além da fáscia abdominal e 
da cartilagem xifóide. 
Parede cranial: diafragma 
A cavidade abdominal no animal adulto apresenta cinco orifícios: três no diafragma 
(esôfago, artéria aorta e veia cava caudal) e dois canais inguinais. Mas no feto temos 
todos citados anteriormente e mais a abertura umbilical com a presença de duas artérias 
umbilicais, veia umbilical e úraco (abertura da bexiga). 
Conteúdo da cavidade abdominal: órgãos digestórios, parte dos órgãos genitais 
internos, órgãos urinários, nervos, vasos sanguíneos, linfático (linfonodos, vasos e 
baço), glândulas adrenais e vestígios fetais. 
 
 
 
 
Desenho esquemático da 
vista lateral direita das 
cavidades torácica e 
abdominal do bovino. 
Fonte 10. 
Vista lateral esquerda da 
cavidade abdominal e parte da 
torácica do eqüino. Fonte 4. 
 19
3.1.3) CAVIDADE PÉLVICA 
É a menor cavidade, apresenta a entrada da pelve que vai do sacro (promontório) até as 
bordas craniais do púbis, sendo limitado lateralmente pelas linhas arqueadas 
(iliopectíneas) do ílio. 
Parede dorsal ou teto: é formado pelo sacro e três primeiras vértebras coccígeas. 
Parede lateral: formada pelo ílio e ligamento sacrotuberal. 
Parede ventral ou assoalho: púbis e ísquio. 
Parte caudal da pelve: limitado pela terceira vértebra coccígea (dorsalmente), bordas 
caudais do ligamento sacrotuberal e músculo semimembranoso (lateralmente) e arco 
isquiático (ventralmente). 
 
 
 
 
 
 
 
Entrada, assoalho e teto da 
cavidade pélvica do eqüino. 
Fonte 12. 
Conteúdo da cavidade pélvica do macho: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte 10 
Conteúdo da cavidade pélvica da fêmea: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte 10
 20
3.2) Anatomia Comparada do Sistema Respiratório 
 
 O sistema respiratório é responsável pela troca de gases entre o sangue e a 
atmosfera, melhora a qualidade do ar que é inspirado e regula seu fluxo. 
 O sistema respiratório é composto: narinas, cavidades nasais, faringe, laringe, 
traquéia e pulmões. 
 A troca de gases ocorre nos alvéolos pulmonares (HEMATOSE), e na passagem 
de ar das narinas até os alvéolos este é, usualmente, purificado, umedecido e aquecido, 
sendo seu volume regulado pelas narinas, laringe, diafragma e os outros músculos 
respiratórios. Os condutos respiratórios são compostos de um epitélio 
pseudoestratificado ciliado e produtor de muco, com isso os cílios transportam as finas 
partículas de poeira, que ficam presas pelo epitélio úmido, para fora através das narinas 
(espirros) ou da faringe (cruzamento entre o sistema respiratório e digestório) pela 
deglutição. O fluxo de ar respiratório que passa através do nariz, pode passar 
diretamente através da boca, com exceção do eqüino (devido ao prolongamento de 
palato mole, com isso ocorre a grande abertura das narinas). 
 A porção olfatória está localizada na porção caudal da cavidade nasal, onde pode 
registrar a presença de substâncias nocivasno ar e com isso ativa um reflexo de 
fechamento da passagem pela laringe. O órgão de fonação (“voz”) está contido na 
laringe e o som é produzido, principalmente, pelo ar expirado. 
 
 
 
NARINAS
narina 
cav. 
nasal 
coana 
faringe 
laringe 
esôfago
língua 
traquéia
brônquio 
principal 
pulmão 
Fonte 1 
 
 Consistem externamente de pele, uma camada média de osso (suíno) ou 
cartilagem e uma membrana mucosa, além dos músculos nasais que regulam a abertura 
das narinas. Os músculos do nariz e os lábios superiores atuam juntos para dilatar as 
narinas, que são utilizados na respiração trabalhosa ou quando o animal está farejando. 
São bem desenvolvidos no eqüino e podem transformar normalmente as narinas 
semilunares em circulares. A convexidade dorsal da narina se dá pela presença da 
cartilagem alar. 
 
 21
EQUINO 
 
 
Narinas dilatadas Narinas normais Cartilagem Alar 
 
 
 BOVINO SUÍNO 
 
 
CAVIDADE NASAL 
 A cavidade nasal se comunica rostralmente com o exterior através das narinas e 
caudalmente com a faringe através das coanas e o palato duro separa a cavidade oral da 
nasal. É dividida em porções: 
Porção rostral: estreita e revestida por mucosa. 
Porção média: é a maior e contém as conchas nasais, porção resporatória. 
Porção caudal: é pequena e contém as conchas etmoidais, porção olfatória. 
CONCHAS NASAIS: dorsal (maior de todas) e ventral. 
As conchas nasais dorsal e ventral dividem a cavidade nasal em meatos: dorsal, médio, 
ventral e comum. As conchas nasais são separadas pelo septo nasal, que fica sobre o 
osso vômer. 
 
 
VISTA ROSTROCAUDAL 
DA FACE DE UM EQUINO 
Fonte 10. 
 
1 septo nasal 
36 meato nasal dorsal 
35 meato nasal médio 
34 meato nasal ventral 
33 meato nasal comum 
38 concha nasal dorsal 
37 concha nasal ventral 
Fonte 3 e 6. 
 22
 
VISTA MEDIAL DIREITA DA ACE DE UM EQUINO fonte 3. 
1 concha nasal dorsal 
2 concha nasal ventral (porção respiratória) 
3 conchas etmoidais 
4 coana 
5 palato duro 
6 palato mole 
7 faringe 
8 óstio faríngeo da tuba auditiva 
11 laringe 
 
FARINGE
 F
 
 É uma cavidade músculo-membranosa comum aos sistemas digestório e 
respiratório. Comunica-se com a cavidade bucal, esôfago, cavidade nasal e laringe. 
 
LARINGE 
 É um tubo músculo-cartilaginoso curto, que conecta a faringe com a traquéia e 
contém o órgão da fonação (cordas vocais). Sua porção rostral é fechada na deglutição 
para proteger a traquéia e os pulmões, caso algo passe teremos a tosse (defesa do 
organismo) ou pneumonia por corpo estranho. 
 Formada por cartilagens e estas estão conectadas umas as outras no osso hióide e 
na traquéia pelos ligamentos e músculos, podendo ossificar com a idade. Apresenta no 
seu interior o órgão fonador dos mamíferos, as cordas vocais ou pregas vocais. 
 
 
esôfago 
traquéia 
1 
2 
3
4 
5 
6
LARINGE DE EQUINO 
ÍMPARES: 
1 CRICÓIDE 
2 TIREÓIDE 
3 EPIGLOTE 
PARES 
4 ARITENÓIDES 
5 CORNICULADAS 
6 CUNEIFORMES fica na 
base da epiglote 
Fonte 12. 
 23
 
 
TRAQUÉIA
Corda ou prega 
Vocal 
Direita 
 
Fonte 4. 
 
 
 È um tubo cartilaginoso, não colapsável, que se continua da cartilagem cricóide 
da laringe até a raiz pulmonar, onde se bifurca para formar os brônquios principais 
(direito e esquerdo) e apresenta uma porção cervical e outra torácica. 
Porção cervical: no pescoço, ventral ao esôfago. 
Porção torácica: curta, e nos suínos e ruminantes emite um brônquio traqueal para o 
lobo cranial do pulmão direito. 
 É formada por uma série de anéis cartilaginosos incompletos (exceto na galinha) 
dorsalmente que são fechados pelo músculo traqueal. 
TRAQUÉIA 
BRONQUIOS PRINCIPAIS 
BRONQUIOS LOBARES (brônquio traqueal também é considerado um) 
BRONQUIOS SEGMENTARES 
BRONQUIOLOS 
ALVÉOLOS (onde ocorre a troca gasosa) 
 
PULMÕES 
 
 Localizados dentro da cavidade torácica e estão envoltos por uma membrana 
chamada pleura pulmonar de maneira individual e que se continua com o mediastino 
(espaço dentro da cavidade torácica onde se encontram o coração, ramos colaterais do 
arco aórtico, veias cavas, nervo vago e laríngeo recorrente, timo ... dividido em 
mediastino cranial, médio e caudal). Cada pulmão tem um formato cônico com ápice e 
base e o pulmão direito é maior que o esquerdo. Apresenta a face parietal com as 
impressões costais (quando formolizado) e a face medial com o hilo pulmonar e a 
impressão cardíaca. 
 HILO PULMONAR: Brônquio principal 
 Artéria pulmonar respectiva (direita ou esquerda) 
 Nervos 
 Veias pulmonares 
 Linfático 
 LOBOS PULMONARES: cranial, médio, caudal e acessório. 
 
 
 
 24
EQUINO: PULMÃO ESQUERDO: LOBO CRANIAL 
 LOBO CAUDAL 
 PULMÃO DIREITO: LOBO CRANIAL 
 LOBO CAUDAL 
 LOBO ACESSÓRIO 
 
SUÍNO E RUMINANTES: PULMÃO ESQUERDO: LOBO CRANIAL 
 LOBO CAUDAL 
 PULMÃO DIREITO: LOBO CRANIAL 
 LOBO MÉDIO 
 LOBO CAUDAL 
 LOBO ACESSÓRIO 
 
 
 
 
 
 EQUINO RUMINANTE SUÍNO 
 
Porção cranial 
Porção caudal 
 
Pulmão esquerdo de ruminante 
evidenciando o hilo pulmonar e a 
impressão cadíaca, face medial. 
Pulmão esquerdo de ruminante 
evidenciando as impressões costais na 
face lateral. 
Fonte 3 e 6
 
 25
3.3) Anatomia Comparada do Sistema Circulatório e Linfático 
 
Sistema Circulatório 
 Estuda o coração, os vasos da base, suas ramificações e a circulação sanguínea 
propriamente dita. 
 
SISTEMA VASCULAR SANGUÍNEO 
 Transportam nutrientes e oxigênio através do sangue para todo o organismo, 
sendo composto por artérias e veias. 
ARTÉRIAS: paredes mais espessas são relativamente rígidas e levam sangue rico em 
oxigênio (exceção da artéria pulmonar). 
VEIAS: paredes mais finas, aparentemente colapsadas e levam sangue pobre em 
oxigênio (exceção das veias pulmonares). 
 ARTÉRIAS------ARTERÍOLAS-----CAPILARES------VÊNULAS-----VEIAS 
 
CORAÇÃO 
 É um órgão muscular oco que bombeia sangue continuamente através dos vasos 
sanguíneos para todo o organismo. Seu tamanho é variável entre as espécies, está 
localizado na cavidade torácica, ocupa o mediastino médio, 60% do seu volume estão 
voltados mais para o lado esquerdo da cavidade e se localiza entre a terceira e sexta 
costelas, ficando cranialmente ao diafragma. 
 Realiza os movimentos de sístole (contração) e diástole (dilatação) nas câmeras 
cardíacas em sincronia. Está dividido em dois átrios e dois ventrículos. 
 Apresenta: BASE: apresenta as raízes dos grandes vasos que chegam e saem do 
coração. ÁPICE: apoiado sobre o osso esterno. FACES: Direita: sulco subsinuoso; 
Esquerda: sulco paraconal. BORDOS: cranial (ventrículo direito) e caudal (ventrículo 
esquerdo). *** sulco coronário: indica a separação entre os átrios e os ventrículos. Os 
sulcos são ocupados pelos vasos coronários que irrigam e drenam o coração. 
 A cavidade cardíaca está divida por septos, que separam os átrios e os 
ventrículos. O coração e os vasos da base estão envoltos por uma “bolsa” fibroserosa 
chamada de pericádio. As camadas do coração são: 
Epicárdio: membrana serosa que reveste externamenteo coração. 
Miocárdio: é o músculo cardíaco, sendo a porção contrátil do coração. 
Endocárdio: reveste internamente o coração, sendo também uma membrana serosa. 
 ÁTRIO DIREITO (AD): porção mais dorsal e cranial do coração, onde chegam 
as veias cavas cranial (trazendo sangue pobre em oxigênio da cabeça, pescoço e 
membro torácico) e caudal (trazendo também sangue pobre em oxigênio da cavidade 
abdominal, pélvica e membro pélvico). 
 VENTRÍCULO DIREITO (VD): óstio átrio ventricular ocupado pela valva 
tricúspide, estando presa aos músculos papilares. Saída da artéria pulmonar levando o 
sangue pobre em oxigênio para os pulmões para ocorrer a troca gasosa. 
 ÁTRIO ESQUERDO (AE): porção mais dorsal e caudal do coração, onde 
chegam as veias pulmonares provenientes dos pulmões trazendo sangue rico em 
oxigênio, podem ser de 5 a 8. 
 VENTRICULO ESQUERDO (VE): óstio átrio ventricular ocupado pela valva 
bicúspide ou mitral, também presa aos músculos papilares. Saída da artéria aorta 
levando o sangue rico em oxigênio para o corpo todo. Forma o ápice cardíaco. 
Miocárdio bem mais espesso. 
 26
** Na base das artérias pulmonar e aorta temos a presença de valvas, que também não 
deixam o sangue refluir. Recebem o nome do próprio vaso: valva pulmonar e valva 
aórtica. Ambas tem formato de meia lua e são formadas por 3 cúspides. 
 
CIRCULAÇÃO DO SANGUE: 
Chega ao átrio direito através das veias cavas (cranial e caudal), passa para o ventrículo 
direito através da valva tricúspide e sai do mesmo através da artéria pulmonar para os 
pulmões. Após a hematose (troca gasosa) sai dos pulmões através das veias pulmonares 
até ao átrio esquerdo, passa para o ventrículo esquerdo através da valva bicúspide ou 
mitral e sai do mesmo pela artéria aorta para todo o corpo. 
 
 
 
 
PEQUENA CIRCULAÇÃO OU 
CIRCULAÇÃO PULMONAR: 
CORAÇÃO—PULMÕES—CORAÇÃO 
 
VD — ARTÉRIA PULMONAR — 
PULMÕES — VEIAS PULMONARES 
— AE. 
 
GRANDE CIRCULAÇÃO OU 
CIRCULAÇÃO SISTÊMICA: 
CORAÇÃO—CORPO—CORAÇÃO 
 
VE — ARTÉRIA AORTA — CORPO 
— VEIAS CAVAS — AD. 
 
Fonte 6 e 12 
Coração do eqüino: mostrando lado direito e 
esquerdo abertos (figura ao lado), sendo o lado 
direito cranial e o esquerdo caudal. Corte na altura 
do sulco coronário, sendo retirados os átrios (figura 
abaixo), mostrando as valvas do coração: tricúspide, 
bicúspide, pulmonar e aórtica. 
 27
 
 
 
 
 
 
 
Lado direito do 
coração do eqüino 
Lado esquerdo do 
coração do eqüino 
Lado direito do coração do eqüino aberto, 
mostrando o átrio e o ventrículo 
internamente e a valva tricús
Lado esquerdo do coração do eqüino aberto, 
mostrando o átrio e o ventrículo 
internamente e a valva bicúspide pide
 28
 
Principais ramos colaterais da artéria aorta: 
 
1) Artérias coronárias: fazem a irrigação própria do coração. 
2) Tronco braquicefálico artéria subclávia direita e esquerda (pescoço e 
membro torácico) 
 
 artérias carótidas comuns (direita e esquerda, indo para face – 
artéria carótida externa e cérebro – artéria carótida interna). 
3) Artéria aorta torácica: artérias intercostais (costelas) e artéria broncoesofágica 
(pulmões e esôfago). 
4) Artéria aorta abdominal: ramos viscerais artéria celíaca (trato digestório) 
 
 
 artéria mesentérica cranial e caudal (intestinos) 
 artérias renais 
 artérias gonadais (testicular ou ovárica) 
5) Ramos terminais da artéria aorta: artérias ilíacas externas (membro pélvico) 
 artérias ilíacas internas 
 artéria sacral mediana 
 
CIRCULAÇÃO FETAL 
Durante o período em que o feto permanece no interior do útero materno há a 
necessidade constante de oxigenação de seu sangue para que ocorra o seu 
desenvolvimento. Como não há funcionamento pulmonar, o oxigênio deve provir da 
mãe através da placenta ao cordão umbilical do feto. Este cordão umbilical é 
formado de uma veia umbilical, duas artérias umbilicais e o úraco (orifício presente 
na bexiga do feto). Pela veia umbilical circula sangue rico em oxigênio e nas artérias 
sangue pobre em oxigênio. Fonte 6. 
 
 
 
 
 29
Sistema Linfático 
 
Tem como função a defesa do organismo, é responsável pela produção de glóbulos 
brancos e é composto pelos linfonodos e vasos linfáticos. O liquido que extravasa ao 
nível dos capilares sanguíneos e difunde-se pelos espaços intersticiais das células 
constitui a LINFA. A linfa circula pelos vasos linfáticos e é composta basicamente por 
glóbulos brancos, predominando os linfócitos. Estes linfócitos são produzidos pelos 
linfonodos, que são pequenos nódulos que estão distribuídos por todo o corpo, existindo 
agrupamentos de linfonodos chamados de centros linfáticos. Toda a linfa produzida é 
conduzida de volta a corrente sanguínea através de dois ductos: ducto torácico e ducto 
traqueal. Também fazem parte do sistema linfático o baço (que será descrito junto com 
o sistema digestório devido a sua proximidade do mesmo) e o timo. 
Ducto traqueal: geralmente é um vaso par, que acompanha o trajeto da traquéia no 
pescoço. Origina-se nos linfonodos retrofaríngeos, que coletam a linfa da cabeça. 
Poderá desembocar no ducto torácico ou nas veias jugular externa correspondente, 
próximo a entrada do tórax. 
Ducto torácico: é o principal coletor de linfa, desemboca na veia cava cranial e é a 
continuação da cisterna do quilo, que recebe toda a linfa da cavidade pélvica, abdominal 
e membros pélvicos. 
Timo: tem importância máxima nos jovens, regredindo gradativamente, conforme o 
animal vai crescendo, até praticamente desaparecer. Quando desenvolvidos estendem-se 
desde a região cervical (ao lado da traquéia) até o pericárdio (mediastino cranial, 
ventralmente). É uma estrutura lobulada, semelhante a uma glândula salivar (parótida), 
sendo que o seu córtex produz os linfócitos T imunocompetentes que vão para a 
corrente sanguínea chegando aos linfonodos, onde se multiplicam originando a 
competência imunológica pré-natal. 
Principais libfonodos e linfocentros: 
Cabeça: linfocentro mandibular, localizado ao redor da glândula mandibular. 
Membro torácico: linfonodo cervical superficial, localizado cranialmente a articulação 
do ombro; linfocentro axilar, localizado na região axilar. 
Tórax: linfocentro mediastínico, na base do coração e próximo ao diafragma; 
linfocentro brônquico, localizado ao redor da bifurcação da traquéia. 
Vísceras abdominais: linfocentro mesentérico, junto ao mesentério (prega de peritônio 
que prende o intestino ao teto da cavidade abdominal). 
Pelve e membro pélvico: linfonodo poplíteo, localizado caudal ao joelho e linfonodo 
inguinal superficial (supramamário ou supraescrotal), localizado dorsalmente à glândula 
mamária ou escrotal. 
*** Estes linfonodos são de extrema importância para a inspeção de carnes, pois 
havendo o comprometimento poderá ocorrer a condenação parcial ou total da carcaça. 
 
 
Linfocentro brônquico 
e linfocentro 
mediastínico do 
eqüino. 
 30
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte 3 e 6 
 31
3.4) ANATOMIA COMPARADA DO SISTEMA DIGESTÓRIO 
 
 O sistema digestório está dividido em um sistema condutor, formado pela 
cavidade bucal, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso, e em 
órgãos acessórios como língua, dentes, glândulas salivares, fígado e pâncreas. 
 As funções do sistema digestório, além de nutrir o organismo animal, são de 
apreensão do alimento, mastigação, insalivação, deglutição, digestão, absorção e 
expulsão da porção não absorvida dos alimentos. Tem início na cavidade bucal e 
término no ânus. Embriologicamenteapresenta-se como um tubo e em diversos locais 
recebe as secreções das glândulas salivares, do fígado e pâncreas. 
 
CAVIDADE ORAL (BUCAL): limitada rostralmente pelos lábios, lateralmente pelas 
bochechas, dorsalmente pelo palato duro e palato mole e ventralmente pela língua. Vai 
dos lábios até a faringe e está subdividida em vestíbulo (espaço entre os dentes, 
bochechas e lábios) e cavidade oral propriamente dita. 
 
Lábios: servem como órgãos de sucção, apreensão e toque. São duas pregas 
musculomembranosas que circundam a abertura da boca e se unem lateralmente 
formando as comissuras labiais. Estas, por sua vez, são bastante amplas nos caninos e 
suínos, chegando aos dentes molares. Os lábios dos eqüinos, ovinos, caprinos e 
carnívoros são igualmente móveis enquanto que dos bovinos e suínos não possuem 
muita liberdade de movimento. 
 
Bochechas: constituídas pelo músculo bucinador, sendo as paredes laterais do vestíbulo 
da boca. Nos ruminantes temos a presença de papilas cônicas que ajudam a empurrar o 
alimento para trás. Na altura do terceiro molar superior (ambos os lados) chegam na 
bochecha os ductos da glândula salivar parótida. 
 
Gengivas: é parte da mucosa oral, formada de tecido conjuntivo fibroso denso, está 
unida intimamente ao periósteo dos processos alveolares (envolvendo o colo do dente) e 
nos ruminantes, devido a ausência de dentes incisivos superiores, encontramos o 
chamado pulvino dental ou almofada dental. 
 
Palato duro: forma o teto da cavidade oral, formado pelo processo palatino do maxilar 
com o processo palatino do osso incisivo e o osso palatino. Está dividido centralmente 
em dois segmentos simétricos pela rafe palatina, com rugas palatinas 
transversalmente. Caudalmente ao primeiro par de dentes incisivos superiores ou da 
almofada dental nos ruminantes temos a papila incisiva que é a abertura do órgão 
vomeronasal (quando sentimos o cheiro de algum alimento e com isso o gosto deste 
alimento na boca). 
 
Palato mole: é uma prega musculomembranosa que se continua pelo palato duro. O 
eqüino apresenta um palato mole excepcionalmente grande, sendo impossível a espécie 
respirar pela boca (como nos cães) ou vomitar pela boca (saindo o conteúdo pelas 
narinas). 
 
Língua: órgão muito móvel, sendo essencial para a apreensão do alimento (pastagem 
alta, principalmente nos ruminantes), na sucção do leite pelo filhote e na sucção de 
líquidos pelos carnívoros. Sustentada por músculos e pelo osso hióide. È importante 
para mastigação e deglutição, empurrando o bolo alimentar insalivado para a faringe. 
 32
Algumas espécies usam a língua para se coçar ou se limpar (felinos). Nos cães, quando 
estão ofegantes ocorre perda de calor através da língua, atuando na termorregulação. 
Apresenta papilas que são: filiformes e lenticulares (cornificação das filiformes, só 
presente nos ruminantes estando sobre o toro lingual) com função mecânica; 
fungiformes, valadas e folhadas com função gustatória. Apresenta, apenas nos 
ruminantes, uma elevação caudal de forma elíptica, o que se chama de toro da língua. 
 
Glândulas salivares: parótida, mandibular e sublingual. A saliva é produzida em 
grande quantidade de 40 a 50 litros nos eqüinos e bovinos, ajuda na formação do bolo 
alimentar, é também lubrificante e nos bovinos atua como substância tampão no rumem, 
neutralizando o ph. No eqüino a saliva contém ptialina, é uma enzima que inicia o 
processo de hidrólise do amido na boca. De modo geral são mais desenvolvidas nos 
herbívoros que nos carnívoros. 
 
Dentes: principais órgãos da mastigação. É formado por três substâncias esmalte (mais 
externa, é o branco do dente), dentina e cemento (mais interna). Apresentam duas 
dentições com dentes decíduos e permanentes. Dividem-se em incisivos, caninos, pré-
molares e molares. Característica principal nos ruminantes: sem dentes incisivos 
superiores. Fórmula dentária permanente: 
Ruminantes 2 (I 0/3, C 0/1, PM 3/3, M 3/3) = 32 dentes. 
Eqüino macho: 2 (I 3/3, C 1/1, PM 3 (4)/3, M 3/3) = 40-42 dentes 
Eqüino fêmea: 2 (I 3/3, C 0/0, PM 3 (4)/3, M 3/3) = 36-38 dentes 
 
 
 
 
 
Suíno: 2 (I 3/3, C 1/1, PM 4/4, M 3/3) = 44 dentes 
 
Eqüino: dentes permanentes, desenho esquemático mostrando medialmente a 
cavidade oral e língua. Fonte 6 e 12. 
 33
 
 
 
 
FARINGE:
Bovino: dentes permanentes (sem dentes incisivos 
superiores) e língua evidenciando o toro lingual (b) 
 é uma cavidade músculo-membranosa comum aos sistemas digestório e 
respiratório. Comunica-se com a cavidade bucal, esôfago, cavidade nasal (através das 
coanas), ouvido médio (através das aberturas faríngeas para as tubas auditivas) e 
laringe. Função de direcionar o ar ou o alimento. 
 
ESÔFAGO: é um tubo músculo-membranoso que conecta a faringe com o estômago, 
sendo dividido nas porções: cervical, torácica e abdominal (curta). Situa-se dorsal a 
laringe e a traquéia, ficando a esquerda da traquéia na porção cervical e termina-se no 
estômago (CÁRDIA), entre o rumem e o reticulo no ruminante. No bovino tem um 
comprimento de 90 a 105 cm. 
 
ESTÔMAGO: é um alargamento do canal alimentar em forma de saco entre o esôfago 
e o duodeno (primeira porção do intestino delgado), localizado caudalmente ao 
diafragma. O estômago dos animais domésticos difere com os hábitos nutricionais, 
sendo que essas diferenças não acontecem somente na parte externa e no tamanho do 
órgão, mas também na composição das suas camadas. Quanto a forma os carnívoros, 
suínos e eqüinos apresentam um estômago unicavitário, enquanto nos ruminantes é 
pluricavitário. 
 
 
3.4.1) ESTÔMAGO UNICAVITÁRIO: EQÜINO E SUÍNO 
 
 É uma dilatação saculiforme em forma de J, que recebe o bolo alimentar, 
insalivado do esôfago, e o estoca temporariamente. O suco gástrico, secretado pelas 
glândulas da parede do estômago, consiste especialmente de pepsina, renina e ácido 
clorídrico, iniciando assim a digestão química e enzimática do alimento. Tudo é 
misturado no estômago por contração da parede muscular e, gradualmente, este bolo 
alimentar é movido para dentro do duodeno. Está voltado para o lado esquerdo da 
cavidade abdominal. Devido ao formato de J apresenta uma curvatura menor e outra 
maior. 
 
 
 34
 
 
EXTREMIDADE ESQUERDA: é a mais dorsal, tem forma de fundo de saco, está em 
contato com o diafragma, sendo no suíno encontramos um divertículo gástrico. 
EXTREMIDADE DIREITA: situada ventralmente, junto ao assoalho da cavidade 
abdominal, é menor e relaciona-se com o duodeno. Neste local há a presença do 
esfíncter piloro, sendo que no suíno encontramos uma elevação chamada toro pilórico. 
Orifício cárdia: situa-se na extremidade esquerda da curvatura menor e está em contato 
com o esôfago. A presença de uma camada de músculos circulares com fibras oblíquas 
internas vai formar o esfíncter cárdia, que no eqüino é bem desenvolvido e bem 
próximo ao esfíncter pilórico. 
 O estômago está dividido em três porções: corpo, fundo e pilórica; e preso a 
estruturas e órgãos adjacentes por ligamentos (que são pregas de peritônio) como, por 
exemplo, diafragma, fígado, intestino, baço e pâncreas. Apresentam uma mucosa 
glandular e aglandular (também chamada de pró-ventricular ou esofágica), sendo que no 
eqüino observamos uma elevação chamada margo plicatus que divide as duas mucosas. 
No suíno esta elevação está ausente e a porção aglandular é bem restrita. A mucosa 
glandular é mais escura e apresenta três tipos de glândulas: cárdicas, fúndicas e 
pilóricas. A capacidade do estômago do eqüino é de oito à 15 litros, sendo que o cavalo 
come mais que o dobro do bovino, pois come por 16 horas e dorme 8 horas. Ao passo 
que o bovino come por 8 horas, rumina por mais 8 e dorme por 8 horas também. 
 
 
Eqüino 
Suíno 
Desenho esquemático do estômago do 
eqüino aberto: fonte 2 
1) esôfago 
2) cárdia 
3) mucosa aglandular 
4) margo plicatus 
5) curvatura maior 
6) curvatura menor 
7) região das glândulas cárdicas 
8) região das glândulasfúndicas 
9) região das glândulas pilóricas 
10) piloro 
11) duodeno 
4 
3 
7
5 
8 9
 35
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Desenho esquemático do estômago do 
suíno aberto: 
1) curvatura menor 
2) curvatura maior 
3) esôfago (cárdia) 
4) divertículo gástrico 
11) porção aglandular 
12) região das glândulas cárdicas 
13) região das glândulas fúndicas 
14) região das glândulas pilóricas 
15) piloro 
16) toro pilórico 
18) duodeno 
Desenho esquemático do lado esquerdo de uma égua, evidenciando coração e 
grandes vasos, esôfago, estômago, fígado, baço e órgão da cavidade abdominal e 
pélvica (foi retirado todo o intestino delgado e grosso). 
Fonte 2 
 36
 
3.4.2) ESTÔMAGO PLURICAVITÁRIO: RUMINANTES 
 
 Os ruminantes apresentam um estômago pluricavitário, composto de 4 
compartimentos: Rumem, Reticulo, Omaso e Abomaso. Ocupam ¾ partes da cavidade 
abdominal e praticamente toda a metade esquerda. Os três primeiros apresentam uma 
mucosa aglandular, sendo também chamados de proventriculos; e o abomaso é o 
estômago glandular ou verdadeiro. Apresentam uma serosa, muscular, submucosa e 
mucosa. Rumem, reticulo e omaso realizam a digestão enzimática e mecânica dos 
alimentos, principalmente de celulose, por intermédio da flora bacteriana e da síntese de 
ácidos graxos. Ocorre a ruminação, ou seja, partículas de alimentos que foram 
deglutidas “grandes” (com pouca mastigação) voltam à cavidade bucal (através da 
regurgitação) para serem remastigadas e novamente deglutidas, e assim seguirem o 
processo de degradação e absorção dos nutrientes. Seqüência do alimento: 
BOCA – RUMEM – BOCA – RETÍCULO – OMASO - ABOMASO 
 
 
 
 Capacidade dos 4 compartimentos é de maior para menor: rumem, abomaso, 
omaso e retículo. Nos pequenos ruminantes diferem apenas no fato que o omaso tem 
capacidade menor que o reticulo. Capacidade relativa dos compartimentos: 
cranial 
caudal 
Desenho esquemático 
da vista dorsal das 
cavidades torácica e 
abdominal do bovino, 
sendo retirada a 
coluna vertebral e 
costelas: fonte 3 
 
1) 1ª costela 
2) Coração 
3) Pulmão 
4) Diafragma 
5) Esôfago 
6) Retículo 
7) Baço 
8) Fígado 
9) Omaso 
10) Abomaso 
11) Rumem 
12) Duodeno 
13) Intestino 
 37
Bovino: rumem 80%, reticulo 5%, omaso 7% e abomaso 8%. 
Caprino e ovino: rumem 71%, reticulo 8%, omaso 2% e abomaso 19%. 
 
*** Durante o período de crescimento do animal os compartimentos estomacais alteram 
em forma e em suas capacidades relativas. Estas alterações são visíveis no rumem e 
abomaso devido à troca gradual da alimentação, passagem da dieta de leite para vegetal. 
 
 
 
 
Rúmem (pança) 
 Saco imenso, que ocupa maior porção da cavidade abdominal, se localiza do 
lado esquerdo, vai do diafragma até a entrada da cavidade pélvica e apresenta uma face 
parietal e outra visceral. Está dividido em dois sacos: um dorsal e outro ventral através 
dos sulcos longitudinais (direito e esquerdo), sulco cranial e sulco caudal. É uma câmara 
de fermentação com bactérias que desdobram a celulose em componentes metabólicos. 
O esôfago chega à junção entre o rumem e o retículo, em um orifício chamado cárdia. 
Internamente esses sulcos correspondem a pilares que recebem os mesmos nomes dos 
sulcos. A mucosa do rumem apresenta papilas grandes e cônicas. Observa-se 
internamente também um orifício de comunicação entre o rumem e o reticulo chamado 
orifício ruminorreticular. 
 
Retículo (barrete) 
 É o compartimento mais cranial, tem formato arredondado, situa-se entre o 
diafragma e o rumem, é o menor dos compartimentos, funciona como uma “bomba” que 
envia o alimento para o rumem, através do orifício ruminorreticular, para ser misturado 
ou para ser remastigado e tem uma mucosa em formato de favo de mel. Apresenta ainda 
um sulco chamado reticular que vai do cárdia até o óstio reticuloomasal, sendo essa a 
primeira parte da goteira esofágica ou sulco gástrico. Este sulco conduz liquido do 
esôfago até o omaso. *** Em caso de ingestão de corpo estranho, este poderá ocasionar 
a chamada reticulite pericardite traumática, devido a sua proximidade do coração 
(apenas o diafragma os separam). 
 
 
Desenhos esquemáticos dos compartimentos do 
estômago dos bovinos. À esquerda quando filhote, 
mostrando o grande abomaso e a direita o abomaso 
de tamanho normal quando adulto (5 e 19). Fonte 10 
 38
Omaso (folhoso) 
 No bovino é um órgão esférico e nos pequenos ruminantes é menor que o 
retículo. Fica a direita do plano mediano. Relaciona-se: craniodorsalmente com o 
fígado, ventralmente com o retículo e abomaso e caudalmente com o jejuno. 
Internamente apresenta pregas longitudinais de tamanhos variados e um sulco omasal, 
que se estende do orifício reticuloomasal até o orifício omasoabomasal, compondo a 
segunda parte da goteira esofágica ou sulco gástrico. Este sulco gástrico conduz 
liquido diretamente do esôfago até o abomaso, sendo isso de extrema importância 
durante a amamentação. 
 
Abomaso (coagulador) 
 É o mais distal, é o estômago verdadeiro, tem formato de saco curvo, apresenta 
uma mucosa glandular com glândulas cárdicas, fúndicas e pilóricas e apresenta o óstio 
omasoabomasal e o piloro, que se relaciona com o duodeno (primeira porção do 
intestino delgado). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTESTINO: se estende desde o orifício piloro do estômago até o ânus e está 
dividido em intestino delgado e intestino grosso. O intestino delgado está 
Cr 1) rumem saco dorsal 
2) rumem saco ventral 
3) retículo 
4) esôfago 
5) abomaso 
6) sulco longitudinal 
esquerdo 
7) sulco caudal 
9) sulco cranial 
Vista lateral esq
Ca
uerda 
Ventral 
Dorsal 
Cr 1) rumem saco dorsal 
2) rumem saco ventral 
3) retículo 
4) omaso 
5) abomaso 
6) esôfago 
9) sulco longitudinal 
direito 
14) sulco caudal 
Vista lateral direita 
Fonte 10 
Ca
 39
dividido em duodeno, jejuno e íleo e o intestino grosso em ceco, cólon e reto. O 
tamanho do intestino varia bastante dentro das espécies e de individuo para 
individuo, sendo considerado ser 15xs o tamanho de um suíno, 20xs em bovinos, 
25xs em pequenos ruminantes e 10xs nos eqüinos. 
 A função do intestino é de desdobrar o alimento ingerido por ação química e 
enzimática e absorver nutrientes para o corpo. Essas enzimas são produzidas pelo 
pâncreas e fígado além das glândulas presentes na parede do intestino. A ação 
peristáltica (movimento involuntário dos intestinos) da parede muscular intestinal 
mistura o alimento com as secreções das glândulas intestinais, empurrando este 
distalmente e eliminando, através das fezes, resíduos indesejáveis. Em geral a 
digestão e absorção dos nutrientes ocorrem no intestino delgado, sendo os resíduos 
coletados, engrossados e estocados no intestino grosso antes de sua eliminação. Mas 
no eqüino a digestão e absorção dos nutrientes ocorrem no intestino grosso, no ceco. 
 O intestino delgado está preso por uma prega de peritônio ao teto da cavidade 
abdominal chamada mesentério. Internamente na mucosa intestinal existem 
glândulas e vilosidades que aumentam o poder de absorção do intestino delgado, 
além de tecido linfóide cujos grupos são denominados de placas de Peyer. 
 
3.4.3) INTESTINO EQÜINO E SUÍNO 
 
INTESTINO DELGADO 
Duodeno: é a primeira porção do intestino delgado, tem um metro de comprimento 
no eqüino e 60cm no suíno e nele chegam às enzimas produzidas pelo fígado e 
pâncreas através de seus condutos nas papilas duodenais maior e menor. Apresenta a 
flexura duodenal cranial e duodenal caudal. 
Jejuno: é a maior porção do intestino delgado, tem as alças intestinais em formato 
de leque, ocupa a porção ventral da cavidade abdominal e tem em torno de 20 
metros de comprimento no eqüino e 15m no suíno. 
Íleo: é a porção terminal do intestino delgado. Faz a conexão com o intestino 
grosso, pois se termina na junção cecocólica (papila ileal), formando o orifício ileal. 
 
 
1) Desenho esquemático em vista dorsal do eqüino, 
evidenciando: 1 esôfago, 2 estômago, 3 duodeno, 4 
flexura duodenal cranial, 5 flexura duodenal caudal, 
6 jejuno.2) Vista do jejunoíleo do eqüino (abaixo), 1 jejuno e 2 
ileo. Fonte 6. 
1 
2 
 40
 
 
 
 
 
 
INTESTINO GROSSO 
Tem cerca de 7 à 8m de comprimento no eqüino e de 4 à 5 m no suíno. Difere do 
intestino delgado por ter maior diâmetro e no eqüino por ter pregas e saculações e 
tem a função absorver água do conteúdo fecal. 
Ceco: no eqüino é um saco cego que tem formato de uma grande vírgula e é onde 
ocorre a absorção dos nutrientes. No suíno não é tão desenvolvido e se localiza do 
lado esquerdo da cavidade abdominal, sendo o contrário no eqüino. No eqüino 
apresenta a divisão de base, corpo e ápice, estando esse último voltado 
ventralmente, para o assoalho da cavidade abdominal. Já no suíno não têm essa 
divisão marcante e o seu ápice também está voltado ventralmente, mas seu restante 
está bem dorsal a cavidade abdominal. 
Cólon: Eqüino: cólon maior (semelhante ao cólon ascendente), cólon transverso e 
cólon menor (semelhante ao cólon descendente). Cólon maior começa no óstio 
cecocólico e termina no cólon transverso. Apresenta divisão em direita e esquerda e 
ainda flexuras. Suíno: cólon ascendente, com alças centrípetas e centrifugas, cólon 
transverso e cólon descendente. 
Reto: porção terminal do intestino grosso, estendendo-se da entrada da pelve até o 
ânus. Seu comprimento é de mais ou menos 30cm. A porção retroperitonial forma 
uma dilatação denominada de ampola do reto e termina numa projeção muscular 
denominada ânus. 
 
 
Desenho esquemático do ceco do eqüino 
mostrando a chegada do íleo no ceco. 
Desenho esquemático da 
cavidade abdominal do 
suíno, duodeno. 
Fonte 12 
Desenho esquemático do ceco 
do eqüino, mostrando a chegada 
do íleo e a divisão em base, 
corpo e ápice. 
 41
 
 
 
 
 
 
3.4.4) INTESTINO RUMINANTES 
 
INTESTINO DELGADO: 
Duodeno: tem em torno de 1 metro de comprimento, situa-se do lado direito da 
cavidade abdominal, apresenta uma primeira porção em formato de “S”, chamada alça 
sigmóide; após apresenta um segmento descendente, uma flexura caudal e um segmento 
ascendente. Nos ruminantes apresenta uma papila duodenal maior, onde desembocam o 
colédoco e o ducto pancreático principal e, mais caudalmente, uma papila duodenal 
menor, onde desemboca o ducto pancreático acessório. Preso por um mesentério curto, 
com isso tem pouca mobilidade. 
Jejuno: é a porção mais longa, seu mesentério é longo e constitui as alças em forma de 
leque. Ocupa a porção ventral da cavidade abdominal e apresenta 20 metros de 
comprimento nos grandes animais. 
Íleo: porção terminal do intestino delgado; termina na junção cecocólica do intestino 
grosso, formando o orifício ileocecal e tem uma parede muscular mais grossa que a do 
jejuno. 
Desenho esquemático dos intestinos 
do suíno. Legenda: 
1) estômago 
2) duodeno 
3) jejuno 
4) íleo 
5) ceco 
6) cólon ascendente (com alças 
centrípetas e centrifugas) 
7) cólon transverso 
8) cólon descendente 
9) reto 
1 
2 
3 
4 
5 
6 
6 
7 
8 9 
Desenho esquemático dos intestinos 
do eqüino. Legenda: fonte 10 
1) estômago 
2, 3, 4 e 5) duodeno 
6) jejuno 
7) íleo 
8) base do ceco 
9) corpo do ceco 
10) ápice do ceco 
11) cólon ventral direito 
12) flexura esternal 
13) cólon ventral esquerdo 
14) flexura pélvica 
15) cólon dorsal esquerdo 
16) flexura diafragmática 
17) cólon dorsal direito 
18) cólon transverso 
19) cólon menor (descendente) 
20) reto 
 42
INTESTINO GROSSO: 
Apresenta um diâmetro um pouco maior que o intestino delgado, vai do íleo até o ânus, 
tem cerca de 7,5 a 8 metros de comprimento e não apresenta tênias ou saculações. 
Ceco: tem um comprimento de 75 cm nos bovinos e 30 cm nos pequenos ruminantes; é 
um fundo de saco cego, cuja extremidade caudal está voltada caudodorsalmente até a 
entrada da pelve. 
Cólon: começa a partir do orifício cecocólico; está dividido em cólon ascendente, 
transverso e descendente, sendo que o cólon ascendente apresenta: alça proximal, alça 
espiral (com giros centrípetos, uma flexura central e giros centrífugos) e alça distal. 
Reto: porção terminal do intestino grosso, indo desde a entrada da pelve até o ânus. Nos 
bovinos, principalmente, apresenta as paredes bastante distendidas, permitindo ampla 
área de palpação. 
 
 
 
 
3.4.5) GLÂNDULAS ANEXAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO 
 
FÍGADO: 
 É a maior glândula do corpo, se localiza do lado direito da cavidade abdominal 
(nos ruminantes, eqüino e suíno), está voltado para o diafragma e se estende 
ventralmente até a altura do rim direito, indo em direção ao assoalho da cavidade 
abdominal. 
 Apresenta função exócrina e endócrina. Função exócrina é a secreção de bile no 
duodeno para a digestão dos ácidos graxos; Funções endócrinas são: reserva de 
glicogênio, estocagem de gordura, função hematopoiética, síntese protéica e de fatores 
de coagulação e tem a função de desintoxicação, pois apresenta complexos enzimáticos 
que transformam substâncias tóxicas em menos tóxicas e com isso mais fáceis de serem 
eliminadas, processo chamado de biotransformação. 
 Tem uma coloração marrom avermelhada e é um órgão parenquimatoso (feito de 
sangue). É formado de lobos, mas no ruminante e eqüino é mais compacto, sendo 
identificado apenas um lobo direito e outro esquerdo, mas já no suíno apresenta uma 
lobação bem definida (logo lateral direito e esquerdo, lobo medial direito e esquerdo, 
lobo caudato e lobo quadrado). Apresenta a vesícula biliar para estocagem de bile nos 
1) abomaso 
2) duodeno descendente 
3) flexura sigmóide 
4) duodeno descendente 
5) flexura duodenal caudal 
6) duodeno ascendente 
7) 8) jejuno 
9) íleo 
10) ceco 
11) junção cecocólica 
12) 13) alça proximal 
14) 15)16)17) alça espiral 
18) 19) alça distal 
20) cólon transverso 
21) cólon descendente 
23) reto 
BOVINO 
 43
ruminantes e suínos, pois nos eqüinos esta estrutura não aparece. A face parietal 
apresenta impressões dos arcos costais, e na face visceral encontramos, principalmente, 
a impressão do omaso nos ruminantes ou do estômago nos unicavitários. 
 Apresenta também ductos hepáticos provenientes dos lobos que se juntam 
formando um ducto hepático comum e este se junta com o ducto cístico (proveniente da 
vesícula biliar) e ambos formam o colédoco (ausente no eqüino, sendo chamado de 
conduto hepático comum). Ainda na face visceral observamos a cisura portal por onde 
entram e saem estruturas como a veia porta (traz a drenagem de todo o trato digestório), 
artérias hepáticas, nervos, lifático (sai) e o colédoco (sai). Está preso por ligamentos, é 
irrigado pela artéria hepática (ramo da artéria celíaca) e é drenado pelas veias supra-
hepáticas que desembocam direto na veia cava caudal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ovino: Vista caudocranial, à esquerda 
15) lobo direito, 16) lobo esquerdo, 27) vesícula biliar 
23) diafragma 
LD LE 
dorsal 
Fígado de eqüino, 
mostrando as 
impressões 
gástrica e cecal 
 
Fonte 10 e 12 
A) Desenho esquemático mostrando a lobação do fígado do suíno. 
B) Desenho esquemático mostrando, também no suíno, a formação do colédoco. 
A 
B 
dorsal 
ventral 
 44
PÂNCREAS: 
 É também uma glândula mista, com secreção endócrina (insulina e glucagon que 
regulam o nível de glicose no sangue) e exócrina (enzimas pancreáticas que atuam na 
digestão dos alimentos). É extremamente friável, se localiza próximo ao duodeno (está 
fixado pelo mesoduodeno) e apresenta ductos pancreáticos que desembocam no 
duodeno. Não apresenta uma cápsula. Irrigado por ramos pancreáticos, um cranial e 
outro caudal, oriundos das artérias celíaca e mesentérica cranial. 
 
 
 
BAÇO: 
 Órgão pertencente ao sistema linfático e circulatório, vulgarmente chamado de 
“passarinha”, é reserva de sangue, produz glóbulos brancos para defesa do organismo, 
tem formato curvo com uma face parietal e outra visceral, se localiza a esquerda do 
plano mediano e tem a coloração vermelho-azulada. É irrigado pela artéria esplênica ou 
lienal (ramo da artéria celíaca). É descrito no sistema digestório devido a sua 
proximidade.Eqüino: vírgula. Ovino: com formato triangular. Bovino: com formato alongado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Desenho esquemático de eqüino 
em uma vista dorsal, mostrando a 
localização do pâncreas. Fonte 12 
Eqüino Ovino Bovino 
 45
3.5) ANATOMIA COMPARADA DO SISTEMA URINÁRIO 
 
 Os órgãos do sistema urinário consistem dos rins, que excretam a urina, líquido 
que deve ser expulso diariamente e periodicamente; ureteres, bexiga e uretra que são 
vias que conduzem a urina até o seu armazenamento e transportam até o exterior. 
 
 RINS 
 São glândulas excretoras pares que eliminam continuamente os produtos 
residuais do sangue. Regulam o equilíbrio hidro-eletrolítico do organismo, mantendo 
assim a pressão osmótica sanguínea, além de removerem substâncias estranhas do 
sangue. Coloração: marrom-avermelhado, sendo irrigados pelas artérias renais (ramos 
direto da artéria aorta abdominal). 
 Situação: área sublombar à direita e à esquerda do plano mediano, sendo que nos 
ruminantes podem ambos ficar mais para direita devido ao tamanho do rumem. 
 Formato: grão de feijão, exceto rim direito do eqüino que é em formato de 
coração. Sempre com muita gordura ao seu redor, o rim direito é levemente mais cranial 
que o esquerdo e está envolto por uma cápsula. 
 Organização interna do parênquima renal: cortical (1), intermediária (2) e 
medular (3). Além disso, apresenta uma dilatação chamada pelve renal (4 e 5), cuja 
urina é gotejada constantemente e também é considerada a parte dilatada do ureter (7). 
No hilo renal também encontramos a artéria e veia renal, tecidos linfático e nervoso. 
 
 
 
 
 
*** BOVINO: rins lobulados. Cada lóbulo 
apresenta uma zona cortical, intermediária e 
medular. Também de cada lóbulo partem 
cálices menores que drenam a urina para um 
cálice maior e desse parte o ureter, portanto os 
bovinos não apresentam pelve renal. É 
considerado um rim primitivo, pois não houve 
a fusão completa do córtex renal (ou zona 
cortical). Fonte 6. 
*** SUÌNO: apresenta uma fusão parcial dos lóbulos renais, sua superfície externa é lisa, mas 
mantém papilas individuais que eliminam a urina dentro de cálices menores. Mas já apresenta 
uma pelve renal e desta parte o ureter. 
 46
 
 
 
 
 
URETERES 
 É um tubo estreito (1) que conduz a urina em um fluxo contínuo da pelve para a 
bexiga (2). Penetram na parede dorsal da bexiga em um ângulo agudo (obliquamente). 
A extremidade proximal do ureter divide-se em pelve renal nos eqüinos, carnívoros, 
ovinos e suínos ou em cálices maiores nos bovinos. 
 
 
 
BEXIGA 
 É um órgão capaz de grande distensão e tem a capacidade de estocar grande 
quantidade de urina. Tem formato piriforme, se localiza dentro da cavidade pélvica 
SÃO ÓRGÃOS 
RETROPERITONEAIS, 
OU SEJA, O 
PERITONEO 
RECOBRE APENAS 
UMA FACE DO RIM. 
A cão 
B ovino 
C cavalo 
D bovino 
E golfinho 
 47
(quando não distendida) e os ureteres chegam a um local chamado trígono vesical onde 
também é localizado o meato uretral interno, início da uretra. 
 
 
 
 
URETRA 
Tubo muscular. 
Leva a urina da bexiga para o meio externo. 
No macho conduz tanto a urina quanto o sêmem. 
Bem maior no macho, toda a extensão peniana. 
Começa no orifício uretral interno (saída da bexiga) e termina, no macho na glande 
(exceto suíno que não apresenta glande, chegando à extremidade distal do pênis) e na 
fêmea na vagina. 
Apresenta também no macho a abertura das glândulas anexas do aparelho reprodutor, 
chamado óstio ejaculatório que se localiza em uma elevação chamada colículo seminal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Desenho esquemático da bexiga aberta, mostrando a 
chegada dos ureteres e a saída do meato uretral 
interno, formando o Trígono Vesical: 
1) resquício do úraco (circulação fetal) 
2) bexiga, mucosa 
3) ureteres 
5) orifício ou meato uretral interno 
6) uretra 
 48
3.6) ANATOMIA COMPARADA DO SISTEMA REPRODUTOR 
MASCULINO 
 
 Componentes: testículos, epidídimo, ducto deferente, uretra, glândulas genitais 
acessórias, bolsa testicular ou escroto, pênis e prepúcio. 
 
TESTÍCULOS 
 São órgãos pares que produzem as células germinativas (espermatozóides) e 
hormônio masculino (testosterona). Estão contidos em um divertículo do abdômen 
chamado escroto, juntamente com o epidídimo e tem variação de tamanho. Sua posição 
também varia conforme a espécie: eqüino - horizontal, ruminantes - vertical e suíno - 
oblíquo. Apresenta internamente uma rede testicular aonde chegam os túbulos 
seminíferos, trazendo os espermatozóides até a cabeça do epidídimo. Internamente é 
revestido pela túnica albugínea e externamente pela túnica vaginal visceral (prega do 
peritônio). Está preso a túnica vaginal parietal por um ligamento chamado de 
mesórquio. 
 
EPIDÍDIMO 
 Dividido em cabeça, corpo e cauda (maior). 
 Função de armazenar e amadurecer os espermatozóides. 
 Continua-se pelo ducto deferente. 
 
DUCTO DEFERENTE 
- Passa pelo canal inguinal. 
- Está no funículo espermático. 
- Chega até a porção pélvica da uretra. 
- Apresenta a ampola do ducto deferente (é uma dilatação, não sendo vista no suíno). 
- Une-se ao ducto excretor da vesícula seminal, formando o ducto ejaculatório que se 
abre no óstio ejaculatório do colículo seminal. 
 
 
Desenho esquemático mostrando o interior do 
testículo, epidídimo e parte do funículo espermático: 
 Testículo: 
1) túnica albugínea 
2) mediastino 
3) túbulos seminíferos 
4) túbulos retos 
5) rede testicular 
 Epidídimo: 
6) ductos eferentes; 6’) ducto do epidídimo 
8) cabeça do epidídimo 
9) corpo do epidídimo 
10) cauda do epidídimo 
 Ducto deferente (7) 
 Plexo pampiniforme (11) 
 49
 
 
 
FUNÍCULO ESPERMÁTICO: 
 
 
 
 
BOLSA TESTICULAR OU ESCROTO 
 
 É um divertículo da cavidade abdominal que contém o testículo, epidídimo e 
parte do funículo espermático. Normalmente é assimétrico, tem função de proteção e 
termorregulação, é pigmentado, apresenta pêlos externos e glândulas sebáceas. Dividi-
se em camadas: 
 
 
 
 
Bexiga 
Ampola do ducto deferente 
 
Vesícula seminal 
 
 
Próstata 
 
 
 
Bulbo uretrais 
SÊMEM: mistura das secreções das 
glândulas genitais acessórias com os 
espermatozóides. É eliminado pelo 
pênis no tempo da ejaculação. As 
secreções das glândulas genitais 
acessórias são consideradas com sendo 
substratos ou veículo para os 
espermatozóides, estimulando a 
motilidade e facilitando sua 
locomoção. Fonte 6 
 Passa pelo canal inguinal, está envolto 
externamente pela túnica vaginal parietal e apresenta 
as estruturas: 
- artéria testicular; 
-veia testicular (forma um plexo chamado 
pampiniforme que fica ao redor da artéria testicular e 
tem como objetivo diminuir a temperatura, ou seja, 
resfriar a artéria); 
- vasos linfáticos; 
- plexo nervoso; 
- fibras musculares (músculo cremáster); 
- ducto deferente; 
- túnica vaginal visceral 
 50
 
 
 
GLÂNDULAS GENITAIS ACESSÓRIAS 
 Estão agrupadas ao redor da uretra pélvica e diferem muito entre as espécies. 
Seu crescimento e função são influenciados pelos hormônios sexuais, ou seja, num 
animal castrado atrofiam. Podem ser palpadas. Estão dispostas de cranial para caudal: 
vesícula seminal, próstata e bulbo uretrais. 
 
 
 
PÊNIS: 
É o órgão copulatório. 
Preso por músculos. 
Composto de tecido erétil. 
Dividido em: raiz, corpo e glande. 
Apresenta a uretra em toda sua extensão. 
Estrutura: musculomembranoso (B) ou fibroelástico (A) 
 
 
 
 
Desenho esquemático do escroto de um 
bovino evidenciando as camadas da bolsa 
testicular: 
 1) Pele 
 2) Dartos: muito aderida à pele, 
divide o escroto. 
 3) Fáscia muscular: derivada dos 
músculos abdominais 
 4) Túnica vaginal parietal: prega de 
peritônio 
1 
Cachaço Suíno castrado 
Desenho esquemático da vista 
dorsal da cavidade pélvica, no 
suíno: 
1 bexiga 
2 vesícula seminal 
3 próstata 
4 ureteres 
5 ducto

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes