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Civil Contratos em especie

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DIREITO CIVIL
Contratos em espécie: compra e venda; permuta; contrato estimatório; doação; locação; empréstimo; prestação de serviço; empreitada; depósito; mandato; comissão; agência e distribuição; corretagem; transporte; seguro; constituição de renda; jogo e aposta; fiança; transação; compromisso. Atos unilaterais: promessa de recompensa; gestão de negócios; pagamento indevido; enriquecimento sem causa.
 
CONTRATOS EM ESPÉCIE
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
1. Conceito 
Trata-se de um negócio jurídico bilateral, por meio do qual o vendedor obriga-se� a transferir a propriedade de coisa móvel ou imóvel ao comprador mediante o pagamento de um preço. A compra e venda por si só já é título suficiente para exigir o cumprimento da obrigação (simples consensualidade). (art. 481). As obrigações são entregar a coisa (vendedor) e o pagamento pela coisa (comprador).
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
2. Elementos
Consentimento: partes capazes e convergência de vontades contrapostas “Para a perfeição do contrato, o CC exige apenas o acordo sobre a coisa e o preço” [Tepedino]
Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço.
Coisa (res): deve ser lícita, determinada (coisa certa) ou determinável (coisa incerta, indicada pelo gênero e quantidade). Os direitos podem ser negociados, mas o termo correto é a CESSÃO DE DIREITOS.
Preço (pretium): No tocante ao preço, remuneração do contrato, este deve ser certo e determinado e em moeda nacional corrente, pelo valor nominal, conforme o art. 315 do CC (princípio do nominalismo). O preço, em regra, não pode ser fixado expressamente em moeda estrangeira ou em ouro, sob pena de nulidade absoluta do contrato (art. 318 do CC). Exceção deve ser feita para a compra e venda internacional, nos termos do Decreto-lei 857/1969.O preço injusto pode ser indício de fraude. O preço fictício descaracteriza o contrato para doação, por exemplo, venda de apartamento por R$ 1,00. A lei deixa as partes livres para a fixação do preço do contrato, inclusive ao arbítrio de terceiro. O que a lei não admite é que uma das partes tenha o arbítrio exclusivo de fixar o preço (artigos 485 e 489), nesse caso a cláusula e o contrato serão nulos. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação (artigo 487). Também poderão deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar (artigo 486). Neste caso, “dificuldade que se poderia entrever é a circunstância de variação da cotação no mesmo dia, caso as partes não tenham definido o horário preciso da verificação. Deve prevalecer o preço médio de mercado na data” [Tepedino] O art. 488, por sua vez, é uma mitigação da regra de estabelecimento de preços, ele tem aplicação nas hipóteses em que há vendas habituais do vendedor. Ex: fornecimento de refrigerantes em bar; trata-se do preço presumido. 
Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os contratantes designar outra pessoa.
 
Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar.
 
 
Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação.
 
 
Art. 488. Convencionada a venda sem fixação de preço ou de critérios para a sua determinação, se não houver tabelamento oficial, entende-se que as partes se sujeitaram ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor.
 
Parágrafo único. Na falta de acordo, por ter havido diversidade de preço, prevalecerá o termo médio.
 
 
Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço.
[Cláusula de fixação do preço por terceiro] “Nunca será possível que o juiz se substitua às partes, e, na falta de entendimento entre elas, designe um perito ou proceda à determinação do preço ou avaliação da coisa. Sem a fixação do preço por terceiro, a única solução possível é o desfazimento do contrato. Não cabe, aqui, na ausência de elemento essencial, a integração judicial” [Tepedino].
3. Aquisição da propriedade 
O contrato de compra e venda no direito brasileiro gera apenas efeitos OBRIGACIONAIS. Isso significa que, para haver efetiva transferência da propriedade, é necessário, além do contrato, uma solenidade de transferência (TRADIÇÃO para os bens móveis ou REGISTRO para os bens imóveis). Tepedino afirma que o contrato em análise é TRANSLATIVO DE PROPRIEDADE, “não no sentido de operar a transferência, mas de ser o ato causal desta”. A compra e venda é um contrato translativo, mas que sozinho não gera a transmissão da propriedade [Tartuce].
4. Características do contrato:
Contrato típico/nominado: diz-se que o contrato é típico quando as suas regras disciplinares são deduzidas de maneira precisa nos códigos e nas leis. (Caio Mário).
Pode ser negócio formal (solene) ou informal (não solene): o contrato de compra e venda exige escritura pública quando o valor do bem imóvel, objeto do negócio, for superior a 30 salários-mínimos (art. 108 do CC) – contrato formal e solene. Caso o imóvel tenha valor inferior ou igual a 30 salários-mínimos, não haverá necessidade de escritura pública, a ser lavrada no Tabelionato de Notas. No entanto, em todos os casos envolvendo imóveis, é necessária a forma escrita para registro no CRI, estando a eficácia no mesmo plano que a validade do contrato em questão (contrato formal e não solene). Nas hipóteses de compra e venda de bem móvel, de qualquer valor, não há necessidade de escritura pública nem de forma escrita, pois não há registro (contrato informal e não solene).
Contrato bilateral: cria obrigações para ambos os contratantes.
Contrato plurilateral: aqueles integrados por mais de duas pessoas, restando todas elas obrigadas.
 Contrato oneroso: aqueles dos quais ambas as partes visam a obter vantagens ou benefícios, impondo-se encargos reciprocamente em benefício uma da outra. (Caio Mário).
Contrato sinalagmático: “direitos e deveres proporcionais entre as partes” [Tartuce]
Contrato consensual: “é consensual, uma vez que se forma pelo simples acordo de vontade das partes” [Tepedino]
Contrato comutativo e aleatório: “são comutativos os contratos em que as prestações de ambas as partes são de antemão conhecidas, e guardam entre si uma relativa equivalência de valores. Aleatórios são os contratos em que a prestação de umas das partes não é precisamente conhecida e suscetível de estimativa prévia, inexistindo equivalência com a da outra parte. Além disso, ficam dependentes de um acontecimento incerto”. (Caio Mário). “é, em geral, contrato comutativo, com prestações determináveis e equivalentes no momento da conclusão. Admite-se, no entanto, a compra e venda aleatória, quando assim ajustado pelas partes” [Tepedino]. Contrato “emptio spei” é o contrato aleatório que consiste no risco sobre toda a coisa, inclusive, sobre a essência da coisa. Contrato “emptio rei speratae” é a venda da esperança quanto à quantidade da coisa ou venda da esperança com coisa esperada [Tartuce].
	CONTRATOS ALEATÓRIOS
	Dizem respeito à coisa futura
	EMPTIO SPEI
(venda da esperança)
	Um dos contratantes, na alienação de coisa futura, toma a si o risco relativo à existência da coisa, ajustando um preço, que será devido integralmente, mesmo que nada se produza (artigo 458), sem que haja culpa do alienante; vende-se a esperança ou a probabilidade de as coisas existirem.
EXEMPLO: comprar de um pescador,por preço certo, os peixes que este retirar de sua rede, assumindo o risco de nenhum peixe ser apanhado.
	
	
	EMPTIO REI SPERATAE
(venda da esperança de coisa esperada)
	Ocorre que a álea versar sobre quantidade maior ou menor da coisa esperada (artigo 459), o risco assumido pelo adquirente determina o pagamento do preço ao alienante, mesmo que venha a existir em quantia mínima ou irrisória, basta que a coisa venha a existir em qualquer quantidade. É caso de resolução do contrato se a coisa não vem a existir.
EXEMPLO: comprar de um pescador o produto do lanço de sua rede, assumindo apenas a álea de ele retirar maior ou menor quantidade de pescado, o adquirente libertar-se-á da obrigação, se a rede nada contiver.
	
	Dizem respeito à coisa existente
	Para o contrato ser aleatório, deve existir risco de que as coisas se percam, danifiquem-se ou ainda, sofram depreciação (artigo 460). E a hipótese de mercadoria embarcada que vendida, assumindo o comprador a álea de ela chegar ou não ao seu destino, mesmo que ela desapareça por ocasião do contrato, devido a naufrágio do navio, a venda será válida e o vendedor terá direito ao preço, se ignorava o sinistro; se sabia do naufrágio, anulada será a alienação competindo ao adquirente a prova dessa ciência (artigo 461).
5. Efeitos da compra e venda.
5.1. Efeitos principais: gerações de obrigações recíprocas e da responsabilidade pelos vícios redibitórios e pela evicção.
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
Gera obrigações recíprocas para os contratantes: para o vendedor, a de transferir o domínio de certa coisa, e para o comprador, a de pagar-lhe certo preço em dinheiro.
Acarreta a responsabilidade pelo vendedor pelos vícios redibitórios e pela evicção.
5.2. Efeitos secundários ou subsidiários.
Responsabilidade pelos riscos.
Aplicação do princípio res perit domino (a coisa perece para o dono).
Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do preço por conta do comprador.
 
§ 1.º Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar coisas, que comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou assinalando, e que já tiverem sido postas à disposição do comprador, correrão por conta deste.
 
§ 2.º Correrão também por conta do comprador os riscos das referidas coisas, se estiver em mora de as receber, quando postas à sua disposição no tempo, lugar e pelo modo ajustados.
Art. 493. A tradição da coisa vendida, na falta de estipulação expressa, dar-se-á no lugar onde ela se encontrava, ao tempo da venda.
Art. 494. Se a coisa for expedida para lugar diverso, por ordem do comprador, por sua conta correrão os riscos, uma vez entregue a quem haja de transportá-la, salvo se das instruções dele se afastar o vendedor.
“Art. 492: constitui, também, modalidade peculiar de tradição a entrega da res vendita a quem haja de transportá-la, quando expedida por ordem do comprador. Se, porém, o vendedor contrariar as instruções do adquirente, suporta os riscos ocorridos durante o transporte, porque, assim procedendo, age como mandatário infiel” [Tepedino].
Repartição das despesas.
Anote-se que o art. 490 do CC, que consagra regras a respeito das despesas de escritura, registro, transporte e tradição, é norma de ordem privada, podendo haver previsão em sentido contrário no instrumento contratual, conforme a convenção das partes.
Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.
O direito de reter a coisa ou preço.
Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço.
Art. 495. Não obstante o prazo ajustado para o pagamento, se antes da tradição o comprador cair em insolvência, poderá o vendedor sobrestar na entrega da coisa, até que o comprador lhe dê caução de pagar no tempo ajustado.
Esse dispositivo está sintonizado com o art. 477 do mesmo Código, que consagra a exceptio non rite adimpleti contractus.
“O CC optou por preservar os interesses do vendedor, estabelecendo uma ordem ao cumprimento das obrigações das partes no contrato: primeiro o comprador paga o preço, depois o vendedor entrega a coisa” [Tepedino] (art. 491 do CC).
6. Limitações à compra e venda.
6.1. Venda de ascendente a descendente
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória.
O NCC incorporou a tese da anulabilidade da venda de ascendente a descendente, sem o consentimento do cônjuge e dos demais descendentes é ANULÁVEL (prazo decadencial de 2 anos). (art. 496, CC)
Os casos são de falta de legitimação, não se confundindo com falta de incapacidade.
A limitação aplica-se tanto aos móveis quanto aos imóveis.
Incluem-se na limitação: dação em pagamento e a troca.
 “Art. 496: proteção da legítima. Não se admite o consentimento tácito, exigindo-se que este seja feito expressamente. A doutrina, em sua maioria, entende ser o consentimento insuprível pelo juiz, por ser este uma prerrogativa do cônjuge ou do descendente. Sendo algum dos descendentes incapaz, deverá ser nomeado um curador para representá-lo ou assisti-lo no ato, conforme o caso, uma vez que é patente a colisão de interesses entre ele e o ascendente” [Tepedino]
Crítica: é permitido o ascendente deixar quinhões desiguais, utilizando-se da metade disponível, uma vez que há a dispensa da colação.
Somente os herdeiros necessários, existentes ao tempo ao tempo de contrato, salvo direito de representação, é que precisam consentir.
Deve-se observar que a lei somente dispensa o consentimento do outro cônjuge no caso do regime da separação legal ou obrigatória. No caso da separação voluntária, exige-se o consentimento do outro cônjuge.
Venda por interposta pessoa – nulidade (simulação – art. 167, do CC).
Prazo: art. 179 – decadencial – móvel do conhecimento do ato – imóvel do registro.
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato
6.2. Pessoas impedidas de contratar
Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública:
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou administração;
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta;
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade;
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.
Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito.
Essas pessoas NÃO têm legitimidade para efetuar o contrato de compra e venda, sob pena de nulidade, mesmo que em hasta pública.
Em relação ao testamenteiro, a restrição ocorre apenas quando ele é externo à sucessão, podendo, quando ele é herdeiro, adquirir em igualdade de condições com os demais.
A proibição é absoluta, gerando “nulidade”!
6.3 Venda da parte indivisa em condomínio.
Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendidaa estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência.
“Quanto à coisa, indivisível ou divisível, segundo a melhor doutrina, sobre a qual se tenha instaurado um condomínio, há para os condôminos o direito de preferência em caso de venda, por um deles, da parte ideal que lhe caiba sobre a coisa” [Tepedino]. Existe controvérsia! O texto fala apenas em coisa indivisível.
A orientação legal é evitar o ingresso de estranho no condomínio, preservando-o de futuros litígios e inconvenientes.
A venda sem observância do preceito gera o direito de preferencia – ação de preempção, com prazo decadencial de 180 dias.
O que tem que ser providenciado: comunicação aos demais condôminos; dar a preferência pelo mesmo valor que o estranho ofereceu; não exercício da preferência no prazo legal.
O direito de preferência é de natureza real, pois não se resolve em perdas e danos. O preterido tem que depositar o valor e reivindicar a coisa.
A regra aplica-se apenas ao condomínio tradicional, e não ao edilício.
Direito à sucessão aberta – é indivisível aplicando-se a preferência em caso de cessão de direitos hereditários a estranhos (art. 1.794, CC).
Venda entre cônjuges
Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão.
7. Vendas especiais.
7.1 Venda mediante amostra
Art. 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem.
Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver contradição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato.
7.2. Venda ad corpus e venda ad mensuram
	VENDA AD CORPUS
	VENDA AD MENSURAM
	Venda na qual as dimensões são imprecisas, simplesmente enunciativas. 
Presunção enunciativa quando, a diferença não exceder a1/20 (§ 1o, artigo 500)
	Venda especificada, venda detalhada por indicação de preço e medida de extensão.
	
	Proteção especial do comprador (artigo 500, caput):
AÇÃO EX EMPTO (complemento da área)
resolução do contrato
abatimento no preço (Estas duas últimas, somente em caso de não ser possível a complementação da área, segundo Tepedino)
	
	O § 1o, artigo 500, traduz a idéia de que se a margem de erro é apenas de 5%, o comprador não poderá ingressar em juízo, salvo se provar que sem esse percentual não teria realizado a compra.
Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço. (ad mensuram)
§ 1.º Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio.
§ 2.º Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso.
§ 3.º Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus. (ad corpus)
Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo antecedente o vendedor ou o comprador que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do título.
Parágrafo único. Se houver atraso na imissão de posse no imóvel, atribuível ao alienante, a partir dela fluirá o prazo de decadência.
 
Art. 502. O vendedor, salvo convenção em contrário, responde por todos os débitos que gravem a coisa até o momento da tradição.
Art. 502: “o adquirente será sujeito passivo apenas das obrigações propter rem nascidas após a alienação. As dívidas vencidas decorrentes do ônus real se transmitem ao novo titular do direito real. Assim, não seria possível admitir que o dispositivo abrangesse os ônus reais – a despeito da expressão 'que gravem a coisa' – uma vez que os ônus reais acompanham a coisa na mudança de titularidade, cabendo ao novo adquirente arcar com estes deveres” [Tepedino]
Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza a rejeição de todas.
8. Cláusulas especiais da compra e venda (pactos adjetos)
8.1 Retrovenda (Arts. 505 e ss)
Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.
Art. 506. Se o comprador se recusar a receber as quantias a que faz jus, o vendedor, para exercer o direito de resgate, as depositará judicialmente.
 Parágrafo único. Verificada a insuficiência do depósito judicial, não será o vendedor restituído no domínio da coisa, até e enquanto não for integralmente pago o comprador.
“O pacto de retrovenda consiste na faculdade que se reserva o vendedor de resolver o contrato de compra e venda, recuperando a coisa imóvel, desde que pague ao comprador o preço original, monetariamente corrigido, as despesas por ele suportadas e o valor equivalente às benfeitorias necessárias, bem como às úteis e voluptuárias expressamente consentidas, na forma escrita” [Tepedino]
Art. 508. Se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato sobre o mesmo imóvel, e só uma o exercer, poderá o comprador intimar as outras para nele acordarem, prevalecendo o pacto em favor de quem haja efetuado o depósito, contanto que seja integral.
“Ainda que os antigos condôminos do imóvel não tenham, todos em conjunto, vendido com o pacto adjeto de retrovenda, o direito de retrato pode ser exercido por um deles, mesmo que os demais não tenham interesse em reaver o imóvel” [Tepedino]
“Esta cláusula confere ao vendedor o direito de desfazer a venda, reavendo de volta o bem alienado dentro do prazo máximo de três anos (prazo decadencial). Deve ficar claro que a cláusula de retrovenda (pactum de retrovendendo ou cláusula de resgate) somente é admissível nas vendas de bens imóveis”. 
Art. 507. O direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e legatários, poderá ser exercido contra o terceiro adquirente.
“É cláusula resolutiva expressa”. “O direito de resgate poderá ser exercido pelo devedor ou pelos seus herdeiros e legatários, inclusive em relação a terceiro adquirente”. 
É possível a sua transmissão causa mortis. Há divergência na doutrina quanto à sua transmissão inter vivos, entendendo alguns que ela não poderia ocorrer por se tratar de direito personalíssimo do vendedor.
Exige anuência do cônjuge de ambos contratantes, salvo separação absoluta de bens. [Tartuce]
8.2 Venda a contento e da sujeita à prova (Arts. 509 e ss)
Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado.
Art. 510. Também a venda sujeita a prova presume-se feita sob a condição suspensiva de que a coisa tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja idônea para o fim a que se destina.
“A venda a contento aplica-se a certas coisas a respeito das quais o comprador não pode dar seu consentimento antes de as haver examinado. São as coisas que precisam ou ser pesadas, ou ser medidas ou, mesmo, provadas e experimentadas” [Tepedino]
Destina-se, em geral, a aquisição de gêneros alimentícios, bebidas finas e roupassob medida.
“O fato de a lei nova dispor que '[a venda] não se reputará perfeita enquanto o adquirente não manifestar o seu agrado' apenas reforça seu caráter condicional, não significando que a manifestação de aprovação da coisa tenha de ser expressa, somente. Esta pode consistir em atos incompatíveis com a vontade de rejeitar a coisa” [Tepedino]
“O ponto diferenciador da venda a contento é exatamente a de o negócio se consumar a critério do comprador, independentemente da qualidade da coisa. Na venda sujeita a prova o legislador se distanciou deste critério e inseriu uma condição que não está ligada à satisfação do comprador, mas sim ao fato de a coisa ter ou não as qualidades asseguradas pelo vendedor e ser ou não idônea para o fim a que se destina” [Tepedino]
Art. 511. Em ambos os casos, as obrigações do comprador, que recebeu, sob condição suspensiva, a coisa comprada, são as de mero comodatário, enquanto não manifeste aceitá-la.
Art. 512. Não havendo prazo estipulado para a declaração do comprador, o vendedor terá direito de intimá-lo, judicial ou extrajudicialmente, para que o faça em prazo improrrogável.
8.3 Preempção ou preferência (arts. 513 e ss)
Art. 513. A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto.
Parágrafo único. O prazo para exercer o direito de preferência não poderá exceder a cento e oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel.
“A natureza jurídica da preempção é de promessa unilateral de oferecer a coisa ao vendedor, pelo preço equivalente ao da oferta feita por terceiro interessado na sua aquisição. No Direito Brasileiro, confere ao vendedor apenas um direito pessoal que, se desrespeitado, gera para o comprador a obrigação de arcar com as perdas e danos” [Tepedino]
“Podem ser objeto de preempção tanto as coisas móveis quanto as imóveis (retrovenda: só imóveis)” [Tepedino].
Art. 514. O vendedor pode também exercer o seu direito de prelação, intimando o comprador, quando lhe constar que este vai vender a coisa. 
Art. 515. Aquele que exerce a preferência está, sob pena de a perder, obrigado a pagar, em condições iguais, o preço encontrado, ou o ajustado.
Art. 516. Inexistindo prazo estipulado, o direito de preempção caducará, se a coisa for móvel, não se exercendo nos três dias, e, se for imóvel, não se exercendo nos sessenta dias subsequentes à data em que o comprador tiver notificado o vendedor.
Art. 517. Quando o direito de preempção for estipulado a favor de dois ou mais indivíduos em comum, só pode ser exercido em relação à coisa no seu todo. Se alguma das pessoas, a quem ele toque, perder ou não exercer o seu direito, poderão as demais utilizá-lo na forma sobredita. 
Art. 518. Responderá por perdas e danos o comprador, se alienar a coisa sem ter dado ao vendedor ciência do preço e das vantagens que por ela lhe oferecem. Responderá solidariamente o adquirente, se tiver procedido de má-fé.
 Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa
“Há duas espécies de preempção: a convencional e a legal (pode consistir no exercício do direito de preferência pelos entes federativos, em dadas circunstâncias, ou pelo particular expropriado, caso a desapropriação não cumpra sua finalidade (CC, art. 519 – retrocessão ou preempção legal) nos termos do estatuído em lei)” [Tepedino]
Art. 520. O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos herdeiros.
“O direito de preferência é considerado personalíssimo (intransmissível)” [Tepedino]
8.4 Venda com reserva de domínio (arts. 521 e ss)
Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade, até que o preço esteja integralmente pago.
Art. 522. A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito e depende de registro no domicílio do comprador para valer contra terceiros. 
Art. 523. Não pode ser objeto de venda com reserva de domínio a coisa insuscetível de caracterização perfeita, para estremá-la de outras congêneres. Na dúvida, decide-se a favor do terceiro adquirente de boa-fé.
 
Art. 524. A transferência de propriedade ao comprador dá-se no momento em que o preço esteja integralmente pago. Todavia, pelos riscos da coisa responde o comprador, a partir de quando lhe foi entregue. 
 
Art. 525. O vendedor somente poderá executar a cláusula de reserva de domínio após constituir o comprador em mora, mediante protesto do título ou interpelação judicial.
Para o bem móvel, a garantia se faz por essa cláusula de reserva de domínio, na qual o vendedor pode reservar para si a propriedade, até que o preço esteja integralmente pago (artigo 521). 
Essa cláusula estabelece uma propriedade resolúvel, porque está submetida a um acontecimento futuro e incerto para ser realmente transmitido o negócio.
A reserva de domínio é uma cláusula inserida em contrato de compra e venda de bem móvel a prazo. “A reserva de domínio é o pacto adjeto ao contrato de compra e venda pelo qual o comprador só adquire a propriedade da coisa ao integralizar o pagamento do preço, não obstante investir-se na posse desde o momento da celebração do contrato” [Tepedino]
“Poderá recair somente em contratos de compra e venda que tenham por objeto bens móveis. Trata-se de uma venda sob condição suspensiva (natureza jurídica)” [Tepedino]
“A coisa móvel, objeto da venda com reserva de domínio, não precisa ser infungível, mas deve ser individualizável” [Tepedino]
A cláusula deve ser escrita e registrada no domicílio do comprador para valer contra terceiros. Para as partes a cláusula vale mesmo sem o registro, basta a cláusula escrita. O registro deve ser feito no cartório de títulos e documentos. (formal e solene)
A regra “res perit domini” (a coisa perece para o dono) é mitigada nessa cláusula, por que se a coisa perecer, o prejuízo será suportado pelo comprador, mesmo com a propriedade reservada ao vendedor (artigo 524, 2ª parte). Na verdade, essa reserva de propriedade não passa de uma garantia.
Visa a proteger o vendedor de um móvel, que fica sem garantia do pagamento posterior. Para o bem imóvel, a solução é o compromisso de compra e venda. 
	RESERVA DE DOMÍNIO
	ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA
	Cláusula no contrato de compra e venda a prazo
	Garantia real do contrato de mútuo
	Contrato de compra e venda a prazo
	Contrato de compra e venda à vista
Contrato de mútuo com garantia real
 (art. 1361 a 1368, do CC)
	Propriedade resolúvel em favor do vendedor
	Propriedade resolúvel em favor do banco
	Relação bilateral: comprador e vendedor.
	Relação trilateral: comprador, vendedor e instituição financeira
	Ação de busca e apreensão 
(art. 1.071 e seguintes, do CC)
	Ação de busca e apreensão 
(Decreto-lei 911/69)
Alienação Fiduciária
Se o comprador não pagar o preço, deve ser constituído em mora, mediante protesto do título ou interpelação judicial (artigo 525); ou seja, diferente da mora “ex re”, que ocorre independentemente de notificação (nas obrigações a termo, com data de pagamento específica).
Estando caracterizada a mora, o vendedor poderá:
Cobrar o preço ou 
Ajuizar a ação de busca e apreensão (art. 1.071 do CPC).
O verdadeiro sentido da norma do art. 1.071 do CPC não é determinar a imprescindibilidade do protesto, mas a indispensabilidade da documentação da mora. (REsp 685.906,STJ).
Na alienação fiduciária em garantia a ação cabível é busca e apreensão, que pode ser convertida em ação de depósito (isso não pode ser feito na venda com reserva de domínio, pois não segue o Decreto-lei 911/69).
A reserva de domínio é uma exceção à regrageral de transmissão da propriedade por tradição. A venda com reserva de domínio caracteriza-se pela transmissão da posse não correspondente à transmissão do domínio, que fica com o vendedor até que o preço esteja integralmente pago. 
8.5 Venda sobre documentos
Art. 529. Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela entrega do seu título representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio deste, pelos usos.
Parágrafo único. Achando-se a documentação em ordem, não pode o comprador recusar o pagamento, a pretexto de defeito de qualidade ou do estado da coisa vendida, salvo se o defeito já houver sido comprovado.
Art. 530. Não havendo estipulação em contrário, o pagamento deve ser efetuado na data e no lugar da entrega dos documentos.
Art. 531. Se entre os documentos entregues ao comprador figurar apólice de seguro que cubra os riscos do transporte, correm estes à conta do comprador, salvo se, ao ser concluído o contrato, tivesse o vendedor ciência da perda ou avaria da coisa.
Art. 532. Estipulado o pagamento por intermédio de estabelecimento bancário, caberá a este efetuá-lo contra a entrega dos documentos, sem obrigação de verificar a coisa vendida, pela qual não responde.
Parágrafo único. Nesse caso, somente após a recusa do estabelecimento bancário a efetuar o pagamento, poderá o vendedor pretendê-lo, diretamente do comprador.
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CONTRATO DE TROCA OU PERMUTA
“Troca é o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa por outra, que não seja dinheiro. É um contrato consensual. Pressupõe a garantia das coisas que são objeto do contrato” [Tepedino] (art. 533 do CC).
As partes do contrato são denominadas permutantes ou tradentes (tradens).
Art. 533. Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e venda, com as seguintes modificações:
 
I - salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por metade as despesas com o instrumento da troca;
 
II - é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante.
Características
A troca é um contrato bilateral ou sinalagmático, pois traz direitos e deveres proporcionais. Constitui contrato oneroso, pela presença de sacrifício de vontade para as partes. É um contrato comutativo, em regra, e translativo da propriedade, eis que serve como titulus adquirendi. Trata-se de um contrato consensual, que tem aperfeiçoamento com a manifestação de vontade das partes, assim como ocorre com a compra e venda (art. 482 do CC).
Diferenças em relação à compra e venda (Maria Helena Diniz)
- Na troca, ambas as prestações são em espécie (coisas são trocadas), enquanto na compra e venda a prestação do comprador é em dinheiro ou em dinheiro e outra coisa (a entrega do dinheiro seria um complemento ao pagamento feito mediante a entrega de uma coisa em valor menor ao da prestação estipulada).
– Na compra e venda, o vendedor, uma vez entregue a coisa vendida, não poderá pedir-lhe a devolução no caso de não ter recebido o preço, enquanto na troca o tradente terá o direito de repetir o que deu se a outra parte não lhe entregar o objeto permutado.�
CONTRATO ESTIMATÓRIO
Art. 534. Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao consignatário, que fica autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa consignada.
Aplicação apenas para os bens móveis.
Características
a) real — pois a entrega da coisa ao consignatário é verdadeiro elemento constitutivo ou existencial do contrato. Em outras palavras, assim como ocorre no penhor e no depósito, enquanto não operada a transferência da posse, o contrato não se considera formado;
b) bilateral — impõe direitos e deveres para ambas as partes. A obrigação precípua do consignante é remunerar o consignatário, e o dever jurídico principal deste último é efetivar a venda da coisa. No próximo tópico, traremos mais detalhes específicos sobre este assunto;
 c) oneroso — pois ambas as partes, em linha de princípio, experimentam, reciprocamente, sacrifícios patrimoniais e benefícios correspondentes;
 d) comutativo — uma vez que as prestações impostas às partes são certas e determinadas no próprio contrato;
e) de duração (prazo determinado ou não) — em geral, no próprio contrato já se estabelece o prazo dentro do qual deve o consignatário efetivar a venda dos bens, ou devolvê-los. Entretanto, vimos, linhas acima, que, caso não se pactue este prazo, poderá o consignante, a qualquer tempo, notificar a parte adversa para que realize a devolução daquilo que recebeu
Partes: CONSIGNANTE (transfere a posse de bens móveis) e CONSIGNATÁRIO (recebe os bens móveis, tendo um prazo para vendê-los e, não conseguindo a venda, deve restituir os bens).
O consignante estabelece qual o preço de venda.
Note-se a propriedade da coisa é do CONSIGNANTE. O CONSIGNATÁRIO possui somente uma posse legitimada para a venda (posse própria).
“Trata-se de um negócio já amplamente difundido em nossa cultura, usualmente intitulado 'venda em consignação' ou, mais precisamente, 'venda mediante consignação”. [Tepedino]
“Natureza jurídica do contrato estimatório: obrigação facultativa” [Tepedino]. Para alguns doutrinadores, é hipótese de obrigação alternativa (Caio Mário da Silva Pereira e Paulo Luiz Netto Lôbo). O consignante terá duas opções: cobrar o preço de estima ou ingressar com ação de reintegração de posse para reaver os bens cedidos. [Tartuce].
“O contrato estimatório é contrato real” [Tepedino], ou seja, somente se aperfeiçoa com a entrega da coisa.
Em geral, o consignatário pode devolver antes do prazo. O consignatário pode comprar a coisa.
“A faculdade de devolução da coisa consignada só perdura pelo prazo fixado; findo este, a única forma de cumprimento admitida, vendida ou não a coisa, tem-se no pagamento do preço estimado” [Tepedino]
Responsabilidade pelo risco
Art. 535. O consignatário não se exonera da obrigação de pagar o preço, se a restituição da coisa, em sua integridade, se tornar impossível, ainda que por fato a ele não imputável.
A regra de que a coisa perece para o dono não se aplica ao contrato estimatório, na forma do artigo 535. Assim o consignatário responde por caso fortuito ou força maior, “ou mesmo pelo fato de terceiro”. [Tepedino].
“Art. 535: Se os bens móveis forem fungíveis, será possível ao consignatário entregar ao consignante bens rigorosamente equivalentes aos perdidos ou deteriorados, afastando o teor proibitivo do comando em questão” [Tepedino]
“O consignatário responde pelos vícios redibitórios e pelos riscos de evicção. Todavia, com relação à evicção, responde igualmente o consignante” [Tepedino]
Art. 536. A coisa consignada não pode ser objeto de penhora ou sequestro pelos credores do consignatário, enquanto não pago integralmente o preço.
Art. 537. O consignante não pode dispor da coisa antes de lhe ser restituída ou de lhe ser comunicada a restituição.
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CONTRATO DE DOAÇÃO
Conceito: A doação, prevista nos artigos 538 e seguintes, é o negócio jurídico pelo qual o doador, por espírito de liberalidade, transfere bens ou valores do seu patrimônio ao donatário, que os aceita.
“Não se deve esquecer que a doação, como contrato, negócio jurídico bilateral por formação, jamais prescinde do consentimento das partes. Demais disso, a aceitação do donatário existe e é essencial, pois não se pode impor a outrem que incorpore em seu patrimônio bem que não deseja, hipótese dramatizada nas doações gravadas com encargos” [Tepedino]
Elementos da doação [Tepedino]:
Subjetivo: animus donandi, que tem como conteúdo a liberalidade, isto é, a vontade de enriquecer o beneficiário às próprias expensas;
Objetivo: a diminuição do patrimônio do doador e correspondente enriquecimento do donatário;
Realizaçãopor ato inter vivos (no sistema brasileiro, se uma pessoa desejar, por ocasião de sua morte, contemplar outra, os instrumentos jurídicos de que pode dispor são apenas o testamento e o codicilo, não a doação);
O doador só pode transferir bens que efetivamente estejam em seu patrimônio, vale dizer, de que possa dispor no momento da execução do contrato (prevalece o entendimento de que seja possível doar bem alheio ou futuro, desde que, no momento da transferência, se possa cumprir a obrigação de entrega).
Características
Unilateralidade: “A doação está para o conjunto de contratos unilaterais gratuitos, assim como a compra e venda está para os bilaterais onerosos. São ambos paradigmáticos”[Tepedino] A doação com encargo NÃO torna o contrato bilateral, o contrato continua sendo unilateral, porque o encargo NÃO é uma contraprestação. Nessa hipótese, é melhor classificar o contrato com unilateral imperfeito [Tartuce].
Consensualidade: Aperfeiçoa-se com a manifestação de vontade das partes.
Formalidade: Em geral, é feita por escrito; poderá ser verbal quando, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição. Existe um subjetivismo sobre o que se define como pequeno valor, a doutrina recomenda que a aferição sobre o que seja pequeno valor leve em conta o patrimônio do doador. Quando legislador exigir o instrumento público para transferência, a doação deverá ser feita por escritura pública (direito real sobre bens imóveis de valor superior a 30 vezes o maior mínimo vigente no País – artigo 108).
Partes: O nascituro e o incapaz podem ser partes no contrato de doação, desde que aceita pelo representante legal (nascituro), ou dispensada quando haja a doação pura.
Doação por procuração: A jurisprudência tem admitido a doação por procuração, desde que o mandato não seja genérico, ou seja, a procuração deve especificar o objeto e o donatário (RT 495/44 e RT 472/95). 
Doação inoficiosa (art. 549): É aquela que ultrapassa os bens disponíveis do doador. A sanção legal para este espécie de doação é torná-la ineficaz naquilo em que exceder a meação disponível. O momento oportuno para realizar o cálculo da metade disponível é o instante da liberalidade. Somente os outros herdeiros poderão impugná-la. Para Pablo, É imprescritível a declaração de nulidade, mas os efeitos patrimoniais sofrem limitação, estando submetidos ao prazo prescricional geral de 10 anos. STJ: tem entendido que doação inoficiosa é ANULÁVEL estando submetida ao prazo de anulatória de 20 anos.
Obs: Mesmo em decisões proferidas após a entrada em vigor do CC/02, o STJ tem afirmado que o prazo prescricional para anular doação inoficiosa é de 20 anos o que, em tese, afronta o art. 205 do CC/02. (STJ; T3; AgRg nos EDcl no REsp 1196946/RS; DJe 21/03/2011; STJ; T4; REsp 259406/PR; DJ 04/04/2005 p. 314).
Doação universal (art. 548): Relaciona-se com o ESTATUTO JURÍDICO DO PATRIMÔNIO MÍNIMO, que consiste em uma tese desenvolvida por EDSON FACHIN, segundo a qual as normas civis devem buscar resguardar um mínimo de patrimônio para que cada pessoa tenha uma existência digna. (princípio da dignidade da pessoa humana). As normas do bem de família estão relacionadas com esse estatuto. “Casos em que se admite a doação da totalidade dos bens: a primeira hipótese apontada pela doutrina é a reserva de renda suficiente para sua subsistência, o que se operacionaliza pela constituição de usufruto em favor do próprio doador. A segunda hipótese, sobre a qual ocorre funda divergência, é a de ser possível, sim, a doação de todos os bens, retirando o doador o necessário para a subsistência de seus vencimentos, proventos ou subsídios ou de seu salário, havendo quem entenda que a partir de uma interpretação teleológica se pode afirmar ser plenamente possível a doação universal de bens quando o doador possuir alguma fonte de renda periódica, o que não afronta o art. 548, CC, tendo em vista que a finalidade da norma restaria preservada, pois a subsistência do doador estaria garantida” [Tepedino].
Classificação
Contrato típico; comutativo; unilateral (na modalidade onerosa, a doação aproxima-se do regime bilateral); solene; geralmente gratuito. (pode ser oneroso (modal ou com encargo).
Obs: Parte da doutrina, classifica a doação como sendo um contrato consensual (Orlando Gomes). Mas tendo em vista a exigência de forma escrita (art. 541), preferimos classificá-la como formal ou solene. (Caio Mário).
Real: é o contrato que depende da entrega da coisa. Ex.: entrega de carro no estacionamento para surgir o dever de guardar. Essa classificação está relacionada aos efeitos jurídicos causados pelo contrato. “Em determinadas hipóteses, o contrato de doação será real” [Tepedino]
Aceitação: O consentimento poderá ser expresso ou tácito (art. 539). Poderá, ainda, ser ficto o consentimento em doações puras feitas a incapazes – ficção esta necessária para conformar à dogmática, que considera a doação um contrato, a possibilidade de pessoa que não é capaz de celebrar negócios jurídicos vir a aceitar o ato de liberalidade, sem a participação de seus representantes. Morte (antes da aceitação): do doador – divergência doutrinária; do donatário – o negócio se resolve. Nas doações com encargo, a aceitação não se presume. [Tepedino]
Promessa de doação: A doutrina (ANA PRATA e CAIO MÁRIO) aceita a promessa de doação, afastada a execução específica, entretanto sendo possível o pedido de perdas e danos. Ou seja, não cabe a execução específica, mas o donatário pode pleitear perdas e danos. O NCC não prevê, o Código alemão sim. “No que toca à promessa de doação, majoritariamente, doutrina e jurisprudência lhe recusam efeitos pela incompatibilidade entre a natureza calcada na liberalidade da doação e a possibilidade de execução coativa da obrigação de fazer. Admite-se, contudo, a promessa de doação quando feita no bojo de um negócio complexo, no qual se possam entrever múltiplas obrigações para ambas as partes, pela inexistência da incongruência aludida (ex: promessa de doação no âmbito de um acordo de separação judicial). Para Caio Mário da Silva Pereira, somente nos casos de doação modal seria possível conceber-se a promessa de contrato, pois o encargo imposto legitimaria o donatário a exigir o cumprimento da prestação por parte do doador” [Tepedino].
Espécies de doação
doação pura: é doação sem encargo, ou seja, aquela que traduz um simples benefício patrimonial;
doação modal, onerosa ou com encargo: trata-se de doação gravada com um ônus (encargo). Disciplinada no art. 553. “Encargo é um dever anexo à doação, sem descaracterizá-la, isto é, desde que não configure correspectividade ou contraprestação” [Tepedino]
doação contemplativa ou meritória: trata-se da doação em que o doador declina as razões da sua beneficência. “É estimulada pelo sentimento pessoal de admiração ou reconhecimento da conduta do donatário. Consiste em um prêmio ao donatário. Difere da doação remuneratória por apresentar conteúdo mais sutil, no sentido de não pressupor a recompensa de favor ou serviço recebido”[Tepedino] ;
doação remuneratória: é doação feita em retribuição a serviços prestados pelo donatário. “reflete, pois, uma mostra de gratidão, sendo feita não puramente por uma liberalidade, mas também para atender a uma necessidade moral do doador em compensar o que antes recebeu do donatário. O efeito da doação remuneratória será de doação pura quanto ao excedente ao valor dos serviços remunerados. Até o limite do valor dos serviços remunerados, responde pelos riscos da evicção e pela garantia dos vícios redibitórios. Por isso que a doutrina classifica a doação remuneratória como imprópria” [Tepedino].
doação conjuntiva: trata-se da doação feita a mais de uma pessoa. É disciplinada pelo art. 551 do Código Civil. 
Doação a nascituro: é doação duplamente condicional, dependendo de dois eventos futuros e incertos: o nascimento com vida e aceitação do representante (art. 542, do CC).
doação feita em contemplaçãoa casamento futuro: dispondo sobre esta espécie, temos o art. 546 do Código Civil.
doação com cláusula de reversão: prevista esta cláusula, o bem doado pode reverter em benefício do doador. Disciplinada no art. 547 do Código Civil. “Esta cláusula tem a natureza jurídica de condição resolutiva. Se o doador morre antes do donatário, o bem dado permanece, em definitivo, no patrimônio do donatário, passando aos seus herdeiros” [Tepedino]
doação mista (negotium mixtum cum donatione): cuida-se de uma doação híbrida, com matiz de contrato oneroso: um sujeito paga, livremente, 500 reais por um bem que vale apenas 100.
doações mútuas: neste caso, as duas partes realizam, reciprocamente, o ato de liberalidade;
doação sob forma de subvenção periódica: A seu respeito, veja-se o 545 do Código Civil. “Tal espécie de doação tem a natureza jurídica de constituição de renda a título gratuito (arts. 803-813)” [Tepedino] Ao contrário dessa espécie de doação, a constituição de renda pode ser onerosa e a renda pode decorrer de um imóvel (na doação a renda decorre diretamente do patrimônio do doador). 
doação real: “quando o bem doado for móvel e de pequeno valor, por seguir-lhe incontinenti sua tradição. São os chamados 'dons manuais', como, p. ex., os presentes de aniversário, casamento, de mero agrado, etc”. [Tepedino]
Doação entre companheiros e concubinos
Tratando-se de COMPANHEIROS (união estável), não há impedimento para a doação; todavia, em se tratando de CONCUBINOS (relação espúria) incide a restrição do artigo 550, NCC (tal norma consagra uma ação anulatória que deverá ser proposta em até 02 anos depois de dissolvida a sociedade conjugal). “Qualquer que seja o regime de bens do casamento, é facultado ao cônjuge traído pleitear a anulação da doação feita pelo seu consorte em favor do cúmplice. A legitimação dos herdeiros necessários surge com o falecimento do cônjuge traído” [Tepedino]
Doação entre cônjuges e a descendente:
A doação entre cônjuges determina o adiantamento da legítima. “Art. 544: Tal doação será válida até o limite em que não invada a legítima dos demais dependentes. A norma em tela é de natureza supletiva, trazendo em seu bojo um elemento natural que poderá, por sua vez, ser afastado por expressa declaração de vontade do doador ao esclarecer que a liberalidade advém da parte disponível, não constituindo com isso adiantamento da legítima” [Tepedino]
Extinção da doação
A forma mais comum é o cumprimento do contrato.
O contrato pode ser extinto por revogação (resilição). O direito de revogar cabe ao doador, é um direito personalíssimo e irrenunciável (art. 556). 
Mas há hipóteses nas quais cabe a revogação da doação. Cumpre-nos mencionar que o Código Civil Brasileiro admite a revogação da doação por duas ordens de motivos (art. 555):
a) por inexecução do encargo, na doação modal;
b) por ingratidão do donatário.
“Distinguem-se os efeitos das duas causas de revogação da doação: o descumprimento do encargo tem a natureza jurídica de condição resolutiva da doação, pelo que seu advento opera efeitos ex tunc, vale dizer, retroagem à data da celebração da doação; a ingratidão do donatário tem a natureza jurídica de causa superveniente, produzindo efeitos ex nunc, isto é, não retroativos”. [Tepedino]
“Não sendo possível a restituição, por as coisas doadas não mais existirem ou terem sido alienadas, o donatário deverá indenizar o doador pelo meio-termo de seu valor. Vale dizer: 'pela média entre o valor, que a coisa teve ou podia ter entre a data da tradição ao donatário e da restituição” [Tepedino]
Revogação da doação
	Inexecução do encargo: “A ação do doador será para resolver o contrato em virtude da condição resolutiva, em que se traduz o encargo, quando estabelecido em seu favor. Resolvido o contrato, a coisa doada será restituída ao doador. A ação do terceiro e a do Ministério Público dirigem-se ao cumprimento do encargo, que é uma obrigação como outra qualquer. A mesma finalidade terá a ação do doador, quando ele não for o beneficiado”. [Tepedino] O prazo para a ação revogatória por inexecução do encargo não está previsto na lei. O STJ estava entendendo que o prazo seria de 20 anos. PABLO: esse prazo é prescricional e a ação revogatória é submetida a prazo decadencial, por se tratar de direito potestativo. Atualmente, no NCC o prazo máximo de prescrição é de 10 anos. CIVIL. PRESCRIÇÃO. A ação para tornar sem efeito a doação por motivo de inexecução do encargo prescreve em vinte anos. Recurso especial não conhecido. (REsp 472.733/DF, Rel. Min. ARI PARGENDLER, T3, julgado em 06/02/2007, DJ 16/04/2007 p. 181)
	Ingratidão do donatário: “O rol do art. 557 é taxativo. Não fica ao arbítrio nem do doador nem do juiz a definição do que seja ingratidão; é o próprio CC que taxativamente elenca as hipóteses de ingratidão que dão ensejo à revogação. A revogação não se efetiva por simples manifestação de vontade do doador. Necessário que se proponha a ação judicial, pleiteando-a. O direito de ajuizar a ação revocatória é personalíssimo. Deve ser exercitado pelo doador, permitindo a lei apenas que, ajuizada a ação, venha a ser continuada por seus sucessores. No caso de homicídio doloso, os herdeiros do doador têm legitimidade para o ajuizamento da ação. A revogação por motivo de ingratidão só é possível a respeito das liberalidades puras. Na parte em que a doação excede à remuneração, ao encargo, ou à obrigação natural, convertendo-se em pura liberalidade, é admitida a revogação” [Tepedino]
Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações:
I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele; (HOMICÍDIO TENTADO OU CONSUMADO DISPENSADO O TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA PENAL�, OU SEJA O FATO PODE SER VERIFICADO SOMENTE NA ESFERA CÍVEL).
II - se cometeu contra ele ofensa física;
III - se o injuriou gravemente ou o caluniou; (O PROJETO DE REFORMA VAI CORRIGIR ISSO INSERINDO A DIFAMAÇÃO. Tepedino defende que a ingratidão se configurará também no caso de difamação).
IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava.
CONTRATO DE LOCAÇÃO DE COISAS
“Conceito: O contrato de locação pode ser definido como o negócio jurídico pelo qual uma das partes transfere o exercício do uso e gozo do bem infungível mediante certa retribuição.
Elementos:
essenciais: consentimento, coisa e preço;
não-essenciais: prazo e forma.
No regime de locação de imóveis urbanos, regulado pela Lei 8.245/91 (art. 3º), exige-se a vênia conjugal para o contrato de locação celebrado por prazo igual ou superior a 10 anos.
É contrato consensual, em que a tradição da coisa significa execução do negócio.
Não é necessário que o locador tenha a propriedade do bem, pois, basta ser possuidor jurídico, usufrutuário ou simples administrador.
Se a coisa cujo uso se concede é fungível, o contrato degenera em mútuo.
É possível a locação de bens incorpóreos (ex.: patente de invenção, fundo de comércio, etc).
Não se exige que a renda ou aluguel seja necessariamente em dinheiro, não sendo a pecuniaridade essencial ao contrato de locação de coisa, excetuadas as locações prediais.
A jurisprudência do STJ entende que o contrato de locação constitui título executivo extrajudicial, mesmo que não subscrito por duas testemunhas.
No regime do CC, o contrato de locação tem caráter impessoal, não sendo personalíssimo nem para o locador nem para o locatário. Admite, pois, em princípio, cessão, sublocação e sucessão em virtude de morte de qualquer dos contratantes. As partes podem, porém, convencionar diversamente.
Aplicam-se ao contrato de locação as normas relativas aos vícios redibitórios, sendo possível ao locatário rejeitar a coisa defeituosa ou exigir o abatimento do aluguel.
A maioria da doutrina entende que o locatário não poderá reter o aluguel ou descontar o que considera ter direito a receber como indenização.
Art. 567: a resolução deveráser decretada pelo juiz, não se operando de pleno direito, ainda que o locatário tenha abandonado a coisa por motivo relevante.
Se a turbação ou o esbulho forem praticados pelo próprio locador, o locatário poderá defender-se, também, através do desforço imediato e das ações possessórias.
Saliente-se, contudo, que em casos como a requisição e a desapropriação do bem locado pela Administração Pública, não há que se falar em perturbação da posse direta do locatário e violação do direito ao uso pacífico da coisa, mas sim em motivos de força maior, decorrentes do factum principis que trazem cunho de nítida liceidade, por se orientarem no rumo do bem comum, ainda que na sua esteira deixem a marca da lesão a interesses privados.
O locador responde ao locatário pela evicção.
A lei exige, expressamente, que o vício seja oculto para ensejar a responsabilidade do locador. Todavia, se o vício for aparente, considera-se que o locatário quis o bem viciado, acertando o aluguel justo em virtude do defeito. Contudo, parece ser mais razoável não exonerar o locador da garantia dos vícios aparentes, a não ser que prove que deles o locatário ficou tendo conhecimento, porquanto ele locador é quem, conhecendo melhor a existência de tais vícios, ou defeitos, deveria para eles chamar a atenção do locatário.
O aluguel é obrigação quesível ou querable. Logo, caberá ao locador procurar o locatário para realizar a cobrança. As partes podem, entretanto, convencionar de forma diversa, transformando-a em portável ou portable.
O pagamento de aluguéis não pode ser retido a pretexto algum, sob pena de incidir o devedor em mora; não pode este, destarte, subtrair-se ao cumprimento da referida obrigação legal, alegando que a coisa locada se acha em mau estado, que o locador não fez as reformas prometidas ou que ela não serve aos seus objetivos.
Pelas deteriorações havidas por caso fortuito ou força maior não responderá o locatário, bem como por aquelas naturais do uso regular.
Art. 570: para ensejar a indenização, é indiferente que o dano provenha de ato seu ou de seus prepostos ou de sublocatários.
Art. 571 (denúncia pelo locatário): se nada dispuser o contrato a respeito da cláusula penal, e se não houver consenso entre as partes, a solução será o arbitramento judicial da multa.
Em caso de locação de imóvel urbano, não é admitida a denúncia antecipada do contrato pelo locador, que deve respeitar o termo final estipulado no contrato. Todavia, ao locatário é permitido despedir-se antecipadamente do negócio jurídico pactuado, com o pagamento de multa cominada, seja contratualmente, seja judicialmente (L 8245/91, art. 4º).
A mora constitui-se de pleno direito com o advento do termo contratual; a notificação serve exclusivamente para afastar a presunção relativa de que, no silêncio do locador, presume-se prorrogado o contrato.
Direito de retenção: como meio de autotutela que é, somente se admite nos casos expressamente previstos em lei.
Durante o exercício do direito de retenção pelo locatário, este não será obrigado a arcar com a despesa de aluguel. Ademais, como corolário do principio da gravitação jurídica (v. art. 92, CC), a retenção do bem principal (coisa locada) presume a de seus acessórios, no caso de seus frutos, dentre os quais se destaca o aluguel.
O exercício do direito de retenção, contudo, traz consigo a imposição de obrigações para o locatário, tais como a conservação do bem locado, a restituição do bem ao fim da retenção e a indenização dos danos eventualmente ocasionados ao bem por sua culpa.
Art. 573: a posse do locatário, que durante o contrato é justa e de boa-fé, depois da constituição em mora passa a ser precária, ensejando o direito ao locador de utilizar-se dos interditos possessórios, especialmente a reintegração de posse, para defender-se. Ressalte-se que nos casos de locação de imóvel urbano, a ação apropriada será a de despejo (L 8245/91, art. 5º).
Duas são as condições, então, para que ocorra a prorrogação do contrato por prazo determinado, uma vez terminado o termo ajustado: a continuação do locatário na posse do bem e a falta de oposição do locador.
Art. 575 (aluguel-pena): a estipulação de valor totalmente arbitrário acarreta abuso do direito por parte do locador (art.187). Dois fatores importarão para a fixação do valor do novo aluguel, sendo eles a contraprestação e a penalidade.
Art. 576: havendo continuação do contrato, o adquirente sub-roga-se em todos os direitos e obrigações assumidas pelo locador originário, ou seja, o alienante.
STF: salvo estipulação contratual averbada no registro imobiliário, não responde o adquirente pelas benfeitorias do locatário.
O contrato por tempo indeterminado, em caso de morte de qualquer das partes, poderá ser denunciado, aplicando-se o disposto nos arts. 574-575.
Só poderá o locatário exercer o direito de retenção estando quite com as obrigações que lhe competem e, entre elas, a do pagamento do aluguel e da conservação da coisa locada.
O direito de retenção será exercitado sem limitação temporal. Isso é, enquanto não indenizado o locatário, a retenção será legítima, não importando o decurso de tempo. Em sentido contrário, entende-se que o direito de retenção termina quando o valor das contraprestações acumuladas durante o prazo da retenção se equipara ao valor das obras realizadas.
STJ: não é nula, nos contratos de locação urbana, a cláusula que estabelece a renúncia ao direito de retenção ou indenização por benfeitorias.
Nas relações de consumo, é nula a cláusula que possibilite a renúncia do direito de indenizar por benfeitorias necessárias”. [Tepedino]
CONTRATO DE EMPRÉSTIMO
Comodato: empréstimo de uso;
Mútuo: empréstimo de consumo [Tepedino].
“O comodato e o mútuo têm como principal característica a entrega de um bem para que seja utilizado e posteriormente restituído a seu titular. A principal distinção entre ambos se dá em relação à natureza do bem dado em empréstimo: se o bem for fungível, tratar-se-á de um contrato de mútuo; se infungível, será comodato”. [Tepedino]
CONTRATO DE COMODATO
Conceito: “É um contrato por meio do qual o comodante entrega ao comodatário determinado bem infungível, móvel ou imóvel, para que dele se utilize de forma gratuita, tendo a obrigação de restituição a posteriori” [Tepedino] 
Existe comodato de coisas fungíveis? Excepcionalmente, com raiz no direito romano, admite-se, sob a denominação de COMODATO AD POMPAM VEL OSTENTATIONEM. EXEMPLO: pegar emprestado um peru assado para enfeitar a mesa e devolver o mesmo peru.
Características
Contrato real; Contrato unilateral; Contrato gratuito; Contrato fiduciário; Contrato temporário: (art. 581).
Obs: Para Caio Mário, é bilateral imperfeito: a distinção entre os bilaterais imperfeitos e os bilaterais está em que, nestes, as obrigações recíprocas existem desde a origem e são correlatas, enquanto naqueles a obrigação de um dos contratantes advém ulteriormente e não guarda correspectividade com a do outro, originando-se de causação independente e eventual. Essa classificação, contudo, é controversa” [Tepedino]
“Das circunstâncias do caso concreto é que se deve concluir pela natureza intuitu personae ou não do contrato” [Tepedino].
Posição do STJ sobre retomada
O comodante pode retomar a coisa, porque o comodatário não tem direito real é um mero possuidor precário da coisa. 
O comodante retoma o bem por meio de ação de REINTEGRAÇÃO DE POSSE.
O STJ tem adotado duas posições a respeito disso:
Comodato por Prazo Indeterminado: a notificação do comodatário é requisito para a possessória. (REsp 571.453/MG, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/04/2006, DJ 29/05/2006 p. 230)
Comodato por Prazo Determinado: a retomada do bem é IMEDIATA, não há que haver notificação, pode ingressar diretamente com a ação de reintegração de posse.
No Julgamento do REsp 71172 / julgado em 18/11/1997, o STF fixou que “o comodato com prazo certo de vigência constituiobrigação a termo, que dispensa qualquer ato do credor para constituir o devedor em mora (mora "ex re"), nos termos do que dispõe o art. 960 do Código civil.
Direitos e obrigações das partes Art. 582, do CC
Se o comodatário estiver em mora pagará “ALUGUEL”, mas não se converte o comodato em locação. O que a lei chama de aluguel na verdade são perdas e danos. A parte final do artigo 582, ao se referir a “aluguel” está, em verdade, referindo-se às perdas e danos devidas ao comodante em razão da mora. 
O que o comodatário gastar no uso e gozo da coisa emprestada não poderá ser restituído (art. 584). Ou seja, as despesas do comodatário NÃO são ressarcidas. E as despesas URGENTES e EXTRAORDINÁRIAS tais como uma benfeitoria necessária? O STJ tem entendido que nesses casos pode ser ressarcido o comodatário. O que a lei veda é a cobrança das despesas ordinárias, mas as extraordinárias podem ser cobradas. (STJ; RESp 64114/GO, T4; Data do Julgamento 19/09/1995 Data da Publicação/Fonte DJ 18.12.1995 p. 44580).
CONTRATO DE MÚTUO
Conceito (art. 587): “O mútuo é o contrato por meio do qual uma pessoa (mutuante) transfere à outra (mutuário) a propriedade de determinado bem fungível, sendo obrigação do mutuário a restituição de coisa do mesmo gênero, quantidade e qualidade”. [Tepedino]
 “Não poderá ter como objeto bens imóveis, apesar da possibilidade que as partes têm de caracterizar como fungíveis os lotes de um terreno” [Tepedino]
“O mutuante deve ser proprietário do bem objeto do contrato, na medida em que o que se pretende com o mútuo é a transferência da propriedade dos bens fungíveis. Isso se dá devido à incompatibilidade entre a conservação do bem e a faculdade de consumi-lo, essencial ao contrato de mútuo, por isso mesmo denominado empréstimo de consumo. Se o mútuo for realizado por pessoa diversa do proprietário do bem mutuado, o negócio será nulo” [Tepedino]
Características
Contrato real: somente se torna perfeito (existente) com a entrega da coisa. “Enquanto no mútuo feneratício nada impede a configuração consensual, no mútuo dito gratuito, sem qualquer contraprestação correspectiva, somente a efetiva entrega do bem poderá indicar a vontade dirigida à contratação. Uma das características essenciais do mútuo é a transferência do domínio do bem mutuado desde o momento de sua tradição, formando-se o vínculo contratual. O contrato de mútuo não se configura como contrato de alienação, como a compra e venda e a doação, na medida em que a transferência do domínio é apenas uma forma de realizar a finalidade do contrato de mútuo, que é o uso/consumo do bem mutuado. Por ser a coisa mutuada propriedade do mutuário, não cabe a possibilidade de indenização de eventuais benfeitorias realizadas, nem despesas outras” [Tepedino]
Contrato unilateral: só quem assume obrigações é mutuário.
Contrato pode ser gratuito ou oneroso: mesmo sem perder a sua característica de unilateralidade. Se o mutuário tiver obrigação de devolver exatamente a quantia emprestada, é contrato gratuito (é contrato benéfico, porque o mutuário não sofre prejuízo em seu patrimônio, não tendo que remunerar o mutuante). É diferente do que acontece com o mútuo a juros, que se trata de um contrato oneroso, mas com unilateralidade. Assim: o mútuo é gratuito, quando o mutuário, ao devolver não sofre qualquer prejuízo; caso, entretanto, tenha que remunerar o mutuante, o mútuo é unilateral e oneroso. Esse mútuo a juros, que o banco pratica, é também chamado de MÚTUO FENERATÍCIO.
Contrato temporário: não pode ser eterno, o contrato deve estipular um prazo, não o fazendo aplica-se o artigo 592, NCC.
Restituição: 
“Não cabem, para a restituição do bem, ações possessórias, na medida em que o mutuante não tem sequer a posse indireta sobre o bem mutuado. Em virtude da transferência de propriedade, em caso de não restituição do bem mutuado, duas medidas judiciais poderão ser intentadas: cobrança da obrigação de dar ou fazer e o pagamento de perdas e danos pelo descumprimento de obrigação” [Tepedino]
Art. 590. O mutuante pode exigir garantia da restituição, se antes do vencimento o mutuário sofrer notória mudança em sua situação econômica. EXCEÇÃO DE INSEGURIDADE.
Mútuo feito a menor: arts. 588 e 589
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
“Só é objeto da tutela do CC aquelas hipóteses de prestação de serviços entre particulares em que não haja um vínculo empregatício e que não perfaça uma relação de consumo.
Se houver dúvidas quanto à configuração da relação jurídica como sendo uma prestação de serviços ou uma relação empregatícia, deverá prevalecer o entendimento de que se trata de contrato de trabalho, na intenção de proteger o hipossuficiente.
Conceito: contrato mediante o qual uma pessoa se obriga a prestar um serviço a outra, eventualmente, em troca de determinada remuneração, excetuando-os com independência técnica e sem subordinação hierárquica.
O objeto de tal contrato é a atividade humana, tanto física quanto intelectual. Irá se diferenciar da empreitada, que também é tipo de prestação de serviço, pois naquela existirá a atribuição de uma função específica e a busca de um resultado por uma obra.
Faz parte da essência da prestação de serviços a remuneração. Nada impede que seja estabelecida a remuneração não pecuniária, como, p. ex., a realização de outra obrigação de fazer, a ser cumprida pelo tomador do serviço. O contrato, porém, torna-se atípico.
Art. 598: nada impede que após os quatro anos, findo o contrato, este seja renovado pelas partes por igual prazo. Não se admite a prorrogação tácita do contrato.
Art. 599: não será necessário o aviso prévio ou a denúncia nas hipóteses que configuram a justa causa para a rescisão contratual, vez que a causa para o rompimento contratual está estabelecida legalmente. A falta, porém, do aviso prévio, quando se impõe, acarretará o pagamento de perdas e danos por aquele que deu causa, por inadimplemento da obrigação.
A contratação do prestador de serviço não necessita a ser realizada com a especificação daquilo que deverá ser prestado.
As obrigações resultantes deste contrato não se transmitem aos herdeiros.
Art. 608: também se pode dizer que se trata de uma forma de defesa e proteção concorrencial. A limitação da indenização por rompimento do contrato não é absoluta.
Art. 609: mais uma vez apresenta-se a exceção ao princípio da relatividade contratual, na medida em que o novo proprietário do prédio agrícola não poderá se opor à escolha do prestador de serviços em permanecer neste. Este é um direito potestativo que lhe cabe. Não se rescinde o contrato anterior, sendo ele aproveitado”. [Tepedino]
CONTRATO DE EMPREITADA
“Conceito: é o contrato pelo qual uma das partes, o empreiteiro, se obriga a realizar uma obra especifica e certa para a outra parte, o proprietário, com material próprio ou por este fornecido, mediante remuneração global ou proporcional ao trabalho realizado, sem que haja relação de subordinação ou vínculo trabalhista entre ambos.
No silêncio do contrato, admite-se que a obra seja executada por terceiro, desde que a contratação não esteja vinculada a qualidades próprias do empreiteiro (subempreitada).
Ao contrário do contrato de prestação de serviços, a empreitada se caracteriza nitidamente pela circunstância de considerar o resultado final – e não a atividade – objeto da relação contratual. Enquanto no contrato puro e simples de prestação de serviços (locatio operarum) o objeto perseguido é o trabalho humano, no contrato de empreitada o que se busca é a realização de uma obra (locatio operis), um resultado.
A remuneração (ou preço) é essencial. Não se exige o pagamento em dinheiro, sendo cabível qualquer outro tipo de remuneração, podendo mesmo consistir em parte da própria obra.
Preço global ou forfaitário: remuneração pela obra inteira.
Empreitada por medida: o preço é fixado em função de cada uma das partes ou etapas ou em determinada medida.
Art. 610: empreitada delavor ou de mão-de-obra e empreitada de material ou mista. Na primeira hipótese, o empreiteiro contribuiu exclusivamente com o trabalho, cabendo à outra parte fornecer o material a ser usado na obra. Na empreitada mista, diversamente, fica a cargo do empreiteiro, além do trabalho, fornecer o material necessário.
Concluída a obra, o dono é obrigado a recebê-la, desde que executada conforme contratado. Portanto, se o empreiteiro se afastou das instruções recebidas e dos planos dados, ou das regras técnicas pertinentes, poderá o dono da obra a rejeitar, por não estar a seu contento, sem incidir em mora, continuando os riscos por conta do empreiteiro. Só haverá mora do dono da obra caso o não recebimento seja infundado.
Caso nenhuma das partes seja culpada pelo perecimento da coisa, ambas sofrerão conjuntamente os prejuízos: o dono perde o material entregue e o empreiteiro perde a retribuição pelo trabalho desenvolvido. O empreiteiro não perderá sua remuneração somente se provar, simultaneamente, que: I) a perda resultou de defeito dos materiais; e II) em tempo reclamara contra a sua quantidade ou qualidade.
Art. 614: não se devem confundir 'partes distintas' de uma obra, unidades de referência da obra, com etapas dessas mesmas unidades. No primeiro caso, tem-se, p. ex., cada casa vista em relação a um conjunto residencial, podendo ser considerada uma unidade de referência, uma parte distinta (uma das 'partes em que se dividir'), que servirá de base para verificação. Já as etapas normalmente correspondem a estágios de execução de cada parte distinta, cada unidade de referência, como o levantamento de paredes, colocação de lajes ou telhados.
Art. 615: a mora do empreiteiro também pode constituir justa causa para o não recebimento.
Questão bastante debatida diz respeito à possibilidade de o empreiteiro exercer direito de retenção sobre a obra realizada se o dono não efetuar o pagamento. Sobre o tema, desenvolveram-se duas correntes doutrinárias. De acordo com a primeira, o direito de retenção só teria cabimento nos casos expressamente previstos em lei, por sua natureza de instrumento de autotutela, a exigir interpretação restritiva por tratar-se de exceção. Ausente a previsão legal, não aproveitaria à empreitada. O segundo entendimento, mais flexível, admite o reconhecimento do direito de retenção, por analogia, em todos os casos em que estejam presentes seus pressupostos. Serpa Lopes opta pela extensão do jus retentionis.
Art. 616: o abatimento caberá quando, mesmo verificada uma diminuição do valor, houver interesse do dono da obra. A eventual valorização, não autorizada, não ensejará direito ao aumento da remuneração.
Art. 618: na jurisprudência, o dispositivo abrange também os defeitos que prejudicam a habitalidade do edifício, não se limitando aos danos que acarretem ruína da construção. A disposição se dirige às empreitadas mistas, ou seja, ao empreiteiro que, além de executar a obra, fornece os materiais necessários. Não se aplica, portanto, esta disposição às empreitadas de lavor. Estabeleceu o CC aqui uma exceção à regra de que cessa, com a aceitação da obra, a responsabilidade do empreiteiro.
Os vícios da construção (art. 618) devem ser ocultos e relacionados à solidez e segurança da obra. Contra os vícios aparentes, se não ressalvados pelo dono da obra no momento do recebimento da obra, nada poderá ser requerido, sendo certo que é de se presumirem como aceitos. Devem ser aqui incluídos não só os vícios que afetem a estabilidade ou a duração da obra, mas também os que a tornem imprópria ao uso a que se destinava. Para Caio Mário da Silva Pereira, o empreiteiro responde independentemente da idéia de culpa, visto tratar-se de uma garantia legal, motivo pelo qual o prazo não pode ser alterado pelas partes. Este parece ser o melhor entendimento, já adotado por nossos tribunais.
O prazo de 5 anos é de garantia legal; o prazo de 180 dias é aplicável apenas após o fim do qüinqüênio, visto que o disposto no parágrafo não tem o condão de afastar a garantia legal de prazo irredutível de 5 anos prevista no caput.
Em se tratando de ação de reparação dos danos, o prazo é de natureza prescricional (e não decadencial), sendo de 3 anos, conforme o art. 206, par. 3º, V, CC. A questão da decadência em 180 dias não atinge a pretensão do comitente de reparação pelos danos causados pelos defeitos de solidez e segurança que está sujeita ao prazo prescricional de 3 anos, por se tratar de demanda condenatória. O prazo previsto na norma em comentário (art. 618) para o exercício do direito é de decadência, se a pretensão for constitutiva, como na ação de rescisão contratual. Se a pretensão a ser exercida, decorrente do direito previsto na norma, for de natureza condenatória, caso da ação de responsabilidade civil, o prazo aqui previsto é de prescrição, devendo-se aplicar o prazo prescricional geral previsto no art. 206, par. 3º, V, CC.
O preço estipulado pode sofrer variação em virtude da alteração do valor de seus componentes, como materiais e mão-de-obra, caso em que a empreitada se diz com reajustamento. Sendo a empreitada sem reajustamento, o empreiteiro não terá direito a qualquer acréscimo do preço, ainda que haja modificação do valor de seus componentes, visto que, sendo o empreiteiro um especialista, presume-se que a terá calculado na previsão dos acontecimentos, e não pode surpreender a outra parte com a exigência de quantia a maior que o preço ajustado.
Art. 620: distancia-se da clássica teoria da imprevisão, ao dispensar a verificação de evento extraordinário, bem como o injustificado enriquecimento da outra parte. Basta para a aplicação do dispositivo em comento a verificação objetiva da superveniente diminuição no preço do material ou da mão-de-obra superior a 1/10 do preço global convencionado.
Art. 621: também a Lei 9.610/98 disciplina a matéria, considerando a obra intelectual protegida, os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geografia, engenharia, topografia, arquitetura, paisagismo, cenografia e ciência (art. 7º, X). No caso de projeto arquitetônico, o autor não poderá impedir modificações em seu projeto. Poderá, contudo, repudiar a autoria de projeto alterado sem o seu consentimento durante a execução ou após a renúncia (Lei 9.610/98, art. 24). O CC não revoga o disposto na Lei 9.610/98, mas apenas possibilita ao autor do projeto impedir a execução da obra que está se distanciando do seu projeto, restando-lhe sempre a opção pelo repúdio e eventual indenização.
Não há previsão de solidariedade entre o autor do projeto e o empreiteiro.
Art. 623: tem o dono da obra o direito potestativo incondicionado de pôr termo à empreitada contratada, sem declinar as razões para tanto.
O dono da obra tem o direito potestativo de resilir o contrato, sem necessidade de declinar sua justificativa para tanto, ao passo que o empreiteiro tem, em contraste, o ônus de comprovar justa causa para suspender a execução do negócio.
No contrato de empreitada, a morte não causa, em regra, o término do contrato. Em qualquer hipótese, a morte do dono da obra não extinguirá o contrato”. [Tepedino]
CONTRATO DE DEPÓSITO
I – Depósito voluntário:
Conceito: Trata-se de um negócio jurídico por meio do qual o depositante transfere coisa móvel ao depositário para que este guarde, conserve e devolva. 
É um contrato originado na Grécia, alguns Estados admitem o depósito de bens imóveis (Portugal).
“O objeto do contrato é sempre um bem móvel e corpóreo” [Tepedino]
Características
Uni ou bilateral: quanto aos efeitos pode gerar obrigações para somente uma ou para ambas as partes. Na sua forma pura, o contrato de depósito é unilateral. EXEMPLO: guarda-volumes gratuito é unilateral. Mas há contratos de depósito em que o depositante se obriga a remunerar o depositário, o contrato será bilateral. EXEMPLO: estacionamento remunerado. “Alguns autores consideram o depósito contrato bilateral imperfeito” [Tepedino]
Fiduciário: baseado na confiança. “É contrato

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