Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA Faculdade de Medicina Veterinária Disciplina Anatomia Animal Aplicada à Zootecnia ROTEIRO TEÓRICO-PRÁTICO SOBRE OSTEOLOGIA DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS Prof. André Luiz Quagliatto Santos - Responsável. Profa. Lucélia Gonçalves Vieira – Colaboradora. Uberlândia/ 2016 RESUMO SOBRE OSTEOLOGIA – PARTE TEÓRICA CONCEITO Osteologia, em sentido restrito e etimológico, é o estudo dos ossos. Em sentido mais amplo inclui o estudo das formações intimamente ligadas ou relacionadas com os ossos, com ele formando um todo, o esqueleto. O termo esqueleto é aplicado para a armação de estruturas duras que suporta e protege os tecidos moles dos animais. O esqueleto representa a união de três elementos: ossos, ligamentos (tecido fibroso) e cartilagens. Apesar de sua aparência simples, o osso é um tecido vivo e complexo. Possui vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos; são sujeitos a doenças, restabelecem-se e se ajustam às alterações de pressão. FUNÇÕES O esqueleto realiza diversas funções: Suporte: funciona como arcabouço estrutural para o corpo, sustenta os tecidos moles e fornece ponto de aderência para tendões; Proteção: protege os órgãos vitais contra lesões; Movimento: por ter músculos fixados ao esqueleto e muitos ossos se relacionarem por articulações móveis, a contração muscular exerce tração sobre os ossos para produzir o movimento; Reserva de minerais: cálcio, fósforo, sódio, potássio e outros minerais são estocados nos ossos. Estes minerais podem ser mobilizados e distribuídos pelo sistema vascular para outras regiões conforme seja requerido; Produção de células sanguíneas (hemopoiese): A medula óssea vermelha encontrada em certas partes do osso produz glóbulos vermelhos, leucócitos e plaquetas; Armazenamento de triglicerídeos: com o avançar da idade a maior parte da medula óssea vermelha muda para medula óssea amarela, consistindo primariamente em adipócitos. DIVISÃO DO ESQUELETO O esqueleto pode ser dividido em três partes: (1) axial, (2) apendicular e (3) esplâncnico ou visceral. Esqueleto axial: Compreende os ossos do crânio, coluna vertebral (vértebras cervicais, torácicas, lombares, sacrais e caudais), as costelas e o osso esterno. Esqueleto apendicular: Inclui os ossos que estão fixos no esqueleto axial. Compreende o esqueleto dos membros torácicos e pélvicos. Membro torácico: formado pelos ossos escápula (na maioria dos animas), clavícula e coracóide (em aves), úmero (braço), rádio e ulna (antebraço) e carpo, metacarpo, falanges e sesamóides (mão). Membro pélvico: formado pelos ossos ísquio, ílio púbis, fêmur (coxa), tíbia e fíbula (perna), tarso, metatarso, falanges e sesamóides (pé). Esqueleto esplâncnico ou visceral: São ossos localizados no interior de tecidos moles. Nos animais carnívoros encontra-se no pênis o osso peniano, no clitóris o osso clitoriano. Nos ruminantes adultos o osso cardíaco e nas aves o osso hióide. NÚMERO DE OSSOS O número de ossos pode variar se levarmos em conta algumas considerações: Fatores etários: do nascimento a senilidade há uma diminuição do número de ossos do animal. Isto se deve ao fato de que certos ossos, no recém-nascido, são formados em partes ósseas que se soldam durante o desenvolvimento para constituir um osso único no adulto. O osso frontal é um exemplo, este se forma em duas partes separado pelo plano mediano. O osso do quadril, no feto é constituído pelo ísquio, púbis e ílio, que posteriormente forma um osso único. Por outro lado, nos animais idosos há tendência para soldadura de dois ou mais ossos, isso ocorre principalmente nos ossos do crânio, e chama-se de sinostose; Espécie do animal: Cada espécie possui um número de ossos peculiar para aquele grupo. O equino possui 189 ossos, bovinos 188 ossos, suíno 223 ossos e o cão 215 ossos. Sexo: Nos animais carnívoros encontra-se no pênis o osso peniano. CLASSIFICAÇÃO DOS OSSOS Os ossos podem ser classificados de acordo com a sua forma em: longos, curtos planos, irregulares e pneumáticos. Ossos longos: São aqueles em que o comprimento é maior que a largura e espessura. Estes ossos são tipicamente de forma cilíndrica alongada com extremidade alargada. Eles aparecem nos membros torácicos e pélvicos, onde atuam como colunas de suporte e como alavancas. A parte cilíndrica, designada como diáfise ou corpo, é tubular e limita a cavidade medular que contém a medula óssea. Nas extremidades designadas como epífises estão às superfícies articulares. Exemplos: fêmur, tíbia úmero e falanges; Ossos curtos: Possuem comprimentos, largura e espessura proporcionais. Atuam como amortecedores e diminuem o atrito. Exemplos: Ossos do carpo (mão) e ossos do tarso (pé). Os ossos sesamóides, que são desenvolvidos nas cápsulas de algumas articulações ou em tendões, podem ser inclusos neste grupo. Eles diminuem a fricção ou mudam a direção dos tendões ou aumentam a força de alavanca para os músculos e tendões. Ossos planos: São ossos delgados (laminares) com comprimento e largura proporcionais. Eles proporcionam suficiente área para inserção dos músculos e protegem órgãos que cobrem. Exemplos: escápula e vários ossos do crânio. Ossos irregulares: Ossos de formas variadas que não se encaixam em nenhuma dessas categorias, tais como certos ossos do crânio e vértebras; eles são ossos impares e medianos. Formam fortes pontos de inserção para tendões e ligamentos. Ossos pneumáticos: Apresentam cavidades, de volume variável, revestidos de mucosa contendo ar. Estas cavidades recebem o nome de seios. Os ossos pneumáticos situam no crânio. Exemplos: frontal, maxilar e esfenóide. ESTRUTURA DO OSSO Um típico osso longo tem uma haste, chamada diáfise, e duas extremidades, chamadas epífises proximal e distal. A diáfise é formada por um cilindro oco de ossos compacto que forma uma cavidade medular. Esta cavidade é ocupada pela a gordurosa medula óssea amarela e é revestida internamente pelo endósteo, uma membrana de tecido conjuntivo que contem células formadoras de osso. O periósteo é a bainha resistente de tecido conjuntivo quer reveste a superfície externa do osso, exceto nas superfícies articulares. O periósteo também contém células formadoras de osso que possibilita o osso crescer em diâmetro e espessura, mas não em comprimento. Esta bainha protege o osso, contribui no reparo de fraturas, ajuda na nutrição do osso e serve como ponto de fixação de ligamentos e tendões. A cartilagem articular é uma fina camada de cartilagem hialina que reveste a epífise, local onde o osso forma articulação com outro osso. A cartilagem articular reduz a fricção e absorvem choques, em articulações de movimento livre. As metáfises são as regiões, no osso maduro, onde a diáfise se junta com as epífises. No osso em crescimento, as metáfises são regiões que incluem o disco epifisário, o ponto em que cartilagem é substituída por osso. O disco ou placa epifisária é uma camada de cartilagem hialina que permite que a diáfise do osso cresça em comprimento. Histologia do osso Existem 4 tipos de células no tecido ósseo: células osteogênicas, osteoblastos, osteócitos e osteoclastos. 1- Células osteogênicas: são células não especializadas derivadas do mesênquima, o tecido a partir do qual os tecidos conjuntivos são formados. As células filhas da célula osteogênica se diferenciam em osteoblasto. Células osteogênicas são encontradas no endósteo e periósteo; 2- Osteoblastos: são células produtoras de osso. Os osteoblastos secretamo arcabouço orgânico do osso, que inclui fibras colágenas e glicoproteínas. E iniciam a calcificação com a deposição de sais inorgânicos no arcabouço orgânico, e estes sais formam os cristais de hidroxiapatita; 3- Osteócito: São os osteoblastos que ficaram rodeados na matriz do osso. Os osteócitos não são capazes de secretar componentes da matriz. Eles mantêm as atividades celulares, tais como troca de nutrientes e metabólitos com o sangue; 4- Osteoclastos: são células grandes que ficam concentradas no endósteo. Este tipo de célula libera enzimas e ácidos que digerem os componentes protéicos e minerais do osso. Essa destruição da matriz óssea faz parte do desenvolvimento, crescimento, manutenção e reparo normais do osso. Osso compacto e esponjoso O osso não é completamente sólido, pois possui pequenos espaços entre seus componentes rígidos. Alguns espaços formam canais para os vasos sanguíneos que suprem as células ósseas com nutrientes. Outros espaços constituem áreas de armazenamento para a medula óssea vermelha. Dependendo do tamanho e distribuição dos espaços, as regiões de um osso podem ser classificadas como osso esponjoso ou osso compacto. De maneira geral, aproximadamente 80% do esqueleto consiste em osso compacto e os 20% restante de osso esponjoso. Tecido ósseo compacto: contém poucos espaços entre seus componentes rígidos. Este forma a camada externa de todos os ossos e constitui a maior parte das diáfises dos ossos longos. O tecido ósseo compacto dá proteção, suporte e resiste as forças produzidas pelo peso e movimento. O osso compacto está organizado em unidades chamadas ósteons (canais de Havers). Vasos sanguíneos, linfáticos e nervos do periósteo penetram no osso compacto pelos canais perfurantes (Canais de Volkmann). Os vasos e nervos se conectam com os da cavidade medular, do periósteo e dos canais centrais. Estes canais ocorrem longitudinalmente pelo osso. Em torno dos canais encontram-se lamelas concêntricas, anéis de matriz rígida e calcificada. Entre as lamelas existem pequenos espaços chamados lacunas (pequenos lagos), que contém osteócitos, os prolongamentos digitiformes dos osteócitos se encontram nos canalículos, estes canalículos conectam as lacunas entre si e as conectam também com os canais centrais. Esta complexa rede de ramificações fornece muitas vias para que nutrientes e O2 carreados pelo sangue, possam difundir-se para os osteócitos e para que produtos de excreção possam difundir- se de volta. Tecido ósseo esponjoso: Não contém ósteons como o osso compacto. O osso esponjoso consiste em lamelas dispostas irregularmente chamadas trabéculas. Os espaços entre as trabéculas de alguns ossos são preenchidos por medula óssea vermelha, que produz as células sanguíneas (hematopoiese). Dentro de cada trabécula encontram-se os osteócitos que se localizam em lacunas. A partir das lacunas irradiam-se canalículos. Os osteócitos, nas trabéculas, recebem nutrientes diretamente do sangue, que circula através das cavidades medulares. O tecido ósseo esponjoso constitui a maior parte dos ossos curtos, planos e irregulares; a maior parte da epífise dos ossos longos e camada estreita, em torno da cavidade medular da diáfise dos ossos longos. O tecido ósseo esponjoso nos ossos da cintura pélvica, costelas, esterno, coluna e nas extremidades de ossos longo é o único sítio da medula óssea vermelha e, portanto, de hematopoiese no animal adulto. TIPOS DE OSSIFICAÇÃO No início do desenvolvimento do esqueleto, células mesenquimais começam a se condensar em locais que eventualmente serão ocupados por elementos do esqueleto. Estas condensações mesenquimais formam os primeiros moldes do esqueleto. Pouco tempo depois, as células mesenquimais retraem seus prolongamentos, arredondam-se e se diferencia em condroblastos que agrupam em massas densas chamadas de centro de condrificação, sendo este o primeiro esboço cartilagíneo do esqueleto. Os condroblastos produzem a matriz cartílagínea e à medida que este processo progride, os condroblastos ficam aprisionados na sua própria matriz e diferenciam-se em condrócitos. Estes sintetizam e renovam macromoléculas da matriz cartilagínea. A formação do osso durante o desenvolvimento embrionário pode ocorrer basicamente por duas maneiras: ossificação endocondral e ossificação intramembranosa. O osso formado por qualquer destes dois processos é idêntico histologicamente. A maioria dos ossos longos e curtos do corpo se desenvolve por ossificação endocondral. Este tipo de ossificação utiliza uma peça de cartilagem hialina como molde. Há a formação inicial de uma placa delgada de matriz óssea na região média da diáfise onde os condrócitos se hipertrofiam, a matriz cartilagínea é reduzida e mineralizada e os condrócitos morrem por apoptose. Este processo se inicia precocemente no embrião, continuando após o nascimento, cada vez com mais cartilagem sendo substituída por osso. A ossificação intramembranosa é responsável pelo desenvolvimento dos ossos planos, especialmente aqueles que se encontram no crânio. Ao contrário do que acontece na ossificação endocondral, a cartilagem não está envolvida nesse processo. Envolvem a mineralização direta da membrana de tecido conjuntivo, ricamente vascularizado. O processo tem início pela diferenciação de células mesenquimais que se transformam em grupos de osteoblastos. Estes sintetizam o osteóide, que logo se mineraliza. Os vários centros de ossificação crescem radialmente, acabando por substituir a membrana conjuntiva preexistente. VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO DO OSSO Os ossos são ricamente vascularizados. São mais visíveis as artérias nutrícias, uma ou mais por osso, que surgem como ramos independentes das artérias adjacentes fora do periósteo e seguem obliquamente através do osso compacto da diáfise de um osso longo através do forame nutrício. A artéria nutrícia divide-se na cavidade medular em ramos longitudinais, que prosseguem em direção as extremidades, irrigando a medula óssea, o osso esponjoso e as partes mais profundas do osso compacto. As artérias periosteais penetram na diáfise através de numerosos canais perfurantes e suprem o periósteo e a parte mais externa do osso compacto. As extremidades dos ossos longos são supridas pelas artérias metafisárias e epifisárias, que se originam de artérias que suprem articulação associada. As veias que drenam o sangue dos ossos longos são evidentes em três locais: uma ou duas veias nutrícias, na diáfise; numerosas veias epifisárias e veias metafisárias saem da epífise, com suas respectivas artérias e muitas pequenas veias periostais saem do periósteo com suas respectivas artérias. Os nervos acompanham os vasos sanguíneos que irrigam os ossos. O periósteo é ricamente suprido pelos nervos sensoriais, nervos periosteais, que conduzem fibras de dor. Isso explica a dor aguda nas fraturas ósseas. O osso propriamente dito tem suprimento pequeno de terminações sensoriais. Dentro dos ossos, os nervos vasomotores causam constrição ou dilatação dos vasos sanguíneos, controlando o fluxo sanguíneo através da medula óssea. ACIDENTES ÓSSEOS Os ossos apresentam acidentes anatômicos característicos, que são estruturas adaptadas para exercer uma função específica. Há dois tipos principais de acidentes: depressões e aberturas, que formam as articulações e permitem a passagem de tecidos moles como vasos sanguíneos e nervos (ex.: fissura, forame, fossa, sulco e meato), e processos, que são projeções ou evaginações, que tanto ajudam a formar articulações quanto serve para fixação de tecidos como ligamentos e tendões (ex.: côndilo, face, cabeça, crista,epicôndilo, linha, processo espinhoso, trocanter, tubérculo e tuberosidade). RESUMO SOBRE OSTEOLOGIA – PARTE PRÁTICA 1. Identifique nos esqueletos montados dispostos no laboratório a sua divisão em axial e apendicular. 2. Observe nos diversos esqueletos dos diferentes animais domésticos como o número de ossos é variável, principalmente na coluna vertebral, tórax, mão e pé. 3. Nas mesas isoladas identifique os seguintes ossos que fazem parte do esqueleto esplâncnico ou visceral: - Osso cardíaco de bovino adulto; - Osso peniano no cão; - Osso hióide nas aves. 4. Identifique alguns exemplos de ossos longos no esqueleto apendicular como: - Membro torácico (úmero, ulna, metacarpo III e IV e falange proximal); - Membro pélvico (fêmur, tíbia, metatarso III e IV e falange proximal). 5. Em um segmento de osso longo seccionado identifique: - Osso compacto; - Osso esponjoso; - Cavidade medular. 6. Em um segmento de osso fixado em formaldeído identifique: - Periósteo; - Endósteo (caso esteja presente); - Epífises (proximal e distal); - Diáfise; - Metáfises (proximal e distal); - Cartilagens epifisiais (proximal e distal); - Cartilagem articular. 7. Com o auxílio de um atlas identifique os seguintes ossos do crânio: - Frontais - Nasais - Incisivos - Lacrimais - Zigomáticos - Maxilares - Palatinos - Vômeres - Etmóides - Mandíbulas - Pterigóides - Temporais - Parietais - Occipitais - Esfenoidais - Hióide - Osso rostral (suínos) 8. Com o auxílio de um atlas identifique os seguintes ossos da coluna vertebral: - Atlas - Áxis - Vértebras cervicais - Vértebras lombares - Vértebras sacrais - Vértebras caudais 9. Com o auxílio de um atlas identifique os seguintes ossos do tórax: - Costelas - Cartilagens costais - Esterno 10. Com o auxílio de um atlas identifique os seguintes ossos do membro torácico: - Escápula - Clavícula (aves) - Coracóide (aves) - Úmero - Rádio - Ulna - Cárpicos - Metacárpicos - Falanges (proximal, média e distal) - Sesamóides 10. Com o auxílio de um atlas identifique os seguintes ossos do membro pélvico: - Ílio - Ísquio - Púbis - Fêmur - Tíbia - Fíbula - Társico - Metatársico - Falanges (proximal, média e distal) - Sesamóides/patela
Compartilhar