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Direito do Trabalho SEÇÃO 5 SUA PETIÇÃO Seção 5 Direito do Trabalho Sua causa! Caro aluno, bem-vindo à seção 5! Na seção 3 você fez as vezes de advogado do J Albano Machado e apresentou Recurso Ordinário. Já na seção 4 você atuou como advogado da Sra. Maria José Pereira, apresentando Recurso Ordinário. Não se pode esquecer que esta atuação para as duas partes da relação processual se deu apenas fi ns para didáticos, não podendo ocorrer na prática, sob pena de violação dos preceitos éticos que regem a advocacia. Nesta seção você atuará como advogado do trabalhador Albano. No dia 11/12/2017 houve publicação concedendo-lhe vista do Recurso Ordinário interposto pela reclamada. Diante da mencionada intimação, adote a medida processual adequada à defesa dos interesses do seu cliente. Abaixo a reprodução do Recurso Ordinário interposto: Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a) do Trabalho da 2a Vara do Trabalho de Goiânia/GO Processo n. 0010001-10.2017.518.0002 2 NPJ - NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA COM SUPORTE EM AVA DIREITO DO TRABALHO - SUA PETIÇÃO - SEÇÃO 5 Maria José Pereira, já qualificada nos autos em epígrafe, doravante simplesmente denominada recorrente, por seu advogado que esta subscreve, nos autos da reclamação trabalhista que é movida por Albano Machado, também já qualificado no presente feito, ora denominada recorrido, vem interpor Recurso Ordinário para o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 3a Região, com fulcro no art. 895, “a”, da CLT. Satisfeitos os mandamentos legais, requer seja o apelo recebido e enviado à apreciação do Tribunal Regional. Requer, por fim, a remessa das razões anexas ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 3a Região. Termos em que pede juntada de ferimento. Data, assinatura. RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO PELA RECORRENTA MARIA JOSÉ PEREIRA Colendo Tribunal I – Tempestividade A reclamada foi intimada da sentença por meio de publicação oficial ocorrida no dia 21/11/2017, segunda-feira. Dessa forma, o prazo para interposição do Recurso Ordinário se iniciou em 21/11/2017, terça-feira, e finda em 01/12/2017, vez que pela nova redação do art. 795, da CLT, os prazos devem ser contados em dias úteis. 33 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 5NPJ Assim, o presente Recurso Ordinário é tempestivo. II – Depósito Recursal e Custas Processuais No caso em tela foi deferida assistência judiciária gratuita, o que torna desnecessário o recolhimento das custas processuais, nos termos do art. 790-A, da CLT. Também não é necessário o depósito recursal, pois o art. 899, §100, da CLT, dispõe que são “isentos do depósito recursal os beneficiários da justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as empresas em recuperação judicial”. III – Mérito III. 1 – Feriados laborados em dobro A decisão de primeiro grau julgou procedente o pedido de pagamento em dobro dos feriados, invocando a Súmula 444, do TST. Veja-se trecho da sentença: O pleito do reclamante de pagamento de domingos e feriados em dobro merece ser acolhido parcialmente. A Súmula 444, do Colendo TST, dirime esta questão: Súmula n0 444 do TST JORNADA DE TRABALHO. NORMA COLETIVA. LEI. ESCALA DE 12 POR 36. VALIDADE. - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 - republicada em decorrência do despacho proferido no processo TST- PA-504.280/2012.2 - DEJT divulgado em 26.11.2012 É valida, em caráter excepcional, a jornada de doze horas de trabalho por trinta e seis de descanso, prevista em lei ou ajustada exclusivamente mediante acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva 44 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 5NPJ de trabalho, assegurada a remuneração em dobro dos feriados trabalhados. O empregado não tem direito ao pagamento de adicional referente ao labor prestado na décima primeira e décima segunda horas. Como se infere, há previsão expressa de que o feriado deve ser pago em dobro. Isto porque o trabalhador, mesmo no regime 12x36, tem direito à folga neste dia, além daquelas 36 horas de descanso que são inerentes ao sistema em questão. Uma vez ocorrido o labor em dia de feriado, sem qualquer compensação, é devido seu pagamento em dobro. Com a devida vênia, a decisão merece reforma. É cristalino que a Súmula n. 444, do TST, preveja o pagamento dos feriados laborados no regime 12x36. Todavia, em que pese o entendimento consolidado, esta não é a melhor diretriz quando se analise o trabalho no mencionado sistema. Ele foi criado para permitir a alternância de trabalhadores de modo contínuo em situações como a do enfermo, que merece cuidado vinte e quatro horas por dia. Ao dispor que o feriado deve ser pago em dobro, o Colendo Tribunal Superior do Trabalho estabelece que aquele dia deveria ser de folga. Neste contexto, indaga-se: quem iria cuidar do enfermo? Por óbvio que a sistemática própria do regime 12x36 já compensa, automaticamente, o trabalho exercido em dia de feriado, da mesma maneira que ocorre com o labor aos domingos. Não há razão plausível para se permitir a compensação aos domingos e negá-la em casos de feriados, como feito pela decisão atacada. Diante do exposto, requer seja dado provimento ao Recurso Ordinário, a fim de julgar improcedente o pedido de pagamento dos feriados em dobro. 55 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 5NPJ III. 2 – Intervalo intrajornada A sentença também deferiu ao trabalhador o pagamento de uma hora por dia decorrente da supressão o intervalo intrajornada, acrescida de 50%, a partir de 02/06/2015 até o término do contrato de trabalho, com os reflexos legais. Mais uma vez a decisão merece reparo. Como salientado na peça contestatória, é óbvio que o reclamante não ficava trabalhando ininterruptamente durante 12 horas. Embora o enfermo, vítima de acidente vascular cerebral, demandasse cuidados especiais, resta evidente que o trabalhador tinha meios de usufruir da pausa intervalar de uma hora. Isto poderia ser feito, por exemplo, quando o enfermo estava assistindo televisão. Além disso, em vários outros momentos do turno de trabalho, o reclamante também poderia descansar, haja vista a precária condição de saúde do marido da reclamada. Dessa forma, resta claro que o laborista cumpria diariamente o intervalo para refeição de descanso, razão pela qual requer o provimento do Recurso Ordinário para julgar improcedente o pleito. III. 4 – Indenização por danos morais A decisão de primeiro grau condenou a reclamada ao pagamento de indenização por danos morais no importe de R$ 10.000,00 pelo fato de ter sido aposto na CTPS do trabalhador que a rescisão do contrato de trabalho se deu por justa causa. 66 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 5NPJ Data maxima venia, equivocada a sentença. O art. 29, parágrafo 20, “c”, da CLT, que determina que a anotação da rescisão do contrato de trabalho deve constar na CTPS. Foi exatamente o que foi feito pela recorrente. O fato de fazer menção à modalidade de dispensa, isto é por justa causa, não constitui ilegalidade, pois o citado dispositivo legal não faz qualquer ressalva quanto à impossibilidade de se apor no documento a modalidade da rescisão do pacto laboral. Ademais, ainda que se entenda pela irregularidade da anotação, o que se admite somente em atenção ao princípio da eventualidade, não há dever de indenizar. No caso em tela, o reclamante não demonstrou a existência de qualquer constrangimento ou a dificuldade gerada pela anotação na busca de novo emprego. Não há nenhuma prova nos autos neste sentido, como exigem os arts. 818, da CLT e 373, inciso I, CPC, aplicado subsidiariamente ao Direito Processual do Trabalho. Portanto, os requisitosensejadores da responsabilidade civil insculpidos nos arts. 186 e 927 do Código Civil não se encontram presentes. A ausência de dano é patente, eis que como explicitado, o trabalhador não sofreu qualquer prejuízo efetivo com a anotação da dispensa por justa causa em sua CTPS. Além disso, a simples anotação não gera constrangimento ou ofensa a direito da personalidade passível de indenização por danos morais. Diante do exposto, requer seja dado provimento ao Recurso Ordinário, a fim de julgar improcedente o pedido de indenização por danos morais. Em atenção ao princípio da eventualidade, caso se entenda que a hipótese é de reparação civil, o valor arbitrado (R$ 10.000,00) deve ser drasticamente reduzido. 77 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 5NPJ A quantia da indenização por danos morais violou o princípio da proporcionalidade e razoabilidade, assim como os arts. 884, 885, 886, 944, 945, do Código Civil. Cabe ao julgador a fixação do quantum indenizável em casos dessa natureza, sendo que a indenização do dano moral não pode se converter em fonte de abuso e enriquecimento ilícito. Para arbitrá-la cabe ao magistrado utilizar-se de parâmetros e critérios razoáveis, considerando tanto a situação econômica do ofensor, quanto à da vítima. Ressalta-se que a condição econômica da recorrente não permite o pagamento de indenização no valor fixado, principalmente, por se tratar de empregadora doméstica, cujo marido está em idade avançada e em precária condição de saúde. Exige-se, por isso mesmo, muita prudência e cautela da parte dos Julgadores no trato desse delicado tema, evitando-se, assim, indenização desproporcional ao suposto dano acarretado, levando ao enriquecimento sem causa do recorrido, violando diretamente os artigos 884, 885 e 886 do Código Civil, que assim dispõem: Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários. Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido. Art. 885. A restituição é devida, não só quando não tenha havido causa que justifique o enriquecimento, mas também se esta deixou de existir. Art. 886. Não caberá a restituição por enriquecimento, se a lei conferir ao lesado outros meios para se ressarcir do prejuízo sofrido. 88 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 5NPJ Da mesma forma, tanto o parágrafo único do artigo 944, quanto o artigo 945, do CC/2002, determinam que se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, deverá o julgador, para a fixação do quantum, utilizar o princípio da razoabilidade e da proporcionalidade. A reparação civil também deve levar em conta a extensão do dano, o que não foi considerado no caso vertente, em clara afronta ao art. 944 do Código Civil: Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização. Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo- se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. Com efeito, a utilização de elementos meramente subjetivos, não apuráveis no caso concreto, para fixação da pena pode possibilitar a condenação em indenizações completamente diferentes para situações substancialmente iguais. Nítida a violação ao artigo 50, V, da Constituição da República/88, haja vista que as decisões não obedeceram ao princípio da proporcionalidade. Neste aspecto, pelo princípio da eventualidade, cabe enfatizar a orientação fixada pelo Código Civil, eis que nos artigos 944 a 946 são estabelecidos critérios para a fixação do valor pecuniário nas reparações civis. A indenização deverá ser analisada tendo em vista, exclusivamente, a repercussão do dano na vítima e a sua mensurabilidade em pecúnia. 99 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 5NPJ Por todo o exposto, incontroverso que a fixação de indenização por danos morais no valor de R$10.000,00 é extremamente exorbitante, devendo ser reduzida a patamares razoáveis e proporcionais. Nesse sentido é o entendimento do Colendo Tribunal Superior do Trabalho: RECURSO DE REVISTA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. BANCÁRIO. TRANSPORTE DE NUMERÁRIO. DESVIO DE FUNÇÃO. VALOR DA INDENIZAÇÃO. A fixação do valor da indenização por dano moral deve se pautar na razoabilidade e proporcionalidade, pelo que se deve evitar um valor exorbitante ou irrisório, a ponto de levar a uma situação de enriquecimento sem causa ou a de não cumprir a função inibitória. Observadas as circunstâncias do caso concreto, o valor da reparação deve ser reduzido de R$ 100.000,00 (cem mil reais) para R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), por traduzir prudência e proporcionalidade ao dano sofrido, pois não consagra a impunidade do empregador ante a reiteração da conduta ilícita e serve de desestímulo a práticas que possam retirar do trabalhador a sua dignidade, ofendendo-lhe a honra e a imagem. Recurso de revista conhecido e provido. (RR - 651- 44.2012.5.05.0035, Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data de Julgamento: 21/05/2014, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 30/05/2014). Diante do exposto, caso não seja o pleito julgado improcedente, requer seja o valor da indenização por danos morais drasticamente reduzido. II. 4 – Honorários Advocatícios Como já salientado no início da peça recursal, foi deferido à recorrente os benefícios da assistência judiciária gratuita. Todavia, 1010 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 5NPJ foi determinado o pagamento de honorários advocatícios. Não resta dúvida de que a condenação ao pagamento de honorários advocatícios contraria a ordem legal processual, eis que a Lei n. 13.467/17, cuja vigência se inicia em 11/11/2017, não pode ser aplicada para casos ajuizados anteriormente a tal data. Entendimento diverso, como o consignado na sentença, implica em violação ao princípio da segurança jurídica, o que não pode ser tolerado. Quando o Código de Processo Civil de 2015 entrou em vigor houve controvérsia semelhante, pois as regras referentes aos honorários advocatícios passaram por significativas mudanças. O Superior Tribunal de Justiça pacificou o seguinte entendimento a respeito do tema: HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. NATUREZA JURÍDICA. LEI NOVA. MARCO TEMPORAL PARA A APLICAÇÃO DO CPC/2015. PROLAÇÃO DA SENTENÇA. (…) 7. Os honorários advocatícios repercutem na esfera substantiva dos advogados, constituindo direito de natureza alimentar. 8. O Superior Tribunal de Justiça propugna que, em homenagem à natureza processual material e com o escopo de preservar-se o direito adquirido, AS NORMAS SOBRE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NÃO SÃO ALCANÇADAS PELA LEI NOVA. 9. A sentença, como ato processual que qualifica o nascedouro do direito à percepção dos honorários advocatícios, deve ser considerada o marco temporal para a aplicação das regras fixadas pelo CPC/2015. 10. Quando o capítulo acessório da sentença referente aos honorários sucumbenciais for publicado em consonância com o CPC/1973, serão aplicadas as regras do antigo diploma processual até a ocorrência do trânsito em julgado. Por outro lado, nos casos de sentença proferida a partir do dia 18.3.2016, as normas do novo CPC regularão a situação concreta. 11. No caso concreto, a sentença fixou os honorários em consonância com o CPC/1973. Dessa forma, 1111 Direitodo Trabalho - Sua Petição - Seção 5NPJ não obstante o fato de esta Corte Superior reformar o acórdão recorrido após a vigência do novo CPC, incidem, quanto aos honorários, as regras do diploma processual anterior. (STJ, 4a Turma, Recurso Especial N0 1.465.535 – SP (2011/0293641-3, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Publicação DJ Eletrônico: 07/10/2016) Ademais, o art. 791-A, da CLT, padece de vício de constitucionalidade, como já arguido em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade (n. 5766). Ora, não é razoável que o Poder Judiciário reconheça que a parte não tem condição de arcar com os custos do processo sem prejuízo do seu próprio sustento e, ainda assim, determinar o pagamento de honorários advocatícios. Ora, se a recorrente é pobre no sentido legal, sendo dispensada do pagamento das custas processuais e até mesmo do depósito recursal, por óbvio que não há qualquer razoabilidade ou lógica na condenação ao pagamento de honorários advocatícios. Dessa forma, requer seja dado provimento ao Recurso Ordinário, julgando-se improcedente o pagamento de honorários advocatícios. IV– Pedido Diante do exposto, requer seja dado provimento ao Recurso Ordinário, nos termos da fundamentação supra. Termos em que pede juntada deferimento. 1212 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 5NPJ Fundamentando! Vamos rememorar os aspectos processuais que são necessários serem observados para que o operador do direito maneje, corretamente, a peça processual a ser apresentada. 1) Contrarrazões O Direito Processual do Trabalho, como os demais ramos do direito, observa os preceitos constitucionais do contraditório e da ampla defesa. No Recurso Ordinário interposto, a recorrente tem o dever de explicitar as razões pelas quais não se conforma com a sentença prolatada. Deve lançar mão de todos os argumentos fáticos e jurídicos possíveis para ensejar a reforma do julgado. A ausência de combate aos fundamentos da decisão judicial acarretam o não conhecimento do recurso, ou seja, ele sequer tem seu mérito analisado pelo órgão julgador. Neste contexto, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) editou a Súmula n. 422, cuja redação é a seguinte: RECURSO. FUNDAMENTO AUSENTE OU DEFICIENTE. NÃO CONHECIMENTO (redação alterada, com inserção dos itens I, II e III) - Res. 199/2015, DEJT divulgado em 24, 25 e 26.06.2015. Com errata publicada no DEJT divulgado em 01.07.2015. Local, 010 de dezembro de 2017. Nome e assinatura do advogado. 1313 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 5NPJ I – Não se conhece de recurso para o Tribunal Superior do Trabalho se as razões do recorrente não impugnam os fundamentos da decisão recorrida, nos termos em que proferida. II – O entendimento referido no item anterior não se aplica em relação à motivação secundária e impertinente, consubstanciada em despacho de admissibilidade de recurso ou em decisão monocrática. III – Inaplicável a exigência do item I relativamente ao recurso ordinário da competência de Tribunal Regional do Trabalho, exceto em caso de recurso cuja motivação é inteiramente dissociada dos fundamentos da sentença. No atual momento merece destaque o disposto em seu inciso I, que prevê justamente que a falta de impugnação dos fundamentos da decisão faz com que o recurso não seja conhecido. Embora a mencionada Súmula verse sobre recurso para o TST, ela se aplica analogicamente aos demais recursos. As razões recursais, portanto, delimitam a matéria que foi devolvida ao Tribunal para a prolação de nova decisão. São justamente os fundamentos lançados pelo recorrente em seu Recurso Ordinário que devem ser combatidos pela parte contrária, com o intuito de que a decisão seja mantida naquilo que lhe foi favorável. As contrarrazões são, portanto, o exercício pleno do contraditório garantido pelo art. 50, inciso LV, da CF/88, consagrando a dialeticidade processual. Elas devem ser interpostas no mesmo prazo do recurso a que se combate, contados de intimação específica para a prática deste ato processual, conforme disposto no art. 900, da CLT: Art. 900 - Interposto o recurso, será notificado o recorrido para oferecer as suas razões, em prazo igual ao que tiver tido o recorrente. 1414 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 5NPJ Deve-se fazer menção particular aos Embargos de Declaratórios. Nos termos do art. 1.022, do Código de Processo Civil de 2015, aplicável subsidiariamente ao Direito Processual do Trabalho por força do art. 769, da CLT, o referido recurso é cabível em caso de omissão, contradição, obscuridade ou erro material. A CLT disciplina a interposição dos Embargos de Declaratórios no art. 897-A, esclarecendo em seu §20 que a parte contrária somente terá oportunidade de se manifestar sobre os mencionados Embargos se houver possibilidade de efeito modificativo, isto é, que ao sanar omissão, obscuridade, contradição ou erro material o julgador altere o conteúdo decisório. Veja-se todo o disposto no art. 897-A: Art. 897-A Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão no prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão subsequente a sua apresentação, registrado na certidão, admitido efeito modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso. (Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000). § 10 Os erros materiais poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento de qualquer das partes. (Redação dada pela Lei nº 13.015, de 2014). § 20 Eventual efeito modificativo dos embargos de declaração somente poderá ocorrer em virtude da correção de vício na decisão embargada e desde que ouvida a parte contrária, no prazo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 13.015, de 2014). § 30 Os embargos de declaração interrompem o prazo para interposição de outros recursos, por qualquer das partes, salvo quando intempestivos, irregular a representação da parte ou ausente a sua assinatura. 1515 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 5NPJ No tocante aos pontos que devem ser tratados na peça processual, você, aluno, deverá utilizar os argumentos fáticos e jurídicos constantes na petição inicial e na própria sentença para rebater a pretensão empresarial de reforma da decisão de primeiro grau. Vamos peticionar? QUADRO SINÓPTICO DA LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA APLICÁVEL (Referidos e não referidos nas explicações anteriores) ASSUNTO CRFB/88 CLT CPC/2015 TST STF Contrarrazões Art. 50, inciso LV. Art. 893; Art. 895; Art. 899; Art. 900 Art. 1.022. Súmula n. 422; - Feriados laborados - - - Súmula n. 444; Lei n. 605/49 Intervalo intrajornada - Art. 71 - Súmula n. 437 Indenização por danos morais Art. 70, inciso XXVIII Art. 29, Art. 223-A; Art. 223-B; Art. 223-C; Art. 223-D; Art. 223-E; Art. 223-F; Art. 223-G; - Acórdão n. 0001114- 19.2012.505.0024 Arts. 186 e 927 do Código Civil Honorários advocatícios - Art. 791-A; - - - Fonte: Elaborado pelo autor. 1616 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 5NPJ Vamos peticionar! Caro aluno, assim como no Recurso Ordinário, a peça processual deve ser endereçada para o juízo que prolatou a decisão, devendo combater os argumentos lançados no recurso pela reclamada. Indique na peça recursal as razões pelas quais a decisão de primeiro grau deve ser mantida no que tange aos temas tratados no Recurso Ordinário. Sugere-se para fi ns didáticos que a peça processual tenha tópico relativo à tempestividade, a fi m de demonstrar que ela foi interposta no momento adequado.PRIMEIRA FASE! Questão 1 – A respeito da interposição das contrarrazões, assinale a alternativa correta: a) As contrarrazões servem para buscar a reforma da sentença. b) Quando forem interpostos Embargos de Declaração, a parte contrária sempre deve se manifestar sobre ele antes de seu julgamento. c) Os fundamentos lançados pelo recorrente em seu Recurso Ordinário não devem ser combatidos pela parte contrária nas contrarrazões. d) As contrarrazões devem ser interpostas no mesmo prazo do recurso a que se combate, contados de intimação específi ca para a prática deste ato processual. e) Quando forem interpostos Embargos de Declaração, a parte contrária nunca deve se manifestar sobre ele antes de seu julgamento. 1717 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 5NPJ Questão 2 – Analise as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta: I – As contrarrazões são o exercício pleno do contraditório. II – As razões recursais não delimitam a matéria que será devolvida ao Tribunal para a prolação de nova decisão. III – Os Embargos de Declaração somente são cabíveis no Direito Processual do Trabalho para sanar erro material. a) Se todas as afirmativas forem verdadeiras. b) Se apenas a afirmativa I for verdadeira. c) Se apenas as afirmativas I e II forem verdadeiras. d) Se apenas as afirmativas I e III forem verdadeiras. e) Se apenas as afirmativas II e III forem verdadeiras. Gabarito: Questão 1 – d) As contrarrazões se prestam a rebater os argumentos lançados pela parte contrária na recursal. Devem ser interpostas no mesmo prazo do recurso a que se combate, contados de intimação específica para a prática deste ato processual, conforme previsão do art. 900 da CLT. 1818 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 5NPJ No que diz respeito aos Embargos de Declaração, a parte contrária somente se manifestará sobre ele caso haja possibilidade de efeito modificativo da decisão embargada. Questão 2 – b) As contrarrazões são o exercício pleno do contraditório, pois permitem que a parte recorrida se manifeste sobre o Recuso Ordinário apresentado. Por sua vez, as razões recursais delimitam a matéria que será devolvida ao Tribunal para a prolação de nova decisão. Somente as questões que estão contidas no Recurso Ordinário é que poderão ser objeto de apreciação pela instância superior. Nos termos do art. 1.022, do Código de Processo Civil de 2015, aplicável subsidiariamente ao Direito Processual do Trabalho por força do art. 769, da CLT, os Embargos de Declaratórios são cabíveis em caso de omissão, contradição, obscuridade ou erro material. 191919 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 5NPJ
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