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SUA PETICAO S5 (1)

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Prévia do material em texto

SEÇÃO 5
SUA PETIÇÃO
Direito Constitucional
Sua causa!
Seção 5
Direito Constitucional
Olá, aluno! Vamos dar início à Seção 5 do nosso NPJ de Direito 
Constitucional. Preparado? 
Na Seção passada, José Afonso, em mais um dia de estágio na 
Defensoria Pública do Estado, deparou-se com o caso suscitado 
pela Associação dos Moradores Unidos de Caicó a respeito da 
preservação da ruína Colosseu, patrimônio histórico e cultural 
da cidade de Caicó. A Associação narrou a falta de cuidados da 
empresa responsável pela administração do local, o que gerou 
danos graves ao patrimônio.
Diante da situação, foi ajuizada pela Associação uma Ação Civil 
Pública contra a empresa privada GUARARAPES, responsável 
pela manutenção e administração do local, e contra a Prefeitura 
Municipal de Caicó, que mantém contrato público com a empresa 
para a preservação do local. A Ação objetivou a reparação dos 
danos causados à ruína Colosseu, pela falta de preservação e 
cuidados de manutenção do local. 
Muito bem. Após o ajuizamento a ação seguiu seu trâmite normal. 
Foi ouvido o representante do Ministério Público, o qual exarou 
parecer favorável a Associação pugnando pela condenação 
das requeridas à reparação de danos e à obrigação de fazer. 
Entretanto, o juiz da causa extinguiu a ação sem resolução 
de mérito, por entender que as partes que ocupam o polo 
passivo da ação são ilegítimas. A sentença foi publicada no dia 
2
NPJ - NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA
 DIREITO CONSTITUCIONAL - SUA PETIÇÃO - SEÇÃO 5
10/11/2017, com fundamento na repartição de responsabilidade 
entre os entes federativos prevista na Constituição Federal. O 
Juiz, sem julgar o mérito da demanda, extinguiu o processo por 
entender que as partes alocadas no polo passivo não possuíam 
legitimidade, aduzindo que a matéria é de competência comum 
da União, Estados e Municípios, por isso, os três entes, União, 
Estado do Ceará e Município de Caicó deveriam estar no polo 
passivo da demanda. Fundamentou a decisão no art. 23, incisos 
III e IV, da Constituição Federal.
A Associação está inconformada com a decisão. Para saber o 
que pode ser feito, qual o meio judicial de reformar a sentença, 
o Sr. Justino, presidente da Associação, procura novamente a 
Defensoria Pública e é atendido por nosso personagem, José 
Afonso, o qual, imediatamente repassa o caso ao defensor 
público responsável que explica detalhadamente ao Sr. Justino 
quais os próximos passos a serem dados no processo, como a 
Defensoria Pública irá apelar ao Tribunal de Justiça do Estado 
pela reforma da sentença de primeiro grau, explicando qual 
o único recurso cabível contra a sentença para este fim, e a 
fundamentação a ser utilizada. 
 
Agora é com você, advogado! Diante da situação narrada, 
utilizando todo o conhecimento que você possui, verifique 
através de que recurso é possível apelar pela reforma da 
sentença ao Tribunal de Justiça, ou seja, qual o recurso 
cabível contra a sentença proferida pelo Juiz da Vara 
Cível da Comarca de Caicó na referida Ação Cível Pública. 
Elabore a sua peça utilizando a fundamentação jurídica 
adequada para pleitear a reforma da decisão. Fique atento 
ao prazo recursal! Mãos à obra!
33
 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 5NPJ 
Fundamentando!
DA REPARTIÇÃO CONSTITUCIONAL DE COMPETÊNCIAS 
O Brasil, pela Constituição Federal de 1988, adotou como forma 
de organização do Estado o Federalismo, o que signifi ca que a 
organização do Estado é descentralizada, dividida, tanto política 
como administrativamente, entre os entes da Federação, que 
são: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 
A fi m de garantir a efi cácia do sistema federalista, tendo em 
vista que em um mesmo território irá incidir mais de uma ordem 
jurídica, a Constituição Federal traz em seu texto a repartição 
de competências entre os entes federados. A repartição de 
competências consiste na atribuição, pela Constituição Federal, 
a cada ordenamento de uma matéria que lhe seja própria 
(MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de Direito Constitucional. 12º 
ed. ver e atual. São Paulo: Saraiva, 2017) .
O princípio norteador da repartição constitucional de competências 
entre os entes federativos é o da predominância do interesse, o 
que faz com que a regra geral seja: à União pertencem as questões 
de interesse geral, aos Estados às questões de interesse regional e 
aos Municípios as de interesse local. 
A competência dos entes federativos pode ser:
• COMPETÊNCIA MATERIAL: também chamada de 
competência executiva ou administrativa, refere-se à prática 
de atos políticos e administrativos, ao exercício dos atos de 
governo e a prestação de serviços públicos.
• COMPETÊNCIA LEGISLATIVA: refere-se à elaboração de leis 
em sentido amplo, ou seja, à prática de ato legislativo.
44
 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 5NPJ 
Por sua vez, a competência material se subdivide em: 
• EXCLUSIVA: quando pertence a um único ente federativo, 
sem a possibilidade de delegação.
• COMUM: quando é possível que seja exercida por mais 
de um ente federativo, sem que esse exercício exclua a 
competência dos demais entes, ou seja, há a possibilidade 
de uma atuação conjunta.
E a legislativa se subdivide em:
• PRIVATIVA: é atribuída a um ente federativo determinado, 
mas pode por ele ser delegada a outro.
• CONCORRENTE: é atribuída concomitantemente a mais de 
um ente federativo.
• SUPLEMENTAR: cabe a um ente estabelecer as regras gerais, 
e a outro complementar essas regras.
Não há outra forma de estudar a repartição constitucional de 
competência que não seja analisando os dispositivos da própria 
Constituição. A distribuição da matéria não está feita de uma 
forma sistemática no texto constitucional, o que dificulta um 
pouco a assimilação. Por isso, sistematizamos o assunto de 
forma que fique mais claro para você, aluno. Veja:
• COMPETÊNCIA MATERIAL EXCLUSIVA DA UNIÃO: 
As hipóteses de competência material exclusiva da União estão 
previstas no art. 21 da Constituição Federal. Nas hipóteses 
elencadas no referido artigo, não se admite a delegação para 
outros entes federativos, por isso se diz que são de competência 
exclusiva da União. 
55
 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 5NPJ 
Em resumo, de acordo com o dispositivo, questões ligadas 
às relações internacionais com estados estrangeiros, defesa 
nacional, produção de armas, emissão de moedas, elaboração 
de planos de ordenação de território e desenvolvimento 
econômico são de competência exclusiva da União.
A exploração de serviços de telecomunicações, correios, 
radiofusão, energia elétrica, navegação aérea, marítima e fluvial, 
bem como a ferroviária, seja diretamente ou através de concessão, 
autorização ou permissão, também são de competência exclusiva 
da União. Ainda cabe exclusivamente à União a organização e 
manutenção do Poder Judiciário, Ministério Público do Distrito 
Federal e territórios e a Defensoria Pública dos Territórios; da 
Polícia Civil, Militar e Corpo de Bombeiros.
• COMPETÊNCIA MATERIAL COMUM DA UNIÃO, ESTADOS, 
DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS:
As hipóteses de competência material comum, que podem ser 
exercidas tanto pela União como pelos Estados, Distrito Federal 
e Municípios, estão previstas no art. 23 da Constituição Federal. 
De acordo com o referido artigo, compete a todos os entes 
federativos, basicamente: zelar pela guarda da Constituição, 
das leis e instituições democráticas, conservar o patrimônio 
público; cuidar e prestar assistência pública a saúde; proteger as 
pessoas portadoras de deficiência, documentos, obras e outros 
bens de valor histórico, artístico e cultural; proporcionar meios 
de acesso à cultura, educação, ciência e tecnologia; proteger 
o meio ambiente e combater a poluição em todas as suas 
formas, dentre outras hipóteses quenão estejam previstas na 
Constituição como de competência exclusiva da União. 
Portanto, a distribuição de competência material entre os 
entes federativos está feita nos artigos 21 e 23 da Constituição, 
conforme o quadro comparativo abaixo:
66
 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 5NPJ 
Quadro comparativo sobre Competência Material
Fonte: Elaborada pela autora.
Para ilustrar, aluno, vamos ver conhecer um julgado do STF 
sobre a competência material exclusiva da União? 
O Estado do Rio Grande do Norte possui uma Lei Orgânica dos 
Procurados do Estado, a Lei Complementar 240/2002. Muito 
bem, a referida lei, em seu art. 88, previu a concessão de porte de 
arma ao Procurados Geral do estado independente de qualquer 
ato formal de licença ou autorização. Em face disso, o Procurador 
Geral da República propôs ação direta de inconstitucionalidade 
perante o STF, alegando que referida norma feria dispositivos da 
Constituição Federal. 
À primeira vista, pode parecer um caso de violação às regras 
de repartição de competência legislativa, não é mesmo? Mas 
não, aluno. O STF entendeu que o referido dispositivo da Lei 
estadual é inconstitucional, em face da interpretação extensiva 
do art. 21, VI, segundo a qual a competência privativa da União, 
para “autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material 
bélico”, também engloba outros aspectos inerentes ao material 
bélico, como sua circulação em território nacional. Logo, 
asseverou que regulamentações atinentes ao registro e ao porte 
de arma também são de competência privativa da União, por 
ter direta relação com a competência de “autorizar e fiscalizar a 
produção e o comércio de material bélico” – e não apenas por 
tratar de matéria penal, cuja competência também é privativa da 
União (art. 22, I, da CF). 
Assim, consignou que compete privativamente à União, e não 
aos Estados, determinar os casos excepcionais em que o porte 
COMPETÊNCIA MATERIAL
ART. 21 DA CF/88 ART. 23 DA CF/88
EXCLUSIVA – INDELEGÁVEL, 
SOMENTE A UNIÃO EXERCE.
COMUM – TODOS OS 
ENTES FEDERATIVOS PODEM 
EXERCER.
HIPÓTESES TAXATIVAS
HIPÓTESES 
EXEMPLIFICATIVAS
77
 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 5NPJ 
de arma de fogo não configura ilícito penal, matéria prevista 
no art. 6º da Lei 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento), 
declarando a inconstitucionalidade do dispositivo em análise. 
(ADI 2.729, voto do rel. p/ o ac. min. Gilmar Mendes, j. 19-6-
2013, P, DJE de 12-2-2014).
Vê-se então, aluno, que, por vezes, a distribuição da 
competência material também irá influenciar na competência 
legislativa, certo? Sobretudo, naqueles casos não previstos 
expressamente no texto constitucional. Dessa forma, são 
temas que estão interligados.
• COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PRIVATIVA DA UNIÃO:
As matérias de competência legislativa privativa da União estão 
contidas no art. 22 da Constituição Federal, são elas matérias de 
interesse geral, nacional. O parágrafo único do referido artigo 
prevê a possibilidade de delegação da competência aos Estados, 
por isso trata-se de competência privativa e não exclusiva. 
 
• COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE DA UNIÃO, 
ESTADOS E DISTRITO FEDERAL: 
As matérias de competência legislativa concorrente, atribuídas 
concomitantemente à União, aos Estados e ao Distrito Federal, 
estão previstas no art. 24 da Constituição Federal. Compete à 
União estabelecer normas gerais, cabendo aos Estados e Distrito 
Federal a edição de normas complementares que atendam às 
suas peculiaridades. 
Não havendo lei federal que disponha sobre as normas gerais, 
ou seja, quando a União não exercer a sua competência, 
a competência dos Estados será plena (art.24, §3º), não 
restará prejudicada ante a inércia da União. Entretanto, na 
superveniência de lei federal, a lei estadual será suspensa 
naquilo que lhe for contrária. 
Por exemplo, a União, os Estados e o Distrito Federal possuem 
competência legislativa concorrente para ditar normas sobre 
88
 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 5NPJ 
produção e consumo, conforme o art. 24, V da Constituição 
Federal. O Estado de Minas Gerais, valendo-se da sua competência 
constitucional, editou a lei 14.507/2002, estabelecendo normas 
para a venda de títulos de capitalização e similares no Estado. 
Referida Lei foi julgada inconstitucional pelo STF, que entendeu 
que a mesma estabelece norma contrária às normas gerais 
editadas pela União, no caso o Código de Defesa do Consumidor. 
(ADI 2905/MG. Rel. Min. Marco Aurélio, j. 16.11.2016. Pleno). Tal 
julgamento teve como base o fato de que o Estado, no exercício 
da competência legislativa concorrente, somente pode editar 
normas para adaptar a legislação federal à realidade local, sem, 
entretanto, interferir na competência geral da União, bem como 
contrariar as regras já editadas por ela. 
No presente caso, a legislação do Estado de Minas Gerais 
somente seria constitucional se houvesse a inércia da União, se 
não existissem normas gerais editadas pela União regulando as 
relações de consumo, no caso o Código do Consumidor. Uma 
vez existente, a legislação estadual não pode contrariá-lo sob 
pena de inconstitucionalidade, como ocorreu no presente caso. 
Compreendido, aluno?
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
ART. 22 DA CF/88 ART. 24 DA CF/88
PRIVATIVA DA UNIÃO
CONCORRENTE ENTRE 
UNIÃO, ESTADOS E 
DISTRITO FEDERAL
PODE SER DELEGADA 
POR MEIO DE LEI 
COMPLEMENTAR
UNIÃO EDITA NORMAS 
GERAIS E ESTADOS NORMAS 
COMPLEMENTARES
Quadro comparativo sobre Competência Legislativa
Fonte: Elaborado pela autora.
• COMPETÊNCIA EXPRESSA DOS MUNICÍPIOS (LEGISLATIVA 
E MATERIAL):
99
 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 5NPJ 
Além da competência material comum prevista no art. 23 
da CF/88, os municípios possuem algumas competências 
específicas baseadas no interesse local, as quais estão 
enumeradas no art. 30 da Constituição Federal. O dispositivo 
se refere à competência legislativa do município como único 
ente competente para, por exemplo, legislar sobre assuntos de 
interesse local, e suplementar a legislação federal e estadual 
no que couber. Por óbvio, as leis editadas pelo município não 
podem contrariar as regras instituídas pela União e Estados, 
e devem apenas se referir a aspectos locais, jamais podendo 
estabelecer regras gerais. 
Além disso, o Município também possui competência material 
para manter, com a cooperação técnica e financeira da União 
e do Estado, programas de educação infantil e de ensino 
fundamental; prestar, com a cooperação técnica e financeira 
da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da 
população; promover, no que couber, adequado ordenamento 
territorial, mediante planejamento e controle do uso, do 
parcelamento e da ocupação do solo urbano e promover a 
proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a 
legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. 
Portanto, o que irá definir a competência do Município é a 
preponderância do interesse local. Sobre o assunto o STF já se 
manifestou em diversas situações, quer ver? Por exemplo, o STF 
firmou entendimento no sentido de afirmar a competência do 
município para legislar sobre a questão sucessória dos cargos de 
prefeito e vice por ser matéria de interesse local (ADI 3549-5, DJ 
31.10.2007, rel. Min. Cármen Lúcia), também reconheceu que 
matérias relativas à instalação de portas eletrônicas e câmaras 
filmadoras em estabelecimentos bancários são de interesse 
local, admitindo a competência do Município para legislar sobre 
o assunto (AgRg 347717-0, rel. Min. Celso de Mello, DJ 05.08.05; 
AgRg 491420-2).
DA REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS EM MATÉRIA DE 
PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL
1010
 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 5NPJ 
Quando se analisa oart. 23 da Constituição Federal que traz as 
hipóteses de competência material comum da União, Estados, 
Distrito Federal e Municípios, no inciso III se lê “III - proteger os 
documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico 
e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis 
e os sítios arqueológicos”, e no inciso IV “impedir a evasão, a 
destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros 
bens de valor histórico, artístico ou cultural”. (BRASIL, 1988). 
Logo, percebe-se que o constituinte, ao incluir a proteção dos 
bens de valor histórico e cultural no referido dispositivo, não 
determinou um único ente competente para tanto, mas atribuiu 
essa competência a todos eles. 
Como estudamos, a competência material concorrente significa 
que o seu exercício pode ser feito por mais de um ente federativo 
ao mesmo tempo, que a competência de um não exclui a de 
outro, permitindo assim uma atuação conjunta. Sendo assim, 
pode-se inferir que a proteção do patrimônio histórico e cultural 
é uma responsabilidade de todos os entes federativos, de acordo 
com o que dispõe a Constituição. 
Entretanto, o art. 30 da Constituição Federal, ao enumerar as 
competências específicas dos municípios em seu inciso IX, atribui 
ao ente municipal a competência para promove a proteção 
do patrimônio histórico-cultural local. Sendo assim, o que se 
extrai do texto constitucional é que o exercício da competência 
de um ente não exclui a competência de outro no que tange 
a proteção do patrimônio histórico e cultural. Todavia, quando 
se tratar de um patrimônio local, a competência do município 
merece destaque.
SISTEMA RECURSAL NO PROCESSO COLETIVO
No Brasil não há uma unificação das leis referentes ao processo 
coletivo, o mesmo é regulado por leis esparsas como a lei da 
ação popular (Lei nº 4.717/65), a lei do mandado de segurança 
coletivo (Lei nº 12.016/09), a lei da ação civil pública (Lei nº 
1111
 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 5NPJ 
7.347/85), o Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90) 
e outras. 
ATENÇÃO! Apesar de ainda não aprovado, é importante que você 
saiba da existência de projeto de lei que prevê a sistematização 
de um Código de Processo Coletivo, projeto de autoria da 
Professora Ada Pellegrini Grinover, em conjunto com outros 
membros do Instituto Brasileiro de Direito Processual, que traz 
uma unificação no trâmite das ações coletivas, especificando 
os princípios que as norteiam. A aprovação do referido projeto, 
quando ocorrer, significará um grande avanço na legislação 
brasileira e uma dinamização do processo civil, contribuindo 
inclusive para a celeridade da prestação jurisdicional, vez que 
tal projeto prevê a ampliação do rol de legitimados ativos para 
a propositura das ações coletivas, facilita e dá preferência ao 
processo de execução coletiva.
Como não há, ainda, um código de processo coletivo, cada 
lei disciplina como se dá a tramitação das ações coletivas. Em 
regra, elas direcionam para a aplicação subsidiária do Código 
de Processo Civil (art. 7º da Lei nº 4.717/65; art. 19 da Lei nº 
7.347/85 e art. 90 da Lei nº 8.078/90), e estipulam algumas 
outras regras peculiares que não podem ser contrariadas. No 
que tange ao sistema recursal, não havendo previsão expressa 
na lei específica, como é o caso do Mandado de Segurança, 
aplicam-se as disposições gerais do Código de Processo Civil. 
Os recursos, no Código de Processo Civil estão previstos no 
Título II, arts. 994 a 1.044. De acordo com o art. 994, no processo 
civil brasileiro, são possíveis os seguintes recursos: apelação, 
agravo de instrumento, embargos de declaração, recurso 
ordinário, recurso especial, recurso extraordinário, agravo em 
recurso especial ou extraordinário e embargos de divergência. 
São esses, portanto, os recursos aplicáveis ao processo coletivo 
e suas respectivas ações.
DOS RECURSOS CABÍVEIS CONTRA SENTENÇA E DECISÕES 
INTERLOCUTÓRIAS JURISDIÇÃO NO PROCESSO COLETIVO
Muito bem. Contra as decisões proferidas pelo juízo de primeira 
instância, pode-se manejar três tipos de recurso: apelação, 
1212
 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 5NPJ 
embargos de declaração e agravo de instrumento. 
• AGRAVO DE INSTRUMENTO: está previsto no art. 1015 do 
CPC, é dirigido ao Tribunal competente para julgamento, 
possui prazo de 15 dias para a interposição (art. 1.003, §3º do 
CPC) e é cabível contra decisões interlocutórias (decisões não 
terminativas) que versem sobre tutelas provisórias; mérito do 
processo; rejeição da alegação de convenção de arbitragem, 
incidente de desconsideração da personalidade jurídica, 
rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do 
pedido de sua revogação, exibição ou posse de documento ou 
coisa; exclusão de litisconsorte; rejeição do pedido de limitação 
do litisconsórcio; admissão ou inadmissão de intervenção de 
terceiros; concessão, modificação ou revogação do efeito 
suspensivo aos embargos à execução; redistribuição do 
ônus da prova; decisões interlocutórias proferidas na fase 
de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, 
no processo de execução e no processo de inventário. Deve 
observar os requisitos formais dos arts. 1.016 e 1.017 do CPC 
e seguido do comprovante de recolhimento do preparo, na 
forma do art. 1.007 e art. 1.017, §1º do mesmo diploma.
• APELAÇÃO: está prevista no art. 1.009 do CPCP. Cabe contra 
as sentenças resolutivas do mérito, ou não. Ou seja, quando 
se estiver diante de uma decisão de primeiro grau e não for 
uma decisão interlocutória, nem for o caso de sanar vício 
de omissão, obscuridade, contradição ou erro material, 
será cabível o recurso de apelação. A apelação é composta 
por duas petições, uma de interposição dirigida ao juízo de 
primeiro grau, ou seja, aquela que proferiu a decisão recorrida, 
o qual encaminhará o recurso ao Tribunal competente para 
julgamento. Anexas devem ir as razões recursais, ou razões 
da apelação, onde deverá restar fundamentado o pedido 
de reforma com a devida exposição dos fatos, resumo da 
decisão impugnada, o que se pretende reformar e o direito 
que fundamenta o pedido, na forma do art. 1.010 do CPC. Há 
ainda a necessidade de recolhimento do preparo recursal, das 
custas necessárias para o processamento do recurso, o qual 
1313
 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 5NPJ 
deve ser demonstrado mediante juntada no comprovante 
de pagamento na petição, eis que é um dos requisitos de 
admissibilidade do recurso, conforme o art. 1007 do CPC. 
O prazo para a interposição da apelação é de 15 dias (art. 
1.003, §3º do CPC) . Em regra, possui efeito suspensivo, com 
exceção de algumas hipóteses previstas em lei e no §1º do 
art. 1.012 do CPC. ATENÇÃO! Nas ações coletivas, a apelação 
também possui efeito suspensivo, conforme o art. 14 da Lei 
nº 7.347/85 e art. 19 da Lei nº 4.717/65.
• EMBARGOS DE DECLARAÇÃO: Está previsto no art. 1022 
do CPC. Possui prazo de 5 dias para oposição e são cabíveis 
contra qualquer decisão que contenha omissão, obscuridade, 
contradição ou erro material. Os embargos são dirigidos ao 
juiz que proferiu a decisão com a indicação do vício. Não 
possuem efeito suspensivo e interrompem a contagem de 
prazo para a interposição de recurso. Ao contrário dos outros 
recursos, não se sujeitam a preparo conforme previsão 
expressa do art. 1.023 do CPC.
Pronto, aluno! Após essa revisão você já possui os elementos 
necessários para trabalhar e elabora a peça processual cabível 
na situação que lhe foi apresentada. Pode começar!
PRIMEIRA FASE! 
QUESTÃO 01 
Sobre a repartição constitucional de competências, leia e analise 
os itens abaixo: 
I – A competência legislativa da União é exclusiva, não podendo 
ser delegada.
II – A União, os Estados e o Distrito Federal possuem 
1414
 Direito Constitucional - SuaPetição - Seção 5NPJ 
competência legislativa comum para legislar sobre a proteção 
ao patrimônio histórico.
III – A União possui competência material exclusiva para 
proteger o meio ambiente e impedir a destruição de bens de 
valor histórico-cultural. 
Após analisar os itens acima, identifique quais possuem 
afirmações verdadeiras e assinale a alternativa abaixo que 
contém somente estes itens:
A) I.
B) II, III.
C) I, II, III.
D) II.
E) I, III.
ALTERNATIVA CERTA: D
RESPOSTA COMENTADA: A competência material da União é 
exclusiva, ou seja, não pode ser delegada, mas a competência 
legislativa é privativa, ou seja, é originária sua, mas pode por ela 
ser delegada a outro ente. A competência para legislar sobre a 
proteção do patrimônio histórico cultural é concorrente entre a 
União, os Estados e o Distrito Federal, bem como a competência 
material para proteger o meio ambiente e impedir a destruição 
de bens de valor histórico cultural é comum a União, Estados, 
Distrito Federal e Municípios.
QUESTÃO 02
No Brasil não há uma unificação das leis referentes ao processo 
coletivo, o mesmo é regulado por leis esparsas como a lei da 
ação popular (Lei nº 4.717/65), a lei do mandado de segurança 
coletivo (Lei nº 12.016/09), a lei da ação civil pública (Lei nº 
7.347/85), o Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90) 
e outras. 
1515
 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 5NPJ 
Sobre o sistema recursal no processo coletivo, assinale a 
alternativa correta: 
A) O Código de Processo Civil não se aplica ao processo coletivo.
B) A leis esparsas que tratam das ações coletivas não admitem a 
apelação como recurso.
C) No código de processo coletivo todos os recursos possuem 
efeito suspensivo.
D) Ao processo coletivo aplica-se subsidiariamente o Código de 
Processo Civil.
E) No processo coletivo o único recurso cabível é o recurso ordinário.
ALTERNATIVA CORRETA: D
RESPOSTA COMENTADA: O Brasil não possui uma codifi cação 
unifi cada para o processo coletivo, sendo o mesmo tratado 
através de leis esparsas específi cas, em especial o Código de 
Defesa do consumidor e as leis da ação civil pública, ação popular 
e mandado de segurança coletivo. Tais leis trazem algumas 
peculiaridades às referidas ações, entretanto recomendam a 
aplicação subsidiária do Código de Processo Civil naquilo que 
não lhe for contrário.
Vamos peticionar!
Aluno, pode acreditar que você está preparado para a prática, 
vamos seguir sem receio! Aqui vamos lhe dar o passo a passo 
para você solucionar o caso proposto no “Sua Causa” e 
elaborar corretamente a peça processual exigida, ok? 
Muito bem. O primeiro passo é a identifi cação da peça 
processual a ser elaborada, pela descrição do caso você já 
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 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 5NPJ 
sabe que se trata de um recurso, correto? Você deve então, 
antes de mais, verificar que tipo de decisão será impugnada: 
é uma sentença ou uma decisão interlocutória? A partir daí 
você já elimina algumas peças. Identificado o tipo da decisão 
recorrida, veja o que se pretende impugnar: há algum vício 
formal, obscuridade ou contradição? Se não, só lhe resta uma 
alternativa de recurso, não é mesmo? Pronto, identificada a 
peça vamos a sua construção. 
Como em qualquer outro recurso, você precisa primeiro 
observar qual o prazo para a interposição, pois a tempestividade 
é um dos requisitos formais de admissibilidade do recurso e 
precisa ser demonstrado o seu preenchimento. Quanto a isso, 
observe se o mesmo segue a regra geral de 15 dias prevista no 
CPC, ou se há algum prazo específico para a sua interposição. 
Ademais, observe como deve ser estruturada a sua peça: ela 
consiste em uma petição única, ou há uma petição de interposição 
e uma com as razões recursais? Se sim, a quem cada uma delas 
deve ser dirigida? As petições devem ser endereçadas a quem irá 
apreciá-la. Ademais, você deve estar atento a fundamentação 
jurídica necessária para reverter a decisão, bem como ao pedido 
a ser formulado, ok? Mãos à obra!
Aluno, você está pronto para elaborar o que lhe foi solicitado 
no “Sua Causa”, fique tranquilo e vá com calma e atenção. 
Lembre-se que você estará atuando como advogado da 
Associação, em defesa de direito difuso da população do 
município de Caicó.
Procure identificar qual a ação coletiva que pode ser proposta 
por Associação, ou seja, em que esta pode figurar no polo 
ativo da demanda. Veja ainda quais os requisitos legais para 
que reste configurada a legitimidade ativa da ação, você deve 
deixá-los demonstrados de forma expressa em sua peça. 
Atente também para o local em que a ação será ajuizada, o 
foro competente será o do local onde o patrimônio público 
que a ação visa proteger está situado. 
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 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 5NPJ 
Você viu ainda que cada ação coletiva possui suas hipóteses 
de cabimento, logo, identificado que o objeto da ação será 
a proteção de patrimônio histórico e cultural, você deverá 
fazer o enquadramento legal do objeto na hipótese legal 
da respectiva lei que regulamenta a ação a ser proposta, 
demonstrando para o juiz que irá julgar a sua petição que a 
você propôs a peça processual correta.
Não se esqueça de fazer uma robusta exposição dos fatos, e 
também de deixar expressa a fundamentação legal da peça 
e dos pedidos, obedeça também os requisitos formais das 
ações coletivas, lembrando de verificar se há a necessidade de 
notificação do Ministério Público e se deve haver o recolhimento 
de custas e emolumentos. Por fim, não se esqueça de atribuir 
valor à causa, seguindo minimamente uma correspondência 
com o valor econômico que se busca resguardar na ação, datá-
la e assiná-la. Dito isso, vamos à prática!
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 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 5NPJ

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