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algo que será abordado ao longo da redação e não seja demasiamente óbvio. LINGUAGEM A característica mais marcante da linguagem de um texto dissertativo-argumentativo é a impessoali- dade. Isso pode parecer um tanto contraditório, uma vez que se pretende defender um ponto de vista pes- soal na redação. Muito embora a abordagem seja pes- soal, ela deve ser passada de forma impessoal, como se o que está sendo dito fosse uma verdade universal, não uma opinião. Por isso, deve-se evitar o uso da 1a pessoa do singular. Tal recurso proporciona maior credibilidade ao texto e maximiza a possibilidade de convencimento. Observa-se: “ Em primeiro lugar é bastante coerente dizer que a educação no Brasil é muito deficitária.” A seguir, é possível ver como ficaria esse mesmo trecho se o autor tivesse empregado uma linguagem mais pessoal, fazendo uso da 1a pessoa do singular: “ Em primeiro lugar, eu acho que a educação no Bra- sil é muito deficitária.” A simples adesão do termo “eu acho” transformou a segunda construção em uma analíse extremamente pessoal. Isso ficou camuflado na primeira consrução, pois, nela, o autor se restringiu a dizer que “é coeren- te”, tratando o problema da deficiência da educação no Brasil não como uma opinição, mas como um fato. Por esse mesmo motivo, o uso imperativo e de inter- locuções também deve ser evitado. Já a 1a pessoa do plural (nós), muito embora não seja recomendada, não é condenável, contanto que seja usada para in- cluir leitor e autor em um grande grupo, como “hu- manidade” ou “brasileiros”. Qualquer restrição a pe- quenos grupos deve ser evitada. Além disso é preciso atentar para o uso de verbos. Observe-se algumas passagens: “ O altruísmo e o pensamento ao longo prazo perdem cada vez mais espaço no mundo contemporâneo.” “ Tal fato abrange não só os relacionamentos pessoais mais próximos, como também nosso comportamento diante das maiores calamidades mundiais, o que faz com que olhemos através da tela da televisão desgraças em todo o planeta e continuemos a viver nossas vidas.” Todos os verbos destacados estão no presente do indicativo. Esse tempo e esse modo não têm uma co- notação temporal e permitem uma generalização pró- pria a esse tipo de texto. Portanto, devem predominar nas dissertações. Por fim, é essencial destacar que as dissertações ar- gumentativas devem ser redigidas dentro da varieda- de padrão, a norma culta da língua portuguesa. Isso permite que elas sejam lidas e entedidas pelos mais diversos tipos de leitores, aumentando a sua abran- gência. A DISSERTAÇÃO NO ENEM A dissertação do Enem não difere muito de quais- quer outras dissertações. Há, porém, alguns tópicos específicos muito importantes nessa prova. Antes de mais nada, é importante saber que o can- didato será desafiado a elaborar, em cerca de 30 linhas, uma dissertação argumentativa a respeito de um tema de ordem predominantemente social, científica/tecnló- gica, cultural e política. Os critérios de correção são chamados de competências e avaliarão aspecto que devem ter sido desenvolvidos durante os anos de es- colaridade, como o domínio da língua portuguesa, a organização textual, o conhecimento de atualidades, a capacidade de formar e expor uma opinião, entre ou- tros. Por fim, o candidato deve elaborar propostas de in- tervenção para o problemas apresentado no desenvol- vimento do texto, sempre respeitando os direitos hu- manos. Essa é uma característica específica do Enem: enquanto, em outras provas, as propostas de solução são apenas uma estratégia possível, nesse Exame, elas são fundamentais e vale 200 ponto do total de 1.000. AS COMPETÊNCIAS DO ENEM Como foi visto, e Enem chama de “competências” os critérios de correção da redação. São cinco no total, e cada uma delas vale 200. Em casa uma, o candida- to poderá ganhar 200, 160, 120, 80 ou 40 pontos. São elas: Competência 1 - Demonstrar domínio da modalida- de escrita formal da língua portuguesa. Competência 2 - Compreender a proposta de re- institutoeducarte.org.br 17 Vol. 3 REDAÇÃO PRÉ-ENEM dação e aplicar conceitos das várias áreas de conhe- cimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo - argumentativo em prossa. Competência 3 - Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. Competência 4 - Demostrar conhecimentos dos mecanismos linguísticos necessários para a constru- ção da argumentação. Competência 5 - Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos. A INTERDISCIPLINARIDADE O Enem é uma prova interdisciplinar, o que pode ser comprovado pela existência de grandes “áreas” e a não divisão em “matérias”. Há, portanto, a prova de Linguagens, a de Ciências da Natureza, a de Ciências Humanas e a de Matemática, além da Redação. Nes- se sentido, o diálogo entre as diferentes disciplinas é extremamente valorizado, o que não poderia ser dife- rente na redação. A competências 2 requer a aplicação de conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver esse tema. Dessa forma, o Enem valori- za a sugestção de um tópico de outra disciplina que corrobote com a argumentação, como fez um canti- dato na prova de 2012, cujo tema era imigração para o Brasil no século XXI, empregando conhecimentos de história. “ Desde o Brasil Colônia, a imigração para o Brasil é expressiva. Foi preciso povoar o território para garan- tir o controle da região e, além disso, escravos foram trazidos da África para satisfazer às necessidades eco- nômicas das lavouras. Mais tarde, já no Brasil Império, com a abolição da escravatura, imigrantes europeus en- cheram os portos brasileiros para substituir a mão de obra e embranquecer a população. No brasil República, a abertura para o capital estrangeiro trouxe multina- cionais para o país. Neste século XXI, as causas da imi- gração são outras e decorrem dos avanços do país.” AS PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO Como visto também nas competências, outro as- pecto extremamente importante são as propostas de intervenção, que valem um quinto do total de pontos da prova de redação. A seguir, é possível ver o que o Inep diz sobre esse quesito: “ A proposta de intervenção precisa ser detalhada de modo a permitir ao leitor o julgamento sobre sua exe- quibilidade, portanto, deve conter a exposição da inter- venção sugerida e o detalhamento dos meios para reali- zá-la. A proposta deve, ainda, refletir os conhecimentos de mundo de quem a redige, e a coerências da argu- mentação será um dos aspectos decisivos no processo de avaliação. É necessário que ea respeite os direitos hu- manos, que não rompa com valores como cidadania, li- berdade, solidariedade e diversidade cultural. Ao redifir seu texto, procure evitar propostas vagas, gerais; busque propostas mais concretas, específicas, consistentes com o desenvolvimento de suas ideias. Antes de elaborar sua proposta, procure responder às seguintes perguntas: O que é possível apresentar como proposta de intervenção na vida social? Como viabilizar essa proposta? ” É possível concluir, portanto, que levará 200 pontos nessa competência o candidato que fugir de utopias e elaborar muito bem as propostas de intevenção, de maneira detalhada, relacionada ao tema e articulada à discussão desenvolvida no texto. Após essa rápida introdução sobre dissertação argu- mentativa, e antes de aprofundar-se em cada um dos tópicos, vale lembrar o que é essencial para a redação do Enem, além, obviamente, de uma boa argumenta- ção: Redação do Enem: • Estrutura ortodoxa (introdução, desenvolvi- mento, conclusão). • Precupação social • Linguage impessoal • Interdisciplinaridade • Proposta de intervenção QUESTÃO 1 A partir da leiturados textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema Publicidade infantil em questão no Brasil, apresentan- do proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. institutoeducarte.org.br 18 Vol. 3 REDAÇÃO PRÉ-ENEM TEXTO I A aprovação, em abril de 2014, de uma resolução que considera abusiva a publicidade infantil, emitida pelo Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), deu início a um verdadei- ro cabo de guerra envolvendo ONGs de defesa dos direitos das crianças e setores interessados na con- tinuidade das propagandas dirigidas a esse público. Elogiada por pais, ativistas e entidades, a resolução estabelece como abusiva toda propaganda dirigida à criança que tem “a intenção de persuadi-la para o consumo de qualquer produto ou serviço” e que uti- lize aspectos como desenhos animados, bonecos, lin- guagem infantil, trilhas sonoras com temas infantis, oferta de prêmios, brindes ou artigos colecionáveis que tenham apelo às crianças. Ainda há dúvidas, po- rém, sobre como será a aplicação prática da resolução. E associações de anunciantes, emissoras, revistas e de empresas de licenciamento e fabricantes de produtos infantis criticam a medida e dizem não reconhecer a legitimidade constitucional do Conanda para legislar sobre publicidade e para impor a resolução tanto às famílias quanto ao mercado publicitário. Além disso, defendem que a autorregulamentação pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Co- nar) já seria uma forma de controlar e evitar abusos. IDOETA, P. A.; BARBA, M. D. A publicidade infantil deve ser proibida? Disponível em: www.bbc.co.uk. Acesso em: 23 maio 2014 (adaptado). TEXTO II TEXTO III Precisamos preparar a criança, desde pequena, para receber as informações do mundo exterior, para com- preender o que está por trás da divulgação de produ- tos. Só assim ela se tornará o consumidor do futuro, aquele capaz de saber o que, como e por que comprar, ciente de suas reais necessidades e consciente de suas responsabilidades consigo mesma e com o mundo. SILVA, A. M. D.; VASCONCELOS, L. R. A criança e o marketing: informações essenciais para proteger as crianças dos apelos do marketing infantil. São Paulo: Summus, 2012 (adaptado). 1. A partir da leitura dos texto da coletânea da pro- va, de que forma é possível resumir, em uma frase, o tema proposta pela banca avaliadora? 2. Qual seria uma tese viável para o tema apresenta- do, rejeitando os direitos humanos? 3. Como cada um dos textos pode ser útil para a construção da tese? 4. Quais interdisciplinares poderiam ser usadas nesse tema? 5. A partir dos argumentos que pautam a tese evi- denciada na questão 02, aponte duas possíveis inter- venções para o tema abordado. O PARÁGRAFO DE INTRODUÇÃO O primeiro parágrafo de uma dissertação é de ex- trema importâncias, pois é ele que determinará o rau de interesse que o leitor terá que continuar com aquele texto. Se, logo na introdução, a abordagem não for in- teressante, isso certamente comprometerá todo o res- to. É importante, no entanto, atentar para o fato de que não deve haver teor argumentativos nesse parágrafo. Aqui, o autor deve somente deixar claro seu posicio- namento e apresentar o que será defendido ao longo do texto, nos parágrafos de desenvolvimento. NOÇÕES GERAIS O próprio nome é bastante explicativo: o parágrafo de introdução é aquele que inicia a redação e deve, de fato, introduzir a temática que será defendida ao longo do texto. Não existe uma regra fixa que estabeleça o número de linhas para esse parágrafo, porém, é interessante atentar para o certo equilíbrio no número de linhas. Ou seja, em uma redação de 30 linhas, cerca de 5 ou 6 serem dedicadas à introdução é suficiente. ELEMENTOS ESSENCIAIS DE UMA INTRODUÇÃO institutoeducarte.org.br 19 Vol. 3 REDAÇÃO PRÉ-ENEM Uma bao introdução de uma dissertação argumen- tativa deve cumprir duas - e somente duas! - funções essenciais: contextualizar o tema e sugerir a tese. Ou seja, é preciso apresentar para o leitor o assunto em foco e deixar claro o que será defendido ao longo do texto. Essa é a forma mais tradicional e eficaz de intro- duzir um texto dissertativo. Chama-se de contextualizar o tema o ato de trazer aquela problemátiva para a realidade do leitor, tra- çando um panorama inical do tema. Nesse sentido, é preciso mostrar, em algumas linhas, que temática é aquela e qual é a sua relevâncias no panorama vigente. Introdução: • Contextualiza o tema • Sugere a tese A CONTEXTUALIZAÇÃO São diversas as formas possíveis para contetualizar o tema, mas três se afirmam como as mais recorren- tes e fáceis de implementar: a primeira é a abordagem histórica. Como o próprio nome indica, esse tipo de constextualização dá um tratamento histórico para a questão tematizada, mostrando ao leitor um panora- ma que não se dá somente na comtemporaneidade. Essa estratégia permite, inclusive, que o autor também ganhe alguns pontos com interdisciplinaridade. Ou seja, é uma forma duplamente eficaz de enriquecer o texto. A segunda boa possibilidade é a situação concreta, ou seja, começar o texto relatando para o leitor um fato que tenha ocorrido e ganhando grande reper- cussão midiática. Essa tática é excelente para o leitor conceber melhor aquela questão e se identificar ime- diatamente com o texto. Já a terceira forma é a mais simples de todas: o candidato pode simplesmente discorrer sobre o tema sugerido, traçando um panorama daquela tópico. As- sim, o leitor tem um “apanhado” da temática e conse- gue enxergá-la de forma bastante ampla. Assim, é importante ficar atento para os principais recursos de contextualização na introdução: Contextualização: • Abordagem histórica • Situação concreta • Panorama geral A SUGESTAÇÃO DA TESE No sugestão da tese, o candidato deve colocar, de forma abrangente, os pontos que serão abordados e defendidos ao longo do texto. Existem, basicamente, duas formas excelentes para isso. Uma delas é a chamada citação de argumentos, ou seja, colocar, de forma pontual, os argumentos que serão resgatados ao longo do desenvolvimento, na or- dem em que eles aparecerão. Essa estratégia é impos- sível sem um bom planejamento do texto. Outro boa forma de sugerir a tese é por meio de questionamentos. Terminar a introdução com algumas perguntas, que serão respondidas ao longo do desen- volvimento, pode não só ajudar o leitor a se organizar em relação ao que está sendo defendido, como tam- bém criar uma conectividade no texto como um todo. Estas são as principais estratégias para sugestação de tese: Sugestão: • Citação de argumentos • Questionamentos QUESTÃO 2 Leia a introdução a seguir. Ela foi retirada de uma re- dação acerca da valorização do corpo humano: “No contexto atual, é muito evidente a valorização do corpo humano. Formas físicas perfeitas e desco- bertas na medicina são constantemente divuldadas pelos meios de comunicação, que bombardeiam a po- pulação com essas informações. Ao contrário do que gostam de afirmam aqueles que têm posicionamentos radicais, essa estima não é negativa. Pode ser muito positivo valorizar o corpo, desde que isso venha atre- lado ao preço, também, pelo intelecto e pelo espiritu- al, pois essas noções se complementam. O problema é que muitos tendem ao exagero, e optam por somente um dos meios, como se fossem, então, excludentes. E a adoração somente ao corpo humano pod, enfim, ser perigosa.” 1. A introdução lida constrói as duas funções essen- ciaisdesse parágrafo. Até que momento do texto vai a contextualização do tema? 2. Qual foi a estratégia utilizada pelo autor para con- textualizar? A partir disso, levante hipótese: por que ele pode ter escolhido essa estratégia? institutoeducarte.org.br 20 Vol. 3 REDAÇÃO PRÉ-ENEM 3. O autor não usou nem citação de argu- mentos, nem questionamentos para sugerir a tese. Ainda sim, é possível entender qual é seu posicionamento? 4. Com relação ao mesmo tema, construa uma contextualização com uma abordagem histórica. 5. Agora, complete seu parágrafo sugerindo a sua tese por meio da citação de argumentos. OS PARÁGRAFOS DE DESENVOLVIMENTO Sem correr o risco de parecer óbvio, dá-se o nome de “parágrafos de desenvolvimento” àqueles que de- senvolvem a tese. Eles também podem levar o nome de “parágrafos de argumentação” e são vitais para o objetivo total da redação, uma vez que guardam a de- fesa da tese - ou seja, os argumentos - do autor. Uma boa construção desses parágrafos pode garantir pon- tos, especialmente nas competências 2 e 3 da prova do Enem; NOÇÕES GERAIS Antes de qualquer coisa, é preciso entender que parágrafo, em sua etimologia, é uma unidade do texto que trata de uma ideia central e possíveis ideias secun- dárias que corroborem essa noção principal. Essa de- finição cumpre uma função essencial: evidencial que cada parágrafo deve ter uma - e somente uma - ideia central. Uma dissertação argumentativa nos moldes de concursos deve ter dois a três parágrafos de desenvol- vimento, ou seja, deve aprofundar duas ou três ideias centrais. Isso dependerá, basicamente, de quantas ideias boas o autor do texto de argumentos coesos e fundamentado, com base na realidade circundante e na relevância para a temática abordada. ESTRUTURA INTERNA DO PARÁGRAFO Para que seja possível defender uma ideia de ma- neira contundente na dissertação, é preciso, mais do que pensar no conteúdo, ou seja, no que dizer, pensar em como dizer. Um parágrafo desorganiizado, com ideias truncadas, sem conexão entre si, acaba por con- fundir o leitor e desmotivar a leitura. Nesse sentido, a boa forma de um parágrafo é de suma importância e ajuda a garantir essa tão importante organização. Há uma estrutura interna que deve ser seguida em cada parágrafo de desenvolvimento. Todo parágrafo deve inicar com um tópico frasal. Trata-se de um pe- ríodo breve, no qual o autor sintetiza o que será de- senvolvido ao longo daquele parágrafo. Depois dele, vem a ampliação ou explanação. Trata-se do desmem- bramento, da explicação do tópico frasal. Uma boa ampliação é aquela que fundamenta o tópico frasal, deixando forte o argumento do autor. parágrafo do desenvolvimento = tópico frasal + ampliação. A ARGUMENTAÇÃO São muitas as estratégias para se desenvolver uma boa argumentação. Uma das mais eficazes é a analí- se de causas e consequências. Como essa estratégia, o autor demonstra que não só sabe discorrer sobre a problemática, mas que também é capaz de apontar a sua origem e o seu desdobramento. Assim, fica muito mais fácil propor soluções depois. Há, também, a técnica da exemplificação. Por meio dela, o autor ilustra a questão a ser abordada para o seu leitor, e este, por sua vez, é capaz de conectá-la ao seu contexto. Outra estratégia é a da prova concreta, que ocorre quando o autor faz o uso de definições, leis e dados estátisticoss para fortalecer a sua tese. Por fim, há mais uma boa maneira para argumen- tar, que é conhecida como técnica de argumento de autoridade, isto é, fazer uso de uma citação de alguém com alguma credibilidade naquele assunto para ratifi- car ainda mais o que está desenvolvido. É claro que existem, ainda, inúmeras formas de se argumentar, muitas delas nem mesmo “catalogadas” ou colocadas como estratégias. Afinal, qualquer ma- neira de defender seus argumentos de forma coerente, coesa e fundamentada é válida. Argumentação: • Causas e consequências • Exemplificação • Prova concreta • Argumentação de autoridade No entanto, além de saber como argumentar bem, é institutoeducarte.org.br 21 Vol. 3 REDAÇÃO PRÉ-ENEM preciso para o fato de que existem falhas substânciais, que podem destruir uma boa argumentação. A possibilidade de falhas não é exclusiva do desen- volvimento. Porém, como se trata da maior parte do- texto, não é de se espantar que elas se concentre, nessa parte da redação. É possível, por exemplo, que o can- didato peque na linguagem empregada e, no lugar da formalidade da norma culta, faça uso de oralidades, ou mesmo de uma linguagem extremamente rebusca- da. Há, ainda, mais de uma ideia central, cometendo um empilhamento de ideias e tornando a abordagem deveras superficial. A fuga ao tema talvez seja a falha mais de grave de todas e ocorre quando o autor não escreve sobre o que foi pedido na proposta temática. Assim, por melhor que esteja a argumentação, a nota nunca será boa, uma vez que não se dissertou acerca do que foi solicitado. A melhor forma de evitar essas e outras falhas continua sendo com planejamento da redação e revisão do texto. No último capítulo, você leu a introdução de uma redação a respeito da valorização do corpo humano. Agora, leia ops parágrafos de desenvolvimento dessa mesma redação, seguindo o que se pede nas questões. QUESTÃO 3 “Vive-se a realidade ocidental da cultura de massa, na qual a mídia divulga modelos a serem seguidos de acordo com a ilusão de plenitude proposta pelo con- sumismo desenfreado. Considerando que o belo é, constantemente, ligado ao caráter positivo da vida e à felicidade, sendo essa ideia vendida por celebrida- des sempre estonteantes e bem sucedidas, o homem comum busca o mesmo. Entretanto, a valorização do corpo em direção à perfeição física acarreta constan- tes frustações com modelos e ideias inatingíveis pela maioria das pessoas. O que deveria trazer felicidade, assim, traz angústia e insatisfação”. Qual é a ideia principal desse parágrafo? QUESTÃO 4 “Além disso, é importante apontar como esse processo é interessante para o capitalismo. A quantidade de di- nheiro gasta com examos e procedimentos cirúrgicos e estéticos é enorme, o que movimenta a economia e gera capital. É notável, no entanto, que em um mun- do com profundas desigualdades sociais, somente uma minoria tem acesso a essas possibilidades. Dessa forma, perpetua-se à planitude, pois eka pode bancar a busca e obtenção do corpo perfeito, assim como arti- fícios caros e valorizados, como roupas, bolsas e aces- sórios, para enfeitá-lo.” A ideia contida no tópico frasal foi explicada ao longo da ampliação? Se sim, de que forma? Leia o texto abaixo e responda as questões 5 a 7. “Por fim, é vital perceber que a valorização do corpo humano não se liga somente à ideia de beleza. Vive-se uma era de constantes e profundos avançies em medi- cina e tecnologia. A busca incessante pela vida longa e a estimada ideia da eterna juventude acarretam cada vez mais pesquisas em torno da manutenção do corpo sempre jovem. Isso é importante, também, para que a cada cidadão dê conta de viver em um mundo compe- titivo e atribulado, onde o mercado de trabalho é tão acirrado e falta tempo para o cumprimento de todas as atribuições. É necessário um corpo saudável para que se possa sobreviver ao dia a dia, e a busca da saúde maximiza o apreço pelo corpo humano.” QUESTÃO 5 Repara que, no final do parágrafo, o autor fez uma intervenção pontual, o que é permitido no Enem. De que forma isso enriquece a redação? QUESTÃO 6 A respeito do mesmo tema, crie um parágrafo argu- mentativo com uma prova concreta. QUESTÃO 7 Agora, elabora uma paragrafo, argumentativo fazendo uso de um argumento de autoridade. O PARÁGRAFO DE CONCLUSÃO Assim, como em um bom filme ou um bom livro, é preciso“fechar com a chave de ouro” uma redação. O que acontece muitas vezes, toda via é o contrário. Não raro, quando uma pessoa chega a essa parte do texto, bem cansada, ela acaba relaxando. Isso é, entretanto, uma péssima escolha, pois a nota é dada após o final da leitura da redação como um todo, ou seja, um final vai comprometer a nota. A conclução é o grand finale da dissertação argu- mentativa. Como a introdução, espera-se que a con- institutoeducarte.org.br 22 Vol. 3 REDAÇÃO PRÉ-ENEM clusão de um texto com cerca de 30 linhas tenha em média de 5 a 7 linha. Além disso, é preciso que fique claro que, muito embora a dissertação seja argumen- tativa, não há mais espaço para argumentação nesse parágrafo final. As ideias a serem defendidas o foram nos parágrados de desenvolvimento. NOÇÕES GERAIS E FUNÇÕES Primeiramente, é preciso mostrar que o texto che- gou ao fim. Para isso uma boa estratégia é fazer uso de conectivos conclusivos, como “portanto” e “dessa forma”. Depois disso, é interessante ratificar a tese, reafirmando aquilo que foi defendido ao longo do desenvolvimento. Por fim, espera-se que a conclusão consiga elevar o interesse do leitor pelo texto. Conclusão: • Evidencia o final do texto • Sintetiza e ratifica a tese • Eleva o interesse do leitor. A CONSTRUÇÃO DAS INTERVENÇÕES Para finalizar bem o texto, algumas estratégias são interessantes. Uma delas é a aplicação de propostas de intervenção para a problemática abordada. Com isso, além de ter argumentado acerca da questão do tema ao longo do desenvolvimento, uma boa dose de preucupação social é demostrada com tentativas de amenizar a situação, ainda que não seja uma solução definitiva. Na prova de redação do Enem, 1/5 da nota (ou seja, 200 pontos) é direcionado para as propostas de intervenção. Trata-se de uma banca estremamente preucupada com questões sociais e formas de resolvê- -las. Eis o que, segundo o próprio Inep será avaliado na “ Competência 5”. “ O quinto e último aspecto a ser avaliado no seu texto é a apresentação de uma proposta de interven- ção para o problema abordado. Por isso, a sua redação, além de apresentar uma tese sobre o tema, apoiada em argumentos consistentes, deve oferecer uma proposta de intervenção na vida social, ou seja, uma “solução” para o problema. Essa proposta deve considerar os pon- tos abordados na argumentação e deve se relacionar diretamente com a tese desenvolvida no texto e ter co- erência com os argumentos utilizados, já que expressa a sua visão, como autor, das possíveis soluções para a questão discutida. A proposta de intervenção precisa ser detalhada para permitir que o leitor julgue a sua “exe- quibilidade” (a capacidade de ser posta em prática). Por isso, é bom detalhar quais meios são importantes para realizá-la. A proposta deve, ainda, refletir os conheci- mentos de mundo de quem a redige, e a coerência da argumentação será um dos aspectos decisivos no proces- so de avaliação. É necessário que ela respeite os direitos humanos: que não rompa com valores como cidadania, liberdade, solidariedade e diversidade cultural.” Isso deixa claro que, para o Enem, é muito impor- tante que o candidato procure intervir na proble- mática por ele abordada ao longo da argumentação. Tais intervenções devem dizer “ o que ” deve ser feito e “como” isso deve ser feito. Além disso, é preciso que a proposta seja exequível, ou seja, aplicável na nossa re- alidade. Questões utópicas devem ser evitadas. Não se pode, ainda, esquecer de deixar claro qual interventor irá agir sobre aquela intervenção. É importante lembrar os principais interventores: Principais interventores: • Governo • ONGs • Mídia • Indivíduo • Família • Educação • Sociedade Agora, leia a conclusão da redação a respeito da va- lorização do corpo humano e faça o que é pedido. “ Dessa forma, faz-se imprescindível uma reflexão maior sobre os benefícios e malefícios da valorização do corpo humano. Ao mesmo tempo em que é lou- vável a procura pelo bem-estar, pois uma pessoa sau- dável é mais feliz, disposta, e pode trazer benefícios à sociedade, é preciso tomar cuidado com o fortaleci- mento da superficialidade, pois, ao valorizar a perfei- ção do físico em detrimento do espiritual e do mental, incentiva-se a efemeridade leviana. Cabe aos meios educacionais priorizarem a conscientização em dire- ção ao equilíbrio de valores. Não é necessário recrimi- nar a busca da perfeição física, mas é preciso entender a transitoriedade da vida, para aproveitá-la em sua plenitude juntando estética e saúde, bem-estar físico e mental, sem exageros. O corpo não será imortal, posto que é matéria, mas pode ser infito enquanto durar.” institutoeducarte.org.br 23 Vol. 3 REDAÇÃO PRÉ-ENEM QUESTÃO 8 Quais outros conectivos poderiam ser usados no lu- gar de “dessa forma” e também dariam noção conclu- siva à redação? QUESTÃO 9 Por que foi importante para a redação colocar o co- nectivo logo no início da conclusão? QUESTÃO 10 Qual parte da conclusão está ratificando a tese do au- tor? QUESTÃO 11 Essa redação não foi feita nos moldes do Enem. Se o fosse, ela apresentaria um grande problema. Qual? QUESTÃO 12 Com base no que foi respondido na questão anterior, pense em três possíveis intervenções para o proble- mas abordado no tema e desenvolvido na tese. COESÃO Não raro na vida, é possível se deprar com textos que parecem não ter conexão alguma entre as partes. Nos mais diversos gêneros textuais, encontram-se produções que mais parecem blocos de ideias soltas, sem ganchos, que pouco dialogam ou articulam. Isso não quer dizer, necessáriamente, que os tópicos preci- sam aparecer em uma ordem cronológica. Em diver- sas narrativas, como os filmes Titanic e Amnésia, há o final (ou a sugestão dele) antes do desenrolar em si o enredo. Ainda sim, existe um todo que faz sentido, pois, mesmo “fora da ordem”, as partes estão conecta- das e o entendimento não é comprometido. Em dissertações, não há a noção cronológica. Ain- da assim, é preciso que as partes estejam ligadas a fim de que a redação não pareça somente um conjunto de ideias soltas, sem qualquer ligação temática ou lógica entre so. Esse é o papel da coesão textual. NOÇÕES GERAIS Denomina-se coesão textutal a ligação formal entre as partes do texto. Para que um texto tenha conhexão entre suas ideias, é preciso que as frases e os parágra- fos estabeleçam entre si uma relação que garanta a sequenciação coerente do texto e a interdependência entre as ideias. Pra isso, é preciso atentar para algumas questões: em primeiro lugar, a estruturação dos próprios pará- grafos, que podem ser desenvolvidos, dentre outras possibilidades, por causa-consequência, comparação e exemplificação. Deve existir uma articulação entre um parágrafo e outro; Além disso, espera-se que o autor também atente para a estruturação dos períodos. As ideias colocadas precisam ter uma progressão e o texto não pode con- tar apenas com “frases soltas” Por fim, é preciso que exista um cuidado com a re- ferenciação, ou seja, as referências a termos do texto são introduzidas e, depois, retomadas, à medida que o texto vai progredindo. TIPOS DE COESÃO Existem, basicamente, dois tipos de coesão com as quais o autor de um texto dissertativo-argumentativo deve se preucupar: Coesão sequencial - Trata-se da sequência de ideias dada ao texto. Normalmente, é conseguida por meio de conectivos. No primeiro parágrafo de desenvol- vimento, conectivos como “Em primeiro lugar” ou “Primeiramente” devem sem utilizados. No segundo, é correto fazer o uso de “Além disso”, “Em segundo lu- gar” ou mesmo “Entretanto”, quando se tratar de uma ideia asversativa. No terceiro, uma vez que é a última ideia a ser abordada, espera-se o uso de conectores como “Por fim”.Já na conclusão, alguns dos bons co- nectivos conclusivos são “Portanto”, “Dessa maneira”, “Dessa forma” e “Assim”. Coesão referencial - Um dos aspectos que mais entediam o leitor de qualquer texto é a repetição de palavras ou termos, especialmente aqueles que estão próximos, salvo quando isso é feito por motivo este- lísticos. Nesse sentido, coesão referencial é aquela que faz referência a outros termos do textos, a fim de não repeti-los e , assim, demostrar riqueza vocabular. Os melhores recursos para a coesão referencial são sinô- nimos, pronomes, advérbios e artigos. Para além do uso de conectivos e da não repetição de palavras, é bom evitar alguns deslizes. Veja o que o Inep não recomenda na redação: • Frases fragmentadas que comprometam a estru- tura lógico-gramatical; institutoeducarte.org.br 24 Vol. 3 REDAÇÃO PRÉ-ENEM • Sequência justaposta de ideias sem encaixa- mentos sintáticos, reproduzindo usos típicos da oralidade; • Frase com apenas oração subordinada, sem oração principal; • Emprego equivocado do conector (preposição, conjunção, pronome relativo, alguns advérbios e loculções adverbiais) que não estabeleça rela- ção lógica entre dois trechos do texto e prejudi- que a compreensão da mensagem; • Emprego do pronome relativo sem a preposi- ção, quando obrigatória; e repetição ou subs- tuição inadequada de palavras sem se valer dos recursos oferecidos pela língua (pronome, ad- vérbio, artigo, sinônimo). O bom uso dos recursos coesivos é importantíssi- mo na redação do Enem. A competência 4, que vale 200 pontos, avalia se o canditado conseguiu demos- trar conhecimento dos mecanismos linguísticos ne- cessários para a construção da argumentação. Nesse sentido, a banca estará muito atenta para ver se todas as prerrogativas colocadas neste módulo serão postas em práticas. Não conferir a devida atenção a isso equi- vale a comprometer um quinto da nota da redação. A redação se seguir foi feita a partir do seguinte questionamento: “Qual é a melhor fase da vida e qual a mais difícil de ser vivida?”. Leia e responda ao que segue: SEM RÓTULOS Antes dos dezoito anos, todos cobiçam alcançar essa idade, com a doce ilusão de toda liberdade con- quistada com a maioridade. Depois dos quarenta, o discurso mais ouvido é sobre a saudade que a juventu- de deixou. Com os poetas românticos altamente sau- dosistas, descobrimos uma tendência do ser humano de olhar para o passado como se fosse melhor do que o presente, e depositar no futuro todas as esperanças para uma vida melhor. Poucos percebem, porém, que ao desvalorizar o momento atual em detrimento de uma idolatria ou idealização de outra época qualquer se está, na verdade, perdendo tempo produtivo de vida. Cabe analisarmos os fatores, principalmente ex- ternos, responsáveis por tal fato. Primeiramente, é importante perceber a evidente contradição existente na atualidade. Vivemos em uma sociedade extremamente hedonista, que preza o pra- zer imediato a qualquer custo, vide o envolvimento de jovens com drogas, por exemplo, o que prova que há uma sede por aproveitar o momento ao máximo, mes- mo que este nunca seja suficiente. Porém, esse valor árcade do Carpe Diem vai de encontro com uma vio- lência cada vez maior nas grandes cidades, o que serve de argumento para aqueles mais velhos, que costu- mam lembrar como nas suas juventudes tudo era mais fácil e mais seguro, logo, aproveitavam mais. Aliado a isso, as grandes revoluções tecnológicas e na medicina diariamente prometem e cumprem verdadeiros mila- gres, criando uma grande expectativa de um futuro melhor. Percebe-se, assim, que as pessoas nunca estão satisfeitas com o momento presente. Além disso, cabe concedermos à mídia seu papel em tal problemática. Percebemos que os meios de comunicação em massa costumam dar um valor exa- cerbado à juventude, glorificando esta como a melhor fase da vida. Vende-se a idéia de que, quando jovem, somos mais capazes, saudáveis, bonitos e podemos re- volucionar o mundo. Conseqüentemente, as pessoas acabam pensando que esse é o melhor momento da existência humana, e dão ênfase somente à juventude, como se a infância fosse apenas uma fase antecedente que deve logo terminar, e a velhice, a decadência da vida. Poucos percebem que cada etapa possui sua im- portância e beleza individuais. Não se pode esquecer, ainda, que vivemos em uma sociedade capitalista, que confere a posses e status a maior importância possível. Em busca sempre da ma- ximização dos lucros, há uma necessidade enraizada e latente de rotular tudo e todos. A partir disso, temos o que é pior ou melhor, mais bonito e mais feio, mais vá- lido ou menos válido, e isso vai desde objetos e posses materiais, até o que é mais subjetivo e por vezes eté- reo, como caráter, dignidade e, logicamente, fases da vida. Assim, passamos mais tempo tentando definir a melhor delas, enumerando as qualidades e defeitos de cada uma, do que, de fato, tentando aproveita-las. Dessa forma, nada mais justo afirmar que a huma- nidade, especialmente no contexto vigente, está dei- xando a vida escorrer em suas mãos sem perceber. O ser humano tende a não refletir sobre o seu presente, valorizando o passado e idealizando o futuro. Porém, seria ignorante e ineficaz comparar a inocência de Na- rizinho, o crescimento de Capitu e o conhecimento de dona Benta. Melhor do que isso é viver o agora, para que se possa olhar para o futuro com expectativa e, ao contemplar o passado, não haja remorso ou vontade institutoeducarte.org.br 25 Vol. 3 REDAÇÃO PRÉ-ENEM de retorno, e sim a saudade de uma fase boa. De todas elas. QUESTÃO 13 Pode-se dizer que os conectivos foram empregados de forma correta na redação? QUESTÃO 14 Releia a seguinte passagem; Além disso, cabe concedermos à mídia seu papel em tal problemática. Percebemos que os meios de comunicação em massa costumam dar um valor exa- cerbado à juventude, glorificando esta como a melhor fase da vida. Os termos em destaque estão substituindo quais ou- tros? QUESTÃO 15 De que forma é possível dizer que há uma progressão das ideias do texto? QUESTÃO 16 De que forma a intertextualidade da conclusão foi fa- vorável para a redação? QUESTÃO 17 Se essa redação fosse feita nos moldes Enem, quais as possíveis intervenções poderiam ser criadas? institutoeducarte.org.br 26 Vol. 3 REDAÇÃO PRÉ-ENEM
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