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1 Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo Departamento de Estruturas Resistência dos Materiais I – EC 401 INTRODUÇÃO AS ESTRUTURAS PLANAS ISOSTÁTICAS Prof. Eliana Maria de Mello Francisco Rossi Bolsista Karen Passarini RA 044429 2007 2 ÍNDICE I – INTRODUÇÃO.......................................................................................................4 I.1 – Representação das Componentes de um Vetor.............................................6 I.2 – Produto de um Vetor por uma Grandeza Escalar..........................................6 I.3 – Produto Escalar..............................................................................................7 I.4 – Produto Vetorial............................................................................................7 I.5 – Corpo Rígido.................................................................................................8 I.6 – Forças Aplicadas no mesmo Ponto................................................................8 I.7 – Forças Aplicadas na mesma Chapa Rígida...................................................9 I.7.1 – Momento Estático...........................................................................9 I.7.2 – Binário..........................................................................................10 I.7.3 – Equilíbrio de um Sistema de Forças Coplanares..........................10 I.8 – Forças Aplicadas no mesmo Corpo Rígido.................................................12 I.8.1 – Vetor de Momento........................................................................12 I.8.2 – Resultante.....................................................................................12 I.9 – Centro de Gravidade....................................................................................13 I.9.1 – Centro de Gravidade de um Conjunto de Pontos Materiais.........13 I.9.2 – Centro de Corpos Contínuos.........................................................13 II – MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DAS ESTRUTURAS............................15 II.1 – Elementos Lineares....................................................................................15 II.1.1 – Viga.............................................................................................15 II.1.2 – Arco.............................................................................................15 II.1.3 – Pilar.............................................................................................15 II.1.4 – Tirante.........................................................................................16 3 II.2 – Elementos de Superfície.............................................................................16 II.2.1 – Viga – parede...............................................................................16 II.2.2 – Placa............................................................................................17 II.2.3 – Casca...........................................................................................17 II.3 – Elementos de Volume................................................................................18 III- VINCULAÇÃO DOS SISTEMAS PLANOS......................................................19 III.1 – Classificação das Estruturas quanto ao Grau de Sujeição........................20 III.1.1 – Estrutura Isostática.....................................................................20 III.1.2 – Estrutura Hiperestática...............................................................20 III.1.3 – Estrutura Hipostática..................................................................20 III.2 – Tipos de Apoio..........................................................................................20 III.2.1 – Apoio Articulado Móvel............................................................21 III.2.2 – Apoio Articulado Fixo...............................................................21 III.2.3 – Apoio Engastado Fixo ou Engastamento Fixo...........................21 III.2.4 – Apoio Engastado Móvel ou Engastamento Móvel....................22 III.2.5 – Articulação entre n Chapas........................................................22 III.3 – Determinação Geométrica........................................................................23 IV – ESFORÇOS SOLICITANTES...........................................................................24 IV.1 – Definição..................................................................................................24 IV.2 – Esforços Solicitantes em Estruturas Planas..............................................25 IV.3 – Convenção de Sinais adotada no Traçado dos Diagramas de Esforços Solicitantes......................................................................................................................26 IV.4 – Relações Diferenciais...............................................................................27 V – BIBLIOGRAFIA.................................................................................................34 4 I - INTRODUÇÃO O suporte material para o transporte de esforços, forças ou binários, são as estruturas. Prédios pontes máquinas, num determinado instante, estão sempre sujeitos a um sistema equilibrado de esforços. Essas forças e binários não se anulam, geralmente, por agirem simultaneamente na mesma partícula material. Na grande maioria dos corpos há predominância de determinados tipos de forças em certas regiões. Num prédio, o peso da própria estrutura predomina nos vários andares enquanto a reação das fundações predomina nas estacas, sapatas e pilares. Para que o equilíbrio se processe é necessário que as partículas de uma região tomem conhecimento dos esforços agindo em outras regiões. É preciso que os esforços caminhem ao longo das lajes, vigas e pilares do prédio até a fundação. É tal transporte de esforços que constituem a finalidade das estruturas. FIGURA I.1 A previsão do modo e da grandeza dos esforços e das deformações exigidas por tal transporte constitui o objetivo deste estudo. Calculam-se os esforços típicos em estruturas simples como as barras, e aplicam-se esses resultados em construções mais complexas, verificando, por exemplo, se uma seção é suficiente para resistira aos esforços normais, cortantes e momentos fletores que atuam nela. 5 Tendo essa finalidade de estudar cada caso específico, a precisão de cálculo não precisa, e não deve mesmo, ser superior as incertezas inerentes as construções, tais como aquelas introduzidas pelas propriedades dos materiais e pelo processo de fabricação. A precisão de calculo custa dinheiro, seja pelo trabalho de quem calcula, seja pelo tempo necessário de calculo, se já pelo uso de computador. Só a experiência consegue dar a um chefe de projeto uma medida intuitiva das melhores decisões a tomar. Atualmente se amplia constantemente o uso de calculadoras e processos de cálculos cada vez mais aprimorados. Porem, a utilização dessas técnicas necessita de pessoal especializado. O engenheiro precisa conhecer bem o funcionamento de uma estrutura para poder tirar proveito dos computadores, traduzindo para linguagem de maquina os cálculos necessários. Resumidamente, os cálculos de uma estrutura compreendem as seguintes fases: 1ª) Definição do problema e concepção da estrutura que o representa. Definição da forma geométrica e dos materiais mais convenientes para o caso. É essa fase que mais explora a capacidade intuitiva do engenheiro, numa operação de síntesede todos os seus conhecimentos para que os objetivos sejam alcançados de maneira mais simples, mais econômica e mais conveniente de ser construída. 2ª) Determinação das cargas que atuam na estrutura. 3ª) Determinação das condições críticas de carga e das tensões nas seções mais solicitadas da estrutura. Deve-se traçar os diagramas de esforços normais, cortantes e momentos fletores e torçores ao longo da estrutura, nas varias condições de carregamento. Procurar as seções mais solicitadas e calcular as tensões que nelas ocorrem, em cada carregamento, para evitar a ruptura. 4ª) Dimensionamento e verificação das seções mais solicitadas segundo normas específicas. 5ª) Crítica do projeto: é preciso que o engenheiro construa estruturas eficientes, em termos de segurança, tempo e economia do produto. Na Resistência dos Materiais aprende-se a determinar as condições críticas de carga e as tenções nas seções mais solicitadas da estrutura através do traçado dos diagramas de esforços solicitantes. Para isso é necessário rever alguns conceitos da Estática, que é o estudo das condições nas quais um sólido ou um sistema de sólidos, submetidos à ação de forças, encontra-se em equilíbrio. Genericamente, força é toda ação exercida sobre um corpo capaz de modificar, quer o seu estado de repouso, quer o de movimento. Para a determinação de uma força é necessário conhecer a sua intensidade (módulo), a direção e o sentido da sua ação, e o ponto do corpo no qual ela é aplicada (ponto de aplicação). A força é, portanto, uma grandeza vetorial. As forças podem ser classificadas em: a) Força concentrada: Tratada na mecânica como um vetor, é uma idealização que, na maioria das vezes, representa a realidade com precisão suficiente. Isso ocorre pois a dimensão da região de 6 aplicação da força é muito pequena quando comparada às dimensões do sólido em estudo. b) Força distribuída: Os carregamentos podem de apresentar continuamente ao longo das seções da peça estrutural, dando a impressão de um numero infinito de cargas concentradas, da mesma intensidade, ou não, cujos pontos de aplicação encontram-se infinitamente próximos uns dos outros. I.1 – REPRESENTAÇÃO DAS COMPONENTES DE UM VETOR A força F r , indicada na figura 2, é equivalente às forças Fx e Fy, chamadas componentes de F segundo as direções 0x e 0y. FIGURA I.2 Fx = F cosα x Fy = F cosα y O módulo de F é dado por: | F r | = yFxF 22 + Chamado i r , j r , k r os vetores unitários sobre os eixos coordenados x, i, z e Fx, Fy, Fz as componentes do vetor F r , este pode ser representador por: F r = Fx i r + Fy j r + Fz k r I.2 – PRODUTO DE UM VETOR POR UMA GRANDEZA ESCALAR O produto de um vetor V r por uma grandeza escalar m é um vetor de mesma direção que o vetor dado e cuja intensidade é o produto: 7 |V r | = m . |V r | Se m for positivo, o sentido do produto é o mesmo do vetor inicial; se m for negativo o sentido é contrario. I.3 – PRODUTO ESCALAR Produto Escalar de dois vetores é a grandeza escalar cujo valor é o produto das intensidades (módulos) dos dois vetores pelo cosseno do ângulo que a direção 1V r forma com a direção 2V r . Assim o produto escalar de dois vetores 1V r e 2V r é: Pe = 1V r . 2V r . cosα Se 1V r e 2V r são paralelos, α = 0° Æ Pe = 1Vr . 2Vr Se 1V r e 2V r são perpendiculares, α = 90° Æ Pe = 0 Se as componentes de 1V r são Fx1, Fy1, Fz1 e as componentes de 2V r são Fx2, Fy2, Fz2 em relação aos eixos coordenados, o produto escalar será: Pe = 1V r . 2V r = Fx1 . Fx2 + Fy1 . Fy2 + Fz1 . Fz2... I.4 – PRODUTO VETORIAL Produto Vetorial do vetor 1F r pelo vetor 2F r é um vetor de direção normal ao plano formado pelos dois vetores, e de intensidade igual ao produto do módulo dos dois vetores pelo seno do ângulo que a direção de 1F r forma com a direção de 2F r . O sentido do vetor é dado pela regra da mão direita. FIGURA I.3 8 O produto vetorial representa-se pelo símbolo: vP r = 1F r ^ 2F r | vP r | = F1 . F2 . senα Dados os vetores 1F r e 2F r por suas componentes, tem-se: 1V r ^ 2V r = i r j r k r F x1 F y1 F z1 F x2 F y2 F z2 I.5 – CORPO RÍGIDO O estudo da estática inicia-se com a estática dos corpos rígidos, que trata do equilíbrio de corpos teóricos supostos indeformáveis, isto é, que não modificam a sua forma nem as suas dimensões quando submetidos à ação de forças. FIGURA I.4 Na figura 4 (a) basta decompor a força P em componentes nas direções dos fios e o problema será resolvido, pois os fios de aço são supostos inextensíveis. Já na figura 4 (b), o ângulo α aumenta para α’ devido a P e os fios não podem ser considerados rígidos. Teorema para os Corpos Rígidos “O ponto de aplicação de uma força pode ser deslocado sobre a sua linha de ação sem alterar a contribuição da mesma para o equilíbrio do corpo rígido.” I.6 – FORÇAS APLICADAS NO MESMO PONTO 9 A resultante de um sistema de n forças 1P r , 2P r , 3P r ... nP r aplicadas no mesmo ponto, com retas de ação concorrentes a esse ponto, pode ser obtida de três maneiras: a) Fórmula vetorial: R r = ∑ = n i iP 1 r b) Fórmula em coordenadas: se cada força iP r for definida pelas suas componentes na direção dos eixos x, y, z ortogonais entre si ( iP r = Xi i r + Yi j r + Zi k r ), tem-se: Rx = ∑ = n i Xi 1 Ry = ∑ = n i Yi 1 Rz = ∑ = n i Zi 1 Com | R r | = zRyRxR 222 ++ c) Processo gráfico: polígono de forças. FIGURA I.5 Para se obter o equilíbrio do sistema: a) Em Vetores: ∑ = n i iP 1 r = 0 r b) Em Coordenadas: ∑ = n i Xi 1 = ∑ = n i Yi 1 = ∑ = n i Zi 1 = 0 c) Graficamente: polígono de forças fechado. I.7 – FORÇAS APLICADAS NA MESMA CHAPA RÍGIDA 10 I.7.1 – Momento Estático: Momento Estático de uma força P r em relação a um ponto 0 é determinado como o produto da intensidade (| P r |) da força pelo braço b. o sinal do momento estático depende da convenção adotada. FIGURA I.6 Teorema: “O momento estático da força resultante é igual à soma dos momentos estáticos das forças componentes”. I.7.2 – Binário: São duas forças paralelas, de mesma intensidade, de sentidos opostos, separadas por uma distancia b. O binário fica caracterizado apenas pelo seu momento estático, que é o mesmo em relação a todos os pontos do plano. FIGURA I.7 Na figura 7 o momento estático do binário em relação ao ponto 0 será: Mo = P (d + b) – Pd Mo = Pd + Pb – Pd Mo = Pb I.7.3 – Equilíbrio de um sistema de forças coplanares. 11 Dado um sistemas de forças coplanares P1, P2, ..., Pn, determinados pelas coordenadas do ponto de aplicação das forças, pelos ângulos que as linhas de ação formam com o eixo x e pelas intensidades das forças, tem-se: FIGURA I.8 Rx = ∑ = n i Xi 1 Xi = ∑ = n i Pi 1 cósαi Ry = ∑ = n i Yi 1 Yi = ∑ = n i Pi 1 senαi tg αi = Rx Ry As condições de equilíbrio do sistema serão duas equações de projeções de força e uma de momento com relação a um ponto do plano, com resultantes nulas. ∑ = n i Xi 1 = 0∑ = n i Yi 1 = 0 ∑ = n i Mi 1 = 0 Toda força R r pode ser decomposta numa força componente P de igual valor e sentido (| P r | = | R r |), deslocada paralelamente de b, acrescentando um momento estático M = R.b de sentido correspondente. 12 FIGURA I.9 I.8 – FORÇAS APLICADAS NO MESMO CORPO RIGIDO I.8.1 – Vetor de Momento No plano, o momento estático é representado por um binário, isto é, por duas forças opostas de igual valor P e separadas por uma distancia b, sendo M = P.b. No espaço tridimensional, representa-se o vetor momento por um vetor M r , de módulo M, com direção perpendicular ao plano do binário e sentido dado pela regra da mão direita. Os vetores momento são livres, isto é, podem ser deslocados paralelamente. FIGURA I.10 I.8.2 – Resultante Dado um sistema com n forças com suas coordenadas do ponto de aplicação (Xi, Yi, Zi), os cossenos diretores das retas de aplicação (Pxi, Pyi, Pzi) e os valores das forças (Pi, P2,..., Pn), calcula-se os momentos de cada força Pi com relação aos eixos x, y, z e as componentes da força resultante. Para haver equilíbrio é necessário que sejam nulas as três equações de projeção de forças e as três equações de momento com relação aos eixos coordenados. 13 ∑ = n i Xi 1 = 0 ∑ = n i Yi 1 = 0 ∑ = n i Zi 1 = 0 ∑ = n i Mxi 1 = 0 ∑ = n i Myi 1 = 0 ∑ = n i Mzi 1 = 0 I.9 – CENTRO DE GRAVIDADE I.9.1 – Centro de Gravidade de um conjunto de pontos materiais Seja um conjunto de pontos materiais A1, A2,..., Na, de peso P1, P2,..., Pn, cujas posições são dadas através das coordenadas (Xi, Yi, Zi). Supõe-se que os pontos são rigidamente ligados entro si e que essas ligações não tenham peso. Defini-se centro de gravidade como o ponto cujas coordenadas (Xc, Yc, Zc) são as médias ponderadas das coordenadas dos pontos. Assim: Xc = ∑ ∑ = = n i n i Pi xiPi 1 1 . Yc = ∑ ∑ = = n i n i Pi YiPi 1 1 . Zc = ∑ ∑ = = n i n i Pi ziPi 1 1 . I.9.2 – Centro de Corpos Contínuos Um corpo continuo pode ser representado por um conjunto infinito de pontos materiais, atribuindo a cada elemento dV do volume, um peso dP calculado por meio do peso específico. dP = Y . dV Sendo P o peso total do corpo: P = ∫ V dVY . 14 E portando: Xc = P 1 ∫ V YxdV Yc = P 1 ∫ V YydV Zc = P 1 ∫ V YzdV Se o peso específico for constante, a integral ∫ V dV é o próprio volume do corpo. Assim as equações podem ser escritas como: Xc = V 1 ∫ V xdV Yc = V 1 ∫ V ydV Zc = V 1 P 1 ∫ V zdV Para uma superfície plana de área A: Xc = A 1 ∫ A xdA Yc = A 1 ∫ A ydA 15 II – MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DAS ESTRUTURAS Elemento estrutural é todo sólido dotado de propriedades elásticas, capaz de receber e transmitir cargas. A associação de elementos estruturais convenientemente ligados constitui uma estrutura. Para o estudo dos esforços externos e internos em uma estrutura, usam-se as condições de equilíbrio entre as forças. Quando o número de condições de equilíbrio for suficiente para resolver o problema da estática, diz-se que a estrutura é isostática. Os elementos estruturais podem ser classificados em elementos lineares, de superfície e de volume. II.1 – ELEMENTOS LINEARES São os que tem seção transversal pequena em relação ao comprimento do seu eixo. São gerados por uma superfície plana, na qual o baricentro percorre uma curva, cujo o comprimento é consideravelmente maior que as dimensões da superfície. Como elementos lineares podem ser citados: II.1.1- Viga Elemento dotado de eixo reto, submetido a cargas transversais e/ou axiais, podendo trabalhar à compressão, tração, cisalhamento, flexão, torção e combinações destas solicitações. FIGURA II.1 II.1.2 – Arco Elemento dotado de eixo curvo, solicitado nas condições vistas para a viga. II.1.3 – Pilar Elemento linear submetido à ação de cargas compressivas axiais ou paralelas ao eixo. Devido a excentricidade das cargas compressivas, os pilares podem estar submetidos também a efeitos de flexão. 16 FIGURA II.2 II.1.4 – Tirante Elemento linear submetido à ação de carga axial de tração. FIGURA II.3 II.2 – ELEMENTOS DE SUPERFICIE Caracterizam-se por duas dimensões consideravelmente maiores que a terceira (espessura). Podem se citados: II.2.1 – Viga-Parede Elemento submetido à ação de carga no seu plano: 17 FIGURA II.4 II.2.2 – Placa Elemento submetido à ação de cargas normais ao plano. A laje de piso representa um exemplo. FIGURA II.5 II.2.3 - Casca Elemento de superfície curva submetido à ação de cargas radiais e axiais. 18 FIGURA II.6 II.3 – ELEMENTOS DE VOLUME Nesses as três dimensões são consideráveis. As cargas são predominantemente compressivas. O bloco da fundação de um edifício é apresentado como exemplo. FIGURA II.7 No nosso estudo vamos distinguir as barras simples (ou simplesmente barras), que são aquelas que transmitem apenas uma força interna, das barras gerais (chapas) que transmitem forças e momentos. Nas barras simples retas o único esforço solicitante é a força normal N. a barra geral, chamada chapa, é capaz de transmitir a força cortante alem da força normal. 19 III – VINCULAÇÃO DOS SISTEMAS PLANOS Os vínculos podem ser de apoio ou ligação, não havendo distinção rígida entre os dois tipos, dependendo da função que o vinculo exerce no momento da analise. No conjunto laje, viga, pilar e fundação, se forem analisados apenas laje e viga, esta ultima funcionará como apoio. Se forem analisados laje, viga e pilar, este ultimo é que será o vinculo de apoio, passando a viga para condição de vinculo de ligação entre a laje e o pilar. Apoio é o contado do sistema estrutural com o exterior, ao passo que ligação é o contato entre as partes internas da estrutura. Articulação ou Rótula é o sistema que realiza uma ligação interna de uma chapa e que permite, sem esforços, o deslocamento angular relativo dos elementos que ele separa. Quando se elimina um vinculo externo ou interno de um conjunto de barras e chapas, diz-se que foi dado uma liberdade ao conjunto. Logo, os vínculos se caracterizam pelo numero de graus de liberdade (ou mobilidade) que eles retiram da estrutura. Esse numero pode ser visualizado substituindo a vinculação em questão por barras simples de numero respectivo. A barra simples (barra) tem função geométrica de determinar a distancia entre seus pontos extremos e a função estática de transmitir apenas uma força. A chapa tem função geométrica de determinar a posição relativa de vários de seus pontos e a função estática de transmitir qualquer esforço. O nó é uma articulação em que são unidas varias barras pelas suas extremidades. Diz-se que um corpo tem sujeição completa quando as suas ligações são tais que nenhum de seus pontos podem se deslocar no espaço, a não ser que o corpo sofra deformações. No caso das estruturas lineares planas com cargas no seu plano a sujeição é completa quando nenhum deslocamento no plano da estrutura for possível, a não ser que haja deformação das barras (ou chapas).Chama-se deslocamento geométrico aos deslocamentos que podem ocorrer mesmo quando as estruturas são supostas rígidas. FIGURA III.1 20 Assim um conjunto é geometricamente indeslocável quando nenhum de seus pontos podem sofrer deslocamentos geométricos em relação ao meio exterior. Corpo Livre é todo corpo que não possui qualquer ligação externa. Se os pontos de um corpo livre estão impedidos de sofrer deslocamentos geométricos, uns em relação a outros, diz-se que ele é geometricamente indeformável (fig. III.2.). Se o conjunto pode mudar de forma, por deslocamentos geométricos de seus pontos, ele é geometricamente deformável(fig. III.3). FIGURA III.2 FIGURA III.3 III.1 – CLASSIFICAÇÃO DAS ESTRUTURAS QUANTO AO GRAU DE SUJEIÇÃO III.1.1 – Estrutura Isostática É a estrutura que tem sujeição completa, ou seja, o número de vínculos é o estritamente necessário. Nessa estrutura, o número de equações é igual ao número de incógnitas. III.1.2 – Estrutura Hiperestática É aquela que tem sujeição completa, mas possui um ou mais vínculos superabundantes. Assim o número de equações é menor que o número de incógnitas. O Grau de Hiperestaticidade de uma estrutura é o número de vínculos superabundantes que existem. III.1.3 – Estrutura Hipostática É aquela que tem sujeição apenas parcial. O numero de equações é maior que o numero de incógnitas. A não ser em casos especiais, sob a ação de certo carregamentos, uma estrutura desse tipo não permanece em equilíbrio. III.2 – TIPOS DE APOIO Nas estruturas lineares planas, com cargas no se plano, são empregados os apoios: 21 III.2.1 – Apoio Articulado Móvel É o apoio constituído por uma articulação perfeita que permite, sem atrito, o deslocamento linear numa determinada direção. Ele pode ser substituído por uma barra simples, da determinação geométrica da estrutura. Sua representação esta na figura III.4. FIGURA III.4 III.2.2 – Apoio Articulado Fixo É o apoio constituído por uma articulação perfeita e que não permite deslocamentos lineares. Ele pode ser substituído por duas barras, na determinação geométrica da estrutura. Sua representação está na figura III.5. FIGURA III.5 III.2.3 – Apoio Engastado Fixo ou Engastamento Fixo É aquele sobre o qual não há deslocamentos angulares nem lineares da estrutura. Pode ser substituído por três barras na determinação geométrica. Sua representação está na figura III.6. 22 FIGURA III.6 III.2.4 – Apoio Engastado Móvel ou Esngastamento Móvel É aquele sobre o qual há apenas um deslocamento linear da estrutura. Pode ser substituído por duas barras na determinação geométrica. Sua representação está na figura III.7. FIGURA III.7 III.2.5 – Articulação entre n chapas Pode ser substituída por 2(n-1) barras na determinação geométrica. Sua representação está na figura III.8. FIGURA III.8 23 III.3 – DETERMINAÇÃO GEOMÉTRICA Seja uma estrutura composta de c - Chapas b - Barras reais ou imaginárias n - Nós A condição da determinação decorre do número de graus de liberdade de movimento no plano: 2 para o nó e 3 para a chapa. Portanto: b < 3c + 2n – Estrutura Hipostática b = 3c + 2n – Estrutura Isostática b > 3c + 2n – Estrutura Hiperestática 24 IV – ESFORÇOS SOLICITANTES IV.1 – DEFINIÇÃO Considera-se uma estrutura sob o efeito de forças aplicadas em vários de seus pontos e uma seção transversal S qualquer da mesma (fig. IV.1a). Supondo que se trata de uma estrutura em equilíbrio, as forças externas aplicadas e as reações são conhecidas. A seção S divide a estrutura em duas partes, que devem estar igualmente em equilíbrio. Pode-se concluir que as tensões transmitidas na seção S antes de efetuar o corte, garantem o equilíbrio das duas partes. As tensões são determinadas em função dos esforços a que se reduz, no centro de gravidade da seção S, o sistema de forças que atua na parte analisada. Esse sistema pode ser representado por sua resultante R r e o momento resultante rM r , como indica a figura IV.1b. FIGURA IV.1 Toda força encontrada na parte analisada é deslocada para p C.G. da seção, e determina-se a resultante R r das forças; a translação de cada forma implica o acréscimo de um certo momento estático para manter equivalente o sistema de forças. Seja a resultante desses momentos rM r . Decompondo R r e rM r em duas componentes nas direções paralela e normal ao eixo que passa pelo C.G. da seção S, resultam os quatro esforços solicitantes (fig. IV.2). 1) Força Normal: Componente de R r segundo a normal à seção. 2) Força Cortante: Componente de R r segundo eixo do plano da seção. 3) Momento Fletor: Componente do momento resultante segundo eixo no plano da seção. 4) Momento Torsor: Componente do momento resultante segundo eixo normal à seção. 25 FIGURA IV.2 A força normal (N) e o momento torsor (Mt) ficam determinados pela indicação de sua intensidade, pois sua posição é dada pela linha central da barra. A força cortante (V) e o momento fletor (M) precisam ser decompostos em duas componentes para fixar sua posição e intensidade. Para o sistema de eixos da figura IV.3 os esforços solicitantes serão designados por: 1) Momentos Fletores: My e Mz 2) Momento Torsor: Mt 3) Forças Cortantes: Vy e Vz 4) Força Normal: N FIGURA IV.3 IV.2 – ESFORÇOS SOLICITANTES EM ESTRUTURA PLANAS No caso plano não pode haver Momento Torsor, pois todas as cargas ativas e reativas estão aplicadas no mesmo plano. A Força Cortante (V) fica também aplicada no mesmo plano e o Momento Fletor (M) terá seu vetor perpendicular ao plano. Tomando-se uma viga carregada, imagina-se passar um corte numa seção genérica S e determina-se a resultante das forças encontradas numa das partes da seção. 26 FIGURA IV.4 Retirando-se a parte à esquerda do corte S, a parte à direita, com o acréscimo da força F, vai continuar em equilíbrio. Equivalente a ação de F é a aplicação da mesma força tangente à seção junto com um momento estático M, que é o momento fletor. FIGURA IV.5 IV.3 – CONVENÇÃO DE SINAIS ADOTADA NO TRAÇADO DOS DIAGRAMAS DE ESFORÇOS SOLICITANTES a) Força Normal a.1) Força Normal de Tração – Positiva FIGURA IV.6 a.2) Força Normal de Compressão – Negativa 27 FIGURA IV.7 b) Força Cortante b.1) A Força Cortante percorre a seção transversal no sentido horário – Positiva FIGURA IV.8 b.2) A Força Cortante percorre a seção transversal no sentido anti-horário – Negativa FIGURA IV.9 c) Momento Fletor O diagrama de Momento Fletor não terá sinal. Ele será construído em relação ao eixo da estrutura, no lado correspondente às fibras tracionadas. FIGURA IV.10 IV.4 – RELAÇÕES DIFERENCIAIS 28 Pode-se obter maior facilidade na determinação analítica dos esforços solicitantes através do uso das relações diferenciais. Uma viga simples é carregada com uma carga variável (fig. IV.11). O sistema de coordenadas x com origem em A é estabelecido arbitrariamente. A distância de uma seção qualquer a A é chamada de x. FIGURA IV.11 Toma-se um elemento da viga de comprimento dx, cuja carga aplicada é p. Como o trecho é pequeno e sabendo-se que a resultante de um carregamento distribuído é numericamente igual a área por ele determinada,temos que: FIGURA IV.12 R = p . dx Passando da ordenada x para a ordenada x + dx, os esforços V e M referentes à x sofrerão acréscimos diferenciais dV e dM (fig. IV.13). FIGURA IV.13 29 O equilíbrio do elemento é dado por: ∑Fy = 0 V- (V + dV) – p . dx = 0 ∑Mx = 0 M – (M + dM) + p . dx . 2dx + (V + dV) . dx = 0 Da primeira equação tem-se que: V – V – dV – p . dx = 0 p = - dx dV (IV.1) Da segunda equação, desprezando os produtos diferenciais como pequeno de segunda ordem, tem-se que: M – M – dM + 2 p . (dx) . (dx) + V . dx + dV . dx V = dx dM (IV.2) De (VI.1) e (VI.2): p = 2 2 dx Md (IV.3) O fato da força cortante ser derivada do momento fletor facilita a procura dos valores extremos de M, responsáveis pela licitação máxima da viga. Baseando-se nas relações diferenciais, pode-se obter um conjunto de conclusões, referidas a trechos retos das estruturas, que vem facilitar o traçado dos diagramas de força cortante e momento fletor: 1) Se não houver carga distribuída no trecho em estudo (fig. IV.14): 1.a) O diagrama de força cortante será uma reta coincidente com o eixo da estrutura (se V = 0) ou paralela a ele (se V ≠ 0); 1.b) O diagrama de momento fletor será uma reta paralela ao eixo da estrutura (se V = 0) ou inclinada em relação a ele (se V ≠ 0). 30 FIGURA IV.14 2) Se a carga distribuída é uniforme (fig. IV.15): 2.a) O diagrama de força cortante é uma reta inclinada em relação ao eixo da estrutura; 2.b) O diagrama de momento fletor é uma parábola do 2º grau. FIGURA IV.15 31 3) Se a carga distribuída varia linearmente (fig. IV.16): 3.a) O diagrama de força cortante é uma parábola do 2º grau; 3.b) O diagrama de momento fletor é uma parábola do 3º grau. FIGURA IV.16 4) Se houver apenas cargas concentradas, no ponto de aplicação das mesmas (fig. IV.17): 4.a) O diagrama de força cortante sofre uma descontinuidade, de intensidade igual à projeção da carga sobre o plano da seção transversal; 4.b) O diagrama de momento fletor apresenta um ponto anguloso. 32 FIGURA IV.17 5) Nos pontos da estrutura sujeitos a momento aplicados (fig. IV.18), o diagrama de momento fletor apresenta uma descontinuidade, de intensidade igual à do momento aplicado. FIGURA IV.18 6) Nos pontos da estrutura onde a carga distribuída apresenta descontinuidade, o diagrama de forças cortante apresenta um ponto anguloso (fig. IV.19). 33 FIGURA IV.19 34 V – BIBLIOGRAFIA 1 – SCHIEL, F. – Introdução à Resistência dos Materiais. São Paulo, Editora Harper & Row do Brasil, 1984, 395 pg. 2 – BEER, F. P. e JOHNSTON JR., E.R. – Resistência dos Materiais. São Paulo, Editora McGraw Hill do Brasil, 1982, 659 pg. 3 – RICARDO, O. G. – Introdução a Resistência dos Materiais. Campinas, Editora da Universidade de Campinas, 1977, 412 pg. 4 – RICARDO, O. G. – Teoria das Estruturas, São Paulo, Editora McGraw Hill do Brasil, 1978, 669 pg. 5 – HIGDON, A.; OHLSEN, E. H.; STILES, W.B.; WEESE, J. A. e RILEY, W. F. – Mecânica dos Materiais. Rio de Janeiro, Editora Guanabara Dois S.A., 1981, 546 pg. 6 – DI BLASI, C. G. – Resistência dos Materiais. Rio de Janeiro. Editora Interamericana, 1982, 734 pg.
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