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Tradução da Edição Eletrônica (em língua inglesa) Baquaqua, Mahommah Gardo Moore, Samuel, fl. 1854 Texto transcrito por Apex Data Services, Inc. Texto codificado por Apex Data Services, Inc. Elizabeth S. Wright e Natalia Smith Primeira edição, 2001 ca. 160K Academic Affairs Library, UNC-CH University of North Carolina at Chapel Hill, 2001. © Esta obra é propriedade da Universidade da Carolina do Norte de Chapel Hill. Ela pode ser usada livremente por indivíduos para fins de pesquisa, ensino e uso pessoal contanto que esta declaração de disponibilização esteja incluída no texto. Descrição de Fonte: (página de título) Biografia de Mahommah Gardo Baquaqua, um Nativo de Zugu, no interior da África. Descrição Daquela Parte do Mundo; Incluindo as Maneiras e Costumes dos Habitantes, as Suas Noções Religiosas, Forma de Governo, Leis, Aparência do País, Edificações, Agricultura, Manufaturas, Pastores e Vaqueiros, Animais Domésticos, Cerimoniais de Casamento e Funerais, Estilos de Vestimentas, Negócios e Comércio, Modos de Batalha, Sistema de Escravidão, etc, etc. O Incio da Vida de Mahommah, a Sua Educação, a Sua Captura e Escravidão na África Ocidental e no Brasil, a Sua Fuga para os Estados Unidos, de lá para o Haiti (para a Cidade de Porto Príncipe), a Sua Recepção Pelo Missionário Batista, Rev. W. L. Judd Ali; a Sua Conversão ao Cristianismo, o Seu Batismo e Retorno ao Seu País, as Suas Visões, Objetivos e Meta. Escrito e Revisado a partir das Suas Próprias Palavras, por Samuel Moore, Esq., ex-publicador da "North of England Shipping Gazette," Autor de Várias Obras Populares, e Editor do Sundry Reform Papers (capa) Uma Narrativa Interessante. Biografia de Mahommah Gardo Baquaqua, um Nativo de Zugu, no interior da África (Um Convertido ao Cristianismo) Com uma Descrição Daquela Parte do Mundo; Incluindo as Maneiras e Costumes dos Habitantes, as Suas Noções Religiosas, Forma de Governo, Leis, Aparência do País, Edificações, Agricultura, Manufaturas, Pastores e Vaqueiros, Animais Domésticos, Cerimoniais de Casamento e Funerais, Estilos de Vestimentas, Negócios e Comércio, Modos de Batalha, Sistema de Escravidão, etc, etc. O Incio da Vida de Mahommah, a Sua Educação, a Sua Captura e Escravidão na África Ocidental e no Brasil, a Sua Fuga para os Estados Unidos, de lá para o Haiti (para a Cidade de Porto Príncipe), a Sua Recepção Pelo Missionário Batista, Rev. W. L. Judd Ali; a Sua Conversão ao Cristianismo, o Seu Batismo e Retorno ao Seu País, as Suas Visões, Objetivos e Meta. Escrito e Revisado a partir das Suas Próprias Palavras, por Samuel Moore, Esq., ex-publicador da "North of England Shipping Gazette," Autor de Várias Obras Populares, e Editor do Sundry Reform Papers Mahommah G. Baquaqua Samuel Moore 65, [1] p. Detroit Para o Autor de Geo. E. Pomeroy & Co., Tribune Office 1854 Esta edição eletrônica foi transcrita a partir de uma fotocópia fornecida pela Biblioteca da Universidade do Estado da Carolina do Norte. A edição eletrônica é parte do projeto de digitalização UNC-CH, Documentando o Sul dos Estados Unidos. Esta edição eletrônica foi criada por sistema de Reconhecimento Ótico de Caracteres (OCR). O texto capturado pelo sistema de OCR foi comparado com o documento original e, posteriormente, corrigido. O texto foi codificado fazendo-se uso de recomendações para o Nível 4 das Diretrizes TEI de Bibliotecas. A gramática, a pontuação e a ortografia originais foram preservadas. Os erros tipográficos encontrados foram preservados e aparecem em cor vermelha. Todos os hífens que ocorriam na quebra de linhas foram removidos, e a parte restante de uma palavra foi juntada à linha anterior. Todas as aspas, travessões e o "E" comercial foram transcritos como referências a entidades. Todas as aspas duplas direitas e esquerdas foram codificadas como " e ", respectivamente. Todas as aspas simples direitas e esquerdas foram codificadas como ' e ', respectivamente. Todos os travessões foram codificados como -- O recuo de margem nas linhas não foi preservado. Foi feita uma verificação ortográfica no texto utilizando-se os programas Autor/Editor (SoftQuad) e Microsoft Word. Titulos dos Assuntos da Biblioteca do Congresso LC Títulos dos Assuntos: África, Central -- Descrição e viagem -- século XIX . África, Central -- Vida social e costumes -- século XIX. Baquaqua, Mahommah Gardo. Negros -- Biografia. Escravos fugitivos -- Biografia. Mercado escravocrata -- África. Escravidão -- África. Escravidão -- Brasil. Escravos -- Biografia. História Revisionista: 2001-10-09, Celine Noel e Wanda Gunther cabeçalho revisado e registro catalográfico criado para a edição eletrônica. 2001-05-04, Natalia Smith, gerente de projeto Finalizadora TEI e revisora final 2001-03-27, Elizabeth S. Wright Finalizado de TEI/Codificadora de SGML 2001-03-23, Apex Data Services, Inc. concluiu o escaneamento (OCR) e a revisão final do texto. [Imagem de Capa] BIOGRAFIA DE MAHOMMAH G. BAQUAQUA, UM NATIVO DE ZUGU, NO INTERIOR DA ÁFRICA (Um Convertido ao Cristianismo) COM UMA DESCRIÇÃO DAQUELA PARTE DO MUNDO; INCLUINDO AS Maneiras e Costumes dos Habitantes, AS SUAS NOÇÕES RELIGIOSAS, FORMA DE GOVERNO, LEIS, APARÊNCIA DO PAÍS, EDIFICAÇÕES, AGRICULTURA, MANUFATURAS, PASTORES E VAQUEIROS, ANIMAIS DOMÉSTICOS, CERIMÔNIAS DE CASAMENTO E FUNERAIS, ESTILOS DE VESTIMENTAS, NEGÓCIOS E COMÉRCIO, MODOS DE BATALHA, SISTEMA DE ESCRAVIDÃO, ETC, ETC. O INÍCIO DA VIDA DE MAHOMMAH, A SUA EDUCAÇÃO, A SUA CAPTURA E ESCRAVIDÃO NA ÁFRICA OCIDENTAL E NO BRASIL, A SUA FUGA PARA OS ESTADOS UNIDOS, DE LÁ PARA O HAITI, (PARA A CIDADE DE PORTO PRÍNCIPE). A SUA RECEPÇÃO PELO REV. W. L. JUDD, MISSIONÁRIO BATISTA; A SUA CONVERSÃO AO CRISTIANISMO, O SEU BATISMO E RETORNO AO SEU PAÍS, AS SUAS VISÕES, OBJETIVOS E META. Escrito e revisado a partir das suas próprias palavras Pelo ilustríssimo senhor SAMUEL MOORE, Ex-editor da "North of England Shipping Gazette," Autor de Várias Obras Populares, e Editor do Sundry Reform Papers DETROIT Impresso para o Autor, Mahommah Gardo Baquaqua, POR GEO. E. Pomeroy & Co., Tribune Office 1854 1854. Verso da página Registrado, segundo o Ato do Congresso norte-americano do ano de 1854, por MAHOMMAH GARDO BAQUAQUA, na Repartição do Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito do Michigan. NÚMEROS. Afo, um. Ahinka, dois. Ahiza, três. Attoche, quatro. Ahgo, cinco. Aido, seis. Aea, sete. Aeako, oito. Aega, nove. Away, dez. Awaychinefaw, onze. Awaychineka, doze. Awaychineza, treze. Awaychinetache, quatorze. Awaychinago, quinze. Awaychinedo, dezesseis. Awaychinea, dezessete. Awaychineako, dezoito. Awaychinego, dezenove. Awarranka, vinte. Awarrankachnefaw, vinte e um. Awarrankachineka, vinte e dois. Awarrankachnega, vinte e três. Awarrankachintache, vinte e quatro. Awarrankachinego, vinte e cinco. Awarrankachinedo, vinte e seis. Awarrankachinea, vinte e sete. Awarrankachineake, vinte e oito. Awarrankachinega, vinte e nove. Awarranza, trinta. Awarranzachinefaw, trinta e um. Awarrankachineka, trinta e dois. Awarranzachineza, trinta e três. Awarranzachintoche, trinta e quatro. Awarranzachinego, trinta e cinco.Awarrankachinedo, trinta e seis. Awarranzachinea, trinta e sete. Awarranzachineako, trinta e oito. Awarranzachinega, trinta e nove. Waytoche, quarenta. Waytochechinefaw, quarenta e um. Waytochechineka, quarenta e dois. Waytochechineza, quarenta e três. Waytochechintoche, quarenta e quatro. Waytochechinego, quarenta e cinco. Waytochechinedo, quarenta e seis. Waytochechinea, quarenta e sete. Waytochechineaka, quarenta e oito. Waytochechinega, quarenta e nove. Waygodada, cinquenta. Waygochinefaw, cinquenta e um. Waygochineka, cinquenta e dois Waygochineza, cinquenta e três. Waygochintoche, cinquenta e quatro. Waygochinego, cinquenta e cinco. Waygochinedo, cinquenta e seis. Waygochinea, cinquenta e sete. Waygochineako, cinquenta e oito. Waychinaga, cinquenta e nove. Waydo, sessenta. Waydochinefaw, sessenta e um. Waydochineka, sessenta e dois. Waydochineza, sessenta e três. Waygochintoche, sessenta e quatro. Waydochinego, sessenta e cinco. Waydochinedo, sessenta e seis. Waydochinea, sessenta e sete. Waydochineako, sessenta e oito. Waydochinega, sessenta e nove. Wayea, setenta. Wayeachinefaw, setenta e um. Wayeachineka, setenta e dois. Wayeachineza, setenta e três. Wayeachintoche, setenta e quatro. Wayeachinego, setenta e cinco. Wayeachinedo, setenta e seis. Wayeachinea, setenta e sete. Wayeachineako, setenta e oito. Wayeachinega, setenta e nove. Wako, oitenta. Waykochinefaw, oitenta e um. Wakochineka, oitenta e dois. Wakochineza, oitenta e três. Wakochintoche, oitenta e quatro. Wakochinego, oitenta e cinco. Wakochinedo, oitenta e seis. Wakochinea, oitenta e sete. Wakochineako, oitenta e oito. Wakochinega, oitenta e nove. Wayga, noventa. Waygachinefaw, noventa e um. Waygachineka, noventa e dois. Waygachineza, noventa e três. Waygachintoche, noventa e quatro. Waygachinego, noventa e cinco. Waygachinedo, noventa e seis. Waygachinea, noventa e sete. Waygachineako, noventa e oito. Waygachinega, noventa e nove. Zongfawdaday, cem. Zongeka, duzentos. Zongeza, trezentos. Zongtoche, quatrocentos. Zonggo, quinhentos. Zongedo, seiscentos. Zongea, setecentos. Zongeako, oitocentos Zongega, novecentos Zongway, mil. PREFÁCIO E NOTAS DO COMPILADOR Ao compilar as páginas seguintes, muitas dificuldades foram, naturalmente, encontradas, mas grande cuidado foi tomado para tornar a obra o mais legível e clara possível às capacidades de todas as classes de leitores: a descrição do povo (seus modos e costumes) daquele país, que é tão pouco conhecido para o mundo em geral, será tida com altamente instrutiva - os amigos do pobre negro africano e da raça de cor em geral, serão mui beneficiados pela leitura minuciosa da obra, do início ao fim; nelas eles verão os horríveis sofrimentos e torturas infligidos sobre esta porção das criaturas de Deus, meramente por causa do "seu tom de pelo mais escuro," não obstante o seu coração ser tão terno e flexível quanto o do homem de matiz mais claro. O objetivo mais caro de Mahommah sempre foi, por muitos anos, no passado, na verdade desde a sua conversão ao Cristianismo enquanto esteve no Haiti, poder retornar à sua terra nativa, para instruir o seu próprio povo nos caminhos do Evangelho de Cristo, e ser o meio da salvação deles, o que se espera que ele consiga fazer muito em breve; neste ínterim ele se tornou súdito da Rainha da Inglaterra, e está, no momento, vivendo sob as suas leis e influência benignas no Canadá, estimulando a população de cor e agitando a favor da abolição da escravidão em todas as partes do mundo, uma causa que deveria ocupar o coração e os sentimentos de todo homem e mulher benevolente e caridoso no mundo inteiro; os escravos mesmos, ao que se espera, serão beneficiados por cada linha que está escrita ao seu favor, por mais simples que o seu estilo possa ser; já que a sua causa é a causa da humanidade sofredora, como poderia qualquer pessoa que se vangloria da religião de Jesus Cristo, por um só momento procurar defender a escravidão, tal qual ela é, por um único dia? Não! Ela não pode existir; o sistema de escravidão e as doutrinas de Cristo são exatamente opostos entre si; não importa o que os defensores do sistema possam dizer! Leitores, julguem por vocês mesmos, e ajam por vocês mesmos; não dependam de dogmas de homem nenhum ou de classe de homens, mas leiam, marquem, aprendam e digiram interiormente o tema destas páginas, e comparem o tratamento daquelas pobres criaturas sob o jugo da escravidão, e o Evangelho de Cristo, e vocês logo chegarão à conclusão, que não resistirá à comparação com qualquer porção do bom livro, o qual diz: "o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve" -- pois o jugo da escravidão é duro e os fardos não são leves, mas excessivamente pesados. Palavras não seriam suficientes para contar, escrever ou publicar acerca do horrível sistema de escravidão. Para levar o tema brutal a um término, quanto mais é dito e feito no sentido de se agitar o tema, melhor para todas as classes, melhor para os proprietários de escravos, para se livrarem do "pecado amaldiçoado," e melhor para os pobres escravos livrarem-se dos seus jugos; que todos cujo coração não seja de pedra e cujos nervos não sejam de aço, avancem suas visões de toda maneira possível e que o escravo possa, em breve, tornar-se livre, e bendizer o dia que assim o fez, e as mãos que soltaram os grilhões das suas mãos e pés ensanguentados, e retiraram o chicote da mão do senhor tirano, que curou todas as feridas do negro e aplicou bálsamo ao seu corpo contorcido. Pode [a pessoa] humana e filântropa que lutou pela liberdade dos escravos nos territórios das Índias Ocidentais alguns anos atrás, e que custou ao povo britânico, alguns milhões de libras esterlinas --, digo, pode ela esquecer os sentimentos agradáveis que aquele acontecimento lhes proporcionou. A Sociedade dos Amigos (Grupo protestante também conhecido como "os Quakers") foi a principal agitadora daquele movimento, e as bênçãos e orações dos escravos pobres e libertos subiram até os altares do céu naquela grande ocasião; podem eles esquecer os mais amáveis sentimentos da sua natureza que foram despertados no seu íntimo naquela ocasião, podem eles, pense você, esquecer o dia glorioso que fez os seus companheiros livres; podem eles esquecer o [dia] primeiro de agosto daquele ano tumultuado? Ó, então, amigos da humanidade, levantem-se novamente, como fizeram aqueles homens bons naquela ocasião e perseverem até que cumpram a tarefa que se propuseram a fazer, como aqueles, outrora o fizeram. Esta pequena obra pode ter o seu efeito desejado onde quer que seja lida, e independentemente dos sofrimentos do sujeito (Mahommah) provocará lágrimas em muitos olhos piedosos, e rubor a muitas bochechas com covinhas, em vergonha pela crueldade praticada sobre ele por homens que carregam a imagem do seu Criador, muito rubor sobrevirá às bochechas da inocência enquanto esta obra estiver em processo de revisão minuciosa. A parte descritiva desta obra nada fará além de provar-se altamente interessante ao leitor em geral, assim como as descrições advindas da boca de um nativo que passou por todos os lugares descritos, no interior de uma terra como a África. Muitas obras descritivas daquela terra têm surgido da imprensa, de tempos em tempos, mas nenhuma se parece como a presente obra; ela é, simplesmente, uma compilação, ou narrativa de eventos ocorridos na vida do próprio homem que as narra, e é apresentada sem qualquer linguagem figurada, mas no estilo mais claro possível;todas as expressões utilizadas são "tão familiares quanto palavras de casa," consequentemente ela será facilmente compreendida por todos que a lerem; ela está escrita de forma tão clara em termos de linguagem, que "mesmo aquele que corre a conseguirá ler". Os costumes e cerimônias diferentes são muito divertidos, e podem, segundo a maneira pela qual a obra for lida, provarem-se, também, altamente instrutivos. Espera-se que, de algum modo, o bem possa ser alcançado com esta publicação. Se fosse do alcance de Mahommah seguir para a África como missionário, segundo o desejo do seu coração, é sua intenção, se lhe for permitido retornar ao seu país, lançar esta obra em formato ampliado, com o acréscimo de assuntos que foram deixados completamente de lado, ou abreviados por falta de espaço, junto com o seu sucesso entre a sua raça nativa, o povo do seu próprio clima. BIOGRAFIA DE MAHOMMAH GARDO BAQUAQUA CAPÍTULO 1 O sujeito desta memória nasceu na cidade de Zugu, na África Central, cujo rei era vassalo do rei de Bergu. A sua idade não é conhecida com exatidão, já que os africanos têm, em geral, um modo diferente de dividir o tempo e calcular a idade, mas se supõe que ele tenha cerca de 30 anos de idade, pela lembrança de certos eventos que ocorreram, e a partir do conhecimento que ele adquiriu dos números, nos últimos tempos. Porém, como isto não é uma questão muito importante na sua história, deixamo-la aqui na sua própria obscuridade sem crermos, nem por um momento sequer, terá o seu interesse diminuído por causa da falta deste número específico. Ele afirma que os seus pais eram de países diferentes, o seu pai um nativo de Bergu (de origem árabe) e de pele não muito escura. A sua mãe era uma nativa de Kashna e de pele muito escura, era completamente negra. Os costumes do seu pai eram rígidos e quietos; a sua religião, o Maometanismo. Como o interior da África é, comparativamente, pouco conhecido, um breve esboço só poderia se mostrar muito interessante para a maioria dos nossos leitores; dessa forma, passaremos os detalhes segundo eles foram apresentados pelo próprio Mahommah. O seu modo de devoção é algo que segue o seguinte estilo: O meu pai — diz Mahommah — levantava-se todas as manhãs às quatro horas para fazer as suas orações, depois disso ele voltava para a cama, no nascer do sol ele realizava os seus segundos exercícios devocionais, ao meio dia ele voltava a fazer a sua adoração, e novamente ao por do sol. Uma vez por ano é feito um grande jejum, que dura um mês, durante este tempo não se come nada durante o dia, mas à noite, depois da realização de algumas cerimônias, é permitido comer; depois de se comer, a adoração é permitida nas suas próprias casas e, então, assembleias para culto público são feitas. O lugar de adoração era um pátio amplo e agradável pertencente ao meu avô, o meu tio era o sacerdote oficiante. As pessoas mais velhas se colocam em fileiras com o sacerdote de pé diante delas, os mais velhos próximos a ele, e assim por diante, organizando-se em ordem, de acordo com a idade. O sacerdote começa a devoção curvando a sua cabeça em direção ao chão e dizendo as seguintes palavras: "Ala-há-ku-bar" — e as pessoas respondem — "Ala-há- ku-bar," que significa: "Deus, ouve a nossa oração, responde a nossa oração". O sacerdote e o povo, então, ajoelham-se e pressionam a testa na terra, o sacerdote repete passagens do Alcorão, e o povo responde como [vimos] anteriormente. Depois que esta parte da cerimônia é terminada, o sacerdote e as pessoas sentadas no chão contam as suas miçangas (*rosário muçulmano), o sacerdote, ocasionalmente, repete passagens do Alcorão. -- Elas, então, oram pelo seu rei, para que Alá lhe ajuda a conquistas os seus inimigos, e para que ele preserve o povo da fome, dos gafanhotos devoradores, e para que ele lhes conceda chuva na devida estação. No término das cerimônias de cada dia, os adoradores do profeta vão para as suas respectivas casas, onde o melhor de tudo está providenciado para a refeição da noite. Esta mesma adoração é repetida diariamente ao longo de trinta dias, e termina com um imenso encontro em massa. O rei vem à cidade nessa ocasião e grandes multidões de todas as cercanias do país que, junto com os cidadãos, reunem-se no local indicado para adoração, chamado Gui-ge-rah, um pouco afastado da cidade. Este lugar consagrado à adoração do falso profeta é um dos "Primeiros Templos de Deus". Ele consistia de várias árvores muito grandes, que formavam uma sombra muito extensa e bela, o solo arenoso e completamente desprovido de relva é mantido perfeitamente limpo, muitos milhares podem ficar confortavelmente assentados debaixo daquelas árvores, e por estarem a céu aberto, a aparência de assembleia tão majestosa é extremamente imponente, os assentos são meramente tapetes espalhados pelo chão. Um monte de areia (esta areia difere da areia do deserto: ela é uma areia vermelha grossa misturada com terra e pequenas pedras e pode facilmente ser transformada em um grande monturo) é feito para o sumo sacerdote por-se de pé enquanto se dirige às pessoas. Nestas ocasiões ele está vestido com uma túnica preta e larga, que chega quase aos seus pés, e é servido por quatro sacerdotes auxiliares, que se ajoelham ao seu redor, segurando a barra da sua túnica, balançando-a de um lado para o outro. Eventualmente, o sumo sacerdote "agacha-se como um sapo," e quando ele se levanta, eles retomam a operação de balançar a sua túnica. Estas cerimônias terminam com as pessoas retornando para casa para oferecerem sacrifício (sarrah) pelos mortos e pelos vivos. Assim termina a festa anual. CAPÍTULO 2 O Governo na África Na África eles não têm formas escritas ou impressas de governo, todavia as pessoas estão sujeitas a certas leis, regras e normas. O governo é investido no rei como [seu] supremo, junto a ele estão os chefes ou soberanos vassalos, há também outros oficiais, cujos títulos o ofício não podem ser explicados muito bem em inglês. O rei de Zugu, conforme já declaramos, é vassalo, ou subserviente ao rei de Bergu. O roubo é considerado o mais grave dos crimes em algumas partes da África, e o ladrão frequentemente recebe a pena de morte, em consequência. Quando qualquer pessoa é suspeita, ou acusada de roubo, ela é levada diante do rei, onde uma espécie de julgamento lhe é feita; se for considerada culpada, ela pode ser vendida ou levada à morte; quando esta última sentença é levada a efeito, qualquer pessoa tem permissão para apedrejar, ou abusar, ou maltratar, de qualquer outra maneira a pessoa condenada, até que ela seja, finalmente, levada ao cume de um pequeno monte na cidade e apedrejada, ou morta por disparo de flecha. O assassinato não é considerado um crime tão grave, e um assassino não recebe a pena capital, mas, na maioria dos casos, é vendido como escravo e enviado para fora do país. O crime de adultério é severamente punido, porém o castigo mais rígido é infligido sobre o homem; um caso específico é assim descrito por Mahommah, ele diz: “Eu me lembro de um indivíduo que foi severamente punido por este crime”. O irmão do rei tinha várias esposas, uma das quais era suspeita de incontinência. Ambos foram trazidos diante do rei - Eu estive com ele naquele momento. O rei me ordenou que eu tomasse uma corda, a qual eu enrolei ao redor dos braços do homem, por trás das suas costas e amarrei, então, uma estaca foi colocada na corda, que havia sido encharcada de forma que pudesse encolher e, então, retorcida ao redor do seu corpo, até que a pobre criatura fosse forçadaa uma confissão de culpa, quando, então, ele era solto e desprezado como escravo. A mulher não recebia outro castigo além de testemunhar a tortura infligida sobre o seu amante culpado. Os fazendeiros têm as suas lavouras protegidas dessa maneira. - As fazendas não são cercadas, o rei faz uma lei, para que cada homem que possua um cavalo, jumento, ou outro animal, deva resguardá-los das propriedades dos seus vizinhos. Caso qualquer animal fuja sobre a propriedade do vizinho e faça um dano mínimo, ele é apanhado e amarrado, e o proprietário obrigado a pagar uma pesada multa antes de poder recuperar o animal. Este é o estilo de apreensão na África. As dívidas são, às vezes, cobradas da seguinte maneira, a saber: - Se uma pessoa em uma aldeia ou cidade, está em dívida com uma pessoa residente a uma certa distância e se recusa, ou negligencia, o pagamento de tal dívida, o credor residente na cidade ou aldeia distante pode se apropriar de qualquer um dos seus vizinhos, aos quais ele, por acaso, encontrar naquele vilarejo, e se ele tiver qualquer quantia em dinheiro ou coisa valiosa, o credor tem permissão de tomá-la de si, e dizer para o estranho cobrar do seu companheiro da aldeia quando ele retornar para casa; caso ele não tenha propriedade em seu nome, ele terá permissão de apropriar-se da sua pessoa e detê-lo até que a dívida seja paga. Tal lei neste país teria um efeito muito grande ao resguardar os cidadãos muito mais confinados às suas casas, à medida que o perigo de viajar seria muito grande; as chances de retorno a uma esposa ansiosa e carinhosa seria, na maioria dos países civilizados, muito pequena, na verdade. Supondo que o andarilho seja destituído de propriedade, e supondo que ele seja um homem de posses, não há dúvida que as suas posses sejam consideravelmente reduzidas, antes do seu retorno para o seu lar feliz. Os soldados são uma classe privilegiada, e o que quer que precisem, seja na aldeia ou na cidade, eles tem a permissão de levar, e não há reparação nenhuma, de nenhuma queixa feita contra eles. Se um escravo fica insatisfeito, ele deixa o seu senhor e vai até o rei, e se torna um soldado e, desse modo, obtém a sua liberdade do seu senhor. Nenhuma "lei do escravo fugitivo" poderá apanhá-lo. Estas são algumas das principais questões que são trazidas diante do rei para harmonização, as quais ele resolve, segundo as leis da terra. CAPÍTULO 3 Aparência e Situação da Terra É bastante difícil fazer um relato muito correto da geografia daquela parte da África, descrita como o local de nascimento de Mahommah; mas ela deve estar situada em algum lugar entre dez e vinte graus de latitude norte, e próximo do meridiano de Greenwich. Ela é situada na península formada pela grande curva do rio Níger. Até a época em que Mahommah foi "expulso de casa e de todos os seus prazeres," o pé do homem branco ainda não havia deixado as suas primeiras pegadas no solo; portanto, os fatos, questões, e coisas aqui relatadas, serão ainda mais interessantes para todos aqueles cujos corações e almas estão inclinados para as necessidades e angústias daquela porção do globo. A cidade de Zugu fica no meio de uma região mui fértil e aprazível; o clima, embora excessivamente quente, é bastante saudável. Há colinas e montanhas, planícies e vales, e a água há em fartura. A cerca de um quilômetro e meio da cidade existe um riacho, tão branco quanto o leite e de águas bem frescas, e não longe dali existe uma fonte de água muito fresca, também muito branca. Os moradores costumam ir da cidade para lá atrás de água. Ela não fica no meio do deserto, como supõem alguns, mas existem algumas planícies bastante extensas, cobertas com um capim grosso e muito alto que é usado pelas pessoas para cobrir as suas casas, segundo o costume de se cobrir as casas com palha. Nestas planícies não há muitas árvores, mas as que existem são de grande porte. E aqui também, vagueiam o elefante, o leão e outros animais selvagens, comuns à zona tórrida. Existem dois tipos de elefantes, um muito grande, chamado Yah-quin-ta-ca-ri, o outro pequeno, chamado Yah-quin-ta-cha-na. Os dentes dos elefantes estão espalhados em fartura ao longo de todas as planícies, e podem ser recolhidos em qualquer quantidade. Os nativos usam os dentes paa fazer instrumentos musicais, os quais eles chamam de Ka-fa. A cidade em si é grande, e rodeada por uma espessa muralha, construída com barro vermelho e com acabamento bem liso nos dois lados. O lado externo da muralha é rodeado por uma vala, ou fosso profundo que, na estação chuvosa se enche de água. Além disso, a cidade também é protegida por uma cerca de espinhos, cultivada de forma tão espessa e compacta que pessoa alguma conseguiria passar por ela; ela produz uma pequena flor branca, no auge da floração ela fica muitíssimo bela. O palácio do rei (se assim podemos chamá-lo) fica no interior da muralha da cidade, a uma pequena distância da parte principal da cidade, rodeado por (aquilo que em outros países seria chamado de) um parque, em um escala mais ampliada, no fundo do qual está um denso matagal, dispensando a necessidade de qualquer muralha de proteção naquele lado do domínio real. Uma larga avenida liga a cidade à casa do rei, com um extenso mercado em cada um dos lados, debaixo da bela sombra de belas árvores ao alto. O povo da América não faz ideia do tamanho e da beleza de algumas das árvores da África, particularmente nas cidades, onde elas estão separadas por boa distância, dessa forma tendo melhor chance de atingir o seu pleno crescimento. Há uma árvore chamada de Bon-ton, que chega a uma altura muito grande, mas os galhos não se espalham tanto quanto [os de] outras árvores; ela é muito bonita. A entrada da cidade se dá por intermédio de seis portões, os quais levam os nomes dos seus respectivos guardiães, algo semelhante com o que ocorre com a cidade de Londres, e a maioria das velhas cidades fortificadas da Inglaterra e, na verdade, da maioria das partes do velho mundo. Estes guardiães dos portões são escolhidos pela sua coragem e bravura e são, geralmente, pessoas de destaque. Os nossos jovens amigos, que lerem esta obra, podem, talvez, tomarem tanto como instrução, como diversão, o conhecimento dos seus nomes e, por isso, dá-los-emos a seguir: 1. U-bu-ma-co-fa. 2. Fo-ro-co-fa. 3. Bah-pa-ra-ha-co-fa. 4. Bah-tu-lu-co-fa. 5. Bah-la-mon-co-fa. 6. Ajaggo-co-fa. A palavra "cofa" significa "portão," e "Bah," significa "pai". "Ajagga" é o nome de uma mulher cujo filho foi distinto pelo seu heroísmo. Em tempos de guerra, estes portões são fortemente vigiados, daí a necessidade de se ter escolhido homens de reconhecido heroísmo e coragem para guardá-los. As casas são construídas com barro, baixas e sem chaminés ou janelas. A seguinte descrição de uma das habitações dará uma ideia bastante exata acerca da generalidade das casas da cidade. Uma moradia é composta por um número de cômodos separados construídos em um círcul o, com um certo espaço entre eles; na parte interna do círculo exterior existe outro círculo de cômodos, de acordo com o tamanho da família que os ocupa. Estes cômodos são todos ligados por uma parede; existe uma entrada grande ou principal na frente das outras, na qual se recebe visita. Cada família é rodeada por sua própria moradia, de modo que quando eles estão em qualquer compartimento, eles não conseguem enxergar nenhuma outra moradia, nem qualquer outra pessoa andando para lá ou para cá. Em consequência desta forma de construção, a cidade ocupa um espaço muito grande no terreno. Existe umavigilância regularmente designada para a cidade, que é paga pelo rei, ele também atua como o Principal Magistrado sobre a guarda que faz a vigília. CAPÍTULO 4 Agricultura, Artes, Etc. A agricultura do país não vai além de um estágio muito rudimentar; os poucos implementos usados são feitos pelas pessoas do país, e consistem de um tipo grande de enxada, para cavar o solo, e outras pequenas para plantar e cobrir o milho, ou qualquer outra coisa que deva ser cultivada. Este processo de preparação do solo é muito laborioso e tedioso, porém a riqueza do solo compensa em certo grau; pois um acre bem lavrado produzirá uma colheita imensa. O milho é cultivado, batatas doces e harni, que lembra muito o milho-vassoura americano na sua aparência, e [que] lá é usado como gênero alimentício. Harnebi, que é um grão muito fino, cresce em um talo muito grande, e é diferente de tudo que existe neste país; ele é assado na espiga, e o grão retirado por fricção feita com as mãos e comido como o povo americano faz com o milho ressecado; é muito bomk. O arroz é cultivado em grandes quantidades, e de excelente qualidade; ele é plantado em carreiras, uma plantação servirá por dois ou três anos, já que produzirá sozinha sem qualquer atenção. Ele cresce de forma muito exuberante. Os feijões também são cultivados. As frutas crescem em grande fartura e variedade, espontaneamene. Os inhames são cultivados e crescem com grande perfeição. Os abacaxis crescem espontaneamente, mas não são comidos, pois os nativos temem que sejam de qualidade venenosa, só que isso naõ passa de medo, pela falta de um melhor conhecimento. Os amendoins são abundantes e de boa qualidade; e há também uma grande variedade de grãos e frutas de outras variedades; e supondo-se que eles tivessem os meios de cultivo, os mesmos que existem em países mais civilizados, a África seria capaz de suportar dentro de si mesma uma imensa população. As manufaturas da África são muito limitadas; elas consistem de utensílios agrícolas, roupas de algodão e seda. A seda quase não é manufaturada, mas poderia ser muito mais, já que as lagartas-da-seda são encontradas em abundância, e poderiam ser reproduzidas em qualquer quantidade. O algodoeiro lá fica muito grande, e o algodão é de boa qualidade. As mulheres fiam por meio de um processo muito lento, tendo que retorcer o fio com os seus dedos; os homens fazem a trama; eles entrelaçam o tecido em tiras finas e, depois, costuram-nas umas às outras. As mulheres também moem o milho. O processo de moagem é este: Eles tomam uma grande pedra e a fixam no solo, então, tomam uma pedra menor preparada, de modo que ela possa ser facilmente manuseada; ela é perfurada em um dos lados tal como as nossas pedras de moer; as mulheres, então, colocam os grãos, ou qualquer coisa que queiram moer, sobre a pedra maior, pegam a outra e esfregam o grão até que ele fique fino; se eles desejam torná-lo muito fino, elas tomam outra pedra preparada para o propósito, e por trabalho paciente elas conseguem torná-lo tão fino quanto a mais fina das farinhas americanas. Elas moem inhames secos ao socá-los em um pilão junto com um tipo fine de grão chamado Har-ni, que já mencionamos, misturados; desta mistura elas fazem uma espécie de pudim grosso, e comem com molo de carne feito com verduras e uma variedade de vegetais, temperados com pimenta e cebolas. Nenhum tipo de comida é consumido sem as cebolas. Os pastores e os vaqueiros da África são uma classe distinta e subordinada de pessoas, e pertencem ao governo. Eles têm cabelos longos e lisos, e têm a pele clara como os habitantes do sul da Europa; eles são quase brancos; eles cuidam das ovelhas e do gado, abastecem a cidade com leite, manteiga e queijo, (a manteiga é muito boa e consistente, o que é evidência de uma temperatura mais baixa nesta localidade do que na maior parte das outras regiões da zona tórrida.) Eles são maometanos na sua religião e aderem rigidamente aos ritos e cerimônias daquela classe de religiosos. Eles falam as línguas árabe e flane, de modo que pode-se supor que eles sejam de origem árabe, mas ignoramos outros detalhes da sua história. Os animais domésticos da África são bem parecidos com os que encontramos neste e em outros países, consistindo do cavalo, da vaca, das ovelhas, da cabra, do jumento, da mula e da avestruz. As aves são abundantes, tais como os gansos, os perus, os pavões; as galinhas-d'angola e as galinhas de celeiro; estas últimas são muito grandes e existem em grande abundância. Elas são, junto com os seus ovos, usadas como a comida comum para o povo das florestas. Além destes, existe abundância de cisnes no rio, e uma variedade de aves selvagens; há também uma espécie de ave aquática que é muito bela e cuja plumagem é tão alva quanto a neve, e têm aproximadamente o tamanho de um pombo comum, - eles se reunem em grandes revoadas. Os papagaios são muito comuns, e os pássaros que cantam são muito numerosos. Os rios estão cheios de cavalos-do-rio, de crocodilos, etc. CAPÍTULO 5 Maneiras, Costumes, Etc. Grande respeito é prestado aos idosos; eles jamais usam o prefixo "senhor" ou "senhora," mas sempre algum termo carinhoso, tal como, quando falam com uma pessoa idosa, eles dizem Pai ou Mãe, e a um igual eles chamam de "irmão" ou "irmã". As crianças são criadas para serem obedientes e educadas; elas nunca têm permissão para contradizer, ou se assentar na presença de uma pessoa idosa, e quando eles veem uma pessoa mais velha chegando elas, imediantamente, descobrem-se e, se estão usando calçados nos pés, elas imediatamente os removem. Elas curvam os joelhos diante dos idosos, e os idosos, por sua vez, curvam os seus joelhos diante deles, e pedem que eles prontamente se ergam; e, em todos os aspectos uma deferência é prestada à idade. O melhor assento é reservado a eles e, nos lugares de adoração, o lugar próximo ao sacerdote é reservado a eles. Estes fatos não envergonhariam os modos dos filhos dese país em relação aos idosos? Como é doloroso testemunhar o desrespeito demonstrado para com as pessoas mais velhas pela geração em formação neste país e, em muitos casos, até mesmo do comportamento vergonhoso dos filhos diante dos próprios pais, tudo isso sem um único sinal de censura ou repreensão! É aqui que a grande regeneração moral da nossa terra precisa começar. As crianças devem ser ensinadas desde cedo a prestar obediência e respeito aos seus superiores e, assim, estarão preparadas a prestar a todos direitos iguais quando se tornarem homens e mulheres e estarão, por sua vez, preparados para governar bem as suas próprias famílias. O leitor perdoará esta digressão; ela foi feita com o objetivo de chamar a atenção, de forma mais contundente, para o tema, por ser ele de vital importância para o bem-estar de qualquer comunidade, para que os jovens sejam adequadamente preparados "no caminho em que devem seguir," para que quando crescerem eles "dele não se desviem". E se este contraste do comportamento das crianças africanas pobres, com o daquelas da nossa própria nação iluminada puder ser o meio de, pelo menos, um passo na marcha pela melhoria e pela reforma neste respeito, o compilador destas páginas se sentirá amplamente recompensado pelo pequeno esforço feito nestas poucas linhas adicionais. Esta é uma boa, talvez uma das melhores características da África; outra é a lei da gentileza, a qual em todos os lugares prevalece nas relações mútuas entre as pessoas da mesma classe; tudo o que a pessoa possui, ela divide graciosamente com o seu próximo, e ninguém jamais entra em uma casa sem ser convidadopara comer. Porém, assim como nos países mais civilizados: se uma pessoa se eleva à riqueza e honra, ela certamente será invejada, se não for odiada; eles não gostam de ver um dentre os seus se elevar acima deles. Uma pessoa que sempre foi rica é tida em mais alta estima. Isto parece ser muito bem o caso em todas as partes do mundo, vá você onde desejar, semelhanças parecem produzir (em casos com este) semelhanças. Observamos exatamente a mesma coisa manifesta entre nós todos os dias das nossas vidas, bem aqui no nosso meio, de modo que não parece que estamos muito distantes do african obscurecido, com toda a nossa sabedoria e ciência, com todas as nossas instituições vangloriosas; verdadeiramente o mundo inteiro é um composto estranho de "preto, branco e cinza, e os caminhos de toda a humanidade são, de todo modo, turtuosos". A luta é ocorrência muito comum e, de forma alguma, é considerada infame, há um lugar na cidade onde os moços se reunem para este propósito; e, como em outros lugares, há dois grupos que jamais chegam a um acordo; cada grupo ocupa partes diferentes da cidade, e eles se encontram para combate pessoal, que normalmente termina em uma luta generalizada, mas eles jamais se matam uns aos outros. CAPÍTULO 6 Cerimônias de Casamento, Etc. Quando um moço deseja se casar, ele escolhe um fruto predileto chamado Gan- ran, e o envia por intermédio da sua irmã, ou alguma amiga, para a moça escolhida; se o fruto for aceito, ele entende que ele será favoravelmente recebido, e permanece em casa por cerca de uma semana antes de fazer outra visita. Depois de passado um certo tempo visitando e recebendo visitas, os preparativos são feitos para a cerimônia de casamento. Eles não marcam uma data específica, nem uma cerimônia de casamento na casa do pai da noiva, mas ela fica sem saber a data; os preparativos são feitos pelo noivo e pelos seus pais. Na data marcada, o noivo envia um número de moços para a casa do pai dela à noite; eles ficam do lado de fora bem quietos e enviam uma criança para dentro da casa para dizê-la que uma pessoa deseja falar com ela. Ela vai até a porta e é, imediatamente, cercada e levada para fora pelos moços, até um lugar chamado Nya-wa-qua-fu, onde ela é mantida durante seis dias; durante este tempo ela permanece com véu e tem um número de outras moças amigas ao seu lado, que passam tempo com ela brincando e se divertindo. O noivo, neste ínterim, confina-se em casa e é atendido pelos seus amigos moços, que também passam o seu tempo em festejos e celebrações até o sétimo dia. Enquanto eles estão assim confinados, um convite geral é feito aos amigos das duas partes. O convite é feito dessa forma: Comunica-se que My-ach-i e Ah-di-za-in- qua-hu-nu-yo-haw-cu-ná --, o que significa que "o noivo e a noiva estão saindo [do confinamento] hoje. Todos se encontram em algum lugar conveniente designado para este propósito. Os amigos do noivo o conduzem até lá, e as amigas da noiva a conduzem também; tanto a noiva como o noivo têm as suas cabeças cobertas com panos brancos. Um tapete é preparado para que eles fiquem sentados; os amigos chegam e saúdam o noivo, ao mesmo tempo em que lhe entregam um pouco de dinheiro. O dinheiro é, então, colocado diante do casal que é, assim, considerado marido e mulher. O dinheiro é, de modo semelhante, espalhado diante do rei dos atabaques e seus companheiros; também para que as crianças do povo em geral possa apanhá-lo. Depos disso, eles são conduzidos para a casa do noivo. As cerimônias são, assim, encerradas. Caberia afirmar que o favor do pai da moça é obtido por meio de presentes. A poligamia é largamente praticada, e sancionada por lei. As propriedades de um homem são, por vezes, estimadas pelo número de esposas que ele tem. Ocasionalmente, um homem pobre tem um certo número de esposas e, então, são elas que precisam sustentá-lo. Quando uma mulher rica se casa com um homem pobre (como, às vezes, é o caso) ele jamais tem mais de uma mulher. A mãe de Mahommah era uma mulher de classe e riqueza. O seu pai havia sido um homem rico; ele era um mercador viajante; carregava as suas mercadorias em jumentos, e tinha escravos para acompanhá-lo; mas, por algumas razões, perdeu a maior parte das suas propriedades e, na época do seu casamento era comparativamente pobre; ele, consequentemente, teve somente uma esposa. Esta é outra razão porque se supõe que ele seja árabe de nascimento, já que muitos árabes viajam dessa maneira para adquirir propriedades. As mulheres na África são consideradas muito inferiores aos homens, e são, consequentemente, dominadas na mais degradante sujeição. A condição das mulheres é muito similar à que se observa em todas as nações bárbaras. Elas jamais comem à mesma mesa que os homens, ou mesmo na presença deles (para elas não há mesa) mas em aposentos separados. Quando uma pessoa morre, eles envolvem o corpo em um tecido branco e o sepultam tão logo possível. Depois de o corpo ser deitado com o rosto para o leste, o sacerdote é chamado, e uma cerimônia religiosa é realizada, que consiste em orações a Alá pela alma do defunto. A forma de sepultamento é pela escavação de um lugar no solo, com vários palmos de profundidade e 3 ou 3,651 metros na horizontal, no qual eles depositam o corpo e fecham a entrada com uma grande pedra chata. Outras cerimônias também são realizadas pelo sacerdote sobre a sepultura. 1 Dez ou doze pés, considerando-se cada pé como sendo de 12 polegadas ou 0,3048 m. (N. do T.) Grandes lamentações são feitas pelos mortos, por choros e prantos e altos e amargos, que perduram por seis dias. Os amigos do falecido se trancam por este período de tempo, fazendo reuniões de oração toda noite. No sétimo dia, uma grande festa é feita e o tempo de lamúrias termina, quando a família aparece de forma normal. Os africanos são uma raça supersticiosa de pessoas, e creem em feitiçaria e outras atividades sobrenaturais. Corpos de luz, algo semelhante ao Ignus Fatuas, ou fogo-fátuo, são frequentemente vistos sobre os montes e lugares altos, os quais se movimentam esporadicamente. Supõe-se que estes fenômenos sejam espíritos malignos; eles têm uma aparência estranha à distância, e por pessoas menos ignorantes que os africanos, poderiam ser confundidos com um objeto muito diferente. Eles são muito maiores na aparência que o Jack-o-Lanthorn da Europa, e parecem avançar a partir dos braços estendidos de um ser humano. Quando eles supõem que uma pessoa está enfeitiçada, eles consultam o seu astrólogo, que consulta as estrelas, que, dessa forma, descobre a suposta bruxa, a qual, geralmente, vem a ser uma pobre velha caduca, a qual eles tomam e levam à morte. Esta prática parece ser muito similar ao que era anteriormente praticado nos estados da costa leste [dos Estados Unidos], na maior parte da velha Inglaterra e, na verdade, ao longo de toda a Europa em geral "em dias que se foram". Na verdade, em muitas partes da velha Inglaterra, em pequenas vilas e aldeias isoladas, o mesmo é feito ainda nos dias de hoje. Obviamente, todas estas noções têm a sua origem na mais grosseira ignorância, daí a necessidade de se educar as massas dos povos em todas as partes do mundo. Existe uma classe de homens chamados homens da medicina, aos quais as pessoas supõem que nada os pode ferir; a estes homens é atribuído o ofício de levar à morte estas supostas feiticeiras. Eles são chamados de Umbás e estão espalhados por todo o país; andam em estado de nudez; comem carne de suíno, e sãoconsiderados pelos maometanos como um povo muito maldoso. É costume dos maometanos usarem um tipo largo de calça, que é inteiriço no fundilho e preso ao redor do quadril por um cordão. Uma túnica larga é usada em cima desta, cortada de forma circular, aberta no centro, suficientemente larga para ser colocada por sobre a cabeça e para se firmar em cima dos ombros, com mangas largas, ficando expostos o pescoço e o peito. As mulheres usam um tecido que mede cerca de 1,70 metros quadrados, dobrado nas duas pontas, depois preso em torno da cintura, com o laço do lado esquerdo. A túnica do rei é feita em estilo similar, porém com materiais mais caros. As crianças não usam muitas roupas. O comércio feito entre Zugu e outras partes do país, é feito por meio de cavalos e jumentos. O sal é trazido de um local chamado Sab-ba. Eles trocam escravos, vacas e marfim por sal. Esta viagem dura cerca de dois meses, em geral. Ocasionalmente, as mercadorias da Europa são trazidas do Ashanti, ela, porém, são muito caras. A maior parte dos artigos usados são de fabricação caseira. A louça de barro é feita de argila, eles têm uma argila vermelha e branca muito boa, porém os artigos feitos por eles são muito rudimentares, pois eles conhecem pouco sobre aquela forma de manufatura, na verdade, pouquíssimo sobre qualquer outra. Eles têm noções estranhas sobre o homem branco. As suas noções a respeito deles são muito vagas e sonhadoras. Eles supõem que eles vivem no oceano e que quando o sol se põe, ele aquece a água, de forma que o povo branco cozinha a sua comida com ela. Eles consideram o povo branco superior a eles mesmos em todos os aspectos, e temem confeccionar agulhas, pois imaginam que o homem branco tem a capacidade de olhar através de um instrumento e observar tudo o que está acontecendo; e eles acreditam que o homem branco fica muito irado com eles quando eles confeccionam agulhas; eles temem muitíssimo ocupar-se dessa forma, e não gostariam de ser vistos nem pelo homem branco nestas horas, e se pudessem evitar, nem pelo mundo inteiro. Quando eles estão ocupados confeccionando agulhas eles, obviamente, imaginam que estão sendo observados; isto, é claro, surge da crença de que estão engajados em uma atividade errada, e o mesmo se dá com todo o resto da raça humana, quando um suposto erro está sendo perpetrado, o temor toma conta da mente. Isto não passa de coisa natural para toda a humanidade; eles imaginam que, por causa da confecção das agulhas, os brancos têm o poder de lhes seguirem com os olhos. Em razão da predominância de tais noções, obviamente, as agulhas não são feitas em grande quantidade, porém, alguns são achados corajosos e persistentes o suficiente para confecioná-las. De onde estas noções surgiram, não sabemos explicar muito bem, porém o instrumento que a tudo vê, sem dúvida é o nosso telescópio, o qual, em algum momento ou outro foi exibido, provavelmente por marinheiros, que viajaram por algumas partes da África, e a história circulou pelos caixeiros-viajantes da tribo de cor negra. As guerras na África são muito frequentes, a região é dividida em tantas divisões ou pequenos reinos. Os reis estão continuamente em litígio, e estes litícios levam à guerra. Quando um rei morre, não existe um sucessor regular, mas surgem muitos rivais para o reino, e aquele que consegue alcançar este objetivo pelo poder, torna-se o rei sucessor, assim a guerra resolve a questão. A escravidão também é outra fonte produtiva da guerra, os prisioneiros sendo vendidos como escravos. As armas usadas são arcos e flechas, mosquetes e um tipo de faca ou espada curta, de fabricação caseira. Esta faca ou espada é usada em tempo de paz como arma de porte, bem como em tempo de guerra. Os africanos jamais andam desarmados. - Às vezes, grandes números são mortos nas guerras, mas jamais tantos quantos nos países europeus e outros. Os seus prisioneiros são tratados de modo muito cruel; eles chicoteiam e abusam deles de outros modos, até surgir uma oportunidade de se livrar deles como escravos. Eles bebem consideravelmente antes de ir para a batalha, para fortalecer-lhes e instilar-lhes coragem ou ousadia; (obviamente, isto não diz respeito aos que professam o Maometanismo, já que eles não fazem uso de nenhum tipo de bebida intoxicante em ocasião nenhuma.) Às vezes, cidades inteiras são destruídas e a região em derredor é devastada, sucedendo-se a fome. Esta desgraça, com muita frequência, é consequência da guerra, onde quer que ela seja praticada, não somente na África, mas em todas as partes onde o conflito sangrento é deflagrado. Quando o Evangelho, com as suas belas verdades, for plenamente compreendido e apreciado pelo povo em geral, a paz e o bem reinarão supremos e as "guerras e os rumores de guerras," cessarão para sempre. Quão estranho ver nações que se vangloriam de serem governadas pelo o Iluminismo e pelo poder do glorioso Evangelho de Cristo tomar parte "mão a mão e pé a pé" em tamanhas cenas de carnificina e destruição. Como podem nações cristãs serem sempre tão empenhadas no sucesso da sua missão de converter os pagãos, enquanto as suas práticas em casa são tão diferentes das verdades abençoadas apresentadas no sagrado volume? Que o espírito cristão e o espírito de guerra se ordenem em oposição eterna, e não está distante o dia em que o deserto florescerá como a rosa com flores, adequado para a guarnição de paz e santidade. Os cristãos, e aqueles que professam as doutrinas do Evangelho, deveriam fazer tudo o que estiver no seu poder para banir a guerra. Então, o seu "jugo seria suave e o seu fardo leve" e a obra de conversão avançaria rapidamente. A Escravidão na África. - A maior fonte de miséria da África é o seu sistema de escravidão, que é continuado a uma extensão temerária, mas a escravidão doméstica naquele país não é nada quando comparada a este; porém o mercado de escravos é deveras terrível. Os escravos são retirados do interior e enviados apressadamente ao litoral, onde eles são trocados por rum e tabaco, ou outros artigos de mercadorias. Este sistema de escravidão causa muito derramamento de sangue e, consequentemente, miséria. Mahommah foi, uma vez, tomado como prisioneiro e vendido, mas foi redimido pela sua mãe, mas [você saberá] mais a respeito no local apropriado. CAPÍTULO 7 O Início da Vida de Mahommah, Etc. Agora, prosseguiremos, sem demora, à parte mais importante da obra, descrevendo a história inicial, a vida, as provações, os sofrimentos e a conversão de Mahommah ao Cristianismo; a sua chegada à América; a sua viagem e permanência no Haiti e o retorno a este país; as suas visões, objetivos e propósitos. Os seus pais, como anteriormente declarado, eram de tribos ou nações diferentes. O seu pai era de religião maometana, mas a sua mãe não tinha religião nenhuma. Ele declara: "A minha mãe era como muitos cristãos bons daqui, que gostam de serem cristãos nominais, mas não gostam muito de adorar a Deus. Ela gostava muito do Maometanismo, mas não se importava muito com as questões que envolviam a adoração". Os maometanos são adoradores muito mais fervorosos do que os cristãos, e adoram com zelo e devoção mais aparente. A família consistia de dois filhos e três filhas, além de gêmeos que morreram na infância. Os africanos são muito supersticiosos com gêmeos; eles imaginam que todos os gêmeos são mais inteligentes que todos os outros filhos, e também com relação ao filho que nasce depois dos gêmeos. Eles são considerados conhecedores de quase tudo, e são tidos em alta estima. Se os gêmeos sobrevivem, uma imagem deles éfeita a partir de uma madeira específica, uma de cada um deles, e eles são ensinados a dar comida para elas, ou ofertar comida toda vez que têm alimento; se eles morrem, o filho que nasceu depois deles passa a tomar conta da imagem feita deles, e é sua obrigação alimentá-las, ou ofertar comida para elas. Mahommah era o filho que nasceu depois dos gêmeos, e estas pequenas obrigações ele executava com fidelidade. Supunha-se que as imagens os guardavam do mal e os protegiam na guerra. Ele era, consequentemente, altamente estimado por conta do seu nascimento; supunha-se que ele jamais dissera nada errado, e tudo o que ele desejava era feito para ele no instante. Esta, sem dúvida, era a razão porque a sua mãe o amava tão afetuosamente, e era a causa da sua imprudência juvenil. Eles jamais o barraram ou o controlaram, a sua mãe era a única pessoa que ousava confrontá-lo; o seu amor pela sua mãe era muitissimo grande. O seu tio era um homem muito rico, ele era ferreiro do rei, e desejava que Mahommah aprendesse aquele ofício, mas o seu pai o destinou para a mesquita, na intenção de criá-lo com um dos fieis seguidores do profeta. Com este propósito ele foi enviado à escola, mas por não gostar muito da escola, ele foi morar com o seu tio e aprendeu a arte de fazer agulhas, facas e toda a sorte destas coisas. O seu pai, mais tarde, voltou a colocá-lo na escola, mas ele logo fugiu de lá; ele não gostava da restrição que o seu irmão (o professor) impunha sobre ele. O seu irmão era um leal maometano e bem instruído na língua árabe. Mahommah não progredia muito bem no aprendizado, tendo um receio natural a ele. A forma de ensino é bem diferente de outros países: os africanos não possuem livros, nem papeis, mas um quadro chamado Wal-la, no qual é escrita uma lição que o aluno deve aprender a ler e escrever antes de outra ser passada; quando essa lição é aprendida, o quadro é apagado e uma nova lição é escrita. Os estudantes não têm permissão de se ausentar sem a permissão especial do professor; se o aluno gazeia aulas, ele recebe punição. Nenhuma taxa é cobrada até que a educação seja terminada. A inspeção escolar é feita da seguinte maneira: Uma grande casa de reunião, geralmente uma mesquita, é selecionada, onde os alunos se reunem junto com os professores, que precisam abrir vinte capítulos do Alcorão, e se o aluno ler os vinte capítulos inteiros, sem errar uma única palavra, a sua educação é considerada terminada e as taxas de instrução são imediatamente pagas. O tio de Mahommah tinha propriedade em Sal-gar, para onde ele seguia para comprar ouro, prata, bronze e ferro para os propósitos do seu negócio. O ouro e a prata ele transformava em braceletes, para os braços, e brincos e anéis: os africanos são muito afeitos a este tipo de ornamento. As agulhas, na África, são feitas à mão, o processo é muito tedioso; em primeiro lugar o ferro é endurecido ou convertido em algo como o aço, ele é, então, tranformado em arame fino, por meio de um processo de martelamento, e cortado nos tamanhos adequados, conforme necessário, quando ele é, novamente, batido e afiado na ponta por meio de limagem e, finalmente, polido à mão pela fricção de uma pedra macia. A partir desta descrição da confecção de uma agulha, pode ser claramente vista a quantidade de trabalho que precisa ser empregada em todos os ramos da manufatora, por falta de ferramentas e maquinário melhores. Um fole africano merece a nossa atenção. Costuma-se dizer: "A necessidade é a mãe da invenção;" todo aquele que duvidar deste fato, que leia atentamente o seguinte, e se negar esta posição, certamente terá que admitir que a invenção do fole na África, certamente teve um "pai". O fole é composto de um couro de cabra retirado por completo, uma estaca atravessa do pescoço até as patas traseiras, onde ele é preso por uma ideia engenhosa. As pernas são movidas para cima e para baixo pela mão, e um velho cano de mosquete é usado como tubo. Enquanto o seu tio estava em Sal-gar para negócios, ele morreu, e deixou a sua propriedade para a mãe de Mahommah. Ele, então, trabalhou por um curto período com outro parente. É trabalho árduo a manufatura de implementos e ferramentas agrícolas. Maquinário é muitíssimo necessário na África, a falta dele é uma grande desvantagem para as manufaturas daquela região. O ferro é de primeira qualidade, muitissimo superior ao ferro da América. O ferro, o cobre e o bronze são transformados em anéis, que são usados como ornamentos nos tornozelos e braços. Há centenas e milhares de homens no mundo que se alegram em fazer o bem, e que estão procurando meios de empregar o seu tempo e os seus talentos. Para estes que examinam atentamente as páginas desta obra, a dica aqui lançada não poderá ser perdida. Um vasto campo de utilidade se apresenta naquela parte muito negligenciada do mundo, onde devem ser encontrados homens que somente precisam de ensinamentos para virarem bons cidadãos, bons mecânicos, bons fazendeiros, bons homens e bons cristãos. Para aqueles que direcionariam os seus esforços em favor de tal nação, nenhuma dúvida resta, senão que Deus abençoaria os seus trabalhos; as suas ações os louvariam, e milhões que ainda não nasceram os chamariam de bem-aventurados. Ide, portanto, vós, filântropos, homens e mulheres cristãos, até estes povos obscurecidos, oferecei-lhes a mão de assistência e erguei- lhes ao padrão dos seus companheiros, e dai todo o consentimento que puderes aos seus esforços rumo à utilidade e bondade, jamais se importando com a zombaria e com as carrancas de um mundo frio e indiferente; que as vossas obras possam ser de tal natureza que todos os homens bons possam falar bem de vós, e as vossas próprias consciências lhes dê aprovação. A África é rica em todos os aspectos (exceto no conhecimento). O conhecimento do homem branco é necessário, mas não os seus vícios. A religião do homem branco é necessária, mas mais dela, mais do espírito da verdadeira religião, tal como a Bíblia ensina: "Ama a Deus e ama ao homem". Quem irá até a África? Quem levará a Bíblia para lá? E quem ensinará aos pobres africanos obscurecidos, as artes e as ciências? Quem fará tudo isso? Que a resposta seja pronta, que ela seja cheia de vida e energia! Que a ordem do Salvador seja obedecida. "Ide a todo o mundo e pregai o evangelho". Salvai a todos os que estão perecendo por falta de conhecimento, pois à falta daquele conhecimento, vós tendes o poder de transmiti-lo. Não mais hesiteis, pois esta é a hora, o tempo aceitável: "vem a noite, quando homem nenhum pode trabalhar," e o dia (o nosso dia) e o dia declina rapidamente. Ó, amigos cristãos, levantai-vos e passai a agir. O irmão de Mahommah era uma espécie de sortista que, quando o rei estava prestes a sair para a guerra, era consultado por ele, para saber se a questão da guerra seria a seu favor ou não; isto era feito por sinais e figuras feitas na areia, e tudo o que ele predizia era totalmente crido como algo que ocorreria, de modo que pelo seu próprio poder misterioso ele era capaz, tanto de fazer com que o rei fosse à guerra, quanto de colocar um fim à questão. Ele, certa vez, foi a Bergu, que ficava a leste de nós, a uma certa distância, onde permaneceu por dois anos. Uma grande guerra foi travada durante aquele tempo e ele foi tomado como prisioneiro, mas foi liberto pela sua mãe, a qual pagou uma redenção, quando ele retornou de volta para casa. Ele, então, foi para Da-boy-ya, que ficava bem longe, na direção sudoeste de Zugu, do outro lado de um rio muito grande. Naquele lugar, uma grande quantidade de artigos de manufaturaeuropeia poderiam ser encontrados, tais como garrafas de vidro, copos, pentes, calicôs, etc., porém as construções eram, na sua maioria, semelhantes às de Zugu, mas a cidade não era rodeada por muralhas, como esta última. Aqui também o rei estava em guerra e convidou o meu irmão. A causa dessa guerra era que o rei havia morrido, e uma disputa havia surgido (como costuma ser o caso) entre dois irmãos, [sobre] qual deveria ser o rei; eles adotaram tais meios para dedicir quem deveria suceder, e aquele que conseguisse reunir as maiores forças seria o sucessor. O candidado mal- sucedido se colocaria dabaixo da proteção de um rei vizinho, até que conseguisse reunir forças suficientes para poder vir exitosamente à guerra e, desse modo, arrancar o reino do seu irmão. Depois do irmão de Mahommah ter permanecido um certo tempo com o rei, o próprio Mahommah foi para lá com muitos outros para carregar grãos, já que estes ali haviam se tornado escassos por conta da guerra. Durava cerca de dezessete dias a viagem desde Zugu, a forma da viagem sendo a pé, com as sacas de grão sobre a cabeça; um modo um tanto tedioso e desagradável de viajar e transportar mercadorias, considerando as facilidades para tais propósitos proporcionadas na América e na Europa. Eles chegaram com segurança em um sábado, e ouviram que a guerra seria travada naquele dia, mas ela não foi retomada até o dia seguinte. O rei recebeu palavra do seu conselheiro para sair e encontrar o inimigo no bosque, mas não fez assim. Ele, então, foi até a casa do Rei, e depois de fazer o desjejum na manhã seguinte, os mosquetes começaram a se fazer ouvir, e a guerra prosseguiu de forma séria. Mosquetes foram usados por eles nessa ocasião, muito mais do que arcos e flechas. A guerra ficou demasiadamente quente para o rei, quando ele, junto com o seu conselheiro, fugiram para salvar as suas vidas. Os meus companheiros — diz Mahommah — e eu mesmo corremos para o rio, mas não o conseguimos atravessar; nós nos escondemos no mato alto, mas o inimigo veio e nos encontrou, e fez de nós todos prisioneiros. Eu fui amarrado com muita força; colocaram uma corda ao redor do meu pescoço e me levaram com eles. Nós viajamos através de um bosque e chegamos a um local que eu jamais esquecerei, cheio de mosquitos! Só que eram mosquitos de verdade, nada destas pequenas moscas, maruins ou bichos do gênero, que as pessoas da América do Norte chamam de mosquitos, mas bichos realmente famintos, com ferrões e sugadores capazes de drenar cada gota de sangue do corpo de um homem de uma única vez. Eles vinham zumbindo, zumbindo perto dos nossos ouvidos e nos picavam, cheios de irada vingança. Eu jamais desejo estar naquele lugar novamente, nem em nenhum outro semelhante; foi verdadeiramente horrível. Enquanto viajava pelo bosque, nós encontramos o meu irmão, mas nenhum de nós falou ou pareceu conhecer um ao outro; ele se virou para outro caminho sem levantar qualquer suspeita; e, então, seguiu para um lugar e conseguiu uma pessoa para me comprar. Caso se soubesse quem ele era, eles teriam insistido num grande preço pela minha redenção, mas foi necessária somente uma pequena soma para a minha soltura. Deveria ser mencionado que a cidade foi destruída, as mulheres e crianças expulsas. - Quando as guerras irrompem subitamente, as mulheres e crianças não têm meios de escapar, mas são tomadas como prisioneiras e vendidas à escravidão. Depois da minha compra e soltura, o meu irmão me enviou de volta para casa com alguns amigos, na minha volta para casa, eu fiz uma vista ao nosso rei. Ele era parente da minha mãe. Alguns dias depois, enquanto estava em casa, o rei mandou me chamar e disse que queria que eu morasse sempre com ele, assim, eu permaneci na sua casa, e ele me designou como um Che-re-coo, isto é, uma espécie de guarda- costas do rei. Eu era somente o terceiro a partir do rei, Ma-ga-zee e Wa-roo, estando somente os dois acima de mim em patente, depois do próprio rei. Ma-ga-zee era um homem velho, e Wa-roo, um jovem. Eu ficava com o rei dia e noite, comia e bebia com ele, e era o seu mensageiro dentro e fora da cidade. O rei não residia na cidade, mas a alguns quilômetros dela. (Os africanos têm uma forma curiosa de calcular as distâncias, eles levam as cargas sobre a cabeça e seguem até cansar, que é chamado Loch-a-fau, e em inglês, significa uma milha!) O rei (continua Mahommah) não guardava nada de mim mas, às vezes, quando ele tinha assuntos muito importantes em mãos, ele consultava Ma-ga-zee, que era mais experiente. Os reis são chamados Massa-sa-ba, e governam vários lugares, e, a exemplo dos Faraós da antiguidade, todos são chamados de Massa-sa-ba. Quando o rei da cidade morre, os Massa-sa-bas são convocados a decidirem quem os sucederá. Se a guerra se-lhes sobrevém, ele é encontrado, antes de tudo, entre os bravos; a sua residência é, geralmente, em um denso matagal, edificada segundo o costume do país, mas guarnecida na parte externa com mármore. Há dois tipos de mármores lá, um muito branco, e o outro vermelho; estes mármores são triturados até virarem um pó fino, apesar da argamassa que é usada na construção de casas ser macia, pedaços de mármore são retirados e prensados nela, em todos os formatos e figuras fantásticas que se possa imaginar, o que torna a parede mais firme e proporciona à construção, depois de terminada, uma aparência bela e ornamental. O pilão no qual as mulheres moem os inhames e o Harnee até se transformarem em farinha, mencionado anteriormente nesta obra, exige uma atenção semelhante, por ser muito interessante. Um número de homens adentroa a floresta e seleciona uma árvore muito grande de uma espécie específica que é usada para este propósito, derruba-a, e corta uma tora com cerca de um metro e vinte; ela é, então, perfurada e polida delicadamente e, quando tudo está pronto, o rei convida um grande número de homens, que o rolam à mão até à sua casa e o põe onde se deseja que ele permaneça. Este pilão é, geralmente, tão grande em circunferência que dez ou quinze pessoas podem ficar de pé para trabalhar ao seu redor de uma só vez. Massa-sa-ba era um homem generoso e dado à hospitalidade — consequentemente, [ele] tinha muita companhia. Eles amam as festas na Áfria, bem como em qualquer outra parte do mundo, e quando os reis fazem banquetes, tudo o que o país pode proporcionar é servido. Isto os torna muito populares com as pessoas. Mahommah não consegue afirmar distintamente quanto tempo ele viveu com o rei, mas foi um período considerável de tempo; enquanto ali esteve ele se tornou muito ímpio. Porém — afirma ele — naquela época, eu pouco sabia o que era a impiedade; as práticas dos soldados e guardas, hoje estou convencido, eram, verdadeiramente, muito más, pois tinham plenos poderes e autoridade da parte do rei para cometer toda sorte de depredação que desejassem sobre o povo sem temer a sua desaprovação, ou punição. Todas as vezes, quando eles estavam curvados à maldade, ou imaginavam que precisavam de alguma coisa, eles se lançavam sobre o povo e tomavam deles tudo o que escolhiam, já que a resistência estava totalmente foram de questão e era inútil, sendo conhecido o decreto do rei ao longo de todo o país. Estes privilégios eram concedidos às tropas militares em lugar de pagamento, de modo que saqueávamos para fins de sobrevivência. Se o rei necessitava de vinho de palmeira para um banquete, ou para qualquer outra ocasião ele me enviada; e eu levava alguns dos seus escravos comigo, e sabendo por qual rota do país as pessoas carregadas com vinho chegavam até a cidade, eu, junto com osescravos, escondia-me no capim alto, enquanto um do nosso grupo subia em uma árvore alta, e ficava de vigia, esperando qualquer um que passasse. Tão logo ele espiasse uma mulher com uma cabaça sobre a cabeça — as mulheres somente carregam o vinho para o mercado — ele nos informava, e nós, instantaneamente a cercávamos e tomávamos o vinho. Se o vinho fosse bom, ela o perdia; se fosse ruim, nós o devolvíamos a ela, já que o rei jamais bebia vinho ruim, mas com a advertência de que ela não deveria contar a ninguém que os guardas estavam em emboscada, do contrário não poderíamos mais atacar outras pessoas, e o rei ficaria sem o seu vinho. Dessa forma, um pedágio é cobrado de todos que carregam vinho para dentro da cidade, toda vez que o rei necessita dele. Se uma mulher não carrega vinho suficiente para o uso do rei, outras são abordadas da mesma maneira até que [vinho] suficiente seja obtido; outros artigos também são apreendidos toda vez que o rei deles necessita. Na frente da casa, ou do palácio, do rei havia um pátio muito amplo, formosamente sombreado por árvores majestosas; em um lado deste pátio havia três ou quatro árvores, debaixo das quais um trono rústico foi construído de terra lançada em um monturo e coberto com argamassa, sendo unido de árvore a árvore, que tinha vários palmos de altura, e ascendia por degraus do mesmo material. No trono havia um assento, almofadado, e coberto com couro vermelho, feito com pele de Bah-seh, a qual não era usada para outro propósito. Em cada um dos lados, havia assentos para as suas duas jovens esposas, que eram ocupados por duas das suas favoritas na sua ausência. O meu assento era aos pés do trono, em um dos lados dos degraus, e o de Wa-roo no outro; mais além ficava o assento ocupado por Ma-ga-zee. O rei bebia na presença das suas esposas, mas não comia. Toda vez que ele bebia, uma das suas esposas ou favoritas se ajoelhava diante dele e colocava as suas mãos debaixo do seu queixo, de modo a impedir que qualquer sobra de bebida pudesse pingar sobre a sua pessoa. Na ausência delas, essa obrigação recaía sobre mim. Toda vez que o rei precisava de mim para alguma coisa, ele dizia: "Gar-do-wa". Eu respondia: "Sa-bee" (um termo usado somente diante do rei) e imediatamente corria em direção a ele, caindo com o rosto em terra diante dele, em uma atitude que demonstrava o máximo da atenção respeitosa. Ele, então, declarava o que ele precisava, e eu saía a toda velocidade para obedecer as suas ordens, o caminhar não era permitido quando se tratava dos negócios do rei. -- Quando ele desejava alguma coisa de Ma-ga-zee, ele me chamava, para comunicar a ele a sua vontade. Assim, eu era mantido correndo da manhã até a noite, enquanto os seus banquetes seguiam. Era um trabalho muito árduo atender aquele rei, posso assegurar a vocês, caros leitores. Nos banquetes do rei, todas as principais figuras se reuniam e jantavam com ele, os mais importantes se entretiam na casa de Ma-ga-zee, e os demais nas outras casas, de modo que os convidados ficavam espalhados em todo o redor. É a obrigação das mulheres preparar a comida, etc. Sem dúvida, seria altamente interessante para a maioria dos nossos leitores apresentar uma descrição mais completa das maneiras e costumes do povo, e nos daria grande prazer fazê-lo, caso os limites da presente obra nos permitissem; só que de momento, esperamos que eles se contentem e se agradem com o que já foi visto e escrito para eles, espera-se que eles se beneficiem com a leitura minuciosa. Em alguma outra ocasião, caso o público considere adequado prestigiar estas poucas folhas avulsas, pode ser que um volume maior e mais extenso possa ser editado pelo autor da presente obra, no qual será passado com mais detalhes todo o seu conhecimento da África e dos africanos. Agora, finalmente, passaremos à parte mais interessante da história de Mahommah, que trata da sua captura na África e subsequente escravidão. Apresentaremos a questão, praticamente, nas suas próprias palavras. Como já foi dito, quando qualquer pessoa apresenta evidência de ter conquistado uma posição de eminência no país, ela é imediatamente invejada, e são tomadas medidas para removê-la do caminho; assim, quando foi visto que a minha situação era de lealdade e confiança diante do rei, eu fui, obviamente, logo, separado como objeto adequado de vingança por uma classe invejosa dos meus compatriotas, atraído para uma cilada e vendido para a escravidão. Eu fui à cidade um dia para visitar a minha mãe, quando fui seguido por um músico (tocador de atabaques) e chamado pelo meu nome. O atabaque batia ao ritmo de uma música que havia sido composta, aparentemente, em honra a mim, supunha eu, por causa da minha posição elevada diante do rei. Isto muito me agradou, e eu me senti altamente lisonjeado, ficando muito generoso, dei ao povo dinheiro e vinho, [enquanto] eles cantavam e gesticulavam o tempo todo. A cerca de um quilômetro e meio da casa da minha mãe, onde uma bebida forte chamada Bah-gee, era feita de um grão chamado Har-nee; para lá fomos, e quando eu havia bebido quantidade excessiva de Bah-gee, fiquei muito intoxicado, e me persuadiram a ir com eles até Zar-ach-o, a cerca de um quilômetro e meio de Zugu, para visitar um rei estranho, o qual eu jamais havia encontrado anteriormente. Quando nós chegamos lá, o rei nos exaltou a todos, e um grande banquete foi preparadoo, e muito bebida me foi dada, na verdade todos pareciam beber muito livremente. Na manhã quando eu acordei, descobri que era prisioneiro, e todos os meus companheiros haviam partido. Ó horror! Descobri, então, que havia sido traído [e lançado] nas mãos dos meus inimigos, e vendido como escravo. Eu jamais esquecerei os meus sentimentos naquela ocasião: as lembranças da minha pobre mãe me perturbavam sobremaneira, e a perda da minha liberdade e da minha posição honorável diante do rei me angustiava muito severamente. Lamentei amargamente a minha insensatez ao ser tão facilmente enganado, sido levado a afogar toda a cautela numa taça. Não tivessem os meus sentidos sido tirados de mim, havia chance de eu ter escapado das suas ciladas, pelo menos daquela vez. O homem, em cuja companhia eu me vi largado pelos meus cruéis companheiros era uma pessoa cuja tarefa era livrar o país de todas as pessoas semelhantes a mim. A forma como ele me prendeu, foi a seguinte: - Ele tomou um galho de árvore que tinha dois dentes, e cortou de forma que ele se atravessasse na minha nuca, ele foi, então preso pela parte frontal com um ferrolho; a estaca tinha cerca de 1,80 metros de comprimento. Confinado, assim, fui levado em marcha até o litoral, a um lugar chamado Ar-u- zo, que era uma grande aldeia; ali encontrei alguns amigos, que muito lamentaram a minha situação, mas não tinham meios para me ajudar. Nós somente ficamos ali somente por uma noite, já que o meu senhor queria apressar as coisas, pois eu lhe havia dito que fugiria e iria para casa. Ele, então, levou-me para um lugar chamado Chir-a-chur-i, ali eu também tinha amigos, mas não pude encontrá-los, pois ele mantinha vigilância muito atenta sobre mim, e sempre em lugares preparados para o propósito de manter os escravos em segurança; havia furos nos muros nos quais os meus pés foram colocados (uma espécie de armazém [de escravos]). Ele, então, levou-me para um lugar chamado Cham-mah — depois de passar por muitos lugares estranhos (cujos nomes não consigo me lembrar) onde me vendeu. Nós havíamos estado, então, cerca de quatro dias longe de casa e viajado muito rapidamente. Eu permaneci somente um dia, quando fui, novamente, vendido
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