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Biografia de Mahommah Gardo Baquaqua Portugues

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Prévia do material em texto

Tradução da Edição Eletrônica (em língua inglesa) 
 
Baquaqua, Mahommah Gardo 
 
Moore, Samuel, fl. 1854 
 
 
Texto transcrito por Apex Data Services, Inc. 
Texto codificado por Apex Data Services, Inc. Elizabeth S. Wright e Natalia Smith Primeira edição, 2001 
ca. 160K 
 
Academic Affairs Library, UNC-CH University of North Carolina at 
Chapel Hill, 2001. 
 
© Esta obra é propriedade da Universidade da Carolina do Norte de Chapel Hill. Ela pode ser usada livremente por 
indivíduos para fins de pesquisa, ensino e uso pessoal contanto que esta declaração de disponibilização esteja incluída no texto. 
 
Descrição de Fonte: 
 
(página de título) Biografia de Mahommah Gardo Baquaqua, um Nativo de Zugu, no interior da África. Descrição Daquela Parte 
do Mundo; Incluindo as Maneiras e Costumes dos Habitantes, as Suas Noções Religiosas, Forma de Governo, Leis, Aparência do 
País, Edificações, Agricultura, Manufaturas, Pastores e Vaqueiros, Animais Domésticos, Cerimoniais de Casamento e Funerais, 
Estilos de Vestimentas, Negócios e Comércio, Modos de Batalha, Sistema de Escravidão, etc, etc. O Incio da Vida de Mahommah, 
a Sua Educação, a Sua Captura e Escravidão na África Ocidental e no Brasil, a Sua Fuga para os Estados Unidos, de lá para o Haiti 
(para a Cidade de Porto Príncipe), a Sua Recepção Pelo Missionário Batista, Rev. W. L. Judd Ali; a Sua Conversão ao Cristianismo, 
o Seu Batismo e Retorno ao Seu País, as Suas Visões, Objetivos e Meta. Escrito e Revisado a partir das Suas Próprias Palavras, por 
Samuel Moore, Esq., ex-publicador da "North of England Shipping Gazette," Autor de Várias Obras Populares, e Editor do Sundry 
Reform Papers 
 
(capa) Uma Narrativa Interessante. Biografia de Mahommah Gardo Baquaqua, um Nativo de Zugu, no interior da África (Um 
Convertido ao Cristianismo) Com uma Descrição Daquela Parte do Mundo; Incluindo as Maneiras e Costumes dos Habitantes, as 
Suas Noções Religiosas, Forma de Governo, Leis, Aparência do País, Edificações, Agricultura, Manufaturas, Pastores e Vaqueiros, 
Animais Domésticos, Cerimoniais de Casamento e Funerais, Estilos de Vestimentas, Negócios e Comércio, Modos de Batalha, 
Sistema de Escravidão, etc, etc. O Incio da Vida de Mahommah, a Sua Educação, a Sua Captura e Escravidão na África Ocidental e 
no Brasil, a Sua Fuga para os Estados Unidos, de lá para o Haiti (para a Cidade de Porto Príncipe), a Sua Recepção Pelo Missionário 
Batista, Rev. W. L. Judd Ali; a Sua Conversão ao Cristianismo, o Seu Batismo e Retorno ao Seu País, as Suas Visões, Objetivos e 
Meta. Escrito e Revisado a partir das Suas Próprias Palavras, por Samuel Moore, Esq., ex-publicador da "North of England Shipping 
Gazette," Autor de Várias Obras Populares, e Editor do Sundry Reform Papers Mahommah G. Baquaqua Samuel Moore 65, [1] p. 
Detroit 
 
Para o Autor de Geo. E. Pomeroy & Co., Tribune Office 1854 
Esta edição eletrônica foi transcrita a partir de uma fotocópia fornecida pela Biblioteca da Universidade do Estado da 
Carolina do Norte. 
 
A edição eletrônica é parte do projeto de digitalização UNC-CH, Documentando o Sul dos Estados Unidos. 
Esta edição eletrônica foi criada por sistema de Reconhecimento Ótico de Caracteres (OCR). O texto capturado pelo sistema de 
OCR foi comparado com o documento original e, posteriormente, corrigido. O texto foi codificado fazendo-se uso de 
recomendações para o Nível 4 das Diretrizes TEI de Bibliotecas. 
A gramática, a pontuação e a ortografia originais foram preservadas. Os erros tipográficos encontrados foram preservados e 
aparecem em cor vermelha. 
Todos os hífens que ocorriam na quebra de linhas foram removidos, e a parte restante de uma palavra foi juntada à linha 
anterior. 
Todas as aspas, travessões e o "E" comercial foram transcritos como referências a entidades. 
Todas as aspas duplas direitas e esquerdas foram codificadas como " e ", respectivamente. Todas as aspas simples 
direitas e esquerdas foram codificadas como ' e ', respectivamente. Todos os travessões foram codificados como -- 
 
O recuo de margem nas linhas não foi preservado. 
Foi feita uma verificação ortográfica no texto utilizando-se os programas Autor/Editor (SoftQuad) e Microsoft Word. 
 
Titulos dos Assuntos da Biblioteca do Congresso 
 
 
LC Títulos dos Assuntos: 
 
 África, Central -- Descrição e viagem -- século XIX . 
 África, Central -- Vida social e costumes -- século XIX. 
 Baquaqua, Mahommah Gardo. 
 
 Negros -- Biografia. 
 Escravos fugitivos -- Biografia. 
 Mercado escravocrata -- África. 
 Escravidão -- África. 
 Escravidão -- Brasil. 
 Escravos -- Biografia. 
 
 
 
História Revisionista: 
 
 2001-10-09, 
Celine Noel e Wanda Gunther 
cabeçalho revisado e registro catalográfico criado para a edição eletrônica. 
 
 2001-05-04, 
Natalia Smith, gerente de projeto 
Finalizadora TEI e revisora final 
 
 2001-03-27, Elizabeth S. 
Wright 
 
Finalizado de TEI/Codificadora de SGML 
 
 2001-03-23, 
Apex Data Services, Inc. 
concluiu o escaneamento (OCR) e a revisão final do texto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
[Imagem de Capa] 
 
 
 
BIOGRAFIA 
DE 
MAHOMMAH G. BAQUAQUA, 
 
 
UM NATIVO DE ZUGU, NO INTERIOR DA ÁFRICA 
(Um Convertido ao Cristianismo) 
COM UMA DESCRIÇÃO DAQUELA PARTE DO MUNDO; 
 
 
INCLUINDO AS 
Maneiras e Costumes dos Habitantes, 
 
 
AS SUAS NOÇÕES RELIGIOSAS, FORMA DE GOVERNO, LEIS, APARÊNCIA DO PAÍS, 
EDIFICAÇÕES, AGRICULTURA, MANUFATURAS, PASTORES E VAQUEIROS, ANIMAIS 
DOMÉSTICOS, CERIMÔNIAS DE CASAMENTO E FUNERAIS, ESTILOS DE VESTIMENTAS, 
 
NEGÓCIOS E COMÉRCIO, MODOS DE BATALHA, SISTEMA DE ESCRAVIDÃO, ETC, ETC. O 
INÍCIO DA VIDA DE MAHOMMAH, A SUA EDUCAÇÃO, A SUA CAPTURA E ESCRAVIDÃO 
NA ÁFRICA OCIDENTAL E NO BRASIL, A SUA FUGA PARA OS ESTADOS UNIDOS, DE LÁ 
PARA O HAITI, (PARA A CIDADE DE PORTO PRÍNCIPE). A SUA RECEPÇÃO PELO REV. W. 
L. JUDD, MISSIONÁRIO BATISTA; A SUA CONVERSÃO AO CRISTIANISMO, O SEU 
BATISMO E RETORNO AO SEU PAÍS, AS SUAS VISÕES, OBJETIVOS E META. 
 
 
Escrito e revisado a partir das suas próprias palavras 
Pelo ilustríssimo senhor SAMUEL MOORE, 
 
Ex-editor da "North of England Shipping Gazette," Autor de Várias Obras Populares, e 
Editor do Sundry Reform Papers 
 
DETROIT 
 
Impresso para o Autor, Mahommah Gardo Baquaqua, 
POR GEO. E. Pomeroy & Co., Tribune Office 1854 
1854. 
 
 
Verso da página 
 
Registrado, segundo o Ato do Congresso norte-americano do 
ano de 1854, por MAHOMMAH GARDO BAQUAQUA, na 
Repartição do Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o 
Distrito do Michigan. 
 
NÚMEROS. 
 Afo, um. 
 Ahinka, dois. 
 Ahiza, três. 
 Attoche, quatro. 
 Ahgo, cinco. 
 Aido, seis. 
 Aea, sete. 
 Aeako, oito. 
 Aega, nove. 
 Away, dez. 
 Awaychinefaw, onze. 
 Awaychineka, doze. 
 Awaychineza, treze. 
 Awaychinetache, quatorze. 
 Awaychinago, quinze. 
 Awaychinedo, dezesseis. 
 Awaychinea, dezessete. 
 Awaychineako, dezoito. 
 Awaychinego, dezenove. 
 Awarranka, vinte. 
 Awarrankachnefaw, vinte e um. 
 Awarrankachineka, vinte e dois. 
 Awarrankachnega, vinte e três. 
 Awarrankachintache, vinte e quatro. 
 Awarrankachinego, vinte e cinco. 
 Awarrankachinedo, vinte e seis. 
 Awarrankachinea, vinte e sete. 
 Awarrankachineake, vinte e oito. 
 Awarrankachinega, vinte e nove. 
 Awarranza, trinta. 
 Awarranzachinefaw, trinta e um. 
 Awarrankachineka, trinta e dois. 
 Awarranzachineza, trinta e três. 
 Awarranzachintoche, trinta e quatro. 
 Awarranzachinego, trinta e cinco.Awarrankachinedo, trinta e seis. 
 Awarranzachinea, trinta e sete. 
 Awarranzachineako, trinta e oito. 
 Awarranzachinega, trinta e nove. 
 Waytoche, quarenta. 
 Waytochechinefaw, quarenta e um. 
 Waytochechineka, quarenta e dois. 
 Waytochechineza, quarenta e três. 
 Waytochechintoche, quarenta e quatro. 
 Waytochechinego, quarenta e cinco. 
 Waytochechinedo, quarenta e seis. 
 Waytochechinea, quarenta e sete. 
 Waytochechineaka, quarenta e oito. 
 Waytochechinega, quarenta e nove. 
 Waygodada, cinquenta. 
 Waygochinefaw, cinquenta e um. 
 Waygochineka, cinquenta e dois 
 Waygochineza, cinquenta e três. 
 Waygochintoche, cinquenta e quatro. 
 Waygochinego, cinquenta e cinco. 
 
 Waygochinedo, cinquenta e seis. 
 Waygochinea, cinquenta e sete. 
 Waygochineako, cinquenta e oito. 
 Waychinaga, cinquenta e nove. 
 Waydo, sessenta. 
 Waydochinefaw, sessenta e um. 
 Waydochineka, sessenta e dois. 
 Waydochineza, sessenta e três. 
 Waygochintoche, sessenta e quatro. 
 Waydochinego, sessenta e cinco. 
 Waydochinedo, sessenta e seis. 
 Waydochinea, sessenta e sete. 
 Waydochineako, sessenta e oito. 
 Waydochinega, sessenta e nove. 
 Wayea, setenta. 
 Wayeachinefaw, setenta e um. 
 Wayeachineka, setenta e dois. 
 Wayeachineza, setenta e três. 
 Wayeachintoche, setenta e quatro. 
 Wayeachinego, setenta e cinco. 
 Wayeachinedo, setenta e seis. 
 Wayeachinea, setenta e sete. 
 Wayeachineako, setenta e oito. 
 Wayeachinega, setenta e nove. 
 Wako, oitenta. 
 Waykochinefaw, oitenta e um. 
 Wakochineka, oitenta e dois. 
 Wakochineza, oitenta e três. 
 Wakochintoche, oitenta e quatro. 
 Wakochinego, oitenta e cinco. 
 Wakochinedo, oitenta e seis. 
 Wakochinea, oitenta e sete. 
 Wakochineako, oitenta e oito. 
 Wakochinega, oitenta e nove. 
 Wayga, noventa. 
 Waygachinefaw, noventa e um. 
 Waygachineka, noventa e dois. 
 Waygachineza, noventa e três. 
 Waygachintoche, noventa e quatro. 
 Waygachinego, noventa e cinco. 
 Waygachinedo, noventa e seis. 
 Waygachinea, noventa e sete. 
 Waygachineako, noventa e oito. 
 Waygachinega, noventa e nove. 
 Zongfawdaday, cem. 
 Zongeka, duzentos. 
 Zongeza, trezentos. 
 Zongtoche, quatrocentos. 
 Zonggo, quinhentos. 
 Zongedo, seiscentos. 
 Zongea, setecentos. 
 Zongeako, oitocentos 
 Zongega, novecentos 
 Zongway, mil. 
 
PREFÁCIO E NOTAS DO COMPILADOR 
 
Ao compilar as páginas seguintes, muitas dificuldades foram, naturalmente, 
encontradas, mas grande cuidado foi tomado para tornar a obra o mais legível e clara 
possível às capacidades de todas as classes de leitores: a descrição do povo (seus 
modos e costumes) daquele país, que é tão pouco conhecido para o mundo em geral, 
será tida com altamente instrutiva - os amigos do pobre negro africano e da raça de 
cor em geral, serão mui beneficiados pela leitura minuciosa da obra, do início ao fim; 
nelas eles verão os horríveis sofrimentos e torturas infligidos sobre esta porção das 
criaturas de Deus, meramente por causa do "seu tom de pelo mais escuro," não 
obstante o seu coração ser tão terno e flexível quanto o do homem de matiz mais 
claro. 
O objetivo mais caro de Mahommah sempre foi, por muitos anos, no passado, na 
verdade desde a sua conversão ao Cristianismo enquanto esteve no Haiti, poder 
retornar à sua terra nativa, para instruir o seu próprio povo nos caminhos do 
Evangelho de Cristo, e ser o meio da salvação deles, o que se espera que ele consiga 
fazer muito em breve; neste ínterim ele se tornou súdito da Rainha da Inglaterra, e 
está, no momento, vivendo sob as suas leis e influência benignas no Canadá, 
estimulando a população de cor e agitando a favor da abolição da escravidão em 
todas as partes do mundo, uma causa que deveria ocupar o coração e os sentimentos 
de todo homem e mulher benevolente e caridoso no mundo inteiro; os escravos 
mesmos, ao que se espera, serão beneficiados por cada linha que está escrita ao seu 
favor, por mais simples que o seu estilo possa ser; já que a sua causa é a causa da 
humanidade sofredora, como poderia qualquer pessoa que se vangloria da religião de 
Jesus Cristo, por um só momento procurar defender a escravidão, tal qual ela é, por 
um único dia? Não! Ela não pode existir; o sistema de escravidão e as doutrinas de 
Cristo são exatamente opostos entre si; não importa o que os defensores do sistema 
possam dizer! Leitores, julguem por vocês mesmos, e ajam por vocês mesmos; não 
dependam de dogmas de homem nenhum ou de classe de homens, mas leiam, 
marquem, aprendam e digiram interiormente o tema destas páginas, e comparem o 
tratamento daquelas pobres criaturas sob o jugo da escravidão, e o Evangelho de 
Cristo, e vocês logo chegarão à conclusão, que não resistirá à comparação com 
qualquer porção do bom livro, o qual diz: "o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve" -- 
pois o jugo da escravidão é duro e os fardos não são leves, mas excessivamente 
pesados. 
Palavras não seriam suficientes para contar, escrever ou publicar acerca do 
horrível sistema de escravidão. Para levar o tema brutal a um término, quanto mais é 
dito e feito no sentido de se agitar o tema, melhor para todas as classes, melhor para 
os proprietários de escravos, para se livrarem do "pecado amaldiçoado," e melhor 
para os pobres escravos livrarem-se dos seus jugos; que todos cujo coração não seja 
de pedra e cujos nervos não sejam de aço, avancem suas visões de toda maneira 
 
possível e que o escravo possa, em breve, tornar-se livre, e bendizer o dia que assim o 
fez, e as mãos que soltaram os grilhões das suas mãos e pés ensanguentados, e 
retiraram o chicote da mão do senhor tirano, que curou todas as feridas do negro e 
aplicou bálsamo ao seu corpo contorcido. Pode [a pessoa] humana e filântropa que 
lutou pela liberdade dos escravos nos territórios das Índias Ocidentais alguns anos 
atrás, e que custou ao povo britânico, alguns milhões de libras esterlinas --, digo, pode 
ela esquecer os sentimentos agradáveis que aquele acontecimento lhes proporcionou. 
A Sociedade dos Amigos (Grupo protestante também conhecido como "os Quakers") 
foi a principal agitadora daquele movimento, e as bênçãos e orações dos escravos 
pobres e libertos subiram até os altares do céu naquela grande ocasião; podem eles 
esquecer os mais amáveis sentimentos da sua natureza que foram despertados no seu 
íntimo naquela ocasião, podem eles, pense você, esquecer o dia glorioso que fez os 
seus companheiros livres; podem eles esquecer o [dia] primeiro de agosto daquele ano 
tumultuado? Ó, então, amigos da humanidade, levantem-se novamente, como 
fizeram aqueles homens bons naquela ocasião e perseverem até que cumpram a 
tarefa que se propuseram a fazer, como aqueles, outrora o fizeram. 
Esta pequena obra pode ter o seu efeito desejado onde quer que seja lida, e 
independentemente dos sofrimentos do sujeito (Mahommah) provocará lágrimas em 
muitos olhos piedosos, e rubor a muitas bochechas com covinhas, em vergonha pela 
crueldade praticada sobre ele por homens que carregam a imagem do seu Criador, 
muito rubor sobrevirá às bochechas da inocência enquanto esta obra estiver em 
processo de revisão minuciosa. 
A parte descritiva desta obra nada fará além de provar-se altamente interessante 
ao leitor em geral, assim como as descrições advindas da boca de um nativo que 
passou por todos os lugares descritos, no interior de uma terra como a África. Muitas 
obras descritivas daquela terra têm surgido da imprensa, de tempos em tempos, mas 
nenhuma se parece como a presente obra; ela é, simplesmente, uma compilação, ou 
narrativa de eventos ocorridos na vida do próprio homem que as narra, e é 
apresentada sem qualquer linguagem figurada, mas no estilo mais claro possível;todas as expressões utilizadas são "tão familiares quanto palavras de casa," 
consequentemente ela será facilmente compreendida por todos que a lerem; ela está 
escrita de forma tão clara em termos de linguagem, que "mesmo aquele que corre a 
conseguirá ler". Os costumes e cerimônias diferentes são muito divertidos, e podem, 
segundo a maneira pela qual a obra for lida, provarem-se, também, altamente 
instrutivos. Espera-se que, de algum modo, o bem possa ser alcançado com esta 
publicação. Se fosse do alcance de Mahommah seguir para a África como missionário, 
segundo o desejo do seu coração, é sua intenção, se lhe for permitido retornar ao seu 
país, lançar esta obra em formato ampliado, com o acréscimo de assuntos que foram 
deixados completamente de lado, ou abreviados por falta de espaço, junto com o seu 
sucesso entre a sua raça nativa, o povo do seu próprio clima. 
 
 
BIOGRAFIA 
 
DE 
 
MAHOMMAH GARDO BAQUAQUA 
 
 
 
CAPÍTULO 1 
 
O sujeito desta memória nasceu na cidade de Zugu, na África Central, cujo rei era 
vassalo do rei de Bergu. A sua idade não é conhecida com exatidão, já que os 
africanos têm, em geral, um modo diferente de dividir o tempo e calcular a idade, mas 
se supõe que ele tenha cerca de 30 anos de idade, pela lembrança de certos eventos 
que ocorreram, e a partir do conhecimento que ele adquiriu dos números, nos últimos 
tempos. Porém, como isto não é uma questão muito importante na sua história, 
deixamo-la aqui na sua própria obscuridade sem crermos, nem por um momento 
sequer, terá o seu interesse diminuído por causa da falta deste número específico. 
 
Ele afirma que os seus pais eram de países diferentes, o seu pai um nativo de 
Bergu (de origem árabe) e de pele não muito escura. A sua mãe era uma nativa de 
Kashna e de pele muito escura, era completamente negra. Os costumes do seu pai 
eram rígidos e quietos; a sua religião, o Maometanismo. 
 
Como o interior da África é, comparativamente, pouco conhecido, um breve 
esboço só poderia se mostrar muito interessante para a maioria dos nossos leitores; 
dessa forma, passaremos os detalhes segundo eles foram apresentados pelo próprio 
Mahommah. O seu modo de devoção é algo que segue o seguinte estilo: 
 
O meu pai — diz Mahommah — levantava-se todas as manhãs às quatro horas 
para fazer as suas orações, depois disso ele voltava para a cama, no nascer do sol ele 
realizava os seus segundos exercícios devocionais, ao meio dia ele voltava a fazer a 
sua adoração, e novamente ao por do sol. 
 
Uma vez por ano é feito um grande jejum, que dura um mês, durante este tempo 
não se come nada durante o dia, mas à noite, depois da realização de algumas 
cerimônias, é permitido comer; depois de se comer, a adoração é permitida nas suas 
próprias casas e, então, assembleias para culto público são feitas. O lugar de 
adoração era um pátio amplo e agradável pertencente ao meu avô, o meu tio era o 
sacerdote oficiante. As pessoas mais velhas se colocam em fileiras com o sacerdote de 
 
pé diante delas, os mais velhos próximos a ele, e assim por diante, organizando-se em 
ordem, de acordo com a idade. 
 
O sacerdote começa a devoção curvando a sua cabeça em direção ao chão e 
dizendo as seguintes palavras: "Ala-há-ku-bar" — e as pessoas respondem — "Ala-há-
ku-bar," que significa: "Deus, ouve a nossa oração, responde a nossa oração". O 
sacerdote e o povo, então, ajoelham-se e pressionam a testa na terra, o sacerdote 
repete passagens do Alcorão, e o povo responde como [vimos] anteriormente. Depois 
que esta parte da cerimônia é terminada, o sacerdote e as pessoas sentadas no chão 
contam as suas miçangas (*rosário muçulmano), o sacerdote, ocasionalmente, repete 
passagens do Alcorão. -- Elas, então, oram pelo seu rei, para que Alá lhe ajuda a 
conquistas os seus inimigos, e para que ele preserve o povo da fome, dos gafanhotos 
devoradores, e para que ele lhes conceda chuva na devida estação. 
 
No término das cerimônias de cada dia, os adoradores do profeta vão para as 
suas respectivas casas, onde o melhor de tudo está providenciado para a refeição da 
noite. Esta mesma adoração é repetida diariamente ao longo de trinta dias, e termina 
com um imenso encontro em massa. O rei vem à cidade nessa ocasião e grandes 
multidões de todas as cercanias do país que, junto com os cidadãos, reunem-se no 
local indicado para adoração, chamado Gui-ge-rah, um pouco afastado da cidade. 
Este lugar consagrado à adoração do falso profeta é um dos "Primeiros Templos de 
Deus". Ele consistia de várias árvores muito grandes, que formavam uma sombra 
muito extensa e bela, o solo arenoso e completamente desprovido de relva é mantido 
perfeitamente limpo, muitos milhares podem ficar confortavelmente assentados 
debaixo daquelas árvores, e por estarem a céu aberto, a aparência de assembleia tão 
majestosa é extremamente imponente, os assentos são meramente tapetes 
espalhados pelo chão. Um monte de areia (esta areia difere da areia do deserto: ela é 
uma areia vermelha grossa misturada com terra e pequenas pedras e pode 
facilmente ser transformada em um grande monturo) é feito para o sumo sacerdote 
por-se de pé enquanto se dirige às pessoas. Nestas ocasiões ele está vestido com uma 
túnica preta e larga, que chega quase aos seus pés, e é servido por quatro sacerdotes 
auxiliares, que se ajoelham ao seu redor, segurando a barra da sua túnica, 
balançando-a de um lado para o outro. Eventualmente, o sumo sacerdote "agacha-se 
como um sapo," e quando ele se levanta, eles retomam a operação de balançar a sua 
túnica. Estas cerimônias terminam com as pessoas retornando para casa para 
oferecerem sacrifício (sarrah) pelos mortos e pelos vivos. Assim termina a festa anual. 
 
 
 
CAPÍTULO 2 
 
O Governo na África 
 
Na África eles não têm formas escritas ou impressas de governo, todavia as 
pessoas estão sujeitas a certas leis, regras e normas. O governo é investido no rei 
como [seu] supremo, junto a ele estão os chefes ou soberanos vassalos, há também 
outros oficiais, cujos títulos o ofício não podem ser explicados muito bem em inglês. 
 
O rei de Zugu, conforme já declaramos, é vassalo, ou subserviente ao rei de 
Bergu. O roubo é considerado o mais grave dos crimes em algumas partes da África, 
e o ladrão frequentemente recebe a pena de morte, em consequência. Quando 
qualquer pessoa é suspeita, ou acusada de roubo, ela é levada diante do rei, onde 
uma espécie de julgamento lhe é feita; se for considerada culpada, ela pode ser 
vendida ou levada à morte; quando esta última sentença é levada a efeito, qualquer 
pessoa tem permissão para apedrejar, ou abusar, ou maltratar, de qualquer outra 
maneira a pessoa condenada, até que ela seja, finalmente, levada ao cume de um 
pequeno monte na cidade e apedrejada, ou morta por disparo de flecha. O 
assassinato não é considerado um crime tão grave, e um assassino não recebe a 
pena capital, mas, na maioria dos casos, é vendido como escravo e enviado para fora 
do país. 
 
O crime de adultério é severamente punido, porém o castigo mais rígido é 
infligido sobre o homem; um caso específico é assim descrito por Mahommah, ele diz: 
“Eu me lembro de um indivíduo que foi severamente punido por este crime”. O irmão 
do rei tinha várias esposas, uma das quais era suspeita de incontinência. Ambos foram 
trazidos diante do rei - Eu estive com ele naquele momento. O rei me ordenou que eu 
tomasse uma corda, a qual eu enrolei ao redor dos braços do homem, por trás das 
suas costas e amarrei, então, uma estaca foi colocada na corda, que havia sido 
encharcada de forma que pudesse encolher e, então, retorcida ao redor do seu corpo, 
até que a pobre criatura fosse forçadaa uma confissão de culpa, quando, então, ele 
era solto e desprezado como escravo. A mulher não recebia outro castigo além de 
testemunhar a tortura infligida sobre o seu amante culpado. 
 
Os fazendeiros têm as suas lavouras protegidas dessa maneira. - As fazendas não 
são cercadas, o rei faz uma lei, para que cada homem que possua um cavalo, 
jumento, ou outro animal, deva resguardá-los das propriedades dos seus vizinhos. 
Caso qualquer animal fuja sobre a propriedade do vizinho e faça um dano mínimo, ele 
é apanhado e amarrado, e o proprietário obrigado a pagar uma pesada multa antes 
de poder recuperar o animal. Este é o estilo de apreensão na África. 
 
 
As dívidas são, às vezes, cobradas da seguinte maneira, a saber: - Se uma pessoa 
em uma aldeia ou cidade, está em dívida com uma pessoa residente a uma certa 
distância e se recusa, ou negligencia, o pagamento de tal dívida, o credor residente 
na cidade ou aldeia distante pode se apropriar de qualquer um dos seus vizinhos, aos 
quais ele, por acaso, encontrar naquele vilarejo, e se ele tiver qualquer quantia em 
dinheiro ou coisa valiosa, o credor tem permissão de tomá-la de si, e dizer para o 
estranho cobrar do seu companheiro da aldeia quando ele retornar para casa; caso 
ele não tenha propriedade em seu nome, ele terá permissão de apropriar-se da sua 
pessoa e detê-lo até que a dívida seja paga. Tal lei neste país teria um efeito muito 
grande ao resguardar os cidadãos muito mais confinados às suas casas, à medida que 
o perigo de viajar seria muito grande; as chances de retorno a uma esposa ansiosa e 
carinhosa seria, na maioria dos países civilizados, muito pequena, na verdade. 
Supondo que o andarilho seja destituído de propriedade, e supondo que ele seja um 
homem de posses, não há dúvida que as suas posses sejam consideravelmente 
reduzidas, antes do seu retorno para o seu lar feliz. 
 
Os soldados são uma classe privilegiada, e o que quer que precisem, seja na 
aldeia ou na cidade, eles tem a permissão de levar, e não há reparação nenhuma, de 
nenhuma queixa feita contra eles. Se um escravo fica insatisfeito, ele deixa o seu 
senhor e vai até o rei, e se torna um soldado e, desse modo, obtém a sua liberdade 
do seu senhor. Nenhuma "lei do escravo fugitivo" poderá apanhá-lo. Estas são 
algumas das principais questões que são trazidas diante do rei para harmonização, 
as quais ele resolve, segundo as leis da terra. 
 
 
CAPÍTULO 3 
 
Aparência e Situação da Terra 
 
É bastante difícil fazer um relato muito correto da geografia daquela parte da 
África, descrita como o local de nascimento de Mahommah; mas ela deve estar 
situada em algum lugar entre dez e vinte graus de latitude norte, e próximo do 
meridiano de Greenwich. Ela é situada na península formada pela grande curva do rio 
Níger. 
 
Até a época em que Mahommah foi "expulso de casa e de todos os seus 
prazeres," o pé do homem branco ainda não havia deixado as suas primeiras pegadas 
no solo; portanto, os fatos, questões, e coisas aqui relatadas, serão ainda mais 
interessantes para todos aqueles cujos corações e almas estão inclinados para as 
necessidades e angústias daquela porção do globo. 
 
A cidade de Zugu fica no meio de uma região mui fértil e aprazível; o clima, 
embora excessivamente quente, é bastante saudável. Há colinas e montanhas, 
planícies e vales, e a água há em fartura. A cerca de um quilômetro e meio da cidade 
existe um riacho, tão branco quanto o leite e de águas bem frescas, e não longe dali 
existe uma fonte de água muito fresca, também muito branca. Os moradores 
costumam ir da cidade para lá atrás de água. 
 
Ela não fica no meio do deserto, como supõem alguns, mas existem algumas 
planícies bastante extensas, cobertas com um capim grosso e muito alto que é usado 
pelas pessoas para cobrir as suas casas, segundo o costume de se cobrir as casas com 
palha. Nestas planícies não há muitas árvores, mas as que existem são de grande 
porte. E aqui também, vagueiam o elefante, o leão e outros animais selvagens, 
comuns à zona tórrida. Existem dois tipos de elefantes, um muito grande, chamado 
Yah-quin-ta-ca-ri, o outro pequeno, chamado Yah-quin-ta-cha-na. Os dentes dos 
elefantes estão espalhados em fartura ao longo de todas as planícies, e podem ser 
recolhidos em qualquer quantidade. Os nativos usam os dentes paa fazer 
instrumentos musicais, os quais eles chamam de Ka-fa. 
 
A cidade em si é grande, e rodeada por uma espessa muralha, construída com 
barro vermelho e com acabamento bem liso nos dois lados. O lado externo da 
muralha é rodeado por uma vala, ou fosso profundo que, na estação chuvosa se 
enche de água. Além disso, a cidade também é protegida por uma cerca de espinhos, 
cultivada de forma tão espessa e compacta que pessoa alguma conseguiria passar 
por ela; ela produz uma pequena flor branca, no auge da floração ela fica muitíssimo 
 
bela. 
 
O palácio do rei (se assim podemos chamá-lo) fica no interior da muralha da 
cidade, a uma pequena distância da parte principal da cidade, rodeado por (aquilo que 
em outros países seria chamado de) um parque, em um escala mais ampliada, no 
fundo do qual está um denso matagal, dispensando a necessidade de qualquer 
muralha de proteção naquele lado do domínio real. Uma larga avenida liga a cidade à 
casa do rei, com um extenso mercado em cada um dos lados, debaixo da bela sombra 
de belas árvores ao alto. O povo da América não faz ideia do tamanho e da beleza de 
algumas das árvores da África, particularmente nas cidades, onde elas estão 
separadas por boa distância, dessa forma tendo melhor chance de atingir o seu pleno 
crescimento. Há uma árvore chamada de Bon-ton, que chega a uma altura muito 
grande, mas os galhos não se espalham tanto quanto [os de] outras árvores; ela é 
muito bonita. 
 
A entrada da cidade se dá por intermédio de seis portões, os quais levam os 
nomes dos seus respectivos guardiães, algo semelhante com o que ocorre com a 
cidade de Londres, e a maioria das velhas cidades fortificadas da Inglaterra e, na 
verdade, da maioria das partes do velho mundo. Estes guardiães dos portões são 
escolhidos pela sua coragem e bravura e são, geralmente, pessoas de destaque. Os 
nossos jovens amigos, que lerem esta obra, podem, talvez, tomarem tanto como 
instrução, como diversão, o conhecimento dos seus nomes e, por isso, dá-los-emos a 
seguir: 1. U-bu-ma-co-fa. 2. Fo-ro-co-fa. 3. Bah-pa-ra-ha-co-fa. 4. Bah-tu-lu-co-fa. 5. 
Bah-la-mon-co-fa. 6. Ajaggo-co-fa. A palavra "cofa" significa "portão," e "Bah," 
significa "pai". "Ajagga" é o nome de uma mulher cujo filho foi distinto pelo seu 
heroísmo. Em tempos de guerra, estes portões são fortemente vigiados, daí a 
necessidade de se ter escolhido homens de reconhecido heroísmo e coragem para 
guardá-los. 
 
As casas são construídas com barro, baixas e sem chaminés ou janelas. 
 
A seguinte descrição de uma das habitações dará uma ideia bastante exata 
acerca da generalidade das casas da cidade. Uma moradia é composta por um 
número de cômodos separados construídos em um círcul o, com um certo espaço 
entre eles; na parte interna do círculo exterior existe outro círculo de cômodos, de 
acordo com o tamanho da família que os ocupa. Estes cômodos são todos ligados por 
uma parede; existe uma entrada grande ou principal na frente das outras, na qual se 
recebe visita. Cada família é rodeada por sua própria moradia, de modo que quando 
eles estão em qualquer compartimento, eles não conseguem enxergar nenhuma outra 
moradia, nem qualquer outra pessoa andando para lá ou para cá. Em consequência 
desta forma de construção, a cidade ocupa um espaço muito grande no terreno. 
 
 
Existe umavigilância regularmente designada para a cidade, que é paga pelo 
rei, ele também atua como o Principal Magistrado sobre a guarda que faz a vigília. 
 
 
CAPÍTULO 4 
 
Agricultura, Artes, Etc. 
 
A agricultura do país não vai além de um estágio muito rudimentar; os poucos 
implementos usados são feitos pelas pessoas do país, e consistem de um tipo grande 
de enxada, para cavar o solo, e outras pequenas para plantar e cobrir o milho, ou 
qualquer outra coisa que deva ser cultivada. Este processo de preparação do solo é 
muito laborioso e tedioso, porém a riqueza do solo compensa em certo grau; pois um 
acre bem lavrado produzirá uma colheita imensa. O milho é cultivado, batatas doces e 
harni, que lembra muito o milho-vassoura americano na sua aparência, e [que] lá é 
usado como gênero alimentício. Harnebi, que é um grão muito fino, cresce em um talo 
muito grande, e é diferente de tudo que existe neste país; ele é assado na espiga, e o 
grão retirado por fricção feita com as mãos e comido como o povo americano faz com 
o milho ressecado; é muito bomk. O arroz é cultivado em grandes quantidades, e de 
excelente qualidade; ele é plantado em carreiras, uma plantação servirá por dois ou 
três anos, já que produzirá sozinha sem qualquer atenção. Ele cresce de forma muito 
exuberante. Os feijões também são cultivados. As frutas crescem em grande fartura e 
variedade, espontaneamene. Os inhames são cultivados e crescem com grande 
perfeição. Os abacaxis crescem espontaneamente, mas não são comidos, pois os 
nativos temem que sejam de qualidade venenosa, só que isso naõ passa de medo, pela 
falta de um melhor conhecimento. Os amendoins são abundantes e de boa qualidade; 
e há também uma grande variedade de grãos e frutas de outras variedades; e 
supondo-se que eles tivessem os meios de cultivo, os mesmos que existem em países 
mais civilizados, a África seria capaz de suportar dentro de si mesma uma imensa 
população. 
 
As manufaturas da África são muito limitadas; elas consistem de utensílios 
agrícolas, roupas de algodão e seda. A seda quase não é manufaturada, mas poderia 
ser muito mais, já que as lagartas-da-seda são encontradas em abundância, e 
poderiam ser reproduzidas em qualquer quantidade. O algodoeiro lá fica muito 
grande, e o algodão é de boa qualidade. 
 
As mulheres fiam por meio de um processo muito lento, tendo que retorcer o fio 
com os seus dedos; os homens fazem a trama; eles entrelaçam o tecido em tiras finas 
e, depois, costuram-nas umas às outras. As mulheres também moem o milho. O 
 
processo de moagem é este: Eles tomam uma grande pedra e a fixam no solo, então, 
tomam uma pedra menor preparada, de modo que ela possa ser facilmente 
manuseada; ela é perfurada em um dos lados tal como as nossas pedras de moer; as 
mulheres, então, colocam os grãos, ou qualquer coisa que queiram moer, sobre a 
pedra maior, pegam a outra e esfregam o grão até que ele fique fino; se eles desejam 
torná-lo muito fino, elas tomam outra pedra preparada para o propósito, e por 
trabalho paciente elas conseguem torná-lo tão fino quanto a mais fina das farinhas 
americanas. Elas moem inhames secos ao socá-los em um pilão junto com um tipo 
fine de grão chamado Har-ni, que já mencionamos, misturados; desta mistura elas 
fazem uma espécie de pudim grosso, e comem com molo de carne feito com verduras 
e uma variedade de vegetais, temperados com pimenta e cebolas. Nenhum tipo de 
comida é consumido sem as cebolas. 
 
Os pastores e os vaqueiros da África são uma classe distinta e subordinada de 
pessoas, e pertencem ao governo. Eles têm cabelos longos e lisos, e têm a pele clara 
como os habitantes do sul da Europa; eles são quase brancos; eles cuidam das ovelhas 
e do gado, abastecem a cidade com leite, manteiga e queijo, (a manteiga é muito boa 
e consistente, o que é evidência de uma temperatura mais baixa nesta localidade do 
que na maior parte das outras regiões da zona tórrida.) Eles são maometanos na sua 
religião e aderem rigidamente aos ritos e cerimônias daquela classe de religiosos. Eles 
falam as línguas árabe e flane, de modo que pode-se supor que eles sejam de origem 
árabe, mas ignoramos outros detalhes da sua história. 
Os animais domésticos da África são bem parecidos com os que encontramos 
neste e em outros países, consistindo do cavalo, da vaca, das ovelhas, da cabra, do 
jumento, da mula e da avestruz. As aves são abundantes, tais como os gansos, os 
perus, os pavões; as galinhas-d'angola e as galinhas de celeiro; estas últimas são 
muito grandes e existem em grande abundância. Elas são, junto com os seus ovos, 
usadas como a comida comum para o povo das florestas. Além destes, existe 
abundância de cisnes no rio, e uma variedade de aves selvagens; há também uma 
espécie de ave aquática que é muito bela e cuja plumagem é tão alva quanto a neve, 
e têm aproximadamente o tamanho de um pombo comum, - eles se reunem em 
grandes revoadas. Os papagaios são muito comuns, e os pássaros que cantam são 
muito numerosos. Os rios estão cheios de cavalos-do-rio, de crocodilos, etc. 
 
 
CAPÍTULO 5 
 
Maneiras, Costumes, Etc. 
 
Grande respeito é prestado aos idosos; eles jamais usam o prefixo "senhor" ou 
"senhora," mas sempre algum termo carinhoso, tal como, quando falam com uma 
 
pessoa idosa, eles dizem Pai ou Mãe, e a um igual eles chamam de "irmão" ou "irmã". 
As crianças são criadas para serem obedientes e educadas; elas nunca têm permissão 
para contradizer, ou se assentar na presença de uma pessoa idosa, e quando eles 
veem uma pessoa mais velha chegando elas, imediantamente, descobrem-se e, se 
estão usando calçados nos pés, elas imediatamente os removem. Elas curvam os 
joelhos diante dos idosos, e os idosos, por sua vez, curvam os seus joelhos diante 
deles, e pedem que eles prontamente se ergam; e, em todos os aspectos uma 
deferência é prestada à idade. O melhor assento é reservado a eles e, nos lugares de 
adoração, o lugar próximo ao sacerdote é reservado a eles. Estes fatos não 
envergonhariam os modos dos filhos dese país em relação aos idosos? Como é 
doloroso testemunhar o desrespeito demonstrado para com as pessoas mais velhas 
pela geração em formação neste país e, em muitos casos, até mesmo do 
comportamento vergonhoso dos filhos diante dos próprios pais, tudo isso sem um 
único sinal de censura ou repreensão! 
 
É aqui que a grande regeneração moral da nossa terra precisa começar. As 
crianças devem ser ensinadas desde cedo a prestar obediência e respeito aos seus 
superiores e, assim, estarão preparadas a prestar a todos direitos iguais quando se 
tornarem homens e mulheres e estarão, por sua vez, preparados para governar bem 
as suas próprias famílias. 
 
O leitor perdoará esta digressão; ela foi feita com o objetivo de chamar a 
atenção, de forma mais contundente, para o tema, por ser ele de vital importância 
para o bem-estar de qualquer comunidade, para que os jovens sejam 
adequadamente preparados "no caminho em que devem seguir," para que quando 
crescerem eles "dele não se desviem". E se este contraste do comportamento das 
crianças africanas pobres, com o daquelas da nossa própria nação iluminada puder 
ser o meio de, pelo menos, um passo na marcha pela melhoria e pela reforma neste 
respeito, o compilador destas páginas se sentirá amplamente recompensado pelo 
pequeno esforço feito nestas poucas linhas adicionais. Esta é uma boa, talvez uma 
das melhores características da África; outra é a lei da gentileza, a qual em todos os 
lugares prevalece nas relações mútuas entre as pessoas da mesma classe; tudo o que 
a pessoa possui, ela divide graciosamente com o seu próximo, e ninguém jamais 
entra em uma casa sem ser convidadopara comer. 
 
Porém, assim como nos países mais civilizados: se uma pessoa se eleva à riqueza 
e honra, ela certamente será invejada, se não for odiada; eles não gostam de ver um 
dentre os seus se elevar acima deles. Uma pessoa que sempre foi rica é tida em mais 
alta estima. Isto parece ser muito bem o caso em todas as partes do mundo, vá você 
onde desejar, semelhanças parecem produzir (em casos com este) semelhanças. 
Observamos exatamente a mesma coisa manifesta entre nós todos os dias das nossas 
 
vidas, bem aqui no nosso meio, de modo que não parece que estamos muito distantes 
do african obscurecido, com toda a nossa sabedoria e ciência, com todas as nossas 
instituições vangloriosas; verdadeiramente o mundo inteiro é um composto estranho 
de "preto, branco e cinza, e os caminhos de toda a humanidade são, de todo modo, 
turtuosos". 
 
A luta é ocorrência muito comum e, de forma alguma, é considerada infame, há 
um lugar na cidade onde os moços se reunem para este propósito; e, como em outros 
lugares, há dois grupos que jamais chegam a um acordo; cada grupo ocupa partes 
diferentes da cidade, e eles se encontram para combate pessoal, que normalmente 
termina em uma luta generalizada, mas eles jamais se matam uns aos outros. 
 
 
 
CAPÍTULO 6 
 
Cerimônias de Casamento, Etc. 
 
Quando um moço deseja se casar, ele escolhe um fruto predileto chamado Gan-
ran, e o envia por intermédio da sua irmã, ou alguma amiga, para a moça escolhida; 
se o fruto for aceito, ele entende que ele será favoravelmente recebido, e permanece 
em casa por cerca de uma semana antes de fazer outra visita. Depois de passado um 
certo tempo visitando e recebendo visitas, os preparativos são feitos para a cerimônia 
de casamento. Eles não marcam uma data específica, nem uma cerimônia de 
casamento na casa do pai da noiva, mas ela fica sem saber a data; os preparativos 
são feitos pelo noivo e pelos seus pais. Na data marcada, o noivo envia um número de 
moços para a casa do pai dela à noite; eles ficam do lado de fora bem quietos e 
enviam uma criança para dentro da casa para dizê-la que uma pessoa deseja falar 
com ela. Ela vai até a porta e é, imediatamente, cercada e levada para fora pelos 
moços, até um lugar chamado Nya-wa-qua-fu, onde ela é mantida durante seis dias; 
durante este tempo ela permanece com véu e tem um número de outras moças 
amigas ao seu lado, que passam tempo com ela brincando e se divertindo. O noivo, 
neste ínterim, confina-se em casa e é atendido pelos seus amigos moços, que também 
passam o seu tempo em festejos e celebrações até o sétimo dia. 
 
Enquanto eles estão assim confinados, um convite geral é feito aos amigos das 
duas partes. O convite é feito dessa forma: Comunica-se que My-ach-i e Ah-di-za-in-
qua-hu-nu-yo-haw-cu-ná --, o que significa que "o noivo e a noiva estão saindo [do 
confinamento] hoje. Todos se encontram em algum lugar conveniente designado 
para este propósito. Os amigos do noivo o conduzem até lá, e as amigas da noiva a 
conduzem também; tanto a noiva como o noivo têm as suas cabeças cobertas com 
 
panos brancos. Um tapete é preparado para que eles fiquem sentados; os amigos 
chegam e saúdam o noivo, ao mesmo tempo em que lhe entregam um pouco de 
dinheiro. O dinheiro é, então, colocado diante do casal que é, assim, considerado 
marido e mulher. O dinheiro é, de modo semelhante, espalhado diante do rei dos 
atabaques e seus companheiros; também para que as crianças do povo em geral 
possa apanhá-lo. Depos disso, eles são conduzidos para a casa do noivo. As 
cerimônias são, assim, encerradas. Caberia afirmar que o favor do pai da moça é 
obtido por meio de presentes. 
 
 
A poligamia é largamente praticada, e sancionada por lei. As propriedades de um 
homem são, por vezes, estimadas pelo número de esposas que ele tem. 
Ocasionalmente, um homem pobre tem um certo número de esposas e, então, são 
elas que precisam sustentá-lo. Quando uma mulher rica se casa com um homem 
pobre (como, às vezes, é o caso) ele jamais tem mais de uma mulher. A mãe de 
Mahommah era uma mulher de classe e riqueza. O seu pai havia sido um homem rico; 
ele era um mercador viajante; carregava as suas mercadorias em jumentos, e tinha 
escravos para acompanhá-lo; mas, por algumas razões, perdeu a maior parte das suas 
propriedades e, na época do seu casamento era comparativamente pobre; ele, 
consequentemente, teve somente uma esposa. Esta é outra razão porque se supõe 
que ele seja árabe de nascimento, já que muitos árabes viajam dessa maneira para 
adquirir propriedades. 
 
As mulheres na África são consideradas muito inferiores aos homens, e são, 
consequentemente, dominadas na mais degradante sujeição. A condição das 
mulheres é muito similar à que se observa em todas as nações bárbaras. Elas jamais 
comem à mesma mesa que os homens, ou mesmo na presença deles (para elas não 
há mesa) mas em aposentos separados. 
 
Quando uma pessoa morre, eles envolvem o corpo em um tecido branco e o 
sepultam tão logo possível. Depois de o corpo ser deitado com o rosto para o leste, o 
sacerdote é chamado, e uma cerimônia religiosa é realizada, que consiste em 
orações a Alá pela alma do defunto. 
 
A forma de sepultamento é pela escavação de um lugar no solo, com vários 
palmos de profundidade e 3 ou 3,651 metros na horizontal, no qual eles depositam o 
corpo e fecham a entrada com uma grande pedra chata. Outras cerimônias também 
são realizadas pelo sacerdote sobre a sepultura. 
 
 
1
 Dez ou doze pés, considerando-se cada pé como sendo de 12 polegadas ou 0,3048 m. (N. do T.) 
 
Grandes lamentações são feitas pelos mortos, por choros e prantos e altos e 
amargos, que perduram por seis dias. Os amigos do falecido se trancam por este 
período de tempo, fazendo reuniões de oração toda noite. No sétimo dia, uma 
grande festa é feita e o tempo de lamúrias termina, quando a família aparece de 
forma normal. 
 
Os africanos são uma raça supersticiosa de pessoas, e creem em feitiçaria e 
outras atividades sobrenaturais. Corpos de luz, algo semelhante ao Ignus Fatuas, ou 
fogo-fátuo, são frequentemente vistos sobre os montes e lugares altos, os quais se 
movimentam esporadicamente. Supõe-se que estes fenômenos sejam espíritos 
malignos; eles têm uma aparência estranha à distância, e por pessoas menos 
ignorantes que os africanos, poderiam ser confundidos com um objeto muito 
diferente. Eles são muito maiores na aparência que o Jack-o-Lanthorn da Europa, e 
parecem avançar a partir dos braços estendidos de um ser humano. 
 
Quando eles supõem que uma pessoa está enfeitiçada, eles consultam o seu 
astrólogo, que consulta as estrelas, que, dessa forma, descobre a suposta bruxa, a 
qual, geralmente, vem a ser uma pobre velha caduca, a qual eles tomam e levam à 
morte. Esta prática parece ser muito similar ao que era anteriormente praticado nos 
estados da costa leste [dos Estados Unidos], na maior parte da velha Inglaterra e, na 
verdade, ao longo de toda a Europa em geral "em dias que se foram". Na verdade, em 
muitas partes da velha Inglaterra, em pequenas vilas e aldeias isoladas, o mesmo é 
feito ainda nos dias de hoje. Obviamente, todas estas noções têm a sua origem na 
mais grosseira ignorância, daí a necessidade de se educar as massas dos povos em 
todas as partes do mundo. 
 
Existe uma classe de homens chamados homens da medicina, aos quais as 
pessoas supõem que nada os pode ferir; a estes homens é atribuído o ofício de levar à 
morte estas supostas feiticeiras. Eles são chamados de Umbás e estão espalhados por 
todo o país; andam em estado de nudez; comem carne de suíno, e sãoconsiderados 
pelos maometanos como um povo muito maldoso. 
 
É costume dos maometanos usarem um tipo largo de calça, que é inteiriço no 
fundilho e preso ao redor do quadril por um cordão. Uma túnica larga é usada em 
cima desta, cortada de forma circular, aberta no centro, suficientemente larga para 
ser colocada por sobre a cabeça e para se firmar em cima dos ombros, com mangas 
largas, ficando expostos o pescoço e o peito. As mulheres usam um tecido que mede 
cerca de 1,70 metros quadrados, dobrado nas duas pontas, depois preso em torno da 
cintura, com o laço do lado esquerdo. A túnica do rei é feita em estilo similar, porém 
com materiais mais caros. As crianças não usam muitas roupas. 
 
 
O comércio feito entre Zugu e outras partes do país, é feito por meio de cavalos 
e jumentos. O sal é trazido de um local chamado Sab-ba. Eles trocam escravos, 
vacas e marfim por sal. Esta viagem dura cerca de dois meses, em geral. 
Ocasionalmente, as mercadorias da Europa são trazidas do Ashanti, ela, porém, são 
muito caras. A maior parte dos artigos usados são de fabricação caseira. A louça de 
barro é feita de argila, eles têm uma argila vermelha e branca muito boa, porém os 
artigos feitos por eles são muito rudimentares, pois eles conhecem pouco sobre 
aquela forma de manufatura, na verdade, pouquíssimo sobre qualquer outra. 
 
Eles têm noções estranhas sobre o homem branco. As suas noções a respeito 
deles são muito vagas e sonhadoras. Eles supõem que eles vivem no oceano e que 
quando o sol se põe, ele aquece a água, de forma que o povo branco cozinha a sua 
comida com ela. Eles consideram o povo branco superior a eles mesmos em todos os 
aspectos, e temem confeccionar agulhas, pois imaginam que o homem branco tem a 
capacidade de olhar através de um instrumento e observar tudo o que está 
acontecendo; e eles acreditam que o homem branco fica muito irado com eles 
quando eles confeccionam agulhas; eles temem muitíssimo ocupar-se dessa forma, e 
não gostariam de ser vistos nem pelo homem branco nestas horas, e se pudessem 
evitar, nem pelo mundo inteiro. Quando eles estão ocupados confeccionando agulhas 
eles, obviamente, imaginam que estão sendo observados; isto, é claro, surge da 
crença de que estão engajados em uma atividade errada, e o mesmo se dá com todo 
o resto da raça humana, quando um suposto erro está sendo perpetrado, o temor 
toma conta da mente. Isto não passa de coisa natural para toda a humanidade; eles 
imaginam que, por causa da confecção das agulhas, os brancos têm o poder de lhes 
seguirem com os olhos. Em razão da predominância de tais noções, obviamente, as 
agulhas não são feitas em grande quantidade, porém, alguns são achados corajosos e 
persistentes o suficiente para confecioná-las. De onde estas noções surgiram, não 
sabemos explicar muito bem, porém o instrumento que a tudo vê, sem dúvida é o 
nosso telescópio, o qual, em algum momento ou outro foi exibido, provavelmente por 
marinheiros, que viajaram por algumas partes da África, e a história circulou pelos 
caixeiros-viajantes da tribo de cor negra. 
 
As guerras na África são muito frequentes, a região é dividida em tantas 
divisões ou pequenos reinos. Os reis estão continuamente em litígio, e estes litícios 
levam à guerra. 
 
Quando um rei morre, não existe um sucessor regular, mas surgem muitos rivais 
para o reino, e aquele que consegue alcançar este objetivo pelo poder, torna-se o rei 
sucessor, assim a guerra resolve a questão. 
 
A escravidão também é outra fonte produtiva da guerra, os prisioneiros sendo 
 
vendidos como escravos. As armas usadas são arcos e flechas, mosquetes e um tipo 
de faca ou espada curta, de fabricação caseira. Esta faca ou espada é usada em 
tempo de paz como arma de porte, bem como em tempo de guerra. Os africanos 
jamais andam desarmados. - Às vezes, grandes números são mortos nas guerras, mas 
jamais tantos quantos nos países europeus e outros. Os seus prisioneiros são tratados 
de modo muito cruel; eles chicoteiam e abusam deles de outros modos, até surgir 
uma oportunidade de se livrar deles como escravos. Eles bebem consideravelmente 
antes de ir para a batalha, para fortalecer-lhes e instilar-lhes coragem ou ousadia; 
(obviamente, isto não diz respeito aos que professam o Maometanismo, já que eles 
não fazem uso de nenhum tipo de bebida intoxicante em ocasião nenhuma.) Às vezes, 
cidades inteiras são destruídas e a região em derredor é devastada, sucedendo-se a 
fome. 
 
Esta desgraça, com muita frequência, é consequência da guerra, onde quer que 
ela seja praticada, não somente na África, mas em todas as partes onde o conflito 
sangrento é deflagrado. Quando o Evangelho, com as suas belas verdades, for 
plenamente compreendido e apreciado pelo povo em geral, a paz e o bem reinarão 
supremos e as "guerras e os rumores de guerras," cessarão para sempre. 
 
Quão estranho ver nações que se vangloriam de serem governadas pelo o 
Iluminismo e pelo poder do glorioso Evangelho de Cristo tomar parte "mão a mão e pé 
a pé" em tamanhas cenas de carnificina e destruição. Como podem nações cristãs 
serem sempre tão empenhadas no sucesso da sua missão de converter os pagãos, 
enquanto as suas práticas em casa são tão diferentes das verdades abençoadas 
apresentadas no sagrado volume? Que o espírito cristão e o espírito de guerra se 
ordenem em oposição eterna, e não está distante o dia em que o deserto florescerá 
como a rosa com flores, adequado para a guarnição de paz e santidade. Os cristãos, e 
aqueles que professam as doutrinas do Evangelho, deveriam fazer tudo o que estiver 
no seu poder para banir a guerra. Então, o seu "jugo seria suave e o seu fardo leve" e 
a obra de conversão avançaria rapidamente. 
 
A Escravidão na África. - A maior fonte de miséria da África é o seu sistema de 
escravidão, que é continuado a uma extensão temerária, mas a escravidão doméstica 
naquele país não é nada quando comparada a este; porém o mercado de escravos é 
deveras terrível. Os escravos são retirados do interior e enviados apressadamente ao 
litoral, onde eles são trocados por rum e tabaco, ou outros artigos de mercadorias. 
Este sistema de escravidão causa muito derramamento de sangue e, 
consequentemente, miséria. Mahommah foi, uma vez, tomado como prisioneiro e 
vendido, mas foi redimido pela sua mãe, mas [você saberá] mais a respeito no local 
apropriado. 
 
 
CAPÍTULO 7 
O Início da Vida de Mahommah, Etc. 
 
Agora, prosseguiremos, sem demora, à parte mais importante da obra, 
descrevendo a história inicial, a vida, as provações, os sofrimentos e a conversão de 
Mahommah ao Cristianismo; a sua chegada à América; a sua viagem e permanência 
no Haiti e o retorno a este país; as suas visões, objetivos e propósitos. 
 
Os seus pais, como anteriormente declarado, eram de tribos ou nações 
diferentes. O seu pai era de religião maometana, mas a sua mãe não tinha religião 
nenhuma. Ele declara: "A minha mãe era como muitos cristãos bons daqui, que 
gostam de serem cristãos nominais, mas não gostam muito de adorar a Deus. Ela 
gostava muito do Maometanismo, mas não se importava muito com as questões 
que envolviam a adoração". Os maometanos são adoradores muito mais fervorosos 
do que os cristãos, e adoram com zelo e devoção mais aparente. 
 
A família consistia de dois filhos e três filhas, além de gêmeos que morreram na 
infância. Os africanos são muito supersticiosos com gêmeos; eles imaginam que todos 
os gêmeos são mais inteligentes que todos os outros filhos, e também com relação ao 
filho que nasce depois dos gêmeos. Eles são considerados conhecedores de quase 
tudo, e são tidos em alta estima. Se os gêmeos sobrevivem, uma imagem deles éfeita 
a partir de uma madeira específica, uma de cada um deles, e eles são ensinados a dar 
comida para elas, ou ofertar comida toda vez que têm alimento; se eles morrem, o 
filho que nasceu depois deles passa a tomar conta da imagem feita deles, e é sua 
obrigação alimentá-las, ou ofertar comida para elas. Mahommah era o filho que 
nasceu depois dos gêmeos, e estas pequenas obrigações ele executava com fidelidade. 
Supunha-se que as imagens os guardavam do mal e os protegiam na guerra. Ele era, 
consequentemente, altamente estimado por conta do seu nascimento; supunha-se 
que ele jamais dissera nada errado, e tudo o que ele desejava era feito para ele no 
instante. Esta, sem dúvida, era a razão porque a sua mãe o amava tão 
afetuosamente, e era a causa da sua imprudência juvenil. Eles jamais o barraram ou o 
controlaram, a sua mãe era a única pessoa que ousava confrontá-lo; o seu amor pela 
sua mãe era muitissimo grande. O seu tio era um homem muito rico, ele era ferreiro 
do rei, e desejava que Mahommah aprendesse aquele ofício, mas o seu pai o destinou 
para a mesquita, na intenção de criá-lo com um dos fieis seguidores do profeta. Com 
este propósito ele foi enviado à escola, mas por não gostar muito da escola, ele foi 
morar com o seu tio e aprendeu a arte de fazer agulhas, facas e toda a sorte destas 
coisas. O seu pai, mais tarde, voltou a colocá-lo na escola, mas ele logo fugiu de lá; ele 
não gostava da restrição que o seu irmão (o professor) impunha sobre ele. O seu 
irmão era um leal maometano e bem instruído na língua árabe. 
 
 
Mahommah não progredia muito bem no aprendizado, tendo um receio natural 
a ele. A forma de ensino é bem diferente de outros países: os africanos não possuem 
livros, nem papeis, mas um quadro chamado Wal-la, no qual é escrita uma lição que o 
aluno deve aprender a ler e escrever antes de outra ser passada; quando essa lição é 
aprendida, o quadro é apagado e uma nova lição é escrita. 
 
Os estudantes não têm permissão de se ausentar sem a permissão especial do 
professor; se o aluno gazeia aulas, ele recebe punição. Nenhuma taxa é cobrada até 
que a educação seja terminada. A inspeção escolar é feita da seguinte maneira: Uma 
grande casa de reunião, geralmente uma mesquita, é selecionada, onde os alunos se 
reunem junto com os professores, que precisam abrir vinte capítulos do Alcorão, e se o 
aluno ler os vinte capítulos inteiros, sem errar uma única palavra, a sua educação é 
considerada terminada e as taxas de instrução são imediatamente pagas. 
 
O tio de Mahommah tinha propriedade em Sal-gar, para onde ele seguia para 
comprar ouro, prata, bronze e ferro para os propósitos do seu negócio. O ouro e a 
prata ele transformava em braceletes, para os braços, e brincos e anéis: os africanos 
são muito afeitos a este tipo de ornamento. 
 
As agulhas, na África, são feitas à mão, o processo é muito tedioso; em primeiro 
lugar o ferro é endurecido ou convertido em algo como o aço, ele é, então, 
tranformado em arame fino, por meio de um processo de martelamento, e cortado 
nos tamanhos adequados, conforme necessário, quando ele é, novamente, batido e 
afiado na ponta por meio de limagem e, finalmente, polido à mão pela fricção de uma 
pedra macia. A partir desta descrição da confecção de uma agulha, pode ser 
claramente vista a quantidade de trabalho que precisa ser empregada em todos os 
ramos da manufatora, por falta de ferramentas e maquinário melhores. 
 
Um fole africano merece a nossa atenção. Costuma-se dizer: "A necessidade é a 
mãe da invenção;" todo aquele que duvidar deste fato, que leia atentamente o 
seguinte, e se negar esta posição, certamente terá que admitir que a invenção do fole 
na África, certamente teve um "pai". 
 
O fole é composto de um couro de cabra retirado por completo, uma estaca 
atravessa do pescoço até as patas traseiras, onde ele é preso por uma ideia 
engenhosa. As pernas são movidas para cima e para baixo pela mão, e um velho 
cano de mosquete é usado como tubo. 
 
Enquanto o seu tio estava em Sal-gar para negócios, ele morreu, e deixou a sua 
propriedade para a mãe de Mahommah. Ele, então, trabalhou por um curto período 
com outro parente. 
 
 
É trabalho árduo a manufatura de implementos e ferramentas agrícolas. 
Maquinário é muitíssimo necessário na África, a falta dele é uma grande 
desvantagem para as manufaturas daquela região. O ferro é de primeira qualidade, 
muitissimo superior ao ferro da América. O ferro, o cobre e o bronze são 
transformados em anéis, que são usados como ornamentos nos tornozelos e braços. 
 
Há centenas e milhares de homens no mundo que se alegram em fazer o bem, e 
que estão procurando meios de empregar o seu tempo e os seus talentos. Para estes 
que examinam atentamente as páginas desta obra, a dica aqui lançada não poderá 
ser perdida. Um vasto campo de utilidade se apresenta naquela parte muito 
negligenciada do mundo, onde devem ser encontrados homens que somente precisam 
de ensinamentos para virarem bons cidadãos, bons mecânicos, bons fazendeiros, 
bons homens e bons cristãos. Para aqueles que direcionariam os seus esforços em 
favor de tal nação, nenhuma dúvida resta, senão que Deus abençoaria os seus 
trabalhos; as suas ações os louvariam, e milhões que ainda não nasceram os 
chamariam de bem-aventurados. Ide, portanto, vós, filântropos, homens e mulheres 
cristãos, até estes povos obscurecidos, oferecei-lhes a mão de assistência e erguei-
lhes ao padrão dos seus companheiros, e dai todo o consentimento que puderes aos 
seus esforços rumo à utilidade e bondade, jamais se importando com a zombaria e 
com as carrancas de um mundo frio e indiferente; que as vossas obras possam ser de 
tal natureza que todos os homens bons possam falar bem de vós, e as vossas próprias 
consciências lhes dê aprovação. 
 
A África é rica em todos os aspectos (exceto no conhecimento). O conhecimento 
do homem branco é necessário, mas não os seus vícios. A religião do homem branco é 
necessária, mas mais dela, mais do espírito da verdadeira religião, tal como a Bíblia 
ensina: "Ama a Deus e ama ao homem". Quem irá até a África? Quem levará a Bíblia 
para lá? E quem ensinará aos pobres africanos obscurecidos, as artes e as ciências? 
Quem fará tudo isso? Que a resposta seja pronta, que ela seja cheia de vida e energia! 
Que a ordem do Salvador seja obedecida. "Ide a todo o mundo e pregai o evangelho". 
Salvai a todos os que estão perecendo por falta de conhecimento, pois à falta daquele 
conhecimento, vós tendes o poder de transmiti-lo. Não mais hesiteis, pois esta é a 
hora, o tempo aceitável: "vem a noite, quando homem nenhum pode trabalhar," e o 
dia (o nosso dia) e o dia declina rapidamente. Ó, amigos cristãos, levantai-vos e passai 
a agir. 
 
O irmão de Mahommah era uma espécie de sortista que, quando o rei estava 
prestes a sair para a guerra, era consultado por ele, para saber se a questão da 
guerra seria a seu favor ou não; isto era feito por sinais e figuras feitas na areia, e 
tudo o que ele predizia era totalmente crido como algo que ocorreria, de modo que 
 
pelo seu próprio poder misterioso ele era capaz, tanto de fazer com que o rei fosse à 
guerra, quanto de colocar um fim à questão. 
 
Ele, certa vez, foi a Bergu, que ficava a leste de nós, a uma certa distância, onde 
permaneceu por dois anos. Uma grande guerra foi travada durante aquele tempo e 
ele foi tomado como prisioneiro, mas foi liberto pela sua mãe, a qual pagou uma 
redenção, quando ele retornou de volta para casa. Ele, então, foi para Da-boy-ya, que 
ficava bem longe, na direção sudoeste de Zugu, do outro lado de um rio muito grande. 
Naquele lugar, uma grande quantidade de artigos de manufaturaeuropeia poderiam 
ser encontrados, tais como garrafas de vidro, copos, pentes, calicôs, etc., porém as 
construções eram, na sua maioria, semelhantes às de Zugu, mas a cidade não era 
rodeada por muralhas, como esta última. Aqui também o rei estava em guerra e 
convidou o meu irmão. A causa dessa guerra era que o rei havia morrido, e uma 
disputa havia surgido (como costuma ser o caso) entre dois irmãos, [sobre] qual 
deveria ser o rei; eles adotaram tais meios para dedicir quem deveria suceder, e 
aquele que conseguisse reunir as maiores forças seria o sucessor. O candidado mal-
sucedido se colocaria dabaixo da proteção de um rei vizinho, até que conseguisse 
reunir forças suficientes para poder vir exitosamente à guerra e, desse modo, arrancar 
o reino do seu irmão. 
 
Depois do irmão de Mahommah ter permanecido um certo tempo com o rei, o 
próprio Mahommah foi para lá com muitos outros para carregar grãos, já que estes 
ali haviam se tornado escassos por conta da guerra. Durava cerca de dezessete dias a 
viagem desde Zugu, a forma da viagem sendo a pé, com as sacas de grão sobre a 
cabeça; um modo um tanto tedioso e desagradável de viajar e transportar 
mercadorias, considerando as facilidades para tais propósitos proporcionadas na 
América e na Europa. 
 
Eles chegaram com segurança em um sábado, e ouviram que a guerra seria 
travada naquele dia, mas ela não foi retomada até o dia seguinte. O rei recebeu 
palavra do seu conselheiro para sair e encontrar o inimigo no bosque, mas não fez 
assim. Ele, então, foi até a casa do Rei, e depois de fazer o desjejum na manhã 
seguinte, os mosquetes começaram a se fazer ouvir, e a guerra prosseguiu de forma 
séria. Mosquetes foram usados por eles nessa ocasião, muito mais do que arcos e 
flechas. A guerra ficou demasiadamente quente para o rei, quando ele, junto com o 
seu conselheiro, fugiram para salvar as suas vidas. 
 
Os meus companheiros — diz Mahommah — e eu mesmo corremos para o rio, 
mas não o conseguimos atravessar; nós nos escondemos no mato alto, mas o inimigo 
veio e nos encontrou, e fez de nós todos prisioneiros. Eu fui amarrado com muita 
força; colocaram uma corda ao redor do meu pescoço e me levaram com eles. Nós 
 
viajamos através de um bosque e chegamos a um local que eu jamais esquecerei, 
cheio de mosquitos! Só que eram mosquitos de verdade, nada destas pequenas 
moscas, maruins ou bichos do gênero, que as pessoas da América do Norte chamam 
de mosquitos, mas bichos realmente famintos, com ferrões e sugadores capazes de 
drenar cada gota de sangue do corpo de um homem de uma única vez. Eles vinham 
zumbindo, zumbindo perto dos nossos ouvidos e nos picavam, cheios de irada 
vingança. Eu jamais desejo estar naquele lugar novamente, nem em nenhum outro 
semelhante; foi verdadeiramente horrível. 
 
Enquanto viajava pelo bosque, nós encontramos o meu irmão, mas nenhum de 
nós falou ou pareceu conhecer um ao outro; ele se virou para outro caminho sem 
levantar qualquer suspeita; e, então, seguiu para um lugar e conseguiu uma pessoa 
para me comprar. Caso se soubesse quem ele era, eles teriam insistido num grande 
preço pela minha redenção, mas foi necessária somente uma pequena soma para a 
minha soltura. Deveria ser mencionado que a cidade foi destruída, as mulheres e 
crianças expulsas. - Quando as guerras irrompem subitamente, as mulheres e crianças 
não têm meios de escapar, mas são tomadas como prisioneiras e vendidas à 
escravidão. 
 
Depois da minha compra e soltura, o meu irmão me enviou de volta para casa 
com alguns amigos, na minha volta para casa, eu fiz uma vista ao nosso rei. Ele era 
parente da minha mãe. Alguns dias depois, enquanto estava em casa, o rei mandou 
me chamar e disse que queria que eu morasse sempre com ele, assim, eu permaneci 
na sua casa, e ele me designou como um Che-re-coo, isto é, uma espécie de guarda-
costas do rei. Eu era somente o terceiro a partir do rei, Ma-ga-zee e Wa-roo, estando 
somente os dois acima de mim em patente, depois do próprio rei. Ma-ga-zee era um 
homem velho, e Wa-roo, um jovem. Eu ficava com o rei dia e noite, comia e bebia com 
ele, e era o seu mensageiro dentro e fora da cidade. 
 
O rei não residia na cidade, mas a alguns quilômetros dela. (Os africanos têm 
uma forma curiosa de calcular as distâncias, eles levam as cargas sobre a cabeça e 
seguem até cansar, que é chamado Loch-a-fau, e em inglês, significa uma milha!) O rei 
(continua Mahommah) não guardava nada de mim mas, às vezes, quando ele tinha 
assuntos muito importantes em mãos, ele consultava Ma-ga-zee, que era mais 
experiente. 
Os reis são chamados Massa-sa-ba, e governam vários lugares, e, a exemplo dos 
Faraós da antiguidade, todos são chamados de Massa-sa-ba. Quando o rei da cidade 
morre, os Massa-sa-bas são convocados a decidirem quem os sucederá. Se a guerra 
se-lhes sobrevém, ele é encontrado, antes de tudo, entre os bravos; a sua residência é, 
geralmente, em um denso matagal, edificada segundo o costume do país, mas 
guarnecida na parte externa com mármore. Há dois tipos de mármores lá, um muito 
 
branco, e o outro vermelho; estes mármores são triturados até virarem um pó fino, 
apesar da argamassa que é usada na construção de casas ser macia, pedaços de 
mármore são retirados e prensados nela, em todos os formatos e figuras fantásticas 
que se possa imaginar, o que torna a parede mais firme e proporciona à construção, 
depois de terminada, uma aparência bela e ornamental. 
 
O pilão no qual as mulheres moem os inhames e o Harnee até se transformarem 
em farinha, mencionado anteriormente nesta obra, exige uma atenção semelhante, 
por ser muito interessante. Um número de homens adentroa a floresta e seleciona 
uma árvore muito grande de uma espécie específica que é usada para este propósito, 
derruba-a, e corta uma tora com cerca de um metro e vinte; ela é, então, perfurada e 
polida delicadamente e, quando tudo está pronto, o rei convida um grande número 
de homens, que o rolam à mão até à sua casa e o põe onde se deseja que ele 
permaneça. Este pilão é, geralmente, tão grande em circunferência que dez ou quinze 
pessoas podem ficar de pé para trabalhar ao seu redor de uma só vez. 
 
Massa-sa-ba era um homem generoso e dado à hospitalidade — 
consequentemente, [ele] tinha muita companhia. Eles amam as festas na Áfria, bem 
como em qualquer outra parte do mundo, e quando os reis fazem banquetes, tudo o 
que o país pode proporcionar é servido. Isto os torna muito populares com as pessoas. 
 
Mahommah não consegue afirmar distintamente quanto tempo ele viveu com o 
rei, mas foi um período considerável de tempo; enquanto ali esteve ele se tornou 
muito ímpio. Porém — afirma ele — naquela época, eu pouco sabia o que era a 
impiedade; as práticas dos soldados e guardas, hoje estou convencido, eram, 
verdadeiramente, muito más, pois tinham plenos poderes e autoridade da parte do rei 
para cometer toda sorte de depredação que desejassem sobre o povo sem temer a sua 
desaprovação, ou punição. Todas as vezes, quando eles estavam curvados à maldade, 
ou imaginavam que precisavam de alguma coisa, eles se lançavam sobre o povo e 
tomavam deles tudo o que escolhiam, já que a resistência estava totalmente foram de 
questão e era inútil, sendo conhecido o decreto do rei ao longo de todo o país. Estes 
privilégios eram concedidos às tropas militares em lugar de pagamento, de modo que 
saqueávamos para fins de sobrevivência. 
 
Se o rei necessitava de vinho de palmeira para um banquete, ou para qualquer 
outra ocasião ele me enviada; e eu levava alguns dos seus escravos comigo, e sabendo 
por qual rota do país as pessoas carregadas com vinho chegavam até a cidade, eu, 
junto com osescravos, escondia-me no capim alto, enquanto um do nosso grupo subia 
em uma árvore alta, e ficava de vigia, esperando qualquer um que passasse. Tão logo 
ele espiasse uma mulher com uma cabaça sobre a cabeça — as mulheres somente 
carregam o vinho para o mercado — ele nos informava, e nós, instantaneamente a 
 
cercávamos e tomávamos o vinho. Se o vinho fosse bom, ela o perdia; se fosse ruim, 
nós o devolvíamos a ela, já que o rei jamais bebia vinho ruim, mas com a advertência 
de que ela não deveria contar a ninguém que os guardas estavam em emboscada, do 
contrário não poderíamos mais atacar outras pessoas, e o rei ficaria sem o seu vinho. 
Dessa forma, um pedágio é cobrado de todos que carregam vinho para dentro da 
cidade, toda vez que o rei necessita dele. Se uma mulher não carrega vinho suficiente 
para o uso do rei, outras são abordadas da mesma maneira até que [vinho] suficiente 
seja obtido; outros artigos também são apreendidos toda vez que o rei deles 
necessita. 
 
Na frente da casa, ou do palácio, do rei havia um pátio muito amplo, 
formosamente sombreado por árvores majestosas; em um lado deste pátio havia três 
ou quatro árvores, debaixo das quais um trono rústico foi construído de terra lançada 
em um monturo e coberto com argamassa, sendo unido de árvore a árvore, que tinha 
vários palmos de altura, e ascendia por degraus do mesmo material. No trono havia 
um assento, almofadado, e coberto com couro vermelho, feito com pele de Bah-seh, a 
qual não era usada para outro propósito. Em cada um dos lados, havia assentos para 
as suas duas jovens esposas, que eram ocupados por duas das suas favoritas na sua 
ausência. O meu assento era aos pés do trono, em um dos lados dos degraus, e o de 
Wa-roo no outro; mais além ficava o assento ocupado por Ma-ga-zee. 
 
O rei bebia na presença das suas esposas, mas não comia. Toda vez que ele 
bebia, uma das suas esposas ou favoritas se ajoelhava diante dele e colocava as suas 
mãos debaixo do seu queixo, de modo a impedir que qualquer sobra de bebida 
pudesse pingar sobre a sua pessoa. Na ausência delas, essa obrigação recaía sobre 
mim. Toda vez que o rei precisava de mim para alguma coisa, ele dizia: "Gar-do-wa". 
Eu respondia: "Sa-bee" (um termo usado somente diante do rei) e imediatamente 
corria em direção a ele, caindo com o rosto em terra diante dele, em uma atitude que 
demonstrava o máximo da atenção respeitosa. Ele, então, declarava o que ele 
precisava, e eu saía a toda velocidade para obedecer as suas ordens, o caminhar não 
era permitido quando se tratava dos negócios do rei. -- Quando ele desejava alguma 
coisa de Ma-ga-zee, ele me chamava, para comunicar a ele a sua vontade. Assim, eu 
era mantido correndo da manhã até a noite, enquanto os seus banquetes seguiam. 
Era um trabalho muito árduo atender aquele rei, posso assegurar a vocês, caros 
leitores. 
 
Nos banquetes do rei, todas as principais figuras se reuniam e jantavam com 
ele, os mais importantes se entretiam na casa de Ma-ga-zee, e os demais nas 
outras casas, de modo que os convidados ficavam espalhados em todo o redor. É a 
obrigação das mulheres preparar a comida, etc. 
 
 
Sem dúvida, seria altamente interessante para a maioria dos nossos leitores 
apresentar uma descrição mais completa das maneiras e costumes do povo, e nos 
daria grande prazer fazê-lo, caso os limites da presente obra nos permitissem; só que 
de momento, esperamos que eles se contentem e se agradem com o que já foi visto e 
escrito para eles, espera-se que eles se beneficiem com a leitura minuciosa. Em 
alguma outra ocasião, caso o público considere adequado prestigiar estas poucas 
folhas avulsas, pode ser que um volume maior e mais extenso possa ser editado pelo 
autor da presente obra, no qual será passado com mais detalhes todo o seu 
conhecimento da África e dos africanos. 
 
Agora, finalmente, passaremos à parte mais interessante da história de 
Mahommah, que trata da sua captura na África e subsequente escravidão. 
Apresentaremos a questão, praticamente, nas suas próprias palavras. 
 
Como já foi dito, quando qualquer pessoa apresenta evidência de ter conquistado 
uma posição de eminência no país, ela é imediatamente invejada, e são tomadas 
medidas para removê-la do caminho; assim, quando foi visto que a minha situação 
era de lealdade e confiança diante do rei, eu fui, obviamente, logo, separado como 
objeto adequado de vingança por uma classe invejosa dos meus compatriotas, atraído 
para uma cilada e vendido para a escravidão. Eu fui à cidade um dia para visitar a 
minha mãe, quando fui seguido por um músico (tocador de atabaques) e chamado 
pelo meu nome. O atabaque batia ao ritmo de uma música que havia sido composta, 
aparentemente, em honra a mim, supunha eu, por causa da minha posição elevada 
diante do rei. Isto muito me agradou, e eu me senti altamente lisonjeado, ficando 
muito generoso, dei ao povo dinheiro e vinho, [enquanto] eles cantavam e 
gesticulavam o tempo todo. A cerca de um quilômetro e meio da casa da minha mãe, 
onde uma bebida forte chamada Bah-gee, era feita de um grão chamado Har-nee; 
para lá fomos, e quando eu havia bebido quantidade excessiva de Bah-gee, fiquei 
muito intoxicado, e me persuadiram a ir com eles até Zar-ach-o, a cerca de um 
quilômetro e meio de Zugu, para visitar um rei estranho, o qual eu jamais havia 
encontrado anteriormente. Quando nós chegamos lá, o rei nos exaltou a todos, e um 
grande banquete foi preparadoo, e muito bebida me foi dada, na verdade todos 
pareciam beber muito livremente. 
 
Na manhã quando eu acordei, descobri que era prisioneiro, e todos os meus 
companheiros haviam partido. Ó horror! Descobri, então, que havia sido traído [e 
lançado] nas mãos dos meus inimigos, e vendido como escravo. Eu jamais esquecerei 
os meus sentimentos naquela ocasião: as lembranças da minha pobre mãe me 
perturbavam sobremaneira, e a perda da minha liberdade e da minha posição 
honorável diante do rei me angustiava muito severamente. Lamentei amargamente a 
minha insensatez ao ser tão facilmente enganado, sido levado a afogar toda a cautela 
 
numa taça. Não tivessem os meus sentidos sido tirados de mim, havia chance de eu 
ter escapado das suas ciladas, pelo menos daquela vez. 
 
O homem, em cuja companhia eu me vi largado pelos meus cruéis companheiros 
era uma pessoa cuja tarefa era livrar o país de todas as pessoas semelhantes a mim. 
A forma como ele me prendeu, foi a seguinte: - Ele tomou um galho de árvore que 
tinha dois dentes, e cortou de forma que ele se atravessasse na minha nuca, ele foi, 
então preso pela parte frontal com um ferrolho; a estaca tinha cerca de 1,80 metros 
de comprimento. 
 
Confinado, assim, fui levado em marcha até o litoral, a um lugar chamado Ar-u-
zo, que era uma grande aldeia; ali encontrei alguns amigos, que muito lamentaram a 
minha situação, mas não tinham meios para me ajudar. Nós somente ficamos ali 
somente por uma noite, já que o meu senhor queria apressar as coisas, pois eu lhe 
havia dito que fugiria e iria para casa. Ele, então, levou-me para um lugar chamado 
Chir-a-chur-i, ali eu também tinha amigos, mas não pude encontrá-los, pois ele 
mantinha vigilância muito atenta sobre mim, e sempre em lugares preparados para o 
propósito de manter os escravos em segurança; havia furos nos muros nos quais os 
meus pés foram colocados (uma espécie de armazém [de escravos]). Ele, então, 
levou-me para um lugar chamado Cham-mah — depois de passar por muitos lugares 
estranhos (cujos nomes não consigo me lembrar) onde me vendeu. Nós havíamos 
estado, então, cerca de quatro dias longe de casa e viajado muito rapidamente. Eu 
permaneci somente um dia, quando fui, novamente, vendido

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