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Revisão Direito Penal I

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REVISÃO – DIREITO PENAL I 
PROFESSORA: LUCIANA CORREA SOUZA 
 
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
 
1. ANTERIORIDADE DA LEI 
Art. 1º – Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 
Não basta que a norma penal incriminadora tenha sido instituída por lei em sentido estrito (princípio da 
reserva legal), mas esta deve também ser anterior ao fato criminoso (princípio da anterioridade), escrita, 
estrita, certa e necessária. Daí porque a doutrina desdobra o princípio em exame em outros cinco: 
a) Não há crime (ou contravenção penal), nem pena (ou medida de segurança) sem lei estrita (nullum 
crimen, nulla poena sine lege), proibindo-se a utilização da analogia para criar tipo incriminador, 
fundamentar ou agravar a pena. Entretanto, a analogia in bonam partem é perfeitamente possível, 
encontrando justificativa no princípio da equidade. 
b) Não há crime (ou contravenção penal), nem pena (ou medida de segurança) sem lei anterior (nullun 
crimen, nulla poena sine praevia lege), proibindo-se a retroatividade maléfica; 
ATENÇÃO: o que se proíbe é apenas a retroatividade maléfica, podendo a lei retroagir para beneficiar o 
réu. Nesse sentido: art. 5º, XL, da CF: “A lei não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.”. 
c) Não há crime (ou contravenção penal), nem pena (ou medida de segurança) sem lei escrita, excluindo-se 
o direito consuetudinário para fundamentação ou agravação da pena. 
d) Não há crime (ou contravenção penal), nem pena (ou medida de segurança) sem lei certa (princípio da 
taxatividade). Este princípio é dirigido mais diretamente à pessoa do legislador, do qual se exige clareza na 
elaboração dos tipos penais, sem margens para dúvidas, permitindo à população em geral o pleno 
entendimento da norma penal. 
e) Não há crime (ou contravenção penal), nem pena (ou medida de segurança) sem lei necessária, 
desdobramento lógico do princípio da intervenção mínima. A soma desses princípios constitui uma real 
limitação ao poder estatal de interferir na esfera de liberdades individuais. 
ATENÇÃO: Normas penais em branco: são normas que dependem de complemento normativo. 
Classificam-se em próprias (em sentido estrito ou heterogênea) ou impróprias (em sentido amplo ou 
homogêneas). 
 
2. APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO 
 
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento 
do resultado.  TEORIA DA ATIVIDADE OU AÇÃO: O tempo do crime é diferente do lugar, pois é 
considerado o momento da ação ou omissão (momento da conduta), ainda que seja outro o momento do 
resultado. Não importa o momento do resultado. 
 
A sucessão de leis penais no tempo pode gerar quatro situações bem definidas: 
1) Abolitio criminis (art. 2º, caput, do CP): 
• É o caso de supressão da figura criminosa, é dizer, a revogação de um tipo penal pela superveniência 
de lei descriminalizadora. 
• A lei nova (mais benigna) retroagirá, alcançando os fatos pretéritos, mesmo que acobertados pela 
coisa julgada (lei abolicionista não respeita coisa julgada). 
2) Novatio legis in mellius (art. 2º, parágrafo único, do CP): 
• É o caso de lei posterior, não abolicionista, porém mais benéfica que a vigente à época dos fatos. 
RETROAGIRÁ para beneficiar o réu. 
• Nesta hipótese, o fato continua sendo criminoso, porém, tratado de maneira mais branda. 
Para beneficiar o réu, admite-se combinação de leis penais? 
A combinação de leis penais seria a faculdade conferida ao juiz, na determinação da lei mais benéfica, tomar 
preceitos ou critérios mais favoráveis da lei anterior e, ao mesmo tempo, os da lei posterior, conjugando-os 
de forma a aplicá-los ao caso concreto. No entanto, o STJ sumulou entendimento neste sentido: “É cabível a 
aplicação retroativa da Lei nº 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na 
íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei nº 6.368/1976, sendo vedada a 
combinação de leis” (súmula 501). PORTANTO, É VEDADA A COMBINAÇÃO DE LEIS, AINDA QUE 
SEJA NO SENTIDO DE BENEFICIAR O RÉU. 
3) Novatio legis in pejus: 
• É o caso da lei posterior mais rigorosa. Por agravar a situação do agente, não pode retroagir. 
• Será aplicada a lei revogada (vigente na data dos fatos) em detrimento da lei nova (vigente na data do 
julgamento). A tal fenômeno dá-se o nome de ultra-atividade da lei mais benigna. 
Qual lei deve ser aplicada se, no decorrer da prática de um crime permanente ou continuado, sobrevém 
lei mais grave? 
O crime permanente é aquele cuja consumação se prolonga no tempo. No crime de sequestro (art. 148, 
CP), por exemplo, enquanto a vítima não for libertada, a consumação se protrai. Por sua vez, o crime 
continuado é uma ficção jurídica através da qual, por motivos de política criminal, dois ou mais crimes da 
mesma espécie, praticados nas mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução, devem ser 
tratados, para fins da pena, como crime único, majorando-se a pena. 
De acordo com o STF, nessas hipóteses: “a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime 
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência” (Súmula 711 do 
STF). 
4) Novatio legis incriminadora: 
• É o caso da lei que incrimina uma conduta anteriormente considerada irrelevante penal. 
• Não retroagirá para atingir fatos passados (art. 1º do CP). 
ATENÇÃO: não podemos confundir abolitio criminis com mera revogação formal de uma lei penal. No 
primeiro caso, há revogação formal e substancial da lei, sinalizando que a intenção do legislador é não mais 
considerar o fato como infração penal (hipótese de supressão da figura criminosa). Já no segundo, revoga-se 
formalmente a lei, mas seu conteúdo (normativo) permanece criminoso, transportado para outra lei ou tipo 
penal (altera-se, somente, a roupagem da infração penal). 
LEMBREM-SE! 
STF – Súmula 711. A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua 
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. 
STF – Súmula 611. Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a 
aplicação de lei mais benigna. 
STJ – Súmula 501. É cabível a aplicação retroativa da Lei nº 11.343/2006, desde que o resultado da 
incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei 
nº 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis. 
 
3. APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO 
 
O CP limita o campo de validade da lei penal com observância de dois vetores fundamentais: a 
territorialidade (art. 5.º) e a extraterritorialidade (art. 7.º). Com base neles se estabelecem princípios que 
buscam solucionar os conflitos de leis penais no espaço. 
A territorialidade é a regra. Excepcionalmente, admitem-se outros princípios para o caso de 
extraterritorialidade, que são os da personalidade, do domicílio, da defesa, da justiça universal e da 
representação. 
Conforme disposição do art. 5.º do Código Penal: “Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, 
tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional”. Essa é a regra geral. 
Aplica-se a lei brasileira aos crimes cometidos no território nacional. Há exceções que ocorrem quando 
brasileiro pratica crime no exterior ou um estrangeiro comete delito no Brasil. Fala-se, assim, que o Código 
Penal adotou o princípio da territorialidade temperada ou mitigada. 
Nosso CP adotou a teoria da ubiquidade, conforme se verifica pela leitura de seu art. 6º. Com a adoção da 
teoria da ubiqüidade considera-se o local do crime o lugar da ação ou omissão, bem como onde se produziu 
ou deveria produzir-se o resultado. 
O território brasileiro compreende:a) o espaço territorial delimitado pelas fronteiras, sem solução de continuidade, inclusive rios, lagos, 
mares interiores e ilhas, bem como o respectivo subsolo. 
b) o mar territorial, ou marginal, que corre ao longo da costa como parte integrante do território brasileiro 
e que tem uma faixa de doze milhas marítimas de largura, medidas a partir da baixa-mar do litoral 
continental e insular brasileiro. 
c) a plataforma continental, medindo 200 milhas marítimas a partir do litoral brasileiro (ou 188 milhas, 
deduzidas as 12 milhas do mar territorial). 
d) o espaço aéreo, compreendido como a dimensão estatal da altitude. Em relação ao domínio aéreo, 
adotou-se a teoria da absoluta soberania do país subjacente, pela qual o Brasil exerce completa e 
exclusiva soberania sobre o espaço aéreo acima de seu território e mar territorial. 
e) os navios e aeronaves, de natureza particular, em alto-mar ou no espaço aéreo correspondente ao alto-mar. 
f) os navios e aeronaves, de natureza pública, onde quer que se encontrem. 
g) os rios e lagos internacionais, que são aqueles que atravessam mais de um Estado. Se forem sucessivos, 
ou seja, passarem por dois ou mais países, mas sem separá-los, considera-se o trecho que atravessa o Brasil. 
Caso sejam simultâneos ou fronteiriços, isto é, separarem os territórios de dois ou mais países, a 
delimitação da parte pertencente ao Brasil é fixada por tratados ou convenções internacionais entre os 
Estados interessados. 
• Território brasileiro por extensão 
Na forma definida pelo art. 5.º, § 1.º, do CP, consideram-se como extensão do território nacional as 
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que 
se encontrem, bem como as aeronaves e embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que 
se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
O § 2º do art. 5º do Código Penal determinou, também, a aplicação da lei brasileira aos crimes praticados a 
bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se as aeronaves em pouso 
no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente e as embarcações, em porto ou mar 
territorial do Brasil. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES 
 
• Crimes comuns, próprios e de mão própria: refere-se ao sujeito ativo e passivo 
Crimes comuns ou gerais: são aqueles que podem ser praticados por qualquer pessoa. O tipo penal não 
exige, em relação ao sujeito ativo, nenhuma condição especial. Exemplos: homicídio, furto, extorsão 
mediante sequestro, crimes contra a honra, etc. 
Crimes próprios ou especiais: são aqueles em que o tipo penal exige uma situação fática ou jurídica 
diferenciada por parte do sujeito ativo. Exemplos: peculato (só pode ser praticado por funcionário público) e 
receptação qualificada pelo exercício de atividade comercial ou industrial, delito previsto no art. 180, § 1.º, 
do Código Penal (somente pode ser praticado pelo comerciante ou industrial). Admitem coautoria e 
participação. 
Crimes de mão própria, de atuação pessoal ou de conduta infungível: são aqueles que somente podem 
ser praticados pela pessoa expressamente indicada no tipo penal. É o caso do falso testemunho (CP, art. 
342). Tais crimes não admitem coautoria, mas somente participação. 
• Crimes simples e complexos: A classificação se refere à estrutura da conduta delineada pelo tipo 
penal. 
Crime simples: é aquele que se amolda em um único tipo penal. É o caso do furto (CP, art. 155). 
Crime complexo: é aquele que resulta da união de dois ou mais tipos penais. Fala se, nesse caso, em crime 
complexo em sentido estrito. O crime de roubo (CP, art. 157), por exemplo, é oriundo da fusão entre furto 
e ameaça (no caso de ser praticado com emprego de grave ameaça – CP, art. 147) ou furto e lesão corporal 
(se praticadomediante violência contra a pessoa – CP, art. 129). E crime complexo em sentido amplo é o 
que deriva da fusão de um crime com um comportamento por si só penalmente irrelevante, a exemplo da 
denunciação caluniosa (CP, art. 339), originária da união da calúnia (CP, art. 138) com a conduta lícita de 
noticiar à autoridade pública a prática de uma infração penal e sua respectiva autoria. 
• Crimes materiais, formais e de mera conduta: A divisão diz respeito à relação entre a conduta e o 
resultado naturalístico, compreendido como a modificação do mundo exterior, provocada pela 
conduta do agente. 
Crimes materiais ou causais: São aqueles em que o tipo penal descreve uma conduta e um resultado 
material e exige ambos para efeito de consumação. São aqueles em que o tipo penal aloja em seu interior 
uma conduta e um resultado naturalístico, sendo a ocorrência deste último necessária para a consumação. 
Crimes formais, de consumação antecipada ou de resultado cortado: são delitos nos quais o legislador 
descreve uma conduta e um resultado, embora, para efeito de consumação, não seja necessário que ambos 
sejam produzidos. São aqueles nos quais o tipo penal contém em seu bojo uma conduta e um resultado 
naturalístico, mas este último é desnecessário para a consumação. 
Crimes de mera conduta ou de simples atividade: nesses crimes, a lei penal descreve uma mera conduta 
que já configura crime sem fazer qualquer alusão a um resultado naturalístico. 
• Crimes instantâneos, permanentes, de efeitos permanentes e a prazo: A classificação se refere ao 
momento em que o crime se consuma. 
Crimes instantâneos ou de estado: são aqueles cuja consumação se verifica em um momento determinado, 
sem continuidade no tempo. É o caso do furto (CP, art. 155). 
Crimes permanentes: são aqueles cuja consumação se prolonga no tempo, por vontade do agente. O 
ordenamento jurídico é agredido reiteradamente, razão pela qual a prisão em flagrante é cabível a qualquer 
momento, enquanto perdurar a situação de ilicitude. Como decidido pelo Superior Tribunal de Justiça: 
Os tipos penais previstos nos arts. 12 e 16 da Lei n.º 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) são 
crimes permanentes e, de acordo com o art. 303 do CPP, o estado de flagrância nesse tipo de crime 
persiste enquanto não cessada a permanência. 
• Crimes de dano e de perigo: Essa classificação se refere ao grau de intensidade do resultado 
almejado pelo agente como consequência da prática da conduta. 
Crimes de dano ou de lesão: são aqueles cuja consumação somente se produz com a efetiva lesão do bem 
jurídico. Como exemplos podem ser lembrados os crimes de homicídio (CP, art. 121), lesões corporais (CP, 
art. 129) e dano (CP, art. 163). 
Crimes de perigo: são aqueles que se consumam com a mera exposição do bem jurídico penalmente 
tutelado a uma situação de perigo, ou seja, basta a probabilidade de dano. Subdividem-se em: 
a) crimes de perigo abstrato, presumido ou de simples desobediência: consumam-se com a prática da 
conduta, automaticamente. Não se exige a comprovação da produção da situação de perigo. Ao contrário, há 
presunção absoluta (iuris et de iure) de que determinadas condutas acarretam perigo a bens jurídicos. É o 
caso do tráfico de drogas (Lei 11.343/2006, art. 33, caput). Esses crimes estão em sintonia com a 
Constituição Federal, mas devem ser instituídos pelo legislador com parcimônia, evitando-se a desnecessária 
inflação legislativa; 
b) crimes de perigo concreto: consumam-se com a efetiva comprovação, no caso concreto, da ocorrência 
da situação de perigo. É o caso do crime de perigo para a vida ou saúde de outrem (CP, art. 132);

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