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Atividade Física e Saúde Unid. 4

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1
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
Graduação
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
49
U
N
ID
A
D
E 
4
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS E AS
POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A
PROMOÇÃO DA SAÚDE E MELHORIA DA
QUALIDADE DE VIDA
Na unidade anterior, vimos as principais doenças crônicas degenerativas
ligadas ao sedentarismo e à obesidade. Você pôde perceber também o papel
do estilo de vida positivo e da atividade física no combate a estas doenças.
Nesta unidade, veremos como a Educação Física foi reconhecida enquanto
área da saúde e o que isso implica na atuação profissional e responsabilidade
social. Conheceremos a organização da saúde em nosso país e as principais
estratégias governamentais no combate às doenças crônicas, melhoria da
saúde e da qualidade de vida da população brasileira, além de alguns
protocolos de avaliação do nível de atividade física.
Vamos continuar nossa jornada!
OBJETIVOS:
Conhecer e discutir o Sistema Único de Saúde – SUS. Analisar e discutir
políticas públicas para a promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida
através do incentivo à adoção de um estilo de vida ativo. Discutir a inserção
do profissional de Educação Física na atenção básica à saúde. Conhecer
instrumentos de avaliação do nível de atividade física habitual e de saúde.
PLANO DA DISCIPLINA:
• Sistema Nacional de Saúde.
• Criação do Sistema Único de Saúde – SUS.
• Atenção Básica à Saúde.
• Programa Saúde da Família – PSF - como estratégia de atenção
básica.
• Inserção do profissional de Educação Física na Atenção Básica à
Saúde.
• Políticas públicas de promoção da saúde através do incentivo
ao estilo de vida ativo.
• Medidas de avaliação e monitoramento da atividade física e
saúde.
Bons estudos!
UNIDADE 4 - SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS E AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE E MELHORIA DA
QUALIDADE DE VIDA
50
A história recente da Educação Física no Brasil
aponta a estreita relação da nossa área com a saúde
de tal forma que em 1997 o Ministério da Saúde, através
da Resolução nº 218 de 6 de Março de 19971,
reconheceu a Educação Física como área da saúde. Isto
não quer dizer que saímos da área escolar, muito pelo
contrário, este fato ampliou ainda mais nossa
possibilidade de intervenção profissional, assim como,
nossa responsabilidade social, inclusive, reforçou ainda
mais nossa intervenção no contexto educacional.
 Você verá porque na sequência das unidades.
Outro fato recente que merece destaque, foi a promulgação da Lei
9.696/98 que criou o sistema Conselho Federal/Conselhos Regionais de
Educação Física – CONFEF/CREFs. Este ditame legal veio consolidar o
entendimento social do atual estado da área de intervenção profissional em
Educação Física. Uma vez que esta intervenção situa-se na saúde, na “outra
ponta” pode trazer riscos a própria saúde do assistido. É sobre essa égide
que se sustenta a criação do sistema CONFEF/CREFs, ou seja, proteger a
sociedade do mau profissional através da promulgação e fiscalização das
normas de conduta ético-profissional.
Agora precisamos conhecer o Sistema Nacional de Saúde.
SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE
Em linhas gerais, o Sistema Nacional de Saúde é formado por três níveis
de atenção à saúde. O primeiro nível, também conhecido como atenção
primária ou básica, lida com a prevenção de doenças através da orientação e
cuidados com as pessoas na comunidade em que vivem, ou, ainda, com
pequenas enfermidades que não necessitam de internamento. Este assunto
será melhor abordado na sequência da nossa unidade.
A atenção secundária acontece no ambiente médico-hospitalar, e tem
relação mais próxima com as consultas e encaminhamento de tratamento
medicamentoso.
A atenção terciária também acontece no ambiente hospitalar, mas tem
relação com os tratamentos e manejo de enfermidade a longo prazo onde a
pessoa assistida precisa ficar internada.
Estes três níveis acontecem tanto na saúde pública quanto na saúde
privada. Esta última se destaca mais nos níveis secundários e terciários de
atenção à saúde.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
51
A CRIAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS
A saúde no Brasil do século XX foi marcada por várias mudanças
contextuais, assim vimos um sistema que transitou do sanitarismo
campanhista (início do século até 1965) para o modelo médico-assistencial
privado, até chegar, no final do anos 80, ao modelo plural hoje vigente, que
tem como sistema público o SUS. Esta nova dimensão tem seu caráter político-
ideológico, uma vez que parte de uma concepção ampliada do processo
saúde-doença e de um novo paradigma sanitário e tem também seu caráter
científico-tecnológico, uma vez que utiliza conhecimentos e técnicas para
sua implementação (MENDES,1999).
Não podemos dizer que o SUS, enquanto um processo social em marcha,
tenha iniciado em 1988 com a sua consagração constitucional2, mas não
podemos deixar de registrar este salto qualitativo da saúde brasileira na
busca de garantir um sistema único em todo território nacional, garantindo
seus princípios doutrinários através dos seguintes preceitos constitucionais:
· da universalidade, em que todas as pessoas têm direitos aos
serviços do SUS;
· da eqüidade, em que é garantido o acesso de qualquer pessoa,
em igualdade de condições aos diferentes níveis de
complexidade do sistema de saúde. Determinado pelas
prioridades epidemiológicas e não pelos privilégios ou
favorecimento desigual e;
· da integralidade, em que as ações de promoção e recuperação
da saúde não podem ser compartimentalizadas.
Sua organização está baseada na:
· regionalização e hierarquização, em que os serviços devem ser
organizados em níveis de complexidade crescente, sempre
dispostos numa área geográfica delimitada e com definição da
população a ser atendida;
· resolutividade, em que os serviços devem resolver os problemas
de saúde até o nível da sua competência;
· descentralização, em que cabe aos municípios a execução da
maioria das ações, cabendo-lhe, principalmente, a
responsabilidade política pela saúde de seus cidadãos;
· participação dos cidadãos, através do controle social exercido
nos Conselhos e Conferências de Saúde de forma paritária com
o governo, os profissionais de saúde envolvidos e os
prestadores de serviços e, ainda;
· complementaridade do setor privado, através da lícita
contratação de serviços privados previstos na Carta
Constitucional (COSTA & CARBONE, 2004).
Paradigma sanitário: modelo
de saúde.
UNIDADE 4 - SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS E AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE E MELHORIA DA
QUALIDADE DE VIDA
52
Ainda segundo as autoras, existe atualmente no mundo inteiro uma forte
pressão sobre o sistema de saúde oriunda do aumento da demanda de
serviços. Este fenômeno tem várias razões, mas podemos destaca algumas:
· as mudanças demográficas motivadas pelo envelhecimento da
população, onde esta população, geralmente, padece de mais
de uma patologia crônico-degenerativa demandando consultas
e controle freqüentes e exames mais sofisticados;
· as novas doenças que demandam diagnósticos e tratamentos
mais sofisticados;
· os novos tratamentos que prolongam a sobrevida e aumentam
dependência do acompanhamento médico e, por fim;
· a expectativa dos pacientes, que através dos meios de
comunicação cada vez mais acessíveis, atualizam-se e exigem
do sistema de saúde melhores serviços.
São questões como estas que colocam a Atenção Básica e o Sistema
Único de Saúde em constante discussão visando seu aprimoramento e sua
consolidação, e por se tratar de um processo em marcha, merece destaque,
além de ser uma das poucas políticas perenes em nosso país. Como
brasileiros e universitários, não podemos ficar de fora desta discussão, pois
a consolidação deste sistema é mais que uma necessidadeé a garantia da
soberania nacional e da eqüidade entre os filhos desta nação.
ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE
Não são recentes os problemas com a atenção básica ou primária à saúde
no Brasil, desde 1949 quando a OMS passou a conceituar a saúde como
sendo um completo estado de bem-estar físico, mental e social e não apenas
a ausência de doença, ficou evidenciado o conceito ampliado da relação
saúde/doença e da necessidade de mudança do foco, que, até então, era
na doença e deveria passar para a saúde, ou seja, para a prevenção das
doenças e melhoria da qualidade de vida. Conceito este que você já teve
oportunidade de aprender.
Porém, na contramão desta declaração, a partir da década de 50, houve
uma excessiva valorização dos tratamentos medicamentosos em detrimento
da prevenção e da elevação da saúde. Nesta mesma época, você deve
lembrar, iniciava-se a transição epidemiológica que se ratificou na década de
60 em que as doenças infecto-parasitárias deram lugar às cardiovasculares.
Foi então que o foco da saúde começou a ser discutido para a mudança
que tantos defendiam. Um fato interessante de se destacar aconteceu em
1974, quando o, então, Ministro da Saúde do Canadá Marc Lalonde, chamou
a atenção para os excessivos gastos com os serviços de saúde daquele
país, destacando a importância do estilo de vida, da biologia humana e dos
fatores ambientais como os principais determinantes do processo saúde/
doença e como tais, merecedores de uma melhor compreensão deste
processo multifacetado (COSTA & CARBONE, 2004).
Processo multifacetado:
processo em que se con-
s idera muitos aspectos
intervenientes.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
53
Esta nova perspectiva de atenção à saúde foi
confirmada ainda em vários encontros
internacionais, a exemplo da I Conferência
Internacional de Promoção de Saúde, também no
Canadá em 1986 (Carta de Ottawa), onde se
destacou a importância das dimensões
socioeconômicas, políticas e culturais sobre o
impacto nas condições de saúde da população
mundial. Em 1992, no Rio de Janeiro, a Agenda 21
uniu o conceito de saúde ao de cidade saudável,
alicerçado numa dimensão tríplice de qualidade de
vida, intersetorialidade e participação popular.
Em todo o mundo, a reforma da atenção à saúde é uma constante,
mesmo para aqueles países com um sistema de saúde mais estável. Boa
parte deste ímpeto por reforma, dá-se pelos custos financeiros sempre
crescentes, destinados a atenção à saúde. Este fenômeno acontece, em
parte, pelo crescente envelhecimento da população, pela ampliação da
sobrevivência dos portadores de doenças crônicas que se beneficiaram dos
resultado de tratamentos aprimorados, dos custos com equipamentos
sofisticados e das drogas mais eficazes no manejo destas doenças
(STARFIELD, 2002).
Comum entre os sistemas de serviços de saúde pública, são duas as
metas internacionalmente aceitas como imprescindíveis: a primeira baseia-
se na otimização da saúde da população através da utilização do que há de
mais avançado em conhecimento sobre a causa das enfermidades, manejo
das doenças e maximização da saúde. A segunda, igualmente importante,
trata de minimizar as disparidades entre os subgrupos populacionais,
perspectivando evitar as desvantagens da população mais pobre em relação
ao acesso aos serviços de saúde do mais alto nível.
Duas metas internacionais são imprescindíveis aos sistemas de serviços
de saúde pública, são elas: a otimização da saúde da população e a
diminuição das disparidades entre os subgrupos populacionais.
Diante deste fato e, em reconhecimento às crescentes iniqüidades sociais
e de saúde em quase todos os países, a OMS adotou um conjunto de
princípios para construir a atenção primária à saúde. Conhecida como Carta
de Lubliana, nela ficou proposta que os sistemas de atenção à saúde
deveriam ser:
· dirigidos por valores de dignidade humana, eqüidade,
solidariedade e ética profissional;
· direcionados à proteção e promoção da saúde;
· centrados nas pessoas, permitindo que os cidadãos influenciem
os serviços de saúde e assumam a responsabilidade por sua
própria saúde;
Iniqüidades sociais: desigual-
dades sociais. Iniqüidade,
antônimo de eqüidade ou
igualdade.
UNIDADE 4 - SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS E AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE E MELHORIA DA
QUALIDADE DE VIDA
54
· focados na qualidade, incluindo a relação custo-efetividade;
· baseados em financiamento sustentável, para permitir a
cobertura universal e o acesso eqüitativo e;
· direcionados para a atenção primária.
(STARFIELD, 2002. p. 19-20).
A Comunidade Européia adotou estes princípios em 1996, pois eles
têm como base uma longa tradição de luta em direção da eqüidade social.
Mas, afinal, como conceituar a atenção primária à saúde?
Para Starfield (op. cit), a atenção primária é uma abordagem que forma
a base e determina o trabalho de todos os outros níveis do sistema de
saúde. Aborda os problemas mais comuns na comunidade, oferece serviços
de prevenção, cura e reabilitação para maximizar a saúde e o bem-estar da
população. Lida com o contexto onde a doença existe e busca influenciar
positivamente as pessoas na resolução de seus problemas de saúde.
É também a atenção que organiza e racionaliza o uso de todos os
recursos tanto básicos como especializados, objetivando a promoção,
manutenção e melhoria da saúde.
Diferencia-se da atenção secundária (consulta de curta duração) e da
atenção terciária (manejo de enfermidade a longo prazo), pois lida com os
problemas mais comuns e menos definidos geralmente próxima à unidade
comunitária, tem um caráter mais preventivo, e justamente por estar mais
próxima e integrada à comunidade, seus profissionais tem uma posição
privilegiada para avaliar a influência dos múltiplos e interativos determinantes
da doença e da saúde.
Pelo que foi colocado até agora, você já tem uma idéia dos três níveis
de atenção à saúde e já percebeu onde a Educação Física melhor se encaixa
neste complexo sistema. E mais, pode perceber ainda o quanto é importante
para o profissional de Educação Física conhecer melhor o sistema de saúde
nacional.
Vamos em frente, pois precisamos saber onde melhor nos colocamos
profissionalmente.
PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA – PSF COMO ESTRATÉGIA DE ATENÇÃO
BÁSICA À SAÚDE.
A atenção à saúde da família que inicialmente foi
proposta em forma de programa (Programa Saúde da
Família - PSF) configura-se hoje como a principal estratégia
do Governo Federal e do Ministério da Saúde para
reorientar o modelo assistencial do SUS a partir da Atenção
Básica.
Esta estratégia destina-se a realizar atenção contínua
nas especialidades básicas, através de uma equipe
multiprofissional habilitada para desenvolver as atividades
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
55
de promoção, proteção e recuperação da saúde, características do nível de
atenção primário já apresentado.
Porém, é preciso relembrar que esta estratégia foi iniciada em 1991,
com a implementação do Programa de Agentes Comunitários – PACs, voltado
à redução dos altos índices de mortalidade infantil e materna na Região
Nordeste, uma vez que esta região concentrava a maior população em
situação de pobreza e, conseqüentemente, mais exposta aos riscos de
doenças e mortes (BRASIL, 2002).
Estes agentes comunitários eram recrutados e treinados nos postos
de saúde ou hospitais existentes na comunidade. Por serem oriundos da
comunidade, tinham uma visão mais específica de seus problemas, além de
uma maior aceitação pelos membros da comunidade.
Esta estratégia desencadeou uma ampla
discussão sobre a descentralização e a
municipalização dos recursos para a atenção primária
à saúde, pois os agentes comunitários passaram a
ser um valiosoinstrumento para retratar a realidade
social de sua comunidade repercutindo também na
análise da reforma do modelo assistencial de saúde.
 Uma parte desta discussão sustentava-se na
insuficiência do PACs para provocar mudanças efetivas
na forma de organização dos serviços básicos de
saúde.
Um outro problema era o reconhecimento da crise
do modelo assistencial de saúde que precisava ser enfrentado para
consolidar o processo de reforma da saúde brasileira iniciado pela
implantação do SUS, que já expressava avanços significativos com a
descentralização e a municipalização dos serviços de saúde. Portanto, era
preciso romper com o modelo centrado na doença para um novo modelo,
agora centrado na saúde. Diante disto, iniciou-se a formulação das diretrizes
do Programa Saúde da Família lançado em março de 1994, tendo como
principal estratégia atuar diretamente na comunidade, através de uma equipe
multiprofissional concebida inicialmente e minimamente por um médico, um
enfermeiro, dois técnicos em enfermagem e quatro agentes comunitários;
estes assumiriam um território onde vivessem em torno de 4.500 pessoas
ou 1.000 famílias.
As Equipes de Saúde da Família – ESF - assumiram o desafio da atenção
básica e continuada no primeiro nível de atenção à saúde, cumprindo seu
relevante papel social de reorganização e reformulação do modelo
assistencial de saúde em vigor.
O PSF (agora conhecido como ESF) completa hoje 13 anos e atendeu em
2006 mais de 83 milhões de brasileiros, a expectativa é aumentar ainda
mais estes número no ano de 2007.
UNIDADE 4 - SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS E AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE E MELHORIA DA
QUALIDADE DE VIDA
56
Cada ESF é capacitada para conhecer a realidade
das famílias pelas quais são responsáveis, elaborando
com a participação da comunidade, um plano local para
enfrentarem os determinantes do processo saúde/
doença (COSTA & CARBONE, 2004).
Diante do que já estudamos até agora e
fundamentado na literatura especializada, defendemos
que o profissional de Educação Física precisa ser inserido
na Atenção Básica à Saúde principalmente no que diz
respeito à proteção e promoção da saúde.
Você já imaginou o contingente de brasileiros que podem ter sua qualidade
de vida melhorada pela nossa intervenção profissional? Pois é, precisamos
primeiro nos convencermos disso, aprendermos como funciona o sistema e
depois buscar nosso espaço na atenção básica.
INSERÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA ATENÇÃO BÁSICA
À SAÚDE
Em janeiro de 2003, durante a
quinquagésima oitava Assembléia Geral das
Nações Unidas – ONU - em Paris, os Ministros
responsáveis pelo Esporte e pela Educação Física
proclamaram que 2005 seria o Ano Internacional
do Esporte e da Educação Física3. O objetivo desta
assembléia foi o de destinar investimentos dos
governos e dos países membros, para de Educação Física e para o Esporte,
com a perspectiva de melhoria da educação, da saúde, do desenvolvimento
e dos processos de paz.
Diante destes fatos recentes, o Governo Federal, através do Ministério
da Saúde e de suas secretarias Executiva e de Atenção à Saúde, propôs em
2004 a criação do Núcleo de Atenção Integral na Saúde da Família, proposta
essa, que foi promulgada pela portaria nº 1065 de 04 de Julho de 2005,4
com o então Ministro Humberto Costa.
Esta portaria destaca a integralidade e a resolubilidade como um dos
princípios fundamentais do SUS e um dos pilares da organização da Atenção
Básica.
A integralidade fundamenta-se em dois princípios: o primeiro destina-
se à abordagem do cidadão no seu contexto familiar e social e o segundo
refere-se à organização das práticas de saúde, integrando ações de
promoção, prevenção, assistência e reabilitação.
Outro ponto que merece destaque na fundamentação da criação do
Núcleo é o entendimento que o Ministério da Saúde tem de que precisa
combater o sedentarismo através do incentivo ao aumento das atividades
físicas, buscando minimizar os riscos de desenvolvimento de algumas
doenças crônicas, a exemplo das cardiovasculares, do diabetes mellitus e a
da hipertensão arterial.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
57
Você sabe inclusive o potencial de morbimortalidade destas doenças.
Imagine então os custos financeiros que estas doenças causam aos cofres
públicos em consultas, medicamentos e internações, além é claro, dos custos
com afastamento do trabalho.
A proposta de criação do Núcleo de Atenção Integral na Saúde da Família
baseia-se na qualificação e ampliação da atenção básica à saúde, através
de quatro modalidades de ação em saúde:
· alimentação/nutrição e atividade física.
· atividade física.
· saúde mental.
· reabilitação.
Estas modalidades serão implantadas em municípios que já são assistidos
pelas ESF, com população igual ou superior a 40 mil habitantes, a exceção
da Amazônia Legal onde será permitido a instalação em municípios com 30
mil habitantes.
É possível percebermos o status da Educação Física, pois é a área que
esta presente em duas das quatro modalidades propostas.
Outro ponto que está na portaria e que reforça nosso bom momento, é
o fato de serem justamente as duas modalidades que podem ser implantadas
sem a presença da ESF no município.
Além do profissional de Educação Física,
participarão deste núcleo profissionais de
Psicologia, Assistência Social, Nutricionistas,
Fisioterapeutas e Instrutores de práticas
corporais. Todos eles incorporando novos saberes
e práticas ao processo de trabalho das ESF.
Nesta perspectiva, a modalidade Atividade
Física (que no primeiro texto recebia a
nomenclatura Atividade Física e Saúde) foi
concebida buscando desenvolver ações que
promovam atividades físicas e práticas corporais,
proporcionando a melhoria da qualidade de vida
da população e a redução dos agravos e danos decorrentes das doenças
crônicas não-transmissíveis.
Esta boa notícia demonstra o quanto o Governo Federal está preocupado
em implementar políticas públicas no sentido de combater os agravos à
saúde, através do fomento às atividades físicas nas suas versões habituais
ou do cotidiano, de lazer e/ou esportivas, unindo ações interministeriais
(Ministérios da Saúde, da Educação e dos Esportes), além de fazer valer sua
função de tutor dos direitos constitucionais de acesso às práticas esportivas5.
UNIDADE 4 - SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS E AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE E MELHORIA DA
QUALIDADE DE VIDA
58
POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE ATRAVÉS DO INCENTIVO
AO ESTILO DE VIDA ATIVO
As políticas públicas de incentivo ao estilo de vida ativo devem acontecer
nas esferas municipais, estaduais e federais, com a participação e parceria
da iniciativa privada e das organizações não-governamentais (ONGs), além
da iniciativa pessoal e coletiva dentro da comunidade, ou seja, é da
responsabilidade de todos nós.
No Brasil, a exemplo do que já acontece na maioria dos países
desenvolvidos, várias foram as iniciativas no sentido de elaborar e consolidar
políticas públicas de incentivo ao estilo de vida ativo. Uma das principais
iniciativas teve início no Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física
de São Caetano do Sul – CELAFISCS, coordenado pelo Dr. Victor Matsudo,
que desde 1996 vem desenvolvendo trabalhos em parceria com as Secretarias
de Estado da Saúde de São Paulo, quando foi fundado o Programa Agita
São Paulo que tem a coordenação técnico-científica do CELAFISCS.
O Programa Agita São Paulo tem vários parceiros nos setores
governamentais, não-governamentais e privados, em âmbito nacional e
internacional; tem como objetivos principais: aumentar o nível de atividade
física e o conhecimento das pessoas sobre os benefícios da atividade física
e doestilo de vida ativo. Possui três grandes focos de atuação: escolares,
trabalhadores (adultos) e idosos.
Ao longo dos anos que se segue, após sua criação, esta brilhante
iniciativa cresceu e se multiplicou pelo Brasil e por outros países das Américas.
Continuou sua expansão por outros continentes até ganhar seu
reconhecimento e notoriedade pela OMS, que instituiu em 2002 a rede
mundial “Agita Mundo”. Nesta mesma época, o governo brasileiro criava,
através do Ministério da Saúde, o Programa Agita Brasil envolvendo gestores
estaduais e municipais do SUS, além, obviamente, de contar com o respaldo
técnico-científico do CELAFISCS. Já em 2002, o Agita Mundo conseguiu
mobilizar cerca de 148 países, num total de 1.987 eventos espalhados pelo
mundo, tendo seu slogan traduzido em 63 diferentes idiomas.
Quem diria que uma iniciativa brasileira chegaria a este patamar! E não
parou por aí… Recebeu vários prêmios, entre eles: o 1º prêmio do CDC
(respeitado Centro de Controle de Doenças de Atlanta, USA em 2004); a
participação do programa na Estratégia Global de Promoção de Atividade Física
e Nutrição Saudável em combate à Obesidade, promovida pela OMS em 2005 e
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
59
o reconhecimento do Banco Mundial em 2005 sobre os benefícios (custo-
benefício) alcançados pelo programa em âmbito mundial, pois teve o potencial
de economizar 310 milhões de dólares, fazendo com que o Banco Mundial o
recomendasse como modelo de política pública de saúde para os países
membros (MATSUDO, 2006).
Para saber mais sobre o programa, acesse: http://www.agitasp.com.br
e fique deslumbrado com que já fomos capazes de fazer.
Medidas de avaliação e monitoramento da atividade física e saúde
Ao falarmos de políticas públicas de incentivo ao estilo de vida ativo
precisamos conhecer alguns protocolos de medição de níveis de atividade
física habitual geralmente empregados em pesquisas de epidemiologia da
atividade física, ou seja, pesquisas populacionais que visam avaliar o impacto
do sedentarismo e do estilo de negativo.
Neste contexto, ao recorrermos à literatura encontramos mais de 30
diferentes protocolos que se baseiam no método de informações fornecidas
pelas pessoas que participam da pesquisa. Estes métodos geralmente
trabalham com três diferentes estratégias de coleta de informação, a saber:
o questionário, em que a pessoa responde às perguntas preestabelecidas
sem a necessidade do pesquisador por perto e configura-se como o mais
utilizado, devido sua praticidade e economia; a entrevista, que como a própria
palavra diz, pressupõe a presença do entrevistador e é o mais dispendioso
desta modalidade de coleta, pois pressupõe a utilização, quase sempre, de
gravadores de voz e finalmente, o diário de atividade, onde a pessoa deve
levá-lo consigo por alguns dias e anotar tudo que faz. É o mais complexo e
mais dependente do envolvimento do avaliado com o estudo.
Todos os protocolos devem ser validados com
procedimentos estatísticos para garantir a confiabilidade
das informações e o nível de reprodutibilidade dos
mesmos. Alguns destes instrumentos ganham
notoriedade em âmbito mundial pela sua competência e
nível de confiança. Outro ponto que estimula a
reprodução destes protocolos é a possibilidade de
comparação entre as populações pesquisadas, porém
eles devem passar por um processo de revalidação para
a população específica. Mas, por que isso? Acontece que
as perguntas que são elaboradas levam em
consideração os aspectos do cotidiano de cada povo/
região, ou seja, as perguntas que são feitas na China, por exemplo, precisam
passar por adequação aqui no Brasil.
No Brasil temos vários pesquisadores, laboratórios e instituições que
se ocupam de desenvolver, aplicar e tratar os resultados de protocolos de
avaliação de atividade física e saúde. Podemos destacar, sem demérito dos
demais, o NuPAF – Núcleo de Pesquisa em Atividade Física e Saúde, da
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, coordenado pelo Profº Dr.
Markus Nahas. E o Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de
São Caetano do Sul – CELAFISCS, coordenado pelo Dr. Victor Matsudo, o
Atividade física habitual
(AFH): aqui entendidas
como ocupacionais ou de tra-
balho, de lazer e esportivas,
ou seja, as atividades do dia-
a-dia de cada um.
UNIDADE 4 - SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS E AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE E MELHORIA DA
QUALIDADE DE VIDA
60
qual já falamos anteriormente. Estes dois laboratórios desenvolveram
estudos em grupos, lugares e épocas diferentes, com o propósito de revalidar
aqui no Brasil a versão 6 do Questionário Internacional de Atividade Física
(IPAQ), proposto pela OMS em 1998. Posteriormente, apresentaram os
resultados de seus estudos em revistas científicas, seminários e congressos.
A divulgação destes e de outros trabalhos para a comunidade acadêmica,
tornou-se bastante relevante na perspectiva de continuidade e ampliação
dos estudos, além, é claro, de podermos comparar os resultados destes
estudos em âmbito nacional e até mundial.
Caso você tenha se interessado em conhecer mais sobre estes e outros
protocolos pode acessar os seguintes endereços eletrônicos: http://
www.celafiscs.org.br - (Celafiscs) e http://www.nupaf.ufsc.br - (NuPAF).
Outra preocupação que achamos prudente destacar é com o estado de
prontidão para atividade física, pois a pessoa, principalmente adulta, que
nunca se envolveu com a prática de atividade física deve tomar alguns
cuidados ao iniciar.
Com o intuito de prevenir este tipo de risco, a Sociedade Canadense
para Fisiologia do Exercício e Saúde propôs o Questionário sobre Prontidão
para Atividade Física – PAR-Q, que tem sido recomendado como padrão mínimo
de inquérito para iniciação de atividades físicas moderadas em todo o mundo
(ACSM, 2000).
Este questionário é facilmente encontrado na literatura especializada e
na internet6 e constitui-se de sete perguntas objetivas (sim e não). Se a
pessoa que responde marcar algum item “sim” deverá procurar um médico
antes de iniciar o programa de atividade física.
Afinal, prevenir é sempre melhor que remediar!
É HORA DE SE AVALIAR!
Não esqueça de realizar as atividades desta unidade de
estudo, presentes no caderno de exercício! Elas irão ajudá-
lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia
no processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija
as respostas no caderno e depois as envie através do nosso
ambiente virtual de aprendizagem (AVA) .Interaja conosco!
Na próxima unidade, estudaremos a Educação para a Saúde. Vamos em
frente !
NOTAS
1 Ver: http://www.confef.org.br/extra/juris/
2 Art. 198, BRASIL - Constituição da Republica Federativa do Brasil
– 1988. 5ª ed. 1993. p.137.
3 Ver: http://www.unicrio.org.br/Agenda.php
 4 Ver: http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2005/GM/GM-1065.htm
5 Art. 217. Constituição da Republica Federativa do Brasil
– 1988. 5ª ed. (1993).
6 Veja este enderço, por exemplo:http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/
conteudo_print.asp?cod_noticia=481

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