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Apostila 2 complementar de direito publico e privado

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INSTITUIÇÕES DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - Prof. Abel Abelardo Stadniky
C O N S T I T U I Ç Ã O
1.Conceito de Constituição
É o conjunto de normas que determinam a forma de governo, a organização dos poderes e as atribuições destes frente aos direitos e garantias dos particulares.
Podemos dizer, em linguagem simples e corrente, que a Constituição é o documento político-jurídico por excelência de um Estado, que nos regimes democráticos é redigido, aprovado e publicado por uma Assembléia Constituinte eleita pelo povo.
É a lei fundamental, a lei magna, que retrata a forma de ser de um Estado e que confere direitos e garantias fundamentais, tanto aos indivíduos quanto à coletividade. Conforme José Joaquim Gomes Canotilho, é a obra fundacional de um Estado, ou seja, o conjunto daquelas normas que fundam um Estado.
Além disso, a Constituição indica os poderes do Estado, através dos quais a nação há de ser governada e ainda marca e delimita, no regime administrativo brasileiro, por exemplo, as competências dos três Poderes Constituídos (Executivo, Legislativo e Judiciário), as atribuições da União e de cada Estado-membro da Federação, bem como dos Municípios e do Distrito Federal.
Outras expressões são empregadas para designar “constituição”, tais como: Carta Magna, Lei fundamental, Código Supremo, Estatuto Básico, Pacto Fundamental, etc.
2. Histórico Evolutivo do Estado e do Constitucionalismo
Como a Constituição "cria" toda a estrutura político-jurídico-administrativa e confere a vocação ideológica de um Estado, não podemos estudá-la dissociada deste. Assim, necessário faz-se um exame preliminar da natureza e das principais características do Estado, o que podemos brevemente fazer por meio do resgate de suas fases históricas. É muito provável que os alunos já tenham visto algo do que agora trataremos em Ciência Política; ainda assim, válido é retomar.
Mas, de início, faz-se necessário delimitarmos o entendimento acerca de duas categorias fundamentais para este estudo, quais sejam, Estado e Estado Constitucional de Direito.
Em primeiro lugar, o que entendemos por Estado? 
Trazemos um conceito de Estado dado por Max Weber, para quem o Estado é o detentor do monopólio da força legítima, isto é, do monopólio da Justiça (punição), da cobrança de tributos fiscais, de cunhar moeda etc. Verdadeiramente, um dos mais antigos preceitos da Filosofia Política diz que o Estado tem o monopólio do uso da força, isto é, apenas o poder público pode usar a violência (e mesmo assim, na medida necessária) para garantir o cumprimento da lei e evitar que surja a guerra de todos contra todos. Logo, o Estado é a Instituição com poderes para organizar a sociedade em um dado território, coercitivamente, isto é, para disciplinar o convívio social humano através do Direito, por meio de normas jurídicas obrigatórias, acompanhadas de sanções.
E Estado Constitucional de Direito, o que é? É o Estado limitado pelo Direito, cujo poder se baseia no respeito a uma Constituição, que o auto-limita. Este Estado foi o resultado dos processos revolucionários dos séculos XVII e XVIII, marcado pela preocupação com a limitação do poder soberano, significando o reconhecimento, ao indivíduo, de uma esfera de liberdade intangível pelo próprio Estado.
3. Estado - Histórico de sua formação
Procuramos, neste item, reconstruir minimamente os vários tipos de Estado e suas fases históricas correspondentes. É importante frisar que o Estado, como o conhecemos, é uma invenção moderna, que adveio com o surgimento dos grandes Estados-Nações, mas mesmo assim é importante que se tenha uma visão panorâmica de como se organizava o poder político desde a Antigüidade Clássica.
3.1. Antigüidade Clássica. Estados Escravistas
Caracterizava-se a organização política da Antigüidade Clássica pela multiplicidade de Cidades-Estados gregas (polis), tais como Atenas, Esparta, Tebas, Cartago, Itaca, e pela Civitas Romana, que era um Estado-Cidade. Todos eram, de regra, Estados de tipo escravistas.
3.2. Feudalismo. Europa Medieval. Estado Feudal
O Feudalismo foi o sistema social que vigiu na Europa durante quase toda a Idade Média. Nele, os Estados eram caracterizados pela debilidade do poder central e pela dispersão do poder público entre inúmeros senhores feudais, para os quais o exercício da função estatal confundia-se com o interesse privado. A principal característica do Estado feudal era, portanto, a fragmentação da autoridade. Cada feudo fazia as vezes de um Estado (exatamente porque todas as tarefas e funções hoje centralizadas no Estado eram realizadas por cada feudo, eis que possuíam poder local autônomo economicamente, exércitos próprios, aparelhos jurídicos - prisões e tribunais -, tributação e administração próprias, etc.) e, assim, o poder era fragmentado. O Estado em si era descentralizado em relação ao Rei (este revelava-se fictício, submisso ao Papa, verdadeiro poder temporal e representante do poder espiritual na Terra). Para o declínio do sistema feudal contribuiu o início das Grandes Navegações (o que originou a fase "metalista" do mercantilismo, ou seja, país rico seria aquele que lograsse possuir metal precioso) e o conseqüente comércio de especiarias, sedas e outras mercadorias, o que deu destaque aos mercadores e artesãos e fez cair radicalmente o preço da terra. Com a desvalorização fundiária, as pestes, as guerras internas entre senhores feudais, tomou força a evasão dos servos para os "burgos", dando origem à incipiente burguesia, a qual, em pouco tempo, passou a ter a proeminência econômica. Mas faltava-lhe a centralização econômica total, o que passava pela centralização do poder político, notadamente para destruir alguns obstáculos às suas atividades, como por exemplo a necessidade de pagar tributos aos feudos para transportar as mercadorias de um burgo para outro, a falta de um exército nacional, a necessidade de moeda única etc. E, assim, em fins da Idade Média e primórdios da Idade Moderna, essa mesma burguesia aliou-se ao Rei para absolutizar o poder na figura deste. Para isso, contribuiu também o inicial esclarecimento das pessoas por meio da invenção da imprensa, em 1440, por Gutemberg, a apologia do Absolutismo Monárquico feita por Thomas Hobbes (que viveu de 1588 a 1679), já que, para ele, os homens eram maus por natureza (lobos entre si) e, para evitar um estado de permanente violência, o poder deveria ser centralizado no monarca; após, também contribuiu a nova ideologia nacionalista pró-unificação dos Estados Nacionais, desenvolvida pelo florentino Maquiavel (1469-1527), em seu famoso livro "O Príncipe", escrito em 1513. Maquiavel, que foi o primeiro grande pensador da Idade Moderna, inclusive desprezava o pensamento deísta da Idade Média e proclamava que a origem do poder não era divina, mas se encontrava na força.
 3.3. Idade Moderna. Estado Absolutista ou Absolutismo Monárquico
Por fim o Rei, aliado à burguesia, cumpriu a tarefa de unificar o Estado e passou a governar de forma absoluta, tendo sido o francês Luis XIV o paradigma dos monarcas absolutistas (foi ele, o Rei Sol, que proferiu a célebre frase L'État c'est moi: "o Estado sou eu"), revelando a completa identificação entre o Rei e o Estado. O poder centralizado nas mãos do monarca substituiu de vez a fragmentação da autoridade que caracterizava o Estado medieval. Como já adiantado acima, o filósofo moderno Thomas Hobbes representava o reacionarismo, o totalitarismo, o domínio do indivíduo pelo Estado, representado este pela figura do Leviatã, que serviu de nome à sua obra fundamental.
Hobbes defendia, então, a teoria do Governo Absoluto, e é por isso que nestes Estados Absolutos Unificados, os direitos do homem enquanto indivíduo não tinham condições de ser exigidos, pois, na verdade, eram os habitantes do reino apenas "súditos" e não titulares de direitos. Aliás, não havia um Estado de Direito, e sim algumas tolerâncias por parte do monarca, em um regime de privilégios,sendo que estes poderiam a qualquer momento ser violados ou derrogados pelo próprio monarca, conforme sua única e exclusiva vontade.
No Absolutismo Monárquico (muitas vezes "Despotismo Esclarecido"), tinha-se como base e justificativa dos mandos e desmandos o Poder Divino dos Reis, e assim fazia-se o "Pacto Social", pelo qual os súditos contratavam a própria submissão perante o Estado. Para além disso, a burguesia, que havia lutado pela unificação dos Estados Nacionais, ficou de fora do poder político, da gestão pública, pois o monarca, na hora de compor sua corte, não deu lugar de destaque aos burgueses, indo buscar os membros nos antigos feudos, isto é, na aristocracia. Descontente com este estado de coisas, a burguesia decide tomar de assalto aquele mesmo poder que ajudou a construir e investe contra o Rei. A partir daí vêm os desdobramentos da Revolução Francesa, o que pode ser visto com bastante didática em análises ao filme "Danton", que consegue recriar a época em que se bradava a "morte ao Rei"!
Ressaltamos que John Locke (que viveu de 1632 a 1704) foi, juntamente com Hobbes, o outro grande filósofo da época moderna, porém, de idéias contrárias, movidos por espíritos diferentes, já que Hobbes era absolutista e Locke anti-absolutista. Aqui importa frisar que Locke, inspirado no liberalismo inglês, advogou o regime de liberdade individual e de equilíbrio político, procurando proteger o homem contra os abusos do Estado e os abusos do poder. Sua obra fundamental recebe o nome de "Dois Ensaios sobre o Governo Civil" e nela vamos encontrar a filosofia política do princípio de Liberdade, de equilíbrio, que constitui a base do Regime Democrático. Para ele, o pressuposto da liberdade era a propriedade.
3.4. Início da Idade Contemporânea. Estado Liberal Clássico, Gendarme (Estado Polícia, Estado Segurança ou Estado Guarda-Noturno), Não-interventor.
No início da Idade Contemporânea, outro discurso passa a justificar e a fundamentar o exercício do poder político: da teoria da Soberania Divina dos Reis passa-se à teoria da Soberania Popular, tendo para isso contribuído as formulações teóricas de grandes ideólogos, com destaque para John Locke, Jean-Jacques Rousseau, Montesquieu (que viveu de 1678 a 1755) e Emmanuel Joseph Sieyès. Para derrubar a Teoria do Direito Divino dos Reis, Rousseau apregoava que o soberano não era o representante de Deus na terra, mas que deveria ser o representante do povo. Assim, a soberania popular seria a expressão da vontade soberana de todos os homens, considerados livres e iguais por natureza. Nascem aí os Estados Constitucionais limitados pelo Direito. Do mesmo modo, o famoso abade Sieyès (que será melhor estudado quando formos tratar do Poder Constituinte Originário) havia lançado, com seis meses de antecedência à Revolução Francesa, a sua não menos famosa obra "Que é o Terceiro Estado?", que acabou se traduzindo na grande palavra de ordem destruidora da monarquia tradicional, isto é, do Antigo Regime. Para Sieyès, o Terceiro Estado representava a Nação, entidade abstrata e indefinível, mas que se concretizava na representação do povo e da burguesia. E a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, acolhendo as teorias de Sieyès, enunciou solenemente: "O princípio de toda soberania reside essencialmente na nação". Passou a ser a nação, por conseguinte, titular do poder supremo.
Para os ideólogos da burguesia revolucionária o Estado era uma criação da sociedade civil, devendo a ela subordinar-se e somente teria legitimidade o Estado que fosse representativo, isto é, cujos órgãos dirigentes fossem eleitos pelos cidadãos.
Este modelo de Estado dos primórdios da Idade Contemporânea, isto é, logo após os feitos revolucionários franceses de 1789, passou a receber a designação de Estado Gendarme, isto é, aquele Estado que apenas fazia as vezes de um "Guarda Noturno", no sentido de que se limitava a policiar a ordem pública, ou seja, era não-intervencionista. É este o Estado Liberal Clássico: aquele que governa e administra, porém não interfere nas atividades econômicas privadas, nas relações contratuais dos indivíduos, deixando isso para a "mão invisível do mercado". Diz-se liberal clássico porque foi centrado no valor "liberdade", isto é, garantia a ampla liberdade dos cidadãos perante seu poder, especialmente em relação à propriedade privada. Naquele contexto, o aforismo econômico laissez faire, laissez passer (deixai fazer, deixai passar) traduziu o ditames da escola liberal: liberdade de produção e liberdade de circulação, sendo defeso ao Estado intervir na ordem econômica, bem como proibido limitar o direito de propriedade.
Mas ocorre que a alta burguesia, tão-logo realizada a Revolução e ter ascendido ao poder, transformou-se em uma força conservadora, contrária a qualquer outro avanço revolucionário fazendo com que, dentre todas as camadas sociais que integravam o Terceiro Estado, tivesse sido a que colheu os melhores frutos da Revolução. Nasceram aí as desigualdades fáticas, que, tempos mais tarde, com o acirramento das exclusões e das explorações sociais, iriam culminar com a imperativa necessidade de entrar em cena um Estado que, pela intervenção na economia, pudesse corrigir esses defeitos de origem do Estado liberal individualista.
3.5. Idade Contemporânea. Início do século XX. Estado-Providência, Estado do Bem-Estar Social, Welfare State, Estado Intervencionista.
Como já adiantamos acima, com o incremento do liberalismo e da Revolução Industrial, as explorações cometidas aos seres humanos pelo regime capitalista foram se acirrando, devendo os trabalhadores laborarem sem qualquer proteção social ou legal, em jornadas diárias trabalhistas em torno de 12 a 18 horas, muitas vezes chegando a 20, por salários miserentos e inclusive diminuindo sobremaneira a expectativa de suas vidas. E o Estado Liberal Clássico, que não intervinha neste tipo de relações privadas (entre trabalhadores e patrões) passou a não dar conta da crescente situação de extrema pobreza e desigualdade social. A partir daí, os trabalhadores, sem a proteção do Estado ausente, recorreram à violência como represália às relações trabalhistas não-regulamentadas e a todas as demais injustiças cometidas à época. Neste contexto é escrito por Marx e Engels, em 1848, o Manifesto do Partido Comunista, conclamando os "trabalhadores do mundo inteiro" para unirem-se na defesa de seus interesses. No início do século XX ocorrem duas revoluções de cunho socialista (a Revolução Russa e a Revolução Mexicana, de 1917), entre 1914 e 1918 ocorreu a Primeira Guerra Mundial e tudo isso fez com que o Estado, de mero espectador passasse a ator, passasse a atuar a serviço do bem comum. Em suma, foi preciso que os horrores da I Guerra Mundial alterassem profundamente as condições econômicas e políticas do Estado para que se realizassem reformas de base e estrutura. Foram estas complexidades da sociedade contemporânea, aqui sumariamente referidas, que retiraram o Estado daquela passividade em que se viu imerso ao longo de quase dois séculos. A partir daí, nasce o que se passou a chamar Estado Social, ou Estado do Bem-Estar Social, ou Welfare State, todos sinônimos para designar um Estado intervencionista, providente, ou seja, aquele Estado que se obrigou a implementar um sistema de previdência e de seguros sociais, de seguro desemprego, de habitação e educação às suas populações pauperizadas. Foi o Estado obrigado a dirigir, a traçar normas, ao mesmo tempo restringindo um tanto o indivíduo em sua autonomia contratual e contemplando interesses sociais, através da intervenção nas atividades econômicas. O grande marco do surgimento deste modelo de Estado são as Constituições Mexicana, de 1917 e a de Weimar, de 1919. 
Mais tarde, após o crack da Bolsa de Nova Iorque, em 1929, esta teoria do Intervencionismo estatal ganhou mais um aliado, o teórico economista John Keynes (Keinesianismo = Intervencionismo).
3.6. Fase atual. Globalização. Estado Neoliberal, Gestor ou GerencialApós o já referido crack da Bolsa de Nova Iorque, veio a II Guerra Mundial e, com a quebra quase total da Europa, foi preciso apelar para o Plano Marshall de reconstrução do continente europeu, o que demandou novamente uma forte intervenção dos Estados de cunho social. Com o passar do tempo, nas décadas de 80 e 90, foi-se percebendo que este tipo de Estado onerava muito os cofres públicos e teve início uma "campanha" para enfatizar a idéia da necessidade de diminuir gastos com seguro desemprego, com previdência social etc. Este movimento acaba por retirar o Estado da economia, como se estivéssemos voltando ao liberalismo clássico, mas como o processo assume novas feições, denomina-se neo; daí "neoliberalismo". Atualmente, esse encolhimento do Estado (teoria do Estado mínimo) está sendo efetivado por meio de uma onda de privatizações e por um processo de "Desregulamentação" das relações trabalhistas, incluindo flexibilização para as contratações trabalhistas (contratações e dispensas temporárias), o que acaba sendo uma regulamentação por outros meios, já que passa a garantir a sobrevivência dos grandes na área econômica, dos oligopólios. O Estado sai, aos poucos, da intervenção econômica e passa a ser um mero "Gestor"; este é o modelo do Estado gerencial apregoado pelo Ministro brasileiro da Administração e Reforma do Estado, Sr. Bresser Pereira.
Para se ter uma idéia básica e geral a respeito desse processo de globalização e das nefastas conseqüências disso nas vidas dos trabalhadores, sugiro a leitura da obra "O Horror Econômico", da francesa Viviane Forrester.]
E, lamentavelmente, parece que esse processo globalizador neoliberal veio para ficar, fazendo com que os trabalhadores cheguem ao cúmulo de se submeterem a salários menores (o que inclusive é inconstitucional para nós brasileiros), a jornadas menores, à desproteção legal, tudo para poderem manter um emprego. E como diz Joan Robinson, na abertura da obra "Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano": "Só há uma coisa pior do que ser explorado pelo imperialismo: é não ser por ele explorado". 
4. Histórico do Constitucionalismo
Como a cada tipo de Estado corresponde um tipo de Constituição, procuraremos dar, em rápidas pinceladas, uma visão a respeito do nascimento do que se chamou "constitucionalismo". Embora o Constitucionalismo dito "moderno" só tenha iniciado em fins do século XVIII, iniciaremos pela Antigüidade Clássica, pois lá já havia Constituições, embora com outras características, haja vista que o próprio modelo de Estado de antanho possuía características bem diversas das que modernamente se firmaram.
4.1. Antigüidade Clássica (época da fundação de Roma - século 8 a.C. - em diante)
A grande maioria dos autores de Direito Constitucional não menciona a existência de Constituições na Antigüidade Clássica. Mas que as havia, havia. Porém, com outras funções e características, e isto nos atesta o próprio Aristóteles, que buscou estudar as Constituições gregas. Naquela época, a Constituição apenas organizava a Sociedade, como algo natural, e não o poder na Sociedade, eis que não havia distinção entre Estado e Sociedade Civil. Assim, a idéia era a de uma relação natural, a de uma constituição para o perfeito funcionamento do corpo social. Aliás, a própria gênese da palavra CONSTITUIÇÃO demonstra que a mesma não vem da Ciência Política, mas sim da Biologia, da idéia de Natureza, de constituição física de um corpo. E é por isso que era natural que existissem escravos, que as mulheres e filhos fossem considerados res nulius ("coisas de ninguém") e que obedecessem aos patriarcas e livres fossem apenas estes, que obedeciam apenas a Deus.
4.2. Idade Média - século XIII
Podemos dizer que a Inglaterra escreveu um primeiro capítulo na história do Constitucionalismo dito "moderno", o que se deu em 1215, com a assinatura da Magna Cartha Libertatum, sendo esse o primeiro documento em defesa das liberdades, resultado da marcha dos barões ingleses sobre Londres, em protesto às tiranias do Rei João Sem-Terra. É por isso que se considera a Inglaterra o berço do Liberalismo.
Conta-nos Pontes de Miranda (1955, p. 11-4) que, morto Ricardo I (Ricardo Coração de Leão), sucedeu-lhe no trono da Inglaterra seu tio João, que tantas anarquias, desastres e arbitrariedades cometeu no novo governo até que a nação, por seus representantes mais tradicionais, reagiu: os barões acordaram que era preciso obter do rei uma carta de liberdades, o que aconteceu a 19 de junho de 1215. Depois de outorgada, no entanto, João Sem-Terra violou por várias vezes essa declaração de 1215.
4.3. Idade Moderna 
Um segundo capítulo na história do Constitucionalismo tem como protagonistas novamente a Inglaterra e suas ex-colônias na América do Norte. Os acontecimentos que marcam o que chamamos "Constitucionalismo Moderno" tiveram vez nos últimos quartéis dos séculos XVII e XVIII.
Primeiramente, há que se destacar, em 1689 (logo após a Revolução Inglesa, de 1688), a afirmação do Bill of Rights, que foi uma Declaração de Direitos para limitar o Poder Absoluto.
Na seqüência, em 1776, tem-se a Declaração de Independência de Virgínia, após a rebelião das 13 colônias de origem britânica, formando a Confederação dos Estados Norte-Americanos.
E, por fim, em 1787, em Filadélfia, assina-se a primeira Constituição escrita da história do Constitucionalismo, marcando a criação da Federação dos Estados Unidos da América do Norte. Tal Constituição ainda está em vigor.
É interessante ressaltar que a Revolução Inglesa, de 1688, a revolução que marcou a independência norte-americana e a Revolução Francesa formam o conjunto das assim denominadas grandes "Revoluções Burguesas", sendo a francesa a mais radical revolução anti-feudal, conforme veremos a seguir.
4.4. Idade Contemporânea. Constitucionalismo Liberal Clássico
Na França, em fins da Idade Moderna, a Monarquia Absolutista dos Bourbons mantinha a divisão social em três classes: a nobreza, o clero e o povo, sendo que este compunha o que se denominava Terceiro Estado, vivia na miséria e não participava no plano governamental, sequer para fiscalizá-lo. E foi em tal contexto que, marcando o início da Idade Contemporânea, um importantíssimo passo foi dado na erradicação dos resquícios do poder feudal e do absolutista monárquico: a Revolução Francesa, eclodida em 1789, com a literal queda da Bastilha (símbolo maior do poder monárquico), tendo sido capitaneada pelo assim denominado Terceiro Estado (burguesia, artesãos, operários e camponeses) e excluído das benesses do Reino a nobreza parasitária que às suas custas vivia. Sobreveio-lhe, ainda no mesmo ano, a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão e, logo após, em 1791, criou-se, de forma popular representativa, a Primeira Constituição escrita da Europa, contemplando a laicização do Estado (isto é, a separação entre a Igreja e o Estado) e registrando em seu texto outras tantas vitórias das idéias democráticas, embora o Poder Executivo tenha continuado a ser exercido pelo Rei (a República só foi proclamada em 1792) e houvesse sido instituído o voto censitário. A Nova Ordem foi instituída sob a tríade Liberdade, Igualdade, Fraternidade, justamente o lema da bandeira francesa.
Esta Constituição Liberal Clássica continha como conteúdo básico, exatamente o teor do artigo 16 da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão: "Toda a sociedade na qual a garantia dos direitos não estiver assegurada nem determinada a separação dos poderes, não tem Constituição". Assim, seu duplo conteúdo essencial era: a) a tripartição do Poder em Executivo, Legislativo e Judiciário, visando com isso limitá-lo, já que, pela teoria clássica elaborada por Montesquieu: "todo aquele que exerce o poder tende a dele abusar" e "só o poder freia o poder" (le pouvoir arrête le pouvoir), limitação feita através do sistema de cheks and balances: "freios e contrapesos"; b) a declaração dos direitos fundamentais do homem, que haviam sidonegados durante séculos e que agora passaram a ser exigidos como inatos, inalienáveis, imprescritíveis, anteriores e superiores ao próprio Estado. Nasceram, assim, as Constituições, com a fundamental função de proteger a pessoa humana contra os abusos de poder dos governantes.
É nesta fase do constitucionalismo que efetivamente o Poder Divino dos Reis cedeu por completo ao Poder Soberano do Povo, ou seja, a partir de então o "contrato social" seria redigido entre o povo e o Estado, por intermédio de representantes eleitos para tal. Assim, a idéia de "contrato social" passa a coincidir com a idéia de Constituição, e de Constituição escrita.
E este modelo de Constituição escrita espraiou-se para outros países europeus continentais (isto porque a Inglaterra seguiu na sua tradição de Constituição não-escrita) e por suas colônias americanas, principalmente as de Portugal e Espanha, onde nos incluímos.
Mas importa ressaltar que, embora tenha representado um avanço grandioso na conquista e no reconhecimento de direitos e na limitação do poder político, este modelo de constitucionalismo - o liberal clássico - realizou, dentre o tripé que sustentou o movimento revolucionário, muito mais e prioritariamente o valor "liberdade" (e por isso institui direitos que os chamamos "negativos", "de oposição ao Estado", o que era necessário justamente para o exercício da ampla liberdade dos indivíduos), deixando em segundo plano o valor "igualdade".
4.5.Idade Contemporânea. Constitucionalismo Social
Esta fase do constitucionalismo tem como principal característica a entrada de direitos sociais e trabalhistas nos textos constitucionais, e isto deu-se grandemente por meio das assim denominadas Normas Programáticas, ou seja, normas portadoras de programas para tentar realizar na prática o valor/direito "igualdade". Aí começou-se a falar em "função social da propriedade", em direitos educacionais e habitacionais, na disciplina das relações entre capital e trabalho, no direito à saúde e à previdência social. O Estado foi, assim, chamado a efetivar direitos que até então só existiam nos textos das leis, especificamente todos aqueles direitos ligados ao Direito à Igualdade. Por isso tais direitos são tidos como "positivos", pois impõem obrigações positivas ao Estado. E isto significou uma guinada daquele individualismo clássico do Liberalismo Clássico para o coletivismo, para o socialismo.
Em nível mundial ocidental, a primeira Constituição que teve essas preocupações com o social, com o coletivo, foi a do México, de 1917 (que ainda está em vigor). Após, a Constituição de Weimar, de 1919, teve um programa que contemplava esses direitos. Esta Constituição regeu a vida da Alemanha do imediato pós-guerra até 1931, com a ascenção de Hitler ao poder (o período da história alemã denominado "República de Weimar" foi de 1918 a 1931).
No Brasil, a Constituição de 1934 é tida como a versão sul-americana da Constituição de Weimar. Direitos sociais e preocupações coletivistas seriam retomados, após, na Constituição de 1946.
4.6. A Constituição no Neoliberalismo. Fase de “Desconstitucionalização"
Como reflexo direto da Globalização e do Neoliberalismo, as reformas à Constituição visam retirar do seu texto aquelas normas que sustentam a tese da ingovernabilidade: em não havendo como cumpri-las, tira-se-as da Constituição. E neste contexto de Nova Ordem Mundial, o Consenso de Washington dita aos países "periféricos" (dentre estes o Brasil) atitudes a serem tomadas pelos governos de plantões, especialmente no que se refere às imposições dos programas de privatizações e descentralizações, isto é, passando para a iniciativa privada o patrimônio que sempre foi público e que foi construído com os tributos pagos pela população trabalhadora do País. Assim, pouco a pouco, o Estado retira-se da economia, deixando tudo mais uma vez nas "mãos invisíveis do mercado" e esse processo passa necessariamente por reformas às Constituições.
5. Estrutura e classificação das Constituições
5.1.Estrutura da Constituição
Geralmente as Constituições trazem suas normas agrupadas em TÍTULOS, os quais, de maneira sistematizada, são divididos em CAPÍTULOS, e estes em SEÇÕES e SUBSEÇÕES, que agrupam os ARTIGOS, com seus INCISOS (algarismos romanos) e ALÍNEAS (letras minúsculas do nosso alfabeto), em função da conexão do conteúdo específico que as vincula. Convém salientar que inciso de artigo faz parte do caput (cabeça) desse artigo, já o parágrafo (§) possui uma certa autonomia em relação ao caput. 
Quanto à estrutura de nossa Lei Maior, a Constituição Federal de 1988, é composta por 320 artigos, tendo 246 destes em sua parte fixa e 74 dispositivos denominados de "Disposições Constitucionais Transitórias" - ADCT. Estes dispositivos possuem vida útil curta, pois uma vez desenvolvidos, cumpridos, perdem seu valor enquanto ordem, restando apenas como parte histórica no texto da Constituição.
Antes da numeração sucessiva dos seus 320 artigos, possui a CF/88 um Preâmbulo, após o qual os 246 artigos referidos encontram-se divididos em 9 grandes TÍTULOS, os quais por sua vez dividem-se em Capítulos, Seções e Subseções, conforme o conteúdo que agrupam, cada um deles representando um assunto específico.
Os nove Títulos referidos são:
I - Dos Princípios Fundamentais
II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais
III - Da Organização do Estado
IV - Da Organização dos Poderes
V - Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas
VI - Da Tributação e do Orçamento
VII - Da Ordem Econômica e Financeira
VIII - Da Ordem Social
IX - Das Disposições Constitucionais Gerais
5.2. Classificação das Constituições
Trazemos aqui as quatro grandes classificações em que comumente são as Constituições enquadradas.
5.2.1.Quanto à forma.
1)- Escritas ou Positivas: aquelas postas em documentos formais, em um corpo textual único. Acompanharam o processo de racionalização do Direito e tiveram origem no "Contrato Social" de Rousseau, só podendo ser modificadas pela soberania popular. Em geral, as Constituições dos Estados modernos são escritas e codificadas, por pelo menos três razões comprovadas, conforme Paulo Bonavides (1996, p. 69): a) crença na superioridade da lei escrita sobre o costume; b) a imagem simbólica de que quando se criasse uma Constituição estar-se-ia renovando o "contrato social"; c) a concepção firmada desde o século XVIII de que não há melhor instrumento de educação política do que o texto de uma Constituição. Aqui fazemos uma crítica: esta última razão só se justifica onde a população à Constituição tem acesso!
Exemplos: a Constituição dos EUA; todas as do Brasil; a da França, da Espanha, da Itália, da Argentina, do Paraguai, etc.
É importante ressaltar que em relação às Constituições Escritas poderia haver ainda uma classificação que as dissessem Imutáveis ou Fixas, mas isto possui apenas valor histórico, mais especificamente referindo-se às Leis Fundamentais antigas, como o Código de Hamurabi e a Lei das XII Tábuas, que, tendo surgido com a pretensão de eternidade, não podiam ser modificadas sob pena de maldição dos deuses.
2)- Não-escritas, Costumeiras ou Consuetudinárias: por não serem escritas, são praticamente auto-explicativas; aquelas que se baseiam nos costumes e nas tradições observadas espontaneamente por um povo, secularmente transmitidas. Predominaram até os fins do século XVIII, em grande parte coincidindo com os regimes absolutistas. Atualmente são em número muito reduzido e podemos dizer que são "impostas" pela prática.
Exemplos: o exemplo clássico vem da Inglaterra (que entretanto também se baseia em alguns textos fundamentais escritos); a da Hungria e a da Nova Zelândia.
5.2.2. Quanto à origem
1)- Democráticas, Populares ou Promulgadas: aquelas que têm origem em órgão constitucional eleito especialmente eleito pelo povo para tal finalidade, por meio de sufrágio universal e direto. São elaboradaspelas Assembléias Nacionais Constituintes, como expressão do Poder Constituinte Originário, isto é, exprimindo o princípio político e jurídico de que todo o governo deve ser legitimado pelo consentimento dos governantes.
Exemplos: As brasileiras de 1891, de 1934, de 1946 e de 1988, embora seja esta última questionável quanto à legitimidade de sua origem, uma vez que os Deputados Federais e os Senadores da República eleitos em 1986 não o foram com a exclusiva finalidade de criação da Constituição e, além disso, não podemos nos esquecer que, como a renovação do Senado Federal se dá de quatro em quatro anos, por um e dois terços, havia Senadores eleitos em 1982 (cujo cumprimento do mandato de 8 anos dar-se-ia em 1990), os quais, com certeza não foram eleitos para o fim de elaborar a nova Constituição, até porque em 1982 ainda nem se cogitava uma efetiva feitura de novo texto constitucional.
2)- Outorgadas: são aquelas impostas pelo detentor eventual do poder. Assim, não resultam da manifestação da soberania popular. A outorga aproxima-se das formas totalitárias de governo, uma vez que suprime do povo o exercício do poder de fazer a Constituição, através de seus representantes eleitos.
Exemplos: as brasileiras de 1824 (imposta por D. Pedro I), de 1937 (imposta pelo ditador Getúlio Vargas), de 1967 (esta é também denominada "Atípica", por ter sido outorgada pelo Congresso Nacional, mas em função ordinária, isto é, sem delegação constituinte, o que não lhe retira o caráter de outorga) e a de 1969.
3)- Pactuadas: aquelas que exprimem um compromisso entre duas forças políticas rivais, como por exemplo, na época dos primórdios do constitucionalismo, a realeza absoluta debilitada e a nobreza de um lado e, de outro, a burguesia em franca ascenção. Desse pacto resultou a Monarquia Limitada ou Monarquia Constitucional. Formam uma categoria de Constituições históricas, pois dificilmente as veremos nos dias atuais.
Exemplos: o já mencionado documento constitucional Bill of Rights, de 1689 e a Magna Cartha inglesa, de 1215, firmada entre os barões e o Rei João Sem-Terra.
5.2.3. Quanto à consistência, à estabilidade ou à mutabilidade
Esta classificação deve-se a James Bryce, referindo-se à maior ou menor facilidade para a modificação dos textos constitucionais, sempre tendo como parâmetro de comparação as leis ordinárias. Assim, quanto à mutabilidade as Constituições podem ser:
1)- Rígidas: as que exigem a observância de procedimento diferenciado e mais complexo para sofrerem alterações em seus textos, sempre em relação às leis ordinárias. Assim, não podem ser alteradas pelo processo comum de elaboração das leis ordinárias, pois requerem debates mais amplos, prazos dilatados e quóruns qualificados. São adotadas pela maioria dos países contemporâneos. Esta diferença no processo de reforma visa proteger a Constituição dos golpes de força das maiorias partidárias, de tendências oportunistas de grupos políticos predominantes e da exaltação dos ânimos em momentos de crise nacional.
Exemplos: a dos EUA; todas as brasileiras, exceto a Imperial.
2)- Flexíveis ou Plásticas: aquelas que sofrem alterações da mesma maneira pela qual se elabora ou modifica qualquer espécie normativa, isto é, não exigem nenhum requisito especial de reforma. Certo é que só servem para nações democráticas evoluídas e de alto nível cultural.
Exemplo: o exemplo clássico é da Constituição da Inglaterra, onde o Parlamento tem função de Poder Constituinte Originário permanente.
3)- Semi-rígidas: aquelas que possuem parte de seu texto rígido, parte flexível, mas isto não quer dizer que não possam ser modificadas. Todas as Constituições podem sofrer alterações, o que varia apenas é o grau de dificuldade ou de facilidade para tanto. Assim, nas semi-rígidas, parte do texto é modificado como o são as leis ordinárias, e parte requer para sua mutação os procedimentos rigorosos e difíceis próprios das Constituições rígidas.
Exemplo: a Constituição Imperial brasileira (de 1824) que, pela regra do art. 178 criou uma terceira categoria de Constituições, integrando parte de dispositivos rígidos, parte flexíveis, isto é, vindo a ser semi-rígida. 
Devemos ressaltar que a atual Constituição brasileira instituiu, com relação a algumas matérias, as chamadas cláusulas pétreas, ou seja, dispositivos constitucionais que são inalteráveis até mesmo pelas Emendas à Constituição. Esses dispositivos somente poderão ser alterados pelo Poder Constituinte originário.
 O ( 4( do art. 60 estabelece que não serão objeto de alteração através de Emendas:
 -a forma federativa de Estado
 -o voto direto, secreto, universal e periódico;
 -a separação dos Poderes;
 -os direitos e garantias individuais;
5.2.4. Quanto à extensão
1)- Concisas: são as sintéticas, breves, sumárias; as que apresentam texto enxuto, sucinto. Abrangem somente direitos e princípios gerais, bem como regras básicas de organização e fundamento dos sistema político-jurídico estatal, deixando as pormenorizações à legislação complementar ou ordinária e, por isso mesmo, atendem à metáfora do "guarda-chuva", como se suas regras básicas fossem as poucas varetas que o compõem. São as Constituições do tipo "clássicas", qual seja, aquelas que contemplam apenas o conteúdo básico apregoada pelo já conhecido art. 16 da Declaração Universal dos Diretos do Homem e do Cidadão.
Exemplo: a dos EUA, que, desde 1787, possui apenas 7 artigos e 26 emendas.
2)- Prolixas: são aquelas ditas inchadas, extensas, longas, que apresentam texto amplo. Também chamadas "Analíticas" por alguns autores, devido justamente à sua extensão. Cada vez mais numerosas, geralmente contemplam regras programáticas e apresentam caráter polifacético por albergarem normas não apenas materialmente, mas sobretudo formalmente constitucionais. Até parece que o que não está na Constituição não está no mundo, mas isso tem uma razão de ser: as matérias de natureza alheia ao Direito Constitucional propriamente dito adentram nos textos das Constituições, visando garantias que só as próprias Constituições proporcionam em toda a amplitude.
Exemplos: a brasileira de 1988 - originalmente contendo 315 artigos, atualmente está com 324; a de Portugal (de 1976), que possui 296 artigos mais a Lei do Tribunal Constitucional; a da Espanha (de 1978); a Constituição da República do Paraguai, com 311 artigos e a da República da Índia, com 395 artigos. Longe estão, como vemos, de ser Constituições "Clássicas".
Aqui vale uma observação: praticamente todas estas Constituições extremamente extensas surgiram em contextos de larga desconfiança em relação a recém-extintos regimes militares ditatoriais, o que fez com que se quisesse pôr o máximo de direitos nos textos constitucionais justamente para que aí desfrutassem da garantia de não serem suprimidos com tanta facilidade. Ocorre que isto configura uma "faca de dois gumes", pois, se de um lado realmente elevou vários direitos à categoria de constitucionais, por outro lado, dá azo aos argumentos de "ingovernabilidade", ou seja, fortalece aqueles ataques à Constituição que afirmam que é impossível governar com uma Constituição tão inchada e isso vem, paradoxalmente, apressar a sua reforma.
5.3. Classificação da Constituição Federal brasileira de 1988
Aplicando as tipologias a respeito das Constituições acima vistas, temos que a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é: escrita quanto à forma como se apresenta; promulgada, democrática ou popular quanto à sua origem; rígida quando à sua alteração e prolixa ou analítica quanto à sua extensão.
Estudo dirigido
 
1. O que devemos entender por Estado?
2. O que significa Estado Constitucional de Direito?
3. Qual foi o pensador da Idade Moderna a contrariar o pensamento deísta de Idade Medida com relação ao poder no Estado?
4. A que ramo do Direito pertence o Direito Constitucional?
5. De que trata a Constituição?
6. Citetrês expressões diferentes que são empregadas para designar “constituição”.
7. O que acontece com a lei ordinária que diverge dos princípios constitucionais?
8. Como se classificam as constituições quanto a forma?
9. Citar os tipos de constituição quanto à origem e explicar a diferença entre eles.
 10. O que se entende por constituição flexível?
 11. Como se classifica a atual constituição brasileira com relação a sua extensão?
 12. Quais são as disposições de nossa Constituição que não podem ser modificadas através de Emendas?
P R E Â M B U L O
O preâmbulo é um recurso utilizado a título de introdução ao texto Constitucional. João Barbalho ensina: “O preâmbulo enuncia por quem, em virtude de que autoridade e para que fim foi estabelecida a Constituição. Não é uma peça inútil ou de mero ornato na construção dela: mas simples palavras que constituem, resumem e proclamam o pensamento primordial e os intuitos dos que o arquitetam”.�
Nem todas as constituições têm preâmbulo. No entanto, ele sempre existiu nas constituições brasileiras, e por duas vezes (1891 e 1937) nele omitiu-se a invocação do nome de Deus.
Não há unanimidade de opinião entre os autores a respeito do caráter coativo do preâmbulo. José Celso de Melo Filho afirma: “O preâmbulo não tem valor normativo, já que nele não se contém qualquer regra de direito positivo. Dessa forma, os princípios que enuncia não são obrigatórios. Servem como diretrizes para a ação do poder público”.� Por outro lado, Giese, no livro “A Constituição do Estado Alemão”, afirma que o preâmbulo é parte integrante da Constituição, como uma reprodução sintética e popular de seu conteúdo.�
O preâmbulo da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, refere-se à Assembléia Nacional Constituinte, formada de representantes do povo, buscando estabelecer um regime democrático, ou a democracia como forma de governo, enunciando e garantindo os direitos individuais, políticos, sociais e econômicos, em um mundo fraterno e de paz, tendo como forma de Estado o regime federativo. 
As palavras introdutórias da nossa Constituição anunciam os propósitos fundamentais da mesma. Além disso, devemos esclarecer que, ao ser jurada sob a proteção de Deus, a Constituição Federal professa um teísmo, embora isso não queira significar união entre Igreja e Estado, eis que vigente entre nós, desde 1891, o Princípio da Separação entre Estado e Igreja. Assim, no Preâmbulo apenas se professa um teísmo, sem se dizer qual Deus.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
ART. 1( ao 4(
O prof. Nelson Godoy faz os seguintes comentários a respeito dos Princípios Fundamentais estabelecidos na Constituição brasileira de 1988:
“Assim como cada ciência é gerada por princípios ou cânones, também a Constituição oferece seus princípios fundamentais, sem os quais não se pode, de maneira alguma, interpretar a Constituição. Destarte, a Constituição estabelece, como base de seu funcionamento, o sistema democrático, a forma federativa de Estado e a forma republicana de governo.”
 Por serem normas com um âmbito de validade muito maior do que qualquer outra norma, servem os princípios constitucionais como critério de interpretação e de integração do direito posto, dando coerência geral ao sistema jurídico.
Em vista disso, é necessária muita atenção aos Princípios Constitucionais, eis que dão a diretriz axiológica, isto é, demonstram quais os valores devem ser respeitados, observados, mantidos na Interpretação Constitucional. Para aferir a essência, o "espírito" de uma norma, necessário se faz conhecer o todo normativo, para poder ver, em cada caso, concreto ou abstrato, qual é o Princípio ou quais são os Princípios que orientam a interpretação.
Mas ao lado e de forma a complementar essa principal função dos princípios constitucionais, qual seja, a de servir de vetor para a interpretação, outras funções evidenciam-se, sendo que todas acabam por reforçar a aplicabilidade da Constituição. Assim, os princípios constitucionais são necessários à efetivação da garantia constitucional dos Direitos Fundamentais, através dos direitos da ação e da defesa. Ademais, exercem função fundamentadora, supletiva, diretiva e limitativa, neste último caso, especialmente para normas programáticas.
O Princípio Republicano e o Princípio Federativo. Já sabemos que o Federalismo nasceu com a Constituição norte-americana de 1787 e que o Brasil assumiu a forma de Estado Federação em 1889, com a proclamação da República, eis que se queria a "Federação, com ou sem Corôa". Essa vocação federativa nos foi ditada pela dimensão territorial, e foi a mesma mantida nas Constituições posteriores, embora o federalismo das Constituições de 1967 e de 1969 tenha sido apenas "nominal", devido à centralização autoritária então vigente. O mesmo ocorreu na Carta de 1937, quando o federalismo cedeu lugar ao unitarismo, para que houvesse condições para o exercício da ditadura então implantada e que duraria até 1945.
A nossa FEDERAÇÃO consiste na união de coletividades regionais autônomas, denominadas ESTADOS FEDERADOS, ESTADOS-MEMBROS ou simplesmente ESTADOS (em número de 26), DISTRITO FEDERAL e MUNICÍPIOS. Cumpre-nos observar que os TERRITÓRIOS FEDERAIS foram extintos pelos artigos 14 e 15 do ADCT, mas podem vir a ser criados, só que, em tal ocorrendo, não farão parte da Federação, e sim da União (cf. art. 18, § 2º). Correlato aos Princípios Republicano e Federativo, destacam-se os Princípios da Autonomia Municipal (este se por um lado, conforme o art. 18, aumentou a autonomia dos entes municipais, por outro lado também lhes acarretou um aumento de responsabilidades e das competências materiais dos mesmos) e o da Indissociabilidade, ou da Indissolubilidade, vedando a separação de qualquer ente federado para a formação de outra Federação que não a já existente.
Ainda quanto ao Princípio Federativo, devemos frisar que SOBERANIA só o Estado Federal a possui, como o único titular da capacidade de auto-determinação. Já os Entes Federados apenas possuem AUTONOMIA, isto é, são titulares apenas desta prerrogativa, que redunda em governo próprio dentro do círculo de competências traçadas pela Constituição Federal.
Quanto ao Princípio Republicano, desde Maquiavel (1513) que, pela teoria política, todos os Estados ou são REPÚBLICAS ou PRINCIPADOS. A REPÚBLICA pressupõe eleição periódica do Chefe de Estado, a divisão do poder em três funções distintas, e implica na necessidade de legitimidade popular do Presidente da República, dos Governadores dos Estados e dos Prefeitos Municipais, ou seja, dois dos seus poderes (Executivo e Legislativo derivam de eleições populares). A característica da "temporariedade dos mandatos eletivos" tem como conseqüência a não-possibilidade de reeleição dos cargos políticos unipessoais, para evitar a vitaliciedade dos cargos políticos (própria de Regimes Monárquicos, de poderes absolutos, unitários) que são exercidos por uma única pessoa, como é o caso do Poder Executivo (o Legislativo é sempre exercido por órgãos colegiados). Por isso é que a Emenda da Reeleição (a de número 16) sofreu tantas acusações de inconstitucionalidade, além de ter sido uma das mais custosas a ser aprovada.
Agora existe uma articulação para estabelecer uma espécie de "semipresidencialismo" (mesclando institutos parlamentaristas, como a existência de um Primeiro-Ministro) e permitir um terceiro mandato para o atual Presidente da República, o que seria violentar a vontade popular, eis que no plebiscito de 1993, o parlamentarismo foi rotundamente rejeitado pelo voto direto, livre e soberano do eleitorado brasileiro.
Por fim, relembramos que, pela atual Constituição, o Princípio Republicano não é mais protegido contra Emenda Constitucional tendente a aboli-lo.
O Princípio do Estado Democrático de Direito. Já dizia o estadista inglês Winston Churchill, que a democracia é o pior de todos os regimes, exceto todos os demais! É dizer: de tudoo que se conhece, embora tenha suas deficiências, a democracia ainda é o que de melhor temos para o convívio e a regência da humanidade. E o Estado Democrático de Direito é o regime jurídico que auto-limita o poder do governo ao cumprimento das leis que a todos subordinam, inclusive a si próprio.
Em 1988, a instituição de um Estado Democrático de Direito por uma Assembléia Nacional Constituinte significou a celebração de um pacto político entre o povo brasileiro (do qual todo poder emana) e um novo Estado que ali nascia, que ali se configurava e, em certa medida, se prometia. Além de dever respeito à Constituição, o adjetivo Democrático quis evidenciar ser o Estado fundado na Soberania Popular, visando a realização dos valores igualdade, liberdade e dignidade da pessoa humana.
Neste sentido, José Afonso da Silva (1998, p. 1-2) diz que a Constituição Federal brasileira de1988, ao instituir uma nova idéia de Direito e uma nova concepção de Estado - o Estado Democrático de Direito - inspirou-se em princípios e valores que incorporaram um componente de transformação da situação anteriormente existente, dentre os quais refere:
a) o Princípio Democrático - que há de constituir uma democracia representativa e também participativa, pluralista, e que seja a garantia geral da vigência e da eficácia dos direitos fundamentais, conforme se depreende do art. 1º da CF/88;
b) o Princípio da Proteção dos Direitos Fundamentais - compreendendo os direitos individuais, coletivos, políticos e sociais e procurando realizar a justiça social.
Após, nos cinco incisos do art. 1º encontramos os Fundamentos do Estado Brasileiro:
I - a soberania - trata-se aqui da soberania nacional, entendida como a capacidade para fazer valer suas decisões dentro de seu território e de estar em pé de igualdade com qualquer outra nação soberana do universo; é o poder político supremo e independente, não limitado por nenhum outro na ordem interna e em pé de igualdade com os poderes supremos dos outros povos, só acatando regras voluntariamente aceitas;
II - a cidadania - que aí aparece em um sentido mais amplo do que o da mera titularidade de direitos políticos. Para além da soberania popular (enquanto expressão da vontade popular, possibilitada pelo conjunto dos direitos políticos previstos no art. 14), envolve: o conceito de dignidade da pessoa humana e os objetivos da educação (art. 205 e art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias), como metas do regime democrático;
III - a dignidade da pessoa humana - este é o valor supremo que norteia e atrai o conteúdo de todos os demais direitos fundamentais humanos. Para sua efetividade requer:
- uma ordem econômica que assegure a todos a existência digna (art. 170);
- uma ordem social que vise a realização da justiça social (art. 193);
- a função social da propriedade (art. 5º, XXIII) - como combate à valorização especulativa (fundiária, urbana e até das empresas);
- educação e preparo da pessoa para o exercício da cidadania (art. 205).
Aqui registramos uma informação supletiva, que se refere a uma recente decisão do Tribunal Constitucional da Hungria, no sentido de excluir dos benefícios econômicos da globalização todas aquelas empresas (e quiçá países!) que cometem violações à dignidade da pessoa humana. Violações deste tipo são comuns no Brasil, onde temos desde trabalho escravo até a exploração do trabalho infantil. E aí perguntamos se com um quadro desses é possível dizer que há dignidade para as pessoas humanas?
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa - há que se notar que aqui não se trata de garantia de emprego, mas sim do direito a uma remuneração justa e a mínimas condições para o desenvolvimento das atividades. Poderão perguntar os senhores: em época de desemprego estrutural de que vale uma regra destas?
V - pluralismo político - que deve ser interpretado conjuntamente com o teor do artigo 17 da Constituição. Significa a existência de pelo menos mais de um partido político disputando o poder político, especialmente para possibilitar o exercício da oposição e do controle do Estado, o que nem sempre foi possível em nossa história político-constitucional, eis que já tivemos bipartidarismo forçado e mesmo a suspensão de todos os partidos políticos, bem como das eleições.
No Parágrafo Único do art. 1º temos o Princípio da Soberania Popular, permitindo ao povo (governados) uma efetiva participação no processo de formação da vontade política (governo), direta ou indiretamente. Este princípio firmou-se com o advento do Estado Liberal Clássico, quando realizou-se a separação entre Estado (espaço público, do poder e da política) e Sociedade Civil (espaço privado da vida econômica). Por esse princípio, o povo deve governar-se, mas ante a impossibilidade de todos atuarem diretamente no poder, passa-se a governar através de alguns representantes eleitos (Democracia Representativa ou dita Indireta) ou se exerce o poder por outros mecanismos próprios da Democracia Direta, cujo exemplo histórico mais marcante é o do povo grego reunido na praça (na Ágora), e que na CF/88 concretizam-se pela Iniciativa Popular de Lei, pelo Plebiscito e pelo Referendo.
Na seqüência, o art. 2º trata do Princípio da Separação dos Poderes - que talvez seja justamente o que a Constituição tenha de mais caro, inclusive historicamente, por ser a garantia básica do cidadão contra o exercício arbitrário do poder pela autoridade pública. Pela CF/88 temos a separação tripartite (Montesquieu), em Executivo, Legislativo e Judiciário, mas nem sempre foi assim, eis que na Constituição do Império tivemos a separação quadripartita, com a presença do Poder Moderador.
É este um princípio essencial à Democracia, pois visa impedir a prepotência do Estado sobre os indivíduos e de um dos poderes sobre os demais e, assim, reunindo um dos Poderes mais de uma função do Estado, passamos a estar à beira de uma tirania. A exceção mais marcante ao princípio clássico da separação dos poderes na CF/88 está na possibilidade de adoção de Medidas Provisórias com força de lei pelo Presidente da República (art. 62).
O Art. 3º trata dos Objetivos Fundamentais da República Federativa Brasileira, pela primeira vez consignados. Por eles, deve o Estado brasileiro agir no campo interno tendo em vista o atendimento aos seguintes objetivos:
"I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação".
Quanto aos três primeiros objetivos podemos registrar uma crítica à histórica tradição dos governantes brasileiros de reduzir a questão nacional do subdesenvolvimento e das chagas sociais à "teoria do crescimento do bolo", isto é, os marginalizados e as regiões mais pobres seriam incluídos nos bolsões de riqueza nacionais quando enfim o país se desenvolvesse o bastante. E para propiciar esse desenvolvimento seletivo, investe-se pesado, inclusive com a contração de empréstimos internacionais. Mas ocorre que um tal modelo de desenvolvimento acirra exponencialmente as desigualdades sociais e, assim, adia-se indefinidamente a resolução de problemas que foram elevados à categoria de Princípios Constitucionais e que, portanto, são ordens aos governos, não meros conselhos.
Quanto ao quarto inciso podemos mencionar a iniciativa do próprio constituinte originário em ter transformado o crime de racismo em inafiançável e imprescritível. Do mesmo modo, louvável foi o advento da Lei nº 9.459/97, que amplia as hipóteses de crime por racismo, bem como aumentou a pena (reclusão de 1 a 3 anos e multa) ao injuriador por cor, raça, etnia, religião ou origem, além de punir a divulgação do nazismo.
E, por fim, o Art. 4º estabelece os Princípios com os quais o Brasil deverá reger suas RelaçõesInternacionais, definindo assim a posição da República Federativa do Brasil frente aos demais Estados estrangeiros, reafirmando sua Soberania, o respeito à autodeterminação dos povos, à igualdade entre os Estados e à independência nacional, o não-intervencionismo, a solução pacífica dos conflitos internacionais (por meio da defesa da paz), o repúdio ao terrorismo e ao racismo, a prevalência dos direitos humanos, a concessão de asilo político e a cooperação entre os povos para o progresso da Humanidade. Em seu Parágrafo Único positiva a autorização para a entrada no MERCOSUL, por exemplo, assim dizendo o texto: "A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações".
Estudo dirigido
O aluno deverá fazer uma leitura atenta dos artigos 1( ao 4( da Constituição Federal e, posteriormente, responder as seguintes questões. Toda questão que ensejar resposta “sim” ou “não”, deverá ser justificada.
1. Como se classifica o Brasil face à Constituição de 1988, no que se refere à forma de Estado, governo e regime político?
2. Em que consiste a forma republicana?
3. O que é um Estado federado?
4. Quais são os poderes dos Municípios brasileiros?
5. Quais são os poderes clássicos do Estado?
6. A Constituição da República Federativa do Brasil é aberta por um Preâmbulo, no caso:
a)- um resumo da Constituição.
b)- uma sinopse do texto constitucional.
c)- uma declaração solene, contendo o objetivo, as características e a promulgação do texto constitucional.
d)- o capítulo final da Constituição.
e)- nenhuma das alternativas.
7. Por pluralismo político, podemos entender:
a)- o direito de um só partido comportar várias ideologias, mesmo que díspares.
b)- a possibilidade de criação e a convivência de partidos de diferentes tendências políticas.
c)- o direito a um partido de ampliar seu quadro de filiados.
d)- a ação de um determinado partido em várias frentes de ação.
e)- todas estão corretas.
8. O art. 1º e incisos da Constituição dispõe que a República Federativa do Brasil constitui-se em
 Estado Democrático de Direito e tem como fundamento:
a)- a erradicação da pobreza e da marginalização e a redução da criminalidade e das desigualdades sociais e regionais.
b)- a construção de uma sociedade livre, justa e solidária e a garantia do desenvolvimento nacional.
c)- a soberania, a cidadania, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, o pluralismo político e a dignidade da pessoa humana.
d)- promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
e)- a independência e a harmonia entre os Poderes da União.
9. “A República Federativa do Brasil, formada pela ......indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em............ “.
a)- união - estado de Direito.
b)- união - Estado Democrático de Direito.
c)- União - Estado Democrático de Direito.
d)- União – Estado de Direito.
e)- nenhuma das alternativas.
10.Classifica-se como.........a República com regiões dotadas de autonomia para se auto-organizar através de constituições próprias:
a)- Liberal.
b)- Anárquica.
c)- Democrática.
d)- Federativa.
e)- nenhuma das alternativas.
11. Incluem-se entre os Princípios Fundamentais da Constituição:
a)- a pluralidade orçamentária e a soberania.
b)- a descentralização administrativa e a cidadania.
c)- os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.
d)- a valorização dos Municípios e o controle do Poder Executivo.
e)- a dependência entre os Poderes e o pluralismo político.
12. O parágrafo único do art. 1º da Constituição reza que “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. São exemplos de poder exercido DIRETAMENTE pelo povo:
a)- voto e plebiscito.
b)- voto e referendo.
c)- plebiscito e referendo.
d)- todas as alternativas.
e)- nenhuma das alternativas.
13. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, exceto:
a)- garantir o desenvolvimento nacional.
b)- conquistar a independência nacional.
c)- promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade, e quaisquer outras formas de discriminação.
d)- construir uma sociedade livre, justa e solidária.
e)- erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais.
14. O artigo 4º da CF normatiza que dois dos princípios a serem seguidos pelo Brasil em suas relações internacionais são os de “igualdade entre os Estados” e “concessão de asilo político”. Respectivamente, isso equivale a dizer que o Brasil:
a)- apenas em princípio considera iguais os países e a permissão do ingresso de ativistas em seu território.
b)- trata igualitariamente todos os países e abriga os exilados pó motivos políticos.
c)- jamais privilegiará o Estado do Rio de Janeiro em detrimento do Estado do Acre, e permitirá o ingresso, no território nacional, de exilados por motivos políticos.
d)- abriga os exilados por motivos políticos e respeita igualitariamente tanto uma grande potência quanto um peque país.
e)- nenhuma das alternativas.
15. O Brasil em suas relações internacionais, rege-se pelos seguintes princípios, exceto:
a)- independência nacional e prevalência dos direito humanos.
b)- soberania nacional e combate ao tráfico internacional de drogas.
c)- autodeterminação dos povos e defesa da paz.
d)- solução pacífica dos conflitos e repúdio ao terrorismo e ao racismo.
e)- concessão de asilo político e igualdade entre os Estados.
OS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Os direitos fundamentais do homem são aqueles oriundos da própria condição humana, direitos contra os quais nenhuma lei pode prevalecer e que estão previstos pelo ordenamento constitucional. Além desses direitos, há os remédios constitucionais-processuais, chamados de garantias constitucionais, que são os meios oferecidos para a proteção dos direitos humanos.
Nossa Constituição divide os Direitos Fundamentais em cinco capítulos distintos: a)- Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos (art. 5(); b)- Dos Direitos Sociais (arts. 6( ao 11); c)- Da Nacionalidade (arts. 12 e 13); d)- Dos Direitos Políticos (arts. 14 a 16) e e)- Dos Partidos Políticos (art. 17). 
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5(
Nossa Constituição assegura a inviolabilidade de cinco direitos fundamentais: a)- direito à vida; b)- direito à liberdade; c)- direito à igualdade; d)- direito à segurança e e)- direito à propriedade.
Os direitos individuais e coletivos, bem como as garantias constitucionais-processuais ainda se estendem aos estrangeiros residentes no país. Como já vimos anteriormente o sentido da expressão “estrangeiros residentes” deve ser interpretado extensivamente para proteger não só os estrangeiros com residência fixa no país, bem como todos os que estiverem em território nacional. Por outro lado, verificamos que o Supremo Tribunal Federal já reconheceu o direito aos não-residentes no país de terem acesso às ações, ou seja, as garantias constitucionais-processuais. Assim, o estrangeiro não residente no país poderá lançar mão das garantias constitucionais para a defesa de seus direitos.
As garantias constitucionais são em número de cinco: a)- Mandado de Segurança (individual e coletivo); b)- Habeas corpus; c)- Ação popular; d)- Mandado de injunção e e)- ou Habeas data.
Mandado de Segurança - É o remédio jurídico que serve para proteger direito líquido e certo não amparado por habeas corpus ou habeas data. Direito líquido e certo é aquele que não precisa ser declarado com exame de provas, pois resultade fato certo que pode ser provado por documentos inequívocos.
O mandado de segurança é a defesa mais eficaz contra qualquer ilegalidade que possa atingir os direitos fundamentais do homem, desde que não se trate da liberdade de locomoção.
Habeas Corpus - É o remédio jurídico que tem por finalidade garantir a liberdade física de ir, vir, ficar, a liberdade física de locomoção. Qualquer brasileiro, em favor de qualquer compatriota ou estrangeiro, poderá impetrá-lo.
Mandado de Injunção - É o remédio jurídico que tem por finalidade garantir o exercício de direitos concedidos pela Constituição quando não existir leis específicas que garantam esse exercício.
Habeas Data - É o remédio jurídico que tem por finalidade possibilitar ao indivíduo saber se tem ficha em órgão de informação, o que dela consta e, se necessário, mandar fazer retificações. Assegura ao indivíduo acesso às referências e informações sobre sua pessoa em entidade pública ou privada, bem como, garante a retificação de dados incorretos.
Ação Popular - É o remédio jurídico que permite ao cidadão (pessoa no exercício dos direitos políticos) obter a invalidade dos atos lesivos ao patrimônio público e assegura a defesa da moralidade administrativa, do meio ambiente e do patrimônio histórico e cultural.
Estudos Dirigido
O aluno deverá fazer uma leitura atenta do artigo 5(, com 73 itens, da Constituição Federal e, posteriormente, responder as seguintes questões. Toda questão que ensejar resposta “sim” ou “não”, deverá ser justificada.
Qual é a limitação imposta quanto a manifestação do pensamento?
Em quais casos poderá haver a violabilidade da casa?
Em quais casos poderá haver a violabilidade da comunicação telefônica?
O que estabelece a Constituição quanto ao direito de propriedade?
Quais são as normas relativas a retroatividade da lei?
O que prevê a Constituição quanto a instituição da pena?
O que prevê a Constituição quanto a aplicação da pena?
Em quais circunstâncias alguém poderá ser preso?
Qual a finalidade do “habeas corpus”?
Quais são as garantias asseguradas ao preso?
Em quais casos poderá haver prisão por dívida?
Além dos casos previstos no ( 3( do artigo 12 da Constituição, cite outro de distinção entre brasileiro nato e naturalizado.
Em quais casos poderá ser requerido o “habeas data”?
Qual a finalidade da ação popular?
O que é necessário para alguém propor uma ação popular?
Quando se concederá o mandado de segurança?
Em quais casos poderá ser concedido o mandado de injunção?
DOS DIREITOS SOCIAIS
Art. 6( a 11
No artigo 6(, a Constituição estabelece que os direitos sociais são: a)- educação; b)- saúde; c)- trabalho; d)- moradia; e)- lazer; f)- segurança; g)- previdência social; h)- proteção à maternidade e à infância e i)- assistência aos desamparados. No entanto, esse capítulo que é composto pelos artigos 6( ao 11, traz tão somente normas relativas ao trabalho, deixando para o título “Da Ordem Social” (arts. 193 a 232) as disposições relativas a Seguridade Social (Saúde, Previdência Social e Assistência Social); Educação, Cultura e Desporto; Ciência e Tecnologia; Comunicação Social; Meio Ambiente; Família, Criança, Adolescente e Idoso; Índios.
Estudo Dirigido
O aluno deverá fazer uma leitura atenta nos artigos 6( a 11 da Constituição Federal e, posteriormente, responder as seguintes questões. Toda questão que ensejar resposta “sim” ou “não”, deverá ser justificada.
Qual é a função do sindicato?
Que garantia possui o diretor do sindicato?
Quais são as fontes de receita dos sindicatos?
O que estabelece a Constituição quanto a prescrição dos direitos trabalhistas?
Qual é a idade mínima para que alguém possa ser contratado como empregado?
O que estabelece a Constituição quanto a estabilidade no emprego?
Quais são os direitos assegurados aos domésticos?
Quais são os direitos assegurados aos filhos dos trabalhadores?
Quais são dos direitos assegurados especialmente às mulheres?
De que forma deverá ser a remuneração das férias?
Qual é a remuneração mínima para prestação de serviços extraordinários?
Quais são as necessidades básicas que o salário mínimo deverá atender?
Qual é a jornada normal de trabalho?
Quantas horas normais trabalha o empregado mensalmente?
N A C I O N A L I D A D E
Art. 12 a 14
Os Estados, por serem soberanos, têm competência para estabelecer normas jurídicas para determinar quem será considerado nacional ou estrangeiro. No entanto, existem alguns princípios observados em quase todas as legislações nos países existentes. Assim, verificamos dois tipos distintos de nacionalidade que são comuns em quase todos os Estados: 1. Originária e 2. Adquirida. Da mesma forma existem dois critérios, que também podemos considerá-los universais, que regulam a Nacionalidade Originária, que são: 1. O “jus soli” ou princípio da territorialidade e 2. O “jus sangüinis” ou princípio da consangüinidade.
Desta forma podemos representar essa questão com o seguinte quadro:
 
 “jus soli”
 Originária
 (natos) “jus sangüinis”
 Nacionalidade 
 Expressa
 Adquirida
 (naturalizados) Tácita
 
N a c i o n a l i d a d e
Ë o vínculo jurídico que une uma pessoa a um Estado.
Nacionalidade Originária
É a nacionalidade obtida em razão do nascimento da pessoa.
As pessoas que possuem a nacionalidade originária são denominadas de Natos.
“Jus Soli”
Ë o princípio através do qual a nacionalidade originária é determinada em razão do lugar do nascimento da pessoa. Assim, o país que adota este princípio considera, como sendo nacional, o nascido em seu território.
O Brasil adota, como regra geral, este princípio pois considerada brasileiro nato o nascido em seu território. À essa regra geral se opõe uma única exceção, ou seja, só não é considerado brasileiro o aqui nascido, se for filho de pai estrangeiro e que esteja no Brasil a serviço de seu país. Assim, por exemplo, não seria brasileira a criança aqui nascida, filha do Embaixador dos Estados Unidos que estivesse no Brasil a serviço de seu país. (Constituição Federal, art. 12, inciso I, letra “a”).
“Jus Sangüinis”
É o princípio através do qual a nacionalidade originária é determinada em razão da nacionalidade dos pais. O país que adota este princípio considera nacional os filhos de nacionais, não importando o lugar (território) de seu nascimento.
O Brasil também adota o “Jus sangüinis”, embora não de forma tão ampla como o “jus Soli”. A Constituição estabelece no art.12, inciso I, letras “b” e “c”, as circunstâncias nas quais o nascido no exterior é considerado brasileiro nato, pelo fato de ser filho de pai ou mãe brasileira.
Nacionalidade Adquirida
Ë a nacionalidade obtida em razão da manifestação de vontade ou pelo fato da pessoa preencher certas condições legais que determinam sua aquisição, mesmo sem a manifestação de vontade.
As pessoas que obtiveram a nacionalidade adquirida são denominadas de Naturalizadas.
 E x p r e s s a
Diz-se que a nacionalidade é adquirida de forma expressa quando há a manifestação de vontade no sentido de desejar naturalizar-se em determinado país. Quando a pessoa expressa sua vontade no sentido de obter a nacionalidade.
Nossa Constituição disciplina esta questão no art.12, inciso II, letras “a” e “b”. Abre, entretanto, uma exceção aos originários de países de língua portuguesa ao exigir, tão somente, residência por um ano ininterrupto e idoneidademoral.
T á c i t a
Diz-se que a nacionalidade é adquirida de forma tácita quanto é obtida sem que haja manifestação da vontade, com o simples preenchimento de certas condições estabelecidas na lei.
A Lei Brasileira não prevê hoje essa hipótese. No entanto ela já foi contemplada pela Constituição de 1891 (1( constituição Republicana), que assim determinava em seu art.69, itens IV e V:
São brasileiros naturalizados:
“Os estrangeiros que, achando-se no Brasil aos 15 de novembro de 1889, não declararem, dentro em seis meses depois de entrar em vigor a Constituição, o ânimo de conservar a nacionalidade de origem.
Os estrangeiros que possuírem bens imóveis no Brasil, e forem casados com brasileira ou tiverem filhos brasileiros, contanto que residam no Brasil, salvo se manifestarem a intenção de não mudarem de nacionalidade.”
Nestas hipóteses previstas pela Constituição de 1891 não há a manifestação de vontade no sentido de querer ser brasileiro, mas sim o preenchimento de certas condições e a não manifestação de conservar a nacionalidade estrangeira. Essa naturalização no Brasil é conhecida como: “a grande naturalização”.
Os Equiparados
Os fortes laços históricos que unem o Brasil a Portugal, fazem com que haja um tratamento especial aos portugueses residentes no país, a ponto tal de fazer com que o legislador constituinte constasse na Constituição a regra do ( 1( do art. 12, onde equipara, ao brasileiro naturalizado, os portugueses com residência permanente no Brasil, desde que tal tratamento seja dispensado aos brasileiros com residência permanente em Portugal. 
Devemos ressaltar que os portugueses, nesta situação, não adquirem a nacionalidade brasileira, sendo, tão somente, tratados como brasileiros naturalizados.
No Brasil o conjuntos de normas que disciplinam esse tratamento especial deferido aos portugueses recebeu o nome de Estatuto da Igualdade, que foi regulamentado pelo Decreto sob n° 70.436/72, que abaixo transcrevemos: 
DECRETO 70.436 DE 18/04/1972 - DOU 19/04/1972
Regulamenta a Aquisição Pelos Portugueses, no Brasil, dos Direitos e Obrigações Previstos no Estatuto da Igualdade e dá outras Providências.
CAPÍTULO I
Da Aquisição da Igualdade de Direitos e Obrigações Civis e do Gozo de Direitos Políticos.
ART.1°- Este Decreto regula a igualdade de tratamento entre brasileiros e portugueses, concernentes aos direitos e obrigações civis e ao gozo dos direitos políticos.
ART.2° - São requisitos para a aquisição da igualdade de direitos e obrigações civis:
I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;
II - residência permanente no território brasileiro;
III - gozo da nacionalidade portuguesa.
ART.3° - São requisitos para o gozo dos direitos políticos:
I - residência no território brasileiro pelo prazo de cinco anos;
II - saber ler e escrever o português;
III - estar no gozo dos direitos políticos no Estado da nacionalidade.
Parágrafo único. Nos direitos políticos outorgados ao português não se incluem os que, por disposição constitucional, sejam privativos de brasileiros natos.
ART.4°- O português poderá a qualquer tempo requerer o reconhecimento da igualdade de direitos e obrigações civis e do gozo dos direitos políticos.
Parágrafo único. O pedido poderá ser feito cumulativamente ou em separado.
ART.5° - Para adquirir a igualdade de direitos e obrigações civis e o gozo dos direitos políticos, o português dirigirá petição ao Ministro da Justiça, declarando o nome por extenso, filiação, naturalidade, nacionalidade, profissão, estado civil e o dia, mês e ano do nascimento.
ART.6°- A petição, assinada pelo requerente ou por mandatário com poderes especiais, será instruída com:
I - cédula de identidade de estrangeiro;
II - certidão consular de nacionalidade, expedida em data recente, de que conste o fim a que se destina;
III - atestado policial de residência no Brasil, pelo prazo mínimo de cinco anos, bem como de inexistência de antecedentes criminais;
IV - certidão consular de estar no gozo dos direitos políticos no Estado da nacionalidade;
V - documento que prove saber ler e escrever o português.
§ 1º Se o requerente limitar o pedido ao reconhecimento da igualdade dos direitos e obrigações civis ficará dispensado da exibição dos documentos mencionados nos números IV e V, exigindo-se-lhe, quanto ao documento referido no número III, apenas a prova de residência no Brasil.
§ 2º Nos Estados e Territórios, poderá a petição ser encaminhada através dos órgãos federais ou estaduais encarregados do registro de estrangeiro, ou da Prefeitura do Município em que tiver domicílio o requerente.
ART.7° - Recebido o processo, o Diretor do Departamento de Justiça determinará a realização das diligências que julgar necessárias à completa instrução do pedido, podendo assinar prazo ao requerente para que supra omissões, bem como requisitar à repartição competente certidões de documentos de seu arquivo.
§ 1º Se o pedido não preencher os requisitos dos art. 2 e 3, o Diretor do Departamento mandará arquivá-lo. Deste despacho caberá recurso para o Ministro de Estado no prazo de trinta dias contados da publicação no órgão oficial.
§ 2º Satisfeitos os requisitos, o Diretor do Departamento submeterá o processo, com parecer, ao Ministro da Justiça.
ART.8° - A igualdade de direitos e obrigações civis e o gozo de direitos políticos serão reconhecidos por decisão do Ministro da Justiça, que mandará expedir portaria em favor do requerente.
ART.9° - O Serviço de Identificação do Distrito Federal, dos Estados ou dos Territórios expedirá documento de identidade de modelo igual ao de brasileiro, com menção da nacionalidade portuguesa do portador e referência à Convenção sobre o Estatuto da Igualdade, recolhendo a cédula de identidade de estrangeiro, a qual deverá ser enviada ao Serviço que a tenha expedido, para ser arquivada junto ao respectivo processo de registro.
ART.10 - O Ministério da Justiça comunicará ao Ministério das Relações Exteriores, e este ao Governo de Portugal, a relação dos portugueses que adquiriram a igualdade de direitos e obrigações civis e o gozo dos direitos políticos.
ART.11 - Durante o processo de reconhecimento da igualdade de direitos e obrigações civis e do gozo dos direitos políticos, poderá qualquer do povo impugnar o pedido desde que o faça fundamentadamente.
ART.12 - O gozo dos direitos políticos no Brasil importará em suspensão do exercício dos mesmos direitos em Portugal.
ART.13 - É lícito ao português, a quem foi reconhecido o gozo dos direitos políticos, ingressar no serviço público do mesmo modo que o brasileiro.
ART.14 - O português, no gozo dos direitos e obrigações civis, pode exercer o comércio, a indústria, a agricultura e o magistério em qualquer grau.
§ 1º Pode também:
I - ser proprietário de empresas jornalísticas de qualquer espécie, inclusive de televisão e de radiodifusão, ou acionista de sociedade anônima proprietária dessas empresas;
II - obter concessão ou autorização para explorar jazidas, minas e demais recursos minerais e potenciais de energia hidráulica;
III - ser proprietário de aeronave brasileira;
IV - ser corretor de navios e de fundos públicos, leiloeiro e despachante aduaneiro;
V - ser proprietário de terras ou estabelecimentos industriais ou comerciais na faixa de fronteiras;
VI - participar da administração ou representação de sindicatos ou associações sindicais;
VII - ser prático de barras, portos, rios, lagos e canais;
VIII - possuir e operar aparelhos de rádio-amador;
IX - prestar assistência religiosa nos estabelecimentos de internação coletiva, como escolas, hospitais, presídios ou penitenciárias.
§ 2º É-lhe defeso:
I - assumir a responsabilidade e a orientação intelectual e administrativa das empresas mencionadas no item I do parágrafo anterior;
II - ser proprietário, armador ou comandante de navio nacional, inclusive

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