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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS CENTRO DE ENGENHARIA E COMPUTAÇÃO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – IMPORTÂNCIA DO USO E CONSCIENTIZAÇÃO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL Lucas Deister Vianna Petrópolis - RJ Junho 2018 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS CENTRO DE ENGENHARIA E COMPUTAÇÃO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Engenharia e Computação da UCP como requisito parcial para conclusão do Curso de Engenharia Civil. Autor do trabalho: Lucas Deister Vianna Professor Orientador: Mestre Cândido Luis Queiroz da Silva Petrópolis - RJ Junho 2018 RESUMO O presente trabalho tem como finalidade analisar a importância da utilização e conscientização da mão-de-obra no que se refere aos equipamentos de proteção individual. A pesquisa abordará estudos de EPI utilizados dentro e fora do Brasil, além de demonstrar resultados da diminuição de acidentes quando os equipamentos de segurança são utilizados de maneira correta na construção civil. O enfoque maior do estudo será em avaliar o quanto a utilização e a conscientização do uso de EPI são eficientes na diminuição de acidentes. O estudo será baseado em bibliografias consultadas e estudadas. Em um primeiro momento, visa apresentar a evolução histórica da segurança no trabalho, além das principais causas, origens e natureza dos acidentes que ocorrem, com o propósito de identificar os problemas em sua origem, para facilitar a solução. Posteriormente, realiza-se um estudo sobre o que tem sido feito para que os acidentes diminuam e o quanto ainda pode diminuir, mostrando as formas de atuação, diagnósticos corretos, além de maneiras adequadas de solução dos problemas, visando sempre o bem-estar da mão-de-obra, garantindo assim que a construção civil seja um setor mais seguro e desenvolvido no que tange a segurança no trabalho. Em seguida, será feita a análise de pesquisas relacionadas à segurança no trabalho adotada em países de primeiro mundo, com o objetivo de buscar informações sobre a sua eficiência, formas de utilização, custo de implantação, tipo da tecnologia usada e disponibilidade no mercado. Para finalizar, faz-se uma análise dos resultados obtidos, identificando acidentes de trabalho mais incidentes na construção, além de propor algumas soluções eficientes para a diminuição do risco e acidentes. Palavra-chave: EPI, acidentes, utilização, conscientização. ABSTRACT The present work aims to analyze the importance of the use and awareness of the workforce with regard to personal protective equipment. The research will cover studies of individual protection equipment used inside and outside Brazil, as well as showing results of the reduction of accidents when safety equipment is used correctly in civil construction. The major focus of the study will be to evaluate how the use and awareness of the use of individual protection equipment are efficient in reducing accidents. The study will be based on bibliographies consulted and studied. At first, it aims to present the historical evolution of safety at work, in addition to the main causes, origins and nature of the accidents that occur, with the purpose of identifying the problems in their origin, to facilitate the solution. Subsequently, a study is carried out on what has been done to reduce accidents and how much can still decrease, showing the forms of action, correct diagnoses, and adequate ways of solving problems, always aiming at the well-being of the thus ensuring that civil construction is a more secure and developed sector regarding safety at work. Next, I will carry out research related to work safety in first world countries, with the objective of searching for information about their efficiency, usage, cost of deployment, type of technology used and availability in the market. To conclude, an analysis of the results obtained, identifying work accidents more incidental to the construction, besides proposing some efficient solutions for the reduction of the risk and accidents. Keywords: individual protection equipment, accidents, use, awareness. LISTA DE TABELAS Tabela 1 ....................................................................................................................................13 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Capacete tipo aba frontal ................................................................................................ 14 Figura 2 Capacete tipo aba total .............................................................................................. 15 Figura 3 Capacete tipo aba frontal com viseira ....................................................................... 15 Figura 4 Capacete tipo aba frontal com protetor tipo concha ................................................. 15 Figura 5 Óculos de segurança para proteção com lente incolor ............................................. 16 Figura 6 Óculos de segurança para proteção com lente de tonalidade escura ........................ 16 Figura 7 Óculos de segurança para proteção tipo ampla visão ............................................... 16 Figura 8 Protetor auditivo tipo concha .................................................................................... 17 Figura 9 Protetor auditivo tipo inserção (plug) ....................................................................... 17 Figura 10 Respirador purificador de ar (descartável) ............................................................. 18 Figura 11 Respirador purificador de ar (com filtro) ............................................................... 18 Figura 12 Respirador purificador de ar com filtro (descartável) ............................................ 18 Figura 13 Luva de proteção tipo vaqueta ................................................................................ 19 Figura 14 Luva de proteção de algodão com pigmentação ..................................................... 19 Figura 15 Luva de proteção emborrachada ............................................................................. 19 Figura 16 Luva de proteção látex ............................................................................................ 20 Figura 17 Luva de proteção de PVC cano longo .................................................................... 20 Figura 18 Luva de proteção de raspa ...................................................................................... 20 Figura 19 Cinturão de segurança tipo pára-quedista ............................................................... 21 Figura 20 Dispositivo trava-queda .......................................................................................... 22 Figura 21 Botina em couro com elástico ................................................................................ 22 Figura 22 Botina em couro ...................................................................................................... 23 Figura 23 Bota de borracha (cano longo) ................................................................................ 23 LISTA DE ABREVIATURAS ABNT -Associação Brasileira de Normas Técnicas AEPS - Associação das Empresas Prestadoras de Serviços CA - Certificado de Aprovação CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CLT - Consolidação das Leis de Trabalho CREA - Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura CUT - Central Única do Trabalhador EPI - Equipamentos de Proteção Individual FAS - Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social ICC - Índice de Confiança do Consumidor INSS - Instituto Nacional do Seguro Social MPS - Ministério da Previdência Social MTb - Ministério do Trabalho NR - Normas Regulamentadoras OPAS - Organização Pan-americana de Saúde PAC - Programa de Aceleração do Crescimento PMCMV - Programa Minha Casa, Minha Vida PPA - Plano de Pronta Ação SAT - Seguro de Acidente de Trabalho SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SESI - Serviço Social da Indústria SESMT - Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho Sinduscon - Sindicato da Indústria da Construção Civil VAB - valor adicionado bruto SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 5 1.1 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 6 1.2 PROBLEMA ................................................................................................. 7 1.3 OBJETIVOS ................................................................................................. 7 1.3.1 Objetivos Gerais ............................................................... 7 1.3.2 Objetivos Específicos ....................................................... 7 2 REVISÃO TEÓRICA (BIBLIOGRÁFICA) ...................................................................8 2.1 ACIDENTES DE TRABALHO .................................................................. 8 2.1.1 O acidente de trabalho no Brasil ........................ 8 2.2 A INDÚSTRIA DA CONSTRUCAO CIVIL ............................................ 12 2.2.1 Histórico da construção civil no Brasil ............ 13 2.2.2 Legislação de segurança do trabalho no Brasil .................................................................................. 14 2.3 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) ...................... 16 2.3.1 Tipos de EPI’s .................................................. 18 2.3.2 Utilização dos EPI’s e consequente aumento na produtividade ...................................................................... 29 2.4 PREVEÇÃO DE ACIDENTES .................................................................. 29 2.4.1 Conscientizações dos funcionários da obra ...... 31 2.5 RESISTENCIA DOS OPERARIOS NA UTILIZACAO DOS EPI’S ....... 32 1 INTRODUÇÃO A construção civil é um dos setores que mais emprega, visto o número elevado das vagas de trabalho, devido ao surgimento de inúmeras obras, porém, juntamente com este número, aparece a realidade de acidentes no trabalho (JÚNIOR, 2002). O autor comenta ainda que não se observa uma fiscalização adequada e eficiente nesta área, de forma a inibir e/ou controlar as doenças ocupacionais e os acidentes. Júnior (2002) comenta sobre a importância de sistemas gerenciais nos canteiros de obras, como fundamental para diminuir os riscos de acidentes de trabalho, sendo que a organização e/ou a distribuição de materiais, ferramentas, utensílios de obras podem contribuir significativamente e oferecer bons resultados no campo organizacional que diretamente atingem o setor da segurança em obra. Desta forma, o autor comenta que, A inexistência de técnicos e engenheiros de segurança nos canteiros de obra é mais um dos agravantes. É grande a dificuldade de fazer o operário tornar a sua higiene pessoal e segurança no ambiente de trabalho um hábito (JÚNIOR, 2002, p.12). Para Sampaio (1998, apud Júnior, 2002) muitos acidentes, poderiam ser evitados se as empresas tivessem desenvolvido ou implantado programas de segurança e saúde no trabalho, bem como oferecer maior atenção à educação e ao treinamento de seus operários. Os estudos e leis trabalhistas vêm sofrendo um constante processo de evolução, principalmente desde o início da revolução industrial. As leis referentes à segurança do trabalho estão cada vez mais rigorosas e, consequentemente, a ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais é cada vez menor. Para o controle e prevenção de acidentes de trabalho, deve-se sempre aliar dois fatores: a conscientização dos funcionários nela envolvidos, e o cumprimento das leis de trabalho. (STEFANO, 2008). Para haver uma política de segurança bem implantada, deve-se haver um contínuo planejamento e desenvolvimento de ações e cumprimento de medidas preventivas, bem como a necessidade de se implantar uma política de educação aos trabalhadores de modo que estes passem a compreender, obedecer e cooperar com as normas pré-estabelecidas. (STEFANO, 2008). A segurança e a saúde do trabalho na área da construção civil baseiam-se, principalmente, em normas regulamentadoras, sendo a mais importante para as atividades exercidas em canteiros de obras a NR-18, que tem por finalidade estabelecer diretrizes com o objetivo de programar medidas de controle e sistemas de prevenção de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na Indústria da Construção. A Segurança do Trabalho pode ser considerada como o conjunto de atividades de antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos a acidentes, ou seja, a prevenção dos acidentes de trabalho propriamente ditos (SILVA, 2011). Sabe-se que a segurança do trabalho é entendida como prevenção de acidentes, visando à preservação da integridade física do trabalhador, pois estudos mostram que os acidentes influenciam negativamente na produção, trazendo consequências, que podem envolver perdas materiais, diminuição da produtividade, contratação de novos funcionários, dias perdidos, até mesmo gastos com indenizações às vítimas ou aos familiares, entre outros. Desta forma, Ribeiro (1995, p. 932 apud DALCUL, 2001, p. 83), declara que, [...] a solução básica, a solução racional para os acidentes de trabalho é evita-los. Entretanto o desenvolvimento das práticas de segurança do trabalho tem-se dado em função de exigências legais como consequência natural da evolução social. Foi a necessidade de resolver os problemas da adaptação do homem as mais variadas condições de ambiente, a causa determinante do progresso das técnicas preventivas. Cabe salientar, de acordo com o autor, que o processo preventivo de acidentes de trabalho requer além de práticas corretivas, a adequação do ambiente de trabalho ao homem. 1.1 JUSTIFICATIVA A opção pelo tema vem da necessidade de se evitar a ocorrência de acidentes e a diminuir o risco na construção civil, que acabam gerando consequências negativas para esse setor econômico, que é um dos recordistas em acidentes de trabalho. E também, para que possa adquirir conhecimento sobre o tema segurança no trabalho, juntamente com a conscientização do uso de EPI e necessidade de buscarmos soluções eficientes para resolvermos o problema da segurança das construções. 1.2 PROBLEMA O problema da segurança no trabalho na construção civil está ligado à desqualificação mão de obra, falta de incentivo por partes dos empregadores, negligencia no que tange os procedimentos obrigatórios, baixo índice de investimentos, imperícia e imprudência por parte dos profissionais da construção e baixa conscientizaçãoda importância da utilização dos equipamentos de proteção individual e coletivo. 1.3 OBJETIVOS 1.3.1 Objetivos Gerais Este trabalho tem por objetivo fazer uma revisão bibliográfica sobre o tema conscientização e importância dos equipamentos de proteção individual na construção civil, com o objetivo de propor soluções de conscientização para tornarmos a construção civil mais segura, dando enfoque maior na importância da utilização do equipamento de proteção individual. 1.3.2 Objetivos Específicos 1. Pesquisar sobre a origem histórica da construção civil e da segurança no trabalho e no Brasil. 2. Fazer uma breve pesquisa sobre os EPI’s e os mais utilizados na construção civil. 3. Analisar quais são as principais causada de acidentes na construção civil, formas de prevenção e causas, revisando bibliograficamente os meios de analise dos problemas. 4. Abordar temas relacionados à resistência dos operários na utilização do EPI. 5. Solucionar os problemas ocorridos nas obras de forma eficiente, buscando minimizar os riscos. 2 REVISÃO TEÓRICA (BIBLIOGRÁFICA) 2.1 ACIDENTES DE TRABALHO De acordo com Douglas Gava de Bona Sartor o termo “acidente” determina algum acontecimento casual, fortuito ou imprevisto, ou seja, que não pode ser prevenido. No caso do “acidente de trabalho”, trata-se de ocasião contrária. É uma situação que pode e deve ser prevista e prevenida pela empresa. Segundo o Ministério do Trabalho (1995), a legislação Previdenciária conceitua o acidente de trabalho em sua Lei nº. 8.213, de 24 de julho de 1991, alterada pelo Decreto n 611, de 21 de julho de 1992, art. 19: “Acidente de trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, ou ainda, pelo serviço de trabalho de segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da capacidade para o trabalho, permanente ou temporária”. De acordo com o conceito prevencionista, define-se acidente de trabalho como: “Toda ocorrência indesejável, inesperada ou não programada, que interfere no desenvolvimento normal de uma tarefa e que pode causar: perda de tempo e/ou 17 danos materiais ou ambientais e/ou lesões físicas até a morte ou doenças nos trabalhadores, ou as três coisas simultaneamente”. Nesta definição é possível observar, que são levados em consideração, além da lesão física, a perda de tempo e os danos materiais ou as três coisas simultaneamente. Ainda nessa linha de raciocínio, é possível encontrar a definição legal de acidente do trabalho, definido pela lei 8.213, de 24 de julho de 1991, Lei Básica da Previdência Social, determina, em seu capítulo II, Seção I, artigo 19, que: “Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do artigo 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda, ou ainda a redução, permanente ou temporária da capacidade para o trabalho”. Mas o acidente não pode ser tratado quando apenas há ferimentos, morte ou lesão, mas também quando não houver as mesmas. Ainda segundo a lei, é considerado acidente do trabalho, também quando ocorre no exercício do trabalho a serviço da empresa de acordo com as seguintes circunstâncias, conforme DE CICCO (1982): • Doenças profissionais ou do trabalho: aquelas que são adquiridas em determinados ramos de atividade e que são resultantes das condições especiais em que o trabalho é realizado; • Qualquer tipo de lesão, quando ocorre: no local e no horário de trabalho e quando a caminho ou na volta do trabalho; fora dos limites da empresa e fora do horário de trabalho; fora do local da empresa, mas em função do trabalho. Desta forma, é possível verificar que o conceito de acidente é muito amplo e não é limitado apenas no local de trabalho, mas também abrangendo o trajeto e os ocorridos em função do trabalho. É sabido que os acidentes de trabalho são os maiores desafios para a saúde do trabalhador, atualmente e no futuro. De acordo com a Organização Pan-americana de Saúde – OPAS (2006) estes desafios estão ligados “aos problemas de saúde ocupacional, com as novas tecnologias, novas substâncias químicas, problemas relacionados com a crescente mobilidade dos trabalhadores e ocorrência de novas doenças ocupacionais”. Os trabalhadores são as vítimas pessoais mais transparentes dos acidentes do trabalho. Esses acidentes são identificados visualmente por um simples curativo num dedo ou até por uma parte do corpo engessada ou quando não ocorre o óbito cuja evidência é inquestionável (ZOCCHIO, 2001). Desta forma, é possível observar uma crescente preocupação das construtoras com relação à segurança do trabalho. O acidente é um fato que nenhuma empresa gostaria de presenciar e vivenciar, devido às várias preocupações legais que podem repercutir a empresa, além do custo gerado pelo acidente. Segundo Zocchio (2002), um dos piores problemas a serem enfrentados pelo funcionário acidentado e principalmente pela empresa é o aspecto econômico, onde a empresa nem sempre percebe esse lado negativo do infortúnio do trabalho, embora seja ela inicialmente a mais afetada. 2.1.1 O acidente de trabalho no Brasil Numa visão mais ampla a Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT define acidente de trabalho como uma ocorrência relacionada ao exercício do trabalho não prevista e não desejável. Segundo Zocchio (1996), apud Faria, Graef e Sanches (2006), os acidentes são oriundos de causas diretas, que não surgem naturalmente, muito menos por acaso, geralmente são originárias de fatores anteriores, e são denominadas como causas indiretas. Tais acontecimentos estão relacionados a fatos pessoais ou mesmo materiais, os quais levam o local do trabalho a sofrer alguma alteração no seu desenvolvimento normal, constituindo assim as causas diretas. Estas causas são divididas em duas partes, os atos inseguros e as condições inseguras, sendo que os primeiros estão relacionados com o comportamento daqueles envolvidos ao trabalho, em sua exposição ao perigo com os acidentes, e eles podem ser de três tipos: Conscientes: aqueles que ocorrem quando as pessoas têm conhecimento que estão se expondo ao perigo. Inconscientes: aqueles que ocorrem quando as pessoas que estão expostas ao perigo ignoram essa situação. Circunstanciais: são atos que quando as pessoas conhecem ou desconhecem o perigo, são levadas a realizar ações inseguras, exemplificando quando se tenta evitar um possível prejuízo a empresa, por iniciativa própria ou da empresa. Tomando-se por base estas definições pode-se concluir e acrescentar que os acidentes de trabalho podem ser entendidos como ocorrências imprevistas que podem ocorrer de diversas formas, entre elas por negligência do operário, falta de atenção, falta de equipamentos e ferramentas ou má qualidade e com estado deficientes destes dois últimos itens. E tais ocorrências imprevistas provocam perdas morais e materiais, muitas vezes uma lesão corporal, doenças, perda total ou parcial da capacidade laborativa e até mesmo a morte. Também sabemos que podem acarretar danos psicológicos como perda de motivação, baixa autoestima dos operários. Para as empresas causam transtornos, como perda do operário envolvido no acidente, por necessidade de saída para a investigação do acidente, tempo gasto decorrente da limpeza e recuperação da área e para e início das atividades, ou ainda recrutamentos de outros operários acarretando perda da atividade produtiva. Este tempo despendidocom o acidente resultam no aumento do tempo real de execução do trabalho e diminui a eficiência. Além de que um acidente envolve todo o ambiente ao seu redor, pois os colegas do acidentado deixarão suas tarefas para socorrê-lo, e conforme as consequências permanecerão abalados emocionalmente por certo intervalo de tempo, sem contar o tempo de afastamento do próprio acidentado. (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DE TRABALHO, 2009) Os acidentes de trabalho representam altos custos para a empresa, a sociedade e para o próprio trabalhador. Se considerados os custos econômicos, estes são dificilmente calculáveis devido à influência de inúmeros fatores, inclusive custos humanos que são transformados em valores econômicos; mas como mensurar uma invalidez para o trabalho ou um acidente fatal? (BRITO, 1997). As doenças do trabalho são entendidas como doenças adquiridas ou desencadeadas em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relaciona diretamente. Assim como os acidentes são paradigmas que, hoje, a construção civil enfrenta e luta para conscientizar o empresariado e os profissionais sobre a importância da questão. (GOMES, 2009). Segundo Antônio de Souza Ramalho, o quadro operacional da construção civil, conta, na maioria dos casos, com pessoas que se deslocam de uma região para outra, ou entre estados, cidades e até de advindos de outros países para tentar ganhar a vida. Estes operários na sua maioria se encaminham para cidades de médio porte ou grandes centros metropolitanos, onde pela sua qualificação deficiente ou sem qualquer experiência profissional são recrutados por empresas prestadoras de serviço terceirizado e se aventuram em trabalhos perigosos sem treinamentos. Ainda segundo Antonio de Souza Ramalho, presidente do sindicato da construção civil de São Paulo, o número de acidentes de trabalho não para de aumentar no setor da construção civil, porque os operários passaram a trabalhar em regime de empreitada para empresas prestadoras de serviço terceirizado e se aventuram em trabalhos perigosos sem treinamentos, com excesso de carga horária por causa da falta de mão de obra especializada. Dados coletados entre os Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil), de cada estado revelam que no universo do setor da construção civil brasileira 92% das empresas são de micro e pequeno porte, com média de 30 empregados. As grandes construtoras não costumam trabalhar com informais, repassam os trabalhadores para estas empresas menores, que por sua vez, subcontratam outras empresas para executar partes das obras. O que acaba por acontecer é que na construção 95% da mão de obra é terceirizada, sendo que a maioria é informal, afirma Ramalho. Vários estudos apontam que os acidentes de trabalho são mais comuns entre funcionários de empresas terceirizadas. Pesquisa divulgada recentemente pela CUT mostra que quatro em cinco acidentes de trabalho, inclusive aqueles que resultam em mortes, envolvem trabalhadores de empresas terceirizadas. Como exemplo, segundo dados do AEPS (Associação das Empresas Prestadoras de Serviços), trabalhadores entre 25 e 29 anos foram os que mais se acidentaram no ano de 2011, porém o grupo desta faixa etária apresentou uma diminuição no número de agravos em relação ao ano anterior. Enquanto que em 2010 este grupo de trabalhadores contabilizou 127.614 acidentes laborais, em 2011 tiveram 125.359 ocorrências, apontando uma redução de 1,8% nos infortúnios. Já o grupo de trabalhadores que engloba a faixa etária entre 30 e 34 anos teve um acréscimo de 1,8% no percentual de acidentalidade. Passou de 114.856, em 2010, para 116.949 registros de acidentes no último ano. Além disto, o grupo contabiliza o maior número de registros de doenças ocupacionais. Segundo o AEPS, em 2011 2.884 trabalhadores perderam suas vidas durante o exercício de suas atividades profissionais, enquanto que em 2010 foram registrados 2.753 mortes no trabalho. O relatório do MPS (Ministério da Previdência Social), também aponta um leve aumento no número de acidentes de trabalho. No último ano foram notificados 711.164 acidentes laborais, enquanto que em 2010 foram contabilizados 709.474 registros no ambiente de trabalho, o que representa uma elevação de 0,2% no percentual de acidentes de trabalho. E também nos acidentes de trabalho inúmeras vezes ocorrem à mutilação dos operários tornando-os incapazes para o trabalho. Neste caso especificamente as causas estão vinculadas a imprudência e especialmente, ao desrespeito as normas de segurança pelos fabricantes de máquinas e pela CIPA da empresa empregadora. Ainda se tratando da mutilação este é um problema que acarreta aspectos de causas e de consequências: as causas que mais ocasionam prejuízos na capacidade física ao trabalhador e as consequências registradas dos acidentes no corpo humano. Segundo o relatório da Organização Internacional do Trabalho, os esforços para enfrentar questões relacionadas com a segurança e a saúde no trabalho são dispersos e fragmentados e não conseguem uma redução progressiva da quantidade de mortes, acidentes e doenças profissionais. Os especialistas em segurança no trabalho acreditam que apenas 50% dos acidentados de trabalho são registrados oficialmente. Neste caso, as estatísticas da Previdência Social só consideram os trabalhadores formais, que têm carteira e pagam o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ficam de fora cerca de 20 milhões de brasileiros que não contribuem para a Previdência, os chamados trabalhadores da economia informal. Segundo o AEPS, no ano de 2011, 2.884 trabalhadores perderam suas vidas durante o exercício de suas atividades profissionais, enquanto que em 2010 foram registrados 2.753 mortes no trabalho. O relatório do MPS também aponta um leve aumento no número de acidentes de trabalho. No último ano foram notificados 711.164 acidentes laborais, enquanto que em 2010 foram contabilizados 709.474 registros no ambiente de trabalho, o que representa uma elevação de 0,2% no percentual de acidentes de trabalho. A Construção, por sua vez, computou 59.808 acidentes de trabalho em 2011. Em virtude disto, o setor apresentou o aumento mais significativo de registros de acidentalidade, em comparação aos dados de 2010. Houve um crescimento de 6,9% nas ocorrências registradas na área, visto que no ano anterior o setor gerou 55.920 acidentes. Apenas a Construção de Edifícios, classe que integra a seção Construção, respondeu por 36,3% das ocorrências, visto que foram registrados 21.700 acidentes no exercício desta atividade em 2011. Segundo dados divulgados pela Inspeção em Segurança do Trabalho do Ministério do Trabalho, a Indústria da Construção foi o maior alvo de autuações da Auditoria Fiscal do Trabalho neste ano. De janeiro a setembro, o setor foi autuado 27.483 vezes, tendo sido embargado/interditado em 2.339 destas ocasiões. A seguir mostrará em forma de quadro gráfico os registros de acidentes de trabalho na construção civil nos anos de 2004 á 2010: Motivo 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Brasil 28.875 29.228 29.054 30.362 38.822 41.418 42.978 Acidentes Típicos 24.985 25.180 24.592 25.797 33.288 35.265 36.379 Acidentes Trajeto 2.838 3.012 3.294 3.540 4.594 5.042 5.614 Doença do Trabalho 1.052 1.036 1.168 1.025 940 1.111 985 Tabela 1: Registro de acidentes de trabalho entre 2004 e 2010 Fonte: http://www.trabalhoevida.com.br/download/juarez.11.12.pdf 2.2 A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL A indústria da construção civil é um setor importante para o desenvolvimento socioeconômico do País, pela enorme quantidade de atividades que compõem o seu ciclo de produção,gerando bens e serviços de outros setores e por ter a capacidade de absorção da mão de obra (MAIA, 2008). É o ramo que se divide em três subsetores: edificações, construção pesada e montagem industrial. O subsetor edificações se refere a confecções de casas e edifícios, a construção pesada está relacionada com a infraestrutura viária, urbana e industrial, pontes, barragens, fundações de máquinas, estradas e aeroportos, e o último subsetor montagem industrial seria a montagem de estruturas para instalação de indústrias, como sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, telecomunicações e sistemas de exploração de recursos naturais (GARCIA, 2003; PISSINATO e CREMONEZI, 2011). O setor da construção possui peculiaridades como porte das empresas, curta duração das obras, imobilidade do produto, mobilização e desmobilização de recursos em curto espaço de tempo, necessidade de esforço físico para os trabalhadores, ambiente de trabalho adverso, trabalho insalubre, instabilidade no emprego, escassa procura e baixa oferta de cursos de formação profissional, rotatividade da mão de obra, baixo prestígio social e altos índices de acidentes de trabalho (CATTANI, 2001 e MAIA, 2008). Apesar da importância socioeconômica é reconhecida por gerar impactos ambientais pela grande quantidade de resíduos gerados e pelo consumo de recursos naturais de origem não renovável (MAIA, 2008). 2.2.1 Histórico da construção civil no Brasil A construção civil no Brasil teve inicio com as construções de fortes e igrejas. No ano de 1549, o governo geral realizou a construção dos muros ao redor da capital do país, que na época era Salvador na Bahia (CAVALCANTI e SILVESTRE et al., 2011). Na década de 40, no governo de Getúlio Vargas, o setor foi considerado um dos mais avançados da época, tendo sido considerado detentor da tecnologia do concreto armado. Já na década de 50 o trabalho passou a ser por hierarquia. Na década de 70 o setor recebeu um grande financiamento visando diminuir o déficit de moradia, predominando por parte das construtoras a construção de edifícios (CAVALCANTI e SILVESTRE et al., 2011). Nos anos 90, a mão de obra da construção recebe melhores qualificações e com isso o produto final melhora a qualidade. Em 2000 a preocupação e o interesse com a preservação do meio ambiente se acentuam, fazendo com que as construtoras se preocupem com políticas públicas para reduzir os impactos causados pela geração e incorreta destinação dos resíduos no setor (CAVALCANTI e SILVESTRE et al., 2011). Em 2003 o setor da construção passou por um período de instabilidade, pela falta de incentivo e pela diminuição do financiamento imobiliário. No ano de 2004 a construção começou a expandir, com o aumento de investimentos em obras habitacionais (DIEESE, 2011). Em março de 2009 o governo lançou o Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), com o desafio de enfrentar o déficit habitacional para famílias de baixa renda e a crise econômica que se instalava no mundo, inclusive no Brasil. Com o programa ficou previsto a construção de 01 (um) milhão de moradias nos anos de 2009 e 2010 e investimentos de até R$ 34 bilhões de reais. Nos primeiros três trimestres de 2010, o valor adicionado bruto (VAB) em relação ao setor da construção cresceu 13,6% em relação ao ano de 2009. No período de março de 2010 foi lançado a segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que prevê um investimento de R$ 1,59 trilhão a partir de 2011 (DIEESE, 2011). A partir de 2010 a construção pesada expandiu, com os investimentos nas obras de exploração do pré-sal, Copa do Mundo de futebol de 2014 e jogos olímpicos de 2016. Com investimentos na infraestrutura na área de energia, estádios e arenas esportivas, aeroportos, mobilidade urbana, readequação viária e saneamento (DIEESE, 2011). 2.2.2 Legislação de segurança do trabalho no Brasil No Brasil, durante os primeiros três séculos de nossa história, as atividades industriais ficaram restritas aos engenhos de açúcar e à mineração. Em 1840 surgiram os primeiros estabelecimentos fabris no Brasil. A primeira máquina a vapor surgiu em 1785 na Inglaterra, enquanto no Brasil surgiu em 1869 na Província de São Paulo, numa fábrica de tecidos de Itu, a Fábrica São Luiz. Portanto, 84 anos depois. Em 1919 surge a primeira lei de acidentes do trabalho, com o Decreto Legislativo nº. 3.724, de 15 de janeiro, como ponto de partida da intervenção do Estado nas condições de consumo da força de trabalho industrial em nosso país. Essa lei não considera acidente de trabalho a doença profissional atípica (mesopatia). Exige reparação apenas em caso de “moléstia contraída exclusivamente pelo exercício do trabalho, quando este for de natureza a só por si causá-la”. Institui o pagamento de indenização proporcional à gravidade das seqüelas. Abre, então, a possibilidade de as empresas contratarem o Seguro de Acidente de Trabalho (SAT), junto às seguradoras da iniciativa privada. O SAT ficaria exclusivo da iniciativa privada até 1967, quando passou a ser prerrogativa da Previdência Social, reforçando a obrigatoriedade do SAT, que até então estava sob a responsabilidade de seguradoras privadas. (MIRANDA, 1998). Em 1934 surge a segunda lei de acidentes do trabalho, com o decreto nº. 24.637, de 10 de julho, que modificou a legislação anterior. É criada a Inspetoria de Higiene e Segurança do Trabalho, que se transformaria ao longo dos anos em Serviço, em Divisão, em Departamento, em Secretaria e, mais recentemente, novamente em Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho. Amplia-se o conceito de doença profissional, abrangendo um maior número de doenças até então não consideradas relacionadas ao trabalho, mas que passam a sê-lo. É reconhecida como acidente do trabalho a doença profissional atípica (mesopatia). (MIRANDA, 1998). Em 1944 surge a terceira lei de acidentes do trabalho no Brasil, com o Decreto – Lei 7.036, de 10 de novembro, que, no seu artigo 82, reformou a legislação sobre o seguro de acidentes do trabalho. Foi à primeira lei a tratar especificamente do assunto, quando obrigou as empresas a organizarem comissões internas com o objetivo de prevenir acidentes. Determinou que as empresas com mais de 100 funcionários constituíssem uma comissão interna para representá-los, a fim de estimular o interesse pelas questões de prevenção de acidentes. Ainda neste ano, o empregador fica obrigado a proporcionar máxima higiene e segurança no ambiente de trabalho. Em 1967 surgiu a quarta lei de acidentes do trabalho no Brasil, com o Decreto-Lei nº. 293, de 28 de fevereiro. Teve curta duração, porque foi totalmente revogada pela Lei nº. 5.316, de 14 de setembro do mesmo ano. Integrou o seguro de acidentes do trabalho na Previdência Social, retirando-o da iniciativa privada. (Braga & Paula, in Andrade, 2001). A Lei nº. 5.316, de 14 de setembro de 1967, foi a quinta lei de acidentes 10 do trabalho no Brasil. Restringiu o conceito de doença do trabalho, excluindo as doenças degenerativas e as inerentes a grupos etários. O Decreto nº. 61.784, de 28 de novembro de 1967, aprovou o novo Regulamento do Seguro de Acidentes do Trabalho. Neste mesmo ano, as principais alterações na legislação acidentária brasileira foram: o SAT passou a ser prerrogativa da Previdência Social, ou seja, passou a ser estatal, reforçando a obrigatoriedade do SAT por parte das empresas, o qual até então estava sob a responsabilidade de seguradoras privadas; introduziu o conceito de acidente de trajeto; promoveu a prevenção de acidentes e reabilitação profissional. (Braga & Paula, in Andrade, 2001). Por volta de 1974, com o fim do período deexpansão econômica e iniciada a abertura política lenta e gradual, novos atores surgem na cena política (movimento sindical, profissionais e intelectuais da saúde, etc.), questionando a política social e as demais políticas governamentais. Neste ano, duas medidas muito importantes acontecem no campo da saúde: a implementação do Plano de Pronta Ação – PPA, com diversas medidas e instrumentos que ampliariam ainda mais a contratação de serviços médicos privados, antes de responsabilidade da Previdência Social; e a criação do Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social – FAS, destinado a financiar subsidiariamente o investimento fixo de setores sociais (Braga & Paula, in Andrade, 2001). Segunda a lei Lei 6.367 de 1976, 1,25% do FAS ficam destinados à prevenção de acidentes. Com essa sexta lei de acidentes do trabalho ampliou-se a cobertura previdenciária de acidente de trabalho, e o Decreto n. 79.037, de 24 de dezembro de 1976, que aprova o novo Regulamento do Seguro de Acidentes do Trabalho. Ficam sem proteção especial contra acidentes do trabalho o empregador doméstico e os presidiários que exercem trabalho não remunerado. Além disso, a lei identifica a doença profissional e a doença do trabalho como expressões sinônimas, equiparando-as a acidente do trabalho somente quando constantes da relação organizada pelo Ministério da Previdência e Assistência Social. ((BRASIL, Código Civil, 2002) Em 1978, a Portaria 3.214, de oito de junho, aprova as Normas Regulamentadoras – NR (28 ao todo) do capítulo V do título II da CLT, relativas à segurança e medicina do trabalho. Atualmente conta-se com 36 normas regulamentadoras, visto a necessidade nos diversos ambientes de trabalho. O trabalho desta monografia será fundamentado na NR – 6, que trata dos equipamentos de proteção individual, aprovada em 8 de junho de 1978. A mesma já passou por diversas alterações. Na verdade, no Brasil, ela vem se desenvolvendo ao longo dos últimos cinquenta anos e num ritmo acelerado, em resposta à necessidade urgente de diminuição das estatísticas, que são uma verdadeira tragédia nacional. 2.3 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) Segundo a NR-6 da Portaria 3214/78 do MTb, considera-se Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. O seu uso sempre foi um desafio no convencimento, por parte da força de trabalho seja ela da construção civil, indústria, operação química, portuária, aeroportuária, tecelagem, e outras tantas que padecem de uma fiscalização adequada e da disseminação da cultura prevencionista, por parte de profissionais destas áreas, do corpo gerencial e principalmente dos trabalhadores que já vêm viciados com conceitos falhos e equivocados acerca deste e de outros temas. De acordo com Oliveira Ayres e Peixoto Corrêa (2001), os EPI’s desempenham importante papel na redução das lesões provocadas pelos acidentes do trabalho e das doenças profissionais. Vale ressaltar que o seu uso só deverá ser feito quando não for possível tomar medidas que permitam eliminar os riscos do ambiente em que se desenvolve a atividade, ou seja, quando as medidas de proteção coletiva não forem viáveis, eficientes e suficientes para a atenuação dos riscos e não oferecerem completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho e/ou de doenças profissionais e do trabalho. (MAURICIO FERRAZ DE PAIVA, 2013) De acordo com a lei 6.514/1977, do ministério do trabalho, CLT – Consolidação das Leis de Trabalho / Capítulo V – da segurança e medicina do trabalho / Seção IV - do equipamento de proteção individual - Art.166 - A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados. Quanto ao sistema de distribuição e fiscalização dos EPI’s, as empresas utilizam fichas, não para atender às necessidades de controles administrativas, mas, principalmente, os aspectos legais. Nestas fichas constam além do termo de responsabilidade do empregado e da empresa, os tipos de EPI’s requisitados, seus CA (Certificado de Aprovação) e as datas de entrega e substituição. Todos os EPI’s utilizados pelo empregado deverão ser anotados nessa ficha. As fichas de Controle de EPI’s ficarão arquivadas no setor de Segurança do Trabalho enquanto o empregado estiver trabalhando na empresa, após o desligamento do empregado, sua ficha deverá ser enviada ao setor de RH para arquivamento junto ao prontuário do empregado desligado. Todos os equipamentos de proteção individual (EPI), só podem ser utilizados se possuírem impresso no produto o número de CA (Certificado de Aprovação) fornecido pelo Ministério do Trabalho e Emprego. (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2015). Segundo a NR-6, compete ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho - SESMT, ou a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA nas empresas desobrigadas de manter o SESMT, recomendar ao empregador o EPI adequado ao risco existente em determinada atividade. De acordo com Oliveira Ayres e Peixoto Corrêa (2001), é importante que o trabalhador tenha em mente que: o É necessário que o trabalhador participe dos programas de prevenção de sua empresa, a fim de que possa, conscientemente, valorizar o uso dos EPIs; o É desejável que o EPI seja confortável, que se adapte ao esquema corporal do usuário e tenha semelhança com objetos comuns; o Deve-se deixar ao trabalhador a escolha do tipo de sua preferência, até mesmo quando a certa característica, como a cor, quando a empresa tiver selecionado e adquirido mais de um tipo e marca para a mesma finalidade; o A experiência tem demonstrado que se o trabalhador for levado a compreender que o EPI é um objeto bom para si, destinado a protegê-lo, mudará de atitude, passando a considerá-lo como algo de sua estima e, nesse caso, as perdas ou danos por uso inadequado tendem a desaparecer; o Empregador e/ou o supervisor deverão ser tolerantes na fase inicial de adaptação, usando a compreensão e dando as necessárias explicações ao trabalhador, substituindo a coerção pela atenção e esclarecimento, de forma que, aos poucos, vá conscientizando o trabalhador da utilidade do uso do EPI. As ameaças e atitudes coercitivas provocarão traumas e revoltas do empregado. Na ICC onde os acidentes estão em quinto lugar, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, por muitas vezes as empresas apenas fornecem o EPI, mas não há um treinamento e tão pouco uma reposição do EPI quando necessário. A segurança para a indústria da construção civil resume em fornecer o EPI sem uma preocupação da sua utilização correta. Conforme o artigo da Zanpieri Grohmann, [...] o simples fornecimento de EPIs e exigência de seu uso não podem evitar acidentes se utilizados isoladamente, pois, um eficaz sistema de segurança é caracterizado não apenas pelo simples cumprimento de exigências legais,mas, principalmente, pela preocupação em fornecer aos empregados um ambiente seguro, os mais adequados equipamentos de proteção individual e um eficiente treinamento do mesmo, sem levar em conta apenas a minimização dos custos. Isso ocorre devido à alta rotatividade de mão-de-obra na construção civil, onde os empreendedores não investem em equipamentos e tão pouco propõe programas de segurança, visto que isso resulta em gastos “extras”, visão de quem não planeja bem a obra, ondea segurança tem que estar em primeiro lugar à frente da produção, pois do que vale produzir com acidentes ou mortes, o prejuízo é certo. 2.3.1. Tipos de EPI’s Abaixo, citaremos os principais EPI’s utilizados na construção civil. Capacete de Proteção: A função primária do capacete é proteger a cabeça de impactos externos provenientes de queda ou projeção de objetos, queimaduras, choque elétrico e irradiação solar. (Figuras 1, 2, 3 e 4). Figura 1: Capacete tipo aba frontal Fonte: https://www.solostocks.com.br/venda-produtos/insumos-seguranca-trabalho/capacetes- seguranca/capacete-de-seguranca-tipo-joquei-ou-aba-frontal-321142 Figura 2: Capacete tipo aba total Fonte: http://www.equipamentodeprotecaoindividual.com/epi/capacete-de-seguranca/capacete-para- eletricista-com-aba-total Figura 3: Capacete tipo aba frontal com viseira Fonte: https://www.harsenal.com.br/loja/capacetes/229-capacete-com-viseira-acrilica.html Figura 4: Capacete tipo aba frontal com protetor tipo concha Fonte: http://reptec.com.br/produto/251,kit-abafador-mark-v Óculos de segurança: Os óculos são utilizados principalmente para evitar perfuração dos olhos através de corpos estranhos como no corte de arames e cabos, no uso de chave de boca e talhadeiras, uso de furadeiras, retirada de pregos, partículas sólidas e outros agentes agressivos que possam prejudicar sua visão, como agentes químicos. Outra aplicação é a utilização dos óculos com lente de tonalidade escura, além das proteções já citadas, podem proteger os olhos dos raios ultravioletas. (Figuras 5, 6 e 7). Figura 5: Óculos de segurança para proteção com lente incolor Fonte: https://s-trabalho.webnode.com.br/outros/e-p-i-/ Figura 6: Óculos de segurança para proteção com lente de tonalidade escura Fonte: https://s-trabalho.webnode.com.br/outros/e-p-i-/ Figura 7: Óculos de segurança para proteção tipo ampla visão Fonte: http://www.equipamentodeprotecaoindividual.com/epi/oculos-de-protecao/oculos-ampla-visao- de-seguranca Protetor auditivo: Utilizado para proteção dos ouvidos nas atividades e nos locais que apresentem ruídos excessivos para evitar algumas doenças causadas pelo ruído como: perda auditiva, cansaço físico, mental, stress, fadigas, pressão arterial irregular, impotência sexual nos homens e descontrole hormonal nas mulheres e excesso de nervosismo. É recomendada a utilização desta proteção durante todo o período de trabalho, assim causando um maior conforto para o trabalho. Na indústria da construção civil existem alguns setores onde a utilização desta proteção torna muito necessária como no caso do operador da betoneira, utilização de ferramentas elétricas como serra circular, serra mármore. Quando não utilizada essa proteção pode gerar doenças ao longo do tempo. (Figuras 8 e 9). Figura 8: Protetor auditivo tipo concha Fonte: https://www.polodoepi.com.br/protetor-auditivo-tipo-concha-23db-3m-h9a/p Figura 9: Protetor auditivo tipo inserção (plug) Fonte: http://disphel.com.br/index.php?route=product/product&product_id=311 Respirador purificador de ar: Utilizado para proteção do sistema respiratório contra gases, vapores, névoas, poeiras, para evitar contaminações por via respiratória, complicações nos pulmões e doenças decorrentes de produtos químicos. Em casos de emergência deverão ser utilizadas máscaras especiais. Na construção civil a poeira é a grande dificuldade no local de trabalho assim prejudicando a respiração do funcionário, outra dificuldade é na utilização de serra mármore para cortar paredes que gera uma névoa de pó, com isso é necessário a utilização desta proteção para evitar doenças respiratórias e no momento do trabalho proporcionar um conforto ao funcionário. (Figuras 10, 11 e 12). Figura 10: Respirador purificador de ar (descartável) Fonte: http://www.ggkitborrachas.com.br/produtos/mascara-respiratoria-respirador-descartavel- valvulada-semi-facial.php Figura 11: Respirador purificador de ar (com filtro) Fonte: https://www.google.com.br/search?q=Respirador+purificador+de+ar+(com+filtro)&rlz=1C1CHBD_pt- PTBR776BR776&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiDy_7M8ZDbAhXEhJAKHeOKDYsQ_AUI CigB&biw=1366&bih=662#imgrc=FolIxyjPUf8mfM: Figura 12: Respirador purificador de ar com filtro (descartável) Fonte: https://www.google.com.br/search?q=Respirador+purificador+de+ar+com+filtro Luvas de proteção: As luvas de proteção são utilizadas para proteção mecânica, e contra produtos abrasivos, escoriantes e rebarbas. Para cada tipo de luva há uma utilização correta, como para a construção civil as mais utilizadas são as luvas de raspa para o transporte de argamassa nos carrinhos, as luvas de látex mais usadas para proteger as mãos de agentes químicos como o cimento que pode ocorrer várias irritações na pele. Para que várias doenças não ocorram com o funcionário é necessário a utilização desta proteção para cada tipo de serviço. (Figuras 13, 14, 15, 16 e 17, 18). Figura 13: Luva de proteção tipo vaqueta Fonte: https://www.episonline.com.br/produto/luva-de-vaqueta-mista-m-forte-74948 Figura 14: Luva de proteção de algodão com pigmentação Fonte: https://www.lojasksi.com.br/luva-de-algodao-4-fios-com-pigmento-ca-37500 Figura 15: Luva de proteção emborrachada Fonte: http://www.protefix.com.br/home/produto/equipamentos-protecao/luvas/luva-malha- emborrachada-tricomax-31872.html Figura 16: Luva de proteção látex Fonte: https://www.safetytrab.com.br/produto/luva-de-seguranca-protecao-latex-sanro-plus/ Figura 17: Luva de proteção de PVC cano longo Fonte: http://www.torraoequipamentos.com.br/product/product&product_id=195 Figura 18: Luva de proteção de raspa Fonte: https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-714283085-luva-de-raspa-punho-longo-seguranca- trabalho-pesado-soldador-_JM Cinto de segurança: Cinto de segurança é utilizado para proteção do empregado contra quedas em serviços onde exista diferença de nível. Na indústria da construção civil é muito utilizado já que os serviços em altura são muito freqüentes na utilização de andaimes, na construção de telhados, etc. Os cuidados a serem tomados pelo funcionário é a sua correta utilização, pois quando utilizado desajustado na queda pode ocorrer um acidente. Devem-se verificar todas as cordas de segurança para que o funcionário fique bem seguro na altura. A utilização do dispositivo trava – queda é importante, pois impede que o funcionário na queda possa chegar ao chão, assim travando o funcionário e fazendo com que ele fique preso no local. (Figuras 19 e 20). Figura 19: Cinturão de segurança tipo pára-quedista Fonte: https://www.superepi.com.br/cinto-para-trabalho-em-altura-tipo-paraquedista-mult-1884b-ca- 19734-p688/ Figura 20: Dispositivo trava-queda Fonte: https://www.bergo.com.br/produtos/detalhes/trava-quedas-pcorda-12mm-athenas-aco-carbono Calçados de segurança: Um dos poucos equipamentos de proteção mais comum na utilização de todas as empresas, principalmente na construção civil, mas ainda há algumas empresas que ignoram essa utilização. Um equipamento de segurança utilizado para a proteção dos pés, dedos e pernas contra cortes, perfurações, escoriações, queda de objetos, calor, frio, penetração de objetos, umidade, produtos químicos. No mercado tem diversos tipos de calçados de segurança. (Figuras 21, 22 e 23). Figura 21: Botina em couro com elástico Fonte: https://www.protcap.com.br/produtos/calcado/calcados-couro/botina-em-couro-com-elasticoFigura 22: Botina em couro Fonte: http://epibor.com.br/?product=botina-de-couro-c-solado-de-pu-e-bico-de-aco Figura 23: Bota de borracha (cano longo) Fonte: https://www.fg.com.br/bota-borracha-cano-curto-sete-leguas-sem-forro-preta/p A relação abaixo (fonte: PCMat / José Carlos de Arruda Sampaio) mostra, para as funções que os empregados executam na obra, quais os EPIs indicados: o Administração em geral - calçado de segurança; o Almoxarife - luva de raspa; o Armador - óculos de segurança contra impacto, avental de raspa, mangote de raspa, luva de raspa, calçado de segurança; o Azulejista - óculos de segurança contra impacto, luva de PVC ou látex; o Carpinteiro - óculos de segurança contra impacto, protetor facial, avental de raspa, luva de raspa, calçado de segurança; o Carpinteiro (serra) - máscara descartável, protetor facial, avental de raspa, calçado de segurança; o Eletricista - óculos de segurança contra impacto, luva de borracha para eletricista, calçado de segurança, cinturão de segurança para eletricista; o Encanador - óculos de segurança contra impacto, luva de PVC ou látex, calçado de segurança; o Equipe de concretagem - luva de raspa, calçado de segurança; o Equipe de montagem (grua torre, guincho, montagens) - óculos de segurança - ampla visão, máscara semifacial, protetor facial, avental de PVC, luva de PVC ou látex, calçado de segurança; o Operador de betoneira - óculos de segurança - ampla visão, máscara semifacial, protetor facial, avental de PVC, luva de PVC ou látex, calçado de segurança; o Operador de compactador - luva de raspa, calçado de segurança; o Operador de empilhadeira - calçado de segurança, colete refletivo; o Operador de guincho - luva de raspa, calçado de segurança; o Operador de máquinas móveis e equipamentos - luva de raspa, calçado de segurança; o Operador de martelete - óculos de segurança contra impacto, máscara semifacial, máscara descartável, avental de raspa, luva de raspa, calçado de segurança; o Operador de policorte - máscara semifacial, protetor facial, avental de raspa, luva de raspa, calçado de segurança; o Pastilheiro - óculos de segurança - ampla visão, luva de PVC ou látex, calçado de segurança; o Pedreiro - óculos de segurança contra impacto, luva de raspa, luva de PVC ou látex, botas impermeáveis, calçado de segurança; o Pintor - óculos de segurança - ampla visão, máscara semifacial, máscara descartável, avental de PVC, luva de PVC ou látex, calçado de segurança; o Poceiro - óculos de segurança - ampla visão, luva de raspa, luva de PVC ou látex, botas impermeáveis, calçado de segurança; o Servente em geral - calçado de segurança (deve sempre utilizar os equipamentos correspondentes aos da sua equipe de trabalho) o Soldador - óculos para serviços de soldagem, máscara para soldador, escudo para soldador, máscara semifacial, protetor facial, avental de raspa, mangote de raspa, luva de raspa, perneira de raspa, calçado de segurança; o Vigia - colete refletivo. Observações: o o capacete é obrigatório para todas as funções; o a máscara panorâmica deve ser utilizada pelos trabalhadores cuja função apresentar necessidade de proteção facial e respiratória, em atividades especiais; o o protetor auricular é obrigatório a qualquer função quando exposta a níveis de ruído acima dos limites de tolerância da NR 15; o a capa impermeável deve ser utilizada pelos trabalhadores cuja função requeira exposição a garoas e chuvas; o o cinturão de segurança tipo pára-quedista deve ser utilizado pelos trabalhadores cuja função obrigue a trabalhos acima de 2 m de altura; o o cinto de segurança limitador de espaço deve ser utilizado pelos trabalhadores cuja função exigir trabalho em beiradas de lajes, valas etc. 2.3.2 Utilização dos EPI’s e o consequente aumento na produtividade Sendo o EPI uma ferramenta que proporciona maior segurança e proteção ao funcionário no desempenho de suas funções, é fato inconteste de que ele – o EPI – colabora para o aumento da produtividade. E dentro do contexto produtividade não se pode esquecer a utilização do EPI como ferramenta importante na alavancagem da produtividade da empresa. (SEBRAE, 2008). O projeto "Saúde e Segurança no Trabalho", desenvolvido em parceria pelo SEBRAE e SESI para Micro e Pequenas Empresas, prepara as empresas para uma cultura voltada à segurança do trabalhador, mostrando que a utilização do EPI é fundamental para a proteção e segurança, e que sua utilização ou não se reflete na produtividade da empresa. Ainda alertaram em seu projeto que todos os acidentes de trabalho podem ser evitados se forem tomadas medidas de prevenção e segurança. O SESI e o SEBRAE elaboraram uma cartilha contendo algumas dicas de prevenção de acidentes e doenças no trabalho, afirmando que, os acidentes de trabalho ocasionam grande impacto na produtividade e economia das empresas. Conclui-se, portanto, que o aumento da produtividade está diretamente vinculado à utilização do EPI. (SEBRAE, 2008). 2.4 A PREVENÇÃO DE ACIDENTES Devido ao grande número de atividades envolvidas num canteiro de obras na construção civil, diferentemente da maioria dos demais segmentos econômicos, uma obra de construção civil tem a seu desfavor o baixo índice de repetitividade de operações ou rotinas (cada obra é uma operação quase inteiramente nova). Num trabalho que tenha em sua base de execução a repetitividade esta facilita o treinamento e a prevenção de acidentes. Para construção civil que representa um caso extraordinário, quer dizer, não segue o comum, ordinário nas suas rotinas deve-se buscar a prevenção de acidentes, com medidas, seja por meio de eliminação das condições inseguras do ambiente, por instrução ou convencimento da importância da implantação de medidas preventivas. Bley (2006) define prevenir como: Processo e não um produto, um objeto acabado e palpável. É um processo à medida que é composto por cadeias de comportamentos dos profissionais que ao final produzem como resultado, que é no caso da segurança no trabalho, a baixa probabilidade de ocorrer acidentes após a execução de uma atividade. (BLEY, 2006, p.12). De acordo com Oliveira & Pilon (2003), do ponto de vista da prevencionista o EPI não evita acidentes, mas apenas evitam a ocorrência de lesão ou atenuam sua gravidade, protegendo o corpo e organismo contra os efeitos de substâncias químicas (tóxicas, alérgicas, dentre outras) que possam determinar doenças ocupacionais. Isto significa que, o EPI é, na realidade, um instrumento de uso pessoal, cuja finalidade é neutralizar a ação de certos acidentes que poderiam causar lesões ao trabalhador, e protegê-lo contra possíveis danos a saúde, causados pelas condições de trabalho. Em nível nacional a construção civil responde por 25% dos acidentes, e dessa soma as pessoas do sexo masculino participaram com 77,1% e as pessoas do sexo feminino 22,9% nos acidentes típicos; e a faixa de maior incidência foi a de 30 a 39 anos, com 32,3% do total de acidentes registrados, inclusive os mais graves, mas por vários motivos as estatísticas de acidentes de trabalho no Brasil são poucos confiáveis, pela falta de registro da ocorrência de acidentes, muitos dos trabalhadores não têm carteira assinada, e o problema da burocracia que envolve esse processo. O setor durante muito tempo foi destaque em número de acidentes e 32 mortes do trabalho no Brasil, desde 1995, com a revisão da NR-18, empresários, trabalhadores e governo se empenham em reverter o quadro, buscando resultados positivos. Para tanto, percebe-se a necessidade ea fundamentação da qualidade total e da organização dos canteiros de obra, onde se consiga reduzir os números e as estatísticas atuais. (BRASIL, 2002). Atualmente para uma obra ser considerada segura é necessária a expedição de alvará de construção o qual deve ser emitido pela prefeitura local, que foi fiscalizada e liberada pela Delegacia Regional do Trabalho e pelo CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura), e tem responsável técnico permanentemente no local e municia o canteiro das obras com equipamentos aprovados pelas normas de segurança (Cimento Itambé, 2009). De acordo com Diniz (2002) construtora e engenheiros ligados à área da construção civil confirmam em artigos e outras publicações, que o uso de ferramentas para prevenção dos acidentes de trabalho fazem com que os operários sintam-se mais seguros, o que resulta em maior rendimento nas obras, demonstrando assim a importância e necessidade do uso de EPIS na prevenção do acidente de trabalho. 2.4.1 Conscientizações dos funcionários da obra Com o objetivo de minimizar e/ou eliminar os problemas identificados nas fases de desenvolvimento das atividades na construção civil, se faz necessário a identificação dos riscos, tendo como objetivo o aperfeiçoamento do comportamento humano, ambiental e de processos, numa tentativa de prevenir os acidentes o que resultará no aumento da produtividade. Existem vários métodos de identificação dos riscos voltados para a construção civil, os quais analisam cada fase da construção em estudo, atividades de demolição, escavação, fundação, o próprio canteiro de obras, trabalho em concreto armado, entre outros. (ZOCCHIO, 1996) O índice de aceitação da proteção individual é, sem dúvida, um forte indica- dor da maturidade de uma gestão prevencionista principalmente porque demonstra de alguma forma que existe naquele local um nível mais alto de conscientização quanto às práticas necessárias para a prevenção de lesões e doenças ocupacionais. (COSMO PALÁSIO DE MORAES JR, 2007). É necessário e importante proporcionar bem-estar e segurança aos trabalhadores. A ausência, na maioria das vezes, de um trabalho educativo intensifica esse problema, uma vez que impossibilita o conhecimento dos operários dos riscos a que estão se expondo e das consequências de tal exposição a curto e longo prazo. Isso não é novidade, uma vez que também é pertinente ao caráter funcional da concepção de um EPI, que ao ser capaz de neutralizar possíveis condições insalubres do ambiente de trabalho, deve, no entanto, não interferir no desenvolvimento das tarefas laborais do operário (MEDEIROS, 2010). Segundo Leal (1999), é preciso conscientizar o trabalhador dos danos que podem ocorrer no trabalho sem proteção. O operário às vezes desconhece os riscos e doenças dermatológicas proporcionadas por exposição ao concreto ou não perceber que o cinturão, apesar de incomodar, pode salvar a vida dele. As doenças do trabalho são entendidas como doenças adquiridas ou desencadeadas em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relaciona diretamente. Assim como os acidentes são paradigmas que, hoje, a construção civil enfrenta e luta para conscientizar o empresariado e os profissionais sobre a importância da questão. (GOMES, 2009). 2.5 RESISTÊNCIA DOS OPERÁRIOS NA UTLIZAÇÃO DO EPI’S No âmbito de trabalho de um canteiro de obras, temos vários fatores que levam os colaboradores a estarem deixando de lado o uso correto dos equipamentos de proteção individual. São problemáticas que indiretamente acabam interferindo no processo de produção dos colaboradores. No cotidiano de uma obra, são inúmeras atividades com movimentação de materiais de um lado para outro e de sobe e desce. Segundo um estudo feito por (PELLOSO e ZANDONADI,2012) existem vários motivos para os colaboradores não fazerem o uso dos (EPI), mas tem dois problemas que são unanimidade dentre o estudo. Segundo relatos de pessoas entrevistadas por (PELLOSO e ZANDONADI, 2012), teve grande ênfase a questão da ergonomia e da informação do uso correto dos equipamentos de proteção individual. No caso da ergonomia o incômodo e o desconforto durante a execução dos trabalhos são as principais queixas de quem está fazendo o uso. Mas não são só esses fatores, tem vários outros, como o desconforto na cabeça quando usando o capacete de segurança ou pisar e se enrolar em cabos e cordas do cinto de segurança que limitam os movimentos durante o trabalho em altura. Com estas respostas, pode-se constatar que a falta de informação, a falta de conscientização sobre segurança e a ergonomia do equipamento de proteção são os principais motivos da resistência ao uso adequado do EPI e que ocasionam a retirada do mesmo em algum momento do trabalho. Este ato inseguro pode causar acidentes, graves ou não, porém acidentes que geram transtornos a todos (PELLOSO e ZANDONADI, 2012). 3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAMISASSA, Mara Queiroga. Segurança e Saúde no trabalho, NRs 1 a 36 Comentadas e Descomplicadas. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método: 2015. CATTANI, A., 2001. Recursos informáticos e telemáticos como suporte para a formação e qualificação de trabalhadores na construção civil. Porto Alegre, RS. 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