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Ludmila AmitranoMannarino Página 17 Fisiologia do Sistema Nervoso O sistema nervoso (SN) é formado por um conjunto de células especializadas em gerar e transmitir informações entre si e para as células musculares e glândulas, sendo o principal integrador das funções corporais. Vejamos como isso funciona... O SN é dividido anatomicamente em duas partes, o sistema nervoso central (SNC), constituído pelo encéfalo e pela medula espinhal, sendo responsável por processar as informações relativas ao ambiente interno e externo do nosso corpo, por tomar decisões, gerar os comandos para serem executados pelos órgãos efetores (músculos e glândulas) e por ser o local de armazenamento das informações, do aprendizado, dos pensamentos, das emoções e de muitas outras funções. A outra parte é o sistema nervoso periférico (SNP), seguimento responsável por fazer a integração entre o SNC e todos os órgãos do nosso corpo. Quando o SNC recebe as informações e determina comandos, tem como função manter o organismo adaptado aos estímulos, garantindo dessa forma a homeostasia. Ludmila AmitranoMannarino Página 18 Células do sistema nervoso O tecido nervoso é formado principalmente por dois tipos de células, as nervosas (denominadas de neurônios), que são a unidade funcional desse sistema e as células da glia (células gliais ou neuroglias), responsáveis por funções metabólicas, nutritivas e de suporte, que correspondem a cerca de 75 a 90% do total de células do sistema nervoso. Sendo as neuroglias mais numerosas que os neurônios, apesar de não serem excitáveis, são fundamentais para manter o ambiente apropriado para o funcionamento neural. Atualmente são reconhecidas no SNC os astrócitos, os oligodendrócitos, as micróglias e as células ependimais, e no SNP, as células de Schwann Oligodendrócitos e células de Schwann são responsáveis pela formação da bainha de mielina que envolve o axônio dos neurônios do SNC e do SNP, respectivamente. Os astrócitos, que são as neuróglias mais numerosas, exercem funções diversas das quais podemos destacar a participação na formação da barreira hematoencefálica (protege o SNC contra substâncias presentes no sangue que podem ser nocivas); a manutenção da concentração de potássio extracelular (permitindo a excitabilidade neuronal); a remoção de neurotransmissores da fenda sináptica; a síntese e fornecimento de substratos para os neurônios utilizarem, como o lactato (para ser utilizado como fonte energética); além de guiarem os prolongamentos do axônio na organização do tecido nervoso. As micróglias realizam fagocitose de restos celulares e de corpos estranhos (como bactérias) e também protegem os neurônios do estresse oxidativo. Apenas a função das células ependimais ainda não foi reconhecida. O nosso sistema nervoso possui quase 100 bilhões de neurônios, que são células excitáveis e liberam mediadores químicos (neurotransmissores) que permitem que haja uma comunicação entre si e entre eles e os órgãos efetores. Estruturalmente esta célula é formada pelo corpo celular nucleado, que é responsável pelas funções metabólicas e de onde partem prolongamentos que são os dendritos (dispersos e numerosos) que recebem os estímulos, sendo que também podem ocorrer no corpo celular e no axônio, e o axônio (ou fibra nervosa) que apesar de único, possui uma ramificação onde a substância neurotransmissora fica armazenada em vesículas, sendo, portanto, a estrutura responsável em transmitir a informação para célula seguinte, por meio de sinapse. O axônio pode ser revestido pela bainha de mielina (mielínico) ou não (amielínico). A mielina é um isolante, onde potenciais de ação não podem ser gerados nem conduzidos, mas como ela é descontínua, o potencial de ação "salta" através dos nódulos de Ranvier (local do axônio entre duas junções de mielina), permitindo acelerar a velocidade da transmissão do impulso nervoso em até 10 vezes, essa é a condução saltatória da corrente elétrica. Nos axônios mielinizados ou não, a condução do potencial de ação que ocorre no sentido do axônio (ortodrômica), é a responsável pela passagem de informação, tendo em vista ser esse o local que possui o neurotransmissor. Transmissão sináptica Sinapse é o local de passagem de informação entre um neurônio e outro ou entre ele e uma célula muscular ou glandular, sendo de dois tipos: a sinapse elétrica e a química. Nas sinapses elétricas o potencial de ação é passado de uma célula para outra pelas junções comunicantes, e ocorre com pouca frequência no SN, além de que pouco se sabe a respeito de seu Ludmila AmitranoMannarino Página 19 funcionamento e sua função neste tecido. Por outro lado, as sinapses químicas é que predominam, sendo elas responsáveis pela modulação na passagem de informação entre neurônios. Nesse tipo de sinapse as células não se tocam, havendo entre elas um espaço denominado fenda sináptica, onde a substância neurotransmissora é liberada pelo neurônio pré- sináptico para atuar no receptor da célula pós-sináptica. Cada neurônio sintetiza apenas um tipo de neurotransmissor, que fica armazenado nas vesículas, assim o potencial de ação que se propaga no sentido do axônio permitirá a entrada do cálcio após a do sódio, fazendo com que ocorra a exocitose do neurotransmissor. Após a liberação deste na fenda sináptica, ele irá interagir de forma reversível com o receptor pós-sináptico, e posteriormente será degradado por enzimas específicas. Seus subprodutos difundem-se para fora da fenda juntamente com os neurotransmissores que não foram degradados, ou estes são recaptados para serem degradados e utilizados para ressíntese, no próprio neurônio. Cada célula pós-sináptica possui receptores que são específicos para cada neurotransmissor, e a interação entre eles resultará em um tipo de potencial pós-sináptico. Se o resultado dessa interação abrir os canais de sódio, despolarizando a membrana, promoverá um potencial de ação na célula, e é denominado potencial pós-sináptico excitatório (PPSE). Porém se forem abertos os canais de cloro e até mesmo apenas os de potássio, haverá uma hiperpolarização da membrana, que impede ou torna mais difícil a geração de um potencial excitatório, sendo esse o potencial pós-sináptico inibitório (PPSI). Nos arranjos sinápticos divergentes ocorre a passagem de informação de um único neurônio para vários outros neurônios, permitindo a amplificação da informação. Nas sinapses convergentes, um neurônio recebe informação de terminais axônicos de vários neurônios, que podem estar transmitindo PPSE ou PPSI, e a somação desses potenciais determina qual resposta pós-sináptica irá ocorrer. A somação pode ser temporal, quando gerados de uma única sinapse, ou Ludmila AmitranoMannarino Página 20 espacial, quando ocorrem de sinapses diferentes. A somação é fundamental para que o limiar excitatório da célula seja atingido, pois de acordo com a lei do tudo ou nada, o estímulo tem que ser suficiente para que o potencial de ação ocorra e se propague pela fibra nervosa, e uma vez conseguida a resposta de despolarização, ela será igual, mesmo que aumente a frequência ou a intensidade do estímulo. Divisão funcional do SN - princípios gerais Nosso estudo será baseado na anatomia e no funcionamento do sistema nervoso, procurando focar principalmente a divisão funcional. Abaixo, seguem tabelas ilustrativas das duas divisões didáticas Tabela 2.1- Divisão Anatômica do SN SN SNC Encéfalo Cérebro Cerebelo T. encefálico Mesencéfalo Ponte Bulbo Medula espinhal SNP Nervos Espinhais Cranianos Gânglios Terminações nervosas Tabela 2.2 - Divisão funcional do SN SN SN Somático (Voluntário) Aferente Eferente (somático) SN Visceral (Involuntário)Aferente Eferente (autônomo) Simpático Parassimpático Ludmila AmitranoMannarino Página 21 Os nervos são estruturas formadas por fibras nervosas (axônios), que podem ser de neurônios aferentes ou sensitivos (quando trazem a informação para o sistema nervoso central); e eferentes ou motoras (quando levam a informação para o órgão efetor), desta maneira formam os nervos sensitivos (apenas fibras sensitivas), os motores (apenas fibras motoras) e os mistos (fibras sensitivas e motoras). No SNC existem ainda os interneurônios ou de neurônios associação, que são responsáveis em integrar diferentes partes e seguimentos do SNC, e estão em maior número. Em relação ao seu corpo. Qual é o único seguimento que podemos movimentar de forma voluntária? Certamente é o músculo esquelético. Não temos controle consciente do funcionamento do nosso coração, da transpiração, dos vasos sanguíneos, nem mesmo dos movimentos peristálticos do trato digestório. Portanto, o sistema nervoso somático é segmento relacionado às respostas voluntárias, conscientes, que realizamos com os nossos músculos esqueléticos; já o visceral, também chamado de autônomo, é responsável pelas respostas involuntárias, ou seja, que ocorrem independente da nossa consciência, e está relacionado ao funcionamento dos músculos lisos, cardíaco e das glândulas. Divisão funcional do SN - vias aferentes (sensitivas) O trabalho do SNC é baseado nas informações recebidas pela via sensorial (aferente), sendo os receptores a estrutura responsável por captar as variações do meio em que se encontram (seja no ambiente interno ou externo do nosso corpo), e quando são ativados eles transformam o estímulo em potenciais de ação no neurônio sensitivo, que irá conduzir a informação para centros nervosos (regiões específicas do SNC) onde serão processadas e integradas, resultando nas sensações que poderão promover respostas eferentes, sejam elas somáticas ou viscerais. Os receptores apresentam especificidade quanto ao tipo de estímulo que é capaz de ativa-los. Observe a tabela abaixo que mostra a classificação, o estímulo, e as sensações envolvidas. Tabela 2.3 - classificação dos receptores - especificidade Classificação Estímulo Sensação Mecanorreceptores Deformação mecânica Tato cutâneo, audição, equilíbrio e pressão arterial Termorreceptores Variação de temperatura Frio e calor Nociceptores Fortes estímulos Dor Eletromagnéticos (fotossensíveis) Variação de ondas luminosas Visão Quimiorreceptores Substâncias químicas Olfato, paladar, concentração dos gases no sangue, osmolaridade, concentração de glicose... Ludmila AmitranoMannarino Página 22 Outra classificação está relacionada com a via sensitiva que o receptor participa. Proprioceptores: localizados nos músculos, ligamentos, capsulas articulares e tendões. Participam da via proprioceptiva que pode ser consciente ou inconsciente. A consciente é capaz de localizar as partes do nosso corpo e perceber os movimentos que fazemos sem o auxílio da visão. A inconsciente informa ao SNC o grau de distensão muscular e articular para que os movimentos musculares esqueléticos possam ser ajustados. Interoceptores: localizados em vísceras e vasos sanguíneos. Estão envolvidos na interocepção, que também pode ser consciente ou não. As sensações conscientes viscerais são as de dor, que podem ser causadas por deficiência sanguínea ou distensão, por exemplo; e as sensações orgânicas, como as do apetite, da sede e da repleção de bexiga, sendo assim responsáveis para indicar uma necessidade orgânica para que possamos satisfazê-la, como nos alimentarmos, bebermos água, eliminarmos a urina e assim por diante. Já as inconscientes como as relacionadas com a percepção da osmolaridade, pressão arterial, composição de gases respiratórios e pH, são utilizadas para ajustar os sistemas orgânicos, garantindo a homeostasia. Exteroceptores: localizados na superfície do corpo e estão relacionados com a exterocepção, ou seja, com as sensações conscientes de temperatura, luminosidade, som, dor, olfato, paladar, entre outras. As percepções visuais, auditivas, gustativa, olfativas, táteis e de dor ocorrem baseadas nas estimulações de receptores específicos, que pela via aferente conduzem as informações para os respectivos centros nervosos, onde são interpretadas e associadas a outras informações. O seguimento aferente somático é responsável por conduzir principalmente informações proprioceptivas que permitem a integração do organismo com o meio ambiente, cujas respostas eferentes são realizadas pelos movimentos musculares esqueléticos, que ocorrem de forma voluntária, por meio de movimentos precisos. O aferente autônomo está relacionado a informações que permitem os ajustes viscerais independentes de nossa vontade, controlando o funcionamento do músculo cardíaco, liso e glândulas, sendo o sistema da vida vegetativa ou autonômica. A sua porção eferente é dividida em respostas simpáticas e parassimpáticas. Divisão funcional do SN - vias eferentes (motoras) - autônoma e somática O segmento motor somático está relacionado ao controle voluntário que é possível ocorrer nos músculos esqueléticos. Os neurônios motores somáticos têm origem no SNC e levam a informação diretamente para cada fibra muscular esquelética, assim cada neurônio é responsável pela contração de um número determinado de fibras, e esse conjunto formado pelo neurônio motor e as fibras que ele inerva é chamado de unidade motora. Quando o neurônio é ativado resulta na liberação do neurotransmissor acetilcolina na placa motora, região da fibra muscular onde estão localizados os receptores para a acetilcolina, que são específicos para ela, os receptores colinérgicos nicotínicos. Na sinapse da junção neuromuscular (entre o terminal sináptico e a placa motora), o potencial pós-sináptico é sempre excitatório, isso quer dizer que a interação da acetilcolina no receptor nicotínico irá gerar na fibra muscular um potencial de ação, que conduzirá os eventos que resultarão na contração muscular. É na junção mioneural que ocorre a degradação da acetilcolina pela enzima acetilcolinesterase. Ludmila AmitranoMannarino Página 23 Os órgãos efetores de respostas autônomas são inervados, na maioria das vezes, pelas duas divisões, simpática e parassimpática. Essa dupla inervação permite o controle do funcionamento do órgão efetor, onde uma predomina sobre a outra, dependendo da situação. O parassimpático é mais ativo nas situações de repouso, digestão e micção, e o simpático durante as atividades físicas e estados emocionais. Na maioria das vezes os efeitos são antagônicos, mas em alguns sistemas trabalham de forma sinérgica (um ajudando o outro), como na produção de saliva e no ato sexual masculino (parassimpático promove a ereção e o simpático a ejaculação) e sempre com o mesmo objetivo que é a manutenção da homeostasia. Alguns sistemas podem receber apenas um tipo de inervação, como o vascular. Cada via eferente autônoma é formada por dois neurônios que fazem sinapse fora do SNC, em gânglios nervosos, os simpáticos localizam-se próximos à coluna vertebral, e os parassimpáticos próximo ou no próprio órgão efetor. O primeiro neurônio (pré-ganglionar) nas duas vias tem origem no SNC (em regiões diferentes) e libera o neurotransmissor acetilcolina na fenda sináptica ganglionar, que irá interagir no receptor colinérgico nicotínico presente no segundo neurônio (pós- ganglionar), e esse por sua vez faz sinapse com o órgão efetor (músculo cardíaco, liso e glândulas), sendo que o neurotransmissor liberado depende da via que o neurônio pertence. Os neurotransmissores da via simpática são a adrenalina e a noradrenalina, que interagem em receptores adrenérgicos do tipoα e β, dependendo do tecido. A via parassimpática libera acetilcolina, sendo o receptor colinérgico muscarínico. Ludmila AmitranoMannarino Página 24 As respostas da via simpática e parassimpática estão relacionadas a funções vegetativas (autônomas) para manutenção da homeostasia, sendo que o seguimento simpático é capaz de promover uma resposta generalizada, denominada reação de alarme em situações de estresse, emocionais e atividade física. Essa resposta só é possível, pois a via simpática estimula a região medular da glândula suprarrenal (adrenal) a liberar a adrenalina direto na corrente sanguínea, esta, por sua vez, será distribuída por todo o nosso corpo, interagindo em todos os receptores adrenérgicos. A via simpática também é chamada de sistema de luta e fuga, resultando de forma geral no aumento da pressão sanguínea, do metabolismo celular e da glicose. Tentem imaginar uma pessoa fugindo de uma situação de perigo... agora vamos associar à resposta generalizada da reação de alarme: Vasoconstrição cutânea → palidez. Vasodilatação muscular → mais sangue para os músculos, pois eles irão desenvolver a atividade de fuga. Aumento da frequência cardíaca → maior volume de sangue circulando para atender a demanda corporal. Dilatação da árvore traqueobrônquica → maior ventilação pulmonar, com melhor oxigenação do sangue. Diminuição do peristaltismo intestinal, relaxamento do músculo da bexiga e contração dos esfíncteres uretral e retal internos → evita a eliminação de fezes e urina. Piloereção → arrepiar como um gato assustado! Sudorese → com suor frio nas extremidades. Dilatação da pupila e acomodação da visão à distância → melhora a percepção visual. As respostas vegetativas, simpática e parassimpática, estão esquematizadas a seguir. Ludmila AmitranoMannarino Página 25 Função integrada do SN - atos reflexos As respostas realizadas pela via eferente motora e autônoma (principalmente) podem ocorrer por mecanismos reflexos. Um ato reflexo significa uma resposta automática e ou inconsciente realizada por um órgão efetor mediante um estímulo, e eles podem ser organizados em categorias, como: Encefálicos ou medulares, de acordo com a origem. Somáticos ou autônomos, de acordo com a via eferente envolvida. Inatos (nascem conosco) ou condicionados (temos que aprender). Monossinápticos (dois neurônios e uma sinapse) ou polissinápticos (mais de dois neurônios e várias sinapses). Agora iremos descrever alguns reflexos, lembrando que eles são agrupados em todas as categorias acima descritas. 1. Reflexo de estiramento. É a contração involuntária de um músculo após seu estiramento. Pode ser exemplificado pelo reflexo patelar, que ocorre com a percussão no tendão patelar, que resulta na contração do músculo quadríceps femoral. É o único monossináptico conhecido no homem, sendo denominado de arco reflexo, sendo inato, somático e de origem medular. 2. Reflexo de estiramento inverso. É o relaxamento involuntário de um músculo esquelético quando seu estiramento é muito intenso, sendo uma forma de proteção para evitar lesões no tendão ou no músculo que está sendo contraído. Acontece quando pegamos um objeto mais pesado do que nossa capacidade de força, assim suportamos por um período, depois a força cessa repentinamente e largamos o objeto. Pode ser enquadrado na mesma categoria anterior, exceto por ser bissináptico. 3. Reflexo de retirada. É a contração que ocorre simultaneamente ao relaxamento de músculos esqueléticos flexores e extensores, respectivamente, na tentativa de afastar um segmento do corpo do local de um estímulo nocivo ou doloroso. É o que fazemos quando pisamos em um prego ou encostamos a mão em uma superfície quente. Também pode ser enquadrada na mesma categoria dos anteriores, exceto por ser polissináptico, o que nos permite tomar consciência da dor. 4. Reflexo pupilar. É a constrição da pupila com o estímulo luminoso. Este reflexo é inato, encefálico, autônomo e polissináptico. Ludmila AmitranoMannarino Página 26 5. Reflexo visceral. É a resposta de uma via autônoma mediante estímulo, como acontece com a produção de saliva quando pensamos em um alimento ou sentimos seu cheiro. Ele é encefálico, autônomo, polissináptico e condicionado, pois a salivação está relaciona a alimentos que gostamos. Existem os inatos, que estão relacionados ao controle da frequência cárdica, por exemplo. Função integrada do SN - coordenação dos movimentos Cada movimento que executamos envolve uma série de eventos aferentes, eferentes e integrativos entre regiões encefálicas. O cerebelo é uma das estruturas fundamentais para a coordenação dos movimentos voluntários, pois recebe do córtex cerebral motor a intenção do movimento, das vias proprioceptivas o posicionamento do corpo, da visão o posicionamento espacial, além de outras informações, coordenando e uniformizando os movimentos para serem precisos, sejam eles suaves ou bruscos; rápidos ou lentos; fortes ou fracos. A regulação do equilíbrio e da postura corporal envolve tanto o cerebelo como o aparelho vestibular. Este segundo está situado no ouvido interno (labirinto) e é responsável por informar a movimentação e a posição da cabeça, que juntamente com informações proprioceptivas permite ao cerebelo coordenar as correções necessárias para manutenção correta da postura e do equilíbrio. Uma inflamação no labirinto (labirintite) conduz informações imprecisas para o cerebelo, dificultando o equilíbrio. Muitos dos movimentos voluntários não dependem de aprendizado, como os que permitem o choro, a sucção e a deglutição, porém outros necessitam de ser aprendidos, como andar, dançar, tocar um instrumento, alcançar um objeto. E depois de aprendidos são executados de forma automática, ou seja, fazemos sem ter necessidade de ficar "calculando" exatamente o que e como devemos nos movimentar. Função integrada do SN - regulação da temperatura corporal O controle da temperatura corporal é realizado por centros nervosos localizados no hipotálamo, o de perda de calor e o de promoção de calor, que atuam como termostato, ajustando a temperatura de acordo com necessidade, mantendo o interior do corpo na faixa de 37°C. Sendo assim, quando os termorreceptores, que estão distribuídos por todo o corpo, registram a variação da temperatura, os centros hipotalâmicos são informados, e irão promover respostas de ajuste. As variações registradas pelos termorreceptores da pele permitem que tomemos medidas apropriadas para evitarmos variações na temperatura interna, como vestir agasalhos quando sentimos frio. Já as variações registradas na temperatura interna, causada por fatores externos (frio ou calor intenso) ou internos (alteração metabólica, exercício físico, entre outros) requisitam interferência dos centros termorreguladores. A diminuição da temperatura interna ativa o centro de promoção de calor, promovendo respostas como: diminuição do fluxo sanguíneo para pele (evitando a perda de calor para o ambiente); tremores musculares (contrações musculares produzem calor); aumento do metabolismo celular (estimulado principalmente pelo hormônio da tireoide, que é um hormônio termogênico), aumento do apetite (obtenção de nutrientes para o metabolismo e geração de calor Ludmila AmitranoMannarino Página 27 pelo processo digestório) e piloereção (forma uma camada de ar entre o pelo e a pele, conservando calor). Por outro lado, se for registrado um aumento na temperatura interna, o centro de perda de calor irá aumentar o fluxo sanguíneo para pele, que junto com a sudorese favorece a perda de calor para o ambiente, o aumento da respiração (perda de calor pelo ar expirado), a diminuição do apetite e do metabolismo celular. Funçãointegrada do SN - regulação da alimentação A sensação de fome indica necessidade de nos alimentar, e é percebida pelo aumento das contrações gástricas (por isso sentimos fome no "estômago") e inquietação, que motiva a ingestão de alimentos, sendo diferente de apetite, que indica uma vontade específica do alimento a ser ingerido. Quando suprimos a necessidade do organismo de nutrientes (principalmente de glicose) ou quando ocorre a repleção gástrica (que é mais tardia), temos a sensação de saciedade. Essas sensações são controladas principalmente pelo hipotálamo, por mecanismos ainda não bem esclarecidos, e também são influenciadas por fatores ambientais e culturais. Estudos têm demonstrado a existência de dois centros nervosos envolvidos na regulação da ingestão de alimentos, o da fome e o da saciedade, onde o primeiro é sempre ativo, sendo inibido quando o segundo é ativado pela ingestão de alimentos. Uma das hipóteses de regulação seria a glicostática, que é baseada na existência de células sensíveis a glicose (glicostatos) no centro de saciedade. Quando a concentração de glicose nessas células está baixa, o centro para de inibir o da fome, e quando está elevada, o inibe, fazendo com que o indivíduo pare de comer. Existem hipóteses semelhantes relacionadas aos aminoácidos (aminostática) e de lipídios (lipostática). É reconhecido que as células adiposas secretam um hormônio chamado leptina, e quando ocorre um aumento do tecido adiposo a quantidade de leptina liberada também aumenta, estimulam o centro da saciedade, regulando em longo prazo, a ingestão de alimentos. Os centros hipotalâmicos também respondem a hormônios, como os da tireoide e as catecolaminas, que aumentam o metabolismo basal das células; a insulina e o glucagon, que regulam a glicemia (concentração de glicose no sangue); e a colecistocinina, hormônio produzido pelo intestino delgado (duodeno) que tem sua secreção aumentada na presença de gordura no alimento. Distúrbios relacionados aos controles da fome e saciedade são responsáveis pela obesidade e pela anorexia. Função integrada do SN - regulação da ingestão de água A sensação de sede é percebida como "secura na boca", indicando uma necessidade orgânica. O controle da ingestão de água é realizado pelo centro da sede (no hipotálamo), que pode ser ativado devido à variação da osmolaridade dos líquidos extracelulares, quando a perda de água é maior do que a obtenção ou por excesso de soluto, como o sódio, provocando a desidratação das células no centro da sede, na boca e no estômago, sendo percebida por osmorreceptores (receptores que percebem variação da osmolaridade); ou quando ocorre diminuição no volume desse líquido, o que envolve barorreceptores (receptores de pressão). Ludmila AmitranoMannarino Página 28 A informação é conduzida ao centro da sede, que promove a vontade de ingestão de água ao mesmo tempo em que desencadeia respostas orgânicas para retenção de líquidos, ou seja, que diminuem a diurese (formação de urina). Dessa forma o plasma e o meio intercelular são reequilibrados. Função integrada do SN - sono O sono consiste em uma necessidade orgânica justificada por diversas teorias, como as baseadas na função restauradora das atividades corporais e imunológica, na conservação de energia, no armazenamento de memórias e na organização de pensamentos. Independente da teoria é sabido que a privação do sono desencadeia confusão mental e distúrbios orgânicos e imunológicos. O estado de sono é definido como uma diminuição (mas não ausência) da atividade motora e de percepção quando comparado com o estado de vigília (quando estamos acordados). Existe uma alternância entre o estado de sono e de vigília, onde o tempo necessário de sono varia individualmente, sendo maior para bebês (mínimo de 17 horas) e menor para idosos (5 horas), e em média de 8 horas para adultos. Os adolescentes são menos alerta de manhã cedo e mais alerta durante a tarde e a noite. Apesar de não totalmente esclarecido como se estabelece o ciclo sono/vigília, já foi percebido a participação de alguns mediadores químicos em determinadas regiões encefálica envolvidas nesse processo, como a acetilcolina, noradrenalina, dopamina, histamina e atualmente o peptídeo orexina. Função integrada do SN - sistema límbico Esse sistema consiste em várias estruturas encefálicas, inclusive o tálamo e o hipotálamo, e é responsável pelas respostas emocionais, aprendizado, e memória. As emoções são desencadeadas por informações sensoriais e pela recordação, promovendo respostas orgânicas, como alterações na frequência cardíaca, na pressão sanguínea, no apetite e no sono, assim como motoras e hormonais. Elas também estão relacionadas com as motivações pessoais (impulsos que direcionam nossas ações), como as necessidades fisiológicas (fome, sede e sexo) ou compensatórias. A emoção que produz maior motivação é o prazer, pois o estado encefálico de euforia motiva a repetição do que desencadeou essa emoção. A aprendizagem é um processo contínuo, tem início na infância e consiste na aquisição de novas informações e habilidades (andar, falar, tocar instrumentos...). A conservação do que aprendemos consiste na memorização, inicialmente em curto prazo (duração de segundos ou minutos), que necessita ser consolidada para tornar-se de longo prazo (anos e até mesmo a vida toda). Estudos demonstram que a consolidação pode ocorrer pela associação da informação a outros eventos (músicas, cheiros, fotos...) ou pela repetição (varias leituras do mesmo assunto e treinamento). Consequentemente, o sistema límbico está relacionado à nossa personalidade e nossas lembranças, e é ele que faz "sermos exatamente como somos". Ludmila AmitranoMannarino Página 29 Exercícios 1. Na divisão funcional do sistema nervoso podemos afirmar que: a) As vias aferentes levam a informação para os órgãos efetores. b) A via eferente autônoma é dividida em simpático e parassimpático. c) O sistema nervoso somático e o autônomo são controlados de forma consciente. d) Os receptores são estruturas relacionadas às vias eferentes. 2. Quanto as vias aferente, é incorreto afirmar que: a) Os receptores relacionados às sensações apresentam especificações quanto ao estímulo que são capazes de perceber. b) A via proprioceptiva conduz informação consciente que permite reconhecer nossos movimentos sem olhar para as partes do corpo. c) Todas as informações conduzidas pela via interoceptiva são inconscientes, pois estão relacionadas as vísceras d) As informações geradas pelas vias aferentes são conduzidas a centros nervosos específicos 3. Quanto às vias eferentes é correto afirmar que: a) O órgão efetor da via somática é o músculo esquelético e da autônoma são os músculos lisos, cardíaco e as glândulas. b) O neurotransmissor da sinapse neuromuscular é a acetilcolina que pode causar potenciais excitatórios ou inibitórios. c) O neurotransmissor da sinapse autônoma com o órgão efetor é acetilcolina e o receptor nicotínico. d) A via autônoma possui o mesmo neurotransmissor no neurônio pós-ganglionar. 4. Dentre os reflexos abaixo, assinale a alternativa que indica o único que não é somático: a) Estiramento. b) Retirada. c) Pupilar. d) Estiramento inverso. 5. Considerando as diversas vias integrativas do sistema nervoso, assinale a alternativa que apresenta uma afirmativa incorreta: a) Na coordenação dos movimentos ocorre a participação do cerebelo como coordenador do movimento a ser executado. b) Os termorreceptores periféricos (da pele) motivam mudanças conscientes como vestir agasalhos, e os internos modificam as respostas geradas pelos centros termorreguladores do hipotálamo. c) O centro da fome só está inativo quando o da saciedadeo inibe. d) A sensação de secura na boca indica uma necessidade de repormos água, pois os termorreceptores indicam um aumento da osmolaridade no líquido extracelular. 6. O sistema responsável pela nossa personalidade e por sermos como somos é o sistema: a) Somático. b) Visceral. c) Hipotalâmico. d) Límbico. Ludmila AmitranoMannarino Página 30 Gabarito 1. B 2. C 3. A 4. C 5. D 6. D
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