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Interpretação de hemograma

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Thiago Prata – 2018.1- Propedêutica médica II Interpretação de hemograma 
INTERPRETAÇÃO DE HEMOGRAMA 
1.0- Medula óssea 
• É responsável pela produção de todas as células sanguíneas: hemácias, leucócitos e megacariócitos, 
que formarão as plaquetas. 
• Em um indivíduo normal, as células maduras são aquelas que devem se encontrar no plasma sanguíneo. 
No entanto, existem situações em que a medula começa a liberar células precursoras no sangue 
periférico, sendo um sinal de anormalidade da homeostasia. 
• Componentes da medula óssea: osso trabecular, medula óssea vermelha (produção das células 
sanguíneas) e medula óssea amarela (tecido gorduroso). 
• Localização da medula óssea vermelha: 
o Infância: quase todos os ossos; 
o Adolescência: representa um período de transição em que a medula óssea vermelha de alguns 
ossos começa a se transformar em medula óssea amarela. 
o Adultos: costelas, corpo das vértebras, nas partes esponjosas de ossos curtos e nas extremidades 
dos ossos longos nos membros superiores e inferiores, bem como no interior dos ossos do 
crânio (a díploe) e no esterno. 
• Mielograma ou função aspirativa: o material para o exame da medula óssea é retirado do esterno com 
o auxílio de uma agulha especial. Este pode ser realizado também na crista ilíaca e, em crianças de até 
6 meses, na tíbia. 
1.1- Composição da medula óssea 
• Estroma medular: microambiente que permite o crescimento e diferenciação das células. É composto 
por vasos capilares sinusoides, vasos maiores, fibras nervosas, fibras reticulares, fibroblastos, 
adipócitos, macrófagos, MEC, fatores de crescimento e citocinas. 
• Células hematopoiéticas. 
o Formas imaturas das hemácias: eritroblastos → reticulócitos; 
o Forma imatura dos leucócitos (monócitos, eosinófilos e neutrófilos): os neutrófilos imaturos 
são os bastões, já os maduros são os segmentados. 
o Megacariócitos → plaquetas. 
1.2- Funções das células diferenciadas 
• Eritrócitos: transporte de oxigênio; 
• Granulócitos: defesa contra agentes externos (principalmente bactérias). 
• Monócitos e macrófagos: defesa (fagocitose); 
• Linfócitos e plasmócitos (linfócitos B diferenciados): reconhecimento do agente no meio externo, 
agindo diretamente ou através de secreção de anticorpos. 
o Não é possível ver plasmócitos no hemograma porque eles se localizam na medula óssea. O 
hemograma é feito em sangue periférico. 
• Plaquetas: fator importante na resposta primária ao trauma vascular. Cuida da hemostasia primária. 
1.3- Proliferação e maturação das células na medula: uma renovação constante. 
• A proliferação e maturação constantes na medula óssea tem por objetivo suprir as perdas celulares e 
manter o número de células. 
• As células sanguíneas possuem uma vida média. Dessa forma, fármacos que agem na síntese dessas 
células terão ação total no momento em que houver uma renovação celular completa. Da mesma forma, 
quando houver a retirada do fármaco, será necessário haver uma renovação celular completa. 
• O AAS é um antiagregante plaquetário que age inibindo a enzima COX plaquetária 
• A vida média das células é: 
o Granulócitos: 6 – 8h; 
o Plaquetas: 8- 10 dias; 
o Eritrócitos: 100 dias; 
o Linfócitos: dias a anos. 
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2.0- Nomenclatura das alterações frequentes no hemograma 
• Leucocitose: aumento no número total de leucócitos. 
• Leucopenia: diminuição do número total de leucócitos. 
• Eritrocitose ou policitemia: aumento do número de hemácias no sangue. 
• Anemia: redução dos níveis de hemoglobina. 
 
• Plaquetopenia ou trombocitopenia: diminuição do número de plaquetas. 
• Trombocitose ou plaquetose: aumento do número de plaquetas. 
 
• Bicitopenia: diminuição em número de duas populações celulares. 
• Pancitopenia: diminuição em número das três populações celulares. 
• Desvio à esquerda: aumento do número de bastões acima de 5/mm³, ou presença de formas mais 
imaturas como mielócitos e metamielócitos. Quanto mais intenso o desvio, maior o aumento das 
formas imaturas, que aparecem em forma escalonada (bastões → metamielócito → mielócito → 
promielóctio). 
 
• Linfocitose: aumento do número de linfócitos. 
• Linfopenia: diminuição do número de linfócitos. 
 
• Neutropenia: é a diminuição do número de neutrófilos a valores abaixo de 1500/mm³ 
• Neutrofilia: é o aumento acima de 7000/mm³ de contagem de neutrófilos. 
• Eosinofilia: aumento da quantidade de eosinófilos acima de 500/mm³. 
• Monocitose: é definido como a contagem de monócitos acima de 800/uL 
• Basofilia: é definida por uma contagem de basófilos superior a 200/mm³. 
3.0- Eritropoese 
 
• Aumento de reticulócitos no hemograma – mecanismo de compensação da perda de sangue 
o Hemólise, hemorragia aguda... 
• Sangue 
o Hematócrito – é a porção celular do hemograma (hemácias). 
▪ Porção celular – 45% 
• celular – hematócrito (45%) – hemácias. (Na mulher é menos, principalmente 
na mulher que menstrua). 
▪ Porção acelular - 55% 
• acelular – plasma: água (92%) + proteínas (albumina, globulinas, fibrinogênio) 
sais e compostos orgânicos (lípides e ácidos graxos) (8%) 
OBS: Se o paciente tem uma desidratação, pode aumentar a concentração de 
hematócrito e mascarar uma anemia. 
o Volume sanguíneo. 
o Níveis e hematócrito quanto a diluição no plasma. 
Proeritroblasto ERITROBLASTO
POLICROMA
TÓFILO
OTOCROMÁ
TICO
RETICULÓCITO -
1 DIA
ERITRÓCITO
Síntese proteica Síntese proteica
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• Aumento do plasma: gestação e patologias → hemodiluição (pode parecer anemia ou aumentar a 
anemia). 
• Redução do plasma: desidratação → hemossedimentação, pode mascarar uma anemia, quando hidrata 
a anemia aparece. 
• Aumento o hematócrito: policitemia. 
o Aumento da produção de eritrócitos secundária (Ex.: DPOC, grandes atitudes, tabagista, 
atletas-compensatória, Ca de Rim: aumento da produção de eritropoetina). 
o Aumento da produção de eritrócitos por doença hematológica primária: policitemia vera 
(patologia maligna). 
o Viscosidade do sangue depende muito do hematócrito. 
4.0- Análise do hemograma 
• O hemograma é um exame que esclarece aspectos quantitativos e qualitativos dos elementos celulares 
do sangue: eritrócitos (eritrograma), leucócitos (leucograma) e plaquetas (plaquetograma). 
• O exame pode ser feito manualmente ou com auxílio de um computador (contadores eletrônicos). 
o Mesmo com os contadores mais modernos, a microscopia não pode ser dispensada. 
4.1- Eritrograma 
4.1-1. Contagem de eritrócitos 
• É a determinação do número de eritrócitos por mm³ e sangue. 
o ♂: 4,4.106 a 6. 106 /mm³ 
o ♀: 3,9.106 a 5,6. 106 /mm³ 
• Anemia com contagem normal de ou alterada de eritrócitos → suspeitar de talassemias. 
4.1-2. Dosagem de hemoglobina 
• Determinação da quantidade total de Hb por meio da lise das hemácias e da determinação do valor por 
espectrofotometria. 
o ♂: 14 a 18 g/dL 
o ♀: 12 a 16 g/dL 
• Em crianças com idade entre 6 e 14 anos, têm-se, em média, 12g/dL e, em gestantes e crianças entre 6 
meses e 6 anos, média de 11g/dL. 
• A OMS define anemia em mulheres grávidas como um nível de hemoglobina < 11g/dL ou um 
hematócrito < 33%. A anemia grave na gravidez é definida como um nível de hemoglobina < 7 g/dL. 
A anemia muito grave é definida como hemoglobina < 4g/dL. 
• Quando a Hb está abaixo do valor normal para idade, sexo e altitude, estamosdiante de um quadro de 
anemia; quando acima, trata-se de poliglobulia. 
4.1-3. Hematócrito 
• Hematócrito normal. 
o ♂: 40 – 54 % 
o ♀: 38 – 49 % 
• Valores abaixo do normal podem significar anemia ou hemodiluição, enquanto aquelas acima do 
normal podem corresponder a poliglobulia ou a desidratação. Indivíduos com Ht normal podem ser 
anêmicos. 
4.1-4. Volume corpuscular médio (VCM) 
• Refere-se à média do volume normal de uma população de eritrócitos. 
• Alterações no valor de VCM 
o Normal: 80 a 96 fL (normocitose); 
o Valores abaixo do normal (< 80fL) – microcitose. 
▪ Indica alterações na produção de Hb →↓ a disponibilidade de ferro (anemia ferropriva), 
da síntese se cadeia globulínica (talassemia) ou da díntese do grupo heme. 
o Valores acima do normal (> 96 fL) – macrocitose. 
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▪ Indica alterações do metabolismo de ácidos nucleicos (anemia megaloblástica), 
alterações na maturação dos eritrócitos (anemias megaloblásticas), reticulose (anemias 
hemolíticas, hemorragias agudas), entre outros. 
• VCM pode estar falsamente alterado (sem macrocitose) pela presença de paraproteínas ou 
crioglobulinas, que provocam aglutinação de hemácias (hemácias “em rouleaux” ou hemácias 
empilhadas. 
4.1-5. Hemoglobina corpuscular média (HCM) 
• É a média do conteúdo (em peso) de Hb em uma população de eritrócitos. 
• Normal: 27 – 33 pg 
4.1-6. Concentração corpuscular média (CHCM) 
• É a média das concentrações internas de Hb de uma população de eritrócitos, sendo responsável pela 
cor deles. 
• É um índice menos utilizado que o HCM. 
• Normal: 32 – 36 g/dL. 
• Variações: 
o Hipercromia: eritrócito concentrado por diminuição do “continente”: presença de esferócitos, 
drepanócitos (anemia falciforme), esquizócitos (hemácias fragmentadas) e equinócitos 
(insuficiência renal). 
o Hipocromia: diminuição do conteúdo pela diminuição da síntese de Hb: ferropenia, talassemia 
e anemia de doença crônica. 
4.1-7. Red cell distribution width (RDW) 
• É o coeficiente que revela numericamente a variação de volume dos eritrócitos (grau de anisocitose). 
Dessa forma, quanto maior o índice, maior será a variação das células entre si. 
• É o primeiro índice a ser alterado nas anemias carenciais (especialmente de ferro e folato B12), 
auxiliando na suspeita da presença de fragmentos celulares e de aglutinação. 
• Os valores abaixo de RDW não apresentam significado clínico. 
• Valores acima do normal indicam alteração eritrocítica ou fragmentação eritrocitária. 
• Valores de referência: 11 a 14,5% 
4.1-8. Observação do eritrograma 
• Classificação morfológica das anemias: 
o Normocíticas. 
o Microcíticas. 
o Macrocíticas. 
• Modificações qualitativas: 
o Anisocitose (macro/microcitose) 
o Poiquilocitose: alteração da forma – esferócitos, eliptócitos, estomatócitos, hemácias em alvo, 
hemácias em foice (drepanócitos), acantócitos, esquizócitos, crenadas. 
▪ Hemácias em alvo ou condócitos – hemácias com grande membrana e palidez: 
hemoglobinopatia C, talassemias, ferroprivas, hepatopatias. 
▪ Acantócitos – hepatopatia. 
▪ Equinócitos e células espiculadas, crenadas – insuficiência renal crônicas, uremia. 
▪ Esquizócitos e queratócitos (hemólise microangiopatica). 
▪ Dacriócitos ou em lácrima – mielofibrose. (tem origem na medula). 
▪ Rouleaux – mielograma múltiplo (é o acumulo de hemácias quando tem aumento da 
viscosidade). 
• Reticulócitos 
o Reticulócitos não vem no hemograma. 
o Reticulócitos 0,5-2,0% - se maior ou abaixo, anemia hiper ou hipoproliferativa. 
o Sobrevida de 01 dia. 
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▪ A anemia com reticulócitos alto reflete uma resposta eritropoietica aumentada à 
hemólise ou perda de sangue. 
▪ A anemia com reticulócitos baixo ou normal reflete uma produção de hemácias 
deficiente (ou seja, uma resposta reduzida à medula de anemia). 
o Perda de sangue aguda pode causar aumento de reticulócitos no momento, porque a medula 
vai tentar compensar. 
5.0- Série Branca 
• Série branca – leucócitos: refere-se a qualquer tipo de WBC, incluindo neutrófilos, eosinófilos, 
basófilos, monócitos e linfócitos. 
• Bastão aumentado significa desvio para a esquerda. 
• Anormalidades dos leucócitos: 
o Doenças proliferativas ou não: 
▪ da linhagem linfoide. 
▪ da linhagem mielóide. 
• Compartimentos das células granulociticas: 
o Medular: células indiferenciadas, células em divisão e diferenciação e células maduras retidas 
na MO. 
o Circulantes: células maduras na circulação e aderidas ao endotélio dos vasos (reserva ou 
marginalizado). 
o Tissular: células que deixam a circulação dirigem-se para os tecidos, exercem a fagocitose e 
morrem. 
• Coloração dos granulócitos (com H/E) 
o Acidófilos ou eosinófilos → vermelho alaranjado. 
o Basófilos → azul escura. 
o Neutrófilos → róssea. 
• Leucemia aguda não é uma doença que deve ser tratada em emergência. Blastos em sangue periférico 
é leucemia aguda. 
• Agranulócitos: 
o Linfócitos e plasmócitos – agranulócitos (30%) 
• Sangue circulante e órgãos linfoides. 
o Primários (medula óssea e o timo) -> produção constante de células linfoides para suprir os 
órgãos secundários. 
o Secundários (gânglios, linfonodos, baço, placas de Peyer e amigdalas. 
• OBS.: 
o Virose dá leucopenia 
o Bactéria dá leucocitose. 
• Classificação dos leucócitos: 
o Polimorfonucleares (ganulócitos): neutrófilos, eosinófilos e basófilos; 
o Mononucleares: Monócitos e linfócitos. 
6.0- Leucograma 
• Alterações no leucograma são melhor observadas no método manual de análise e não no automático. 
• Os valores de referência de um leucograma variam de acordo com a idade do paciente. 
• Quando houver alteração no leucograma, deve-se avaliar: 
o A capacidade de produção medular e/ou linfonodal. 
o Se há causa evidente para tal resposta (patógeno, trauma, neoplasia ou inflamação crônica) ou 
se o aumento é primário (neoplasias hematológicas, por exemplo). 
• O número global de leucócitos deve ser sempre avaliado em conjunto com os valores absolutos (e não 
com os relativos) de cada subtipo leucocitário e com possíveis alterações morfológicas. A análise por 
valores relativos pode levar a um erro de interpretação do exame. 
Thiago Prata – 2018.1- Propedêutica médica II Interpretação de hemograma 
 
 
 
• Valores de referência do leucograma em um adulto 
Leucócitos Contagem absoluta (/mm³) Contagem relativa (%) 
Leucócitos 3600 - 11000 - 
Neutrófilos 1550 – 6800 40 – 70 % 
Linfócitos 1000 – 3800 20 – 50% 
Monócitos 100 - 800 2 – 10% 
Eosinófilos 50 – 400 1 – 7% 
Basófilos 0 – 200 0 – 3% 
 
6.1- Leucocitose 
6.1-1. Neutrofilia 
• É o aumento acima de 7000/mm³ da contagem de neutrófilos (somatório de segmentados+bastonetes). 
Pode ser primário (doenças mieloproliferativas crônicas) ou secundária (tabagismo – neutrofilia 
discreta; quadros infecciosos agudos – principalmente bacterianos; inflamação crônica; liberação de 
citicinas – traumas; estresse; medicamentos. 
• Definições importantes: 
o Desvio à esquerda: é o aumento da quantidade de bastonetes (> 70/µL). Quanto mais intenso 
o desvio, mais forma imaturas e mais imaturas formas serão encontradas (bastão> 
metamielócitos> mielócitos > promielócito). Ocorre em momentos em que a resposta 
neutrofílica é bastante demandada, como no quadro bacteriano agudo. 
o Desviaà direita: é a hipersegmentação neutrofílica que ocorre geralmente na anemia 
megaloblástica, nas infecções crônicas e nos pacientes com insuficiência renal crônica. Nesse 
caso, há presença de 3% de neutrófilos com 5 ou mais lóbulos, ou mais de 1% com 6 ou mais 
lóbulos. 
o Reação leucemoide: Reações leucemoides é uma anormalidade hematológica que simula e 
pode ser confundida com leucemia, mas que, de fato, é reacional a alguma outra doença. Na 
reação leucemoide, as anormalidades desaparecem quando é corrigida a condição subjacente. 
Diferentemente do desvio à esquerda, aparecem mais células com características mais maduras. 
o Reação leucoeritroblástica: leucocitose com desvio à esquerda e eritrócitos imaturos no sangue 
periférico (eritroblastos). Ocorre nas situações em que há infiltração medular por outro tecido. 
o Granulações tóxicas: correspondem a grânulos grosseiros presentes nos neutrófilos em 
processos infecciosos agudos ou estados inflamatórios graves. 
6.1-2. Linfocitose 
• É o aumento da contagem de linfócitos acima dos valores de referência para a idade. 
• Primeira causa a ser investigada: infecção viral. 
o Linfocitoses relacionadas a vírus podem chegar a 10000 linfócitos/mm³. 
• Algumas infecções bacterianas (pertusis, sífilis e TB) e protozoáricas (toxoplasmose) podem 
apresentar linfocitose. 
• Outras causas de linfocitose: rações a medicamentos, situações de estresse físico, tabagismo e pós-
eplenectomia. 
• Na linfocitose, em casos de morfologia alterada, deve-se suspeitar de leucemia linfoide aguda ou outra 
linfoproliferação neoplásica. Nesses casos, deve-se utilizar da imunofenotipagem para excluir 
linfoproliferação crônica clonal. 
6.1-3. Plasmocitose 
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• A presença de plasmócitos no sangue periférico é patológica e pode estar relacional (infecção, 
medicamento, imunização ou doenças imunes) ou neoplasia (mieloma múltiplo, macroglobulinemia 
de Waldenstrom ou leucemia de células plasmocitária)> 
6.1-4. Monocitose 
• O monócito é uma célula também fagocitária, mais eficaz na destruição de fungos, vírus e parasitas. 
• Crianças até dois anos respondem às doenças infecciosas com monocitose precoce, além de neutrofilia. 
• Principais causas: gestantes, asplenia, doenças granulomatosas (tuberculose, sarcaidose), doenças 
infecciosas (sífilis, malária, infecções fungicas), doenças inflamatórias crônicas (artrite reumatoide, 
lúpus, Crohn), Leucemia Mieloide Aguda, mieloproliferação crônica. 
6.1-5. Eosinofilia 
• Definida como contagem acima de 500/mm³, independente da contagem global de leucócitos. 
• Pode ser: 
o Primária – doenças hematológicas (mieloproliferação crônica, síndrome hipereosinofílica. 
o Secundária – é a mais comum. É encontrada em: 
▪ Quadros alérgicos, rações a rogas, infecções parasitária (escabiose e parasitas 
intestinais), doenças cutâneas (pênfigo), infecções fúngicas (coccidomicose), 
deficiência de corticoide (Addison) e associada a alguns casos de linfomas (15% 
Hodgkin e 5% não Hodgkin). 
o A eosinofilia secundária a parasitas se deve a uma resposta linfocitária Th2. 
▪ Th2> IL-4 e IL-5. 
• Principais causas de eosinofilia (CHINA): 
o C- colagenoses; 
o H- helmintoses; 
o I – idiopática (formas primárias); 
o N- neoplasias; 
o A – alergias/adrenal (insuficiência). 
• OBS: helmintos, como a Taenia e Ascaris, que estão em contato apenas com o lúmen intestinal, não 
cursam com eosinofilia. O mesmo ocorre com parasitas unicelulares. 
6.1-6. Basofilia 
• É a contagem maior que 200/mm³. 
• Comumente encontra em neoplasias mieloproliferativas e outras doenças hematológicas malignas, mas 
também pode ser detectada em reações alérgicas ou inflamatória, endócrinas e alguns quadros 
infecciosos. 
6.2- Leucopenia 
• Atenção! É normal encontrar neutropenia leve em negros. Essa neutropenia resultará em uma 
leucopenia. 
• A neutropenia pode resultar de baixa produção medular (de causapirmária ou secundária), da elevada 
utilização (consumo), de marginalização excessiva do pool circulante ou de hiperesplenismo. Da 
mesma forma que a leucocitose, geralmente ocorre por diminuição em uma única linhagem. 
6.2-1. Neutropenia 
• É encontrada com a contagem de neutrófilo menor que 1500/mm³ de sangue. 
• Quando a gravidade, a neutropenia é classificada em: 
o Leve: 1000 – 1500 neutrófilos/mm³; 
o Moderada: 500 – 1000 neutrófilos/mm³; 
o Grave: <500 neutrófilos/mm³. 
• O risco de infecção inversamente proporcional ao grau de neutropenia. 
• Causas de neutropenia: 
• Adquiridas 
o Diminuição da síntese. 
▪ Doenças medulares: aplasias, leucemias, infiltração por linfomas ou outras neoplasias. 
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▪ Supressão das células precursoras de granulócitos: quimioterápicos; agranulocitose por 
medicamentos (pode ser dose-dependente ou não); agentes tóxicos ambientais. 
▪ Deficiências nutricionais: cobre, B12 e folato. 
o Aumento da utilização ou da destruição: 
▪ Quadros infecciosos por certos agentes bacterianos. 
▪ Doenças imunes. 
▪ Sequestro esplênico: hiperespleniesmo 
• Agranulocitose: ausência virtual de granulócitos (<200/mm³) e contagem normal de eritrócitos e 
plaquetas. 
o Epidemiologia: mulheres com mais de 50 anos e pacientes com doença autoimune – mais 
acometidos. 
o Geralmente, tem causa medicamentosa (dipirona, claranfenicol, sulfonamidas, 
clorprozamazina, tionamidas e fenilbutazona). 
o Tratamento: suspensão da droga > neutropenia é solucionada em 1 a 3 semanas (em média, 12 
dias). 
6.2-2. Linfopenia 
• É definida como a contagem linfocitária <1000/mm³ de sangue em adultos; em crianças, varia de 
acordo com idade e sexo. 
• Causas: 
o Baixa produção: desnutrição energético-proteica (principal causa de linfopenia), 
imunodeficiência, deficiência de zinco. As imunodeficiências linfopênicas congênitas podem 
ser seletivas (apenas Bou T) ou combinadas (B e T). 
o Aumento na destruição: quimioterapia, radioterapia, alteração de vasos linfáticos, quadro 
inflamatório crônico (doenças autoimunes, particularmente no lúpus), infecções virais (HIV, 
sarampo, poliomielite, influenza, varicela-zóster). O HIV causa linfocitopenia seletiva so 
subtipo T CD4. 
o Redistribuição: Diante de quadros estressantes fisiológicos, em resposta à elevação de 
corticoides, ocorre o desvio do linfócito do sangue periférico para os tecidos (mesma situação 
ocorre diante de TB e Sarcoidose (doenças granulomatosas disseminadas). 
o Mecanismo incerto: compreende doença de Hodgkin, Insuficiência renal, câncer, síndrome de 
Feltry, infecção bacteriana aguda no idoso. 
6.2-3. Monocitopenia 
• Contagem de monócitos menor que 100/mm³ de sangue. De escasso valor clínico, exceto na leucemia 
de células cabeludas (neoplasias de células B). 
6.2-4. Eosinopenia 
• Vontagem abaixo de 20/mm³ de sangue. Ocorre no quadro de infecção aguda com neutrofilia 
acentuada. É bastante útil para o diagnóstico de casos de abdome agudo e ocorre também quando em 
uso de corticoide e epinefrina. 
6.2-5. Basopenia 
• De pouco valor clínico. 
7.0- Plaquetograma 
• Contagem de plaquetas no sangue. O valor normal é de 140.000 a 450.000/mm3, porém já há artigos 
mais atuais que consideram o valor mínimo normal de plaquetas como 100.000/mm3. Para valores 
abaixo do normal, deve-se excluir contagem plaquetária errônea! 
• Principais causas de plaquetopenia: 
o Diminuição da produção: deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico, aplasia da medula, 
mielodisplasia, infiltraçãoda medula por neoplasia, efeito de medicamentos e agentes tóxico 
ou infecciosaos 9rubéola, varicela, parvovírus, hepatite C, vírus Epstein-Barr, HIV); 
Thiago Prata – 2018.1- Propedêutica médica II Interpretação de hemograma 
o Excesso de destruição ou consumo: microangiopatia, destruição imune, coagulação 
intravascular disseminada, púrpura trombocitopênica imune, púrpura trombocitopênica 
trombótica e infecção. 
o Hiperesplenismo 
• A falsa trombocitopenia (pseudotrombocitopenia) é pouco comum e decorre, principalmente, da 
presença de fragmentos eritrocitários, encontrados em microangiopatias (esquizócitos), e do 
aquecimento indevido da amostra ou da microcitose extrema. 
8.0- Hemogramas nas leucemias agudas 
• A anemia é um achado frequente e de intensidade variável, e o valor de Hb pode variar entre 3 e 16 
g/dL. É normocrômica e normocítica, com retináculos normais ou diminuídos. Eritroblastos pode estar 
ou não no sangue periférico. 
• Plaquetopenia pode estar presente em 90% dos casos, sendo o valor <50.000/mm3 em 50% dos casos. 
• Os leucócitos são bastantes variáveis: a contagem pode estar elevada (50 – 60%), normal (20 – 30%) 
ou diminuída (20- 30%). Hiperleucocitose pode ocorrer em apenas 20% dos casos. 
• O hemograma varia de uma pancitopenia a discreta plaquetopenia. 
• Na maioria das vezes, encontram-se blastos no sangue periférico, que são células neoplásicas de 
aspecto imaturo, podendo conter grânulos (blasto mieloide) ou não (sugestivo de blasto linfoide). A 
presença de bastonetes de Auer (grânulo bastante evidente em forma de bastão) é patognomônico de 
blasto mieloide. 
• O hiato leucêmico é a presença de células maduras e imaturas, sem precursores intermediários, 
característica da leucemia mieloide crônica.

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