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LIVRO -Práticas lúdicas na educação infantil -

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1 
2 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA 
EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
Este livro tem como objetivo, mostrar a importância do aprender de forma 
lúdica e prazerosa para a criança, enfocando o brincar durante o processo de 
desenvolvimento enquanto ser humano e sua contribuição para o desenvolvimento 
no ensino e a aprendizagem na educação infantil, enfatizando, o prazer de 
descobrir o mundo em que está inserida, através da brincadeira, na construção do 
seu caráter, sua formação moral e social, de acordo com o ambiente no qual a 
mesma se encontra. As brincadeiras são importantíssimos instrumentos 
pedagógicos no desenvolvimento e na aprendizagem da criança, pois ajudam a 
construir conhecimento e ainda proporcionam momentos de alegria para o 
desenvolvimento da criança e o despertar para várias linguagens. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
. 
4 
 
 
É essencial que a criança tenha espaço para se descobrir, que tenha contato 
consigo mesma, além da possibilidade explorar o mundo a sua volta. Neste 
contexto escolar, nosso desafio como educadores, é mediar criando situações 
(Atividades e propostas) para que a criança sinta-se à vontade em desenvolver sua 
melhor linguagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
SUMÁRIO 
 
1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................................................02 
 
2 – O BRINCAR........................................................................................................................06 
 
3 – BRINCADEIRA É COISA SÉRIA..............................................................22 
 
4 - BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NOS ESPAÇOS ESCOLARES........23 
 
5 - A LINGUAGEM LÚDICA..........................................................................27 
 
6 - EDUCAÇÃO E PRÁTICAS LUDICAS......................................................32 
 
7 - O LÚDICO COMO PROCESSO EDUCATIVO.........................................36 
 
8 - A IMPORTÂNCIA DAS BRINCADEIRAS FOLCLÓRICAS...................40 
 
9 - A MÚSICA E SUA CONTRIBUIÇÃO EDUCACINAL PARA O PROCESSO 
DE APRENDIZAGEM......................................................................................45 
 
10- A MÚSICA COMO FERRAMENTA LÚDICA NA ESCOLA.................48 
 
11- PSICOMOTRICIDADE E DESENVOLVIENTO INFANTIL..................76 
 
12- A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO LIGADO ÀS HABILIDADES 
MOTORAS........................................................................................................79 
 
13- CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................96 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
O BRINCAR 
 
 
 
O brincar é um importante processo psicológico, fonte de 
desenvolvimento e formação de caráter educacional e social. Ele envolve 
complexos processos de articulação entre o velho e o novo, entre a experiência, a 
memória e a imaginação, entre a realidade e a fantasia, sendo marcado como uma 
forma particular de relação com o mundo, distanciando-se da realidade da vida 
comum, ainda que nela referenciada. A brincadeira é de fundamental importância 
para o desenvolvimento infantil, na medida em que a criança pode transformar e 
produzir novos significados. O brincar não só requer muitas aprendizagens como 
também constitui um espaço de aprendizagem. Como ressalta Machado (2003, 
p.37). 
 
O brinquedo, visto como objeto, como suporte da brincadeira, permite à 
criança criar, imaginar e representar a realidade e as experiências por ela 
adquiridas. Proporciona a criação, por parte da criança, criação esta que é fruto da 
sua imaginação e de sua fantasia. 
 
 
O educador é aquele que cria as oportunidades, oferece materiais e 
participa das brincadeiras, mediando à construção do conhecimento. O uso de 
materiais lúdicos em sala de aula para contribuir no desenvolvimento e 
aprendizagem de maneira mais criativa, prazerosa e sociável. 
 
 
Como afirma Borba (2006), a imaginação, constitutiva do brincar e do 
processo de humanização dos homens, é um importante processo psicológico, 
iniciado na infância, que permite aos sujeitos se desprenderem das restrições 
impostas pelo contexto imediato e transformá-lo. Combinada com uma ação 
performativa construída por gestos, movimentos, vozes, formas de dizer, roupas, 
cenários etc., a imaginação estabelece o plano do brincar, do fazer de conta, da 
criação de uma realidade “fingida”. 20 Vygotsky (2007) defende que nesse novo 
plano de pensamento, ação, expressão e comunicação, novos significados são 
elaborados, novos papéis sociais e ações sobre o mundo são desenhados, e novas 
7 
regras e relações entre os objetos e os sujeitos e desses entre si, são instituídas. A 
brincadeira de faz-de-conta estimula a capacidade de a criança respeitar regras que 
valerão não só para a brincadeira, mais também para a vida. 
 
 
Ela também ativa a criatividade, pois através da escolha dos papéis, a 
criança terá que reproduzir e criar a representação na brincadeira. É assim que 
cabos de vassoura se transformam em cavalos e com eles as crianças cavalgam 
para outros tempos e lugares; pedaços de pano transformam-se em capas e 
vestimentas de príncipes e princesas; pedrinhas em comidinhas; cadeiras em trens; 
crianças em pais, professores, motoristas, monstros, super-heróis etc. (Borba, 
2006). 
 
 
O brincar envolve múltiplas aprendizagens. Vygotsky afirma que na 
brincadeira “a criança se comporta além do comportamento habitual de sua idade, 
além de seu comportamento diário; no brinquedo, é como se ela fosse maior do 
que ela é na realidade” (2007, p.122). Isso porque a brincadeira, em sua visão, cria 
uma zona de desenvolvimento proximal, permitindo que as ações da criança 
ultrapassem o desenvolvimento já alcançado (desenvolvimento real), 
impulsionando-a a conquistar novas possibilidades de compreensão e de ação 
sobre o mundo. Segundo Vygotsky (2007, p.118). 
 
 
Toda criança tem necessidade e o direito de brincar, isto é uma 
característica da infância garantida em Lei. A função do brincar não está no 
brinquedo, no material usado, mas sim na atitude subjetiva que a criança 
demonstra na brincadeira e no tipo de atividade exercida na hora da brincadeira. 
Essa vivência é carregada de prazer e satisfação. É a falta desse prazer ou dessa 
satisfação que pode acarretar na própria criança, alguns distúrbios de 
comportamento. Em cada etapa evolutiva da criança, o brincar vai se modificando, 
mais é essencial que ela tenha oportunidade de explorar todas as fases do brincar. 
A importância do brinquedo é a da exploração e do aprendizado concreto do 
mundo exterior, utilizando e estimulando os órgãos dos sentidos, a função 
sensorial, a função motora e a emocional. 
 
 
 
 
 
8 
A brincadeira tem uma enorme função social, desenvolve o lado intelectual 
e principalmente cria oportunidades para a criança elaborar e vivenciar situações 
emocionais e conflitos sentidos no dia a dia de toda criança. 4 Segundo RCNEI 
(Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil), entendemos a 
importância do brincar (e que esta questão na vida escolar da criança), tendo em 
vista, o desenvolvimento da criança em todos os seus aspectos, ou seja, cognitivo, 
afetivo, motor e social. 
 
 
 
9 
 
 
O brincar favorece a criança o aprendizado, pois é brincando que o ser 
humano se torna apto a viver numa ordem social e num mundo culturalmente 
simbólicos.É o mais completo dos processos educativos, pois influencia o 
intelecto, o emocional o e corpo da criança. Brincar faz parte da especificidade 
infantil e oportunizar a criança seu desenvolvimento e a busca de sua completude, 
seu saber, seus conhecimentos e suas expectativas do mundo. Por ser importante 
para as crianças, a atividade lúdica e suas múltiplas possibilidades pode e deve ser 
utilizada como recurso de aprendizagem e desenvolvimento. É no brincar que 
acontece a aprendizagem da criança, é através das brincadeiras as crianças podem 
desenvolver a sua capacidade de criar brincadeiras, para dar condições do 
desenvolvimento na diversidade das brincadeiras nas experiências através da troca 
com outra criança ou com os professores ou com a sua família. 
 
 
Quando a criança está brincando, ela cria situações imaginárias que lhe 
permite manusear objetos e se aventurar em situações do mundo dos adultos. 
Enquanto brinca, seu conhecimento se amplia, pois ela pode fazer de conta que 
age de maneira adequada ao manipular objetos com os quais o adulto opera e ela 
ainda não. O brincar é muito importante por que é através do mesmo que a criança 
desenvolve, conhece e compreende o aprendizado e se expressa no mundo que a 
cerca. Com base nas palavras que Vigotsky destacou, a importância da brincadeira 
para o aprender, o desenvolvimento infantil, segundo o autor, vem auxiliando cada 
vês mas a criança e facilitando seu modo de absorver conhecimento, no faz de 
conta a criança tem a oportunidade de ser aquilo que ainda não é ou seja, ser o que 
ela imagina ser, através do seu imaginário ela vive suas próprias estórias e num 
mundo cheio de fantasias e encantamento, neste mundo as crianças se sentem a 
vontade em agir como se fossem maiores ou até imita os adultos, exercitam a 
compreensão de papéis sociais e pode usar, de modo simbólico, objetos e ações 
que ainda não lhes são permitidos. 
 
 
Dessa forma, enquanto brinca, a criança realiza muitas descobertas sobre o 
mundo que a cerca e sobre si mesma, bem como aprende a relacionar-se com o 
outro, com o mundo em que vive. O faz de conta depende da capacidade de cada 
criança para simbolizar o seu imaginário e para favorecer esse fazer da criança, é 
de fundamental importância que o espaço ofereça recursos e materiais variados 
que permitam a elas, expressarem emoções e representarem 
10 
situações cotidianas. Pode-se afirmar que o Brincar “É de fundamental 
importância para a aprendizagem da criança, por que é através dela que a criança 
aprende, gradualmente desenvolve conceitos de relacionamento casuais ou sociais, 
o poder de descriminar, de fazer julgamentos, de analisar e sintetizar, de imaginar 
e formular e inventar ou recriar suas próprias brincadeiras” (SANTIN, 2001, 
p.523), ou ainda simplificada nas seguintes palavras de Ferreiro (1988), Brincar 
“É divertir-se e entreter-se infinitamente em jogos de criança” Lúdico - “Que tem 
caráter de jogos, de aprender brinquedo e divertimento; é uma necessidade básica 
da personalidade, do corpo e da mente, faz parte das atividades essenciais da 
dinâmica humana” (FERREIRO, 1988, p.139). O ato de brincar não é somente “O 
brincar por brincar”, mais sim o que ela representa para quem brinca. 
 
 
O brincar está em uma dimensão valorizada no desenvolvimento do 
aprender, abrangendo crianças e adultos, elevando-os a patamares ainda maiores, 
representando a necessidade de conhecer, construir e de se descontrair, em um 
mundo real ou simbólico cheio de momentos maravilhosos que só acontece 
através da prática da própria palavra. Para Huizinga (1999), o jogo, o brincar, 
deve ter caráter de liberdade para as crianças irem muito além das suas fantasias, 
deve ser uma atividade voluntária e quando esta atividade é imposta, deixa de ser 
uma brincadeira ou um jogo. É na brincadeira que as crianças aprendem como os 
outros pensam e agem, descobrindo assim uma forma mais rápida para a troca de 
ideias, respeito pelo outro e a própria convivência social. Enquanto aprendem 
brincando também ensinam algo de sua vivência, resultando na interação do 
aprender e ensinar ao mesmo tempo. 
 
 
O brincar tem grande importância para educação infantil, principalmente no 
aspecto cognitivo, proporcionando á criança, a criatividade com o objetivo de 
desenvolver suas habilidades. As brincadeiras fazem parte da infância de toda 
criança e possuem um grande significado emocional e cultural. Temos várias 
razões para brincar, pois sabemos que é extremamente importante para o 
desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo e social da criança. É brincando que a 
criança expressa vontades e desejos construídos ao longo de sua vida, e quanto 
mais oportunidades a criança tiver de brincar, mais fácil será o seu 
desenvolvimento para aprender. Segundo Carneiro e Dodge (2007, pág. 59), “ O 
movimento é, sobretudo para criança pequena, uma forma de expressão e mostra a 
relação existente entre ação, pensamento e linguagem”. A criança consegue lidar 
com situações novas e inesperadas, e age de maneira independente, consegue 
enxergar e entender o mundo fora do seu cotidiano. Atualmente, as crianças 
11 
entendem por brincadeira os jogos eletrônicos, fazendo com que as mesmas não se 
movimentem, deixando-as estáticas e com isso sedentárias e obesas. Com as 
brincadeiras tradicionais, como, por exemplo, pular no pula-pula, corda, elástico, 
pique, etc., fazem com que as crianças se movimentem a todo tempo, gastando 
energia e dando liberdade para criar proporcionando alegria e prazer. 
 
As razões para brincar são inúmeras, pois sabemos que a brincadeira só faz 
bem e só não entendemos porque em muitos lugares isso incomoda tanto na 
sociedade ou algumas pessoas, pais, professores..., mas sabemos que o brincar é 
um direito da criança, como apresentado na Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, 
denominada Estatuto da Criança e do Adolescente, acrescenta no Capítulo II, Art. 
16°, Inciso IV, que toda criança tem o direito de viver o seu tempo de infância que 
é o de brincar, praticar esportes e divertir-se. Então vimos que, a criança tem o 
direito de brincar, pois está amparada por lei e esta, é mais uma razão para que as 
crianças brinquem, além das inúmeras situações que já citamos, porque o brincar 
favorece a descoberta, a curiosidade, uma vez que auxilia na concentração, na 
percepção, na observação, além disso, as crianças desenvolvem os músculos, 
absorvem oxigênio, crescem, movimentam-se no espaço, descobrindo o seu 
próprio corpo. 
 
 
O brincar tem um papel fundamental neste processo, nas etapas de 
desenvolvimento da criança. Na brincadeira, a criança representa o mundo em que 
está inserida, transformando-o de acordo com as suas fantasias e vontades e com 
isso solucionando problemas. Para Cunha (1994), o brincar é uma característica 
primordial na vida das crianças, porque é bom, é gostoso e traz felicidade quando 
estão a brincar. Além disso, ser feliz é estar mais predisposto a ser bondoso, a 
amar o próximo e a partilhar fraternalmente, são outros pontos positivos dessa 
prática. A educação infantil abre portas para que as vivenciem em grupos nessa 
faixa etária tornem-se significativas no processo de aprendizagens futuras. A 
história da educação infantil é marcada por altos e baixos, seu surgimento se deu 
com a revolução industrial, esse movimento levou mulheres e mães para fora do 
lar, gerando a necessidade do surgimento das creches. A educação infantil abre 
portas para que as vivencias em grupos nessa faixa etária, tornem-se significativas 
no processo de aprendizagens futuras. 
 
 
. Através das brincadeiras as crianças podem aprender sobre o mundo, 
desenvolvendo-senos sete eixos mencionados nos RCNEIS. 
12 
 
 
A grande maioria das 
brincadeiras estão associadas ao 
desenvolvimento dos movimentos 
corporais, trabalhando as destrezas, 
habilidades, lateralidade. Muitas 
brincadeiras proporcionam o 
aprendizado das regras de 
convivência, dos conceitos 
matemáticos como; noções de 
espaço e tempo, outras 
desenvolvem a linguagem e a 
autonomia, pois a criança precisa 
comunicar-se e expressar suas 
preferências para brincar, as 
brincadeiras ultilizando a música e as artes ativam a criatividade, outras 
brincadeiras ensinam as ciências. O universo escolar proporciona experiências 
únicas na vida de uma criança, seja qual for sua idade, pôr ser o início destas 
descobertas já começa na educação infantil. Desde muito cedo as crianças brincam 
e esta é uma realidade nas creches e pré-escolas. 
 
A criança começa primeiro a deselvonver brincadeiras com o seu corpo para 
aos poucos ir diferenciando os objetos ao seu arador. Discorrendo sobre o tema a 
história do brincar Craidy e Kaercher (2001) afirmam que a criança vê o mundo 
através do brinquedo e que sempre existiram formas, jeitos e instrumentos para 
brincar. As brincadeiras se perpetuam e se renovam a cada geração carregando os 
traços característicos de cada uma. Elas continuam ressaltando: A criança se 
expressa pelo ato lúdico e é através desse ato que a infância carrega consigo as 
brincadeiras. Elas perpetuam e renovam a cultura infantil, desenvolvendo formas 
de convivência social, modificando-se e recebendo novos conteúdos, a fim de se 
renovar a cada geração. É pelo brincar e repetir a brincadeira que a criança 
saboreia a vitória da aquisição de um novo saber fazer, incorporando-o a cada 
novo brincar. (2001,p.103). 
 
Mesmo com a implantação das novas tecnologias, as simples brincadeiras 
não deixam de ter sua relevância, elas podem tornar-se fontes de estímulo ao 
desenvolvimento cognitivo, social e afetivo da criança ou até mesmo as 
brincadeiras podem ser resgatadas para dentro da escola. O grande educador 
Rubem Alves escrevendo sobre a importância do brincar na educação infantil 
afirma como o lúdico interfere no desenvolvimento da criança. 
10 
 
 
É através das descorbertas proporcionadas pelo ato de brincar, que as 
crianças, afima Rubem Alves “Podem exercer sua capacidade de criar”, condição 
imprescindível para que haja riqueza e diversidade nas experiências que lhes são 
oferecidas nas instituições, sejam elas mais voltadas ao lúdico ou às aprendizagens 
que ocorrem por meio de uma intervenção direta. Sendo assim quando a criança 
está brincando a criança deselvolve seu lado criativo. 
 
 
O brincar na Educação Infantil serve como o eixo orientador e estimulador 
para o desenvolvimento e o desempenho de suas atividades, mostrando assim, que 
é necessário que o professor tenha consciência do valor pedagógico das 
brincadeiras e dos jogos para a criança já desde a educação infantil. As variações 
das brincadeiras na Educação Infantil vão promover um maior desenvolvimento 
da criança que pode favorecer uma prática voltada para um relacionamento mais 
reflexivo, entre muitas outras contribuições do brincar para a prática pedagógica, 
na educação infantil. 
 
 
A importância da Infância, do brincar é algo historicamente construído, a 
infância e o brincar, possuem perspectivas diferentes de acordo com a sociedade e 
também com cada período histórico tomado como base para a pesquisa. O seu 
significado vai depender do contexto onde surge e como se dão as relações sociais, 
históricas, políticas e culturais dentro do contexto estudado. 
11 
A criança não pode ser vista como algo que independe das relações, como 
algo já previsto ou descontextualizado. De acordo com o Art. 2º do estatuto da 
criança e do adolescente “Considera-se criança a pessoa até doze anos de idade 
incompletos” para as ações tomadas no Brasil, o parâmetro para a definição de 
criança é esta faixa etária, logo o período da infância coincide com o período em 
que os indivíduos são considerados crianças. A conceituação da criança e da 
infância é algo construído pelo adulto, essa construção faz parte de um processo 
duplo que num primeiro momento tem toda uma associação com o contexto, 
regras e valores colocados pela sociedade, e outro que traz as percepções do adulto 
com relação as suas memórias, ou seja, a concepção de infância acaba por ter em 
seu conteúdo uma visão idealizada do passado do adulto somada com a visão 
trazida pela sociedade. 
 
A criança não é e não pode ser vista um adulto em miniatura, ela ainda 
precisa passar por diversas fases de sua vida, o desenvolvimento motor, físico, 
cognitivo e social para chegar a fase adulta e o brincar é um dos elementos 
necessários para seu desenvolvimento. O ato de brincar, como já foi visto, é algo 
intrínseco ao ser humano e que está presente em sua vida, sobretudo, durante a 
infância. Qualquer ação pode ser considerada brincadeira, não há nenhum traço 
específico para determinar quais formas de agir podem ser consideradas e 
interpretadas como tal. Para que se identifique que a ação realizada seja uma 
brincadeira, basta que os sujeitos envolvidos nela e a determinem dessa forma. 
Todo jogo e toda a brincadeira pressupõe uma cultura específica que pode ser 
denominada cultura lúdica, um conjunto de procedimentos que tornam a ação do 
jogo e a atuação dos que brincam, possível. Kishimoto (2008 p.24) afirma que 
“Dispor de uma cultura lúdica é dispor de um número de referências que permitem 
interpretar como jogo atividades que poderiam não ser vistas como tal para outras 
pessoas”. 
 
 
O jogo pressupõe um ponto de partida que chamamos de cultura lúdica, é 
ela que determina o andamento e o desencadear da brincadeira, a cultura lúdica é 
fruto de uma interação social e está ligada a cultura geral de onde e de quem se 
brinca. Como a cultura de um povo não é algo estático – ressignificada a todo o 
tempo, não haveria como a cultura lúdica ser algo fixo. A cultura geral pode ser 
vista como uma construtora da lúdica, assim no decorrer das brincadeiras e do 
desenvolvimento a criança brinca e molda a todo tempo os elementos da vida 
social que chegam até ela. Para Kishimoto (2008, p.26) “O desenvolvimento da 
criança determina as experiências possíveis, mas não produz por si só a cultura 
12 
lúdica. Esta se origina das interações sociais”. No momento em que a criança 
domina essa cultura lúdica e brinca envolve-se em diversos estilos e formas de 
brincar, sobretudo as brincadeiras de faz de conta quando se cria uma situação 
imaginária que é vivenciada e trazida para a sua realidade. Quando a criança inicia 
a construção do faz de conta ela passa a utilizar e definir objetos e funções além 
daquelas que se percebe, um exemplo é quando ela brinca com um a cabo de 
vassoura acreditando ser um lindo cavalo. Esse processo de construção da 
brincadeira e da imaginação traz para a criança consequências importantes para o 
seu desenvolvimento, ao entrar no mundo do faz de conta ela faz uma separação 
dos campos de percepção e da motivação, já que há muitas vezes, a simulação de 
ações, em que materiais são utilizados para significar outro. 
 
 
 
13 
 
 
Nesse momento a criança passa a interpretar o campo do significado quando 
ela utiliza objetos para outras funções, em meio a sua brincadeira, que não são as 
suas funções reais. Durante as brincadeiras de faz de conta, a criança acaba por 
utilizar em alguns momentos, elementos presentes em suas vivências cotidianas, 
ela utiliza como matéria prima de sua imaginação o que foi observado e 
vivenciado durantediversos momentos de sua vida como Cerisara afirma: Quando 
a criança brinca, ela cria uma situação imaginária, sendo esta uma característica 
definidora do brinquedo em geral. Nesta situação imaginária, ao assumir um 
papel, a criança inicialmente imita o comportamento do adulto tal como ele 
observa em seu contexto (CERISARA, 2008, p.130). A ação de brincar não 
pressupõe a utilização apenas de elementos do imaginário, pode-se também 
combinar situações reais vivenciadas com outras do universo da imaginação. Essa 
adesão do real com o imaginário promove a recombinação criativa das 
experiências vividas com suas ideias virtuais e também dos materiais, com o que 
se brinca; Estes podem receber a denominação de “Brinquedo”. 
 
 
De acordo com Brougére (1995) a brincadeira pode ser vista como uma 
forma de interpretação que a criança fez sobre o brinquedo, ele não condiciona as 
ações da criança, mas oferece um suporte que poderá ganhar inúmeros 
significados a partir do imaginário e de acordo como o decorrer da brincadeira. No 
momento que se vive a infância e que se brinca, existe no brinquedo e na 
brincadeira um pouco do mundo real, dos valores da sociedade, mas existe 
também elementos do imaginário. 
 
 
Outra modalidade de brincadeira presente na vida da criança é o jogo de 
regras que começa a tornar-se participante do cotidiano das mesmas em torno dos 
6 anos de idade, em que se estabelecem parâmetros para que a brincadeira possa 
ocorrer, na maioria das vezes essas regras possuem como parâmetro inicial as 
regras gerais da sociedade. De acordo com Friedman (1996) as regras podem ser 
14 
de dois tipos, as transmitidas, aquelas que se tornam institucionais, em que a ação 
dos mais velhos acabam determinando a ação dos outros mais jovens e dessa 
forma vão sendo passadas e legitimadas, são os mais velhos que trazem as regras 
para a brincadeira; e as regas espontâneas que possuem natureza momentânea, que 
são criadas de acordo com a necessidades dos seres brincantes. Quanto a forma de 
jogar e as práticas das regras, existem também alguns estágios definidos por 
Friedman, o primeiro é definido como motor e individual, em que fazem parte as 
crianças de 0 a 2 anos, são regras não presentes, o segundo estágio que 
compreende as crianças de 2 a 5 anos, é chamado de estágio egocêntrico, em que 
a criança brinca sozinha e quando brinca juntamente com outras crianças, não 
existe a preocupação para estabelecer nem para obedecer regras; terceiro estágio 
denominado de cooperação em que estão presentes as crianças de 7 a 10 anos em 
que há a necessidade de vencer o seu parceiro, assim surge uma necessidade de 
controle das ações dentro das brincadeira, do que deve e o que não deve ser feito e 
o quarto estágio que é o de codificação das regras que compreende crianças ente 
11 e 12 anos, nesta fase as brincadeiras são todas regulamentadas e as regras são 
seguidas e levadas a sério. No momento em que a criança brinca, pode-se 
considerar que ali existe o lúdico em ação. 
 
 
Quando brinca, a criança pode fazê-lo de diversas formas, como já foi visto, 
com os jogos de exercício, faz de conta, brincadeiras musicas, simbólicas e até 
mesmo jogos de regras. 
 
 
Estudando o lúdico e suas implicações, torna-se possível perceber algumas 
definições distintas para as diversas formas de brincar e consequentemente os 
elementos que compoem esta prática. Segundo Kishimoto (1996), a atividade 
lúdica pode apresentar-se de três formas o jogo, brinquedos e brincadeiras, cada 
atividade desta possui características distintas, entretanto se assemelham quanto 
ao desenvolvimento cognitivo e ao prazer proporcionado por eles, assim, para um 
a melhor compreensão torna-se importante distingui-las e identificá-las de forma 
mais detalhada. A escola de Educação Infantil deve proporcionar um ambiente 
agradável que atenda às necessidades das crianças com atividades pedagógicas 
embasadas no lúdico, valorizando e oportunizando os bebês para explorarem o 
espaço e conquistar novas habilidades, como define o autor: A experiência da 
criança no contexto educativo precisa ser muito mais qualificada. Ela deve incluir 
o acolhimento, a segurança, o lugar para se trabalhar emoção, para o gosto e para 
o desenvolvimento da sensibilidade. (Bujes, 2001, p.13). As diversidades de 
práticas pedagógicas caracterizam o universo escolar infantil, refletindo em 
diferentes concepções, e em funções atribuídas ao movimento no cotidiano das 
15 
creches, pré- escolas e instituições afins. Existem muitas possibilidades de 
incorporar atividades 
16 
lúdicas na aprendizagem, para isso é importante, que permita à decisão, a escolha, 
as descobertas, as perguntas e as soluções por parte das crianças, pois ao contrário 
será compreendida apenas como mais um exercício. Brincar é a fase mais 
importante da infância do desenvolvimento humano, neste período por ser auto - 
ativa representação do interno a representação de necessidades e impulsos 
internos. (FROEBEL, 1912, p.54- 55). Pois as crianças possuem inúmeras 
maneiras de pensar, de jogar, de brincar, de falar estudar e se movimentar, por 
meio destas diferentes linguagens as quais se expressam no seu cotidiano, ou seja, 
no convívio escolar, familiar e escolar, construindo assim uma identidade infantil. 
No entanto elas imaginam, falam, fantasiam, colecionam, reconstroem o seu 
mundo infantil. 
 
 
Nesse sentido, é muito importante estar proporcionando nas atividades 
realizadas com as mesmas brincadeiras e jogos que estimulem suas habilidades e 
possam descobrir seus talentos próprios. Por que brincar? O brincar é uma 
atividade muito importante para a vida humana, por que a mesma é a criadora do 
desenvolvimento, na qual a imaginação, desenvolve a fantasia da realidade para o 
interagir na produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de 
ação pelas crianças, assim como de novas formas de construir relações sociais 
com outros sujeitos, crianças e adultos para a convivência na sociedade. A 
brincadeira traz em si a articulação de elementos imaginários de imitação e 
também de elementos da realidade, ela acaba por ser uma transformação da 
realidade no plano da imaginação e das emoções através do brinquedo. 
 
 
O brincar causa na criança, inúmeras sensações como representação, a 
imitação do cotidiano ou de situações vividas anteriormente nas questões 
individuais e sociais, enfim promove novas vivências, o que acarreta num 
desenvolvimento e por consequência um aprendizado, sempre acompanhados pelo 
prazer, que o brincar proporciona. Em contrapartida aos discursos dos pais de que 
o aluno só vai aprender se deixar de lado a brincadeira, Vigotski afirma que a 
brincadeira proporciona aprendizado fazendo com que a criança se relacione com 
o outro, entenda as relações humanas, seu papel nelas, construindo sua identidade. 
 
 
A brincadeira na Educação Infantil não deve ser entendida, apenas no seu 
aspecto funcional, colaborando para a melhoria das aprendizagens cognitivas, mas 
também brincam para satisfazer necessidades como, por exemplo, viver a 
brincadeira. Durante essas brincadeiras a criança utiliza seu corpo e o movimento 
como forma de interagir com outras e com o meio, produzindo culturas. Essas 
17 
culturas estão embasadas em valores com a ludicidade, a criatividade e nas suas 
experiências de movimento. Desta forma entende-se que as práticas escolares 
devem respeitar e compreender o universo infantil, desenvolvendo na criança a 
capacidade de produzir conhecimentos fundamentais para seu próprio caráter. 
Durante o brincar as crianças aprendem umas com as outras e se desenvolvem 
como seressociais, que pensam que possuem atitudes, que geram novas 
capacidades, que desenvolvem novas habilidades de descoberta do mundo. Como 
nos afirma Brasil, (2002, p. 27), “Ao brincar as crianças criam, recriam e 
repensam os acontecimentos do seu imaginário, para o aprender que acontece 
através do brincar, desenvolvendo o aprender de forma lúdica, mais as 
brincadeiras não podem ser sempre dirigidas da mesma forma, mas de maneiras 
variadas, livres com o intuído de gerar aprendizagem, ou seja, com uma função 
educativa para o desenvolvimento da criança 
 
 
Os resultados demonstraram que “A importância do brincar e do aprender 
na educação infantil” é de fundamental importância na vida da criança e a 
brincadeira é um meio que a criança utiliza para desenvolver, aprender a se 
relacionar com as outras crianças e com o mundo em que estão inseridos. 
 
 
Vale ressaltar que as escolas de educação infantil devem oferecer à criança 
um ambiente de qualidade e favorecedor para o desenvolvimento da criança, que 
estimule as interações sociais e que seja um ambiente enriquecedor da imaginação 
infantil, por que é através do brincar que a crianças aprendem, tornando os 
momentos de aprendizagens prazerosos. A importância de valorizar a prática do 
brincar do lúdico para incentivar crianças na educação infantil, é enorme e os 
benefícios que o brincar proporciona no desenvolvimento da criança são 
inúmeros, através desse momento à criança, se comunica, descobre suas 
habilidades com naturalidade e com prazer, dentro desse universo de faz de conta. 
Levando em conta o que foi analisado o brincar este diretamente relacionado ao 
desenvolvimento intelectual da criança, dessa forma, a criança precisa de 
estímulos quanto nos ambientes escolares, quanto familiar, dando oportunidades 
de contatos com materiais que dão suporte a uma aprendizagem de qualidade. 
 
 
Em virtude do que foi mencionado não se pode simplesmente culpar os 
educadores ou considerá-los desmotivados pelo assunto, mas, é preciso mostrar 
quais são os benefícios de um trabalho bem elaborado, que envolva as atividades 
18 
lúdicas de qualidade, com liberdade de ação física, mental, utilizando recursos e 
transparência, no estímulo na competição entre os alunos através dos brinquedos, 
oferecer segurança, tudo isso são notáveis para enriquecimento do trabalho, e a 
construção de sua identidade. Considerando esses aspectos, com base nas 
pesquisas sobre a importância do brincar na educação infantil, pode se obter um 
resultado satisfatório na busca por uma identidade infantil de qualidade. 
Apesar de a palavra brincadeira ser estreitamente ligada à infância e às 
crianças, vemos que a brincadeira sempre foi uma atividade significativa na vida 
dos homens em diferentes épocas e lugares (Borba, 2007). De acordo com Borba 
(2007), a experiência do brincar, cruza diferentes tempos e lugares, passados, 
presentes e futuros, sendo marcada ao mesmo tempo pela continuidade e pela 
mudança. Mas essa experiência não é simplesmente reproduzida, e sim recriada a 
partir do que a criança traz de novo, com seu poder de imaginar, criar, reinventar e 
produzir cultura. A brincadeira não é algo já dado na vida do ser humano, ou seja, 
aprende-se a brincar desde cedo, nas relações que os sujeitos estabelecem com os 
outros e com a cultura. Para a referida autora, brincar é uma atividade que, ao 
mesmo tempo, identifica e diversifica os seres humanos em diferentes tempos e 
espaços. É também uma forma de ação que contribui para a construção da vida 
social coletiva. Para as crianças, a brincadeira é uma forma privilegiada de 
interação com os outros sujeitos, adultos e crianças, e com os objetos e a natureza 
à sua volta. Brincando, elas se apropriam criativamente de formas de ação social 
tipicamente humana e de práticas sociais específicas dos grupos aos quais 
pertencem, aprendendo sobre si mesmas e sobre o mundo em que vivem. A 
brincadeira, por sua vez, cria laços de solidariedade e de comunhão entre os 
sujeitos que dela participam e também assume importância fundamental como 
forma de participação social. Segundo Borba (2007, p.12). 
 
 
Crianças são sujeitos sociais e históricos, marcados pelas contradições das 
sociedades em que estão inseridas. Elas produzem cultura e são produzidas na 
cultura em que se inserem (em seu espaço) e que lhes é contemporânea (de seu 
tempo). Por isso, não formam uma comunidade isolada, mas, fazem parte de um 
grupo e suas brincadeiras expressam esse pertencimento (Kramer, 2007). 
19 
E por situar-se nesse contexto histórico e social, as crianças acabam por 
incorporar à experiência social e cultural do brincar por meio das relações que 
estabelecem com os outros – adultos e crianças. Para Borba (2006, p.39). 
 
 
Brincar é uma experiência de cultura importante não apenas nos primeiros 
anos da infância, mas durante todo o percurso de vida de qualquer ser humano. As 
crianças brincam, isso é o que as caracteriza (Kramer, 2007). Para ilustrar essa 
afirmação, devemos atentar que mesmo antes do brincar com os objetos, vem o 
brincar consigo mesmo e com as pessoas. O brincar com o corpo é descoberta. As 
primeiras brincadeiras do bebê estão relacionadas à descoberta do eu corporal: 
lidar com o seu corpo é uma grande e importante brincadeira das crianças 
(Machado, 2003). O brincar alimenta-se das referências e do acervo cultural a que 
as crianças têm acesso, bem como das experiências que elas têm (Borba, 2007). 
Machado (2003, p.21) afirma que: “Brincar é nossa primeira forma de cultura. 
 
 
A cultura é algo que pertence a 
todos e que nos faz participar de ideais 
e objetivos comuns, nossa herança mais 
profunda. 
 
 
 
 
 
 
A cultura é o jeito de as pessoas conviverem e se expressarem, é o modo 
como as crianças brincam, como os adultos vivem Mesmo sem estar brincando 
com o que denominamos “brinquedo”, a criança brinca com a cultura”. 
 
 
“No brincar, a criança lida com sua realidade interior e sua tradução livre da 
realidade exterior: é também o que o adulto faz quando está filosofando, 
escrevendo e lendo poesias, exercendo sua religião”. O brincar é uma linguagem e 
que para explorar, descobrir e apreender a realidade, paradoxalmente a criança se 
utiliza do faz-de-conta e das brincadeiras. Brincando, ela aprende a linguagem dos 
símbolos e entra no espaço original de todas as atividades sócio-criativo-culturais. 
20 
Desta forma, a criança na brincadeira se apropria de elementos da realidade 
imediata, atribuindo-lhes novos significados. Por isso, toda brincadeira é uma 
imitação transformada, no plano das emoções e das ideias, de uma realidade 
anteriormente vivenciada. A criança que brinca, está não só explorando o mundo 
ao seu redor, mas também, comunicando sentimentos, ideias, fantasias, 
intercambiando o real e o imaginário nesse espaço chamado brincadeira e que será 
o de suas futuras atividades culturais. 
 
 
Como membros da sociedade, as crianças herdam a cultura dos adultos e 
são socializadas nesta cultura. Se outrora a criança era vista como um ser marcado 
pela ingenuidade, ignorância e indolência, cujo desenvolvimento dependia 
estritamente do controle adulto, através da disciplina e da moralização, hoje ela 
assume o lugar de protagonista, alvo privilegiado da sociedade de consumo. Se 
outrora a família e a escola eram instituições privilegiadas para a socialização das 
crianças, hoje elas contam com o aporte da mídia eletrônica, com a qual tem 
interagido diariamente. Nesse contexto, o mundo contemporâneo, marcado pela 
falta de espaço nas grandes cidades, pela pressa, pela influência da mídia, pelo 
consumismo e pela violênciaacabam se refletindo na forma como as crianças 
brincam. Constituindo um saber e um conjunto de práticas partilhadas pelas 
crianças, o brincar está estreitamente associado à sua formação como sujeitos 
culturais e à constituição de culturas em espaços e tempos nos quais convivem 
cotidianamente (Borba, 2006). 
 
 
Borba (2006) assinala que essa influência pode ser tanto pelo contexto 
físico do ambiente, a partir dos recursos naturais e materiais disponíveis, como 
também pelo contexto simbólico, ou seja, pelos significados preexistentes e 
partilhados pelo grupo de crianças. Todos esses elementos externos à brincadeira, 
localizados na escola, na família, no bairro ou na mídia televisiva, entre outros 
espaços propiciadores de experiências sociais e culturais, são reinterpretados pelas 
crianças e articulados às suas experiências lúdicas. A partir daí geram-se novos 
modos de brincar. A tv e os aparelhos eletrônicos, por exemplo, são elementos 
externos de grande influência, mas é preciso salientar que suas imagens e 
representações não são simplesmente imitadas pelas crianças, mas recriadas a 
partir de suas práticas lúdicas. A televisão e a internet, não só transformou a 
cultura, a política e o cotidiano das pessoas como também criou novos hábitos e 
comportamentos, propondo identidades e linguagens, acelerando o ritmo entre 
produção e consume.. 
21 
É a mídia que se tem maior acesso sendo possível até afirmar sua 
participação nos processos de socialização e subjetivação infantis. 
 
 
Porém, essas transformações trazem como pano de fundo as mudanças 
econômicas e culturais do mundo capitalista que migra de uma lógica centrada na 
produção e no trabalho do adulto, para a lógica do consumo, em que a criança na 
condição de consumidora, já está inserida mesmo antes de nascer. O mercado está 
cada vez mais atento ao público infantil, grupo que tem por linguagem singular a 
brincadeira, onde o real e o imaginário/fictício se entrelaçam. É fato como afirma 
Brougère (2001), que a mídia com suas imagens e ficções, influencia a vida e a 
cultura lúdica das crianças. 
 
 
O que a criança assiste oferece conteúdo para suas brincadeiras, não de 
forma natural, mas na medida em que pode ser incorporada na cultura lúdica da 
criança. Isto se dá porque a cultura lúdica da criança, estrutura complexa e 
hierarquizada, é constituída de costumes lúdicos e brincadeiras (conhecidas, 
disponíveis, individuais, tradicionais, universais, geracionais, etc.) e, também, de 
uma estrutura simbólica e de representações, sempre imersas no contexto mais 
amplo da realidade cultural em que a criança está inserida (Pereira e Santos, 
2008). A brincadeira é um lugar de construção de culturas fundado nas interações 
sociais entre as crianças. O brincar contém o mundo e ao mesmo tempo, contribui 
para expressá-lo, pensá-lo e recriá-lo. 
 
 
Brincando, jogando e criando narrativas, as crianças estão falando de si 
próprias, de seus medos, coragem, angústias, sonhos e ideais. Estão falando de seu 
tempo, da cultura em que vivem, aprendem e se desenvolvem das promessas e do 
mal estar dessa mesma cultura. Estão falando também de nós, adultos, de nossas 
expectativas e projetos, de nossa presença e silêncio, de nossas certezas e dúvidas. 
Para Salgado (2008, p.105): 
 
 
“Fazer do lúdico um espaço dialógico entre crianças e adultos abre a 
possibilidade de participarmos da vida da criança e de sua cultura como outro que 
traz experiências, histórias, visões e valores distintos e por ocupar outro lugar 
social e olhar para a vida sob outras perspectivas, apresenta modos diversos de 
interpretar e lidar com a cultura contemporânea”. 
20 
Nos últimos anos tem sido notável a mudança na cultura lúdica da criança. 
Atualmente, a cultura lúdica está sendo direcionada constantemente para o 
domínio de objetos. De certa forma a cultura lúdica evoluiu, devido à chegada de 
novos brinquedos. Dentro desta evolução chegaram os jogos eletrônicos e o 
videogame. Novas construções de brincadeiras ou desenvolvimento de algumas na 
falta de outras, novas representações (Brougère, 2001). Brincadeiras que são 
desenvolvidas nas ruas em coletividade, praticadas por adultos e crianças e 
geralmente, transmitidas de geração para geração, como: roda, ciranda, 
amarelinha, pular elástico, cabo de guerra, passa anel, cabra-cega, boca-de-forno, 
o pique e suas variações estão sendo deixadas de lado, ou seja, sendo substituídas. 
 
 
Com a evolução da cultura lúdica surgiram novos brinquedos. E foram por 
esses brinquedos que as brincadeiras de rua foram substituídas. Os brinquedos 
eletrônicos se fazem mais atraentes. E com o decorrer dos dias, a variedade dos 
brinquedos se torna maior. Exemplo disso pode ser comparado às crianças de 
gerações passadas que não estavam expostas a tantas mudanças que levam as 
crianças de hoje a uma espécie de vazio e insatisfação permanentes, pois fica cada 
vez mais difícil acompanhar o ritmo do brinquedo ou do jogo que está na moda, 
tal sua agilidade, versatilidade e fugacidade (Ketzer, 2003). As brincadeiras de rua 
estão tão esquecidas que muitas crianças nem mesmo as conhecem. Como ressalta 
Postman (1999, p.18) “as brincadeiras de criança, antes tão visíveis nas ruas das 
nossas cidades, também estão desaparecendo. Os jogos infantis, em resumo, estão 
em extinção”. Tendo em vista que na sociedade em que se vive, em uma era de 
avanço tecnológico jamais visto, estes tipos de brincadeiras não passam de mais 
um referencial e uma nostalgia para quem viveu a época em que eram um hábito 
comum e prazeroso (Abramovich, 1983). 
 
 
As novas tecnologias, as novas formas de se comunicar através de 
brincadeiras com jogos eletrônicos e as comunicações online via internet são 
novos meios de comunicação geniais para a evolução humana. Mas cabe 
reconhecer que assim como vem ampliando a capacidade de interação social de 
forma virtual, vem também reduzindo essas capacidades presencialmente. De 
acordo com Marcondes (apud Paternost, 2005, p.174), “o verdadeiro processo de 
intercomunicar vai além do contato verbal, quer seja escrito ou oral”. Segundo Lê 
Boulch (apud Paternost, 2005) é por intermédio do corpo que se efetiva a presença 
na vida do outro e no mundo. Portanto, as brincadeiras presenciais em grupo, 
anteriormente citadas, proporcionam as reais capacidades de interação social, pelo 
fato de compreender e compartilhar emoções com o outro. Este aspecto 
21 
proporciona o desenvolvimento do reconhecimento das pessoas pelo olhar, do ato 
de se comportar em grupo e saber se expor, se colocar através da fala. 
 
 
Como ressalta Fortuna (2008, p.15): 
“No mundo do faz-de-conta, outro senso da realidade é experimentado, 
impulsionando a confiança na possibilidade de transformação da realidade, 
marcada por novo imaginário, novos princípios e novos valores gerados na 
solidariedade, ousadia e autonomia que as atividades lúdicas podem comportar. 
Isso é consequência da interação social plasmada no brincar, que nos lança em 
direção ao outro, e nesse enlace – recordemos o étimo da palavra brincar: 
vinculum, no latim – constitui-nos como sujeitos. Brincando, reconhecemos o 
outro na sua diferença e na sua singularidade, e as trocas inter-humanas aí 
partilhadas podem lastrear o combate ao individualismo e ao narcisismo, tão 
abundantes na nossa época, restituindo-nos o senso de pertencimento igualitário. 
Não é à toa que justo a brincadeira, em tempos tão hostis, pode contribuir para 
trazer para a realidade a utopia de um mundo melhor, no qual todos estejam 
incluídos. Brincar é um meio de aprender a viver e de proclamar a vida. Um 
direitoque deve ser assegurado a todos os cidadãos, ao longo da vida, enquanto 
restar dentro do homem a criança que ele foi um dia e enquanto a vida nele pulsar. 
Quem vive brinca”. 
 
22 
BRINCADEIRA é COISA SÉRIA 
 
 
Sabendo que o brincar é um espaço de apropriação e constituição pelas 
crianças de conhecimentos e habilidades no âmbito da linguagem, da cognição de 
valores e da sociabilidade, e apesar de todo aporte teórico que tem surgido sobre o 
tema, afirmando a importância da brincadeira, ainda assim, encontramos ideias e 
práticas que reduzem o brincar à uma atividade de menos importância no 
cotidiano escolar e isso se dá à medida em que se avançam os segmentos 
escolares. O discurso se faz mais forte e presente na Educação Infantil. 
 
 
Porém, no Ensino Fundamental, ele “desaparece” se nos pautarmos apenas 
pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, onde no documento redigido para a 
Educação Infantil, a questão da ludicidade encontra-se no artigo 3°, inciso I, alínea 
c e diz o seguinte: “ Art. 3° São as seguintes as Diretrizes Curriculares Nacionais 
para a Educação Infantil: As propostas pedagógicas das instituições de Educação 
Infantil devem respeitar os seguintes fundamentos norteadores: os princípios 
estéticos da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e de manifestações 
artísticas e culturais”. Já no documento redigido para o Ensino Fundamental, a 
questão da ludicidade “desaparece”, assim como mostra o art. 3°, inciso I, alínea 
“Art. 3° São as seguintes as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino 
Fundamental: As escolas deverão estabelecer como norteadores de suas ações 
pedagógicas: os princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade e da 
diversidade de manifestações artísticas e culturais”. Também encontramos 
referência ao brincar no Estatuto da Criança e do Adolescente, no artigo 16, inciso 
IV, dizendo que: “Art. 16 O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: 
IV. brincar, praticar esportes e divertir-se”. O Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA) – Lei Federal n° 8069/1990, deixa claro a proibição do 
trabalho para menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz e 
aponta o direito à liberdade, incluindo o brincar, a prática de esportes e a diversão. 
 
 
Mas, ainda é na Educação Infantil, único nível de ensino que a escola deu 
“passaporte livre”, aberto à iniciativa, criatividade, inovação por parte de seus 
protagonistas, que a brincadeira pode assumir sua forma específica. E como 
mostra o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (2002, p.27): 
“A brincadeira é uma linguagem infantil que mantém um vínculo essencial com 
23 
aquilo que é o “não brincar”. Se a brincadeira é uma ação que ocorre no plano da 
imaginação, isto implica que aquele que brinca tenha o domínio da linguagem 
simbólica. Isto quer dizer que é preciso haver consciência da diferença existente 
entre brincadeira e a realidade imediata que lhe forneceu conteúdo para realizar- 
se. Nesse sentido, para brincar é preciso apropriar-se de elementos da realidade 
imediata de tal forma a atribuir-lhes novos significados. Essa peculiaridade da 
brincadeira ocorre por meio da articulação e a imitação da realidade. Toda 
brincadeira é uma imitação transformada, no plano das emoções e das ideias, de 
uma realidade anteriormente vivenciada. A brincadeira favorece à autoestima das 
crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma 
criativa. Brincar contribui, assim, para a interiorização de determinados modelos 
de adulto, no âmbito de grupos sociais diversos. Essas significações atribuídas ao 
brincar transformam-no em um espaço singular de constituição infantil”. 
 
 
Neste documento, a brincadeira é considerada um meio que favorece a 
autoestima das crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições 
de forma criativa, transformando os conhecimentos que já possuíam em conceitos 
gerais com os quais brinca. As crianças podem acionar seus pensamentos para a 
resolução de problemas que lhes são importantes e significativos, pela 
oportunidade de vivenciar brincadeiras imaginativas e criadas por elas mesmas. 
Portanto, propiciando a brincadeira cria-se um espaço na qual as crianças podem 
experimentar o mundo e internalizar uma compreensão particular sobre as 
pessoas, os sentimentos e os diversos conhecimentos. 
 
 
Porém, todo esse aparato legal não garante na prática o direito de brincar. E 
assim, entre o discurso e a realidade, o tempo e o espaço do brincar vão sendo 
reduzidos, sendo este, visto até mesmo como atividade oposta ao trabalho. 
24 
BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NOS ESPAÇOS 
ESCOLARES 
 
 
A brincadeira é uma palavra estreitamente associada à infância e às 
crianças. Porém, ao menos nas sociedades ocidentais, ainda é considerada 
irrelevante ou de pouco valor do ponto de vista da educação formal, assumindo 
frequentemente a significação de oposição ao trabalho, tanto no contexto da escola 
quanto no cotidiano familiar (Borba, 2006). Na opinião de Borba (2006), a 
significativa produção teórica já acumulada afirmando a importância da 
brincadeira na constituição dos processos de desenvolvimento e de aprendizagem 
não foi capaz de modificar as ideias e práticas que reduzem o brincar a uma 
atividade à parte, paralela, de menos importância no contexto da formação escolar 
da criança. Por outro lado, podemos identificar hoje um discurso generalizado em 
torno da “importância do brincar”, presente não apenas na mídia e na publicidade 
produzidas para a infância como também nos programas, propostas e práticas 
educativas institucionais. 
 
 
Como ressalta a referida autora, tanto a dimensão científica quanto a 
dimensão cultural e artística deveriam estar contemplados nas nossas práticas 
junto às crianças, mas para isso é preciso que as rotinas, as grades de horários, a 
organização dos conteúdos e das atividades abram espaço para que possamos, 
junto com as crianças, brincar e produzir cultura. A autora destaca ainda, que a 
brincadeira está entre as atividades frequentemente avaliadas por nós como tempo 
perdido e que essa visão é fruto da ideia de que a brincadeira é uma atividade 
oposta ao trabalho, sendo por isso menos importante, uma vez que não se vincula 
ao mundo produtivo, não gera resultados. Borba (2006) enfatiza também que é 
essa concepção que provoca a diminuição dos espaços e tempos do brincar à 
medida que avançam as séries/anos do ensino fundamental. Seu lugar e seu tempo 
vão se restringindo à “hora do recreio”, assumindo contornos cada vez mais 
definidos e restritos em termos de horários, espaços e disciplina: não pode correr, 
pular, jogar bola etc. Sua função fica reduzida a proporcionar o relaxamento e a 
reposição de energias para o trabalho, este sim sério e importante. De acordo com 
Perrotti (1990, p.20): “A racionalidade do sistema produtivo torna o lúdico 
inviável, pois o tempo do lúdico não é regulável, mensurável, objetivável. Toda 
tentativa de subordiná-lo ao tempo da produção provoca sua morte. Por isso ele é 
banido da vida cotidiana do adulto e permitido nas esferas discriminadas dos 
25 
“improdutivos”. O lúdico, dentro do mecanismo do sistema, é a sua negação. Em 
seu lugar permite-se o lazer, o não trabalho, coisa totalmente diferente do lúdico, 
que é o jogo, a brincadeira, a criação contínua, ininterrupta, intrínseca à 
produção”. Segundo Wajskop (1999), a brincadeira é uma forma de 
comportamento social, que se destaca da atividade do trabalho e do ritmo da vida, 
reconstruindo-os para compreendê-los segundo uma lógica própria, circunscrito e 
organizado no tempo e no espaço. Mais que umcomportamento específico, a 
brincadeira define uma situação onde esse comportamento adquire uma nova 
significação. Como atividade social específica, ainda, a brincadeira é partilhada 
pelas crianças, supondo um sistema de comunicação e interpretação da realidade 
que vai sendo negociado passo a passo pelos pares, à medida que este se 
desenrola. 
 
 
Da mesma forma, implica uma atividade consciente e não evasiva, dado 
que cada gesto significativo, cada uso de objetos implica a reelaboração constante 
das hipóteses sobre a realidade com os quais se está confrontando. A criança que 
brinca pode adentrar o mundo do trabalho pela via da representação e da 
experimentação; o espaço da instituição deve ser um espaço de vida e interação e 
os materiais fornecidos para as crianças podem ser uma das variáveis 
fundamentais que as auxiliam a construir e apropriar-se do conhecimento 
universal (Wajskop, 1999). Perrotti (1990) afirma que o tempo do lúdico não pode 
ser jamais o da produção capitalista. Daí o lúdico identificar-se com a criança, já 
que ela não está apta para o sistema de produção em virtude de o espírito da 
racionalidade não ter conseguido ainda domá-la. Porém, “com o tempo, ela trocará 
seus sonhos, seu tempo, pelos privilégios parcos oferecidos pelo sistema; premida 
pelas exigências, ela sucumbirá à racionalidade” (p.20). 
 
 
Segundo Vidal e Filho (2000), a escola não foi feita nem pensada de forma 
afetiva, mas para que corpos estejam em pleno trabalho. Para os autores: “A 
repartição das salas e dos corredores, a localização e o formato de janelas e portas, 
a distribuição de alunos e alunas na sala de aula e nos demais espaços das escolas 
dos nossos atuais prédios apontam para a construção de lugares concebidos como 
cientificamente equacionados, em função do número de pessoas, tipo de 
iluminação e cubagem de ar. Frias, as paredes e as salas conformam a imagem de 
ensino racional, neutro e asséptico. Implicitamente se afastam do ambiente escolar 
características afetivas. Mentes, mais do que corpos, estão em trabalho. E, nesse 
esforço, a escola abandona a criança para constituir o aluno” (p.32). Como 
assinala Wajskop (1999), é na situação de brincar que as crianças se podem 
colocar desafios e questões além de seu comportamento diário, levantando 
26 
hipóteses na tentativa de compreender os problemas que lhes são propostos pelas 
pessoas e pela realidade com a qual interagem. Quando brincam, ao mesmo tempo 
em que desenvolvem sua imaginação, as crianças podem construir relações reais 
entre elas e elaborar regras de organização e convivência. Concomitantemente a 
esse processo, ao reiterarem situações de sua realidade, modificam-nas de acordo 
com suas necessidades. 
 
 
Ao brincar, as crianças vão construindo a consciência da realidade, ao 
mesmo tempo em que vivenciam uma possibilidade de modificá-la. Portanto, a 
brincadeira é uma situação privilegiada de aprendizagem onde o desenvolvimento 
pode alcançar níveis mais complexos, exatamente pela possibilidade de interação 
entre os pares em uma situação imaginária e pela negociação de regras de 
convivência e de conteúdo. Enfim, é preciso deixar que as crianças e os 
adolescentes brinquem, é preciso aprender com eles a rir, a inverter a ordem, a 
representar, a imitar, a sonhar e a imaginar. 
 
 
“Brincar é viver criativamente no mundo. Ter 
prazer em brincar é ter prazer em viver”. 
M.M. Machado 
 
 
 
 
O ser humano, em todas as fases de sua vida, está sempre descobrindo e 
aprendendo coisas novas pelo contato com seus semelhantes e pelo domínio 
sobre o meio em que vive. Ele nasceu para aprender, para descobrir e apropriar- 
se dos conhecimentos, desde os mais simples até os mais complexos, e é isso que 
lhe garante a sobrevivência e a integração na sociedade como ser participativo, 
crítico e criativo. A esse ato de busca, de troca, de interação, de apropriação é que 
damos o nome de educação. Esta não existe por si só; é uma ação conjunta entre 
as pessoas que cooperam, comunicam-se e comungam do mesmo saber. 
 
 
A infância é a idade das brincadeiras. Acreditamos que por meio delas a 
criança satisfaz, em grande parte, seus interesses, necessidades e desejos 
particulares, sendo um meio privilegiado de inserção na realidade, pois expressa 
a maneira como a criança reflete, ordena, desorganiza, destrói e reconstrói o 
mundo. O lúdico como uma das maneiras mais eficazes de envolver o aluno nas 
atividades, pois a brincadeira é algo inerente na criança, é sua forma de trabalhar, 
refletir e descobrir o mundo que a cerca. 
27 
A educação lúdica é uma ação inerente na criança e 
aparece sempre como uma forma transacional em direção 
a algum conhecimento, que se redefine na elaboração 
constante do pensamento individual em permutações 
constantes com o pensamento coletivo. (ALMEIDA, 1995, 
p.11) 
 
 
A LINGUAGEM LÚDICA 
 
A literatura especializada no tema não registra concordância quanto a um 
conceito comum para o lúdico na educação. Porém, alguns autores relacionam o 
lúdico ao jogo e estudam profundamente sua importância na educação. 
 
 
Huizinga (1990) foi um dos autores que mais se aprofundou no assunto, 
estudando o jogo em diferentes culturas e línguas. Estudou suas aplicações na 
língua grega, chinês, japonês, línguas hebraicas, latim, inglês, alemão, holandês, 
entre outras. O mesmo autor verificou a origem da palavra - em português, 
“jogo”; em francês “jeu”; em italiano, “gioco”; em espanhol, “juico”. Jogo 
advém de “jocus” (latim), cujo sentido abrangia apenas gracejar ou traçar. 
 
 
O referido autor (1990) propõe uma definição para o jogo que abrange 
tanto as manifestações competitivas como as demais. O jogo é uma atividade de 
ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo 
e espaço, seguindo regras livremente consentidas, mas absolutamente 
obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentido de 
tensão, de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana. 
 
 
 
Segundo Piaget (1975) e Winnicott (1975), conceitos como jogo, 
brinquedo e brincadeira são formados ao longo de nossa vivência. É a forma que 
cada um utiliza para nomear o seu brincar. No entanto, tanto a palavra jogo 
quanto a palavra brincadeira podem ser sinônimas de divertimento. 
 
 
 
Conforme Santos (1999), para a criança, brincar é viver. Esta é uma 
afirmativa bastante usada e aceita, pois a própria história da humanidade nos 
mostra que as crianças sempre brincaram, brincam hoje e, certamente, 
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continuarão brincando. Sabemos que ela brinca porque gosta de brincar e que, 
quando isso não acontece, alguma coisa pode não estar bem. Enquanto algumas 
crianças brincam por prazer, outras brincam para dominar angústias, dar vazão à 
agressividade. 
 
 
 
A partir do que foi mencionado sobre o brincar, nos mais diferentes 
enfoques, podemos perceber que ele está presente em todas as dimensões da 
existência do ser humano e, muito especialmente, na vida das crianças. Podemos 
afirmar, realmente, que “brincar é viver”, pois a criança aprende a brincar 
brincando e brinca aprendendo. 
 
 
A criança brinca porque brincar é uma necessidade básica, assim como a 
nutrição, a saúde, a habitação e a educação são vitais para o desenvolvimento do 
potencial infantil. Para manter o equilíbrio com o mundo, a criança necessita 
brincar, jogar, criar e inventar. Estas atividades lúdicas tornam-se mais 
significativas à medida que se desenvolve, inventando, reinventando e 
construindo. Destaca Chateau (1987, p.14) que “Uma criança que não sabe 
brincar, umaminiatura de velho, será um adulto que não saberá pensar. ” 
 
 
Por meio da psicologia, temos conhecimento que, além de ser genético, o 
brincar é fundamental para o desenvolvimento psicossocial equilibrado do ser 
humano. Por intermédio da relação com o brinquedo, a criança desenvolve a 
afetividade, a criatividade, a capacidade de raciocínio, a estruturação de 
situações, o entendimento do mundo. A autora Wajskop (1995, p.68) diz: 
“Brincar é a fase mais importante da infância - do desenvolvimento humano 
neste período - por ser a auto ativa representação do interno - a representação de 
necessidades e impulsos internos”. 
 
 
 
Brincando, o sujeito aumenta sua independência, estimula sua 
sensibilidade visual e auditiva, valoriza sua cultura popular, desenvolve 
habilidades motoras, exercita sua imaginação, sua criatividade, socializa-se, 
interage, reequilibra-se, recicla suas emoções, sua necessidade de conhecer e 
reinventar e, assim, constrói seus conhecimentos. 
 
 
A concepção de criança é uma noção historicamente construída e 
constantemente vem mudando ao longo dos tempos, não se apresentando de 
forma homogênea nem mesmo no interior de uma mesma sociedade e época. 
Assim é possível que, por exemplo, em uma mesma cidade, existam diferentes 
maneiras de se considerar as crianças, dependendo da classe social a qual 
pertencem, do grupo étnico do qual fazem parte. 
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Boa parte das crianças brasileiras enfrenta um cotidiano bastante adverso 
que as conduz desde muito cedo a precárias condições de vida, ao trabalho 
infantil, ao abuso e exploração por parte de adultos. Outras crianças são 
protegidas de todas as maneiras, recebendo de suas famílias e da sociedade em 
geral cuidados necessários ao seu desenvolvimento. 
 
“A criança como todo ser humano, é um sujeito social e 
histórico e faz parte de uma organização familiar que está 
inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, 
em um determinado momento histórico. É profundamente 
marcada pelo social em que se desenvolve, mas também o 
marca”. 
 
Compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianças serem 
e estarem no mundo deve ser o grande desafio da educação infantil. Embora os 
conhecimentos derivados da psicologia, antropologia e sociologia possam ser de 
grande valia para desvelar o universo infantil apontando algumas características 
comuns de ser, elas permanecem únicas em suas individualidades e diferenças. 
Alerta Rosamilha (1979, p.77) : 
 
“A criança é antes de tudo, um ser feito para brincar. O 
jogo, eis aí um artifício que a natureza encontrou para 
levar a criança a empregar uma atividade útil ao seu 
desenvolvimento físico e mental. Usemos um pouco mais 
esse artifício, coloquemos o ensino mais ao nível da 
criança, fazendo de seus instintos naturais, aliados e não 
inimigos”. 
 
A capacidade de brincar possibilita às crianças um espaço para resolução 
dos problemas que as rodeiam. A literatura especializada no crescimento e no 
desenvolvimento infantil considera que o ato de brincar é mais que a simples 
satisfação de desejos. O brincar é o fazer em si, um fazer que requer tempo e 
espaço próprios; um fazer que se constitui de experiências culturais, que são 
universais, e próprio da saúde porque facilita o crescimento, conduz aos 
relacionamentos grupais, podendo ser uma forma de comunicação consigo 
mesmo e com os outros. 
 
 
Cabe ressaltar, no entanto, que no mundo capitalista em que vivemos o 
lúdico está sendo extraído do universo infantil. As crianças estão brincando cada 
vez menos por inúmeras razões: uma delas é o amadurecimento precoce; outra é 
a redução violenta do espaço físico e do tempo de brincar, ou seja, o excesso de 
atividades atribuídas, tais como escola, natação, inglês, computação, ginástica, 
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dança, pintura, etc. Tudo isso toma o tempo das crianças e, na hora de brincar, 
quando sobra tempo, muitas vezes ficam horas em frente à televisão, divertindo- 
se com jogos violentos e rodeados de brinquedos eletrônicos, onde as interações 
sociais e a liberdade de agir ficam determinadas pelo próprio brinquedo. Eles 
fazem quase tudo pelas crianças, se movimentam e até falam, sobrando pouco 
espaço para o faz-de-conta. 
 
Entretanto, o mais grave de tudo, é que os pais estão esquecendo a 
importância do brincar. Muitos acham que um bom presente é um tênis de grife 
ou uma roupa porque é “mais útil”. Brinquedo virou supérfluo. No desespero 
por fazer economia, os pais estão cortando o brinquedo do orçamento familiar. 
Grande engano, com consequências muito sérias se o erro não for reparado a 
tempo, pois as roupas e acessórios em geral não vão desenvolver o raciocínio 
nem a afetividade. Pelo contrário, vão transformar a criança em um miniadulto 
que, desde já, precisa estar “sempre ligado”. Mas e o resto? E a criatividade, a 
emoção, o desenvolvimento lógico e casual, a alegria de brincar? Tudo isso pode 
ser economizado? 
 
 
É preciso respeitar o tempo de a criança ser criança, sua maneira 
absolutamente original de ser e estar no mundo, de vivê-lo, de descobri-lo, de 
conhecê-lo, tudo simultaneamente. É preciso quebrar alguns paradigmas que 
foram sendo criados. Brinquedo não é só um presente, um agrado que se faz à 
criança: é investimento em crianças sadias do ponto de vista psicossocial. Ele é a 
estrada que a criança percorre para chegar ao coração das coisas, para desvelar 
os segredos que lhe esconde um olhar surpreso ou acolhedor, para desfazer 
temores, explorando o desconhecido. 
 
 
 
 
De acordo com Vygotsky (1984, p.97): 
 
A brincadeira cria para as crianças uma “zona de 
desenvolvimento proximal” que não é outra coisa senão a 
distância entre o nível atual de desenvolvimento, 
determinado pela capacidade de resolver 
independentemente um problema, e o nível atual de 
desenvolvimento potencial, determinado através da 
resolução de um problema sob a orientação de um adulto 
ou com a colaboração de um companheiro mais capaz. 
31 
Por meio das atividades lúdicas, a criança reproduz muitas situações 
vividas em seu cotidiano, as quais, pela imaginação e pelo faz-de-conta, são 
reelaboradas. Esta representação do cotidiano se dá por meio da combinação 
entre experiências passadas e novas possibilidades de interpretações e 
reproduções do real, de acordo com suas afeições, necessidades, desejos e 
paixões. Estas ações são fundamentais para a atividade criadora do homem. 
 
 
Tanto para Vygotsky (1984) como para Piaget (1975), o desenvolvimento 
não é linear, mas evolutivo e, nesse trajeto, a imaginação se desenvolve. Uma 
vez que a criança brinca e desenvolve a capacidade para determinado tipo de 
conhecimento, ela dificilmente perde esta capacidade. É com a formação de 
conceitos que se dá a verdadeira aprendizagem e é no brincar que está um dos 
maiores espaços para a formação de conceitos. Negrine (1994, p.19) sustenta 
que: 
“As contribuições das atividades lúdicas, no 
desenvolvimento integral indicam que elas contribuem 
poderosamente no desenvolvimento global da criança e que 
todas as dimensões estão intrinsecamente vinculadas: a 
inteligência, a afetividade, a motricidade e a sociabilidade 
são inseparáveis, sendo a afetividade a que constitui a 
energia necessária para a progressão psíquica, moral, 
intelectual e motriz da criança”. 
 
 
32 
 
Brincar é sinônimo de aprender, pois o brincar e o jogar geram um espaço 
para pensar, sendo que a criança avança no raciocínio, desenvolve o 
pensamento, estabelece contatos sociais, compreende o meio, satisfaz desejos, 
desenvolve habilidades, conhecimentos e criatividade. As interaçõesque o 
brincar e o jogo oportunizam favorecem a superação do egocentrismo, 
desenvolvendo a solidariedade e a empatia, e introduzem, especialmente no 
compartilhamento de jogos e brinquedos, novos sentidos para a posse e o 
consumo. 
 
 
EDUCAÇÃO E PRÁTICAS LUDICAS 
 
A educação traz muitos desafios aos que nela trabalham e aos que se 
dedicam a sua causa. Muito já se pesquisou, escreveu e discutiu sobre a 
educação, mas o tema é sempre atual e indispensável, pois seu foco principal é o 
ser humano. Então, pensar em educação é pensar no ser humano, em sua 
totalidade, em seu corpo, em seu meio ambiente, nas suas preferências, nos seus 
gostos, nos seus prazeres, enfim, em suas relações vivenciadas. 
 
 
Alunos querendo mais aprendizagem, não tendo vontade de sair da aula 
após seu término; alunos querendo voltar à escola porque lá é um lugar bom 
para passar o dia. Esta é uma realidade desejada por muitos educadores. O que 
será que os educadores estão fazendo para proporcionar este prazer de aprender 
nos alunos? A escola está proporcionando um ambiente para concretizar esta 
ideia? De acordo com Resende (1999, p. 42-43), 
 
Não queremos uma escola cuja aprendizagem esteja 
centrada nos homens de “talentos”, nem nos gênios, já 
rotulados. O mundo está cheio de talentos fracassados e de 
gênios incompreendidos, abandonados à própria sorte. 
Precisamos de uma escola que forme homens, que possam 
usar seu conhecimento para o enriquecimento pessoal, 
atendendo os anseios de uma sociedade em busca de 
igualdade de oportunidade para todos. 
 
A maioria das escolas de hoje está preparando seus alunos para um mundo 
que já não existe. Ações como dar aulas deverão ser substituídas por orientar a 
aprendizagem do aluno na construção do seu próprio conhecer, como preconiza 
o construtivismo, o sociointeracionismo, porque, afinal, ou aluno e professor 
estão mobilizados e engajados no processo, ou não há ensino possível. 
33 
O homem informa-se. Ninguém ensina a quem não quer aprender, pois 
Ausebel, citado por Barreto (1998), alerta para o fato de que a verdadeira 
aprendizagem é sempre significativa. 
 
 
Na realidade, no contexto atual, já não há mais espaço para o professor 
informador e para o aluno ouvinte. A muito chegou o tempo da convivência 
com a autoaprendizagem, expressão autêntica da construção do conhecimento 
que força o professor a tornar-se um facilitador do processo ensino- 
aprendizagem, e o aluno, um verdadeiro pesquisador da sociedade vigente. 
 
 
Desta forma, a brincadeira exerceu papel e funções específicas de acordo 
com cada momento histórico. Teve funções e papéis irrelevantes, esteve 
vinculada à educação de forma descontextualizada com o objetivo de facilitar a 
transmissão de conhecimentos, ajudou na educação dos filhos, principalmente 
das mães operárias e, atualmente, tem um papel relevante, pois é um dos 
maiores espaços que a criança tem para formar seus conceitos, seus 
conhecimentos, conhecer o mundo e integrar-se a ele. 
 
 
 
Se entendermos o conhecimento como uma representação mental, 
devemos saber que ensinar é um convite à exploração, à descoberta, e não uma 
pobre transmissão de informações e técnicas desprovidas de significado. 
 
 
 
Aprender a pensar sobre diferentes assuntos é muito mais importante 
do que memorizar fatos e dados a respeito dos assuntos. A própria criança nos 
aponta o caminho no momento em que não utiliza nem precisa utilizar as 
energias vãs despendidas pela escola, sacrificadas e coroadas pelo descrédito, 
porque desprepara seus alunos. 
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O homem é um ser em constante mudança; logo, não é uma realidade 
acabada. Por esse motivo, a educação não pode assumer o papel e o direito de 
reproduzir modelos e muito menos, de colocar freios às possibilidades criativas 
do ser humano original por natureza. 
 
 
Sneyders (1996) comenta que a pedagogia, ao invés de manter-se como 
sinônimo de teoria de como ensinar e de como aprender, deveria transformar a 
educação em desafio, em que a missão do mestre é propor situações que 
estimulem a atividade reequilibradora do aluno, construtor do seu próprio 
conhecimento. 
 
 
A escola deve compreender que, por um determinado tempo da história 
pedagógica, foi um dos instrumentos da imobilização da vida, e que esse tempo 
já terminou. A evolução do próprio conceito de aprendizagem sugere que educar 
passe a ser facilitar a criatividade, no sentido de repor o ser humano em sua 
evolução histórica e abandonando de vez a ideia de que aprender significa a 
mesma coisa que acumular conhecimentos sobre fatos, dados e informações 
isoladas numa autêntica sobrecarga da memória. De acordo com o Referencial 
Curricular da Educação Infantil (1998, p.23), 
 
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, 
brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma 
integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento 
das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e 
estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, 
respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos 
conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. 
 
 
 
A ideia de estudo com prazer provém da época de Platão e Aristóteles e 
foi se adaptando às várias concepções de criança e aos interesses e necessidades 
 
 
Entende-se que educar ludicamente não é jogar lições empacotadas para o 
educando consumir passivamente. Educar é um ato consciente e planejado, é 
tornar o indivíduo consciente, engajado e feliz no mundo. É seduzir os seres 
humanos para o prazer de conhecer. É resgatar o verdadeiro sentido da palavra 
“escola”, local de alegria, prazer intelectual, satisfação e desenvolvimento. 
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Para atingir esse fim, é preciso que os educadores repensem o conteúdo e 
a sua prática pedagógica, substituindo a rigidez e a passividade pela vida, pela 
alegria, pelo entusiasmo de aprender, pela maneira de ver, pensar, compreender 
e reconstruir o conhecimento. Almeida (1995, p.41) ressalta: 
 
“A educação lúdica contribui e influencia na formação da 
criança, possibilitando um crescimento sadio, um 
enriquecimento permanente, integrando-se ao mais alto 
espírito democrático enquanto investe em uma produção 
séria do conhecimento. A sua prática exige a participação 
franca, criativa, livre, crítica, promovendo a interação 
social e tendo em vista o forte compromisso de 
transformação e modificação do meio”. 
 
 
A escola necessita repensar quem ela está educando, considerando a 
vivência, o repertório e a individualidade do mesmo, pois se não considerar, 
dificilmente estará contribuindo para mudança e produtividade de seus alunos. A 
negação do lúdico pode ser entendida como uma perspectiva geral e, desse ponto 
de vista, está diretamente relacionada com a negação que a escola faz da criança, 
com o seu desrespeito, ou ainda, o desrespeito à sua cultura. 
 
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O LÚDICO COMO PROCESSO EDUCATIVO 
 
 
Marcellino (1990) defende a reintrodução das atividades lúdicas na escola. 
Entende- se que esse direito ao respeito não significa a aceitação de que a 
criança habite um mundo autônomo do adulto, tampouco que deva ser deixada 
entregue aos seus iguais, recusando-se, assim, a interferência do adulto no 
processo de educação. Os estudos da psicanálise demonstram, entre outros 
caracteres não muito nobres, o autoritarismo que impera entre as crianças. Mas a 
intervenção do adulto não precisa ser necessariamente desrespeitada. É preciso 
que, ao intervir, o adulto respeite os direitos da criança. 
 
 
A proposta do autor nos remete a pensar numa ação educativa que 
considere

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