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1 2 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL RESUMO Este livro tem como objetivo, mostrar a importância do aprender de forma lúdica e prazerosa para a criança, enfocando o brincar durante o processo de desenvolvimento enquanto ser humano e sua contribuição para o desenvolvimento no ensino e a aprendizagem na educação infantil, enfatizando, o prazer de descobrir o mundo em que está inserida, através da brincadeira, na construção do seu caráter, sua formação moral e social, de acordo com o ambiente no qual a mesma se encontra. As brincadeiras são importantíssimos instrumentos pedagógicos no desenvolvimento e na aprendizagem da criança, pois ajudam a construir conhecimento e ainda proporcionam momentos de alegria para o desenvolvimento da criança e o despertar para várias linguagens. 3 . 4 É essencial que a criança tenha espaço para se descobrir, que tenha contato consigo mesma, além da possibilidade explorar o mundo a sua volta. Neste contexto escolar, nosso desafio como educadores, é mediar criando situações (Atividades e propostas) para que a criança sinta-se à vontade em desenvolver sua melhor linguagem. 5 SUMÁRIO 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................................................02 2 – O BRINCAR........................................................................................................................06 3 – BRINCADEIRA É COISA SÉRIA..............................................................22 4 - BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NOS ESPAÇOS ESCOLARES........23 5 - A LINGUAGEM LÚDICA..........................................................................27 6 - EDUCAÇÃO E PRÁTICAS LUDICAS......................................................32 7 - O LÚDICO COMO PROCESSO EDUCATIVO.........................................36 8 - A IMPORTÂNCIA DAS BRINCADEIRAS FOLCLÓRICAS...................40 9 - A MÚSICA E SUA CONTRIBUIÇÃO EDUCACINAL PARA O PROCESSO DE APRENDIZAGEM......................................................................................45 10- A MÚSICA COMO FERRAMENTA LÚDICA NA ESCOLA.................48 11- PSICOMOTRICIDADE E DESENVOLVIENTO INFANTIL..................76 12- A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO LIGADO ÀS HABILIDADES MOTORAS........................................................................................................79 13- CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................96 6 O BRINCAR O brincar é um importante processo psicológico, fonte de desenvolvimento e formação de caráter educacional e social. Ele envolve complexos processos de articulação entre o velho e o novo, entre a experiência, a memória e a imaginação, entre a realidade e a fantasia, sendo marcado como uma forma particular de relação com o mundo, distanciando-se da realidade da vida comum, ainda que nela referenciada. A brincadeira é de fundamental importância para o desenvolvimento infantil, na medida em que a criança pode transformar e produzir novos significados. O brincar não só requer muitas aprendizagens como também constitui um espaço de aprendizagem. Como ressalta Machado (2003, p.37). O brinquedo, visto como objeto, como suporte da brincadeira, permite à criança criar, imaginar e representar a realidade e as experiências por ela adquiridas. Proporciona a criação, por parte da criança, criação esta que é fruto da sua imaginação e de sua fantasia. O educador é aquele que cria as oportunidades, oferece materiais e participa das brincadeiras, mediando à construção do conhecimento. O uso de materiais lúdicos em sala de aula para contribuir no desenvolvimento e aprendizagem de maneira mais criativa, prazerosa e sociável. Como afirma Borba (2006), a imaginação, constitutiva do brincar e do processo de humanização dos homens, é um importante processo psicológico, iniciado na infância, que permite aos sujeitos se desprenderem das restrições impostas pelo contexto imediato e transformá-lo. Combinada com uma ação performativa construída por gestos, movimentos, vozes, formas de dizer, roupas, cenários etc., a imaginação estabelece o plano do brincar, do fazer de conta, da criação de uma realidade “fingida”. 20 Vygotsky (2007) defende que nesse novo plano de pensamento, ação, expressão e comunicação, novos significados são elaborados, novos papéis sociais e ações sobre o mundo são desenhados, e novas 7 regras e relações entre os objetos e os sujeitos e desses entre si, são instituídas. A brincadeira de faz-de-conta estimula a capacidade de a criança respeitar regras que valerão não só para a brincadeira, mais também para a vida. Ela também ativa a criatividade, pois através da escolha dos papéis, a criança terá que reproduzir e criar a representação na brincadeira. É assim que cabos de vassoura se transformam em cavalos e com eles as crianças cavalgam para outros tempos e lugares; pedaços de pano transformam-se em capas e vestimentas de príncipes e princesas; pedrinhas em comidinhas; cadeiras em trens; crianças em pais, professores, motoristas, monstros, super-heróis etc. (Borba, 2006). O brincar envolve múltiplas aprendizagens. Vygotsky afirma que na brincadeira “a criança se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no brinquedo, é como se ela fosse maior do que ela é na realidade” (2007, p.122). Isso porque a brincadeira, em sua visão, cria uma zona de desenvolvimento proximal, permitindo que as ações da criança ultrapassem o desenvolvimento já alcançado (desenvolvimento real), impulsionando-a a conquistar novas possibilidades de compreensão e de ação sobre o mundo. Segundo Vygotsky (2007, p.118). Toda criança tem necessidade e o direito de brincar, isto é uma característica da infância garantida em Lei. A função do brincar não está no brinquedo, no material usado, mas sim na atitude subjetiva que a criança demonstra na brincadeira e no tipo de atividade exercida na hora da brincadeira. Essa vivência é carregada de prazer e satisfação. É a falta desse prazer ou dessa satisfação que pode acarretar na própria criança, alguns distúrbios de comportamento. Em cada etapa evolutiva da criança, o brincar vai se modificando, mais é essencial que ela tenha oportunidade de explorar todas as fases do brincar. A importância do brinquedo é a da exploração e do aprendizado concreto do mundo exterior, utilizando e estimulando os órgãos dos sentidos, a função sensorial, a função motora e a emocional. 8 A brincadeira tem uma enorme função social, desenvolve o lado intelectual e principalmente cria oportunidades para a criança elaborar e vivenciar situações emocionais e conflitos sentidos no dia a dia de toda criança. 4 Segundo RCNEI (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil), entendemos a importância do brincar (e que esta questão na vida escolar da criança), tendo em vista, o desenvolvimento da criança em todos os seus aspectos, ou seja, cognitivo, afetivo, motor e social. 9 O brincar favorece a criança o aprendizado, pois é brincando que o ser humano se torna apto a viver numa ordem social e num mundo culturalmente simbólicos.É o mais completo dos processos educativos, pois influencia o intelecto, o emocional o e corpo da criança. Brincar faz parte da especificidade infantil e oportunizar a criança seu desenvolvimento e a busca de sua completude, seu saber, seus conhecimentos e suas expectativas do mundo. Por ser importante para as crianças, a atividade lúdica e suas múltiplas possibilidades pode e deve ser utilizada como recurso de aprendizagem e desenvolvimento. É no brincar que acontece a aprendizagem da criança, é através das brincadeiras as crianças podem desenvolver a sua capacidade de criar brincadeiras, para dar condições do desenvolvimento na diversidade das brincadeiras nas experiências através da troca com outra criança ou com os professores ou com a sua família. Quando a criança está brincando, ela cria situações imaginárias que lhe permite manusear objetos e se aventurar em situações do mundo dos adultos. Enquanto brinca, seu conhecimento se amplia, pois ela pode fazer de conta que age de maneira adequada ao manipular objetos com os quais o adulto opera e ela ainda não. O brincar é muito importante por que é através do mesmo que a criança desenvolve, conhece e compreende o aprendizado e se expressa no mundo que a cerca. Com base nas palavras que Vigotsky destacou, a importância da brincadeira para o aprender, o desenvolvimento infantil, segundo o autor, vem auxiliando cada vês mas a criança e facilitando seu modo de absorver conhecimento, no faz de conta a criança tem a oportunidade de ser aquilo que ainda não é ou seja, ser o que ela imagina ser, através do seu imaginário ela vive suas próprias estórias e num mundo cheio de fantasias e encantamento, neste mundo as crianças se sentem a vontade em agir como se fossem maiores ou até imita os adultos, exercitam a compreensão de papéis sociais e pode usar, de modo simbólico, objetos e ações que ainda não lhes são permitidos. Dessa forma, enquanto brinca, a criança realiza muitas descobertas sobre o mundo que a cerca e sobre si mesma, bem como aprende a relacionar-se com o outro, com o mundo em que vive. O faz de conta depende da capacidade de cada criança para simbolizar o seu imaginário e para favorecer esse fazer da criança, é de fundamental importância que o espaço ofereça recursos e materiais variados que permitam a elas, expressarem emoções e representarem 10 situações cotidianas. Pode-se afirmar que o Brincar “É de fundamental importância para a aprendizagem da criança, por que é através dela que a criança aprende, gradualmente desenvolve conceitos de relacionamento casuais ou sociais, o poder de descriminar, de fazer julgamentos, de analisar e sintetizar, de imaginar e formular e inventar ou recriar suas próprias brincadeiras” (SANTIN, 2001, p.523), ou ainda simplificada nas seguintes palavras de Ferreiro (1988), Brincar “É divertir-se e entreter-se infinitamente em jogos de criança” Lúdico - “Que tem caráter de jogos, de aprender brinquedo e divertimento; é uma necessidade básica da personalidade, do corpo e da mente, faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana” (FERREIRO, 1988, p.139). O ato de brincar não é somente “O brincar por brincar”, mais sim o que ela representa para quem brinca. O brincar está em uma dimensão valorizada no desenvolvimento do aprender, abrangendo crianças e adultos, elevando-os a patamares ainda maiores, representando a necessidade de conhecer, construir e de se descontrair, em um mundo real ou simbólico cheio de momentos maravilhosos que só acontece através da prática da própria palavra. Para Huizinga (1999), o jogo, o brincar, deve ter caráter de liberdade para as crianças irem muito além das suas fantasias, deve ser uma atividade voluntária e quando esta atividade é imposta, deixa de ser uma brincadeira ou um jogo. É na brincadeira que as crianças aprendem como os outros pensam e agem, descobrindo assim uma forma mais rápida para a troca de ideias, respeito pelo outro e a própria convivência social. Enquanto aprendem brincando também ensinam algo de sua vivência, resultando na interação do aprender e ensinar ao mesmo tempo. O brincar tem grande importância para educação infantil, principalmente no aspecto cognitivo, proporcionando á criança, a criatividade com o objetivo de desenvolver suas habilidades. As brincadeiras fazem parte da infância de toda criança e possuem um grande significado emocional e cultural. Temos várias razões para brincar, pois sabemos que é extremamente importante para o desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo e social da criança. É brincando que a criança expressa vontades e desejos construídos ao longo de sua vida, e quanto mais oportunidades a criança tiver de brincar, mais fácil será o seu desenvolvimento para aprender. Segundo Carneiro e Dodge (2007, pág. 59), “ O movimento é, sobretudo para criança pequena, uma forma de expressão e mostra a relação existente entre ação, pensamento e linguagem”. A criança consegue lidar com situações novas e inesperadas, e age de maneira independente, consegue enxergar e entender o mundo fora do seu cotidiano. Atualmente, as crianças 11 entendem por brincadeira os jogos eletrônicos, fazendo com que as mesmas não se movimentem, deixando-as estáticas e com isso sedentárias e obesas. Com as brincadeiras tradicionais, como, por exemplo, pular no pula-pula, corda, elástico, pique, etc., fazem com que as crianças se movimentem a todo tempo, gastando energia e dando liberdade para criar proporcionando alegria e prazer. As razões para brincar são inúmeras, pois sabemos que a brincadeira só faz bem e só não entendemos porque em muitos lugares isso incomoda tanto na sociedade ou algumas pessoas, pais, professores..., mas sabemos que o brincar é um direito da criança, como apresentado na Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, denominada Estatuto da Criança e do Adolescente, acrescenta no Capítulo II, Art. 16°, Inciso IV, que toda criança tem o direito de viver o seu tempo de infância que é o de brincar, praticar esportes e divertir-se. Então vimos que, a criança tem o direito de brincar, pois está amparada por lei e esta, é mais uma razão para que as crianças brinquem, além das inúmeras situações que já citamos, porque o brincar favorece a descoberta, a curiosidade, uma vez que auxilia na concentração, na percepção, na observação, além disso, as crianças desenvolvem os músculos, absorvem oxigênio, crescem, movimentam-se no espaço, descobrindo o seu próprio corpo. O brincar tem um papel fundamental neste processo, nas etapas de desenvolvimento da criança. Na brincadeira, a criança representa o mundo em que está inserida, transformando-o de acordo com as suas fantasias e vontades e com isso solucionando problemas. Para Cunha (1994), o brincar é uma característica primordial na vida das crianças, porque é bom, é gostoso e traz felicidade quando estão a brincar. Além disso, ser feliz é estar mais predisposto a ser bondoso, a amar o próximo e a partilhar fraternalmente, são outros pontos positivos dessa prática. A educação infantil abre portas para que as vivenciem em grupos nessa faixa etária tornem-se significativas no processo de aprendizagens futuras. A história da educação infantil é marcada por altos e baixos, seu surgimento se deu com a revolução industrial, esse movimento levou mulheres e mães para fora do lar, gerando a necessidade do surgimento das creches. A educação infantil abre portas para que as vivencias em grupos nessa faixa etária, tornem-se significativas no processo de aprendizagens futuras. . Através das brincadeiras as crianças podem aprender sobre o mundo, desenvolvendo-senos sete eixos mencionados nos RCNEIS. 12 A grande maioria das brincadeiras estão associadas ao desenvolvimento dos movimentos corporais, trabalhando as destrezas, habilidades, lateralidade. Muitas brincadeiras proporcionam o aprendizado das regras de convivência, dos conceitos matemáticos como; noções de espaço e tempo, outras desenvolvem a linguagem e a autonomia, pois a criança precisa comunicar-se e expressar suas preferências para brincar, as brincadeiras ultilizando a música e as artes ativam a criatividade, outras brincadeiras ensinam as ciências. O universo escolar proporciona experiências únicas na vida de uma criança, seja qual for sua idade, pôr ser o início destas descobertas já começa na educação infantil. Desde muito cedo as crianças brincam e esta é uma realidade nas creches e pré-escolas. A criança começa primeiro a deselvonver brincadeiras com o seu corpo para aos poucos ir diferenciando os objetos ao seu arador. Discorrendo sobre o tema a história do brincar Craidy e Kaercher (2001) afirmam que a criança vê o mundo através do brinquedo e que sempre existiram formas, jeitos e instrumentos para brincar. As brincadeiras se perpetuam e se renovam a cada geração carregando os traços característicos de cada uma. Elas continuam ressaltando: A criança se expressa pelo ato lúdico e é através desse ato que a infância carrega consigo as brincadeiras. Elas perpetuam e renovam a cultura infantil, desenvolvendo formas de convivência social, modificando-se e recebendo novos conteúdos, a fim de se renovar a cada geração. É pelo brincar e repetir a brincadeira que a criança saboreia a vitória da aquisição de um novo saber fazer, incorporando-o a cada novo brincar. (2001,p.103). Mesmo com a implantação das novas tecnologias, as simples brincadeiras não deixam de ter sua relevância, elas podem tornar-se fontes de estímulo ao desenvolvimento cognitivo, social e afetivo da criança ou até mesmo as brincadeiras podem ser resgatadas para dentro da escola. O grande educador Rubem Alves escrevendo sobre a importância do brincar na educação infantil afirma como o lúdico interfere no desenvolvimento da criança. 10 É através das descorbertas proporcionadas pelo ato de brincar, que as crianças, afima Rubem Alves “Podem exercer sua capacidade de criar”, condição imprescindível para que haja riqueza e diversidade nas experiências que lhes são oferecidas nas instituições, sejam elas mais voltadas ao lúdico ou às aprendizagens que ocorrem por meio de uma intervenção direta. Sendo assim quando a criança está brincando a criança deselvolve seu lado criativo. O brincar na Educação Infantil serve como o eixo orientador e estimulador para o desenvolvimento e o desempenho de suas atividades, mostrando assim, que é necessário que o professor tenha consciência do valor pedagógico das brincadeiras e dos jogos para a criança já desde a educação infantil. As variações das brincadeiras na Educação Infantil vão promover um maior desenvolvimento da criança que pode favorecer uma prática voltada para um relacionamento mais reflexivo, entre muitas outras contribuições do brincar para a prática pedagógica, na educação infantil. A importância da Infância, do brincar é algo historicamente construído, a infância e o brincar, possuem perspectivas diferentes de acordo com a sociedade e também com cada período histórico tomado como base para a pesquisa. O seu significado vai depender do contexto onde surge e como se dão as relações sociais, históricas, políticas e culturais dentro do contexto estudado. 11 A criança não pode ser vista como algo que independe das relações, como algo já previsto ou descontextualizado. De acordo com o Art. 2º do estatuto da criança e do adolescente “Considera-se criança a pessoa até doze anos de idade incompletos” para as ações tomadas no Brasil, o parâmetro para a definição de criança é esta faixa etária, logo o período da infância coincide com o período em que os indivíduos são considerados crianças. A conceituação da criança e da infância é algo construído pelo adulto, essa construção faz parte de um processo duplo que num primeiro momento tem toda uma associação com o contexto, regras e valores colocados pela sociedade, e outro que traz as percepções do adulto com relação as suas memórias, ou seja, a concepção de infância acaba por ter em seu conteúdo uma visão idealizada do passado do adulto somada com a visão trazida pela sociedade. A criança não é e não pode ser vista um adulto em miniatura, ela ainda precisa passar por diversas fases de sua vida, o desenvolvimento motor, físico, cognitivo e social para chegar a fase adulta e o brincar é um dos elementos necessários para seu desenvolvimento. O ato de brincar, como já foi visto, é algo intrínseco ao ser humano e que está presente em sua vida, sobretudo, durante a infância. Qualquer ação pode ser considerada brincadeira, não há nenhum traço específico para determinar quais formas de agir podem ser consideradas e interpretadas como tal. Para que se identifique que a ação realizada seja uma brincadeira, basta que os sujeitos envolvidos nela e a determinem dessa forma. Todo jogo e toda a brincadeira pressupõe uma cultura específica que pode ser denominada cultura lúdica, um conjunto de procedimentos que tornam a ação do jogo e a atuação dos que brincam, possível. Kishimoto (2008 p.24) afirma que “Dispor de uma cultura lúdica é dispor de um número de referências que permitem interpretar como jogo atividades que poderiam não ser vistas como tal para outras pessoas”. O jogo pressupõe um ponto de partida que chamamos de cultura lúdica, é ela que determina o andamento e o desencadear da brincadeira, a cultura lúdica é fruto de uma interação social e está ligada a cultura geral de onde e de quem se brinca. Como a cultura de um povo não é algo estático – ressignificada a todo o tempo, não haveria como a cultura lúdica ser algo fixo. A cultura geral pode ser vista como uma construtora da lúdica, assim no decorrer das brincadeiras e do desenvolvimento a criança brinca e molda a todo tempo os elementos da vida social que chegam até ela. Para Kishimoto (2008, p.26) “O desenvolvimento da criança determina as experiências possíveis, mas não produz por si só a cultura 12 lúdica. Esta se origina das interações sociais”. No momento em que a criança domina essa cultura lúdica e brinca envolve-se em diversos estilos e formas de brincar, sobretudo as brincadeiras de faz de conta quando se cria uma situação imaginária que é vivenciada e trazida para a sua realidade. Quando a criança inicia a construção do faz de conta ela passa a utilizar e definir objetos e funções além daquelas que se percebe, um exemplo é quando ela brinca com um a cabo de vassoura acreditando ser um lindo cavalo. Esse processo de construção da brincadeira e da imaginação traz para a criança consequências importantes para o seu desenvolvimento, ao entrar no mundo do faz de conta ela faz uma separação dos campos de percepção e da motivação, já que há muitas vezes, a simulação de ações, em que materiais são utilizados para significar outro. 13 Nesse momento a criança passa a interpretar o campo do significado quando ela utiliza objetos para outras funções, em meio a sua brincadeira, que não são as suas funções reais. Durante as brincadeiras de faz de conta, a criança acaba por utilizar em alguns momentos, elementos presentes em suas vivências cotidianas, ela utiliza como matéria prima de sua imaginação o que foi observado e vivenciado durantediversos momentos de sua vida como Cerisara afirma: Quando a criança brinca, ela cria uma situação imaginária, sendo esta uma característica definidora do brinquedo em geral. Nesta situação imaginária, ao assumir um papel, a criança inicialmente imita o comportamento do adulto tal como ele observa em seu contexto (CERISARA, 2008, p.130). A ação de brincar não pressupõe a utilização apenas de elementos do imaginário, pode-se também combinar situações reais vivenciadas com outras do universo da imaginação. Essa adesão do real com o imaginário promove a recombinação criativa das experiências vividas com suas ideias virtuais e também dos materiais, com o que se brinca; Estes podem receber a denominação de “Brinquedo”. De acordo com Brougére (1995) a brincadeira pode ser vista como uma forma de interpretação que a criança fez sobre o brinquedo, ele não condiciona as ações da criança, mas oferece um suporte que poderá ganhar inúmeros significados a partir do imaginário e de acordo como o decorrer da brincadeira. No momento que se vive a infância e que se brinca, existe no brinquedo e na brincadeira um pouco do mundo real, dos valores da sociedade, mas existe também elementos do imaginário. Outra modalidade de brincadeira presente na vida da criança é o jogo de regras que começa a tornar-se participante do cotidiano das mesmas em torno dos 6 anos de idade, em que se estabelecem parâmetros para que a brincadeira possa ocorrer, na maioria das vezes essas regras possuem como parâmetro inicial as regras gerais da sociedade. De acordo com Friedman (1996) as regras podem ser 14 de dois tipos, as transmitidas, aquelas que se tornam institucionais, em que a ação dos mais velhos acabam determinando a ação dos outros mais jovens e dessa forma vão sendo passadas e legitimadas, são os mais velhos que trazem as regras para a brincadeira; e as regas espontâneas que possuem natureza momentânea, que são criadas de acordo com a necessidades dos seres brincantes. Quanto a forma de jogar e as práticas das regras, existem também alguns estágios definidos por Friedman, o primeiro é definido como motor e individual, em que fazem parte as crianças de 0 a 2 anos, são regras não presentes, o segundo estágio que compreende as crianças de 2 a 5 anos, é chamado de estágio egocêntrico, em que a criança brinca sozinha e quando brinca juntamente com outras crianças, não existe a preocupação para estabelecer nem para obedecer regras; terceiro estágio denominado de cooperação em que estão presentes as crianças de 7 a 10 anos em que há a necessidade de vencer o seu parceiro, assim surge uma necessidade de controle das ações dentro das brincadeira, do que deve e o que não deve ser feito e o quarto estágio que é o de codificação das regras que compreende crianças ente 11 e 12 anos, nesta fase as brincadeiras são todas regulamentadas e as regras são seguidas e levadas a sério. No momento em que a criança brinca, pode-se considerar que ali existe o lúdico em ação. Quando brinca, a criança pode fazê-lo de diversas formas, como já foi visto, com os jogos de exercício, faz de conta, brincadeiras musicas, simbólicas e até mesmo jogos de regras. Estudando o lúdico e suas implicações, torna-se possível perceber algumas definições distintas para as diversas formas de brincar e consequentemente os elementos que compoem esta prática. Segundo Kishimoto (1996), a atividade lúdica pode apresentar-se de três formas o jogo, brinquedos e brincadeiras, cada atividade desta possui características distintas, entretanto se assemelham quanto ao desenvolvimento cognitivo e ao prazer proporcionado por eles, assim, para um a melhor compreensão torna-se importante distingui-las e identificá-las de forma mais detalhada. A escola de Educação Infantil deve proporcionar um ambiente agradável que atenda às necessidades das crianças com atividades pedagógicas embasadas no lúdico, valorizando e oportunizando os bebês para explorarem o espaço e conquistar novas habilidades, como define o autor: A experiência da criança no contexto educativo precisa ser muito mais qualificada. Ela deve incluir o acolhimento, a segurança, o lugar para se trabalhar emoção, para o gosto e para o desenvolvimento da sensibilidade. (Bujes, 2001, p.13). As diversidades de práticas pedagógicas caracterizam o universo escolar infantil, refletindo em diferentes concepções, e em funções atribuídas ao movimento no cotidiano das 15 creches, pré- escolas e instituições afins. Existem muitas possibilidades de incorporar atividades 16 lúdicas na aprendizagem, para isso é importante, que permita à decisão, a escolha, as descobertas, as perguntas e as soluções por parte das crianças, pois ao contrário será compreendida apenas como mais um exercício. Brincar é a fase mais importante da infância do desenvolvimento humano, neste período por ser auto - ativa representação do interno a representação de necessidades e impulsos internos. (FROEBEL, 1912, p.54- 55). Pois as crianças possuem inúmeras maneiras de pensar, de jogar, de brincar, de falar estudar e se movimentar, por meio destas diferentes linguagens as quais se expressam no seu cotidiano, ou seja, no convívio escolar, familiar e escolar, construindo assim uma identidade infantil. No entanto elas imaginam, falam, fantasiam, colecionam, reconstroem o seu mundo infantil. Nesse sentido, é muito importante estar proporcionando nas atividades realizadas com as mesmas brincadeiras e jogos que estimulem suas habilidades e possam descobrir seus talentos próprios. Por que brincar? O brincar é uma atividade muito importante para a vida humana, por que a mesma é a criadora do desenvolvimento, na qual a imaginação, desenvolve a fantasia da realidade para o interagir na produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de ação pelas crianças, assim como de novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos, crianças e adultos para a convivência na sociedade. A brincadeira traz em si a articulação de elementos imaginários de imitação e também de elementos da realidade, ela acaba por ser uma transformação da realidade no plano da imaginação e das emoções através do brinquedo. O brincar causa na criança, inúmeras sensações como representação, a imitação do cotidiano ou de situações vividas anteriormente nas questões individuais e sociais, enfim promove novas vivências, o que acarreta num desenvolvimento e por consequência um aprendizado, sempre acompanhados pelo prazer, que o brincar proporciona. Em contrapartida aos discursos dos pais de que o aluno só vai aprender se deixar de lado a brincadeira, Vigotski afirma que a brincadeira proporciona aprendizado fazendo com que a criança se relacione com o outro, entenda as relações humanas, seu papel nelas, construindo sua identidade. A brincadeira na Educação Infantil não deve ser entendida, apenas no seu aspecto funcional, colaborando para a melhoria das aprendizagens cognitivas, mas também brincam para satisfazer necessidades como, por exemplo, viver a brincadeira. Durante essas brincadeiras a criança utiliza seu corpo e o movimento como forma de interagir com outras e com o meio, produzindo culturas. Essas 17 culturas estão embasadas em valores com a ludicidade, a criatividade e nas suas experiências de movimento. Desta forma entende-se que as práticas escolares devem respeitar e compreender o universo infantil, desenvolvendo na criança a capacidade de produzir conhecimentos fundamentais para seu próprio caráter. Durante o brincar as crianças aprendem umas com as outras e se desenvolvem como seressociais, que pensam que possuem atitudes, que geram novas capacidades, que desenvolvem novas habilidades de descoberta do mundo. Como nos afirma Brasil, (2002, p. 27), “Ao brincar as crianças criam, recriam e repensam os acontecimentos do seu imaginário, para o aprender que acontece através do brincar, desenvolvendo o aprender de forma lúdica, mais as brincadeiras não podem ser sempre dirigidas da mesma forma, mas de maneiras variadas, livres com o intuído de gerar aprendizagem, ou seja, com uma função educativa para o desenvolvimento da criança Os resultados demonstraram que “A importância do brincar e do aprender na educação infantil” é de fundamental importância na vida da criança e a brincadeira é um meio que a criança utiliza para desenvolver, aprender a se relacionar com as outras crianças e com o mundo em que estão inseridos. Vale ressaltar que as escolas de educação infantil devem oferecer à criança um ambiente de qualidade e favorecedor para o desenvolvimento da criança, que estimule as interações sociais e que seja um ambiente enriquecedor da imaginação infantil, por que é através do brincar que a crianças aprendem, tornando os momentos de aprendizagens prazerosos. A importância de valorizar a prática do brincar do lúdico para incentivar crianças na educação infantil, é enorme e os benefícios que o brincar proporciona no desenvolvimento da criança são inúmeros, através desse momento à criança, se comunica, descobre suas habilidades com naturalidade e com prazer, dentro desse universo de faz de conta. Levando em conta o que foi analisado o brincar este diretamente relacionado ao desenvolvimento intelectual da criança, dessa forma, a criança precisa de estímulos quanto nos ambientes escolares, quanto familiar, dando oportunidades de contatos com materiais que dão suporte a uma aprendizagem de qualidade. Em virtude do que foi mencionado não se pode simplesmente culpar os educadores ou considerá-los desmotivados pelo assunto, mas, é preciso mostrar quais são os benefícios de um trabalho bem elaborado, que envolva as atividades 18 lúdicas de qualidade, com liberdade de ação física, mental, utilizando recursos e transparência, no estímulo na competição entre os alunos através dos brinquedos, oferecer segurança, tudo isso são notáveis para enriquecimento do trabalho, e a construção de sua identidade. Considerando esses aspectos, com base nas pesquisas sobre a importância do brincar na educação infantil, pode se obter um resultado satisfatório na busca por uma identidade infantil de qualidade. Apesar de a palavra brincadeira ser estreitamente ligada à infância e às crianças, vemos que a brincadeira sempre foi uma atividade significativa na vida dos homens em diferentes épocas e lugares (Borba, 2007). De acordo com Borba (2007), a experiência do brincar, cruza diferentes tempos e lugares, passados, presentes e futuros, sendo marcada ao mesmo tempo pela continuidade e pela mudança. Mas essa experiência não é simplesmente reproduzida, e sim recriada a partir do que a criança traz de novo, com seu poder de imaginar, criar, reinventar e produzir cultura. A brincadeira não é algo já dado na vida do ser humano, ou seja, aprende-se a brincar desde cedo, nas relações que os sujeitos estabelecem com os outros e com a cultura. Para a referida autora, brincar é uma atividade que, ao mesmo tempo, identifica e diversifica os seres humanos em diferentes tempos e espaços. É também uma forma de ação que contribui para a construção da vida social coletiva. Para as crianças, a brincadeira é uma forma privilegiada de interação com os outros sujeitos, adultos e crianças, e com os objetos e a natureza à sua volta. Brincando, elas se apropriam criativamente de formas de ação social tipicamente humana e de práticas sociais específicas dos grupos aos quais pertencem, aprendendo sobre si mesmas e sobre o mundo em que vivem. A brincadeira, por sua vez, cria laços de solidariedade e de comunhão entre os sujeitos que dela participam e também assume importância fundamental como forma de participação social. Segundo Borba (2007, p.12). Crianças são sujeitos sociais e históricos, marcados pelas contradições das sociedades em que estão inseridas. Elas produzem cultura e são produzidas na cultura em que se inserem (em seu espaço) e que lhes é contemporânea (de seu tempo). Por isso, não formam uma comunidade isolada, mas, fazem parte de um grupo e suas brincadeiras expressam esse pertencimento (Kramer, 2007). 19 E por situar-se nesse contexto histórico e social, as crianças acabam por incorporar à experiência social e cultural do brincar por meio das relações que estabelecem com os outros – adultos e crianças. Para Borba (2006, p.39). Brincar é uma experiência de cultura importante não apenas nos primeiros anos da infância, mas durante todo o percurso de vida de qualquer ser humano. As crianças brincam, isso é o que as caracteriza (Kramer, 2007). Para ilustrar essa afirmação, devemos atentar que mesmo antes do brincar com os objetos, vem o brincar consigo mesmo e com as pessoas. O brincar com o corpo é descoberta. As primeiras brincadeiras do bebê estão relacionadas à descoberta do eu corporal: lidar com o seu corpo é uma grande e importante brincadeira das crianças (Machado, 2003). O brincar alimenta-se das referências e do acervo cultural a que as crianças têm acesso, bem como das experiências que elas têm (Borba, 2007). Machado (2003, p.21) afirma que: “Brincar é nossa primeira forma de cultura. A cultura é algo que pertence a todos e que nos faz participar de ideais e objetivos comuns, nossa herança mais profunda. A cultura é o jeito de as pessoas conviverem e se expressarem, é o modo como as crianças brincam, como os adultos vivem Mesmo sem estar brincando com o que denominamos “brinquedo”, a criança brinca com a cultura”. “No brincar, a criança lida com sua realidade interior e sua tradução livre da realidade exterior: é também o que o adulto faz quando está filosofando, escrevendo e lendo poesias, exercendo sua religião”. O brincar é uma linguagem e que para explorar, descobrir e apreender a realidade, paradoxalmente a criança se utiliza do faz-de-conta e das brincadeiras. Brincando, ela aprende a linguagem dos símbolos e entra no espaço original de todas as atividades sócio-criativo-culturais. 20 Desta forma, a criança na brincadeira se apropria de elementos da realidade imediata, atribuindo-lhes novos significados. Por isso, toda brincadeira é uma imitação transformada, no plano das emoções e das ideias, de uma realidade anteriormente vivenciada. A criança que brinca, está não só explorando o mundo ao seu redor, mas também, comunicando sentimentos, ideias, fantasias, intercambiando o real e o imaginário nesse espaço chamado brincadeira e que será o de suas futuras atividades culturais. Como membros da sociedade, as crianças herdam a cultura dos adultos e são socializadas nesta cultura. Se outrora a criança era vista como um ser marcado pela ingenuidade, ignorância e indolência, cujo desenvolvimento dependia estritamente do controle adulto, através da disciplina e da moralização, hoje ela assume o lugar de protagonista, alvo privilegiado da sociedade de consumo. Se outrora a família e a escola eram instituições privilegiadas para a socialização das crianças, hoje elas contam com o aporte da mídia eletrônica, com a qual tem interagido diariamente. Nesse contexto, o mundo contemporâneo, marcado pela falta de espaço nas grandes cidades, pela pressa, pela influência da mídia, pelo consumismo e pela violênciaacabam se refletindo na forma como as crianças brincam. Constituindo um saber e um conjunto de práticas partilhadas pelas crianças, o brincar está estreitamente associado à sua formação como sujeitos culturais e à constituição de culturas em espaços e tempos nos quais convivem cotidianamente (Borba, 2006). Borba (2006) assinala que essa influência pode ser tanto pelo contexto físico do ambiente, a partir dos recursos naturais e materiais disponíveis, como também pelo contexto simbólico, ou seja, pelos significados preexistentes e partilhados pelo grupo de crianças. Todos esses elementos externos à brincadeira, localizados na escola, na família, no bairro ou na mídia televisiva, entre outros espaços propiciadores de experiências sociais e culturais, são reinterpretados pelas crianças e articulados às suas experiências lúdicas. A partir daí geram-se novos modos de brincar. A tv e os aparelhos eletrônicos, por exemplo, são elementos externos de grande influência, mas é preciso salientar que suas imagens e representações não são simplesmente imitadas pelas crianças, mas recriadas a partir de suas práticas lúdicas. A televisão e a internet, não só transformou a cultura, a política e o cotidiano das pessoas como também criou novos hábitos e comportamentos, propondo identidades e linguagens, acelerando o ritmo entre produção e consume.. 21 É a mídia que se tem maior acesso sendo possível até afirmar sua participação nos processos de socialização e subjetivação infantis. Porém, essas transformações trazem como pano de fundo as mudanças econômicas e culturais do mundo capitalista que migra de uma lógica centrada na produção e no trabalho do adulto, para a lógica do consumo, em que a criança na condição de consumidora, já está inserida mesmo antes de nascer. O mercado está cada vez mais atento ao público infantil, grupo que tem por linguagem singular a brincadeira, onde o real e o imaginário/fictício se entrelaçam. É fato como afirma Brougère (2001), que a mídia com suas imagens e ficções, influencia a vida e a cultura lúdica das crianças. O que a criança assiste oferece conteúdo para suas brincadeiras, não de forma natural, mas na medida em que pode ser incorporada na cultura lúdica da criança. Isto se dá porque a cultura lúdica da criança, estrutura complexa e hierarquizada, é constituída de costumes lúdicos e brincadeiras (conhecidas, disponíveis, individuais, tradicionais, universais, geracionais, etc.) e, também, de uma estrutura simbólica e de representações, sempre imersas no contexto mais amplo da realidade cultural em que a criança está inserida (Pereira e Santos, 2008). A brincadeira é um lugar de construção de culturas fundado nas interações sociais entre as crianças. O brincar contém o mundo e ao mesmo tempo, contribui para expressá-lo, pensá-lo e recriá-lo. Brincando, jogando e criando narrativas, as crianças estão falando de si próprias, de seus medos, coragem, angústias, sonhos e ideais. Estão falando de seu tempo, da cultura em que vivem, aprendem e se desenvolvem das promessas e do mal estar dessa mesma cultura. Estão falando também de nós, adultos, de nossas expectativas e projetos, de nossa presença e silêncio, de nossas certezas e dúvidas. Para Salgado (2008, p.105): “Fazer do lúdico um espaço dialógico entre crianças e adultos abre a possibilidade de participarmos da vida da criança e de sua cultura como outro que traz experiências, histórias, visões e valores distintos e por ocupar outro lugar social e olhar para a vida sob outras perspectivas, apresenta modos diversos de interpretar e lidar com a cultura contemporânea”. 20 Nos últimos anos tem sido notável a mudança na cultura lúdica da criança. Atualmente, a cultura lúdica está sendo direcionada constantemente para o domínio de objetos. De certa forma a cultura lúdica evoluiu, devido à chegada de novos brinquedos. Dentro desta evolução chegaram os jogos eletrônicos e o videogame. Novas construções de brincadeiras ou desenvolvimento de algumas na falta de outras, novas representações (Brougère, 2001). Brincadeiras que são desenvolvidas nas ruas em coletividade, praticadas por adultos e crianças e geralmente, transmitidas de geração para geração, como: roda, ciranda, amarelinha, pular elástico, cabo de guerra, passa anel, cabra-cega, boca-de-forno, o pique e suas variações estão sendo deixadas de lado, ou seja, sendo substituídas. Com a evolução da cultura lúdica surgiram novos brinquedos. E foram por esses brinquedos que as brincadeiras de rua foram substituídas. Os brinquedos eletrônicos se fazem mais atraentes. E com o decorrer dos dias, a variedade dos brinquedos se torna maior. Exemplo disso pode ser comparado às crianças de gerações passadas que não estavam expostas a tantas mudanças que levam as crianças de hoje a uma espécie de vazio e insatisfação permanentes, pois fica cada vez mais difícil acompanhar o ritmo do brinquedo ou do jogo que está na moda, tal sua agilidade, versatilidade e fugacidade (Ketzer, 2003). As brincadeiras de rua estão tão esquecidas que muitas crianças nem mesmo as conhecem. Como ressalta Postman (1999, p.18) “as brincadeiras de criança, antes tão visíveis nas ruas das nossas cidades, também estão desaparecendo. Os jogos infantis, em resumo, estão em extinção”. Tendo em vista que na sociedade em que se vive, em uma era de avanço tecnológico jamais visto, estes tipos de brincadeiras não passam de mais um referencial e uma nostalgia para quem viveu a época em que eram um hábito comum e prazeroso (Abramovich, 1983). As novas tecnologias, as novas formas de se comunicar através de brincadeiras com jogos eletrônicos e as comunicações online via internet são novos meios de comunicação geniais para a evolução humana. Mas cabe reconhecer que assim como vem ampliando a capacidade de interação social de forma virtual, vem também reduzindo essas capacidades presencialmente. De acordo com Marcondes (apud Paternost, 2005, p.174), “o verdadeiro processo de intercomunicar vai além do contato verbal, quer seja escrito ou oral”. Segundo Lê Boulch (apud Paternost, 2005) é por intermédio do corpo que se efetiva a presença na vida do outro e no mundo. Portanto, as brincadeiras presenciais em grupo, anteriormente citadas, proporcionam as reais capacidades de interação social, pelo fato de compreender e compartilhar emoções com o outro. Este aspecto 21 proporciona o desenvolvimento do reconhecimento das pessoas pelo olhar, do ato de se comportar em grupo e saber se expor, se colocar através da fala. Como ressalta Fortuna (2008, p.15): “No mundo do faz-de-conta, outro senso da realidade é experimentado, impulsionando a confiança na possibilidade de transformação da realidade, marcada por novo imaginário, novos princípios e novos valores gerados na solidariedade, ousadia e autonomia que as atividades lúdicas podem comportar. Isso é consequência da interação social plasmada no brincar, que nos lança em direção ao outro, e nesse enlace – recordemos o étimo da palavra brincar: vinculum, no latim – constitui-nos como sujeitos. Brincando, reconhecemos o outro na sua diferença e na sua singularidade, e as trocas inter-humanas aí partilhadas podem lastrear o combate ao individualismo e ao narcisismo, tão abundantes na nossa época, restituindo-nos o senso de pertencimento igualitário. Não é à toa que justo a brincadeira, em tempos tão hostis, pode contribuir para trazer para a realidade a utopia de um mundo melhor, no qual todos estejam incluídos. Brincar é um meio de aprender a viver e de proclamar a vida. Um direitoque deve ser assegurado a todos os cidadãos, ao longo da vida, enquanto restar dentro do homem a criança que ele foi um dia e enquanto a vida nele pulsar. Quem vive brinca”. 22 BRINCADEIRA é COISA SÉRIA Sabendo que o brincar é um espaço de apropriação e constituição pelas crianças de conhecimentos e habilidades no âmbito da linguagem, da cognição de valores e da sociabilidade, e apesar de todo aporte teórico que tem surgido sobre o tema, afirmando a importância da brincadeira, ainda assim, encontramos ideias e práticas que reduzem o brincar à uma atividade de menos importância no cotidiano escolar e isso se dá à medida em que se avançam os segmentos escolares. O discurso se faz mais forte e presente na Educação Infantil. Porém, no Ensino Fundamental, ele “desaparece” se nos pautarmos apenas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, onde no documento redigido para a Educação Infantil, a questão da ludicidade encontra-se no artigo 3°, inciso I, alínea c e diz o seguinte: “ Art. 3° São as seguintes as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil: As propostas pedagógicas das instituições de Educação Infantil devem respeitar os seguintes fundamentos norteadores: os princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e de manifestações artísticas e culturais”. Já no documento redigido para o Ensino Fundamental, a questão da ludicidade “desaparece”, assim como mostra o art. 3°, inciso I, alínea “Art. 3° São as seguintes as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental: As escolas deverão estabelecer como norteadores de suas ações pedagógicas: os princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade e da diversidade de manifestações artísticas e culturais”. Também encontramos referência ao brincar no Estatuto da Criança e do Adolescente, no artigo 16, inciso IV, dizendo que: “Art. 16 O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: IV. brincar, praticar esportes e divertir-se”. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – Lei Federal n° 8069/1990, deixa claro a proibição do trabalho para menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz e aponta o direito à liberdade, incluindo o brincar, a prática de esportes e a diversão. Mas, ainda é na Educação Infantil, único nível de ensino que a escola deu “passaporte livre”, aberto à iniciativa, criatividade, inovação por parte de seus protagonistas, que a brincadeira pode assumir sua forma específica. E como mostra o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (2002, p.27): “A brincadeira é uma linguagem infantil que mantém um vínculo essencial com 23 aquilo que é o “não brincar”. Se a brincadeira é uma ação que ocorre no plano da imaginação, isto implica que aquele que brinca tenha o domínio da linguagem simbólica. Isto quer dizer que é preciso haver consciência da diferença existente entre brincadeira e a realidade imediata que lhe forneceu conteúdo para realizar- se. Nesse sentido, para brincar é preciso apropriar-se de elementos da realidade imediata de tal forma a atribuir-lhes novos significados. Essa peculiaridade da brincadeira ocorre por meio da articulação e a imitação da realidade. Toda brincadeira é uma imitação transformada, no plano das emoções e das ideias, de uma realidade anteriormente vivenciada. A brincadeira favorece à autoestima das crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa. Brincar contribui, assim, para a interiorização de determinados modelos de adulto, no âmbito de grupos sociais diversos. Essas significações atribuídas ao brincar transformam-no em um espaço singular de constituição infantil”. Neste documento, a brincadeira é considerada um meio que favorece a autoestima das crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa, transformando os conhecimentos que já possuíam em conceitos gerais com os quais brinca. As crianças podem acionar seus pensamentos para a resolução de problemas que lhes são importantes e significativos, pela oportunidade de vivenciar brincadeiras imaginativas e criadas por elas mesmas. Portanto, propiciando a brincadeira cria-se um espaço na qual as crianças podem experimentar o mundo e internalizar uma compreensão particular sobre as pessoas, os sentimentos e os diversos conhecimentos. Porém, todo esse aparato legal não garante na prática o direito de brincar. E assim, entre o discurso e a realidade, o tempo e o espaço do brincar vão sendo reduzidos, sendo este, visto até mesmo como atividade oposta ao trabalho. 24 BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NOS ESPAÇOS ESCOLARES A brincadeira é uma palavra estreitamente associada à infância e às crianças. Porém, ao menos nas sociedades ocidentais, ainda é considerada irrelevante ou de pouco valor do ponto de vista da educação formal, assumindo frequentemente a significação de oposição ao trabalho, tanto no contexto da escola quanto no cotidiano familiar (Borba, 2006). Na opinião de Borba (2006), a significativa produção teórica já acumulada afirmando a importância da brincadeira na constituição dos processos de desenvolvimento e de aprendizagem não foi capaz de modificar as ideias e práticas que reduzem o brincar a uma atividade à parte, paralela, de menos importância no contexto da formação escolar da criança. Por outro lado, podemos identificar hoje um discurso generalizado em torno da “importância do brincar”, presente não apenas na mídia e na publicidade produzidas para a infância como também nos programas, propostas e práticas educativas institucionais. Como ressalta a referida autora, tanto a dimensão científica quanto a dimensão cultural e artística deveriam estar contemplados nas nossas práticas junto às crianças, mas para isso é preciso que as rotinas, as grades de horários, a organização dos conteúdos e das atividades abram espaço para que possamos, junto com as crianças, brincar e produzir cultura. A autora destaca ainda, que a brincadeira está entre as atividades frequentemente avaliadas por nós como tempo perdido e que essa visão é fruto da ideia de que a brincadeira é uma atividade oposta ao trabalho, sendo por isso menos importante, uma vez que não se vincula ao mundo produtivo, não gera resultados. Borba (2006) enfatiza também que é essa concepção que provoca a diminuição dos espaços e tempos do brincar à medida que avançam as séries/anos do ensino fundamental. Seu lugar e seu tempo vão se restringindo à “hora do recreio”, assumindo contornos cada vez mais definidos e restritos em termos de horários, espaços e disciplina: não pode correr, pular, jogar bola etc. Sua função fica reduzida a proporcionar o relaxamento e a reposição de energias para o trabalho, este sim sério e importante. De acordo com Perrotti (1990, p.20): “A racionalidade do sistema produtivo torna o lúdico inviável, pois o tempo do lúdico não é regulável, mensurável, objetivável. Toda tentativa de subordiná-lo ao tempo da produção provoca sua morte. Por isso ele é banido da vida cotidiana do adulto e permitido nas esferas discriminadas dos 25 “improdutivos”. O lúdico, dentro do mecanismo do sistema, é a sua negação. Em seu lugar permite-se o lazer, o não trabalho, coisa totalmente diferente do lúdico, que é o jogo, a brincadeira, a criação contínua, ininterrupta, intrínseca à produção”. Segundo Wajskop (1999), a brincadeira é uma forma de comportamento social, que se destaca da atividade do trabalho e do ritmo da vida, reconstruindo-os para compreendê-los segundo uma lógica própria, circunscrito e organizado no tempo e no espaço. Mais que umcomportamento específico, a brincadeira define uma situação onde esse comportamento adquire uma nova significação. Como atividade social específica, ainda, a brincadeira é partilhada pelas crianças, supondo um sistema de comunicação e interpretação da realidade que vai sendo negociado passo a passo pelos pares, à medida que este se desenrola. Da mesma forma, implica uma atividade consciente e não evasiva, dado que cada gesto significativo, cada uso de objetos implica a reelaboração constante das hipóteses sobre a realidade com os quais se está confrontando. A criança que brinca pode adentrar o mundo do trabalho pela via da representação e da experimentação; o espaço da instituição deve ser um espaço de vida e interação e os materiais fornecidos para as crianças podem ser uma das variáveis fundamentais que as auxiliam a construir e apropriar-se do conhecimento universal (Wajskop, 1999). Perrotti (1990) afirma que o tempo do lúdico não pode ser jamais o da produção capitalista. Daí o lúdico identificar-se com a criança, já que ela não está apta para o sistema de produção em virtude de o espírito da racionalidade não ter conseguido ainda domá-la. Porém, “com o tempo, ela trocará seus sonhos, seu tempo, pelos privilégios parcos oferecidos pelo sistema; premida pelas exigências, ela sucumbirá à racionalidade” (p.20). Segundo Vidal e Filho (2000), a escola não foi feita nem pensada de forma afetiva, mas para que corpos estejam em pleno trabalho. Para os autores: “A repartição das salas e dos corredores, a localização e o formato de janelas e portas, a distribuição de alunos e alunas na sala de aula e nos demais espaços das escolas dos nossos atuais prédios apontam para a construção de lugares concebidos como cientificamente equacionados, em função do número de pessoas, tipo de iluminação e cubagem de ar. Frias, as paredes e as salas conformam a imagem de ensino racional, neutro e asséptico. Implicitamente se afastam do ambiente escolar características afetivas. Mentes, mais do que corpos, estão em trabalho. E, nesse esforço, a escola abandona a criança para constituir o aluno” (p.32). Como assinala Wajskop (1999), é na situação de brincar que as crianças se podem colocar desafios e questões além de seu comportamento diário, levantando 26 hipóteses na tentativa de compreender os problemas que lhes são propostos pelas pessoas e pela realidade com a qual interagem. Quando brincam, ao mesmo tempo em que desenvolvem sua imaginação, as crianças podem construir relações reais entre elas e elaborar regras de organização e convivência. Concomitantemente a esse processo, ao reiterarem situações de sua realidade, modificam-nas de acordo com suas necessidades. Ao brincar, as crianças vão construindo a consciência da realidade, ao mesmo tempo em que vivenciam uma possibilidade de modificá-la. Portanto, a brincadeira é uma situação privilegiada de aprendizagem onde o desenvolvimento pode alcançar níveis mais complexos, exatamente pela possibilidade de interação entre os pares em uma situação imaginária e pela negociação de regras de convivência e de conteúdo. Enfim, é preciso deixar que as crianças e os adolescentes brinquem, é preciso aprender com eles a rir, a inverter a ordem, a representar, a imitar, a sonhar e a imaginar. “Brincar é viver criativamente no mundo. Ter prazer em brincar é ter prazer em viver”. M.M. Machado O ser humano, em todas as fases de sua vida, está sempre descobrindo e aprendendo coisas novas pelo contato com seus semelhantes e pelo domínio sobre o meio em que vive. Ele nasceu para aprender, para descobrir e apropriar- se dos conhecimentos, desde os mais simples até os mais complexos, e é isso que lhe garante a sobrevivência e a integração na sociedade como ser participativo, crítico e criativo. A esse ato de busca, de troca, de interação, de apropriação é que damos o nome de educação. Esta não existe por si só; é uma ação conjunta entre as pessoas que cooperam, comunicam-se e comungam do mesmo saber. A infância é a idade das brincadeiras. Acreditamos que por meio delas a criança satisfaz, em grande parte, seus interesses, necessidades e desejos particulares, sendo um meio privilegiado de inserção na realidade, pois expressa a maneira como a criança reflete, ordena, desorganiza, destrói e reconstrói o mundo. O lúdico como uma das maneiras mais eficazes de envolver o aluno nas atividades, pois a brincadeira é algo inerente na criança, é sua forma de trabalhar, refletir e descobrir o mundo que a cerca. 27 A educação lúdica é uma ação inerente na criança e aparece sempre como uma forma transacional em direção a algum conhecimento, que se redefine na elaboração constante do pensamento individual em permutações constantes com o pensamento coletivo. (ALMEIDA, 1995, p.11) A LINGUAGEM LÚDICA A literatura especializada no tema não registra concordância quanto a um conceito comum para o lúdico na educação. Porém, alguns autores relacionam o lúdico ao jogo e estudam profundamente sua importância na educação. Huizinga (1990) foi um dos autores que mais se aprofundou no assunto, estudando o jogo em diferentes culturas e línguas. Estudou suas aplicações na língua grega, chinês, japonês, línguas hebraicas, latim, inglês, alemão, holandês, entre outras. O mesmo autor verificou a origem da palavra - em português, “jogo”; em francês “jeu”; em italiano, “gioco”; em espanhol, “juico”. Jogo advém de “jocus” (latim), cujo sentido abrangia apenas gracejar ou traçar. O referido autor (1990) propõe uma definição para o jogo que abrange tanto as manifestações competitivas como as demais. O jogo é uma atividade de ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, seguindo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentido de tensão, de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana. Segundo Piaget (1975) e Winnicott (1975), conceitos como jogo, brinquedo e brincadeira são formados ao longo de nossa vivência. É a forma que cada um utiliza para nomear o seu brincar. No entanto, tanto a palavra jogo quanto a palavra brincadeira podem ser sinônimas de divertimento. Conforme Santos (1999), para a criança, brincar é viver. Esta é uma afirmativa bastante usada e aceita, pois a própria história da humanidade nos mostra que as crianças sempre brincaram, brincam hoje e, certamente, 28 continuarão brincando. Sabemos que ela brinca porque gosta de brincar e que, quando isso não acontece, alguma coisa pode não estar bem. Enquanto algumas crianças brincam por prazer, outras brincam para dominar angústias, dar vazão à agressividade. A partir do que foi mencionado sobre o brincar, nos mais diferentes enfoques, podemos perceber que ele está presente em todas as dimensões da existência do ser humano e, muito especialmente, na vida das crianças. Podemos afirmar, realmente, que “brincar é viver”, pois a criança aprende a brincar brincando e brinca aprendendo. A criança brinca porque brincar é uma necessidade básica, assim como a nutrição, a saúde, a habitação e a educação são vitais para o desenvolvimento do potencial infantil. Para manter o equilíbrio com o mundo, a criança necessita brincar, jogar, criar e inventar. Estas atividades lúdicas tornam-se mais significativas à medida que se desenvolve, inventando, reinventando e construindo. Destaca Chateau (1987, p.14) que “Uma criança que não sabe brincar, umaminiatura de velho, será um adulto que não saberá pensar. ” Por meio da psicologia, temos conhecimento que, além de ser genético, o brincar é fundamental para o desenvolvimento psicossocial equilibrado do ser humano. Por intermédio da relação com o brinquedo, a criança desenvolve a afetividade, a criatividade, a capacidade de raciocínio, a estruturação de situações, o entendimento do mundo. A autora Wajskop (1995, p.68) diz: “Brincar é a fase mais importante da infância - do desenvolvimento humano neste período - por ser a auto ativa representação do interno - a representação de necessidades e impulsos internos”. Brincando, o sujeito aumenta sua independência, estimula sua sensibilidade visual e auditiva, valoriza sua cultura popular, desenvolve habilidades motoras, exercita sua imaginação, sua criatividade, socializa-se, interage, reequilibra-se, recicla suas emoções, sua necessidade de conhecer e reinventar e, assim, constrói seus conhecimentos. A concepção de criança é uma noção historicamente construída e constantemente vem mudando ao longo dos tempos, não se apresentando de forma homogênea nem mesmo no interior de uma mesma sociedade e época. Assim é possível que, por exemplo, em uma mesma cidade, existam diferentes maneiras de se considerar as crianças, dependendo da classe social a qual pertencem, do grupo étnico do qual fazem parte. 29 Boa parte das crianças brasileiras enfrenta um cotidiano bastante adverso que as conduz desde muito cedo a precárias condições de vida, ao trabalho infantil, ao abuso e exploração por parte de adultos. Outras crianças são protegidas de todas as maneiras, recebendo de suas famílias e da sociedade em geral cuidados necessários ao seu desenvolvimento. “A criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo social em que se desenvolve, mas também o marca”. Compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianças serem e estarem no mundo deve ser o grande desafio da educação infantil. Embora os conhecimentos derivados da psicologia, antropologia e sociologia possam ser de grande valia para desvelar o universo infantil apontando algumas características comuns de ser, elas permanecem únicas em suas individualidades e diferenças. Alerta Rosamilha (1979, p.77) : “A criança é antes de tudo, um ser feito para brincar. O jogo, eis aí um artifício que a natureza encontrou para levar a criança a empregar uma atividade útil ao seu desenvolvimento físico e mental. Usemos um pouco mais esse artifício, coloquemos o ensino mais ao nível da criança, fazendo de seus instintos naturais, aliados e não inimigos”. A capacidade de brincar possibilita às crianças um espaço para resolução dos problemas que as rodeiam. A literatura especializada no crescimento e no desenvolvimento infantil considera que o ato de brincar é mais que a simples satisfação de desejos. O brincar é o fazer em si, um fazer que requer tempo e espaço próprios; um fazer que se constitui de experiências culturais, que são universais, e próprio da saúde porque facilita o crescimento, conduz aos relacionamentos grupais, podendo ser uma forma de comunicação consigo mesmo e com os outros. Cabe ressaltar, no entanto, que no mundo capitalista em que vivemos o lúdico está sendo extraído do universo infantil. As crianças estão brincando cada vez menos por inúmeras razões: uma delas é o amadurecimento precoce; outra é a redução violenta do espaço físico e do tempo de brincar, ou seja, o excesso de atividades atribuídas, tais como escola, natação, inglês, computação, ginástica, 30 dança, pintura, etc. Tudo isso toma o tempo das crianças e, na hora de brincar, quando sobra tempo, muitas vezes ficam horas em frente à televisão, divertindo- se com jogos violentos e rodeados de brinquedos eletrônicos, onde as interações sociais e a liberdade de agir ficam determinadas pelo próprio brinquedo. Eles fazem quase tudo pelas crianças, se movimentam e até falam, sobrando pouco espaço para o faz-de-conta. Entretanto, o mais grave de tudo, é que os pais estão esquecendo a importância do brincar. Muitos acham que um bom presente é um tênis de grife ou uma roupa porque é “mais útil”. Brinquedo virou supérfluo. No desespero por fazer economia, os pais estão cortando o brinquedo do orçamento familiar. Grande engano, com consequências muito sérias se o erro não for reparado a tempo, pois as roupas e acessórios em geral não vão desenvolver o raciocínio nem a afetividade. Pelo contrário, vão transformar a criança em um miniadulto que, desde já, precisa estar “sempre ligado”. Mas e o resto? E a criatividade, a emoção, o desenvolvimento lógico e casual, a alegria de brincar? Tudo isso pode ser economizado? É preciso respeitar o tempo de a criança ser criança, sua maneira absolutamente original de ser e estar no mundo, de vivê-lo, de descobri-lo, de conhecê-lo, tudo simultaneamente. É preciso quebrar alguns paradigmas que foram sendo criados. Brinquedo não é só um presente, um agrado que se faz à criança: é investimento em crianças sadias do ponto de vista psicossocial. Ele é a estrada que a criança percorre para chegar ao coração das coisas, para desvelar os segredos que lhe esconde um olhar surpreso ou acolhedor, para desfazer temores, explorando o desconhecido. De acordo com Vygotsky (1984, p.97): A brincadeira cria para as crianças uma “zona de desenvolvimento proximal” que não é outra coisa senão a distância entre o nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível atual de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou com a colaboração de um companheiro mais capaz. 31 Por meio das atividades lúdicas, a criança reproduz muitas situações vividas em seu cotidiano, as quais, pela imaginação e pelo faz-de-conta, são reelaboradas. Esta representação do cotidiano se dá por meio da combinação entre experiências passadas e novas possibilidades de interpretações e reproduções do real, de acordo com suas afeições, necessidades, desejos e paixões. Estas ações são fundamentais para a atividade criadora do homem. Tanto para Vygotsky (1984) como para Piaget (1975), o desenvolvimento não é linear, mas evolutivo e, nesse trajeto, a imaginação se desenvolve. Uma vez que a criança brinca e desenvolve a capacidade para determinado tipo de conhecimento, ela dificilmente perde esta capacidade. É com a formação de conceitos que se dá a verdadeira aprendizagem e é no brincar que está um dos maiores espaços para a formação de conceitos. Negrine (1994, p.19) sustenta que: “As contribuições das atividades lúdicas, no desenvolvimento integral indicam que elas contribuem poderosamente no desenvolvimento global da criança e que todas as dimensões estão intrinsecamente vinculadas: a inteligência, a afetividade, a motricidade e a sociabilidade são inseparáveis, sendo a afetividade a que constitui a energia necessária para a progressão psíquica, moral, intelectual e motriz da criança”. 32 Brincar é sinônimo de aprender, pois o brincar e o jogar geram um espaço para pensar, sendo que a criança avança no raciocínio, desenvolve o pensamento, estabelece contatos sociais, compreende o meio, satisfaz desejos, desenvolve habilidades, conhecimentos e criatividade. As interaçõesque o brincar e o jogo oportunizam favorecem a superação do egocentrismo, desenvolvendo a solidariedade e a empatia, e introduzem, especialmente no compartilhamento de jogos e brinquedos, novos sentidos para a posse e o consumo. EDUCAÇÃO E PRÁTICAS LUDICAS A educação traz muitos desafios aos que nela trabalham e aos que se dedicam a sua causa. Muito já se pesquisou, escreveu e discutiu sobre a educação, mas o tema é sempre atual e indispensável, pois seu foco principal é o ser humano. Então, pensar em educação é pensar no ser humano, em sua totalidade, em seu corpo, em seu meio ambiente, nas suas preferências, nos seus gostos, nos seus prazeres, enfim, em suas relações vivenciadas. Alunos querendo mais aprendizagem, não tendo vontade de sair da aula após seu término; alunos querendo voltar à escola porque lá é um lugar bom para passar o dia. Esta é uma realidade desejada por muitos educadores. O que será que os educadores estão fazendo para proporcionar este prazer de aprender nos alunos? A escola está proporcionando um ambiente para concretizar esta ideia? De acordo com Resende (1999, p. 42-43), Não queremos uma escola cuja aprendizagem esteja centrada nos homens de “talentos”, nem nos gênios, já rotulados. O mundo está cheio de talentos fracassados e de gênios incompreendidos, abandonados à própria sorte. Precisamos de uma escola que forme homens, que possam usar seu conhecimento para o enriquecimento pessoal, atendendo os anseios de uma sociedade em busca de igualdade de oportunidade para todos. A maioria das escolas de hoje está preparando seus alunos para um mundo que já não existe. Ações como dar aulas deverão ser substituídas por orientar a aprendizagem do aluno na construção do seu próprio conhecer, como preconiza o construtivismo, o sociointeracionismo, porque, afinal, ou aluno e professor estão mobilizados e engajados no processo, ou não há ensino possível. 33 O homem informa-se. Ninguém ensina a quem não quer aprender, pois Ausebel, citado por Barreto (1998), alerta para o fato de que a verdadeira aprendizagem é sempre significativa. Na realidade, no contexto atual, já não há mais espaço para o professor informador e para o aluno ouvinte. A muito chegou o tempo da convivência com a autoaprendizagem, expressão autêntica da construção do conhecimento que força o professor a tornar-se um facilitador do processo ensino- aprendizagem, e o aluno, um verdadeiro pesquisador da sociedade vigente. Desta forma, a brincadeira exerceu papel e funções específicas de acordo com cada momento histórico. Teve funções e papéis irrelevantes, esteve vinculada à educação de forma descontextualizada com o objetivo de facilitar a transmissão de conhecimentos, ajudou na educação dos filhos, principalmente das mães operárias e, atualmente, tem um papel relevante, pois é um dos maiores espaços que a criança tem para formar seus conceitos, seus conhecimentos, conhecer o mundo e integrar-se a ele. Se entendermos o conhecimento como uma representação mental, devemos saber que ensinar é um convite à exploração, à descoberta, e não uma pobre transmissão de informações e técnicas desprovidas de significado. Aprender a pensar sobre diferentes assuntos é muito mais importante do que memorizar fatos e dados a respeito dos assuntos. A própria criança nos aponta o caminho no momento em que não utiliza nem precisa utilizar as energias vãs despendidas pela escola, sacrificadas e coroadas pelo descrédito, porque desprepara seus alunos. 34 O homem é um ser em constante mudança; logo, não é uma realidade acabada. Por esse motivo, a educação não pode assumer o papel e o direito de reproduzir modelos e muito menos, de colocar freios às possibilidades criativas do ser humano original por natureza. Sneyders (1996) comenta que a pedagogia, ao invés de manter-se como sinônimo de teoria de como ensinar e de como aprender, deveria transformar a educação em desafio, em que a missão do mestre é propor situações que estimulem a atividade reequilibradora do aluno, construtor do seu próprio conhecimento. A escola deve compreender que, por um determinado tempo da história pedagógica, foi um dos instrumentos da imobilização da vida, e que esse tempo já terminou. A evolução do próprio conceito de aprendizagem sugere que educar passe a ser facilitar a criatividade, no sentido de repor o ser humano em sua evolução histórica e abandonando de vez a ideia de que aprender significa a mesma coisa que acumular conhecimentos sobre fatos, dados e informações isoladas numa autêntica sobrecarga da memória. De acordo com o Referencial Curricular da Educação Infantil (1998, p.23), Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. A ideia de estudo com prazer provém da época de Platão e Aristóteles e foi se adaptando às várias concepções de criança e aos interesses e necessidades Entende-se que educar ludicamente não é jogar lições empacotadas para o educando consumir passivamente. Educar é um ato consciente e planejado, é tornar o indivíduo consciente, engajado e feliz no mundo. É seduzir os seres humanos para o prazer de conhecer. É resgatar o verdadeiro sentido da palavra “escola”, local de alegria, prazer intelectual, satisfação e desenvolvimento. 35 Para atingir esse fim, é preciso que os educadores repensem o conteúdo e a sua prática pedagógica, substituindo a rigidez e a passividade pela vida, pela alegria, pelo entusiasmo de aprender, pela maneira de ver, pensar, compreender e reconstruir o conhecimento. Almeida (1995, p.41) ressalta: “A educação lúdica contribui e influencia na formação da criança, possibilitando um crescimento sadio, um enriquecimento permanente, integrando-se ao mais alto espírito democrático enquanto investe em uma produção séria do conhecimento. A sua prática exige a participação franca, criativa, livre, crítica, promovendo a interação social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e modificação do meio”. A escola necessita repensar quem ela está educando, considerando a vivência, o repertório e a individualidade do mesmo, pois se não considerar, dificilmente estará contribuindo para mudança e produtividade de seus alunos. A negação do lúdico pode ser entendida como uma perspectiva geral e, desse ponto de vista, está diretamente relacionada com a negação que a escola faz da criança, com o seu desrespeito, ou ainda, o desrespeito à sua cultura. 36 O LÚDICO COMO PROCESSO EDUCATIVO Marcellino (1990) defende a reintrodução das atividades lúdicas na escola. Entende- se que esse direito ao respeito não significa a aceitação de que a criança habite um mundo autônomo do adulto, tampouco que deva ser deixada entregue aos seus iguais, recusando-se, assim, a interferência do adulto no processo de educação. Os estudos da psicanálise demonstram, entre outros caracteres não muito nobres, o autoritarismo que impera entre as crianças. Mas a intervenção do adulto não precisa ser necessariamente desrespeitada. É preciso que, ao intervir, o adulto respeite os direitos da criança. A proposta do autor nos remete a pensar numa ação educativa que considereas relações entre a escola, o lazer e o processo educativo como um dos caminhos a serem trilhados em busca de um futuro diferente. Por isso, vê-se como positiva a presença do jogo, do brinquedo, das atividades lúdicas nas escolas, nos horários de aulas, como técnicas educativas e como processo pedagógico na apresentação dos conteúdos. As vivências cotidianas, aliadas ao pensamento de alguns teóricos, como Marcellino, Sneyders, Piaget e Vygotsky, permitem-nos aprofundar as reflexões e fazer alguns questionamentos: O conhecimento construído por meio da ludicidade implica uma escola mais autônoma e democrática? Das condições para a ocorrência da alegria, da festa, dentro dos limites da escola, e até mesmo nos horários de aula, e propiciar assim a evasão do real, não seria contribuir para a alienação? O jogo e a brincadeira são experiências vivenciais prazerosas. Assim também a experiência da aprendizagem tende a se constituir em um processo vivenciado prazerosamente. A escola, ao valorizar as atividades lúdicas, ajuda a criança a formar um bom conceito de mundo, em que a afetividade é acolhida, a sociabilidade vivenciada, a criatividade estimulada e os direitos da criança respeitados. Enquanto a aprendizagem é vista como apropriação e internalização de signos e instrumentos num contexto sociointeracionista, o brincar é a apropriação ativa da realidade por meio da representação. Desta forma, brincar é análogo a aprender. 37 Distante dos avanços em todos os campos e das mudanças tão rápidas em todos os setores, é preciso buscar novos caminhos para enfrentar os desafios do novo milênio e, neste cenário que se antevê, será inevitável o resgate do prazer no trabalho, na educação, na vida, visto pela ótica da competência, da criatividade e do comprometimento. Assim, o trabalho a partir da ludicidade abre caminhos para envolver todos numa proposta interacionista, oportunizando o resgate de cada potencial. A partir daí cada um pode desencadear estratégias lúdicas para dinamizar seu trabalho que, certamente, será mais produtivo, prazeroso e significativo, conforme afirma Marcellino (1990, p.126): “É só do prazer que surge a disciplina e a vontade de aprender”. É por intermédio da atividade lúdica que a criança se prepara para a vida, assimilando a cultura do meio em que vive, a ela se integrando, adaptando-se às condições que o mundo lhe oferece e aprendendo a competir, cooperar com seus semelhantes e conviver como um ser social. Além de proporcionar prazer e diversão, o jogo, o brinquedo e a brincadeira podem representar um desafio e provocar o pensamento reflexivo da criança. Assim, uma atitude lúdica efetivamente oferece aos alunos experiências concretas, necessárias e indispensáveis às abstrações e operações cognitivas. Pode-se dizer que as atividades lúdicas, os jogos, permitem liberdade de ação, pulsão interior, naturalidade e, consequentemente, prazer que raramente são encontrados em outras atividades escolares. Por isso necessitam ser estudados por educadores para poderem utilizá-los pedagogicamente como uma alternativa a mais a serviço do desenvolvimento integral da criança. O lúdico é essencial para uma escola que se proponha não somente ao sucesso pedagógico, mas também à formação do cidadão, porque a consequência imediata dessa ação educativa é a aprendizagem em todas as dimensões: social, cognitiva, relacional e pessoal. 38 No transcorrer deste artigo procuramos nos remeter a reflexões sobre a importância das atividades lúdicas na educação infantil, tendo sido possível desvelar que a ludicidade é de extrema relevância para o desenvolvimento integral da criança, pois para ela brincar é viver. É relevante mencionar que o brincar nesses espaços educativos precisa estar num constante quadro de inquietações e reflexões dos educadores que o compõem. É sempre bom que se auto avaliem fazendo perguntas como: A que fins estão sendo propostas as brincadeiras? A quem estão servindo? Como elas estão sendo apresentadas? O que queremos é uma animação, um relaxamento ou uma relação de proximidade cultural e humana? Como estamos agindo diante das crianças? Elas são ouvidas? Também é importante ressaltar que só é possível reconhecer uma criança se nela o educador reconhecer um pouco da criança que foi e que, de certa forma, ainda existe em si. Assim, será possível ao educador redescobrir e reconstruir em si mesmo o gosto pelo fazer lúdico, buscando em suas experiências, remotas ou não, brincadeiras de infância e de adolescência que possam contribuir para uma aprendizagem lúdica, prazerosa e significativa. É competência da educação infantil, proporcionar aos seus educandos um ambiente rico em atividades lúdicas, já que a maioria das crianças de hoje passam grande parte do seu tempo em instituições que atendem a crianças de 0 a 6 anos de idade, permitindo assim permitindo que elas vivam, sonhem, criem e aprendam a serem crianças. 39 O lúdico proporciona um desenvolvimento sadio e harmonioso, sendo uma tendência instintiva da criança. Ao brincar, a criança aumenta a independência, estimula sua sensibilidade visual e auditiva, valoriza a cultura popular, desenvolve habilidades motoras, diminui a agressividade, exercita a imaginação e a criatividade, aprimora a inteligência emocional, aumenta a integração, promovendo, assim, o desenvolvimento sadio, o crescimento mental e a adaptação social. É buscando novas maneiras de ensinar por meio do lúdico que conseguiremos uma educação de qualidade e que realmente consiga ir ao encontro dos interesses e necessidades da criança. Cabe ressaltar que uma atitude lúdica não é somente a somatória de atividades; é, antes de tudo, uma maneira de ser, de estar, de pensar e de encarar a escola, bem como de relacionar-se com os alunos. É preciso saber entrar no mundo da criança, no seu sonho, no seu jogo e, a partir daí, jogar com ela. Quanto mais espaço lúdico proporcionarmos, mais alegre, espontânea, criativa, autônoma e afetiva ela será. Proponho, entretanto, aos educadores infantis, transformar o brincar em trabalho pedagógico para que experimentem, como mediadores, o verdadeiro significado da aprendizagem com desejo e prazer. As atividades lúdicas estão gravemente ameaçadas em nossa sociedade pelos interesses e ideologias de classes dominantes. Portanto, cabem à escola e a nós, educadores, recuperarmos a ludicidade infantil de nossos alunos, ajudando- os a encontrar um sentido para suas vidas. Ao brincar, não se aprendem somente conteúdos escolares; aprende-se algo sobre a vida e a constante peleja que nela travamos. É preciso que o professor assuma o papel de artífice de um currículo que privilegie as condições facilitadoras de aprendizagens que a ludicidade contém nos seus diversos domínios, afetivo, social, perceptivo-motor e cognitivo, retirando-a da clandestinidade e da subversão, explicitando-a corajosamente como meta da escola. 40 A IMPORTÂNCIA DAS BRINCADEIRAS FOLCLÓRICAS O folclore é um acervo cultural no qual, a partir dele, podem-se compreender as crenças e valores instituídos em determinado grupo social. A criança, quando aprende lendas, músicas, entre outras formas de folclore, está também conhecendo o passado e presente de um povo. O folclore é tradição, é a linguagem cultural, é a maneira de agir, pensar e sentir de um povo ou grupo com as qualidades ou atributos que lhe são inerentes, seja qual for o lugar onde se situa o tempo e a cultura. Não é apenas opassado, ele é vivo e está ligado à nossa vida de um jeito muito forte. Por isso, é tão importante conhecê-lo. O estudo do folclore é necessário para manter a tradição de um povo, uma cultura que serve como fonte de conhecimento das nossas origens. Quando abordamos esse assunto, explicando seu sentido, isso faz com que o indivíduo construa uma base cultural, que dará suporte para entender sua própria essência. Essa internalização da cultura do seu povo traz valores como respeito e, ainda, a possibilidade de aprender novas bagagens culturais de outros povos e regiões. O estudo do folclore permite promover o desenvolvimento integral das crianças, pois a cultura de um povo é um bem precioso que deve ser cultivado. Folclore é um conjunto de costumes, artes, técnicas, lendas, mitos, provérbios e adivinhações que expressam as maneiras de pensar, sentir e agir do povo, é dar continuidade da Nação. O Folclore deve ser trabalhado para especificar as diferenças que existem entre os personagens de uma sociedade, demonstrando seus hábitos e costumes. Para resgatar a linguagem e o contexto, ligar o homem a terra, ao povo, como meio de melhor conhecê-lo. 41 “Não se trata de ensinar folclore, mas de usá-lo onde se fizer oportuno, para que sua riqueza seja destilada na sensibilidade das novas gerações, nutrindo-as e energizando-as. ” (Hélio Sena apud ZANINI, 2000, p. 168) Utilizar o folclore como material didático na educação infantil significa desfrutar de uma extensa fonte de criatividade, reflexão e expressão. Ele serve como “link” entre um povo e sua região na busca de suas marcas e raízes, além de ser a melhor forma de percepção da sociedade e de como ela funciona em relação às tradições. O saber folclórico é o que aprendemos informalmente no mundo, por meio do convívio social – por via oral ou por imitação. Ele é universal, embora aconteçam adaptações locais ou regionais, como consequência dos acréscimos da coletividade. "Folclore é o conjunto de coisas que o povo sabe, sem saber quem ensinou." (Marcelo Xavier). O folclore e a cultura popular sempre estarão presentes nos conteúdos escolares, pela sua importância educacional e por se tratar de uma arte. Cultura, como nós a entendemos, diz respeito ao modo de ser e de viver dos grupos sociais: a língua, as regras de convívio, o gosto, o que se come, o que se bebe, o que se veste vão formando aquilo que é próprio de um povo. Em um país como o Brasil, tão diverso, tão grande, com tantas expressões diferentes, com tantos jeitos de ser, de brincar, que vão se modificando de lugar para lugar, e a toda hora, não podemos falar de uma única cultura, mas das multiculturas que o formam. As culturas e tradições indígenas, africanas, europeias e tantas outras que formam este imenso país. Foram muitos os povos europeus, cada um com suas tradições, línguas, expressões, jeito de ser e crer, que vieram para cá e, misturados aos diferentes povos indígenas e africanos, ajudaram a formar um país plural e de muitas culturas. A cultura popular é tudo isso bem misturado e refletido nos muitos jeitos de ser do brasileiro. Diante de tudo que apontamos, será ainda possível falar de educação sem integrá-la à questão cultural? Certamente não. E é não porque a educação é resultado das práticas culturais dos grupos sociais. O próprio processo de ensinar e aprender revela essas práticas. 42 A cultura é o fermento que alimenta, dá forma e conteúdo à educação. Em sala de aula, experiências, vivências e singularidades estão reunidas. Alunos e professores trazem suas bagagens e histórias. Confrontos, trocas, negações e reafirmações de culturas pulsam o tempo todo nesse convívio. Se não houver um saber pronto e acabado a ensinar, a educação tem suas chances de sucesso ampliadas. Se o saber em construção for inclusivo das diferenças, renovam-se as esperanças de que na escola se entenda como afirma Carlos Rodrigues Brandão (2001, p.35) que "educar é fazer perguntas" e que ensinar é criar pessoas em que a inteligência venha a ser medida, mais pelas dúvidas mal formuladas, do que pelas certezas bem repetidas. De que aprender é construir um saber pessoal e solidário, através do diálogo entre iguais sociais culturalmente diferenciados. O aluno leva para à escola os modelos já aprovados pela tradição, que aprendeu em casa ou na rua e, da escola, traz para a família e vizinhança as experiências mais significativas do desenvolvimento cultural. A missão da escola é de salvamento. Não podemos aceitar que nossa língua, música, dança sejam ameaçadas pela ingerência alienígena que destrói a nossa cultura. Um dos objetivos de se trabalhar o folclore na escola é, pois, evitar que nossos padrões tradicionais sejam substituídos por modelos exóticos. O desenvolvimento de atividades pedagógicas em torno do folclore é uma importante contribuição na formação do espírito de cidadania e de nacionalidade do aluno. Ao mesmo tempo em que passa a se perceber como ser universal, cidadão do mundo, necessita conhecer suas raízes, identificando-se com seu grupo social: sua linguagem, sua história e a de sua comunidade. O professor deve saber aproveitar o atraente, rico e variado mundo do folclore, como fonte inesgotável de motivação didática e de elevada importância pedagógica. Ele precisa selecionar o que vai utilizar, pois nem toda manifestação folclórica serve como material didático. Os modelos escolhidos pelo professor precisam ser adequados à idade e ao tempo disponível para estudo e ensaio. Devem ser avaliados do ponto de vista da sua utilidade para a comunidade, identificando-se, primeiramente, os aspectos da cultura popular no lugar onde vivem os alunos, para, depois, extrapolar limites geográficos. 43 A pesquisa pode ser estimulada por meio da coleta de dados pelos próprios alunos e realizada em trabalho de campo, a partir do lar, da família, estendendo-se à vizinhança e à comunidade. Desta maneira, o trabalho pode ser regionalizado, enfatizando-se as manifestações ligadas às atividades locais. O estudo de provérbios ou ditados oferece oportunidade de debates sobre conceitos, tais como: justiça, honradez, bondade, ingratidão e outras abstrações. "O provérbio é sempre uma síntese de sabedoria popular. A sabedoria coletiva é reveladora de convicções, de certezas, merece fé." (Saul Martins) Propondo ou decifrando-se adivinhas, leva-se a criança a desenvolver o raciocínio lógico. Com as parlendas e outras formas lúdicas verbais, ela entra em contato com o idioma. Os trava-línguas são exercícios de comprovada eficácia para a correção de defeitos no falar. Jogos e brincadeiras podem ensejar ao aluno uma participação mais ativa no meio social, desenvolvendo mecanismos sadios de competição, além de torná-lo conhecedor e respeitador de regras. Pequenas dificuldades podem ser adequadamente solucionadas com o emprego de técnicas populares, prática preconizada pela própria Organização Mundial da Saúde, que recomenda a volta dos remédios naturais. Com isso, a medicina caseira ganha nova dimensão na sociedade. O artesanato ajuda a criança em idade escolar a usar as mãos de maneira adequada, apressa a eclosão de valores artísticos, além de servir como meio de se praticar o lazer. A criança adora realizar trabalhos manuais. Com referência à linguagem, os sotaques e pronúncias regionais são peculiaridades que resultam do esforço adaptativo das pessoas ou do estilo de vida, isto é, do relacionamento entre o homem e o meio.44 Outra experiência folclórica, a culinária, resulta do encontro de diferentes culturas, diversidade do clima e abundância de recursos naturais. Por meio dela, o professor pode trabalhar os sentidos, a matemática, a estética e a saúde alimentar dentre uma infinidade de outros aspectos. O mundo do folclore é um mundo encantado, cheio de personagens estranhos que transportam a criança ao mundo da fantasia e aumentando-lhe o poder da imaginação. A pedagogia contemporânea afirma que a educação da criança não pode ser apenas passiva, mas ativa, pois a causa principal da aprendizagem e, portanto, de toda a educação, não é o professor ou o aluno, mas sim, a interação entre ambos. A IMPORTÂNCIA DE MANTER VIVA NOSSAS TRADIÇÕES CULTURAIS As cantigas de roda são de extrema importância para a cultura de um local, através dela dá-se a conhecer costumes, cotidiano das pessoas, festas típicas do local, comidas, brincadeiras, paisagem, flora, fauna, crenças, dentre muitas outras coisas. (ARAUJO, 2007) O estudo da música folclórica brasileira envolve cantos, festejos, danças, jogos, religiosidade e brincadeiras diversas. Características da música folclórica: É anônima, espontânea, durável, persistente e, antiga ou tradicional, é uma herança cultural. É funcional, ou seja, atende a uma necessidade psicológica. É transmitida por via oral, sem muitas técnicas, de forma direta, às vezes com variantes. É tecnicamente simples, com melodias e letras de pequena extensão, portanto de fácil assimilação. Antônio Henrique Weitzel, divide a música folclórica em acalantos, cancioneiro Infantil, cantigas de roda, toadas de escolha, toadas de ensino, brincadeiras cantadas, romance, abecês, quadras e desafios. Além dessas, podemos encontrar ainda, os aboios, pregões, emboladas, toadas sertanejas e a moda de viola, sendo as três últimas conhecidas por cantorias. 45 A MÚSICA E SUA CONTRIBUIÇÃO EDUCACINAL PARA O PROCESSO DE APRENDIZAGEM Ressalta-se que a música faz parte da arte, sendo também um elemento cultural. Enquanto educadores, devemos preservar a cultura musical em nossos alunos. 46 Este aspecto nos leva à afirmação sobre o trabalho com as diferentes culturas, encontrada no PCN-Arte (2000, p.51): A arte pode ser observada na música dos puxadores de rede, nas ladainhas entoadas por tapeceiras tradicionais, nos pregões de vendedores. O incentivo à curiosidade pela manifestação artística de diferentes culturas pode despertar no aluno o interesse por valores diferentes dos seus possibilitando reconhecer em si e valorizar no outro a capacidade artística de manifestar-se na diversidade. Na atualidade percebe-se que as pessoas diferenciam os estilos musicais de acordo com que refletem a maneira da cultura do grupo social: se são negros, gostam de funk ou pagode, se gostam de forró, são do interior, e assim por diante. Contudo à necessidade de que a criança conheça os estilos musicais de cada região, que conheça vários nomes que ajudaram a construir esse rico patrimônio musical que o Brasil dispõe. Assim, conhecendo diferentes estilos musicais de diferentes culturas, o aluno deixará o preconceito de lado, percebendo que sua cultura não é a única, e optará por músicas que lhe agrada. Ao se propor o uso da música no ensino de arte, o educador parte da música do cotidiano do aluno para trabalhar sons e ritmos, levando o aluno aprimorar seu gosto musical. Candau (1998) constata a dificuldade da escola em lidar com as diferenças. Nos espaços de conhecimentos sistematizados, como a sala de aula, distancia-se da cultura social de referência dos alunos, o que não favorece processos de interculturalidade e pode ter consequências negativas para a autoestima dos alunos. 47 Percebe-se, em alguns casos, o desinteresse dos alunos em conhecer outros universos culturais, pois se apresentam como confusos, por vezes até longe demais da realidade do aluno. Cabe ao professor propor uma metodologia para o ensino da música e das artes em geral, que utilize a realidade de cada um como ponte para a ampliação do conhecimento dos outros alunos e professores, acerca das diferentes formas de produção cultural e sua utilização como objeto para a educação. Outra questão em relação ao conceito de música diz respeito ao fator popular. A música industrializada, ou dita comercial, tem como principal objetivo o simples e imediato retorno financeiro, sem questionar se a obra é de qualidade ou não. Constata-se dessa forma, o professor que atua no ensino de música na educação deve trabalhar envolvendo o gosto musical dos alunos, fazendo interpretação das letras para terem consciência do que estão escutando, não deixando ser influenciados pela mídia. Outra dimensão da relação entre cultura e ensino de Música trata de retroalimentar a perspectiva intercultural, trazendo para o debate a contribuição que a Música pode lhe conferir. “Mais do que a herança genética, é exatamente a cultura que determina a música dos povos e justifica as suas realizações (ao mesmo tempo em que sua música vai constituir também sua cultura) ”. (SEKEFF, 1996, p.145) Através da educação musical, acredita-se que seja possível despertar o interesse da criança pela música de tal modo que ela possa conhecer a pluralidade musical. A escola tem o papel fundamental de criar situações para que o aluno possa vivenciar analisar e compreender a produção artística musical. 48 A MÚSICA COMO FERRAMENTA LÚDICA NA ESCOLA Percebe-se que a música no cotidiano escolar não é valorizada como deveria ser. É utilizada sim, mas em comemorações ou como recurso para a recreação. A escola tem uma preocupação pedagógica com outras matérias, deixando de lado a arte, não levando em conta que o ensino da música proporciona aos alunos oportunidades enormes de desenvolvimento, um enorme aprendizado além de tornar as aulas lúdicas e prazerosas. Deve-se contribuir para que o ensino da música exista no currículo escolar. A educação é um processo global, progressivo e contínuo, que envolve diversas táticas e métodos para sua aprendizagem. Na escola, a música pode ser utilizada para desenvolver a percepção, a coordenação motora, a memorização, o pensamento crítico, enfim, o cotidiano escolar pode ser envolvido por música em diversas situações para que se torne uma atividade prazerosa. No ensino-aprendizagem musical, o repertório não é o mais importante, mas sim o desenvolvimento de habilidades e conceitos musicais, sendo o professor o mediador e o motivador da aprendizagem. A motivação para aprendizagem musical acontece quando o aluno faz a conexão entre o que é realizado em sala com a sua experiência. Isso não quer dizer que o professor deve trabalhar só com o universo musical de seus alunos, mas fazendo trocas de experiências, começando assim um diálogo. 49 De acordo com Gainza (1995): “[...] educar em música implica em focalizar de maneira simultânea uma multiplicidade de processos que revertem a uma multiplicidade de modelos formativos e não a um modelo único”. Sendo assim devem-se desenvolver atividades musicais onde a criança tenha um olhar crítico. Incentivá-los a ouvir música é fundamental, por enriquecer o aprendizado, ajudar no desenvolvimento emocional e proporcionar uma formação mais completa. Pode-se utilizar a música em vários contextos. Em Língua Portuguesa, a música é riquíssima para trabalhar no aspecto oral e escrito, e um importante recurso para a alfabetização. O aluno, aoentrar em contato com as letras musicais, manifesta curiosidade e interesse em buscar significados de palavras, assim como ler a letra musical e entender sua mensagem. A música virá como consequência das atividades normais e rotineiras da sala de aula, onde é possível trabalhar de forma interdisciplinar. Com a música, existe a possibilidade de se trabalhar todos os conteúdos, em todas as disciplinas, de forma prazerosa. Assim, o aluno chegará a sentir a beleza na literatura, na matemática, ciências e nas outras matérias, facilitando o seu aprendizado. Compreende-se que a música pode ser uma atividade como outra qualquer, incluída no planejamento do professor, para que seja realmente um elemento valorizador do ensino, sendo vista pelas crianças como algo agradável. Se for encarada de forma muito didática, a criança pode relacioná-la uma obrigação. Verifica-se que por meio da música, haverá a oportunidade de a criança ter uma formação musical, preservando a cultura de nosso País, e conhecendo também outras culturas. 50 Contudo a influência da música no desenvolvimento da criança é incontestável. Pode-se entender que o processo e crescimento de uma criança estão além de seus aspectos físicos ou intelectuais. Esse processo envolve o amadurecimento afetivo, social e cognitivo, e através desta, as habilidades e a sensibilidade dos alunos podem ser reconhecidas e reveladas. Nota-se que a música possibilita uma diversidade de estímulos quando a criança tem a prática musical, seja ela com instrumentos ou sem: tem caráter relaxante, estimula a absorção de informações, raciocínio lógico, memória, ou seja, a aprendizagem. Para PENNA (2001, p.2), essa concepção do ensino de música “é bem direcionada, uma vez que consideramos que a função da educação musical na escola de ensino fundamental é ampliar o universo musical do aluno”. A música nos primeiros anos de vida fundamenta-se no estímulo-sensação, que vai resultar numa resposta motora. A música tem sido apontada como uma área de conhecimento mais importante a ser trabalhada na Educação Infantil, ao lado da linguagem oral e escrita, do movimento, da arte. Em hospitais, se utiliza a música como elemento fundamental para o controle da ansiedade de pacientes. Esse método surgiu na II Guerra Mundial, quando músicos foram contratados para ajudar na recuperação de veteranos de guerra nos hospitais. Pode-se dizer que esse foi um grande impulso para a criação da musicoterapia, que hoje está cada vez mais comum. A música também causa efeitos na maturação social e individual da criança. Ao brincar, a criança tem a oportunidade de vivenciar de forma lúdica 51 regras sociais, situações de perda, escolha, decepção, dúvida e afirmação. As cantigas de roda é um exemplo claro. Essas cantigas que são passadas através das gerações, tratam de temas que a criança enfrentará no futuro, falam de amor, disputa, trabalho, tristezas, etc. São experiências que os brinquedos eletrônicos não podem proporcionar. Nota-se que nas atividades musicais, exemplo o canto, a criança aprende elementos que farão parte da sua integração social, pois, ao cantar ou tocar em conjunto, ela irá sentir a necessidade de cooperação e respeito ao próximo, tendo o aprendizado de que cada pessoa precisa colaborar individualmente, e de que todos precisam trabalhar em harmonia. Em relação ao repertório musical, ao ser trabalhado as músicas folclóricas, terão a consciência do grupo que pertence, facilitando sua integração social em outras comunidades. Constata-se outro desenvolvimento, que é o motor, onde predomina o aspecto movimento. Por meio do movimento rítmico-musical, o controle da motricidade acontece de forma natural e precisa, envolvendo a expressão corporal. Isso pode ser trabalhado através da dança, do cantar, do mover-se e do tocar instrumentos, pois a música se comunica por meio do corpo todo. Outro grande objetivo ao se trabalhar a música é o aprender a ouvir. Ele desenvolve a atenção auditiva e aumenta as capacidades de concentração e memória. Por meio da escuta, a criança passa a perceber todos os aspectos da música, ritmo, melodia, textura, forma, estilo, entre outros. Quando a criança aprende a ouvir, não apresentará níveis tão altos de dispersão e desinteresse, afinal, já estará adquirindo o hábito de estar atenta. O trabalho com musicalização infantil na escola é um poderoso instrumento que desenvolve, além da sensibilidade à música, fatores como: concentração, memória, coordenação motora, socialização, acuidade auditiva e disciplina. 52 Ligar a música e o movimento, utilizando a dança ou a expressão corporal, pode contribuir para que algumas crianças, em situação difícil na escola, possam se adaptar (inibição psicomotora, debilidade psicomotora, instabilidade psicomotora, etc.). Por isso é tão importante a escola se tornar um ambiente alegre, favorável ao desenvolvimento. (BARRETO, 2000, p.45). A escola necessita que se prepare para as aulas de música um espaço livre para a movimentação corporal, para a utilização de instrumentos e de outros objetos. 53 DO CANTAR AO ESCREVER No cotidiano escolar a música vem sendo utilizada como prática pedagógica para alfabetizar as crianças. Atividades musicais levam à escrita e a leitura. O repertório musical ainda é restrito e pouco ampliado pelos professores, e merece inovação nesse sentido. De acordo com Carvalho (2004) o cotidiano escolar é envolvido por atividades que são motivadas pela música em que os alunos desenvolvem a escrita. Inicialmente, cantam, dançam, dramatizam a música que lhes é apresentada. Depois, a professora regente pode lançar o desafio de as crianças realizarem o registro da letra da música. Nesse estudo será citada a música “De olhos vermelhos” para a reflexão da aprendizagem por meio da música na escola infantil. DE OLHOS VERMELHOS De olhos vermelhos De pelos branquinhos De pulo bem leve Eu sou o coelhinho Sou muito assustado Porém sou guloso Por uma cenoura Já fico manhoso 54 Eu pulo pro lado Eu pulo pra trás Dou mil cambalhotas Sou forte demais Comi uma cenoura Com casca e tudo Tão grande ela era... Fiquei barrigudo!!! Essa música é uma de muitas que são utilizadas na aprendizagem da escrita e da interpretação de texto. Para ela foi criada uma coreografia própria que envolve as crianças, trabalhando a coordenação motora, a memória, lateralidade, esquema corporal, expressividade e a criatividade. Por meio desta música podem ser trabalhados os animais, as cores, a noção de número, a alimentação, a páscoa. Por meio do esquema corporal a criança pode apontar partes do corpo, como os olhos. Desse modo, pode criar uma imagem corporal, conhecer suas possibilidades físicas, suas singularidades. Outro ponto é a orientação espacial: em cima/em baixo, um lado/outro lado, frente/atrás. Nessa dinâmica as crianças assumem situações concretas do seu cotidiano. À imitação dos gestos e do salto que a letra da música sugere não chegam a se constituir em uma oportunidade para a construção das relações espaciais, apenas serve de noção que posteriormente, pode ser trabalhada. Quanto à expressividade, no caso de gestos prontos a serem imitados, não possibilita desenvolver a expressão, puramente. O conteúdo, animais, pode a partir dessa música trabalhar o coelho, seu habitat, sua alimentação, dentre outras características. Os números, as cores podem também ser trabalhados, noção de mais e menos,muito e pouco. 55 Na prática docente deve haver consciência de como utilizar a música para o desenvolvimento de atividades que despertem a criatividade, o interesse, a motivação para a escrita, para conhecer o significado de cada estrofe, de cada palavra da música. No caso da música “De olhos vermelhos”, geralmente utilizada para a páscoa, a maioria dos docentes não a utilizam apenas para retratar a época pascal, não utilizam a riqueza que envolve esta simples cantiga. Essa deve ser a proposta para a escola atualmente, pois as crianças precisam sentir-se motivadas ao conhecimento, por isso a música é entendida como o melhor caminho. Por meio dela é possível desenvolver diversas atividades, e cada qual com um teor diferenciado causando sempre um novo impacto para manter a motivação. A música tem forte ligação com a brincadeira. Desse modo, existem muitas possibilidades que podem ser inseridas no ambiente escolar, desde a simples apreciação de uma música, como sua interpretação, improvisar músicas, compor, fazer registro dos sons, das letras, criar, construção de instrumentos musicais, realização de jogos e brincadeiras com música. Por meio dessas atividades a criança pode entender aspectos musicais essenciais: as diferentes qualidades do som, o valor expressivo do silêncio, a necessidade de organizar os materiais sonoros, a vivencia do pulso, do ritmo, a criação e reprodução de melodias, dentre outros, que desenvolve a expressão musical de cada um. (BRITO, 1998). Os jogos musicais improvisados podem ser usados como forma de despertar a criatividade, deixando as crianças sentir o som dos instrumentos musicais e desenvolver sons e ritmos, canções, acompanhamentos livres de regras, 56 para depois incentivá-las a conhecer a sequência de uma escala sonora, alguns ritmos e sons que podem ser reproduzidos pelos instrumentos que elas estão manuseando, assim, é possível desenvolver atividades agradáveis e envolventes que levam as crianças a pensar, criar, desenvolver seu raciocínio lógico, atenção, memória sonora, dentre outros. Por outro prisma, a música possui propriedades como: revelar os princípios morais, organizacionais e culturais das sociedades. Envolve os alunos emocionalmente, desperta o interesse deles, pois, por meio da música é possível viajar no tempo e no espaço, visualizar situações, estimular a criatividade e capacidade de expressão (SILVA; CUNHA; RIBEIRO, 2004). Além de brincar de roda, cantar, bater palmas, pode-se também desenvolver atividades com objetos sonoros para a construção da percepção visual e tátil, bem como, deve ser lembrada a construção de um conhecimento a partir daquilo que se ouve. Por exemplo, o estalo da língua. É uma experiência concreta para a criança essa análise. Objetos que emitem sons, instrumentos musicais improvisados, podem ser usados em atividades que envolvam agrupar sons ou separá-los, classificar e seriar. A música pode ser trabalhada também em conteúdos de história, matemática, e demais matérias. A partir de músicas populares brasileiras, o docente pode desenvolver atividades explorando sobre o folclore, biografia dos compositores, cultura popular, visão social dentro do contexto histórico, conhecer os símbolos nacionais, e assim sucessivamente, ou seja, de acordo com a temática da música escolhida o docente cria atividades e elabora a exploração do conhecimento dentro de cada disciplina (SILVA; CUNHA; RIBEIRO, 2004). 57 Nesse sentido, o autor sugere: a) Procurar em enciclopédias o país em que nasceu determinado compositor e tentar localizar sua cidade natal nos mapas ou globos; b) Pesquisar sobre a época em que o compositor viveu: costumes, vestuário, acontecimentos importantes, regimes de governo, política, reivindicações sociais; c) Descrever os próprios sentimentos ao ouvir cada peça, verbalizando- os para os colegas; d) Identificar o tema musical de um personagem; e) Pesquisar sobre os instrumentos musicais que integram a orquestra ou que são solistas em determinada peça; f) Entrevistar músicos da localidade para que falem sobre a profissão ou mostrem sua arte, tocando o instrumento a que se dedicam; g) Procurar versões diferentes sobre o como que serviu de base para a composição musical; h) Recontar uma dessas versões para os colegas; i) Interpretar por meio de desenhos, as idéias sugeridas pela música; j) Dramatizar ou fazer pantomimas com base nas ações dos personagens; k) Cantarolar as melodias que oferecem maior facilidade para imitação; l) Acompanhar com palmas ou batendo os pés as partes ritmadas; m) Pesquisar sobre as danças de antigamente (valsa, mazurca, polca e outras). As sugestões do autor são bastante pertinentes, tendo em vista que, todas essas atividades podem ser implantadas no cotidiano escolar ampliando as técnicas de aprendizagem e utilizando a música como principal fonte de estudos. 58 Por outro lado, as crianças deviam conhecer a música como uma atividade mais aprofundada, como matéria específica. A música como disciplina pode promover na criança um interesse ainda maior sobre os sons, os ritmos, enfim, como matéria curricular a música seria o apoio mais apropriado para as demais matérias. Giovana Girardi (2004) aponta o certo e o errado na iniciação musical. Segundo relata, para uma orquestra afinada, é preciso: a) Cantar muito, variar o repertório; b) Brincar de roda: é uma forma divertida de fazer a criança cantar; c) Assistir a filmes: neles as crianças conhecem diversos sons; d) Contar histórias: as crianças gostam de ouvir, de contar e cantar histórias; e) Bater bola: como no basquete, desenvolve o ritmo; f) Adivinhar: guardar objetos com sons diferentes dentro de uma caixa, sinos, chocalhos, apitos, reco-reco, latas, flauta. Faça a brincadeira, vendando os olhos para eles reconhecerem os sons; g) Pular corda: desenvolve o tempo rítmico; h) Construir objetos sonoros: criar instrumentos a partir de sucata, para as crianças conhecer diversos sons; i) Tocar flauta doce: fácil de ser dominado e pode se aprender música rapidamente. Desse modo, a música pode ser implantada de diversas formas no cotidiano das crianças, inclusive como disciplina curricular. A música contribui para o planejamento das aulas, enriquece a aprendizagem, e não deve ficar restrita a eventos, como festas, deve se tornar uma prática diária. 59 A QUALIFICAÇÃO DOCENTE NA MUSICALIZAÇÃO INFANTIL Acredita-se que a educação musical para crianças é hoje uma das mais preocupantes tarefas das escolas de educação infantil. Uma preocupação é de não ter professores aptos a desenvolver esta tarefa, e a falta de profundidade do preparo formal pedagógico, ou seja, pouca formação na área específica da música. Por outro lado, não se tem material preparado para facilitar a tarefa, e não se tem um planejamento que possa orientar os passos fundamentais, e garantir que se tenha sucesso nos objetivos. Santos (2005), por exemplo, coloca que a ausência de professores capacitados se acentua nas séries iniciais onde o ensino da música é privado de recursos e de uma adequada formação musical. Observa-se que a formação dos educadores musicais para a prática do ensino tem sido um assunto bastante discutido. Com essa falta de vivência e especialização musical que se tem visto atualmente entre os professores nas escolas, os inúmeros aspectos musicais que poderiam ser trabalhados, as vivências estéticas e sonoras, e o universo de recursos expressivosde comunicação e produção artística, não são instaurados. Figueiredo (2005) afirma que as conclusões dos debates acerca desse tema falam sobre uma formação cada vez mais voltada às realidades sociais, preparando os educadores musicais para uma prática de ensino de acordo com o cotidiano da escola. 60 Assim, a escola deve ter consciência da importância do desenvolvimento de projetos de capacitação, treinamentos que possibilitem o conhecimento na área de música e acompanhamento contínuo das atividades desenvolvidas por esses profissionais nas suas práticas musicais, possibilitando o aprimoramento das atividades. A utilização da música na educação obriga o professor a assumir uma postura mais dinâmica e interativa junto ao aluno. Assim, o processo de aprendizagem se torna mais fácil quando a tarefa escolar atender aos impulsos deste último para a exploração e descoberta, quando o tédio e a monotonia se tornarem ausentes das escolas, quando o professor, além das aulas expositivas e centralizadoras, possa propiciar experiências diversas com seus alunos, facilitando assim a aprendizagem. É importante destacar que devido à forte influência da sociedade na vida das crianças, em relação ao repertório musical oferecido pela mídia, o professor da educação infantil e dos anos iniciais depara-se com o grande desafio em delimitar, fazer com que a criança descubra, reconheça uma boa música. Sendo assim um dos papéis do professor dentro da sala de aula é se organizar, planejar e criar projetos que possibilite, estimule essa escolha sabendo que por mais que o aluno sofra influência tanto socioeconômicas como familiar ele (professor) será influenciador. Referente às diferenças entre as músicas que possuem ou não valores educativos será relevante a formação das crianças dos anos iniciais por desenvolver o gosto, a apreciação musical, autonomia e estimular o senso crítico. 61 Ao trabalhar a música na escola, não podemos deixar de considerar os conhecimentos prévios da criança sobre a música e o professor deve tomar isso como ponto de partida, incentivando a criança a mostrar o que ela já entende ou conhece sobre esse assunto, deve ter uma postura de aceitação em relação à cultura que a criança traz. Ensinar música tem relação com a percepção e sensibilidade do professor em perceber como esta pode ajudar em sua aula, considerando o que as crianças querem trabalhar relacionado ao que o professor planejou. Ele pode propor atividades e coordená-las, mas é preciso que as crianças participem também, escolham músicas ou atividades musicais. A música tem como propósito favorecer e colaborar no desenvolvimento dos alunos, sem privilegiar apenas alguns alunos, entendendo esta, não como uma atividade mecânica e pouco produtiva que se satisfaz com o recitar de algumas cantigas e em momentos específicos da rotina escolar, mas envolve uma atividade planejada e contextualizada, como prevê o RCNEI, além de explorar as múltiplas possibilidades que a música tem em seu ensino, como explica Loureiro (2003, p.141): Atenção especial deveria ser dispensada ao ensino de música no nível da educação básica, principalmente na educação infantil e no ensino fundamental, pois é nessa etapa que o indivíduo estabelece e pode ser assegurada sua relação com o conhecimento, operando-o no nível cognitivo, de sensibilidade e de formação da personalidade. 62 O uso ou o trabalho com a música tem como enfoque o desenvolvimento global da criança na educação infantil, respeitando sua individualidade, seu contexto social, econômico, cultural, étnico e religioso, entendendo a criança como um ser único com características próprias, que interage nesse meio com outras crianças e também explora diversas peculiaridades em todos os aspectos. O ensino e o aprendizado da música, envolve a construção do sujeito musical, a partir da constituição da linguagem da música. O uso dessa linguagem irá transformar esse sujeito, tanto no que se refere a seus modos de perceber, suas formas de ação e pensamento, quanto seus aspectos subjetivos. Em consequência, transformará também o mundo deste sujeito, que adquirirá novos sentidos e significados, modificando também a sua própria linguagem musical. Os cursos de formação de professores, em geral não contemplam a música em nenhuma das suas disciplinas. O que acontece na prática é o exercício realizado por alguns professores que trabalham músicas ou atividades do gênero, mais por conta própria, por entenderem a contribuição da música no desenvolvimento da criança do que mediados por um embasamento teórico. A música pode ser usada de forma constante nas salas de aula, como por exemplo, para cantar canções e quem as crianças digam seus nomes e os nomes de seus colegas, possibilitando uma interação muito interessante entre os alunos. Assim, além de promover a socialização, a música oferece grande apoio em todo processo de aprendizagem por favorecer a ludicidade, a memória e a criatividade. Quando falamos no processo de usar a música na educação infantil, temos de lembrar que as crianças usam sons de forma espontânea, cantam e criam músicas. 63 É importante ressaltar que o trabalho não se limita a cantar em sala de aula, é necessário discutir o tema da canção a ser cantada, ouvir o que as crianças querem dizer, o que entendem e se têm alguma canção para sugerir sobre o assunto pertinente aquele momento da aula. As crianças possuem uma bagagem musical, mesmo que pouca e podem contribuir com suas opiniões e sugestões vão se aproximando da música de forma alegre, podendo potencializar suas visões de mundo pela música, tendo o professor a sensibilidades de tratar a música com exercícios alegres e interessantes e pedagógicos que ajudem as crianças a se desenvolverem e a aprenderem mais. Na educação infantil existem inúmeras possibilidades de se trabalhar a música e os benefícios que ela pode oferecer. Os materiais podem ser diversos, não necessariamente é preciso dispor de materiais caros. Isso evidencia que um trabalho criativo e competente colaborará com a criança para desenvolver sua criatividade, socialização, expressão e também serve como estímulo para o aluno da educação infantil aprender mais e de forma contextualizada. A música é por natureza interdisciplinar. Podemos classifica-la como uma linguagem ao mesmo tempo matemática e afetiva, que possibilita transpor limites geográficos e temporais, sempre inserida em um contexto social. A música na escola deve ser integrada como um conteúdo específico, mas sem perder de vista as possibilidades Inter e transdisciplinares que ela oferece. 64 A INFLUÊNCIA QUE A MÚSICA EXERCE SOBRE A CRIANÇA Constata-se que antes mesmo de nascer, a criança tem contato com um dos elementos fundamentais da música que é o ritmo, pois no útero da mãe ela sente o ritmo através da pulsação do coração materno. Ao nascermos, temos o aparelho auditivo formado. É a primeira porta de entrada para a comunicação com a criança. Inicialmente, ouvindo-se a si mesmo, o recém-nascido começa a emitir sons e, aos poucos, vai organizando-os de tal maneira que os transformará em pequenas melodias. Dessa forma, antes de falarmos, aprendemos a cantar. Pode-se observar que as crianças gostam de acompanhar as músicas movimentando o corpo, batendo palmas, dançando e sapateando, por isso a música não deve ser trabalhada apenas ouvindo. A música exerce sobre a criança grande influência, mexe com sua sensibilidade afetiva e sensorial, promove relaxamentoou euforia, de acordo com a música trabalhada. Conforme explica Vallin (2003, p.78) “a criança que desenvolve boa percepção rítmica tem mais facilidade na alfabetização”, garantindo uma leitura fluente, sem marcas fonológicas, além de desenvolver o raciocínio lógico com maior facilidade. O ritmo faz parte dos processos ativos que são conhecidos, como: audição, canto, dança, percussão corporal e instrumental, e até mesmo a criação melódica. Esses elementos são fundamentais para ativar os desenvolvimentos cognitivos, linguísticos, psicomotor, afetivo e social da criança. 65 Pode-se observar que a música desperta a motivação da criança, integração e participação afetiva no grupo social entre várias outras aptidões, facilitando também a formação geral da criança, e sua aprendizagem nas diversas áreas do conhecimento. A MÚSICA COMO ELEMENTO RECREATIVO Constata-se que a música atende várias necessidades da criança, exercendo um caráter lúdico. Para a criança, a música representa uma forma de prazer e descontração. Sendo assim, a música representa uma forma rica de recreação, seja ela livre ou dirigida. A iniciação musical deve ter como objetivo durante a idade pré-escolar, estimular na criança a capacidade de percepção, sensibilidade, imaginação, criação, bem como age como uma recreação educativa, socializando, disciplinando e desenvolvimento a sua atenção [...] (WINN, 1975, p.32) Entende-se que a recreação é indispensável na vida da criança. Ao mesmo tempo em que brinca, a criança desenvolve sua criatividade e promove a autodisciplina. A escola deve proporcionar aos alunos formas variadas de recreação atendendo as diferenças individuais, fornecendo material para o uso nas horas de lazer. Nota-se que são várias as formas de recrear através da música, exemplos: canto coletivo, brinquedos cantados, histórias cantadas e musicadas, danças folclóricas ou não folclóricas, teatro musicado, etc. Não importa a maneira empregada, o importante é usar a imaginação e recrear. 66 67 A música é a ferramenta educacional mais potente do que qualquer outra. Platão. Segundo BEN & HENTSCHKE (2003), os benefícios de levar a música para o trabalho em sala de aula são: • Desenvolve a expressão; • Estimula a fala, a escrita e a linguística; • Estimula o raciocínio; • Estimula a criatividade; • Eleva a autoestima; 68 A música torna-se um grande aliado e estimulador na aprendizagem e desenvolvimento afetivo. Assim, ela contribui no resgate do sujeito como um ser construtor do seu conhecimento, que tem uma relação sadia com a sua aprendizagem e como integrante de um grupo onde circula o seu saber. Conforme a visão de WEIGEL (1988), de um modo geral, a música visa incentivar o desenvolvimento da criança nos aspectos cognitivo, linguístico, psicomotor e sócio afetivo, ao mesmo tempo em que garante a aquisição de novos conhecimentos. Ela se configura como uma instância do processo de socialização da criança na sua escolarização. Um dos objetivos é despertar e desenvolver o gosto pela música, estimulando e contribuindo com a formação global do ser humano. A musicalização é feita através de atividades lúdicas visando o desenvolvimento e aperfeiçoamento da percepção auditiva, imaginação, coordenação motora, memorização, socialização, expressividade, percepção espacial. O lúdico funciona como elemento motivador e de estímulo para o desenvolvimento da expressão musical onde a imitação, a percepção e a criação são os principais elementos deste processo. A musicalização contribui com a aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento cognitivo/ linguístico, psicomotor e sócio afetivo da criança. Já GAINZA (1988) ressalta que: “A música e o som, enquanto energia estimulam o movimento interno e externo do homem; impulsionam-no a ação e promovem nele uma multiplicidade de condutas de diferentes qualidades e grau. ” 69 GAINZA (1988) afirma que as atividades musicais na escola podem ter objetivos profiláticos, nos seguintes aspectos: • Físico: oferecendo atividades capazes de promover o alívio de tensões devidas à instabilidade emocional e fadiga; • Psíquico: promovendo processos de expressão, comunicação e descarga emocional através do estímulo musical e sonoro; • Mental: proporcionando situações que possam contribuir para estimular e desenvolver o sentido da ordem, harmonia, organização e compreensão. Conforme relata WEIGEL (1988), a música contribui para o desenvolvimento global da criança, representando um inestimável benefício para a formação de todos os aspectos desse desenvolvimento e o equilíbrio da personalidade da criança. É o que ocorre, por exemplo, com o desenvolvimento cognitivo/linguístico. A fonte do conhecimento da criança é a própria variedade de situações que ela tem a oportunidade de experimentar no seu dia-a-dia. A riqueza de estímulos que a criança recebe das diversas experiências musicais contribui para o desenvolvimento intelectual. O desenvolvimento da linguagem oral também é muito favorecido através das atividades musicais. No momento, por exemplo, em que se conversa sobre os conteúdos das cantigas e na hora do conto, exige-se a pronúncia correta da letra da música. No que se refere ao desenvolvimento sócio afetivo, as experiências musicais coletivas ajudam a autoestima, bem como a socialização infantil, pelo ambiente de compreensão, participação e cooperação que podem proporcionar a socialização entre as crianças. Quanto ao desenvolvimento psicomotor, as atividades musicais podem oferecer várias oportunidades para as crianças aprimorarem as suas habilidades motoras, controlarem os seus músculos e moverem-se com desenvoltura. 70 As atividades musicais ajudam a criança a dominar melhor o seu corpo, aprimorando a coordenação motora ampla (grandes movimentos) e a fina (pequenos movimentos). Sempre que a coordenação motora se desenvolve melhora a expressividade rítmica. O desenvolvimento rítmico prepara naturalmente a criança para a leitura e escrita, que fazem parte do seu processo de escolarização. A música representa uma importante fonte de estímulos, equilíbrio e felicidade para a criança, assim como a sua utilização psicoterapêutica. Thérèse Hirsch(1966), em seu livro Musique et Rééducation, relata um trabalho de musicoterapia realizado com crianças em adiantado grau de debilidade, atribuindo à música um papel fundamental no sentido de despertar a comunicação com o mundo. Bréscia (2003) afirma que crianças mentalmente deficientes e autistas reagem à música, quando tudo o mais falhou. A música é um veículo expressivo para o alívio da tensão emocional, superando dificuldades da fala e da linguagem. A terapia musical foi usada para melhorar a coordenação motora nos casos de paralisia cerebral e distrofia muscular. Também é usada para ensinar controle de respiração e da dicção nos casos em que existe distúrbio da fala. Ainda segundo Bréscia (2003), a musicalização é o processo de construção do conhecimento, que tem como objetivo despertar e desenvolver o gosto musical, favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, a criatividade, a imaginação, a memória, a concentração, atenção, a autodisciplina, o respeito ao próximo e a socialização, contribuindo para uma efetiva consciência corporal e de movimentação. 71 Naverdade, a música não é apenas entretenimento, deleite, convite ao devaneio. É também fonte de crescimento espiritual, enriquecimento da sensibilidade e fortalecimento do ego, condições fundamentais para a realização plena do ser humano na sua trajetória de vida. (BRÉSCIA, 2003. P.29) Além dos diferentes aspectos do desenvolvimento psicológico da criança, conforme WEIGEL (1988) ressalta, também ocorrem etapas de evolução perante o contato com a música. Com aproximadamente 2 anos a criança consegue reproduzir canções com versos incompletos, geralmente fora de tom. A reação rítmica é bem acentuada. Entre 03 e 04 anos a criança reproduz várias melodias pequenas e simples, reconhecendo algumas delas. Os instrumentos rítmicos as interessam. O controle da voz se torna cada vez mais perfeito e a linguagem vai se completando. Nessa idade, a criança aprecia dramatizar as canções. Participa com agrado dos jogos cantados e memoriza numerosos cânticos. Ao longo dos 5 e 6 anos, a coordenação dos movimentos de mãos e pés com a música costuma ser feita de forma sincrônica. Na dança, a criança passa a revelar equilíbrio rítmico, o que influi na precisão dos movimentos. Com sua curiosidade intensa, experimenta com prazer todos os instrumentos da banda rítmica. A música é ritmo, harmonia e melodia que mobilizam todo ser humano, contribuindo ativamente para a formação da ordem mental do homem. As vivências rítmicas e musicais, que possibilitam uma participação ativa quanto a ver, ouvir e tocar, também favorecem o desenvolvimento dos sentidos da criança. Através do aperfeiçoamento da acuidade auditiva, a criança não só ouve como passa a separar melhor os diversos tipos de som. Ao acompanhar os gestos do professor ou dos coleguinhas na regência musical, a visão está sendo utilizada com maior intensidade. 72 A criança passa a identificar as diferenças e semelhanças entre sons, instrumentos e grupos rítmicos, exercitando a sua compreensão e o seu raciocínio. Ao imitar o canto dos pássaros, por exemplo, as vozes dos animais ou outros sons existentes na natureza, a criança descobre seus próprios poderes e a sua relação com o ambiente em que vive. O vocabulário musical, que requer a pronúncia correta das letras da canção, ou a conversa sobre o conteúdo das cantigas de roda, propiciam o desenvolvimento da linguagem oral. Verifica-se que, a partir das experiências musicais, o pensamento da criança vai se organizando. E, quanto mais ela tem oportunidade de comparar as ações executadas e as sensações obtidas através da música, mais a sua inteligência, o seu conhecimento, vai se desenvolvendo. A música, entre outras artes, tem sido reconhecida como parte fundamental da história da civilização e também como excelente ferramenta para o desenvolvimento de inúmeras capacidades humanas, entre elas o autoconhecimento e a auto expressão. De acordo com BEN & HENTSCHKE (2003), é ainda reduzido o número de professores que conhecem e compreendem o valor da música no processo de educação da criança. Para que exista a inclusão e a valorização da educação musical nos currículos da educação básica, é necessário que haja um esforço não apenas pelo seu valor intrínseco, mas também por ser um elemento fundamental na formação de um indivíduo educado e consciente. 73 A iniciação musical na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental estimula áreas do cérebro da criança que vão beneficiar o desenvolvimento de outras linguagens. Além, é claro, de ser um grande barato! (GIRARDI, 2004 p.55 in Nova Escola) Conforme BEN & HENTSCHKE, a música é arte e, no contexto dos anos iniciais deveria ser a base de toda a educação, pois a música representa uma importante fonte de estímulos, equilíbrio e felicidade para a criança. A música então possibilita o acesso à arte, a novas oportunidades, a conhecer lugares diferente, mesmo que apenas através da própria fantasia, além disso, a criança aprender a relacionar-se e a trabalhar em grupo. Cabe ao professor encontrar um meio de através do ritmo, do timbre musical e da melodia, fazer com que as crianças saiam de si mesmas, provocando o contato e o intercâmbio delas com os outros. Desenvolver um projeto com o envolvimento da música possibilita um espaço diferente, prazeroso, que traz orgulho aos alunos e a seus pais. Com isso, pode-se integrar escola, família e comunidade em torno de um objetivo maior: tornar a vida mais alegre através da música, liberando o potencial criativo nos humanos, melhorando a qualidade de vida destes. A intenção é criar um espaço que oportunize as crianças a vivência de formas musicais, buscando o conhecimento de si mesmos, a descoberta do outro, e o domínio da linguagem sonora para expressar de forma concreta os sentimentos. Entre outros objetivos está o de estimular o hábito de trabalhar a melodia para ampliar o conhecimento musical, além de desenvolver a autoestima, a atenção, a percepção, o potencial de concentração e a desenvoltura. Visa, também, ampliar o convívio social dos alunos, com seus colegas e professores, auxiliando no processo educativo. 74 A música amplia as possibilidades cognitivas, leva os alunos a pensar, a experimentar e trocar informações através do lúdico. Possibilita também, o desenvolvimento, afetivo, social e criador, fato este determinante para a formação de cidadãos conscientes e responsáveis pelo meio onde estão inseridos. A música molda o caráter, fortalece a alma e sacia o espírito. Prof. Marcos L Souza. A música é o instrumento educacional mais potente do que qualquer outro (Platão). "A saúde é tão musical, que a doença não é outra coisa, senão uma dissonância; e esta dissonância pode ser resolvida pela música". Boethius (480-524) Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contaria sobre os instrumentos que fazem a música. Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes. Rubem Alves 75 76 PSICOMOTRICIDADE E DESENVOLVIENTO INFANTIL Com os movimentos, a criança articula toda sua afetividade, desejos, expressões e comunicação. O que é psicomotricidade? A psicomotricidade era utilizada apenas na correção de alguma falta de habilidade, dificuldade, ou deficiência, hoje, vai mais longe: a psicomotricidade ocupa um lugar importante no desenvolvimento infantil, sobretudo na primeira infância, em razão de que se reconhece que existe uma grande interdependência entre os desenvolvimentos motores, afetivos e intelectuais. A psicomotricidade é a ação do sistema nervoso central que cria uma consciência no ser humano sobre os movimentos que realiza através dos padrões motores, como a velocidade, o espaço e o tempo. A psicomotricidade, como estimulação aos movimentos da criança, tem como meta: - Motivar a capacidade sensitiva através das sensações e relações entre o corpo e o exterior (o outro e as coisas). - Cultivar a capacidade perceptiva através do conhecimento dos movimentos e da resposta corporal. - Organizar a capacidade dos movimentos representados ou expressos através de sinais, símbolos, e da utilização de objetos reais e imaginários. - Fazer com que as crianças possamdescobrir e expressar suas capacidades, através da ação criativa e da expressão da emoção. - Ampliar e valorizar a identidade própria e a autoestima dentro da pluralidade grupal. - Criar segurança e expressar-se através de diversas formas como um ser valioso, único e exclusivo. - Criar uma consciência e um respeito à presença e ao espaço dos demais. Considerando-se que na primeira infância existe uma forte correlação entre os desenvolvimentos motores e intelectuais, e de suma importância a estimulação do desenho infantil , que representa seu primeiro ato expressivo, que muito irá contribuir para o desenvolvimento infantil e consequentemente 77 para a construção de sua linguagem / aprendizagem. O desenho é uma atividade espontânea e como tal, deve-se respeitá-la e considerá-la como a grande obra das crianças. Se a criança tem vontade de desenhar, anime-a sempre que o faça. O ideal seria que todas as crianças pudessem ter, desde cedo, algum contato com o lápis e o papel. Começarão com rabiscos e logo estarão desenhando formas mais reconhecíveis. Quanto mais a criança desenhar, ela se aperfeiçoará, e mais benefícios se notaram no seu desenvolvimento. Aprender brincando “ A simples atividade “ Desenhar” trabalha parâmetros como: - psicomotricidade fina; - Aprendizagem ( leitura e escrita); - confiança em si mesma; -exteriorização de suas emoções, sentimentos e sensações; - comunicação com os demais e consigo mesma - criatividade - formação da sua personalidade - maturidade psicológica A Psicomotricidade contribui de maneira expressiva para a formação e estruturação do esquema corporal e tem como objetivo principal incentivar a prática do movimento em todas as etapas da vida de uma criança. Por meio das atividades, as crianças, além de se divertirem, criam, interpretam e se relacionam com o mundo em que vivem. Por isso, cada vez mais os educadores recomendam que os jogos e as brincadeiras ocupem um lugar de destaque no programa escolar desde a Educação Infantil. Na Educação Infantil, a criança busca experiências em seu próprio corpo, formando conceitos e organizando o esquema corporal. A abordagem da Psicomotricidade irá permitir a compreensão da forma como a criança toma consciência do seu corpo e das possibilidades de se expressar por meio desse corpo, localizando-se no tempo e no espaço. O movimento humano é construído em função de um objetivo. A partir de uma intenção como expressividade íntima, o movimento transforma-se em comportamento significante. É necessário que toda criança passe por todas as etapas para o desenvolvimento da linguagem. O trabalho da educação psicomotora com as crianças deve prever a formação de base indispensável em seu desenvolvimento motor, afetivo e psicológico, dando oportunidade para que por meio de jogos, de atividades 78 lúdicas, se conscientize sobre seu corpo. Através da recreação a criança desenvolve suas aptidões perceptivas como meio de ajustamento do comportamento psicomotor. Para que a criança desenvolva o controle mental de sua expressão motora, a recreação deve realizar atividades considerando seus níveis de maturação biológica. A recreação dirigida proporciona a aprendizagem das crianças em várias atividades esportivas que ajudam na conservação da saúde física, mental e no equilíbrio sócio afetivo. Segundo Barreto (2000), “O desenvolvimento psicomotor é de suma importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação do tônus, da postura, da direcional idade, da lateralidade e do ritmo”. A educação da criança deve evidenciar a relação através do movimento de seu próprio corpo, levando em consideração sua idade, a cultura corporal e os seus interesses. A educação psicomotora para ser trabalhada necessita que sejam utilizadas as funções motoras, perceptivas, afetivas e sócio motoras, pois assim a criança explora o ambiente, passa por experiências concretas, indispensáveis ao seu desenvolvimento intelectual, e é capaz de tomar consciência de si mesma e do mundo que a cerca. Bons exemplos de atividades físicas são aquelas de caráter recreativo, que favorecem a consolidação de hábitos, o desenvolvimento corporal e mental, a melhoria da aptidão física, a socialização, a criatividade; tudo isso visando à formação da sua personalidade. SUGESTÕES DE EXERCÍCIOS PSICOMOTORES: engatinhar, rolar, balançar, dar cambalhotas, se equilibrar em um só pé, andar para os lados, equilibrar e caminhar sobre uma linha no chão e materiais variados (passeios ao ar livre), JOGOS E BRINCADEIRAS (Dedoches, encaixe de formas;lego, Banho de bonecas.Campo de futebol;bola. Etc;...) A PSICOMOTRICIDADE ESTÁ INTEIRAMENTE LIGADA AO AO DESENVOLVIMENTO INFANTIL E AO PROCESSO DE APRENDIZAGEM! 79 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO LIGADO ÀS HABILIDADES MOTORAS O Ser humano em suas relações sociais e de vida, está sempre em movimento. Nosso coração bate, falamos, escrevemos, vamos de um lugar para outro, a nossa vida é movimento. Qual a relação que o corpo e o movimento têm com o ensino e aprendizagem? Como a Escola do século XXI trata estes valores cognitivos e afetivos? Existem escolas que são gaiolas, existem escolas que são asas " Rubem Alves". A Educação Infantil tem como objetivo principal, trabalhar metodologias que priorizem o aprendizado por meio de interações psicomotoras, sociais, cognitivas e afetivas com a utilização do lúdico e práticas que estimulem as crianças à vontade do querer sentir, do querer vivenciar, do querer aprender, do querer ser. Vivencias por meio do sabores. Conhecendo as habilidades motoras As habilidades motoras se dividem em 5 tipos: 1 > Força 2 > Equilíbrio 3 > Flexibilidade 4 > Coordenações finas e amplas 5 > Lateralidade Estas então são as habilidades motoras ligadas ao movimento e que devem ser trabalhadas nas atividades lúdicas, de rotinas ou recreativas na Educação Infantil. 1 ) FORÇA 1ª) Arremessar e lançar Arremessar e lançar são habilidades encontradas e várias brincadeiras como queimada boliche alerta e em esportes como handebol, basquete e lançamentos no atletismo. 2ª) Chutar O chute é uma habilidade exclusiva dos pés ou quase que exclusiva do 80 futebol. O chute pode ser executado de várias formas como peito de pé, bico, calcanhar e Chapa. 3ª)Rebater Rebater é uma habilidade de tocar ou bater uma bola, peteca ou outro material sem segurá-lo, como acontece no jogo de peteca, tênis de mesa etc. 4ª) Receber Receber é uma habilidade motora bastante comum em esportes coletivos e jogos e treinamentos de fundamentos de certos esportes. 5ª) Agarrar Habilidades motoras básicas - Locomotoras São aquelas nas quais o corpo é transportado em uma direção vertical ou horizontal de um ponto para o outro. Atividades como andar, correr, saltar, saltitar são consideradas movimentos locomotores fundamentais. Quando essas habilidades fundamentais tornam-se elaboradas e mais profundamente refinadas, podem ser aplicadas à esportes específicos. Gallahue, 2008. 6ª) Correr O correr é uma habilidade comum em muitas atividades como jogos e brincadeiras e esportes. 7ª) Saltar O saltar é uma habilidade comum em brincadeiras como pular corda, pular sela, amarelinha, etc. e em esportes como algumas provas do atletismo. Habilidades Motoras No conhecimento sobre habilidades motoras, existe uma aproximação comoutros termos, como; Capacidades, padrão de movimento, aprendizagem motora ou desenvolvimento motor. O termo, habilidades motoras, pode ser empregado em diferentes contextos. Conforme Magill, (1984. p, 09) Habilidade pode ser entendida com ato ou tarefa, onde, quase todo ato motor ou movimento, pode ser considerado uma habilidade. São movimentos que devem ser aprendidos a fim de serem executados corretamente, como por exemplo, atirar, tocar piano ou dar um saque no tênis. 81 O entendimento sobre a formação integral da pessoa parece ser uma das maiores preocupações da educação como um todo, as dimensões dos conteúdos referidas nos PCNs (1997), os quatro pilares da educação proposta por Jacques Delors (2012), apontam nesse sentido. Para Magill (1984, pag. 48), “Quanto a habilidades motoras, o aprendiz tem que processar informações”. Por isso, o desenvolvimento das habilidades motoras não ocorre de forma isolada. Habilidades motoras básicas – manipulação HABILIDADES MANIPULATIVAS. Habilidades Manipulativas abrangem movimentos grossos e finos. Manipulação motora grossa refere-se aos movimentos que envolvem dar força a objetos ou receber força dos objetos. Arremessar, receber, chutar, agarrar e rebater são consideradas habilidades motoras fundamentais manipulativas grossas. As habilidades manipulativas do esporte são uma elaboração com um aprofundado refinamento destas habilidades básicas. Gallahue, 2008. 2) EQUILÍBRIO O equilíbrio é uma habilidade importante até mesmo para andar, até mesmo nos esportes como Ginástica Olímpica, Surfe, skate, atividades circenses, etc. Constituem a base para as outras habilidades locomotoras e manipulativas porque todo o movimento envolve um elemento de equilíbrio. As habilidades motoras de equilíbrio, às vezes referidas como habilidades não locomotoras são aquelas que permanecem no lugar, mas se mover ao redor de seu eixo horizontal ou vertical. Há tarefas de equilíbrio dinâmico nas quais o objetivo é obter ou manter o equilíbrio contra a força da gravidade. Gallahue, 2008. O equilíbrio pode ser dinâmico e estático. 3) FLEXIBILIDADE Flexionar está relacionado à capacidade de realizar os movimentos articulares na maior amplitude possível sem que ocorram danos às articulações. Ela é específica para cada exercício, um exemplo são os movimentos das danças. DANTAS, 2003; FERNANDES FILHO et. al., 2007). 4) COORDENAÇÕES FINAS E AMPLAS Coordenação Global Requer múltiplos movimentos ao mesmo tempo, mediante equilíbrio postural. Estas experimentações fazem com que o individuo tanto seja capaz de adquirir dissociação de movimentos, quando realiza-los simultaneamente, podendo haver uma conservação de unidade gestual (LOBO; VEGA, 2008). 82 Coordenação motora fina “Diz respeito à destreza manual, onde os movimentos são mais específicos e envolvem pequenos grupos musculares” (LOBO; VEGA, 2008). Os movimentos se caracterizam através da preensão (Mãos e dedos) imposta pelo sujeito em contato com o objeto ou instrumento (LIMA, 1997) Esquema corporal Através desta habilidade motora, ocorrem sensações que a criança estabelece entre o seu próprio corpo, associadas às informações do mundo exterior, tornando-se ponto de partida de diferentes pontos de ação. (BOULCH, 1987) Estruturação espacial Adquirida através de uma construção mental, em que o sujeito opera através de seus movimentos com relação aos objetos que estão à sua volta em estreita vinculação ao meio no qual está inserido. (OLIVEIRA, 2009) Orientação temporal Está ligada ao esquema corporal. A criança desenvolve estruturação espacial a partir da percepção que a mesma desenvolve em relação ao espaço em que se encontra. (BUENO, 1998) Manipulação motora fina Refere-se às atividades se segurar objetos, que enfatizam o controle motor, a precisão e exatidão do movimento. Amarrar os sapatos, colorir, cortar com tesoura são exemplos de habilidades motoras fundamentais manipulativas finas. Arco e flecha, tocar violino e jogar dardos têm aspectos motores finos e são atividades que requerem habilidades motoras finas especializadas. (Gallahue, 2008) Esta proposta considera que toda atividade, em qualquer ano/série, o importante não é apenas saber como desenvolvê-la, mas o que quer que seja desenvolvido com a mesma. A intencionalidade pedagógica é o que define o que fazer e para que fazer. O professor precisa perceber que o conhecimento 83 na perspectiva de o movimento consentido é aquele gerado a partir dos alunos e com os alunos, não aquele conhecimento sobre e para os alunos. 5) LATERALIDADE Pode ser definida como “a propensão que o ser humano possui de utilizar, preferencialmente, mais um lado do corpo, em três níveis: mão, olho e pé” (ROSA NETO, 2002) HABILIDADES COMPORTAMENTAIS Agora iremos falar um pouco sobre as habilidades comportamentais, ligadas às relações e aos comportamentos humanos. A primeira delas é a: 1 ) DESINIBIÇÃO É de suma importância o educador trabalhar a desinibição dos alunos, utilizando atividades lúdicas que incentivem esta prática como por ex: A música, a dança, expressões artísticas e corporais de acordo com a idade da criança. 2) SOCIALIZAÇÃO A melhor maneira de se trabalhar esta atividade, é a utilização de jogos de socialização, para incentivar a prática e a aprendizagem de forma lúdica e divertida. 3) CONCEITOS DE SAÚDE Devem-se propor atividades de forma lúdica por meio de brincadeiras, música e artes, para se conseguir melhores resultados de sua prática como na hora das rotinas de higiene pessoal ex: Hora da Escovação. 4) VIVÊNCIAS EMOCIONAIS O ambiente escolar possibilita à criança, além dos conteúdos pedagógicos, a possibilidade de evoluir pessoalmente através das vivências e relações sociais É de suma importância o ambiente saudável que a escola proporciona. Sendo assim, percebe-se que a escola é uma aliada da família para promover o desenvolvimento integral das crianças. Segundo Kishimoto (2001, p. 14), “o brincar requer envolvimento emocional, contato social, ações físicas, além de relações cognitivas na expressão e apreensão das regras da brincadeira”. O ato de brincar leva a criança a desenvolver a sua afetividade e socialização, favorecendo a 84 superação de comportamentos inadequados, contribuindo para a aprendizagem e o surgimento de novas habilidades. Dessa forma, verifica-se que as brincadeiras possuem um relevante papel para o desenvolvimento psicossocial da criança, contribuindo e facilitando a aprendizagem e inserção na sociedade. Convém reiterar que o ato de brincar é uma necessidade básica da infância, que favorece o desenvolvimento de saudável das crianças, permite que elas manifestem suas emoções e adquiram novas habilidades. No ensino da arte “ Música e dança” cabe ao educador ser criativo, buscar capacitação e fornecer às crianças aulas diversificadas e acesso a diversos estilos de arte, para que elas aprendam a gostar e desenvolvam seu próprio estilo, se tornem mais criativas e comunicativas. 85 HABILIDADES EXPRESSIVAS As habilidades expressivas estão diretamente ligadas a nossa comunicação, a nossa relação com o mundo e com as pessoas. As habilidades expressivas podem ser a: 1) FLUÊNCIA VERBAL A habilidade de falar, ter fluência no falar e saber se expressar através das palavras, nesta habilidade recomenda-sea utilização da música para justamente ser utilizada como ferramenta pedagógica através de cantigas. 2) O RÍTMO Como o próprio nome diz, o ritmo é um dos 3 principais parâmetros para que compõe a música. O ritmo está presente em todo nosso dia a dia, nosso corpo é ritmo. O ritmo é fundamental para se obter equilíbrio em todos os aspectos e habilidades. 3) A ESPRESSÃO DRAMÁTICA O ser humano enquanto vive na sociedade, está a todo tempo vivenciando e praticando o que podemos definir como: papeis sociais no “ Teatro da Vida” . São exatamente aqueles papéis que representamos no nosso dia a dia. Por isso é importante se trabalhar habilidades de expressão dramáticas ligadas as expressivas com as crianças. 4) DICÇÃO A dicção é importantíssima na fala, é fundamental para a comunicação e expressão, justamente para que as pessoas entendam o que estamos falando. Não existe ferramenta lúdica melhor que a música para desenvolver tal habilidade com as crianças. 5) DESTREZA MANUAL 86 A destreza manual nada mais é que, a capacidade que nós desenvolvemos de manipular objetos. Esta habilidade em específica, estará presente em toda nossa vida. Portanto é primordial entender que no desenvolvimento global da criança, devemos priorizar todas estas habilidades, porque é através delas, que a criança desenvolverá competências necessárias para as ações diárias e que acompanharam no seu futuro social “ família, sociedade” etc. 87 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, Rubem. Alegria de ensinar. São Paulo: Ars Poética, 1994. BENJAMIN, Walter. Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação. São Paulo. Summus, 1984 BRASIL, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) BRASIL. LEI N 9394/96. Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Setembro de 1996. Editora do Brasil. Brasília, 1998. CALLOIS, Roger. Os jogos e os homens: a máscara e a vertigem. Lisboa: Cotovia, 1990. 15 Fantin, Monica. No mundo da brincadeira: jogo, brinquedo e cultura na educação infantil. Florianópolis: cidade futura, 2000. Fonte: http://www.webartigos.com/articles/4448/1/A-Importancia-Do- Brincar-NoDesenvolvimento-Da-Crianca/pagina1.html#ixzz14yMrMyOj FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da educação física. São Paulo. Scipione, 1991 KISHIMOTO, Tizuko Morchida (Org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 1996. PEREIRA, E. Tadeu et al. Pandelelê: Arquivo lúdico. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1997. Coleção ‘Quem Sabe Faz’. PESQUISA EM SITES: PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança – imitação, jogo e sonho, imagem e representação. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1990. PIAGET, Jean. A psicologia da criança. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. ROZA, Eliza Santa. Quando o brincar é dizer: a experiência psicanalítica na infância. Rio de Janeiro: Relume-Dumara, 1993. VIGOTSKI, L. S. (2003) Psicologia Pedagógica. Porto Alegre, RS: Artmed. (Original publicado em 1926). WAJSKOP, Gisela. Brincar na pré-escola. São Paulo: Cortez, 1995. WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975 ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola, 1995. BARRETO, Siderley de Jesus. Psicomotricidade: educação e reeducação. Blumenau: Odorizzi, 1998. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília, 1998. v. 2. CHATEAU, Jean. O jogo e a criança. São Paulo: Summus, 1987. HUIZINGA, Johan. Homo ludens. São Paulo: Perspectiva, 1990. LAROUSSE, K. Pequeno dicionário enciclopédico Koogan Larousse. Rio de Janeiro: Larousse, 1982. MARCELLINO, Nelson Carvalho. Pedagogia da animação. São Paulo: Papirus, 1990. NEGRINE, Airton. Aprendizagem e desenvolvimento 88 infantil. Porto Alegre: Propil, 1994. PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1975. RESENDE, Carlos Alberto. Didática em perspectiva. São Paulo: Tropical, 1999. ROSAMILHA, Nelson. 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São Paulo: Peirópolis, 2003 95 96 CONSIDERAÇÕES FINAIS A realização deste estudo foi de muita importância para mim, pois a partir das pesquisas feitas sobre as contribuições da música na Educação Infantil, pude perceber a importância dessa ferramenta pedagógica e lúdica por possibilitar o desenvolvimento de várias habilidades, entre elas a oralidade, a timidez, a própria escrita e o movimento corporal. A música é uma ferramenta que colabora na formação integral do ser humano. Por meio dela a criança entra em contato com o mundo letrado e lúdico. É extremamente importante ressaltar que, as atividades musicais realizadas na escola não visam a formação de músicos, e sim, através da vivência e compreensão da linguagem musical, propiciar a abertura de canais sensoriais e inclusivos, facilitando a expressão de emoções, ampliação da cultura geral e contribuição para a formação integral do ser. Através deste estudo, percebi também que as diversas áreas do conhecimento podem ser estimuladas com a prática da musicalização. De acordo com esta perspectiva, a música é concebida como um universo que conjuga expressão de sentimentos, ideias, valores culturais e facilita a comunicação do indivíduo consigo mesmo e com o meio em que vive. Ao atender diferentes aspectos do desenvolvimento humano: físico, mental, social, emocional e espiritual a música pode ser considerada um agente facilitador do processo educacional. 97 Foi possível perceber que a música quando trabalhada desde cedo no contexto escolar das crianças ajuda de maneira lúdica e prazerosa o aprendizado e o trabalho em equipe, fazendo-se necessária a sensibilização dos educadores para despertar a sensibilização e conscientização das possibilidades que a música oferece para o bem-estar e o crescimento do saber dos alunos. Infelizmente ainda falta muita coisa para que o ensino da música seja aplicado de maneira correta nas escolas, mas espero que com esta pesquisa, eu possa contribuir no contexto educativo, tanto como incentivador como também orientador didático no que pese a utilização da prática musical como ferramenta lúdica e pedagógica nas séries iniciais da educação infantil e fundamental. Uma das mais belas expressões humanas é sem dúvida a música, a música é capaz de transformar, é capaz de curar, é capaz de transcender o físico e se comunicar com o Espiritual. Mesmo antes de nascermos, mesmo quando estamos ainda protegidos pelo carinho e conforto dentro da barriguinha da mamãe, nós pequenos seres ainda em formação,já possuímos em nosso organismo o DNA da música e podemos senti-la de várias formas, através das vibrações, através da batida dos corações, podemos a partir do 4º mês de formação já nos comunicarmos através de sentimentos como o sorriso, os chutes na barriguinha da mamãe, e até palmas. Quando a criança nasce uma das primeiras expressões corporais é o ritmo, a criança quer batucar tudo, sentir e experimentar os variados tipos de sons, um mundo musical a descobrir e é aí que nosso papel como pais é de vital importância. 98 Se permitirmos esta continuidade de aprendizado musical a criança logo logo já estará destacando os benefícios conquistados pela musicalização, estes benefícios são inúmeros que vão desde a contribuição na fala, nas expressões corporais, nos gestos, no aprendizado do alfabeto, no aprendizado numérico, no andar, no comportamento social, na saúde física e mental e por ai vai. São vários artigos científicos em que a musicalização infantil é comprovadamente um dos métodos mais eficazes para o auxílio da formação do caráter da criança. No Brasil também tivemos grandes nomes da musicalização infantil, talvez o mais conhecido seja o grande maestro Villa-Lobos que promoveu em seu tempo uma grande transformação na educação brasileira utilizando a musicalização e beneficiando gerações inteiras. Desde 2010 a musicalização infantil através da LEI Nº 11.769, DE 18 DE AGOSTO DE 2008, retornou e se tornou obrigatória novamente como matéria escolar na educação básica de todo o Brasil, dando às crianças novamente a chance de conhecer o mundo da música. Entre todos os benefícios citados acima a música auxilia diretamente em todas as matérias escolares, ajudando em muito a criança em sua formação escolar. A música ajuda os alunos a desenvolverem suas habilidades que vão desde a leitura e a escrita até mesmo a matemática e o raciocínio lógico. A iniciação musical na Educação Infantil e nas séries iniciais do Fundamental é importantíssima porque estimula áreas do cérebro da criança que vão beneficiar o desenvolvimento de outras linguagens e estes benefícios é claro o acompanharam pelo resto da vida. 99 Por isso a arte de educar com música de forma lúdica, vai além do cantar e tocar, é a junção de todas as linguagens em uma só expressão, a expressão musical. Prof. Marcos L Souza.