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Caderno pedagógico, Lajeado, v. 12, n. 3, p. 131-139, 2015. ISSN 1983-0882 131 AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DE SEQUELAS MOTORAS PÓS SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ (SGB): ESTUDO DE CASO Barbara Passos de Sá1, Magali Teresinha Quevedo Grave2, Eduardo Périco3, Temis Regina Jacques Bohrer4 Resumo: Este artigo busca avaliar alterações motoras e descrever a evolução do tratamento fisioterapêutico em paciente pós Síndrome de Guillain-Barré (SGB), por meio da utilização de técnicas preconizadas pelos métodos Bobath e Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (PNF). Esta pesquisa é caracterizada como exploratória, descritiva, quantitativa, de intervenção (estudo de caso), tendo os atendimentos ocorrido na Clínica-Escola de Fisioterapia da Univates. Após período de tratamento, identificou-se melhora da força muscular, da amplitude de movimento dos membros inferiores e do equilíbrio da paciente, passando de pontuação inicial de 19/56 para 34/56 na Escala de Equilíbrio de Berg (EEB). Dessa forma, conclui- se que os métodos Bobath e PNF, utilizados para o tratamento da paciente, mostraram-se efetivos no processo de reabilitação de sujeitos com diagnóstico de SGB. Palavras-chave: Síndrome de Guillain-Barré. Reabilitação. Fisioterapia. EVALUATION AND TREATMENT OF POST SYNDROME MOTOR SEQUELAE GUILLAIN-BARRÉ (GBS): CASE STUDY Abstract: This paper aimed to evaluate motor changes and describe the evolution of physical therapy in patients post Guillain-Barré syndrome (GBS), by using techniques recommended by the methods Bobath and Proprioceptive Neuromuscular Facilitation (PNF). Search characterized as exploratory, descriptive, quantitative, intervention (case study), which were assisted at the Clinical School of Physiotherapy, UNIVATES. After treatment period, it identified improvement in muscle strength, range of motion of the lower limbs and balance of the patient, from an initial score of 19/56 to 34/56 in the Berg Balance Scale (BBS). Thus it is concluded that the PNF and Bobath methods used to treat the patient, have proved effective in the process of rehabilitation of subjects with a diagnosis of GBS. Keywords: Guillain-Barré syndrome. Rehabilitation. Physiotherapy. 1 Fisioterapeuta, especialista em Fisioterapia Neurofuncional e responsável técnica pela Clínica Escola de Fisioterapia do Centro Universitário UNIVATES, Lajeado, RS – Brasil. 2 Fisioterapeuta, professora doutora do curso de Fisioterapia e coordenadora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) do Centro Universitário UNIVATES, Lajeado, RS – Brasil. 3 Biológo, doutor em Ecologia pela Universidade de São Paulo (USP), Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento do Centro Universitário UNIVATES, Lajeado, RS – Brasil. 4 Bióloga, doutoranda em Ensino de Ciências e Matemática (Ulbra), docente e coordenadora dos cursos de Ciências Biológicas Bacharelado e Licenciatura do Centro Universitário UNIVATES, Lajeado, RS - Brasil. AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DE SEQUELAS MOTORAS PÓS SÍNDROME... Caderno pedagógico, Lajeado, v. 12, n. 3, p. 131-139, 2015. ISSN 1983-0882 132 INTRODUÇÃO A Síndrome de Guillain Barré (SGB) é uma polirradiculopatia desmielinizante inflamatória aguda, autoimune, de manifestações geralmente reversíveis, que atinge cerca de dois a cada 100.000 habitantes, cujos sintomas normalmente se desenvolvem após episódios infecciosos, principalmente decorrentes de quadros virais, acometendo crianças e adultos (SÁNCHEZ et al., 2014; NASCIMENTO et al., 2012; ORSINI et al., 2010). Segundo Moraes et al. (2015), a doença atinge ambos os sexos, em porcentagem igualitária, sendo a faixa etária predominante de 20 a 30 anos. Caracteriza-se pela desmielinização de nervos motores e apresenta como manifestações clínicas perda de força muscular de membros inferiores (MMII), dificuldade no controle esfincteriano, comprometimento de nervos cranianos e diminuição de reflexos tendinosos profundos. O prognóstico da SGB possui algumas variáveis, como a idade do paciente, a gravidade e o grau de degeneração axonal (BOLAN et al., 2007). Em decorrência da perda de função motora e da atrofia muscular, o paciente com SGB pode apresentar déficit de equilíbrio estático e dinâmico, pois o sistema proprioceptivo recebe informações tanto dos receptores articulares quanto dos receptores musculares e utiliza esses estímulos para localização espacial do membro e para determinar sua amplitude e velocidade do movimento (FONSECA et al., 2007). De acordo com as principais manifestações clínicas da SGB, alguns objetivos tornam-se comuns no tratamento de pacientes com esse diagnóstico, como reeducar a musculatura afetada, recuperar a força muscular, prevenir as deformidades articulares decorrentes da falta de movimentos e reestruturar o equilíbrio. Pensando no processo de reabilitação físico-funcional e considerando as alterações de tônus muscular decorrentes da desmielinização dos nervos periféricos, a perda de força e a dificuldade de realização das atividades da vida diária (AVDs), dentre os tratamentos propostos destacam-se os métodos Bobath e Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva. O conceito Bobath, ou Método Neuroevolutivo, criado na década de 1950 por Karel e Berta Bobath, é uma técnica de reabilitação neuromuscular, aplicável para avaliação e tratamento de adultos e crianças com disfunções neurológicas, que tem por objetivo a normalização do tônus muscular e a facilitação de movimentos funcionais (DIAS, 2007; BOBATH, 2001). O método de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (PNF), ou Método Kabat, criado pelo Dr. Herman Kabat também na década de 1950, aborda padrões específicos de movimentos em diagonal e estímulos aferentes, visando a desencadear maior potencial neuromuscular. O método, que se utiliza da contração voluntária para levar estímulos neuromusculares proprioceptivos da periferia para o Sistema Nervoso Central (SNC), traz como uma de suas propostas a contração contralateral, por meio do princípio da irradiação, sendo, a técnica aplicada no lado saudável, ou menos comprometido, visando à irradiação para o lado contralateral, utilizando a resistência Caderno pedagógico, Lajeado, v. 12, n. 3, p. 131-139, 2015. ISSN 1983-0882 133 Barbara Passos de Sá et al. como facilitadora do movimento voluntário (CRUZ-MACHADO et al., 2007; ADLER et al., 2007). Considerando os principais déficits causados pela SGB, este estudo tem por objetivo a avaliação e o tratamento fisioterapêutico de paciente com diagnóstico de SGB, em processo de reabilitação, por meio dos métodos Bobath e PNF, visando principalmente ao ganho de força muscular e à melhora do equilíbrio. MATERIAIS E MÉTODO Trata-se de pesquisa exploratória, descritiva, quantitativa, de intervenção (estudo de caso). Os atendimentos ocorreram semanalmente na Clínica-Escola de Fisioterapia do Centro Universitário UNIVATES, dentro da disciplina de Fisioterapia Neurológica II. Cada aluno era responsável pelo atendimento de um paciente, mediante supervisão docente. Este estudo de caso consistiu em 15 sessões de uma hora cada, no período de agosto a novembro de 2015, sendo o primeiro e o último encontros utilizados para a avaliação e a reavaliação físico-funcional do paciente. E. G. F., 17 anos, encaminhada ao serviço de fisioterapia da Clínica-Escola de Fisioterapia da Univates, apresenta o diagnóstico de SGB há três anos. De acordo com a paciente, as primeiras manifestações apareceram em julho de 2009, com algumas fisgadas nos MMII, seguidas de perda de força e de sensibilidade. Anterior aos primeiros sintomas, a paciente apresentou quadro recorrente de infecções no trato urinário, e cerca de uma semana antes do início dos sintomas, apresentou quadro viral com infecção de garganta, o que corrobora com os estudos etiológicos da doença (ORSINI et al., 2010). A paciente relata ter iniciadoo tratamento fisioterapêutico cerca de dois meses após o diagnóstico de SGB. No exame físico-funcional realizado em agosto de 2015, observou-se hipotonia, hiporreflexia, déficit de equilíbrio e de força muscular em MMII, coincidindo com suas queixas principais, que eram a falta de equilíbrio e a dificuldade na marcha. A paciente locomove-se de forma independente, fazendo uso de dispositivo (muletas canadenses) e de órteses rígidas (suropodálicas) para alinhamento biomecânico da articulação tibiotalar em ambos os MMII. Durante a inspeção, observaram-se pés em plantiflexão (gota), com ausência de dorsiflexão ativa pelo déficit de força muscular de MMII, e hipotonia de flexores de joelhos e dorsiflexores. Ela apresenta marcha escarvante (parética) flexionando de forma exagerada o quadril, com limitação de flexão de joelhos e dorsiflexão de tornozelo, resultando em arrasto do antepé. Na avaliação físico-funcional, foram realizadas: 1) escala manual de força (EMF): visando a avaliar o grau de força muscular de MMII, a escala utiliza pontuação de 0 a 5, em que: 0 = não há contração presente; 1 = contração muscular palpável, sem movimento articular; 2 = contração com movimento AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DE SEQUELAS MOTORAS PÓS SÍNDROME... Caderno pedagógico, Lajeado, v. 12, n. 3, p. 131-139, 2015. ISSN 1983-0882 134 articular sem ação da gravidade; 3 = contração muscular contra a gravidade, sem carga; 4 = contração muscular com alguma carga; e 5 = força muscular normal, contração contra forte resistência. Os resultados descritos estão na Tabela 1; 2) goniometria: utilizada para mensurar a angulação da amplitude de movimento (ADM) das articulações, foi aplicada nos movimentos de plantiflexão e dorsiflexão dos tornozelos de ambos os MMII, conforme resultados apresentados na Tabela 2. 3) Teste de Romberg; e 4) Escala de Equilíbrio de Berg (EEB). O Teste de Romberg tem por objetivo avaliar as oscilações do indivíduo no espaço, em quatro posições, realizadas com olhos abertos e fechados (BECHARA; SANTOS, 2008). Neste estudo, o teste foi realizado com a paciente em ortostase, a fim de mensurar o equilíbrio estático. Durante o teste, solicitou-se à paciente a reprodução das quatro posições (variações) do teste: 1 = pés paralelos levemente afastados; 2 = pés paralelos unidos; 3 = pés paralelos, com um mais a frente em relação ao outro; 4 = um pé à frente do outro (calcanhar encostado no hálux contralateral), conforme descrito na Tabela 3. A EEB foi utilizada para avaliar o equilíbrio dinâmico e o possível risco de quedas. Ela é composta por 14 tarefas, pontuadas de 0-4, em que 0 = é incapaz de realizar a tarefa e 4 = realiza a tarefa independentemente, podendo chegar ao escore total de 56 pontos. O quanto menor a pontuação, maior o risco de quedas. Os resultados podem ser visualizados na Tabela 3. Todos os testes foram realizados no primeiro e no último dias de atendimento. Considerando os resultados obtidos por meio dos testes realizados, definiu-se como objetivos do tratamento a normalização do tônus muscular, o ganho de força muscular de MMII e a melhora do equilíbrio estático e dinâmico da paciente. Visando ao fortalecimento muscular, foram realizados alongamentos e reforço da musculatura dos MMII. No decorrer do tratamento, foram aplicadas as seguintes técnicas do método Bobath: transferência e suporte de peso para os MMII, cocontração, tapping de deslizamento e tapping alternado. Associadas a elas, foram utilizadas as técnicas do método PNF: iniciação rítmica, reversão dinâmica, reversão de estabilização e estabilização rítmica. Para testar a significância dos valores do membro inferior esquerdo (MIE) e do membro inferior direito (MID) entre agosto e novembro de 2015, foi utilizado o teste de Wilcoxon e considerado significativo p < 0,05. RESULTADOS Considerando os valores obtidos pela avaliação da EMF, pode-se observar progresso na força muscular de extensores, adutores e abdutores de quadril, plantiflexores, flexores de joelho do membro inferior esquerdo e dorsiflexores do membro inferior esquerdo do paciente (TABELA 1). Caderno pedagógico, Lajeado, v. 12, n. 3, p. 131-139, 2015. ISSN 1983-0882 135 Barbara Passos de Sá et al. Tabela 1 - Resultados comparativos da Escala Manual de Força, antes e depois da intervenção fisioterapêutica Musculatura avaliada MID agosto/ 2015 MIE agosto/ 2015 MID novembro/ 2015 MIE novembro/ 2015 Flexores de quadril 4 4 4 4 Extensores de quadril 3 3 4 4 Abdutores de quadril 3 3 4 4 Adutores de quadril 3 3 4 4 Flexores de joelho 4 2 4 3 Extensores de joelho 4 4 4 4 Plantiflexão 2 2 3 3 Dorsiflexão 1 1 1 3 Legenda: MID - Membro inferior direito; MIE: Membro inferior esquerdo. Fonte: dos autores. Foi observada uma melhora significativa, entre os valores de MIE da paciente de agosto a novembro de 2015 (p = 0,0277). Com relação aos valores de MID, a diferença não foi significativa (p = 0,0679), apesar da melhora observada nos valores. Na avaliação da ADM, realizada por meio da goniometria, o tratamento mostrou melhora significativa na angulação dos movimentos de plantiflexão e dorsiflexão da paciente (TABELA 2). Tabela 2 - Resultados comparativos do Teste de Goniometria, antes e depois da intervenção fisioterapêutica ADM do tornozelo Avaliação agosto/2015 Avaliação novembro/ 2015 Ganho de ADM Ganho de ADM MID MIE MID MIE MID (%) MIE (%) Plantiflexão Fixo em 38° 34° Fixo em 18° 36° 55 6 Dorsiflexão Fixo em -38° 8° Fixo em -18° 15° 53 87,5 Legenda: ADM - Amplitude de movimento; MID - Membro inferior direito; MIE - Membro inferior esquerdo; Fonte: dos autores. AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DE SEQUELAS MOTORAS PÓS SÍNDROME... Caderno pedagógico, Lajeado, v. 12, n. 3, p. 131-139, 2015. ISSN 1983-0882 136 Os testes de equilíbrio, avaliados pelo Teste de Romberg, demonstraram progressão da posição 2/4 para a posição 3/4, assim como a EEB, em que a paciente evoluiu de pontuação de 19/56 para 34/56 (TABELA 3). Tabela 3 - Resultados comparativos dos Testes de Romberg e EEB antes e depois da intervenção fisioterapêutica Testes Aplicados ago/15 nov/15 Ganho de Equilíbrio (%) Teste de Romberg posição 2/ 4 posição 3/ 4 50 Escala de Berg 19/ 56 pontos 34/ 56 pontos 78 Fonte: dos autores. DISCUSSÃO A SGB possui manifestações clínicas bem definidas, como hipotonia, hiporreflexia, déficit de força e hipotrofismo muscular, principalmente nos MMII (SÁNCHEZ et al., 2014; SEVERO et al., 2014). Portanto, é comum nos pacientes com esse diagnóstico ter déficit no equilíbrio e alterações na marcha. Assim como neste trabalho, a maioria dos casos de SGB estudados até agora teve o início de seus sintomas precedidos por algum quadro infeccioso apresentado pelo paciente (ORSINI et al., 2010). Para avaliação da paciente foram utilizados os testes de EMF, aplicados aos MMII, uma vez que todos os grupos musculares de tronco e MMSS possuem graduação 5. O Teste de Romberg e a EEB foram utilizados a fim de mensurar o déficit de equilíbrio apresentado pela paciente e compará-lo ao final do tratamento. Quanto à EEB, cabe ressaltar sua vantagem em relação a outros métodos de avaliação, pois mensura diferentes aspectos do equilíbrio, necessitando de poucos instrumentos para sua aplicação (FIGUEIREDO et al., 2007; DIAS et al., 2009). A abordagem elencada neste estudo coincide com outros, em que os objetivos para o tratamento da SGB foram a manutenção da força muscular e a melhora na reação do equilíbrio (NASCIMENTO et al., 2012; ORSINI et al., 2010). O equilíbrio é considerado uma reação automática para recuperar a estabilidade do corpo após alguma perturbação do centro de gravidade. O controle postural depende da integridade de três sistemas aferentes: o visual, o vestibular e o proprioceptivo, ede um sistema eferente: o trato vestíbulo espinhal, que leva a uma resposta motora (BECHARA; SANTOS, 2008). Em consequência da desmielinização dos nervos motores, a SGB causa perda de força, diminuição dos reflexos tendinosos, atrofia muscular e déficit de equilíbrio, o que vem a corroborar com os objetivos propostos neste estudo. Caderno pedagógico, Lajeado, v. 12, n. 3, p. 131-139, 2015. ISSN 1983-0882 137 Barbara Passos de Sá et al. Os métodos Bobath e PNF foram escolhidos para o tratamento por apresentarem características bem específicas. O método Bobath tem por finalidade preparar o paciente para a função, manter ou aprimorar as já existentes, normalizar o tônus muscular e favorecer para a execução dos movimentos com maior coordenação (DIAS, 2007). O método é indicado para o tratamento de doenças e de disfunções neurais de crianças e adultos e atua na facilitação dos movimentos e nos reflexos de reações. Já o método PNF promove a estimulação dos proprioceptores localizados nas articulações, tendões e músculos, utilizando-se do princípio de irradiação cruzada, sendo sua aplicação coerente ao tratamento das manifestações decorrentes da SGB (CRUZ-MACHADO et al., 2007). Os resultados obtidos após o tratamento foram satisfatórios. De acordo com a EMF, os grupos musculares de extensores, abdutores e adutores de quadril, plantiflexores e flexores de joelho do MIE apresentaram evolução de um grau. O grupo muscular de dorsiflexores do MIE apresentou dois graus de evolução. Já os grupos musculares de flexores de quadril, extensores de joelho, flexores de joelho do MID e dorsiflexores do MID mantiveram sua graduação de força. Não se identificou em nenhum dos grupos musculares avaliados redução da força muscular. Quanto à ADM articular avaliada na plantiflexão e na dorsiflexão dos MMII, obtiveram resultados significativos, já que em ambos os movimentos a paciente apresentou melhora de 53% no MID. No MIE a ADM de dorsiflexão evoluiu 87,5%, enquanto o movimento de plantiflexão evoluiu somente 6%. Quanto ao déficit de equilíbrio, avaliado pelo Teste de Romberg e pela EEB, a paciente apresentou resultados também satisfatórios. No Teste de Romberg a paciente passou da posição 2/4 para 3/4, e na EEB, em que inicialmente atingira a pontuação 19/56, alcançou no final do tratamento a pontuação de 34/56. Ambos os resultados demonstram maior equilíbrio para as trocas de postura e consequente diminuição do risco de quedas. Embora os resultados do tratamento tenham sido satisfatórios, algumas considerações tornam-se importantes. O início tardio do tratamento fisioterapêutico, dois meses após o diagnóstico da doença, pode ter prejudicado a evolução da reabilitação. Sabe-se que o mais indicado para o processo de reabilitação da SGB é iniciar o tratamento fisioterapêutico durante as duas primeiras semanas após o diagnóstico da doença, período em que o próprio organismo começa o trabalho de remielinização dos nervos afetados, acelerando a recuperação e prevenindo mais sequelas (ORSINI et al., 2010). Outra questão relevante é o período de duração do tratamento, de 15 semanas, tendo sido realizado apenas um atendimento semanal, necessitando de tempo maior de tratamento para melhor evolução do quadro físico-funcional da paciente. AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DE SEQUELAS MOTORAS PÓS SÍNDROME... Caderno pedagógico, Lajeado, v. 12, n. 3, p. 131-139, 2015. ISSN 1983-0882 138 CONSIDERAÇÕES FINAIS A SGB manifesta-se por déficit de força muscular, danos neuromotores, acometendo na maioria dos casos a musculatura de MMII. A partir da evolução apresentada pela paciente no decorrer do tratamento proposto, percebe-se que ambos os métodos de tratamento utilizados neste estudo mostraram-se efetivos, tornando possível o processo de reeducação muscular, apresentando resultados satisfatórios quanto à força muscular, ao ganho de ADM e à melhora do equilíbrio e da marcha. Após o estudo, conclui-se que os métodos Bobath e PNF são indicados para o tratamento das manifestações causadas pela SGB, devendo cada caso ser devidamente avaliado e o tratamento conduzido de forma a considerar as especificidades de cada paciente. REFERÊNCIAS ADLER, Susan S., BECKERS, Dominiek, BUCK, Math. PNF – Facilitação neuromuscular proprioceptiva. São Paulo: Manole; 2007. BECHARA, Felipe Toledo, SANTOS, Suhaila Mahmoud Smaiti. Efetividade de um programa fisioterapêutico para treino de equilíbrio em idosos. Revista Saúde e Pesquisa. 2008; 1 (1): 15-20. BOBATH, Berta. Hemiplegia em adultos. São Paulo: Manole; 2001. 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