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Uso Racional de Antibióticos

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USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICO PROFILÁTICO E 
TERAPÊUTICO 
 
Renato Camargos Couto 
Tânia Moreira Grillo Pedrosa 
Silvio Augusto Corsini Menicucci 
Valéria Pinto Fonseca 
 Fernando Biscione 
 
 
 
 
 
 I – Introdução 
 
II – Farmacologia 
 
III- Antibiótico Profilático 
 III-1. Profilaxia Cirurgia 
 III-2. Profilaxia Clínica 
 
IV- Terapêutica das Infecções 
 
V - Terapêutica das Infecções virais 
 
VI– Infecções no Paciente Imunodepremido – Terapêutica e Profilaxia 
 VI.1 – Paciente HIV positivo 
 VI.2 – Infecções em receptor de transplante de órgão 
 VI.3 – Tratamentos profilaxia da tuberculose 
 
VII – Interações Medicamentosas adversas 
 
VIII - Doses, Ajustes na Insuficiência Renal e Hepática, Passagem pela 
Meninge, Leite e Placenta 
 
IX – Prescrição do Antibiótico – Diluição e Infusão 
 
 
 
 
USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICO 
PROFILÁTICO E TERAPÊUTICO 
 
Introdução 
 
 Os hospitais agregam pacientes gravemente enfermos, amplamente invadidos com 
o aparato de suporte vital, tornando esta população altamente susceptível às infecções 
hospitalares (IH). Neste ambiente, o uso racional de antimicrobianos torna-se arma 
essencial do sistema de prevenção das infecções nosocomiais. A literatura tem mostrado 
que um sistema de auditoria dos antibióticos prescritos por um médico dedicado a esta 
função é a forma mais eficaz de racionalizar este uso, e passa a ser ferramenta fundamental 
do sistema preventivo. 
 Os antibióticos contribuem de 3 maneiras para agravar o problema das IH: 
- Eliminam as bactérias sensíveis a ele, permitindo o aumento da população de 
bactérias resistentes. 
 
- Induzem resistência: a bactéria possui no seu genoma o conjunto de gens que 
permitiria criar mecanismos de resistência ao antibiótico em uso e também a 
outros. Esses gens encontram-se inativos, pela repressão genética, mantendo-a 
sensível ao antibiótico. Algumas drogas (ceftazidima, cefoxitina etc.) são capazes 
de produzir desrepressão destes gens fazendo com que se manifeste a resistência 
não só à droga em uso, mas também a outros antibióticos. 
 
- Eliminam a flora anaeróbica, especialmente do trato gastrointestinal. A maioria 
das bactérias que mais tarde produzirão as IH (Enterobacteriaceae, 
Pseudomonaceae, Enterococos etc.) origina-se no intestino, vindo mais tarde a 
ocupar os diversos sítios (pulmão, trato geniturinário etc.). A quantidade destas 
bactérias é limitada pela flora anaeróbica, bem menos invasiva. Os antibióticos 
que eliminam os anaeróbios (vancomicina, cefalosporinas, cefoxitina, imipenem 
etc.) produzem grandes desequilíbrios, levando ao supercrescimento de aeróbios 
gram-positivos e gram-negativos com repercussões futuras. 
 
Em 1996 foi publicado o resultado do estudo realizado por um grupo de 
especialistas nomeado pelo Ministério da Saúde da Espanha, que lançou nova luz sobre as 
dimensões e repercussões do mau uso de antimicrobianos. O estudo surgiu da necessidade 
de se entender as causas do grave problema de resistência bacteriana, comunitária e 
hospitalar, que assola aquele país. Os pneumococos eram resistentes em 40% das vezes a 
pencilina e 18% das vezes aos macrolídeos; 40% dos H.influenzae eram resistentes às 
amino-penicilinas. A maioria das bactérias comunitárias apresenta elevada resistência às 
drogas de primeira linha. O que se observou neste estudo foi um enorme consumo de 
antimicrobianos (19 doses por 1000 habitantes/dia em 1994) pela população espanhola, 
totalizando 366 toneladas/ano, e, o mais surpreendente, foi o elevado consumo de 
antibiótico por animais, 250 toneladas/ano, usado como fator de crescimento animal. O uso 
da ovoparcina, um glicopeptídeo, como fator de crescimento determinou o surgimento de 
um enorme reservatório de enterococos resistentes à vancomicina nos animais. A análise 
de espécimes de vários animais mostrou elevado grau de resistência de outras bactérias. 
Entre os isolados animais, 40% das E.coli eram resistentes à ampicilina e sulfa; 20% 
resistentes à gentamicina; 20% dos S.aureus eram resistentes à meticilina. Outras drogas 
que atualmente estão sendo comercializadas para humanos, como as estreptograminas, já 
são de longa data, adicionadas à ração animal. Certamente ocorre intenso intercâmbio de 
flora entre os animais e o homem nas diversas modalidades de contato diário, sendo esta 
mais uma fonte de problemas relacionados à resistência microbiana. 
Sinais de abuso no uso podem também ser percebidos pela avaliação de um dia de 
prescrição médica naquele país. No dia avaliado, 22% dos médicos relatavam ter 
diagnosticado doenças infecciosas, mas 67% deles haviam prescrito antimicrobianos. 
Aliado ao abuso do uso, associa-se a baixa adesão ao curso terapêutico completo. Somente 
58% dos pacientes usam os antibióticos durante o tempo total prescrito. A pressão seletiva 
comunitária e animal se alia àquela que ocorre no hospital. Uma proporção da resistência 
microbiana hospitalar pode ter sua origem na comunidade. 
 As repercussões do controle do uso de antimicrobianos na diminuição da resistência 
ficam claras em elegante trabalho da Finlândia publicado em 1997. Houve dramática 
redução da resistência dos estreptococos do grupo A aos macrolídeos após a introdução de 
um programa de redução da prescrição deste grupo de drogas naquele país. Este programa 
determinou a queda do uso de 2,4 doses por 1000 habitantes em 1991 para 1,3 dose por 
1000 habitantes em 1992, e que se manteve até 1996. 
 Estes estudos mostram que vale a pena controlar o consumo destes produtos e que a 
intervenção ultrapassa em muito o estreito universo dos hospitais. 
Além das alterações da microbiota se alia um sem-número de efeitos colaterais e 
interações de drogas que podem ser evitados ou minimizados quando não se faz uso de 
antimicrobianos ou quando se tem o conhecimento para fazer a melhor opção dentro do 
contexto clínico de um paciente exigindo do internista que o assiste amplos conhecimentos 
da técnica médica. 
 
Farmacologia 
 
BETALACTÂMICOS 
 
 O grupo é constituído pelas penicilinas, cefalosporinas, cefamicinas, carbapenem e 
monobactâmicos. Possuem uma proteína específica de ligação na membrana celular 
conhecida como protein biding penicillin (PBP), e a partir daí interferem com a síntese da 
parede celular, levando a morte bacteriana. 
 Os mecanismos de resistência bacteriana são a produção de enzimas inativadoras 
(betalactamases) e a modificação da estrutura das PBP, impedindo a ligação do antibiótico. 
 Os efeitos colaterais são em geral comuns a todo o grupo, variando quanto à 
freqüência de ocorrência de acordo com a droga. São eles a flebite, rash cutâneo, febre, 
eosinofilia, Coombs-positivo, anemia hemolítica, neutropenia, disfunção plaquetária, 
nefrite intersticial (exceto imipenem e aztreonam), disfunção renal (somente com 
cefalosporina), aumento de TGO (exceto penicilina cristalina), diarréia, náusea, convulsões 
(somente com penicilina cristalina, amino, carboxi e ureidopenicilinas e imipenem). 
 
PENICILINAS 
 
 São um grupo de drogas bem estabelecido e conhecido. São rapidamente excretadas 
pelos rins e, portanto, a dose deve ser ajustada na insuficiência renal. A hipersensibilidade 
é o efeito colateral mais comum e manifesta-se com eosinofilia, doença do soro, anafilaxia 
e febre dos mais diferentes perfis. 
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HighlightAs penicilinas têm uma imunogenicidade comum; portanto, a alergia a uma é 
comum a todas. Anemia hemolítica Coombs positiva, leucopenia, plaquetopenia e nefrite 
intersticial são raros. As convulsões só ocorrem com altas doses, especialmente na 
insuficiência renal. 
 
Penicilina G 
 
 Sensível às betalactamases bacterianas. Usada na terapêutica de: Streptococcus dos 
grupos A, B, C, G, S.pneumoniae, L.monocytogenis, N.meningitidis e anaeróbios, exceto os 
produtores de betalactamases, como o grupo Bacteroides. A ocorrência de resistência entre 
os pneumococos é um problema de saúde pública crescente nos Estados Unidos e Europa. 
Em nosso meio, a importância de sua ocorrência necessita de melhor avaliação. 
 
 Apresentações: 
 - Aquosa com 1,7mEq de K
+
 por milhão de unidades para uso EV e IM. 
 - Associada à procaína com nível sustentado de 12 horas para uso IM. 
 - Associada à benzatina com níveis baixos sustentados por 2 a 3 semanas; usada IM 
para a profilaxia da febre reumática e tratamento da sífilis. 
 
Penicilinas Semi-sintéticas Resistentes às Penicilinases 
 
 No nosso meio encontra-se disponível a oxacilina, usada para tratar S.aureus 
produtor de penicilinase. É menos ativa que a penicilina cristalina para os estreptococos, 
não age em Listeria e nos anaeróbios, possuindo ação errática somente no 
Peptoestreptococus sp. A resistência do S. aureus à oxacilina se estende a todos os 
betalactâmicos. São usadas no antibiograma como marcadores de resistência aos 
betalactâmicos. 
 A infecção estafilocóccica pode ser determinada por várias cepas simultaneamente, 
sendo algumas sensíveis e outras resistentes. A detecção no antibiograma das 
subpopulações resistentes à oxacilina é mais fácil do que a detecção das subpopulações 
resistentes aos outros betalactâmicos. Mas, se há uma subpopulação resistente à oxacilina, 
ela é certamente resistente a todos os representantes do grupo. O mecanismo de resistência 
conhecido como intrínseco se dá pela mudança do receptor de ligação dos betalactâmicos a 
membrana celular (PBP). 
 Há cepas de S. aureus conhecidas como tolerantes e que apresentam uma 
dissociação entre a concentração inibitória mínima e bactericida mínima e se associam a 
uma má resposta clínica aos betalactâmicos. Um outro subgrupo é conhecido como 
BORSA (bordeline oxacillin resistant S.aureus), e o mecanismo provável é a produção 
excessiva de betalactamase. Estes 2 subtipos se apresentam como resistentes no 
antibiograma que usa a técnica de difusão em disco. 
 Os efeitos colaterais mais comuns incluem a nefrite intersticial, aumento de 
transaminases, icterícia colestática e neutropenia. 
 
Penicilinas de Espectro Ampliado 
 
 São menos ativas que a penicilina cristalina para o estreptococo. Têm atividade 
contra o H.influenzae, Neisseria sp., Enterobacteriaceae. Não cobrem S.aureus e nos EUA 
20 a 30% dos H.influenzae são produtores de betalactamases capaz de inativá-las. São 
inativas para Enterobacter sp., Pseudomonas sp. e Klebsiella sp. As 2 apresentações 
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disponíveis no nosso meio são a ampicilina e amoxacilina. Têm o mesmo espectro, e a 
ampicilina deve ser usada preferencialmente por via venosa, pois tem absorção oral 
errática. 
 Elas podem ser associadas a inbidores de betalactamases - o ácido clavulânico à 
amoxacilina, o sulbactam à amoxacilina e o sulbactam à ampicilina - o que as torna ativas 
contra os S.aureus, cujo mecanismo de resistência é a produção de betalactamase e não 
mudança da proteína ligadora de betalactâmicos (MRSA). Estas associações são também 
ativas contra H.influenzae, N.gonorrhoeae, todos os anaeróbios incluindo B.fragilis e 
enterobacteriáceas produtoras de betalactamase de origem plasmidial. Esta associação não 
acrescenta em nada quando se trata de Pseudomonas sp., Enterobacter sp., Serratia sp., 
cuja resistência se dá também por betalactamases de origem cromossômica não inibidas 
pelo ácido clavulânico ou sulbactam. Esta associação é uma ótima opção às cefalosporinas 
de terceira geração para a terapêutica empírica dos diversos quadros infecciosos graves que 
ocorrem nas crianças de 2 meses a 5 anos de idade, cujos agentes de maior prevalência são 
o S.aureus, H.influenzae e pneumococo, assim como as peritonites secundárias às 
catástrofes abdominais, afecções ginecológicas e as pneumonias comunitárias do adulto 
quando se apresentam com grande gravidade, em especial os quadros que exigem 
hospitalização. O seu uso nestas situações preserva as cefalosporinas de terceira geração e 
é mais uma razão para se evitar sua aplicação em afecções banais comunitárias em que o 
valor de qualquer droga é de alcance limitado, como as sinusites e as otites médias. 
A via oral da amoxacilina/clavulanato pode apresentar efeitos colaterais 
relacionados ao trato gastrointestinal, caracterizados por náuseas e vômitos. 
 
Carboxi e Ureidopenicilinas 
 
 São penicilinas de espectro alargado, semelhante à ampicilina, apresentando como 
vantagem uma maior cobertura para Enterobater sp., Serratia sp., Providencia sp., 
Morganella sp., Aeromonas sp., Acinetobacter sp. e anaeróbios, incluindo o Bacteroides 
fragilis. Pseudomonas aeruginosa habitualmente é resistente. Apresentam efeito sinérgico 
com uso de aminoglicosídeo associado. Penetram mal no sistema nervoso central. 
 Os efeitos colaterais são semelhantes aos das outras penicilinas, acrescidos de 
flebite, hipocalemia e alterações de tempo de coagulação. A ticarcilina e piperacilina são 
carboxi penicilinas e contêm 4,7 a 5mEq de Na/g. As ureidopenicilinas são a azlocilina e a 
mezlocilina. 
 O espaço deste grupo de drogas na terapêutica foi ocupado pelas cefalosporinas de 
terceira geração, por terem maior eficácia, com menores efeitos colaterais. O seu papel 
hoje é muito limitado. 
 A associação de ticarcilina ao ácido clavulânico pouco ou nada muda na sua 
aplicabilidade clínica. Torna-a ativa para S.aureus e anaeróbios produtores de 
betalactamase, mas esta cobertura de forma alguma aumenta sua aplicabilidade. O que se 
desejava era uma melhor cobertura das bactérias gram-negativas, especialmente a 
Pseudomonas aeruginosa, Serratia sp. e Enterobacter sp., porém grande parte das 
betalactamases destas bactérias é de origem cromossômica, não inibidas, em geral, pelo 
inibidor de betalactamase associado. 
A piperacilina/tazobactam também apresenta boa atuação contra betalactamases 
plasmidiais, mas não as cromossômicas. Seu espectro de ação inclui S. aureus meticilino- 
sensível, Streptococcus pyogenes, anaeróbios e a maioria das cepas de Enterococus 
faecalis. Até o momento, mostra ser uma droga interessante no tratamento de P. 
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aeruginosa multirresistente, que apresentam cerca de 91 a 95% de sensibilidade a esta 
associação. Não penetra no SNC. 
 
CEFALOSPORINAS E CEFAMICINAS 
 
As cefamicinas, embora não pertençam a este grupo, são abordadas em conjunto 
por suas características farmacológicas, espectro e aplicabilidade clínica. A classificação 
em gerações agrupa drogas com espectro antibacteriano e farmacocinética semelhantes. À 
medida que aumentam as gerações, há um aumento de atividade para bactérias bastonetes 
gram-negativos e diminuição da ação para cocos gram-positivos, com exceção das de 
quarta geração, que mantêm atividade para os cocos gram-positivos semelhante às de 
primeira geração. Esta diminuição de ação para os cocos gram-positivos se dá pela 
diminuição da afinidade das drogas pela proteína de ligação da membrana bacteriana. 
 Todas são inativas para os enterococos, que vêm se constituindo no mais novo 
flagelo dos hospitais americanos. A emergência de resistência, seja no ambiente hospitalar 
assim como durante o curso de tratamento de uma bactéria inicialmente sensível, é evento 
esperado especialmente quando se trata de Enterobacter sp., Pseudomonas aeruginosa, 
Serratia sp., Acinetobacter sp. e Proteus indol-positivo. Nas situações clínicas em que 
estas bactérias são patógenos potenciais, a associação com aminoglicosïdeos, que é 
sinérgica, é recomendada por um período de 3 a 5 dias. 
 Existem 3 mecanismos básicos de resistência: 
1. Diminuição da afinidade pelas proteínas ligadoras de betalactâmicos (PBP) situadas 
na membrana celular, por mudança em sua estrutura. Este é o mecanismo de 
resistência do S.aureus às penicilinas resistentes a betalactamases e cefalosporinas 
(MRSA) e de alguns gonococos e pneumococos resistentes às penicilinas. 
2. Diminuição de permeabilidade ao antibiótico dos poros da membrana, dificultando 
o acesso às PBP que se situam mais profundamente na membrana dos bastonetes 
gram-negativos. Este mecanismo ocorre acompanhado da produção de 
betalactamases. 
3. Produção de betalactamases, que determina inativação hidrolítica dos antibióticos. 
A produção de betalactamases pode ter codificação cromossômica ou 
extracromossômica, por plasmídios ou transpossomos, o que confere 
transmissibilidade entre espécies. As cefalosporinas são relativamente estáveis 
frente às betalactamases de S.aureus, N.gonorrhoea e H.influenza. A diminuição da 
ação das cefalosporinas mais novas (com exceção das de quarta geração) para o 
S.aureus se deve a menor afinidade destas drogas às PBP não modificadas da 
bactéria. As betalactamases de bastonetes gram-negativos de origem plasmidial 
conferem resistência às cefalosporinas e as de geração mais recente são mais 
estáveis frente a elas. Existem aquelas de espectro alargado que conferem alta 
resistência a todas as cefalosporinas e aztreonam, e são mais comumente 
encontradas em Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa, Enterobacter 
sp., Serratia sp., Citrobacter freundii, Morganella, Providencia, que têm em seu 
cromossomo os gens para produção de betalactamases capazes de inativar as 
cefamicinas e cefalosporinas, incluindo as de terceira geração. Estes gens podem 
se encontrar reprimidos e, portanto, incapazes de se expressarem na forma de 
produção enzimática. As cefalosporinas são capazes de produzir desrepressão 
gênica, induzindo a produção de enzimas inclusive no curso da terapêutica de uma 
bactéria inicialmente sensível. A cefoxitina e a tienamicina são os mais potentes 
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indutores de betalactamases. Esta é uma das bases para a restrição do seu uso em 
ambiente hospitalar. 
A hipersensibilidade é o efeito colateral mais comum e pode ocorrer de maneira 
cruzada com outros betalactâmicos. Outros efeitos adversos são aqueles comuns a todos 
betalactâmicos. 
 
Cefalosporinas de Primeira Geração 
 
 Boa atividade para cocos gram-positivos, incluindo o S.aureus. Cobrem a 
M.catarrhalis, H.ducreyi, N.gonorrhoeae e os bastonetes gram-negativos como a E.coli, 
Klebsiella sp. e Proteus mirabilis, especialmente os de origem comunitária. Ativa contra 
anaeróbios susceptíveis à penicilina (exceto Bacteroides sp.). 
 As apresentações parenterais em nosso meio são a cefalotina e a cefazolina. A 
cefazolina produz menos flebite, pode ser usada por via intramuscular e tem uma meia-
vida maior, que permite o uso a cada 8 horas. A opção entre as duas deve se basear 
principalmente no custo e, caso isto seja semelhante, os outros aspectos nortearão a opção. 
 As formas orais disponíveis são a cefalexina e o cefadroxil, sendo que o segundo 
tem meia vida maior, permitindo o uso a cada 12 horas. Ambos não atingem nível tecidual 
elevado. São apropriadas para a terapêutica das infeccões urinárias, de outros órgãos, 
quando já se encontrarem controladas ou forem de pequena gravidade. A opção entre as 
duas tem como base o custo final e comodidade posológica. 
 
Cefalosporinas de Segunda Geração 
 
 Mesmo espectro das de primeira geração com melhor cobertura para os bastonetes 
gram-negativos aeróbios e anaeróbios. Passam a ser incluídos na cobertura Proteus 
vulgaris, Providencia sp., Morganella sp., Aeromonas sp.. Os anaeróbios são bem 
cobertos, mas, das drogas disponíveis em nosso meio, somente a cefoxitina cobre 
B.fragilis. Deve-se considerar a existência de cepas de anaeróbios resistentes, sendo 
preferível o uso de drogas mais ativas como o cloranfenicol, metronidazol ou clindamicina 
nas infecções de maior gravidade. 
 Temos disponíveis a cefuroxima (EV, IM) e a cefuroxima axetil (VO). A cefoxitina 
(EV) deve ser lembrada pela elevada capacidade de induzir betalactamase. Este grupo é 
mais estável frente às betalactamases de H.influenzae que as de primeira geração e tem 
algum papel na terapêutica das otites que não respondem às drogas de primeira linha 
(sulfa, amoxacilina). 
 Este grupo de drogas é de uso limitado quando se leva em consideração o custo- 
benefício. Há um sem-número de drogas que, isoladas ou associadas, têm o mesmo 
espectro, com custo e risco (indução de beta lactamases) menores para o paciente. 
Raramente se encontrará uma razão que justifique seu uso. 
 
Cefalosporinas de Terceira Geração 
 
 São menos ativas que as cefalosporinas de primeira e segunda geração para 
S.aureus e mais ativas nos bastonetes gram-negativos, incluindo P.aeruginosa. Para os 
outros germes têm atividade igual às de segunda geração. 
 A cefotaxima tem ação modesta para P.aeruginosa. É metabolizada a desacetil 
cefotaxima que, embora menos potente que a droga de origem, tem meia-vida mais longa, 
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o que permite o seu uso a cada 8 horaspara infeccões moderadas. Cobre anaeróbios, 
inclusive 40 a 50% dos B.fragilis. 
 A cefodizima tem espectro semelhante ao da cefotaxima. É descrita ação 
imunomoduladora cujo papel clínico é indefinido. 
 A ceftriaxona é a mais potente cefalosporina para N.gonorrhoeae, N.meningitidis, 
H.influenza. Sua farmacocinética com meia-vida de 8 horas e 90% de ligação protéica 
permite seu uso a cada 24 horas mesmo para infecções graves com risco de vida, com 
exceção da meningite (a cada 12 horas). 
 A ceftazidima é uma cefalosporina de terceira geração única. Tem capacidade de 
induzir betalactamases e é pouco sensível às betalactamases cromossômicas. Tem baixa 
atividade para S.aureus e Bacteroides fragilis. É a cefalosporina de escolha para a 
terapêutica de P.aeruginosa. Tem boa penetração no SNC e é a droga de escolha para a 
terapêutica das meningites por P. aeruginosa. 
 Este grupo pode ser dividido em cefotaxima/cefodizima/ceftriaxona e ceftazidima. 
As 3 primeiras têm espectro semelhante e a opção entre elas deve se basear no custo final, 
exceto nas infecções do SNC onde a ceftriaxona deveria ser a droga de escolha. A 
cobertura que conseguem dar para o S.aureus garante relativa segurança para a cobertura 
empírica de infecções em que este agente pode ser a etiologia. A ceftazidima é única, 
sendo a droga de escolha quando se pensa em P.aeruginosa e bastonetes gram-negativos 
produtores de betalactamases cromossômicas ou plasmidiais, com exceção das plasmidiais 
de espectro alargado, que se associam mais freqüentemente à Klebsiella sp. Sua cobertura 
para S.aureus impede o seu uso como monoterapia empírica em situações em que este 
agente pode ser a etiologia. 
 A associação com aminoglicosídeos é sinérgica e diminui a indução de 
betalactamases. Deve ser usada especialmente na suspeita de P.aeruginosa, Enterobacter 
sp. e Serratia sp. por um período de 3 a 5 dias. 
 As cefalosporinas de terceira geração disponíveis por via oral são a cefixima e a 
cefpodoxima. A cefixima é ativa para Streptococcus pneumoniae, H. influenzae, Nisseria e 
muitas Enterobacteriáceas, mas não é ativa para S. aureus, e pode ser usada em dose única 
diária. A cefpodoxima tem o mesmo espectro anterior, mas com meia-vida mais curta. 
 
Cefalosporinas de Quarta Geração 
 
 Este novo grupo constituído pela cefpiroma e cefepima apresenta características 
que o torna peculiar. 
 A cefpiroma tem atividade superior à do grupo de terceira geração quando se trata 
de estreptococos, S.aureus, Neisseria sp., H.influenzae e Enterobacteriaceae, mas possui 
menor atividade para P.aeruginosa que a ceftazidima. Parece estável frente às 
betalactamases de espectro alargado. Penetra no SNC, mas o seu uso neste sítio é pouco 
estudado. 
 A cefepima possui características semelhantes às da cefpiroma, exceto pela 
aparente melhor ação sobre P.aeruginosa. 
 Estas drogas podem ser de utilidade para a terapêutica de germes só sensíveis a ela, 
especialmente os bastonetes gram-negativos produtores de betalactamases alargadas. 
 
AZTREONAM 
 
 Este monobactâmico atua exclusivamente em bastonetes gram-negativos aeróbicos, 
incluindo muitas cepas de Serratia sp. e P.aeruginosa. Ele age sinergicamente com os 
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aminoglicosídeos. Os mecanismos de resistência são os mesmos das cefalosporinas. Não 
induz betalactamases. Não tem reação de hipersensibilidade cruzada com os outros 
betalactâmicos, o que o torna uma opção nesta ocorrência. 
 A sua aplicabilidade clínica fica limitada pelo custo, pois possui espectro 
semelhante ao dos aminoglicosídeos, exceto pela cobertura de Neisserias e hemófilos. 
Apesar da maior toxicidade, os aminoglicosídeos são infinitamente mais baratos. 
 
TIENAMICINAS 
 
 O imipenem vem com uma associação fixa com cilastatina que diminui sua 
excreção renal. Possui um espectro de ação amplo, com grande potência, que inclui todos 
os cocos gram-positivos exceto o S.aureus meticilino-resistente e o Enterococcus faecium; 
todos os bastonetes gram-negativos, com exceção da Legionella sp. e X.maltophilia; e 
todos os anaeróbios. Possui elevada resistência às betalactamases tanto de origem 
cromossômica quanto plasmidial, mas é um potente indutor de betalactamases. 
 O meropenem apresenta o mesmo espectro do imipenem e tem como vantagens 
uma menor ocorrência de convulsões, melhor penetração no sistema nervoso central e 
menor capacidade de induzir betalactamases. Tem como efeitos colaterais as reações 
alérgicas, neutropenia, trombocitopenia, parestesia, aumento de transaminases, fosfatase 
alcalina e LDH. A apresentação IM não pode ser usada na faixa pediátrica, como também 
na insuficiência renal com clearence < 50ml/min. 
 O ertapenem sódico é o novo componente da classe dos carbapenêmicos, que 
apresenta o mesmo espectro de ação (e de indicação terapêutica) dos demais agentes desta 
classe. Há maior comodidade terapêutica devido à sua maior meia-vida, que permite 
posologia de dose única diária. 
 O seu uso se restringe a pacientes com bactérias cujo único antimicrobiano eficaz 
seja uma tienamicina e na terapêutica empírica de pacientes já submetidos a inúmeros 
cursos de antimicrobianos, portanto sujeitos a infecções por germes com múltipla 
resistência. Um erro relativamente comum é usar antibióticos de última geração naqueles 
pacientes em gravidade extrema. É bom lembrar que não há relação entre gravidade do 
quadro infeccioso e a resistência bacteriana aos antibióticos, ou seja, um pneumococo 
multisensível determinará quadros tão graves quanto uma Pseudomonas multirresistente, 
na dependência de outros fatores como: mecanismo de defesa do hospedeiro, retardo na 
intervenção terapêutica, suporte hemodinâmico inadequado e intensidade e qualidade da 
reação orgânica ao agente agressor (caráter individual). 
 
MACROLÍDEOS 
 
 São drogas bacteriostáticas que agem ligando-se à subunidade 50S do ribossomo 
alterando a síntese protéica. Possuem ampla interação medicamentosa como a elevação do 
nível plasmático de teofilina, digoxina, warfarin, carbamazepina e ciclosporina, e 
prolongamento do intervalo QT naqueles pacientes em uso dos anti-histaminicos astemizol 
e terfenadine. Os efeitos colaterais mais comuns se referem ao trato gastrointestinal, com 
diarréia, náusea, vômito, sendo mais raros com a azitromicina e a claritromicina. 
 A forma venosa da eritromicina pode produzir flebite, o que é minimizado se for 
diluída em pelo menos 250 ml de solução salina. Raramente podem ocorrer surdez 
transitória e torsardes pointes. A hepatite colestática é própria do estolato. 
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 A eritromicina é a droga de escolha para as infecções estreptocóccicas e 
estafilocóccicas na alergia aos betalactâmicos. É a droga de escolha para Legionella sp. e 
Micoplasma sp. 
 A claritromicina é 4 vezes mais potente que a eritromicina para estreptococo e 
S.aureus meticilino-sensível. Nenhuma delas é útil para o S.aureusmeticilino-resistente. É 
mais ativa contra Moraxella e H.influenzae. Apresenta boa atividade para o 
Mycobacterium avium. No restante, é similar à eritromicina. Encontra-se disponível nas 
formas oral e venosa. 
 A azitromicina é mais ativa que as duas anteriores para o H.influenzae e Moraxella, 
sendo semelhante à claritromicina no que se refere às outras bactérias, também sendo 
disponíveis as formas oral e venosa. 
 
GLICOPEPTÍDEOS 
 
Vancomicina 
 
 Este antigo antimicrobiano que age na síntese da parede celular mostra-se útil no 
tratamento de infecções por estreptococos, S.epidermidis e S.aureus meticilino-sensível e 
resistente. É a droga de escolha quando se trata de S.aureus meticilino-resistente, 
Enterococcus faecium, E.faecalis quando resistentes à penicilina e Clostridium difficile. 
 Os enterococos penicilina e vancomicina-resistentes vêm se tornando um grave 
problema nos Estados Unidos. A resistência é mediada por plasmídeos. Nas infecções por 
enterococos a associação com gentamicina é sinérgica e sabidamente benéfica. 
 Nas infecções por S.aureus de resposta terapêutica lenta a associação de 
gentamicina mostra-se de valor. 
 Nas infecções por Clostridium difficille deve ser usada por via oral e é droga de 
segunda escolha para evitar a emergência de Enterococcus vancomicina-resistente. A 
droga de primeira escolha é o metronidazol. A restrição de seu uso é essencial para evitar a 
emergência de resistência. A grande arma é o controle da ocorrência de S.aureus 
meticilino-resistente, que se constitui na principal indicação da droga. 
 É de eliminação renal, o que a torna economicamente interessante na insuficiência 
renal. Pode ocorrer a síndrome do homem vermelho (hiperemia, calor difuso) e até mesmo 
choque por liberação de histamina com a infusão venosa rápida (a infusão deve ser em 45 
minutos a 1 hora). A neurotoxicidade, especialmente auditiva dose-dependente, muitas 
vezes irreversível, pode ocorrer. A insuficiência renal é transitória e incomum hoje, com 
preparações mais puras. Raramente se vêem leucopenia, trombocitopenia e eosinofilia. 
 
Teicoplanina 
 
 Apresenta o mesmo espectro, indicações e limitações da vancomicina. Tem como 
vantagens o uso de dose única diária, a possibilidade da via muscular e menor incidência 
de efeitos colaterais. Possui baixa penetração no SNC, o que limita seu uso no tratamento 
de infecções nesta topografia. 
 A dose terapêutica para infecções profundas, para que se atinja o mesmo índice de 
cura da vancomicina, é de 400mg/dia. Recente revisão de 200 trabalhos sugere doses de 10 
a 12 mg/kg/dia para maximizar os resultados. 
 A opção entre a vancomicina e teicoplanina deve ter como base, além dos aspectos 
farmacológicos, o custo e o perfil de sensibilidade ao antibiograma, uma vez que não há 
correlação de 100% entre as duas drogas. 
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AMINOGLICOSÍDEOS 
 
 São bactericidas que atuam no ribossomo interferindo com a síntese protéica. 
Atuam em S.aureus, Enterococcus sp., H.influenzae, E.coli, Klebsiella sp., Enterobacter 
sp., Serratia sp., Pseudomonas aeruginosa, Proteus sp. Não atuam em anaeróbios. Não 
devem ser usados isoladamente na terapêutica dos cocos gram-positivos, pois os 
betabactâmicos são bem mais eficazes. 
 O mecanismo de resistência mais comum é de origem plasmidial por enzima 
inativadora para a qual a amicacina se mostra mais resistente. A alteração do sítio de 
ligação ao ribossomo é rara e peculiar à E.coli, assim como a diminuição da 
permeabilidade é própria do S.aureus. O Enterococcus sp. pode apresentar qualquer um 
dos mecanismos. 
 Os efeitos colaterais mais comuns são a ototoxicidade coclear ou vestibular 
relacionada ao uso prolongado e à associação com diuréticos de alça. O bloqueio 
neuromuscular pode ocorrer com a infusão venosa rápida. Deve-se fazer a infusão em no 
mínimo 1 hora. A nefrotoxicidade se relaciona com a manutenção de um nível de platô 
elevado. 
 A posologia habitual é constituída por doses fracionadas, mas o uso de dose única 
diária é aplicável em algumas situações clínicas e é menos nefrotóxico, de menor custo e 
de maior comodidade posológica. A base do seu uso é o efeito pós-antibiótico longo destas 
drogas. Bactérias expostas à droga continuam a morrer por várias horas mesmo que o nível 
sérico caia abaixo do ideal. As células tubulares renais são capazes de incorporar o 
aminoglicosídeo. A droga é incorporada por um sistema ativado por “gatilho” que dispara 
de acordo com o nível sérico, e há um sistema de secreção tubular quando o nível 
encontra-se abaixo do gatilho. É através deste mecanismo de incorporação que ocorre a 
lesão tubular. Com o uso da dose única, o nível sérico fica abaixo do gatilho por maior 
tempo, determinando menor incorporação tubular e com isto menor nefrotoxicidade. A 
dose total de um dia é dada de uma única vez, seja por via venosa ou muscular. Encontra-
se bem estabelecida esta posologia em pacientes não-neutropênicos nas seguintes 
situações: sinergismo com betalactâmicos, pielonefrite desde o início do tratamento, e nos 
outros sítios após o controle do quadro clínico. 
 Os aminoglicosídeos continuam a ser drogas de primeira linha para os germes 
sensíveis a elas. São eficazes, baratas e com baixo potencial de produzir resistência no 
ambiente hospitalar, ao contrário das cefalosporinas. 
 
CLORANFENICOL 
 
 Esta droga atua na síntese protéica através de ligação ao ribossomo. É bactericida 
para S. pneumoniae, Hemophilus sp., N.meningitidis, todos os anaeróbios, altamente ativa 
para Salmonella sp., Rickettsia sp., e atua em P.mallei, P.pseudomallei, micoplasma e 
outros germes intracelulares como clamídia e bartonela. É bacteriostático para S. aureus. A 
resistência é incomum, com a exceção de Salmonella sp. em áreas endêmicas. 
 O efeito colateral mais freqüente é a inibição transitória e reversível da medula 
óssea e mais raramente podem ocorrer neurite e hipersensibilidade. O grande estigma da 
droga encontra-se na aplasia de medula. A incidência deste problema não se encontra bem 
definida, variando na literatura de 1:30.000 a 1:60.000. Esta incidência é semelhante aos 
óbitos determinados por anafilaxia à penicilina. Portanto, não há razões para preteri-la 
quando se tratar de terapêutica para germes susceptíveis a ela. 
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gentamicina, neomicina, estreptomicina, etc
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 Sua grande aplicação reside nas infecções que envolvem anaeróbios, Hemophilus 
sp., em especial com o aumento das cepas produtoras de betalactamase, pneumococo, 
Rikettsia sp. e Salmonella sp. A terapêutica empírica das pneumonias que envolvem 
crianças de 2 meses a 5 anos e nos maioresde 60 anos é um vasto campo de sua aplicação. 
 
CLINDAMICINA 
 
 Apresenta o mesmo mecanismo de ação do cloranfenicol, sendo um anaerobicida 
excepcional, além de cobrir S.aureus e estreptococos. 
 Seus efeitos colaterais mais freqüentes são alergia, diarréia (20%), 
hepatotoxicidade, raramente neutropenia, trombocitopenia e colite pseudomembranosa. 
Sua grande aplicação é nas infecções anaeróbicas, e seu custo deve ser comparado com o 
do cloranfenicol e do metronidazol. Seu uso é limitado nas endocardites por anaeróbios, 
por ser bacteriostática para Bacteroides nesta situação. Não é indicada para terapêutica do 
SNC, por não penetrar na barreira hematoencefálica. Também penetra pouco nos seios 
paranasais. 
 
METRONIDAZOL 
 
 Atua sobre anaeróbios, Trichomonas, Giardia, Entamoeba. A emergência de 
resistência é rara. Não atua nos anaeróbios cocos gram-positivos que se encontram com 
freqüência envolvidos nas infecções da cavidade oral, pele, trato genital, perfurações 
esofágicas e pneumonias aspirativas. Nestas situações clínicas, a opção pelo cloranfenicol 
ou clindamicina é mais adequada. Os efeitos colaterais são raros e incluem náusea, vômito, 
alteração dissulfiram like; tem efeito teratogênico potencial. Possui ótima absorção oral e 
retal e a troca da via venosa para estas vias é bastante segura. 
 
QUINOLONAS 
 
 São drogas bactericidas que atuam na síntese de DNA. A resistência é em geral de 
origem cromossômica, com mudança do sítio de ligação da droga. Ela ocorre de maneira 
mais freqüente com o S.aureus meticilino-resistente e P.aeruginosa. Apresentam boa ação 
e se prestam para a terapêutica de: S.aureus meticilino-sensível, Legionella sp., 
S.epidermidis, Chlamydia, Micoplasma pneumoniae, N.gonorrhoeae, M.catarrhalis, 
E.coli, Klebsiela sp., Enterobacter sp., Serratia sp., Salmonella sp., Shighella sp., Proteus 
sp., Providencia sp., Morganella sp., Citrobacter sp., Aeromonas sp., Acinetobacter sp. Os 
anaeróbios são cobertos pelas quinolonas de última geração e a P.aeruginosa só é coberta 
pelo ciprofloxacin. 
 As quinolonas de primeira geração poderiam ser divididas em ciprofloxacina, que 
cobre P.aeruginosa, e as outras, que não cobrem este germe de maneira adequada. 
Portando, a opção pela ciprofloxacina só se justifica se seu preço for inferior ao das outras 
ou se suspeitar de P.aeruginosa como agente etiológico. A norfloxacina tem baixa 
absorção oral, só atingindo níveis adequados nas vias urinárias, próstata e luz intestinal. 
 A forma venosa é disponível para a pefloxacina, ciprofloxacina e ofloxacina, e deve 
ser imediatamente abandonada quando a via oral é disponível, pois apresentam uma 
percentagem de absorção por via oral incomum, chegando a 100% com a pefloxacina, o 
que torna indiferente, para a obtenção de nível terapêutico, a via de administração. Isto 
minimiza sobremaneira o custo terapêutico. É bom lembrar que com exceção da 
P.aeruginosa, reservada para a ciprofloxacina, todas garantem cobertura idêntica, o que 
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permite iniciar com uma quinolona venosa de menor custo e continuar a terapêutica com 
outra, desde que seja economicamente interessante (p. ex., inicia-se com pefloxacina 
venosa e continua-se com ciprofloxacina oral, que no momento é mais barata). Atitude 
similar é usada com os betalactâmicos, quando passa da oxacilina para a cefalexina oral na 
terapêutica das infecções estafilocóccicas. 
 A segurança na gravidez não é estabelecida. Produzem lesões nas cartilagens 
epifisárias de animais jovens e sua segurança na fase de crescimento não é determinada. A 
experiência pediátrica, embora pequena, não detectou lesões definitivas. Somente na 
fibrose cística seu uso se encontra liberado para crianças. Acumulam-se cada vez mais 
evidências de que seu uso em pediatria é seguro. Os efeitos colaterais mais freqüentes são 
do trato gastrointestinal e neurológico (com convulsão e alucinação); raramente 
leucopenia, eosinofilia e uma síndrome rara constituída de hemólise, coagulação 
intravascular disseminada e insuficiência renal de mecanismo desconhecido. É descrita a 
ruptura espontânea de tendão. Aumentam a meia-vida da teofilina, levando à toxicidade 
desta. 
 A sua aplicabilidade é bastante ampla. Nas infecções urinárias, deveriam ficar 
reservadas para os casos produzidos por bactérias só sensíveis a elas, deixando a grande 
maioria dos casos para as drogas de primeira linha altamente eficazes, como os 
aminoglicosídeos e a sulfa-trimetoprim. 
 Elas devem ser preservadas, não sendo utilizandas em quadros onde drogas de 
primeira linha são eficazes (sinusite, DPOC infectado, infecção urinária etc.). 
 Nas infecções osteoarticulares são possíveis ótimos resultados com a forma oral, 
tanto nas afecções por bastonetes gram-negativos (cipro 750 mg de 12 em 12 horas) quanto 
por S.aureus. Apresentam ótimos resultados na terapêutica das diarréias, cobrindo 
Salmonella sp., Shigella sp., E.coli, C.jejuni, Y.enterocolitica. Podem ser usadas em 
tratamento de prostatite, nas doenças sexualmente transmissíveis, afecções peritoneais e de 
partes moles. 
As novas quinolonas (levofloxacin, moxifloxacin, gatifloxacin e gemifloxacin), por 
sua ação contra cocos gram-positivos, principalmente Streptococcus pneumoniae, são uma 
alternativa terapêutica, principalmente nas sinusites de repetição. Podem ser utilizadas no 
tratamento da exacerbação aguda das bronquites crônicas onde predominam os bacilos 
gram-negativos. Nos casos de pneumonia adquirida na comunidade, devido ao seu espectro 
de ação contra Streptococcus pneumoniae, mostram-se mais efetivas, podendo se constituir 
em uma opção para aquelas regiões com elevada resistência à penicilina. São muito úteis 
no tratamento de pneumonias atípicas como as causadas por Legionella sp. e Mycoplasma 
sp. e Chlamydia pneumoniae, cuja resposta clínica é semelhante aos macrolídeos. Bons 
resultados também têm sido obtidos em infecções pulmonares associadas à assistência à 
saúde, com o uso das fluorquinolonas, dependendo, obviamente, do perfil de resistência da 
microbiota bacteriana. O gatifloxacin e o moxifloxacin apresentam atividade também para 
anaeróbios, principlamente os cocos gram-positivos, podendo ser de utilidade nas 
infecções polimicrobianas que envolvam anaeróbios acima do diafragma. 
 
SULFAMETOXAZOL-TRIMETOPRIM 
 
 É uma associação baceriostática sinérgica que interfere na cadeia de síntese do 
ácido fólico. Sua principal aplicação são as infecções urinárias, dos seios da face, 
brônquicas comunitárias e as infecções por Pneumocystis jiroveci. Os efeitos colaterais 
mais freqüentes são hipersensibilidade, anemia megaloblástica, leucopenia, 
trombocitopenia e, raramente, supressão medular. 
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TETRACICLINAS 
 
 Encontram-se disponíveis a tetraciclina, doxiciclina e aminociclina. Agem na 
subunidade 30S do ribossomo, impedindo a síntese protéica, tendo uma ação 
bacteriostática. Aminociclina e doxiciclina apresentam meia-vida mais longa, permitindo 
uma maior comodidade posológica, além de terem uma maior atividade bacteriostática e 
apresentarem espectro alargado, cobrindo anaeróbios e aeróbios gram-positivos e gram-
negativos. Seu campo de uso se encontra na cobertura de anaeróbios em infecções leves de 
partes moles e nas infecções por clamídia, micoplasma e rickétsia. Seu uso encontra-se 
contra-indicado em crianças, pela ação de escurecer definitivamente os dentes; são ainda 
hepatotóxicas, nefrotóxicas, além de poderem desencadear sintomas gastrointestinais, 
alterações neurológicas sensoriais e pseudotumor cerebral. 
 
 
ESTREPTOGRAMINAS 
 
A combinação antimicrobiana quinupristina/dalfopristina é o primeiro agente de 
uma nova classe de antibióticos pertencente à família macrolídeos-lincosamidas: as 
estreptograminas. Seu uso foi liberado em 1999, nos Estados Unidos, para o tratamento de 
sepse por Enterococcus faecium vancomicina-resistente, assim como para infecções de 
pele e partes moles causadas por Staphylococcus aureus meticilino-sensível (MSSA) ou 
Streptococcus pyogenes; estudos clínicos tiveram continuidade ainda durante o ano 2000. 
Os dois antibióticos atuam sinergicamente, interferindo na síntese protéica e 
ligando-se à subunidade 50S ribossomal: a dalfopristina inibe a fase inicial, e a 
quinupristina a fase final da formação da proteína bacteriana. A resistência está associada à 
resistência a ambos os componentes. 
As estreptograminas são bactericidas ou bacteriostáticas e apresentam atividade 
contra uma ampla variedade de bactérias gram-positivas; concentração inibitória mínima 
(CIM) de 2mg/l ou menos indica sensibilidade. São bacteriostáticas contra Enterococcus 
faecium vancomicina-resistente (CIM90 de 1 a 4 mg/l) e praticamente inativas contra E. 
faecalis (CIM90 de 4 a 32 mg/l) . São bactericidas contra MSSA e Streptococcus pyogenes. 
Estudos preliminares sugerem atividade contra MRSA, S. agalactiae, Corynebacterium 
jeikeium, S. epidermidis, e S. pneumoniae. 
São ativas in vitro, entre outras, contra espécies de Mycoplasma (incluindo M. 
pneumoniae), Chlamydia trachomatis, L. monocytogenesis, Bacteroides sp. O H. 
influenzae é moderadamente suscetível. 
A dose usual recomendada para infecções graves é de 7,5mg/kg de peso corporal, 
administrada via venosa em soro glicosado a 5%, durante um período de 60 minutos a cada 
8 ou 12 horas. Alguns estudos sugerem doses de 4,5 a 6 mg/kg a cada 12 horas para 
pneumonia pneumocócica e erisipela de membros inferiores. Não é necessário ajuste de 
dose nos idosos, obesos ou em pacientes com disfunção renal ou em diálise peritoneal. 
Experiência limitada em pacientes pediátricos também tem demonstrado ser desnecessário 
o ajuste de doses nesta faixa etária. 
As estreptograminas são rapidamente distribuídas para os tecidos; não penetram no 
sistema nervoso central e não atravessam a barreira placentária em concentrações 
significativas. São primariamente eliminadas pela bile. 
O efeito adverso mais comum tem sido inflamação no sítio de administração. 
Outros efeitos observados foram náusea, vômito, diarréia, artralgia, mialgia, fraqueza 
muscular e rash cutâneo. 
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Há interação medicamentosa relatada com a ciclosporina (aumento de 3 vezes na 
concentração sérica do imunossupressor). 
Esta nova classe de antimicrobianos deve ser reservada para uso em infecções 
graves, com risco de vida, para as quais não haja terapêutica alternativa. 
 
OXAZOLIDINONAS 
 
As oxazolidinonas são um novo grupo de antibióticos sintéticos, disponibilizado 
para uso clínico no ano 2000, na terapêutica de infecções por microorganismos gram-
positivos, especialmente patógenos multirresistentes como enterococo vancomicina-
resistente e MRSA. 
São inibidores da síntese protéica, ligando-se à subunidade ribossomal 50S, mas o 
mecanismo de ação ainda não é plenamente estabelecido. Esta ligação é competitivamente 
inibida pelo cloranfenicol e pela lincomicina. 
São bacteriostáticos para uma variedade de bactérias, especialmente as gram-
positivas, incluindo MRSA, estafilococo coagulase-negativa, Enterococcus sp. 
vancomicina-resistente e pneumococo penicilina-resistente. Relatada sensibilidade para M. 
tuberculosis. 
A linezolida é o antibiótico pertencente a esta classe disponível no nosso meio. É 
completamente absorvida pelo trato digestivo, possibilitando a transição da terapêutica 
venosa para a oral. A dose recomendada para adultos, tanto venosa quanto oral, é de 
600mg a cada 12 horas. Não é necessário ajuste de doses na insuficiência renal, nos idosos 
e na disfunção hepática leve a moderada. Administrar dose suplementar após hemodiálise. 
Tem baixa penetração no sistema nervoso central e nos ossos (14 a 23% da concentração 
plasmática em modelos animais). Estudos de metabolismo indicam que 80 a 85% da droga 
são eliminados na urina, e 7 a 12% nas fezes. 
Os eventos adversos mais comuns são os relacionados com o trato gastrointestinal, 
relato de descoloração da língua e cefaléia (2,5%); um caso de fibrilação atrial, disfunção 
hepática e outro de pancreatite. 
A linezolida deve ser usada nas infecções por microorganismos gram-positivos 
multirresistentes, nas quais não haja alternativa terapêutica. 
 
GLICILCICLINAS 
 
A tigeciclina é a única representante do grupo das glicilciclinas. É uma droga com 
atividade bacteriostática, atua inibindo a tradução protéica nas bactérias, ligando-se à 
subunidade ribossômica 30S. 
A apresentação disponível é somente para uso endovenoso, devendo ser 
administrada em 1 hora (tempo de infusão) duas vezes ao dia. Apresenta meia-vida de 36 
horas. A dose recomendada para adultos é de 100mg na primeira dose, depois 50 mg a 
cada 12 horas. Não é necessário ajuste de doses na insuficiência renal e de dose 
suplementar após hemodiálise. Apresenta excelente distribuição tecidual, sendo que as 
concentrações mais altas foram encontradas na bexiga, pulmão, cólon, baço e rim. É 
eliminada predominantemente pelas vias biliares em sua forma ativa. Cerca de 30% são 
eliminados pelos rins. 
Apresenta potente atividade in vitro contra cocos gram-positivos (incluindo 
Staphylococcus sp. resistentes à oxacilina, Enterococcus sp. resistentes à vancomicina e 
Streptococcus sp. resistentes às penicilinas ou cefalosporinas), bacilos gram-negativos 
(exceto Pseudomonas aeruginosa e Proteus mirabilis) e a maioria dos anaeróbios de 
MartinelliHighlight
importância clínica. Apresenta excelente atividade contra a grande maioria das 
enterobactérias, incluindo Klebsiella pneumoniae produtora de betalactamase de espectro 
ampliado e contra alguns bacilos gram-negativos não fermentadores, como Acinetobacter 
sp. e Stenotrophomonas maltophilia, além da atividade contra bactérias anaeróbias, 
incluindo o grupo Bacteroides fragilis e o Clostridium difficile. Está aprovada para o 
tratamento de infecções complicadas de partes moles e intra-abdominais. 
Os principais efeitos colaterais são náusea e vômito. Outros efeitos colaterais mais 
raros incluem diarréia, dor abdominal e cefaléia. 
 
POLIMIXINAS 
 
As polimixinas são antimicrobianos polipeptídeos com mecanismo de ação distinto 
dos demais antimicrobianos utilizados atualmente. Dessa forma, a possibilidade de 
resistência cruzada com outros antimicrobianos é muito remota, permitindo que as 
polimixinas sejam ativas contra muitas espécies de bactérias multirresistentes. Há duas 
polimixinas disponíveis comercialmente: a polimixina B e a polimixina E ou colistina. 
As polimixinas interagem com a molécula de polissacarídeo da membrana externa 
das bactérias gram-negativas, retirando cálcio e magnésio, necessários para a estabilidade 
desta molécula. Esse processo é independente da entrada do antimicrobiano na célula 
bacteriana e resulta em aumento de permeabilidade da membrana com rápida perda de 
conteúdo celular e morte da bactéria. Além de potente atividade bactericida, as polimixinas 
também apresentam atividade antiendotoxina. O lipídeo A da molécula de lipossacarídeo, 
que representa a endotoxina da bactéria gram-negativa, é neutralizado pelas polimixinas. 
Além dos cocos gram-positivos, algumas espécies de bacilos gram-negativos 
também apresentam resistência intrínseca às polimixinas (algumas espécies de 
Burkholderia cepacia, Proteus spp., Serratia spp., Stenotrophomonas maltophilia e 
Enterobacter sp.). A resistência natural de bactérias gram-positivas está relacionada à 
incapacidade da droga de penetrar na parede celular. Entre os gram-negativos a resistência 
pode ocorrer por mecanismo semelhante, ou por diminuição na ligação à membrana 
celular. 
Estas drogas concentram-se no fígado e rins, tendo pequena passagem através da 
barreira liquórica, mesmo na presença de inflamação. São excretadas lentamente por 
filtração glomerular, devendo ter sua dose corrigida em insuficiência renal. A meia-vida da 
polimixina B é de 6 a 7 horas e da colistina de 2 a 4,5 horas, mas em pacientes anúricos 
estes antimicrobianos apresentam uma meia-vida de até 72 horas. 
As polimixinas são ativas contra uma grande variedade de bacilos gram-negativos 
(incluindo Pseudomonas aeruginosa e Acinetobacter sp.) incluindo muitas espécies de 
enterobactérias (como Escherichia coli e Klebsiella sp.) e bacilos não-fermentadores. 
Desta forma, as polimixinas têm sido utilizadas na prática clínica no tratamento de 
infecções graves por bacilos gram-negativos multirressitentes como Pseudomonas 
aeruginosa e Acinetobacter baumannii, principalmente, no tratamento de pneumonias 
associadas à assistência à saúde, infecções da corrente sanguínea relacionadas a cateteres, 
nas infecções do sítio cirúgico e nas infecções do trato urinário. Entretanto, o pouco 
conhecimento sobre suas propriedades farmacológicas e eficácia clínica limitam sua 
utilização. 
Os microrganismos gram-positivos, os fungos, os anaeróbios, Proteus sp., Neisseria 
sp., Serratia sp. e Providencia sp. são resistentes às polimixinas. 
A toxicidade limita a ampla utilização dessa classe de antimicrobianos. O efeito 
tóxico mais freqüente é a lesão renal, que se caracteriza por necrose tubular aguda, 
diretamente relacionado ao mecanismo de ação desses antimicrobianos. Outro efeito tóxico 
é o bloqueio neuromuscular, semelhante ao dos aminoglicosídeos, que ocorre com a 
infusão rápida da droga. Pode ocorrer parada respiratória. Os efeitos neuromusculares 
descritos são a parestesia perioral, neuropatia periférica, ataxia, instabilidade vasomotora e 
confusão. Estes efeitos tóxicos são dose-dependente. 
 
ANFOTERICINA B 
 
 Este antifúngico poliênico atua alterando a permeabilidade celular a partir da 
ligação a moléculas de ergosterol da membrana celular. 
 Apresenta baixa absorção por via oral, baixas concentrações no SNC, e seu 
metabolismo e excreção são pouco entendidos, mas não exige ajuste na insuficiência renal. 
Possui nefrotoxicidade dose-dependente por produzir isquemia glomerular e venular por 
vasoconstrição. Produz alterações tubulares com perda de bicarbonato acompanhada da 
perda de potássio para manter o ânion gap (acidose tubular renal). Há anemia por provável 
inibição da produção de eritropoietina. Produz náusea, vômitos, anorexia, flebite e 
raramente leucopenia e plaquetopenia. Durante a infusão podem ocorrer febre, calafrios, 
queda de pressão arterial, o que pode ser minimizado com pré-medicação com antitérmico 
e/ou 25-50mg de hidrocortisona e/ou meperidina. 
 O uso da dose-teste de 1mg infundida em 30 minutos antes de iniciar a terapêutica é 
recomendado, porém já em desuso, uma vez que a reação anafilática é idiossincrásica e não 
dose-dependente, mas o fato é que pacientes com doença rapidamente progressiva devem 
receber dose plena já nas primeiras 24 horas. 
 A dose diária é de 0,5 a 1mg/kg/dia, e se a opção for por dias alternados deve-se 
dobrar a dose diária, não ultrapassando 1,5mg/kg/dia. A manutenção da dose diária, 
quando se usa em dias alternados, é um erro relativamente comum. 
 A apresentação da droga em dispersão coloidal (complexo de anfotericina B e 
sulfato de colesterol na relação 1:1) é ligeiramente menos tóxica. A relação custo-benefício 
desta apresentação encontra-se por ser estabelecida. 
 
FLUCONAZOL 
 
 Este antifúngico tem ótima absorção oral, atingindo bom nível em todos os tecidos 
incluindo o SNC. Tem excreção renal, devendo a dose ser ajustada na insuficiência renal. 
É bem estabelecido o seu uso no tratamento da meningite criptocóccica e na candidíase 
cutâneomucosa. Há dados na literatura mostrando que pacientes maiores que 12 anos, não-
neutropênicos, com candidíase sistêmica apresentam os mesmos índices de cura quando se 
compara com anfotericina B. Os efeitos colaterais mais comuns se referem ao trato 
digestivo e à hipersensibilidade. Como age inibindo a síntese do ergosterol, atua como 
antagônico à anfotericina B. 
 
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Antibióticos Profiláticos 
 
 Uma das maiores aplicações dos antimicrobianos situa-se na profilaxia. A 
profilaxia antibiótica (PA) se aplica a um sem-número de situações clínicas (doença 
valvular cardíaca, proteção após a exposição a doenças de grande infectividade) e 
cirúrgicas. Quando utilizada criteriosamente, a PA reduz dramaticamente o risco de 
infecção, principalmente infecção do sítio cirúrgico, mas seus benefícios devem ser 
balanceados contra o risco de reações adversas, tóxicas ou alérgicas, interações 
medicamentosas, emergência de germes resistentes, superinfecção e custos. É certamente 
em cirurgia que se situa a melhor relação custo-benefício destes agentes. 
 
Antibióticos Profiláticos para Cirurgia 
 
Em termos gerais, a PA em cirurgia (PAC) é recomendada para aqueles 
procedimentos em que: 1) exista um elevado risco de infecção. Um risco de infecção 
incisional maior que 5% (como observado em feridas potencialmente contaminadas e 
contaminadas) é considerado um adequado ponto de corte entre procedimentos com baixo 
e alto risco de infecção; 2) exista implantação de material protético; 3) asconseqüências da 
infecção possam ser especialmente graves e/ou ameaçadoras da vida (e.g., cirurgias 
cardíacas, do sistema nervoso central, oftalmológicas, etc.). 
 
DIRETRIZES GERAIS PARA A ESCOLHA DO ANTIMICROBIANO 
 
 Para a administração de PAC, apenas a via venosa é recomendada. O antibiótico 
deve ser administrado de forma tal a produzir níveis adequados no sangue e tecidos no 
momento da incisão cirúrgica. Para isto, é prática recomendada completar a infusão do 
antibiótico 30 minutos antes de se praticar a incisão da pele (habitualmente durante a 
indução anestésica), começando dentro dos 60 minutos da incisão inicial de pele. Se 
vancomicina ou uma fluoroquinolona são usadas, a infusão idealmente deverá começar 60-
120 minutos antes da incisão. 
 Para cirurgias com duração <4 horas, uma dose única do antibiótico irá fornecer 
níveis adequados durante todo o procedimento. Se a duração da cirurgia é prolongada (>4 
horas) ou existe perda importante de sangue (>1 litro) a administração de doses repetidas 
durante a cirurgia a cada 1-2 meia-vida plasmática do fármaco (e.g., a cada 2 horas para 
cefalotina, a cada 3 horas para cefazolina, etc.) irá manter níveis adequados durante toda a 
cirurgia. Para a maior parte das cirurgias, a administração de doses no pós-operatório não é 
necessária. Na presença de insuficiência renal não é necessário alterar a posologia da PAC 
quando ela for dose única. 
O espectro do antimicrobiano deve estar dirigido contra os microorganismos 
infectantes mais prováveis do sítio cirúrgico considerado, mas não precisa cobrir a 
totalidade dos microorganismos potenciais. Idealmente, deve apresentar baixo potencial de 
indução de resistência, ser barato e relativamente isento de efeitos adversos sérios. As 
cefalosporinas de primeira geração (principalmente cefazolina e cefalotina) são usadas 
como antibióticos de primeira escolha na maior parte dos procedimentos cirúrgicos. Já para 
procedimentos envolvendo o cólon, a clindamicina, o metronidazol ou as aminopenicilinas 
com inibidores de β-lactamases são preferíveis, pois apresentam maior atividade contra 
germes anaeróbios. O uso rotineiro de vancomicina para PAC não é recomendado, mas 
pode ser justificável em pacientes colonizados por S. aureus meticilino-resistente, ou em 
 
pacientes com internação pré-operatória > 48 horas em instituições em que esse germe é 
prevalente nas infecções cirúrgicas. O uso rotineiro de cefalosporinas de terceira ou quarta 
geração não é recomendado. 
 A seguir, apresentam-se esquemas sugeridos de PAC por tipo de procedimento, 
tanto para adultos e pacientes pediátricos (Quadro 1) quanto para recém-nascidos (Quadro 
2). Os procedimentos não mencionados em cada seção não apresentam indicação de PAC. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quadro 1. Esquemas de antibioticoprofilaxia cirúrgica em adultos e pacientes pediátricos* 
Cirurgia/descrição Esquema(s) recomendado(s)** 
Neurológica 
Craniotomia Cefalotina ou cefazolina 1 g IV, dose única 
Craniotomia e derivação ventrículo peritonial Sulfametoxazol 800 mg + trimetoprim 160 mg IV de 12/12 hs, por 48 horas 
Trauma penetrante no crânio 
 
Sulfametoxazol 800 mg + trimetoprim 160 mg IV de 12/12 hs + metronidazol 500 mg IV de 
8/8 hs, por 72 hs 
 
Oftalmológica 
Com colocação de lente intra-ocular Colírio de tobramicina ou quinolona 24hs antes da cirurgia 
Reoperação, paciente diabético ou imunossuprimido. 
Considerar o uso em cirurgias com tempo maior que 
25 minutos ou complicada com perda vítrea 
Cefalotina ou cefazolina 1g IV, dose única 
 
 
 
Seios da face 
 
Clindamicina 600mg IV + gentamicina 1,7 mg/kg IV, doses únicas, ou 
amoxacilina/clavulanato 500 mg IV ou ampicilina/sulbactam 1g IV, doses únicas 
 
Amidalectomia com ou sem adenoidectomia Cefalotina ou cefazolina 1 g IV, dose única 
 
Cabeça e pescoço 
Com abordagem pela mucosa oral ou faríngea 
 
Clindamicina 600mg IV + gentamicina 1,7 mg/kg IV, doses únicas, ou 
amoxacilina/clavulanato 500 mg IV ou ampicilina/sulbactam 1g IV, doses únicas 
 
Torácica 
Lobectomia, pneumectomia Cefalotina 1 g IV de 6/6 hs, ou cefazolina 1g IV de 8/8 hs, por 48 horas 
 
Trauma torácico aberto Cefalotina 1 g IV de 6/6 hs, ou cefazolina 1g IV de 8/8 hs, por 48 horas 
Se > 6 horas de evolução Cefalotina 1 g IV de 6/6 hs, ou cefazolina 1g IV de 8/8 hs, por 48 horas 
Se contaminação com terra ver Lesões traumáticas com terra 
 
Cardíaca 
Implante de prótese valvar, revascularização do Cefalotina 1 g IV de 6/6 hs, ou cefazolina 1 g IV de 8/8 hs, por 24-48 horas 
Indicações - Esquemas de Antibioticoprofilaxia Cirúrgica 
 
miocárdio, abertura do coração, implante de marca-
passo 
 
 
 
Vascular 
Cirurgia em aorta abdominal, extremidades inferiores 
com incisão na virilha, amputação por doença 
isquêmica, ou implante de prótese vascular 
Cefalotina ou cefazolina 1 g IV, dose única 
 
 
 
Esôfago 
 
Clindamicina 600 mg IV de 6/6 hs + gentamicina 1,7 mg/kg IV de 8/8 hs, ou 
amoxacilina/clavulanato 500 mg IV 8/8hs, ou ampicilina/sulbactam 1g IV 6/6 hs, por 24hs 
 
Gastroduodenal 
Em caso de hemorragia gastroduodenal, obstrução 
por úlcera duodenal, úlcera gástrica, câncer gástrico 
ou uso de antiácidos ou inibidores de receptores H2 
ou da bomba de hidrogênio 
Cefalotina ou cefazolina 1 g IV, dose única 
 
 
 
 
Trato biliar 
Em caso de idade > 60 anos, colecistite aguda, 
icterícia obstrutiva, cirurgia anterior do trato biliar, 
coledocolitíase, cirurgia de urgência 
Cefalotina ou cefazolina 1 g IV, dose única 
 
 
 
Apendicectomia 
Apendicite gangrenosa ou perfurada 
 
 
Gentamicina 1,7 mg/kg IV de 8/8 hs + metronidazol 500 mg IV de 8/8 hs ou clindamicina 
600 mg IV de 6/6 hs, por 24 horas, ou amoxacilina/clavulanato 500 mg IV 8/8hs ou 
ampicilina/sulbactam 1g IV de 6/6hs, por 24 hs 
Peritonite difusa Idem, por 5-7 dias (uso terapêutico) 
Apendicite simples (não perfurada) Idem, doses únicas 
 
Coloretal 
Cirurgia eletiva 
 
Eritromicina 1 g VO + neomicina 1 g VO 20, 18 e 8hs antes da cirurgia + limpeza mecânica 
do intestino com solução isotônica 
 
Cirurgia de urgência 
 
 
Gentamicina 1,7 mg/kg IV de 8/8 hs + metronidazol 500 mg IV de 8/8 hs ou clindamicina 
600 mg IV de 6/6 hs, por 24 hs, ou amoxacilina/clavulanato 500mg IV de 8/8 hs ou 
ampicilina/sulbactam 1g IV de 6/6hs, por 24 hs 
 
Trauma abdominal 
Com perfuração de víscera oca 
 
Gentamicina 1,7 mg/kg IV de 8/8 hs + metronidazol 500 mg IV de 8/8 hs ou clindamicina 
600 mg IV de 6/6 hs, por 72 hs, ou amoxacilina/clavulanato 500mg IV de 8/8 hs ou 
ampicilina/sulbactam 1g IV de 6/6hs, por 72 hs 
Sem perfuração de víscera oca Idem, doses únicas 
 
Urológica 
Em pacientes de alto risco: urocultura positiva ou não 
disponível, sonda vesical pré-operatória, biópsia 
transretal de próstata, implantação de material 
protético 
Cefalotina ou cefazolina 1 g IV, dose única, ou ciprofloxacina 500 mg VO ou 400 mg IV, 
dose única 2 horas antes da cirurgia 
 
 
Retirada de sonda da nefrostomia, molde uretral e na 
derivação com sonda 
Cefalotina ou cefazolina 1 g IV, dose única 30 minutos antes do procedimento 
 
Transplante renal Cefalotina 1 g IV de 6/6 hs ou cefazolina 1 g IV de 8/8 horas, por 24 horas 
 
Ginecológica/obstétrica 
Histerectomia, correção de cistocele/ retocele, 
reconstrução de trompas de falópio e cirurgia de 
mama 
Cefalotina ou cefazolina 1 g IV, dose únicaNeovagina Gentamicina 1,7 mg/kg IV de 8/8 hs + clindamicina 600 mg IV de 6/6 hs, por 24 hs 
Cesariana (somente em pacientes de risco: 
emergência, trabalho de parto prolongado (mais de 
12 hs), ruptura prolongada de membranas (mais de 6 
hs), baixo nível sócio econômico) 
cefalotina ou cefazolina 1 g IV, dose única após clampagem do cordão umbilical 
 
 
 
Gravidez ectópica Cefalotina ou cefazolina 1 g IV, dose única 
Cerclagem uterina Cefalotina ou cefazolina 1 g IV, dose única 
 
Aborto (não infectado) com curetagem 
 
Primeiro trimestre (somente em pacientes com 
antecedente de doença inflamatória pélvica, 
gonorréia, ou múltiplos parceiros sexuais) 
Doxiciclina 200 mg VO 1h antes do procedimento e 100 mg VO 12 hs após a primeira 
dose, ou penicilina G cristalina 2.000.000 UI IV no pré-operatório e 3 hs após o 
procedimento 
 
Segundo trimestre Cefalotina ou cefazolina 1 g IV, dose única 
 
Inserção de dispositivo inrauterino Doxiciclina 200 mg VO 1 h antes do procedimento 
 
Histerosalpingografia Doxiciclina 200 mg VO 1 h antes do procedimento 
 
Cirurgia ortopédica 
Com colocação de prótese articular ou material de 
fixação 
Cefalotina ou cefazolina 1 g IV, dose única. Para prótese de joelho com uso de torniquete, 
a dose de cefalotina ou cefazolina é 2 g 
Fratura exposta 
 < 6 hs de evolução (contaminação com terra: 
vide Lesões traumáticas com terra) 
Cefalotina 1g IV de 6/6 hs, ou cefazolina 1g IV de 8/8 hs, por 1 a 10 dias 
 
 > 6 hs de evolução (contaminação com terra: 
vide Lesões traumáticas com terra) 
Cefalotina 1g IV de 6/6 hs, ou cefazolina 1 g IV de 8/8 hs, por 10 dias (uso terapêutico) 
 
Trauma com penetração em articulação 
 < 6 hs de evolução (contaminação com terra: 
vide Lesões traumáticas com terra) 
Cefalotina 1g IV de 6/6 hs, ou cefazolina 1 g IV de 8/8 hs, por 24 horas 
 
 > 6 hs de evolução (contaminação com terra: 
vide Lesões traumáticas com terra) 
Cefalotina 1g IV de 6/6 hs, ou cefazolina 1 g IV de 8/8 hs, por 72 horas 
 
Trauma com laceração extensa, perda de substância, 
lesão vascular, lesão de tendão, lesão de músculo 
 < 6 hs de evolução (contaminação com terra: 
vide Lesões traumáticas com terra) 
Cefalotina 1g IV de 6/6 hs, ou cefazolina 1 g IV de 8/8 hs, por 24 horas 
 
 > 6 hs de evolução (contaminação com terra: 
vide Lesões traumáticas com terra) 
Cefalotina 1g IV de 6/6 hs, ou cefazolina 1 g IV de 8/8 hs, por 72 horas 
 
 
Lesões traumáticas com terra e/ou matéria orgânica Associar metronidazol ou clindamicina ao esquema sugerido para cada procedimento 
 
 
IV- intravenoso; VO - via oral; IM - intramuscular; UI - unidades internacionais 
*As doses pediátricas encontram-se no Quadro 16 
**A dose única ou a primeira dose deve ter sua infusão terminada no momento da indução anestésica, exceto quando especificado de maneira 
diferente 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quadro 2. Esquemas de antibioticoprofilaxia cirúrgica em recém-nascidos 
Cirurgia/descrição Observações Esquema(s) recomendado(s)* 
Craniotomia TI < 48 hs cefalotina IV ou cefazolina IV+ gentamicina IV, dose única 
 TI > 48 hs vancomicina IV, dose única 
 
Derivação ventrículo-peritoneal TI < 48 hs cefalotina IV ou cefazolina IV, por 24 horas 
 TI > 48 hs vancomicina IV, por 24 horas 
 
Toracotomia 
 
lobectomia, pneumectomia 
 
se TI < 48 hs, cefalotina IV ou cefazolina IV, por 24 horas; se TI > 48 hs, 
vancomicina IV, por 24h 
 
se o dreno torácico permanecer 
mais de 48 hs, na retirada 
se TI < 48 hs, cefalotina IV ou cefazolina IV, por 24 horas iniciando 30 
minutos antes da retirada; se TI > 48 hs, vancomicina IV, por 24h 
 
Atresia de esôfago (só se tiver > 24 hs 
de vida) 
TI < 48 hs 
 
penicilina G cristalina IV + gentamicina IV, por 24 hs 
 
 TI > 48 hs clindamicina IV + cobertura para BGN padronizada para sepse tardia 
 
Refluxo gastro-esofagiano TI < 48 hs cefalotina IV ou cefazolina IV, dose única 
 TI > 48 hs clindamicina IV + cobertura para BGN padronizada para sepse tardia 
 
Piloroplastia e gastrostomia TI < 48 hs cefalotina IV ou cefazolina IV, por 24 horas 
 TI > 48 hs clindamicina IV + cobertura para BGN padronizada para sepse tardia 
 
Cirurgia de Kasai TI > 48 hs clindamicina IV + gentamicina IV, por 7-10 dias 
 
Atresia ou estenose de duodeno, ou 
atresia de jejuno 
TI < 24 hs 
 
penicilina G cristalina IV + gentamicina IV, por 24 horas 
 
 TI > 48 hs clindamicina IV + cobertura para BGN padronizada para sepse tardia 
 
Atresia ileal simples < 72 hs de vida penicilina G cristalina IV + gentamicina IV, por 24 hs 
 
> 72 hs de vida 
 
clindamicina IV + cobertura para BGN padronizada para sepse tardia, por 
24 horas 
 
 
Atresia ileal com volvo ou peritonite 
fecal 
< 72 hs de vida 
 
penicilina G cristalina IV + gentamicina IV, por 10-14 dias (uso 
terapêutico) 
 
> 72 hs de vida 
 
clindamicina IV + cobertura para BGN padronizada para sepse tardia, por 
10-14 dias (uso terapêutico) 
 
Má-rotação intestinal TI < 48 hs penicilina G cristalina IV + gentamicina IV, por 24 hs 
 
TI > 48 hs 
 
clindamicina IV + cobertura para BGN padronizada para sepse tardia, por 
24 horas 
 
Invaginação intestinal 
 
intervenção precoce, sem sinais 
de sofrimentos de alça 
se TI < 48 hs, clindamicina IV + gentamicina IV, por 24 hs; se TI > 48 hs, 
cobertura de BGN padronizada para sepse tardia, por 24 hs 
 
intervenção tardia ou com 
sinais de sofrimentos de alça 
se TI < 48 hs, clindamicina IV + gentamicina IV, por 10-14 dias; se TI > 
48 hs, cobertura de BGN padronizada para sepse tardia, por 10-14 dias 
 
Cirurgia de cólon TI < 48 hs clindamicina IV + gentamicina IV, por 24 hs 
 
TI > 48 hs 
 
clindamicina + cobertura de BGN padronizada para sepse tardia, por 24 
horas 
 
Doença de Hirschprung < 72 hs de vida penicilina G cristalina IV + gentamicina IV, por 24 hs 
 
> 72 hs de vida 
 
clindamicina + cobertura para BGN padronizada para sepse tardia, até o 
resultado da cultura 
 
Derivação urinária com sonda e urina 
estéril 
cefalotina IV ou cefazolina IV, dose única 
 
 retirada de sonda cefalotina IV ou cefazolina IV, dose única 30 minutos antes 
 
Derivação urinária sem sonda 
 
 
somente com nefrostomia, 
pielostomia, uretrostomia, ou 
vesicostomia 
cefalotina IV ou cefazolina IV, por 24 horas 
 
 
 
Nefrostomia com molde uretral cefalotina IV ou cefazolina IV, por 24 horas 
 
 retirada de sonda cefalotina IV ou cefazolina IV, por 24 horas iniciando 30 minutos antes 
 
Cirurgia urológica na presença de 
urina não estéril 
antibiótico terapêutico de acordo com a cultura 
 
 
Mielomeningocele TI < 24 hs sem antibiótico 
 TI > 24 hs 
oxacilina IV + amicacina IV, ou baseado no perfil microbiológico da 
unidade 
 
Redução aberta de fratura sem 
infecção TI < 48 hs cefalotina IV 
 TI > 48 hs droga antiestafilocócica IV de acordo com perfil da unidade 
 
Onfalocele cirurgia precoce não dar antibiótico 
 
Broncoscopia com cirurgia TI < 48 hs cefalotina IV 
 TI > 48 hs vancomicina IV 
 
Cardíaca TI < 48 hs cefalotina IV 
 TI > 48 hs vancomicina IV 
 
IV- intravenoso; BGN- bastonete gram-negativo; TI- tempo de internação 
*A dose única ou a primeira dose deve ter sua infusão terminada no momento da indução anestésica, exceto quando especificado de maneira 
diferente. 
A vancomicina só deve substituir

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