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Crase Comunicação e Expressão | EAD 01 Crase - Aula 10 Crase Na aula anterior, você estudou as Regências Nominal e Verbal. Pudemos aprender como alguns nomes e alguns verbos têm o seu sentido complementado por termos com ou sem preposição, bem como os diferentes sentidos que um mesmo nome ou verbo pode ter. Um desdobramento das regências é a necessidade de acentuar a união da preposição “a” com o artigo “a”. Essa união é chamada de Crase. Leia o que os gramáticos Pasquale e Ulisses escreveram sobre a crase: A partir do que descrevem os autores acima, vamos discutir as características da crase? Antes de saber as regras da crase, é necessário que você saiba como identificar a presença da preposição. Veja: Na primeira oração, o verbo não pede preposição, porque quem lê, lê “algo”, logo, não existe preposição e não pode acontecer a crase. Já na segunda oração, o verbo pede a preposição a, porque quem obedece, obedece “a algo” ou “a alguém”, logo a crase pode acontecer, desde que o termo seguinte (termo regido) seja do gênero feminino e admita o artigo feminino ou um dos pronomes especificados pelos autores no texto acima. Crase é palavra de origem grega e significa “mistura”, “fusão”. Nos estudos de língua portuguesa, é o nome que se dá à fusão de duas vogais idênticas. Tem particular importância a crase da preposição a com o artigo feminino a(s), com o pronome demonstrativo a(s), com o a inicial dos pronomes aquele(s), aquela(s) e aquilo e com o a do pronome relativo a qual (as quais). Em todos esses casos, a fusão das vogais idênticas é assinalada na escrita por um acento grave. O uso apropriado do acento, ou acento indicador de crase, depende essencialmente da compreensão desse fenômeno. Aprender a colocar o acento consiste em aprender a verificar a ocorrência simultânea de uma preposição e um artigo ou pronome. (CIPRO NETO, Pasquale; INFANTE, Ulisses. Gramática da Língua Portuguesa.São Paulo: Scipione, 2008.) João leu a regra. João obedeceu à regra. Comunicação e Expressão | EAD 02 Crase - Aula 10 Você pode se perguntar: Como eu verifico se existe ou não o artigo feminino ou o tal pronome? Existe uma dica para isso. Você pode colocar uma palavra masculina do mesmo tipo no lugar da palavra feminina utilizada como complemento (termo regido). Se, ao reescrever a frase, aparecer a estrutura ao, acontece a crase com a palavra feminina. Assim: Você deve ter percebido que precisa conhecer a regência dos nomes e dos verbos para identificar o uso da preposição e, só assim, saber se colocará o acento grave ou não. Uma consideração importante que você deve ter bem clara em sua mente é que a Crase não é o nome do Acento! O acento se chama Grave. Leia o que Pasquale Ci- pro Neto diz sobre isso: Nós já lemos a resposta a essa pergunta no começo da aula. Não lembra? Volte ao começo e releia o texto de Pasquale e Ulisses que citamos. Vamos discutir mais um pouco sobre a crase? Crase é a união da preposição com o artigo, certo? Então, reflita comigo: você por acaso diz “Gosto muito da você, meu amor”? E diria “Não parei de pensar na você”? E que tal esta: “Estou apaixonado pela você”? Acredito que você nunca diria isso. Mas por que será que algumas pessoas insistem em escrever “Parabéns à você”? E você já escreveu assim em algum cartão de aniversário? Pode responder, já que ninguém está lhe vendo ou ouvindo enquanto lê esta aula... Responda baixinho: Já escreveu? É isso mesmo! Não podemos usar o acento grave em “Parabéns a você”! Se você não diz “na você”, “da você”, “pela você” é porque não podemos usar o artigo antes da palavra “você”. João leu o código. João leu a regra. João obedeceu ao código. João obedeceu à regra. Crase não é – repito: não é – o nome do acento. O acento se chama“grave”. Repito: grave. Com ele, acento grave, indica-se a ocorrência da crase. E o que é crase afinal? (CIPRO NETO, Pasquale. Nossa Língua em Letra e Música. São Paulo: Publifolha, 2003.) Reveja! Esse é um bom momento para voltar à aula 9 e revisar a regência verbal! Comunicação e Expressão | EAD 03 Crase - Aula 10 Nós sabemos que “na” é “em + a” (preposição + artigo), “da” é “de + a”, “pela” é “per + a” (preposição “por” + artigo). Vamos comparar? E não se esqueça! Para entendermos a crase, precisamos conhecer a regência dos verbos (regência verbal) e dos nomes (regência nominal), já que a presença da preposição é funda- mental para que exista a crase. Você se lembra das regências do verbo “assistir”? Observe as duas frases abaixo: Importante ressaltar que as regras da crase não devem ser apenas decoradas, mas você deve perceber que, se a presença da preposição muda a regência de uma palavra, o sentido também pode se modificar. Vamos entender. Na primeira oração o verbo é acompanhado do complemento “à filmagem”. A presen- ça do acento grave deixa clara a união da preposição “a” com o artigo “a”. Sabemos, pelo que estudamos na aula anterior, que o verbo “assistir” está no sentido de “ver”, “presenciar”. Na segunda oração, o complemento do verbo (a filmagem) não apresenta o acento grave. Não há preposição. Sabemos então que o verbo “assistir” está não mais no sentido de “ver”, mas sim no sentido de “ajudar”. Ao interpretarmos as orações, sa- bemos que na primeira oração o rapaz apenas viu a filmagem, mas, na segunda, ele Parabéns a você! O rapaz assistiu à filmagem. O rapaz assistiu a filmagem. Comunicação e Expressão | EAD 04 Crase - Aula 10 participou, ajudou nas filmagens. A singela presença do acento grave, indicativo da crase, modifica completamente o sentido. Percebe como é importante dominarmos as regras da crase? Ela interfere diretamente na produção do sentido do texto. Leia o texto do piauiense Cineas Santos para conversarmos mais um pouco. A simples utilização do acento grave, a simples existência da crase produz diferentes significados nos versos. A expressão centrada na palavra feminina “porta” é funda- mental para a interpretação do texto. Em “bate à porta”, temos uma locução adverbial de lugar (à porta). Segundo a regra gramatical, locução adverbial feminina recebe o acento grave. Já em “bate a porta”, temos apenas o complemento do verbo bater, que não pede preposição. “A porta” é aquilo que alguém está batendo, que o amor está batendo. A riqueza do texto está na sonoridade, mas só é possível entender com o conhecimento da crase. “Bater à porta” significa que o amor está batendo palmas junto à porta para avisar que chegou, para chamar. “Bater a porta” significa que o amor está fechando a porta, está encerrando o relacionamento, está indo embora. Podemos ver nesse exemplo a expressividade que a crase produz. Mais uma de- monstração de que, conhecendo a crase, ampliamos nossa capacidade de interpre- tação. Vamos tratar das regras? Abra a apresentação em Power Point disponível na abertu- ra desta aula. As regras que você verá são as mais importantes e que, infelizmente, muitos de nós ainda se confundem. Você também vai perceber que uma regra com- plementa a outra. Uma boa dica é entender quando não se deve usar a crase para desvendar situações de dúvida por eliminação. Prepare-se para não mais errar! Na próxima aula, trataremos da pontuação: a vírgula, o ponto e o travessão estarão presentes junto a outros sinais que nos podem ajudar na organização de nossas ideias em todos os tipos de texto. Até o nosso próximo encontro virtual! Quando o amor bate à porta tudo é festa Quando o amor bate a porta, nada resta.
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