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Ortografia e o Novo Acordo Comunicação e Expressão | EAD 01 Ortografia e o Novo Acordo - Aula 12 Ortografia e o Novo Acordo Alcançamos um estágio avançado de nossas aulas. Estamos iniciando a reta final e você já deve ter evoluído bastante nos caminhos do conhecimento da comunicação e da gramática de nosso idioma. Nesta aula, a ortografia estará em foco! Passamos anos estudando diversas regras e, num momento histórico, novas regras nos são apresentadas. Surge o famoso Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Mas você sabe o que é Ortografia? Ortografia é, portanto, uma tentativa de padronização da escrita das palavras da língua, para que a comunicação escrita entre os usuários seja eficiente. Lembra- -se das variedades linguísticas? Por mais que as variedades demonstrem a riqueza cultural da língua, é importante que sua escrita possibilite que qualquer receptor de- codifique a palavra escrita, registrada com a mesma grafia no dicionário. As mudanças provocadas pelo acordo representam apenas 0,5% do vocabulário da língua utilizada no Brasil. Nesta aula, trataremos de forma objetiva as mudanças implantadas pelo Acordo assinado pelos países que têm a nossa língua como ofi- cial: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, e Timor Leste. Mas, se você desejar conhecer o documento oficial com- pleto, acesse o site da Academia Brasileira de Letras. O endereço está na Suges- tão de Links. Fonte: http://sereduc.com/kpG0aQ “Entende-se por ortografia um conjunto de normas convencionais pelas quais se representam na escrita os sons da fala. Para tal fim também se utilizam acentos gráficos e outros sinais diacríticos, que permitem a boa pronúncia das palavras escritas.” BECHARA, Evanildo. A nova ortografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008. REVEJA! As variedades linguísticas foram estudadas na Aula 2. É uma boa hora para ler nova- mente. Comunicação e Expressão | EAD 02 Ortografia e o Novo Acordo - Aula 12 O intuito desse acordo é a unificação da ortografia da Língua Portuguesa, escrita. Por ser ortográfico, o acordo não altera aspectos da língua oral. A pronúncia das palavras continua a mesma de antes. Ele não elimina todas as diferenças ortográfi- cas observadas, mas é um passo para a tentativa de unificar a escrita da língua nos oito países, que a reconhecem como patrimônio nacional. Esses países são espa- lhados por quatro continentes, o que faz com que a língua portuguesa apresente diversidades compatíveis com as regiões e os grupos que a utilizam. E, também por isso, é uma das principais línguas do cenário internacional, sendo uma das lín- guas oficiais da União Europeia desde 1986. Ela é a sétima língua mais falada e a terceira entre as línguas ocidentais, atrás do Inglês e do Espanhol. AS LÍNGUAS MAIS FALADAS NO MUNDO 1. Mandarim (Chinês) 6. Árabe 2. Hindi 7. Português 3. Inglês 8. Russo 4. Espanhol 9. Japonês 5. Bengali 10. Alemão Muito se questionou sobre qual “português” utilizar nos documentos internacionais: o do Brasil ou o de Portugal? O linguista Carlos Alberto Faraco faz a seguinte consi- deração: Dezoito anos depois de muita discussão e reescrita, o documento que oficializa o Acordo foi assinado em Lisboa, em 1990. Pretenderam “dar um passo importante para a defesa da unidade essencial da Língua Portuguesa e para o seu prestígio internacional”. “A língua portuguesa tem dois sistemas ortográficos: o português (adotado também pelos países africanos e pelo Timor) e o brasileiro. Essa duplicidade decorre do fracasso do Acordo unificador assinado em 1945: Portugal adotou, mas o Brasil voltou ao Acordo de 1943. As diferenças não são substanciais e não impedem a compreensão dos textos escritos numa ou noutra ortografia. No entanto, considera-se que a dupla ortografia dificulta a difusão internacional da língua (por exemplo, os testes de proficiência têm de ser duplicados), além de aumentar os custos editoriais, na medida em que o mesmo livro, para circular em todos os territórios da lusofonia, precisa normalmente ter duas impressões diferentes. O Dicionário Houaiss, por exemplo, foi editado em duas versões ortográficas para poder circular também em Portugal e nos outros países lusófonos. Pode mos facilmente imaginar quanto custou essa ‘brincadeira’. (...)” Comunicação e Expressão | EAD 03 Ortografia e o Novo Acordo - Aula 12 O Brasil iniciou um período de transição da ortografia antiga para a atual que deve- ria ser encerrada em 2013, mas foi adiada. Por isso, você precisa atualizar seus co- nhecimentos. A Academia Brasileira de Letras teve a responsabilidade de publicar o novo VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa). Você pode acessá-lo, sempre que desejar. O endereço está na Sugestão de Links. Você percebeu que as novas regras de ortografia têm sim, como um dos propósi- tos, a intenção de aproximar a compreensão, o entendimento entre os povos que reconhecem a Língua Portuguesa como idioma oficial? Mas deve também ficar claro o motivo primordial: a diminuição de custos em documentos oficiais e até nas produções literárias, nos livros que poderão ser, com a unificação da escrita, co- mercializados sem que se gaste com edições diferentes. Veja abaixo as modifica- ções que foram oficializadas com o acordo e entrarão em vigor, obrigatoriamente, a partir de 1º de janeiro de 2016. Você pode perguntar: Mas não era em 2013? Sim, é verdade. Porém a presidenta Dilma adiou. Veja um trecho da notícia veiculada no site do Senado Federal: Vamos às mudanças: Alfabeto Certamente você já utilizou as letras K, W e Y, não foi? Elas foram introduzidas ofi- cialmente no alfabeto da Língua Portuguesa. Essas letras já eram utilizadas na escrita de palavras e nomes próprios estrangei- ros (e seus derivados), como kung fu, show, playground. Só foram oficializadas. Quantos amigos você tem que possuem nomes oriundos de línguas estrangeiras? Os brasileiros terão mais três anos para adaptar-se às novas normas da Lín- gua Portuguesa. O adiamento, estabelecido por meio do Decreto 7875/2012, assinado pela presidente Dilma Rousseff e publicado no Diário Oficial da União desta sexta-feira (28), contou com o apoio e o estímulo de senadores da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). A implantação definitiva do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, firma- do em 1990 por todos os países de expressão portuguesa, deveria ocorrer no Brasil a partir de 1º de janeiro de 2013, segundo decreto presidencial de 2008. O novo decreto publicado nesta sexta-feira ampliou o período de transição até 31 de dezembro de 2015. Até lá, coexistirão a norma ortográfica atual- mente em vigor e a nova norma estabelecida por meio do acordo. FONTE: http://sereduc.com/BMeGnA Comunicação e Expressão | EAD 04 Ortografia e o Novo Acordo - Aula 12 Pois muitos desses nomes e a grafia correta deles, além dos derivados de nomes próprios, passaram a constituir a ortografia da Língua Portuguesa. Veja alguns exemplos: Washington, Kafka (kafkiano), Taylor, Darwin (darwinismo), Kardec (kar- decismo, kadercista), etc. Maiúsculas e minúsculas Você pode perguntar: e mudou alguma coisa? Mudou sim! Veja: TAMANHO DESCRIÇÃO EXEMPLOS MAIÚSCULAS O primeiro elemento dos títulos de livros e obras de arte. Os demais nomes podem ser escritos em minúscula ou maiúscula. O crime do padre Amaro ou O Crime do Padre Amaro NUNCA ESCREVA “o crime do padre Amaro” MINÚSCULAS Em nomes que designam altos cargos, títulos ou postos. O senhor doutor Ney Caval- canti virá. O arcebispo Antônio Fernan- do Saburido virá. MAIÚSCULAS ou MINÚSCULAS Na categorização de logradouros públicos, templos ou edifícios. Igreja do Bonfim ou igreja do Bonfim FIQUE ATENTO(A)! Não é porque essas letras agorafazem parte do nosso idioma que você escreverá “Kilo”. O substantivo continua sendo “quilo”! A medida é que se escreve “Kg”. Comunicação e Expressão | EAD 05 Ortografia e o Novo Acordo - Aula 12 Trema fonte: http://sereduc.com/V9zFA1 O trema foi abolido da ortografia da Língua Portuguesa. Não é mais usado, desa- pareceu de nossas palavras. Por isso, no anúncio acima, as palavras Linguiça, Pin- guim, Cinquenta e Tranquilo ficaram órfãs. Veja o exemplo de algumas palavras que se tornaram livres do trema no quadro abaixo. Antes Depois freqüente frequente argüir arguir cinqüenta cinquenta lingüiça linguiça seqüência sequência seqüestro sequestro tranqüilo tranquilo bilíngüe bilíngue delinqüente delinquente Mas há uma exceção a essa regra. Palavras estrangeiras e suas derivadas que uti- lizam o trema permanecem usando-o. Exemplo: Müller (mülleriano). Comunicação e Expressão | EAD 06 Ortografia e o Novo Acordo - Aula 12 Você terá que redobrar a atenção e os estudos nos tópicos seguintes, pois, a partir de agora, verá as regras de ortografia que sofreram as mais significantes atualiza- ções após o Acordo Ortográfico. Estamos nos referindo ao estudo dos hífens e da acentuação. Hífen No que se refere à utilização do hífen, podemos afirmar que houve diversas mudan- ças. As principais delas são as que se referem ao emprego do hífen em palavras formadas por prefixos ou por elementos que podem funcionar como prefixos. Quando você necessitar redigir textos acadêmicos ou até mesmo no dia a dia é im- portante lembrar que há duas ocasiões nas quais o emprego do hífen é obrigatório ao utilizar prefixos. 1. Quando usar o prefixo vice. Exemplos: Vice-presidente, vice-rei, vice-gover- nador, vice-prefeito. 2. Usa-se sempre quando o prefixo estiver diante de palavras iniciadas com “h”. Exemplo: auto-hipnose, anti-herói, mini-hotel, sub-humano, circum-hos- pitalar, proto-história, super-homem. Para facilitar a sua compreensão, vamos analisar as novas regras de utilização do hífen tratando grupos diferenciados de prefixos ou elementos que funcionam como tal. Prefixos Deve-se usar hífen Não deve usar hífen Agro, ante, anti, arqui, auto, contra, extra, infra, intra, macro, mega, micro, maxi, mini, semi, so- bre, supra, tele, ultra, etc. Quando a palavra seguinte começa com h ou com vogal igual à última do prefixo: auto-hipnose, auto-observa- ção, anti-herói, anti-imperia- lista, micro-ondas, mini-hotel. Em todos os demais ca- sos: autorretrato, autos- sustentável, autoanálise, autocontrole, antirracista, antissocial, antivírus, mini- dicionário, minissaia, minir- reforma, ultrassom. Atenção! É muito importante que você lembre que as mudanças do Acordo Or- tográfico que estudamos nessa aula NÃO ALTERAM a pronúncia das palavras. Portanto, você continuará a pronunciar a letra u nas palavras que possuíam trema da mesma forma que antes, estamos combina- dos? A pronúncia continua como antes! Comunicação e Expressão | EAD 07 Ortografia e o Novo Acordo - Aula 12 Hiper, inter, super Quando a palavra seguinte começa com h ou com r: su- per-homem, inter-regional. Em todos os demais casos: hiperinflação, supersônico. Sub Quando a palavra seguinte começa com b, h ou r: sub- -base, sub-reino, sub-huma- no. Em todos os demais casos: subsecretário, subeditor. Vice Usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-presidente. Pan, circum Quando a palavra seguinte começa com h, m, n ou vo- gais: pan-americano, circum- -hospitalar. Em todos os demais casos: pansexual, circuncisão. Co Não usa hífen em nenhuma ocasião: coobrigação, co- ordenar, cooperar, coope- ração, cooptar, coocupante etc. Ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró Usa-se sempre o hífen: além-túmulo, aquém-mar, ex-aluno, ex-diretora, ex- -presidente, pós-graduação, pré-história, pró-europeu, recém-nascido, sem-terra. Acentuação O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa fez algumas alterações na utilização de acentos. Dividiremos essas novas regras para facilitar a sua compreensão. 1 – Não será mais utilizado o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paro- xítonas (as que têm a penúltima sílaba mais forte) Antes Depois Européia, debilóide, epopéia, estóico, geléia, odisséia, tramóia, idéia, heróico, apóio, bóia, asteróide, Coréia, estréia, jóia, platéia, paranóia, jibóia, assembléia. Europeia, debiloide, epopeia, estoi- co, geleia, odisseia, tramoia, ideia, heroico, apoio, boia, asteroide, Co- reia, estreia, joia, plateia, paranoia, jiboia, assembleia. Atenção: essa regra é válida somente para palavras paroxítonas. Assim, continuam a ser acentuadas as palavras oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis. Exem- plos: papéis, herói, heróis, troféu, troféus. Comunicação e Expressão | EAD 08 Ortografia e o Novo Acordo - Aula 12 2 – Não se utiliza mais o acento no i e no u fortes depois de ditongos (junção de duas vogais), em palavras paroxítonas. Antes Depois Cauíla, bocaiúva, feiúra, baiúca. Cauila, bocaiuva, feiura, baiuca. 3 - Some o acento circunflexo das palavras terminadas em êem e ôo (ou ôos). Antes Depois Abençôo, crêem, dêem, dôo, enjôo, lêem, magôo, perdôo, povôo, vêem, vôos, zôo. Abençoo, creem, deem, doo, enjoo, leem, magoo, perdoo, povoo, veem, voos, zoo. 4 - Não se utiliza mais o acento diferencial. Antes Depois Pára, péla, pêlo, pólo, pêra. Para, pela, pelo, polo, pera. Há duas exceções para essa regra. a) Permanece o acento diferencial em pôde/pode. “Pôde” é a forma do passado do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3ª pessoa do singular. “Pode” é a forma do presente do indicativo, na 3ª pessoa do singular. b) Permanece o acento diferencial em pôr/por. “Pôr” é verbo. “Por” é preposição. 5 – Também não será mais usado o acento agudo no u forte nos grupos gue, gui, que, qui, de verbos como averiguar, apaziguar, arguir, redarguir, enxaguar. Antes Depois Averigúe, apazigúe, argúi. Averigue, apazigue, argui. É importante que você conheça a nova escrita. Já discutimos durante esta disciplina que seguir a norma culta, as regras da gramática, é mais valorizado no meio profissional. Por isso, nos arquivos desta aula, relacionamos algumas ferramentas que facilitarão sua aprendizagem. Utilize, escreva! Esta é a melhor forma de dominar sua língua. Nossa aula termina aqui, mas não se esqueça de realizar a atividade e sempre revi- sar os conteúdos. Até breve!
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