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UNIPÚBLICA - ESCOLA DE GESTÃO PÚBLICA 2017 1 1 CONTROLE INTERNO MUNICIPAL 1 O QUE É CONTROLE INTERNO? É o plano da organização, todos os métodos e medidas coordenadas adotadas pela empresa para salvaguardar seus ativos, verificar a adequação e confiabilidade de seus dados contábeis, promover a eficiência operacional e estimular o respeito e obediência às políticas administrativas fixadas pela gestão (AICPA – American Institute of Certified Public Accountants). O Controle começa pelas Unidades Administrativas e não podem funcionar isoladamente, essas estruturas damos o nome de “Sistema de Controle Interno”. FIGURA 1 – PAIVA, Rodrigo. Significados do controle. Disponível em:< https://pt.slideshare.net/clairleitao/rodrigo-importncia-sistema-controle-interno-municipal>.Acesso em: 25 maio 2017. “Controle Interno” significa na Administração Pública, que o controle será exercido por servidores da própria entidade auditada, conforme as normas, regulamentos e procedimentos por ela própria determinada, em consonância, com os objetivos e os preceitos gerais da Constituição Federal e das leis que regem o setor público. O “Controle Interno” em essência deve ser realizado por todo servidor público, em especial os que ocupam postos de chefia. Já, o instituído Sistema de Controle Interno checa, de forma articulada, a eficiência de todos aqueles controles setoriais, sobre estruturação apresentada em lei local. O “Controle Interno” não é a mesma coisa que Sistema de Controle Interno. O Sistema de Controle Interno pode ser conceituado como o conjunto de unidades 2 técnicas articuladas a partir de um órgão central de coordenação, orientadas para o desempenho das atribuições de Controle Interno indicadas na Constituição e nas diretrizes definidas pela entidade e normatizadas em cada nível de governo. O Controle Externo tem como titular a Câmara de Vereadores, que fiscaliza basicamente as mesmas atividades financeiras e operacionais, devendo sempre apoiar aquele controle a cargo dos Tribunais de Contas (art. 74, IV e § 1º da CF), no Controle Interno, a sua amplitude de atuação pode ser maior. O responsável pela coordenação do Sistema de Controle Interno é o Interlocutor com o Controle Externo. FIGURA 3 – CONTROLADORIA GERAL DA UNIÃO. Sistemas de Controle Interno. Disponível em:< http://slideplayer.com.br/slide/373968/>.Acesso em: 25 maio 2017. As Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público - NBCASP, publicadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) específica para o Sistema de Controle Interno Governamental, a NBC T 16.81, se desdobra em três categorias: Operacional – relacionada às ações que propiciam o alcance dos objetivos da entidade governamental. Contábil – relacionado à veracidade e à fidedignidade dos registros e das demonstrações contábeis. 3 Normativa – relacionada à observância da regulamentação pertinente. O Projeto de Lei Complementar aprovado pelo Senado nº 229/09, intitulado “Projeto de Lei da Qualidade Fiscal”, trará maiores atribuições ao Sistema de Controle Interno, além daquelas previstas no art. 74 da Constituição Federal. Novas atribuições ao Sistema de Controle Interno: Proteger o Patrimônio Público. Promover a confiabilidade das informações contábeis, financeiras e operacionais. Estimular a aderência às políticas da administração pública. Suprimir controles e demais ritos administrativos que se evidenciem como meramente formais, como duplicação ou superposição de esforços, ou ainda cujo custo exceda os benefícios alcançados – locação e alienação de bens. Mitigar os riscos inerentes à gestão, racionalizando os procedimentos e “otimizando” a alocação dos recursos humanos, materiais e financeiros. Apoiar o aperfeiçoamento das práticas administrativas do respectivo órgão, contribuindo para a identificação antecipada de riscos e para a adoção de medidas e estratégias de gestão voltadas à correção de falhas, ao aprimoramento de procedimentos e ao atendimento do interesse público. Orientar os gestores quanto à utilização e à prestação de contas de recursos transferidos a entidades públicas e privadas por meio de convênios, acordos ou termos de parceria. Assessorar os gestores quanto ao cumprimento das normas de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e das normas referentes a aposentadorias e pensões. Prestar informações ao superior hierárquico do órgão ao qual está vinculado administrativamente sobre o andamento e os resultados das ações e atividades de sua unidade, bem como sobre possíveis irregularidades encontradas no âmbito da gestão pública. A proposta legislativa define que o Sistema de Controle Interno abrangerá as seguintes funções específicas, integradas entre si: 4 OUVIDORIA, que fomentará o controle social e a participação popular, por meio do recebimento, registro e tratamento de denúncias e manifestações do cidadão sobre os serviços prestados à sociedade e sobre a adequada aplicação de recursos públicos. CONTROLADORIA, que subsidiará a tomada de decisão governamental e propiciará à melhoria contínua da qualidade do gasto público, a partir da modelagem, sistematização, geração, comparação e análise de informações relativas a custos, eficiência, desempenho e cumprimento de objetivos. AUDITORIA, como instrumento visando à prestação de contas, que avaliará ações implantadas pela administração pública segundo critérios previamente definidos e adequados, com o fim de expressar uma conclusão quanto ao funcionamento de políticas públicas para a gestão responsável e para a sociedade. CORREIÇÃO, que terá a finalidade de apurar os indícios de ilícitos praticados no âmbito da administração pública e de promover a responsabilização dos envolvidos, por meio dos processos e instrumentos administrativos tendentes à identificação dos fatos apurados, à responsabilização dos agentes e à obtenção do ressarcimento de eventuais danos causados ao erário. FIGURA 4 – PAIVA, Rodrigo. A importância do sistema de controle interno – características. Disponível em:< https://pt.slideshare.net/clairleitao/rodrigo-importncia-sistema-controle-interno- municipal>.Acesso em: 25 maio 2017. 5 A Proposta de Emenda Constitucional – PEC nº 45/09, por sua vez, tem o objetivo de organizar as atividades do Sistema de Controle Interno, estabelecendo ainda o desempenho das ações por órgãos de natureza permanente e por servidores concursados organizados em carreiras específicas, aplicável à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. Esse cenário normativo em transformação reafirma a importância do Sistema de Controle Interno como instituto de gestão na Administração Pública e de função essencial de Estado. 1.2 PRINCIPAIS MOTIVOS DA NÃO IMPLANTAÇÃO DO CONTROLE INTERNO NAS ENTIDADES PÚBLICAS Dificuldades em formatar uma estrutura básica de controle. Vínculo do controlador com o ente controlado e nível hierárquico. Metodologia de controle a ser implantada. Dificuldades em definir as rotinas de controle interno. 1.3 ORGANIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA O Controle Interno na Administração Pública é a verificação da conformidade da atuação desta a um padrão, possibilitando ao agente controlador a adoção de medida ou proposta em decorrência do juízo formado. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL FIGURA 5 – Estrutura organizacional do Controle Interno na Administração Pública. Disponívele:< http://slideplayer.com.br/slide/2861522/>.Acesso em: 25 maio 2017. 6 O Controle Interno não pode por si só, garantir e assegurar o alcance dos objetivos e metas da instituição. É necessário que todos cumpram com suas responsabilidades, o controle interno poderá exigir alterações e novas metodologias para diminuir riscos e fraudes. O Controle Interno é responsável pela: Profissionalização da administração pública. Transparência dos atos financeiros da gestão pública. Responsabilização de agentes públicos. 1.4 GARANTIAS BÁSICAS PARA O PLENO FUNCIONAMENTO DO CONTROLE INTERNO Hierarquização adequada na estrutura organizacional. Apoio irrestrito da autoridade competente. Existências de procedimentos e rotinas. Acesso irrestrito as unidades administrativas bem como todas as informações. Conhecimento e capacidade para programar e executar as funções de fiscalização e auditoria. Liberdade para relatar resultados sem restrições ou interferências políticas. Capacidade para julgar imparcialmente as ocorrências e inconsistências Capacidade para encontrar soluções. 2 NORMAS DE CONDUTA DE CONTROLE INTERNO Agir com humildade. Agir sempre com energia, não com arrogância. Não aceite presentinhos com objetivo de criar um canal de suborno ou conluio. Respeite os limites de ação do seu cargo. 7 Ao perceber o entrave dos trabalhos por algum servidor, passe a estabelecer regras claras – por escrito. Demonstre que o seu trabalho tem como objetivo principal atestar a legalidade dos fatos. Agir cuidadosamente zelando pela conduta e nome do órgão que representa. Procure ter informações preliminares do daquilo que vai fazer, a fim de evitar questionamentos irrelevantes. Pronunciar sobre determinado assunto, somente quando tiver certeza e segurança sobre o que estiver falando. Ser flexível quando puder, não permita a política do jeitinho. Agir com entusiasmo, demonstrando gosto pelo que faz. Elaborar procedimentos e rotinas. Leia muito. O cargo de controlador exige uma remuneração digna. 2.1 QUALIFICAÇÃO DO CONTROLADOR INTERNO Aos servidores designados para cargos de Controle Interno não se exige, mas orienta-se a que possuam grau superior de escolaridade. Preferencialmente, nas seguintes áreas de conhecimento: direito, administração, economia ou contabilidade. De toda forma, tendo ou não essas qualificações, o Controlador Interno deverá dominar, mesmo por capacitação posterior à nomeação, as seguintes áreas de conhecimento: 1.1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 1.2 CONTABILIDADE 1.2.1 Auditoria 1.2.2 Contabilidade de Custo 1.2.3 Contabilidade Geral 1.3 DIREITO 1.3.1 Direito Administrativo 8 1.3.2 Direito Civil 1.3.3 Direito Comercial 1.3.4 Direito Constitucional 1.3.5 Direito do Trabalho 1.3.6 Direito Financeiro 1.3.7 Direito Penal 1.3.8 Direito Previdenciário 1.3.9 Direito Processual Penal 1.3.10 Direito Tributário 1.4 ECONOMIA E FINANÇAS 1.4.1 Estatística 1.4.2 Matemática Financeira 1.4.3 Orçamento Público 1.5 INFORMÁTICA E LINGUAS 1.5.1 Informática 1.5.2 Língua Inglesa 1.5.3 Língua Portuguesa 2 - NORMAS LEGAIS 2.1 - CONSTITUIÇÕES 2.1.1 - Constituição da República Federativa do Brasil 2.1.2 - Constituição do Estado do Paraná 2.2 – PRINCIPAIS LEIS LOCAIS 2.2.1 - Lei Orgânica Municipal 2.2.1 - Lei do Estatuto dos Servidores Públicos 2.2.3 – Lei da Estrutura Administrativa do Poder respectivo 2.2.4 - Lei do Plano de Carreiras do Poder respectivo 2.2.5 – Lei do Sistema Municipal de Controle Interno 2.2.6 - Lei n° 8.666/93 – Normas Para Licitações e Contratos 2.2.6 - Lei n° 10.520/02 – Regulamento do Pregão 2.2.7 - Lei Complementar n° 101/00 – LRF 2.2.8 - Lei n° 4.320/64 – Normas Gerais de Contabilidade Pública 2.2.8 - Lei do Código Tributário Municipal 2.2.9 - Lei n° 10.406/02 – Novo Código Civil 9 2.3 OUTROS 2.3.1 - Legislação Municipal (leis, decretos, resoluções, portarias) sobre: patrimônio, recursos humanos, tesouraria, tributação, licitações, contabilidade e outros atinentes à fiscalização e controle. 2.3.2 - Lei Orgânica, Regimento Interno, Instruções e Normativas do Tribunal de Contas do Estado do Paraná. 2.3.3 - Normativas - Estadual e Federal sobre celebração de Convênios. 2.4 O EXERCÍCIO DO CONTROLE INTERNO Assim, o controle é exercido de forma irrestrita e ilimitada em todos e por todos os Poderes de Estado, estendendo-se a toda a Administração e abrangendo todas as suas atividades e agentes, sendo classificadas em variados tipos e formas de atuação para atingir os seus objetivos. Essas classificações indicam que: 1. O controle administrativo ou executivo é aquele exercido pela própria Administração sobre seus atos e agentes. 2. O controle legislativo ou parlamentar diz respeito ao que o Poder Legislativo imprime ao sobre atos e agentes do Poder Executivo. 3. O controle judiciário é o referente à correção dos atos ilegais de qualquer dos Poderes pelo Judiciário, quando lesivos de direito individual ou do patrimônio público. Quanto à forma o controle pode ser sintetizado: De acordo com seu fundamento, pode ser hierárquico ou finalístico. Em razão da localização do órgão que o exercita, pode ser interno ou externo. Em virtude do momento em que é exercido, pode ser prévio ou preventivo ou a priori, concomitante ou sucessivo e subsequente ou corretivo ou a posteriore. 10 Conforme o aspecto controlado, pode ser de legalidade ou de legitimidade e de mérito. Outra abordagem do Direito Administrativo é apresentada, segundo a qual o controle da Administração Pública é poder de fiscalização e correção, que sobre ela exercem os órgãos dos Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir a conformidade de sua atuação com os princípios que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico. Dentre os pontos comuns observados, é importante registrar as visões sobre os chamados - Controle Externo e Controle Interno, decorrentes das classificações relativas à localização do órgão que o realiza e quanto à integração do órgão que o executa e à estrutura do órgão objeto de sua execução. 2.5 OBJETO DA FUNÇÃO DO CONTROLE INTERNO O objetivo geral do Controle Interno é “assegurar que não ocorram erros potenciais, por meio do controle de suas causas”. Os objetivos específicos são: Observar as normas legais, instruções normativas, estatutos e regimentos. Assegurar, nas informações contábeis, financeiras, administrativas e operacionais sua exatidão, confiabilidade, integridade e oportunidade. Antecipar-se, previamente, ao cometimento de erros, desperdícios, abusos, práticas antieconômicas e fraudes. Propiciar informações oportunas e confiáveis, inclusive de caráter administrativo/operacional, sobre os resultados e efeitos atingidos. Salvaguardar os ativos financeiros e físicos quanto a sua boa e regular utilização e assegurar a legitimidade do passivo. Permitir a implantação de programas, projetos, atividades, sistemas e operações, visando à eficácia, eficiência e economicidade dos recursos. Assegurar aderência às diretrizes, planos, normas e procedimentos do órgão/entidade. 11 FIGURA 6 - PEREIRA, Eduardo. Funções do Controle Interno. Disponível em:<http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/09/19/>.Acesso em: 25 maio 2017. Por sua vez, os elementos que compõem o conjunto referido são exercidose utilizados com observância a certos princípios, que congregam regras, diretrizes e sistemas, com a finalidade de viabilizar o alcance dos seguintes objetivos: a) Relação custo/benefício: pelo reconhecimento de que o custo de um controle não deve exceder o benefício por ele propiciado. b) Qualificação adequada, treinamento e rodízio de funcionários: de modo a assegurar a manutenção do nível de competência necessário à eficácia do exercício dos controles internos. c) Delegação de poderes e determinação de responsabilidades: por meio de atos que indiquem precisamente a autoridade que delegou o poder ou responsabilidade, e a pessoa que recebeu a correspondente delegação e o próprio objeto delegado, suportados por normas internas e estrutura organizacional adequado. d) Segregação de funções: implicando a separação de funções complementares que devem ser exercidas por pessoas diferentes. e) Instruções devidamente formalizadas: por meio de instrumentos baixados por pessoas que detêm a competência específica e cercados de características de clareza e objetividade. f) Controles sobre as transações: nos níveis - contábil, financeiro operacional. 12 g) Aderência às diretrizes e normas legais: apresentando conformidade e critérios formais previamente definidos. Nesse contexto, e considerando a “escassez de recursos, o aumento da responsabilidade e a cobrança cada vez maior da sociedade”. Ressalte-se que as atribuições da função de controle interno são delegadas “a um técnico ou uma unidade da administração, normalmente chamada de controle interno ou de auditoria interna, para coordenar as ações relacionadas com o controle interno” com a responsabilidade maior de “avaliar e propor melhorias no sistema de controle interno”, auxiliando a administração. Nesse sentido, a função de controle passou a considerar aspectos próprios e inerentes a esses modelos, como os de que os servidores são incentivados a assumir atitudes mais profissionais e de autorresponsabilidade, a serem focados em abordagens relativas à qualidade, produtividade, eficiência, economicidade, eficácia e efetividade, e, em consequência, a adotarem o uso de indicadores de desempenho associado a padrões definidos. As atividades do sistema de controle interno são exercidas mediante a utilização de técnicas de fiscalização e auditoria, as quais consistem no conjunto de processos que viabilizam o alcance dos macrobjetivos do sistema. Fiscalizar consiste na aplicação de um conjunto de procedimentos pontuais que permitam o exame dos atos da administração pública, visando avaliar à execução de políticas públicas, atuando sobre os resultados efetivos dos programas governamentais. A fiscalização é uma técnica de controle que visa comprovar-se: • O objeto dos programas de governo existe. • Corresponde às especificações estabelecidas. • Atende às necessidades para as quais foi definido. • Guarda coerência com as condições e características pretendidas. • Os mecanismos de controle da administração pública são eficientes. Os procedimentos e as técnicas de fiscalização consistem em métodos de investigação, que tomados em conjunto, permitem a formação de opinião fundamentada por parte dos responsáveis pelo controle interno. 13 Auditoria é o conjunto de técnicas para avaliar processos e resultados da gestão pública, a aplicação de recursos públicos por entidades de direito público e privado, mediante a confrontação entre uma situação encontrada com um determinado critério técnico, operacional ou legal. Sua finalidade básica é comprovar a legalidade e a legitimidade dos atos e fatos administrativos e avaliar os resultados alcançados, quanto aos aspectos de eficiência, eficácia e economicidade da gestão orçamentária, financeira, patrimonial, operacional e contábil dos órgãos e entidades da administração pública. Constitui uma importante técnica de controle do Estado na busca da melhor alocação dos recursos públicos. Tradicionalmente a auditoria governamental classifica-se em: • Avaliação da Gestão. • Acompanhamento da Gestão. • Contábil. • Operacional. • Especial. A Auditoria Preventiva terá focos em riscos, com o objetivo de atuar não só para corrigir os desperdícios, a improbidade, a negligência e a omissão, mas, sobretudo, para buscar antecipar-se a essas ocorrências, garantindo os resultados pretendidos, além de destacar os impactos e os benefícios sociais da ação governamental. Além disso, por força de determinação constitucional, os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, devem dar ciência ao Tribunal de Contas, sob pena de responsabilidade solidária. Todo cidadão pode exercer seu papel fiscalizador, utilizando os canais disponíveis e buscando informações que possam subsidiar sua atuação. 2.5 AS INSTRUÇÕES NORMATIVAS DO CONTROLE INTERNO Até por força da legislação fundamental do Sistema de Controle Interno, e para o desempenho de suas atribuições constitucionais, o Sistema de Controle Interno poderá emitir instruções normativas, de observância obrigatória no Município, 14 com a finalidade de estabelecer a padronização sobre a forma de controle interno e esclarecer dúvidas sobre procedimentos de controle interno. FIGURA 7 – ASSUMPÇÃO, Marcio José. Controle e Sistema de Controle interno. Disponível em:< http://slideplayer.com.br/slide/1615983/..Acesso em: 25 maio 2017. É mister que o órgão de Controle Interno das Prefeituras, Câmaras e os órgãos da Administração Indireta, elabore Atos Orientativos e até normativos, que possam ser assinados em conjunto com o Chefe do Poder e/ou outros agentes públicos encarregados de áreas específicas e complexas, como a Procuradoria, Secretários, entre outros, a fim de normatizar atos, ações, processos e procedimento, almejando evitar irregularidades, ilegalidades e responsabilizações. 2.6.1 Controle Preventivo A institucionalização e implantação do Sistema de Controle Interno não é somente uma exigência das Constituições Federal e Estadual, mas também uma oportunidade para dotar a administração pública de mecanismos que assegurem, entre outros aspectos, o cumprimento das exigências legais, a proteção de seu patrimônio e a otimização na aplicação dos recursos públicos, garantindo maior tranquilidade aos gestores e melhores resultados à sociedade. Segundo Botelho (2006), o Sistema de Controle Interno tem o dever de garantir o cumprimento dos princípios constitucionais que regem a Administração Pública na qualidade de órgão fiscalizador e auxiliar do Poder Legislativo e da Corte de Contas. 15 Como órgão auxiliar poderá ser convocado à Casa Legislativa, para prestar informações sobre todos os assuntos pertinentes ao ente. Em caso de omissão, responderá solidariamente, podendo sofrer penalidades e sanções. A criação do Sistema de Controle Interno tem o dever de garantir o cumprimento dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência nos termos do art. 37 da Constituição Federal de 1988. Além disso, tem por objetivo fazer cumprir o art. 31 da Constituição Federal de 1988, que estatui ser a fiscalização do Município exercida pelo Sistema de Controle Interno, o que hierarquicamente é recepcionado pelas Leis Orgânicas Municipais. Acrescenta-se, ainda, o fato de que a Lei Complementar 101 de 04 de maio de 2000, que estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, reforçando ainda mais a urgência de se implantar e organizaros sistemas de controle interno no Brasil. FIGURA 8 – ASSUMPÇÃO, Marcio José. Áreas de atuação do Controle interno. Disponível em:< http://slideplayer.com.br/slide/1615983/..Acesso em: 25 maio 2017. 2.6.2 Controle Externo do Legislativo Segundo Botelho (2006), um bom Sistema de Controle Interno é sinônimo de “boa administração”, que também é o objetivo de todo gestor público. O gerenciamento do patrimônio público exige um eficiente Sistema de Controle Interno. 16 Diante desta realidade podemos afirmar que não existe Sistema de Controle Interno sem um instrumento, que possam possibilitar os procedimentos e rotinas. As Instruções Normativas expedidas pelo Sistema de Controle Interno disciplinam os procedimentos a serem adotados e rotinas a serem seguidas. Os dispositivos constitucionais que sustentam toda legislação produzida acerca do assunto estão previstos nos artigos 31, 74 e 75 da Constituição Federal/88, in verbis: Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei. Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. § 1º - Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária. § 2º - Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios [grifos nossos]. A função fiscalizadora da Câmara Municipal diz respeito ao acompanhamento regular e permanente dos atos da Administração. Para isso, podem os Vereadores requerer informações ao Chefe do Executivo, Secretários Municipais, dentre eles o responsável pelo Sistema de Controle Interno, inclusive convocá-lo para esclarecer dúvidas ou relatar fatos que mereçam apuração. A fiscalização comporta ainda o controle dos gastos municipais para verificar se são realizados de acordo com as Leis, e especialmente, com as normas orçamentárias. Essa forma de acompanhamento tem seu ponto crucial nos procedimentos de controle implantados pelo Executivo no momento em que a Câmara recebe a prestação de contas, esta deverá estar acompanhada do relatório anual do Sistema de Controle Interno, cujo conteúdo é o exame do controle da legalidade, da fidelidade e da execução. 17 O Controle Interno da legalidade é exercido sobre os atos pertinentes à arrecadação e à realização das despesas, bem como, sobre os que acarretem os possam acarretar nascimento ou extinção de direito e obrigações. O Controle Interno da fidelidade visa à conduta funcional dos agentes responsáveis por bens e valores públicos. A edição da Lei Complementar nº 101 de 04 de maio de 2000, trouxe encargos para a Câmara Municipal quanto ao exercício da fiscalização. Seu controle sobre a administração encontra limites na própria Constituição da República e implica a interferência daquele Poder sobre o Executivo. A legislação infraconstitucional, como é o caso da Lei de Responsabilidade Fiscal, não pode prever outras formas de controle além dos que contidos na Constituição Federal para não ofender o princípio da Separação dos Poderes. No entanto, o art. 59 da referida lei atribui responsabilidade ao Poder Legislativo com auxílio do Sistema de Controle Interno de cada poder, para o cumprimento das normas por ela estabelecido, com ênfase no cumprimento de limites e metas fiscais: Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas, e o sistema de controle interno de cada Poder e do Ministério Público, fiscalizarão o cumprimento das normas desta Lei Complementar, com ênfase no que se refere a: I - atendimento das metas estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias; II - limites e condições para realização de operações de crédito e inscrição em Restos a Pagar; III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com pessoal ao respectivo limite, nos termos dos arts. 22 e 23; IV - providências tomadas, conforme o disposto no art. 31, para recondução dos montantes das dívidas consolidada e mobiliária aos respectivos limites; V - destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos, tendo em vista as restrições constitucionais e as desta Lei Complementar; VI - cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos municipais, quando houver. § 1o Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos referidos no art. 20 quando constatarem: I - a possibilidade de ocorrência das situações previstas no inciso II do art. 4o e no art. 9o; II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou 90% (noventa por cento) do limite; III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das operações de crédito e da concessão de garantia se encontram acima de 90% (noventa por cento) dos respectivos limites; IV - que os gastos com inativos e pensionistas se encontram acima do limite definido em lei; V - fatos que comprometam os custos ou os resultados dos programas ou indícios de irregularidades na gestão orçamentária. § 2o Compete ainda aos Tribunais de Contas verificarem os cálculos dos limites da despesa total com pessoal de cada Poder e órgão referido no art. 20. 18 § 3o O Tribunal de Contas da União acompanhará o cumprimento do disposto nos §§ 2o, 3o e 4o do art. 39[grifos nossos]. 3 ABRANGÊNCIA E ASPECTOS GERAIS DO CONTROLE INTERNO 3.1 ABRANGÊNCIA DO CONTROLE INTERNO Controle Interno sob o enfoque contábil compreende o conjunto de recursos, métodos, procedimentos e processos adotados pela entidade do setor público, com a finalidade de: (a) salvaguardar os ativos e assegurar a veracidade dos componentes patrimoniais; (b) dar conformidade ao registro contábil em relação ao ato correspondente; (c) propiciar a obtenção de informação oportuna e adequada; (d) estimular adesão às normas e às diretrizes fixadas; (e) contribuir para a promoção da eficiência operacional da entidade; (f) auxiliar na prevenção de práticas ineficientes e antieconômicas, erros, fraudes, malversação, abusos, desvios e outras inadequações. O Controle Interno deve ser exercido em todos os níveis da entidade do setor público, compreendendo: (a) a preservação do patrimônio público; (b) o controle da execução das ações que integram os programas; (c) a observância às leis, aos regulamentos e às diretrizes estabelecidas. 3.2 OBJETIVOS GERAIS O Sistema de Controle Interno visa à avaliação da ação governamental, da gestão dos administradores públicos e da aplicação de recursos públicos, por intermédio da fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional epatrimonial. 19 A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, para atingir as finalidades constitucionais, consubstancia-se nas técnicas de trabalho desenvolvidas no âmbito do Sistema de Controle Interno, denominadas de Normativa de auditoria e fiscalização. Segundo Botelho (2006), para desenvolver os objetivos gerais do controle interno, todas as operações devem ser primeiramente agrupadas por categorias. Em seguida, as operações de cada categoria devem ser agrupadas em conjuntos de atividades regulares e necessárias ao processo de registro de uma transação ou fato específico. Estes agrupamentos devem estar compatíveis com a estrutura organizacional de unidade orçamentária e sua divisão de atribuições, enfocando as seguintes atividades: Salvaguardar os interesses econômicos, patrimoniais e sociais da municipalidade; Prevenir e detectar fraudes e erros ou situações de desperdícios, práticas administrativas abusivas, antieconômicas ou corruptas e outros atos de caráter ilícito; Precisar e dar confiabilidade aos informes e relatórios contábeis, financeiros e operacionais; Assegurar o acesso aos bens e informações, e que a utilização desses ocorra com a autorização de seu responsável; Estimular a eficiência operacional, sugerindo formas eficazes e instituindo procedimentos por meio de instruções; Salvaguardar o ativo e assegurar a legitimidade do passivo; Avaliação do cumprimento das metas do Plano Plurianual que visa a comprovar a conformidade da sua execução; 20 Avaliação da execução dos programas de governo que visa a comprovar o nível de execução das metas, o alcance dos objetivos e a adequação do gerenciamento; Avaliação da execução dos orçamentos que visa a comprovar a conformidade da execução com os limites e as destinações estabelecidas na legislação pertinente; Avaliação da gestão dos administradores públicos que visa comprovar a legalidade e a legitimidade dos atos e examinar os resultados quanto à economicidade, eficiência e eficácia da gestão orçamentária, financeira, patrimonial, de pessoal e demais sistemas administrativos e operacionais; Controle das operações de crédito, avais, garantias, direitos e haveres que visa a aferir a sua consistência e a adequação; Avaliação da aplicação de recursos públicos por entidades de Direito Privado que visa à verificação do cumprimento do objeto avençado; Avaliação das aplicações das subvenções que visa avaliar o resultado da aplicação das transferências de recursos concedidas às entidades, públicas e privadas, destinadas a cobrir despesas com a manutenção dessas entidades, de natureza autárquica ou não, e das entidades sem fins lucrativos; e Avaliação das renúncias de receitas que visa avaliar o resultado da efetiva política de anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado. Competem ao Sistema de Controle Interno as seguintes ações: Normatizar, sistematizar e padronizar os procedimentos operacionais dos órgãos e das unidades do Sistema de Controle Interno; 21 Coordenar as atividades que exijam ações integradas dos órgãos e das unidades do Sistema de Controle Interno, com vistas à efetividade das competências que lhe são comuns; Exercer a supervisão técnica das atividades desempenhadas pelos órgãos e pelas unidades integrantes do Sistema de Controle Interno; Consolidar os planos de trabalho das unidades de auditoria interna das entidades municipais; Instituir e manter sistema de informações para o exercício das atividades finalísticas do Sistema de Controle Interno; Avaliar, no seu âmbito, o desempenho dos dirigentes e acompanhar a conduta funcional dos servidores da carreira de Finanças e Controle; Verificar a consistência dos dados contidos no Relatório de Gestão Fiscal, conforme estabelecido no art. 54 da Lei Complementar n.º 101, de 04 de maio de 2000; Exercer o controle das operações de crédito, avais, garantias, direitos e haveres; Avaliar o desempenho das auditorias internas das entidades da Administração Pública Indireta; Planejar, coordenar, controlar e avaliar as atividades de controle interno de suas unidades administrativas; Verificar a observância dos limites e das condições para realização de operações de crédito e inscrição em Restos a Pagar; Verificar e avaliar a adoção de medidas para o retorno da despesa total com pessoal ao limite de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei Complementar n.º 101/2000; Verificar a adoção de providências para recondução dos montantes das dívidas consolidada e mobiliária aos limites de que trata o art. 31 da Lei Complementar n.º 101/2000; Verificar a destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos, tendo em vista as restrições constitucionais e as da Lei Complementar n.º 101/2000; 22 Avaliar o cumprimento das metas estabelecidas no Plano Plurianual e na Lei de Diretrizes Orçamentárias; Avaliar a execução dos orçamentos; Fiscalizar e avaliar a execução dos programas de governo, inclusive ações descentralizadas realizadas à conta de recursos oriundos dos orçamentos, quanto ao nível de execução das metas e dos objetivos estabelecidos e à qualidade do gerenciamento; Fornecer informações sobre a situação físico-financeira dos projetos e das atividades constantes dos orçamentos; Criar condições para o exercício do controle social sobre os programas contemplados com recursos oriundos dos orçamentos; Aferir a adequação dos mecanismos de controle social sobre os programas contemplados com recursos oriundos dos orçamentos; Realizar auditorias sobre a gestão dos recursos públicos sob a responsabilidade de órgãos e entidades públicos e privados, bem como sobre a aplicação de subvenções e renúncia de receitas; Realizar auditorias e fiscalizações nos sistemas contábil, financeiro, orçamentário, de pessoal e demais sistemas administrativos e operacionais; Manter atualizado o cadastro com a tipificação dos gestores públicos, a fim de subsidiar a composição do rol de responsáveis; Apurar os atos ou fatos inquinados de ilegais ou irregulares, praticados por agentes públicos, na utilização de recursos públicos, dando ciência ao controle externo e ao Ministério Público Estadual e, quando for o caso, comunicar à unidade responsável pela contabilidade, para as providências cabíveis; Orientar os administradores de bens e recursos públicos nos assuntos pertinentes à área de competência do Sistema de Controle Interno, inclusive sobre a forma de prestar contas, conforme disposto no parágrafo único do art. 70 da Constituição. 23 3.3 DISPOSIÇÕES GERAIS DO SISTEMA DE CONTROLE INTERNO Nenhum processo, documento ou informação poderá ser sonegado aos servidores do Sistema de Controle Interno, no desempenho de suas atribuições inerentes às atividades de auditoria e fiscalização, devendo seus servidores guardar o sigilo das informações conforme previsto na legislação, usando nos relatórios apenas informações de caráter consolidado sem identificação de pessoa física ou jurídica quando essas informações estiverem protegidas legalmente por sigilo. Os órgãos e as unidadesdo Sistema de Controle Interno, nos seus trabalhos de fiscalização e auditoria, verificarão se o objeto pactuado, nos instrumentos em que o Município assume compromissos, com previsão de transferência de recursos financeiros de seus orçamentos para entidades municipais, foi executado, obedecendo aos respectivos projetos e plano de trabalho, conforme conveniado, e se sua utilização obedece à destinação prevista no termo pactual. Os órgãos e as unidades do Sistema de Controle Interno, ao desempenhar os trabalhos, constatando indícios de irregularidades, comunicarão os órgãos de fiscalização ou entidade repassadora dos recursos e aos respectivos órgãos de controle interno e externo, para que sejam tomadas as providências de suas competências. Quando ocorrer prejuízo ao Município, os órgãos e as unidades do Sistema de Controle Interno adotarão as providências de sua competência, com vistas ao ressarcimento ao erário. No apoio ao controle externo, os órgãos e unidades integrantes do Sistema de Controle Interno do deverão realizar auditorias nas contas dos responsáveis sob seu controle, emitindo relatório, certificado ou parecer, e recomendar formalmente à autoridade administrativa competente para que instaure tomada de contas especial sempre que tiver conhecimento de qualquer das seguintes ocorrências: Desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos; Prática de qualquer ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que resulte dano ao erário; e a Falta de prestação de contas. 24 Os responsáveis pelo Sistema de Controle Interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência de imediato ao Tribunal de Contas do Estado, sob pena de responsabilidade solidária. Nessa comunicação ao Tribunal de Contas do Estado, bem como naquelas encaminhadas ao Ministério Público Estadual, o dirigente do órgão do Sistema de Controle Interno indicará as providências adotadas pelas unidades e entidades responsáveis pelo ato irregular ou ilegal. Para o cumprimento de suas atribuições e alcance de suas finalidades, o Sistema de Controle Interno deve realizar suas atividades com foco nos resultados da ação governamental, para o qual utilizará de metodologia de planejamento específica, com ênfase na visão dos programas de governo como fator básico de organização da função pública, e na gestão pública como mobilização organizacional para o alcance desses resultados. 3.5 OBJETOS SUJEITOS À ATUAÇÃO DO SISTEMA DE CONTROLE INTERNO Constituem objetos de exames realizados pelo Sistema de Controle Interno, nos órgãos da Administração Direta, entidades da Administração Indireta: 1. Os sistemas administrativos e operacionais de Controle Interno Administrativo utilizado na gestão orçamentária, financeira, patrimonial, operacional e de pessoal. 2. A execução dos planos, programas, projetos e atividades que envolvam aplicação de recursos públicos. 3. A aplicação dos recursos do Tesouro transferidos a entidades públicas ou privadas. 4. Os contratos firmados por gestores públicos com entidades públicas para prestação de serviços, execução de obras e fornecimento de materiais. 5. Os processos de licitação, sua dispensa ou inexigibilidade. 6. Os instrumentos e sistemas de guarda e conservação dos bens e do patrimônio sob responsabilidade das unidades da Administração Direta e entidades da Administração Indireta. 7. Os atos administrativos que resultem direitos e obrigações para o Poder Público, em especial, os relacionados com a contratação de empréstimos internos ou externos, assunção de dívidas, securitizações e concessão de avais. 25 8. A arrecadação, a restituição e as renúncias de receitas de tributos municipais. 9. Os sistemas eletrônicos de processamento de dados, suas informações de entrada e de saída, objetivando constatar: a) segurança física do ambiente e das instalações do centro de processamento de dados; b) segurança lógica e a confidencialidade nos sistemas desenvolvidos em computadores; c) eficácia dos serviços prestados pela área de informática; d) eficiência na utilização dos diversos computadores existentes na entidade. 10. Verificação do cumprimento da legislação pertinente. 11. Os processos de Tomadas de Contas Especiais como, sindicância, inquéritos administrativos e outros atos administrativos de caráter apuratório. 12. Os processos de admissão e desligamento de pessoal e os de concessão de aposentadoria nas modalidades - reforma e pensão. 3.6 PLANEJAMENTO DAS AÇÕES DO SISTEMA DE CONTROLE INTERNO O planejamento das ações de controle adotado pelo Sistema de Controle Interno deve observar os procedimentos e sequência abaixo: 1. Mapear as políticas públicas afetas a cada órgão ou equivalente, com identificação dos macros objetivos, dos recursos previstos, dos agentes responsáveis e interfaces, de modo a evidenciar a importância estratégica, de cada uma delas, inclusive em relação ao projeto global de governo. 2. Promover a hierarquização dos diversos programas/programações governamentais, baseada em critérios políticos e estratégicos definidos, bem como riscos baseados em materialidade, relevância e criticidade. Na conformação atual da classificação orçamentária, esse exercício de hierarquização se faz em nível de programa por ser esse o que apresenta, em geral, a definição consistente de limites e abrangência. 3. Detalhar as informações envolvendo a descrição dos programas essenciais, e a identificação das Ações que os compõem. 4. Promover a hierarquização no nível das Ações de cada Programa, segundo critérios definidos com bases estratégicas. 26 5. Elaborar o relatório de situação das ações selecionadas, identificando, dentre outros itens: a) os objetivos e as metas; b) os órgãos responsáveis; c) a documentação legal que lhes dá suporte; d) as razões de implantação; e) as formas de execução e os mecanismos de implementação; f) a clientela e o público alvo; h) os critérios para a seleção dos beneficiários. 6. Elaborar o plano estratégico da ação selecionada, incluindo levantamento dos pontos críticos e frágeis, capazes de impactar a execução e a definição da abordagem de controle a ser adotada, que terá por foco os pontos críticos identificados. 7. Elaborar o plano operacional de cada divisão de trabalho definida na abordagem da Ação, com identificação das ações de controle a serem realizadas, definição de instrumentos e do período de realização dos trabalhos. A metodologia de trabalho adotada abrange os aspectos pertinentes ao conhecimento das Ações de cada Secretaria, à percepção sobre as principais áreas de atuação e pauta política específica, à compreensão sobre o funcionamento dos programas e respectivas ações ou equivalentes, bem como avaliação sobre as unidades responsáveis pelas diferentes etapas do processo gerencial de implantação da Política Pública, e o planejamento das ações de controle a serem implementadas para avaliação da execução dos Programas de Governo e da Gestão Pública. Este processo permanente de trabalho permite, por meio da reavaliação, efetuada a cada novo conjunto de dados e informações obtidas, manter o controle sempre atualizado e atuante. 27 3.7 CLASSIFICAÇÃO A Resolução do CFC nº 1135/08 que aprova a NBC T 16.8, classifica o Controle Interno nas seguintes categorias: (a) operacional – relacionado às ações que propiciam o alcance dos objetivos da entidade; (b) contábil – relacionado à veracidade e à fidedignidade dos registros e das demonstrações contábeis; (c)normativo – relacionado à observância da regulamentação pertinente. 3.7.1 Estrutura e Componentes Estrutura de Controle Interno compreende ambiente de controle, mapeamento e avaliação de riscos, procedimentos de controle, informação e comunicação, e monitoramento. 3.7.2 Ambiente de Controle O ambiente de controle deve demonstrar o grau de comprometimento em todos os níveis da administração, com a qualidade do controle interno em seu conjunto. 3.7.3 Mapeamento e Riscos Mapeamento de riscos é a identificação dos eventos ou das condições, que podem afetar a qualidade da informação contábil. 3.7.4 Avaliação de Riscos Avaliação de riscos corresponde à análise da relevância dos riscos identificados, incluindo: 28 (a) A avaliação da probabilidade de sua ocorrência. (b) A forma como serão gerenciado. (c) A definição das ações a serem implementadas para prevenir a sua ocorrência ou minimizar seu potencial; e (d) A resposta ao risco, indicando a decisão gerencial para mitigar os riscos, a partir de uma abordagem geral e estratégica, considerando as hipóteses de eliminação, redução, aceitação ou compartilhamento. Entende-se por riscos ocorrências, circunstâncias ou fatos imprevisíveis que podem afetar a qualidade da informação contábil. 3.7.5 Procedimentos de Controle Procedimentos de Controle são medidas e ações estabelecidas para prevenir ou detectar os riscos inerentes ou potenciais à tempestividade, à fidedignidade e à precisão da informação contábil, classificando-se em: a)Procedimentos de Prevenção São medidas que antecedem o processamento de um ato ou um fato, para prevenir a ocorrência de omissões, inadequações e intempestividade da informação contábil. b) Procedimentos de Detecção São medidas que visem à identificação, concomitante ou a posteriori, de erros, omissões, inadequações e intempestividade da informação contábil. c) Monitoramento Monitoramento compreende o acompanhamento dos pressupostos do Controle Interno, visando assegurar a sua adequação aos objetivos, ao ambiente, aos recursos e aos riscos. 29 3.7.6 Sistema de Informação e Comunicação da Entidade O sistema de informação e comunicação da entidade do setor público deve identificar, armazenar e comunicar toda informação relevante, na forma e no período determinados, a fim de permitir a realização dos procedimentos estabelecidos e outras responsabilidades, orientar a tomada de decisão, permitir o monitoramento de ações e contribuir para a realização de todos os objetivos de controle interno. 3.7.7 Atividades de Apoio ao Controle Externo O Sistema de Controle Interno prestará apoio ao órgão de Controle Externo no exercício de sua missão institucional. O apoio ao Controle Externo, sem prejuízo do disposto em legislação específica, consiste no fornecimento de informações e dos resultados das ações do Sistema de Controle Interno. 3.7.8 Atividades de Orientação Compete ao Sistema de Controle Interno fazer a orientação aos administradores de bens e recursos públicos, nos assuntos pertinentes à área de competência do Sistema de Controle Interno, inclusive sobre a forma de prestar contas. Essa atividade não se confunde com as de consultoria e assessoramento jurídico que competem à procuradoria local. 3.7.9 Atividades Subsidiárias As atividades a cargo do Sistema de Controle destinam-se, preferencialmente, a subsidiar: Supervisão aos níveis de órgãos da administração. Aperfeiçoamento da gestão pública nos aspectos de formulação, planejamento, coordenação, execução e monitoramento das políticas públicas. 30 Os órgãos responsáveis pelas ações de planejamento, orçamento, finanças e contabilidade, no ciclo de gestão governamental. 3.7.10 Controle Social A criação de condições para o exercício do controle social sobre os programas, contemplados com recursos oriundos dos orçamentos visam fortalecer este mecanismo complementar de controle público, por intermédio da disponibilização de informações sobre as atividades desenvolvidas, particularmente no que se refere à avaliação da execução dos programas e avaliação da gestão. O Sistema de Controle Interno deve avaliar os mecanismos de controle social previstos nos respectivos programas de governo, particularmente naqueles casos em que a execução das ações se realiza de forma descentralizada. Dessa forma, deve destacar se os mesmos estão devidamente constituídos, estão operando adequadamente, têm efetiva representatividade dos agentes sociais e realizam suas atividades de forma efetiva e independente. FIGURA 9 – SECRETARIA FEDERAL DE CONTROLE INTERNO. Ciclo da gestão. Disponível em:< http://slideplayer.com.br/slide/373968/>.Acesso em: 25 maio 2017. 3.7.11 NBC T 16.8 – Controle Interno Em decorrência da internacionalização das normas contábeis, que vem levando diversos países ao processo de convergência, bem como da Portaria nº. 184/08, editada pelo Ministério da Fazenda, que dispõe sobre as diretrizes a serem 31 observadas no setor público quanto aos procedimentos, práticas, elaboração e divulgação das demonstrações contábeis, de forma a torná-las convergentes com as Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público. Considerando a criação do Comitê Gestor da Convergência no Brasil, que está desenvolvendo ações para promover a convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicada ao Setor Público, às normas internacionais, até 2012, sendo facultativa para 2010. O Conselho Federal de Contabilidade editou a NBC T. 16.8 estabelecendo referenciais para o controle interno como suporte do sistema de informação contábil, no sentido de minimizar riscos e dar efetividade às informações da contabilidade, visando contribuir para o alcance dos objetivos da entidade do setor público. 4 TÉCNICAS DE CONTROLE INTERNO As atividades sob a responsabilidade do Sistema de Controle Interno são desenvolvidas mediante a utilização de técnicas próprias de trabalho, que se constituem em: a) auditoria; b) inspeção; c) fiscalização; e d) avaliação de resultados. 4.1 AUDITORIA A auditoria é o instrumento de trabalho que compreende as técnicas necessárias ao exame analítico dos atos da administração e à avaliação dos sistemas contábil, financeiro, de pessoal, administrativo e de operação. Mediante a confrontação entre uma situação encontrada com um determinado critério técnico, operacional ou legal, para fim de comprovação da regularidade e dos resultados na gestão total ou parcial dos recursos públicos. 32 FIGURA 10 – SECRETARIA FEDERAL DE CONTROLE INTERNO. Algumas técnicas para a realização das ações do Sistema de Controle Interno. Disponível em:< http://slideplayer.com.br/slide/373968/>.Acesso em: 25 maio 2017. Trata-se, portanto, de uma importante técnica de controle da Administração Pública na busca da melhor alocação de seus recursos, não só atuando para corrigir os desperdícios, a improbidade administrativa, a negligência e a omissão, mas, principalmente, antecipando-se a essas ocorrências, para garantir os resultados pretendidos, além de destacar os impactos e benefícios sociais alcançados. A auditoria tem por objetivo primordial o de garantir resultados operacionais na gerência da coisa pública. Essa auditoria é exercida nos meandros da máquina pública, em todos os órgãos e entidades públicas estaduais e municipais, observando os aspectos relevantes relacionados à avaliação dos programasde governo e da gestão pública. O Sistema de Controle Interno deve observar o conjunto de procedimentos e técnicas previsto na Resolução CFC nº 986, de 21 de novembro de 2003, que aprovou a NBC TI 01 – Da Auditoria Interna, para a realização dos seus trabalhos. 4.1.1 Modalidades de Auditoria 4.1.1.1 Auditoria de Gestão É a técnica de avaliação periódica que abrange a totalidade dos atos de gestão dos recursos e dos serviços públicos a cargo de um órgão ou entidade, para comprovação da legalidade, avaliação dos resultados econômicos, eficientes, 33 eficazes e efetivos ou para apuração e quantificação de dano contra o patrimônio público. 4.1.1.2 Auditoria de Sistemas É a técnica de avaliação periódica que abrange determinados sistemas, programas, ações de governo, operações e serviços a cargo de um órgão ou entidade, para comprovação da legalidade, avaliação dos resultados econômicos, eficientes, eficazes e efetivos ou para apuração e quantificação de dano contra o patrimônio público. 4.1.2 Processo de Auditoria O Processo de Auditoria envolve cinco fases que são essenciais para o sucesso do trabalho, conforme são descritas a seguir: 4.1.2.1 Instauração O procedimento de auditoria, embasado em critérios e programação própria da fiscalização interna, será iniciado com abertura de processo administrativo, devidamente autuado, protocolado e numerado, contendo o requerimento do órgão de controle interno e a aprovação prévia da respectiva autoridade. Tem por objetivo examinar os sistemas de gestão e apurar denúncias ou representações quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, a aplicação das subvenções e renúncia de receitas, além de outros fatos da administração e de atos administrativos praticados por qualquer responsável sujeito à fiscalização do Sistema de Controle Interno. 4.1.2.2 Planejamento As auditorias devem ser planejadas de modo a proporcionar uma razoável segurança acerca do cumprimento das leis e regulamentos específicos para alcançar os seus objetivos. Dessa forma, as equipes devem definir adequadamente os trabalhos a serem realizados, considerando que os recursos humanos e materiais são escassos e limitados, devendo, ainda, direcionar esforços e talentos para 34 aquelas áreas nas quais possam ser utilizados com eficácia, a fim de atender aos objetivos estabelecidos. A fase de planejamento deve ser participativa, envolvendo diversos níveis funcionais, afim de que seja alcançado o maior volume possível de informações que possam subsidiar a tomada de decisão. Cabem aos auditores e líderes de equipe analisar essas informações, agregando, sobretudo, a sua experiência e visão de conjunto dos órgãos, entidades, sistemas, atividades, projetos e programas de governo a serem auditados, sugerindo uma hierarquização e estabelecendo a sequência dos trabalhos. 4.1.2.2.1 Projeto de Auditoria Ao final da fase de planejamento procede-se à elaboração do Projeto de Auditoria, que deve apresentar o detalhamento dos trabalhos a serem desenvolvidos, contemplando os seguintes itens: Objetivo da auditoria; Período de realização dos exames; Escopo ou alcance do exame; Questões de auditoria; Critérios de auditoria; Estratégias metodológicas a serem utilizadas (estudo de caso, pesquisa, dentre outras); Métodos e técnicas de obtenção de dados (entrevistas, questionário, observação direta, dados secundários, outros); Métodos e técnicas de análise de dados (estatística, análise qualitativa, análise de conteúdo, outros); Pessoal técnico envolvido; Concurso de especialistas; Cronograma de atividades; Material necessário; estimativa de custos. 35 O Projeto de Auditoria deve contemplar as decisões-chave tomadas no que concerne aos objetivos, escopo e metodologia, assim como os fundamentos que respaldam as decisões, devendo ser atualizado de maneira que reflita qualquer mudança significativa efetuada durante a sua implantação. 4.1.2.2.2 Matriz de Planejamento Trata-se de uma esquematização das informações relevantes do planejamento de uma auditoria. O propósito da matriz de planejamento é auxiliar na elaboração conceitual do trabalho, e na orientação da equipe na fase de execução. É uma ferramenta de auditoria que torna o planejamento mais sistemático e dirigido, facilitando a comunicação de decisões sobre metodologia entre a equipe e os superiores hierárquicos e auxiliando na condução dos trabalhos de campo. A matriz de planejamento é um instrumento flexível e o seu conteúdo pode ser atualizado ou modificado pela equipe, à medida que o trabalho de auditoria se desenvolve. Os elementos abaixo compõem a Matriz de Planejamento de Auditoria, e demonstra um exemplo contendo todos esses elementos. • Questão de Avaliação: é o elemento central na determinação de direcionamento dos trabalhos de auditoria, das metodologias e técnicas a serem adotadas e dos resultados que se pretende atingir. Ao formular as questões e quando necessário, as subquestões de auditoria, a equipe está, ao mesmo tempo, estabelecendo com clareza o foco de sua investigação e os limites e dimensões que deverão ser observadas durante a execução dos trabalhos. • Informações Requeridas: para se determinar o tipo de informação que se pretende obter na coleta de dados, os termos-chave empregados na questão de auditoria devem ser definidos e suas dimensões ou variáveis identificadas. Por exemplo, ao formular uma questão envolvendo o impacto de uma iniciativa governamental voltada para a melhoria do nível de ensino deve-se definir o que se entende por “melhoria do nível de ensino”, identificando-se as dimensões envolvidas nesse conceito. Pode-se considerar, entre outras variáveis, o número de aprovações por série ou a redução da evasão escolar. A tarefa de traduzir conceitos abstratos em variáveis mensuráveis, definindo indicadores apropriados, é indispensável para que se possa medir o alcance dos objetivos perseguidos pela administração. 36 • Fontes de Informação: podem ser primárias ou secundarias. As fontes primárias são aquelas nas quais a equipe tem controle sobre a forma de coleta de dados. As fontes de informações secundárias são aquelas coletadas e sistematizadas por outros meios. • Estratégias Metodológicas: a equipe de auditoria deve especificar a estratégia metodológica a ser adotada, ou seja, os métodos de investigação requeridos pelas questões ou subquestões formuladas. É importante considerar que a estratégia metodológica está diretamente relacionada com a qualidade técnica das evidências que podem ser obtidas, o que, por sua vez, influirá na confiabilidade das conclusões do trabalho. Qualquer que seja a estratégia metodológica a ser adotada, cada questão de auditoria deve ser analisada segundo os quatro elementos que consubstanciam as conclusões ou achados de auditoria: 1)critério: objetivos ou metas fixadas por lei, por regulamento ou pela administração; 2)condição: a situação existente, identificada e documentada durante os trabalhos; 3)causa: razões do mau ou bom desempenho observado; 4)efeito: as reais consequências da diferença constatada pela equipe entre condição e critério. • Métodos de Coleta de Dados: os métodos mais utilizados são: entrevista, questionário enviado pelo correio, observação direta e utilização de dados secundários. Ao se optar por um método de coleta de dados deve-se considerar, primeiramente, a conveniência de que sejam utilizados instrumentos que obedeçam ou não aum padrão reelaborado (estruturado). • Métodos de Análise de Dados: alguns métodos analíticos têm sido desenvolvidos para examinar questões relativas ao processo de gestão organizacional e inserem-se, portanto, no contexto das auditorias em programas. A verificação das metas de desempenho, por exemplo, é um aspecto essencial de uma auditoria em programas. • Limitações: a equipe de auditoria deve especificar as limitações inerentes à estratégia metodológica adotada, às características das informações que se pretende coletar e às condições operacionais de realização dos trabalhos. Quanto à estratégia metodológica, deve-se considerar que não há uma estratégia ótima ou ideal, mas apenas aquela que, dadas as circunstâncias, melhor se adapta à questão que se pretende investigar. • O que a análise vai permitir dizer: esse elemento da Matriz de Planejamento de Auditoria está intrinsecamente relacionado com o anterior, pois o que se espera obter da análise está, naturalmente, condicionado pelas limitações previamente identificadas. O propósito dessa informação é restabelecer o objeto inicial da questão de auditoria, ou seja, esclarecer precisamente quais conclusões ou resultados pretende-se alcançar com a estratégia metodológica adotada. 37 4.1.2.3 Execução A Execução compreende a realização de provas, a reunião de evidências em quantidade e qualidade, o desenvolvimento dos achados de causa e efeito e a discussão com a administração, baseando-se nos objetivos, critérios e na metodologia selecionada durante o planejamento, como demonstramos na sequência: • Realização das Provas - consiste em confrontar a situação encontrada com os critérios definidos, objetivando recolher evidências adequadas sobre o desempenho das atividades-chave dos sistemas identificados durante o planejamento. • Reunião de Evidências - compreendem as provas obtidas pelo auditor, em face da aplicação dos procedimentos definidos para avaliar se os critérios estabelecidos estão sendo atendidos. • Desenvolvimento dos Achados de Causa e Efeito – os achados de auditoria são fatos significativos a serem relatados, devendo ser relevantes, objetivos e suficientemente fundamentados para sustentar as conclusões do auditor. • Discussão com a Administração - reunião com o objetivo de apresentar e discutir os achados e as recomendações pertinentes aos levantamentos e trabalhos realizados. 4.1.2.4 Relatório Concluídos os trabalhos de campo, o auditor deve avaliar os resultados, apoiando-se nos documentos de trabalho elaborados, deles constando as informações recolhidas e as verificações efetuadas. A avaliação consistirá na verificação das explicações sobre todas as questões importantes, levantadas quando da realização do trabalho, bem como na apreciação dos seus efeitos sobre a conclusão geral. Os aspectos mais importantes a considerar, nesse momento, são os seguintes: • efetuar uma avaliação global dos resultados da auditoria; • formular observações baseadas no trabalho realizado e nas provas obtidas; 38 • relatar com base em um conjunto de papéis de trabalho bem organizado e referenciado. A elaboração do Relatório é a fase do processo de auditoria que consiste em uma descrição dos trabalhos e exames realizados, dos fatos apurados com base em evidências concretas, das conclusões, recomendações e opiniões da equipe de auditoria. Constituindo um espelho dos trabalhos realizados, o Relatório deve refletir todos os aspectos considerados importantes para comunicação aos usuários, afim de que sejam adotadas, quando necessário, as medidas corretivas para a solução dos problemas detectados. Nas auditorias que envolvem programas finalísticos, o Relatório deve estar especialmente voltado para o aprimoramento da ação governamental, contribuindo para que sejam atingidos os objetivos de economicidade, eficiência, eficácia e efetividade. É importante, na fase de elaboração do Relatório, desde quando possível e conveniente, promover uma reunião com a administração da organização auditada para apresentar e discutir os achados e as recomendações. Dessa forma, o Relatório é aprimorado, já que são verificadas a adequação e a fundamentação de todos os achados e se as recomendações são factíveis e suficientes. FIGURA 11 – SECRETARIA FEDERAL DE CONTROLE INTERNO. A elaboração do relatório no Sistema de Controle Interno. Disponível em:< http://slideplayer.com.br/slide/373968/>.Acesso em: 25 maio 2017. 39 4.1.2.5 Acompanhamento Após o Relatório, os auditores devem acompanhar a aceitação e implantação de suas recomendações pelo auditado, com vistas a garantir a eficácia do seu trabalho. O Acompanhamento tem o propósito de verificar a implantação das recomendações pelo auditado, podendo ser realizado mediante designação específica ou no transcurso da auditoria subsequente e consiste na ação proativa do auditor, objetivando contribuir para o aprimoramento das operações realizadas pelo auditado. No Acompanhamento devem ser adotados os seguintes procedimentos: • revisão sistemática das ações administrativas, confrontando com as recomendações dos auditores; • verificação dos efeitos das ações na correção das deficiências; • análise quanto à dificuldade ou facilidade de implantação das recomendações; • determinação da necessidade de qualquer trabalho adicional, como acompanhamento posterior ou auditoria subsequente; • revisão dos aspectos que deixaram de ser relevantes; • inclusão dos resultados do Acompanhamento nos relatórios de auditoria subsequentes. De todo modo, a efetividade da auditoria será medida nesta última fase, quando são verificados o grau de adoção das providências recomendadas e os efeitos produzidos. Na medida do possível deve ser indicada a expressão monetária desses efeitos, como forma de quantificar e prover sua periódica consolidação e divulgação pelo Tribunal. 4.2 INSPEÇÃO A Inspeção é um instrumento de trabalho que constata o funcionamento regular dos sistemas de gestão, a integridade dos bens públicos, a existência, consistência ou procedência de fatos ou indícios de irregularidades. Dessa forma, supri omissões e lacunas de informações, esclarecendo dúvidas ou verificando 40 denúncias ou representações quanto à legalidade, à legitimidade e a economicidade dos recursos públicos, bem como quanto aos atos administrativos praticados por qualquer responsável sujeito à fiscalização dos órgãos de controle. Na execução da Inspeção são usualmente aplicadas as seguintes modalidades: a) Inspeção Física. b) Observação das Atividades e Condições. c) Teste laboratorial. d) Exame dos Registros. 4.2.1 Inspeção Física É o exame usado para testar a efetividade dos controles, particularmente daqueles relativos a quantidades físicas ou qualidade de bens tangíveis e especificação técnica. 4.2.2 Observação das Atividades e Condições É a verificação das atividades que exigem a aplicação de testes flagrantes, com a finalidade de revelar erros, problemas ou deficiências que de outra forma seriam de difícil constatação. São os elementos da observação: a) identificação da atividade específica a ser observada; b) observação da sua execução; c) comparação do comportamento observado com os padrões; d) avaliação e conclusão. 4.2.3 Teste Laboratorial Aplicados nos itens/materiais objeto de fiscalização para evidenciar a integridade, a exatidão, o tipo, a qualidade e a validade desses objetos. De um modo geral, é demandada a um terceiroa execução desta técnica. 41 4.2.4 Exame dos Registros É a verificação dos registros constantes de controles regulamentares, relatórios sistematizados, mapas e demonstrativos formalizados. 4.3 FISCALIZAÇÃO É a técnica que examina o processo de empenho e pagamento da despesa pública, bem como a formalização da tomada de contas especial ou das contas prestadas ex-ofício por qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais o Estado responda, ou que, em nome deste, assuma obrigações de natureza pecuniária. Essa Técnica de Fiscalização é desenvolvida por meio dos seguintes tipos básicos de investigação: a) Indagação Escrita ou Oral - uso de entrevistas junto ao pessoal da unidade/entidade fiscalizada para obtenção de evidências e informações. b) Análise Documental – exame de processos, atos formalizados e documentos avulsos. c) Conferência de Cálculos - revisão das memórias de cálculos ou a confirmação de valores por meio do cotejamento de elementos numéricos correlacionados, de modo a constatar a adequação dos cálculos realizados. d) Confirmação Externa - confirmar junto à fonte diversa da fonte original dos dados a fidedignidade das informações obtidas internamente. e) Correlação das Informações Obtidas - cotejamento de diferentes amostras de evidencia obtidas de fontes independentes ou autônomas. 42 4.3.1 Processos de Contas O processo de contas, como meio de verificação da correta aplicação dos recursos públicos, envolve a Prestação de Contas, a Tomada de Contas e a Tomada de Contas Especial, conforme já visto anteriormente. 4.4 AVALIAÇÃO DE RESULTADOS A avaliação de resultados é um instrumento de acompanhamento técnico permanente que consiste na aplicação de critérios, métodos, parâmetros e procedimentos orientados para tratamento, medição e transformação de dados em informações gerenciais, analisando a estrutura da organização, o desempenho funcional dos sistemas operacionais administrativos e dos automatizados, a execução dos programas e das ações de governo, bem assim os indicadores de qualidade dos processos, serviços e produtos ofertados pela Administração Pública aos seus clientes interno e externo. FIGURA 12 – PEREIRA, Dayan Rios. Administração Pública. Disponível em:<http://slideplayer.com.br/slide/10372655/.Acesso em: 25 maio 2017. Uma avaliação de resultados permite informar ao governo se os órgãos administram os recursos considerando a efetividade, a eficiência, a eficácia e economicidade. Pode igualmente ajudar os órgãos, direta ou indiretamente, a identificar as possibilidades de oferecer serviços melhores e maiores a um custo idêntico ou inferior. Mais especificamente, uma avaliação de resultados pode: 43 a) tornar os administradores e servidores/empregados mais sensíveis à obrigação de ter sempre em mente a eficiência; b) definir a necessidade de melhoria nos controles, sistemas operacionais e nos procedimentos de trabalho estabelecidos a fim de se utilizar os recursos; c) chamar atenção para a importância de se medir a eficiência, mesmo nas operações onde este fator é difícil de ser medido; d) reduzir o custo de execução dos programas sem reduzir a quantidade ou a qualidade dos produtos ou o nível de serviço; e) aumentar a quantidade ou aperfeiçoar a qualidade dos produtos e do nível de serviço sem aumentar as despesas. 4.4.1 Aplicação Aplica-se essa técnica com a realização de levantamento diagnóstico e avaliação da estrutura organizacional, compreendendo o mapeamento para identificação de departamentos, sistemas, serviços, processos, programas, ações, produtos, diretrizes e funções estratégicas, por meio da ordenação e agrupamento das atividades e recursos, com vistas ao alcance de objetivos e resultados estabelecidos. Na sequência, faz-se a coleta de dados sobre o desempenho real, mediante o levantamento das bases que sistematizam os padrões, parâmetros, indicadores e suas metas, fontes de pesquisa, estatísticas, datas e prazos de aferição ou de testes de aplicação das fórmulas aritméticas e memórias de cálculos utilizadas na apuração de resultados. 4.4.2 Finalidade A finalidade dessa técnica é observar o cumprimento das metas institucionais e das normas programáticas, destacando os níveis e graus de resultados quantitativos e qualitativos, em obediência às leis do PPA, da LDO, da LOA e aos regulamentos que estabelecem os produtos e os padrões de qualidade. Trata-se, portanto, de um processo participativo, que deve envolver e mobilizar os atores para aperfeiçoar a técnica de planejamento, planos, programas, 44 ações e serviços públicos, com vistas aos modelos de gerenciamento que permitem maior efetividade e vantagens financeiras, administrativas e socioeconômicas. 5 PROCEDIMENTOS DE CONTROLE INTERNO Procedimentos e Rotinas para o Departamento de Recursos Humanos Instrução Normativa nº____/____ Ementa: Recomenda procedimentos para o Departamento de Recursos Humanos dos Órgãos da Administração Direta e Indireta. Art. 1º. Sem prejuízo das atribuições estabelecidas na Lei de Estrutura Organizacional do Município, na Lei do Plano de Cargos e Salários, o Sistema de Controle Interno recomenda ao Departamento de Recursos Humanos a adoção dos procedimentos constantes desta Instrução Normativa na prática de suas atividades: 1. Confecção individual de pasta funcional dos servidores. 2. Manter arquivo próprio de toda a legislação e documentos pertinentes ao setor de pessoal, tais como: Estatuto dos Servidores; Leis Municipais de Reajuste e Revisão Geral; Tabelas e Instruções do INSS; Pareceres Jurídicos; Constituição Federal; Constituição Estadual e Lei Orgânica Municipal. 3. Manter controle mensal das informações ao Regime Previdenciário. 4. Manter controle da admissão e demissão dos servidores municipais. 5. Manter a ficha financeira atualizada de cada servidor, por meio eletrônico ou manual. 6. Manter pesquisa de assiduidade do servidor por meio de modelo específico; 7. Manter controle sobre a lotação do pessoal em seus setores específicos. 8. Manter controle e acompanhamento de aposentadorias em todas as suas fases. 9. Manter controle de afastamento de servidores em gozo de benefício previdenciário. 10. Manter controle das exigências contidas em Instruções Normativas do Tribunal de Contas. 45 11. Incentivar a criação do sistema de avaliação periódica do Servidor Público Municipal nos termos do Inciso III, § 1º, do art. 41 da Constituição Federal de 1988. 12. Incentivar o programa de reciclagem e treinamento permanente do servidor público municipal, objetivando a profissionalização, em conjunto com os demais setores da administração. 13. Manter controle e elaboração da folha de pagamento mensal, vistando todas as folhas, anexando periodicamente à folha de pagamento certidão dos chefes de setores atestando que todos os servidores que constam na folha estão em efetivo exercício de suas funções. 14. Manter controle da folha dos agentes políticos. 15. Manter acompanhamento dos gastos com pessoal, tendo em vista os limites permitidos pela legislação vigente. 16. Viabilizar a aplicação das normas pertinentes ao departamento contido na Lei de Responsabilidade Fiscal. 17. Manter controle de recolhimento das contribuições previdenciárias dos servidores, fazendo constar nas GFIPs os nomes dos prestadores de serviços que tiverem
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