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SANTA TERESA

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INTRODUÇÃO 
Santa Teresa é um dos municípios cercado pelas montanhas da região serrana do estado do Espírito Santo, emancipado em 1890, com uma área total de 671,94 km², dividido em seis distritos com sedes urbanizadas e abastecidas com água tratada. A etnia em sua maioria de descendência europeia, como italianos (predominante), alemães, suíços e poloneses, e cuja presença traduz-se através das manifestações culturais como gastronomia, canto e dança. Possui meio ambiente preservado, clima agradável e gastronomia, que são os atrativos da região. Possui aproximadamente 40% do seu território coberto por Mata Atlântica preservada, destaca-se por ter uma das mais exuberantes biodiversidades do mundo, encontrando-se na Estação Biológica de Santa Lúcia, porém muitas áreas sofrem com impactos ambientais em função da exploração de diversas atividades econômicas em áreas marginais para o cultivo e criação e com o uso inadequado de práticas conservacionistas, acarretando sérios problemas, tais como: pastagens degradadas, assoreamento de córregos e rios, sedimentação em estradas por erosão, baixa produtividade das atividades econômicas, diminuição da capacidade de retenção de água no solo e desaparecimento e/ou diminuição de vazão de nascentes. Recentemente, por meio da Lei 226/2012, se tornou a Capital Estadual do Jazz e do Blues e é também conhecida como Terra dos beija-flores, das orquídeas e de Augusto Ruschi, Patrono da Ecologia no Brasil. É considerado o maior produtor de uva e vinho do Espírito Santo, representando 80% da produção estadual. Berço da colonização italiana no Brasil, teve sua história iniciada em 1874 (INCAPER,2013).
De acordo com SEAGRI (2011), no município de Santa Teresa a área total sob cultivo de café é da ordem de 11.000 hectares, sendo 6.000 hectares cultivados com a variedade Conilon, com produção de 130.000 sacas por ano e 5.000 hectares com a variedade Arábica com produção de 108.000 sacas por ano.
Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo realizar uma revisão de literatura do histórico e a situação atual da cafeicultura (conilon e arábica) no município de Santa Teresa.
CONTEXTO HISTÓRICO MUNICÍPIO DE SANTA TERESA 
A história de Santa Teresa se inicia no ano de 1874, com a chegada da primeira leva de imigrantes italianos a bordo do navio a vela “La Sofia”, vindos do norte da Itália, por meio da Expedição Tabacchi. Muitos fatores impulsionaram a emigração italiana, dos quais podemos citar: o desenvolvimento do capitalismo que expulsou boa parte dos camponeses do campo; a superpopulação; a falta de terras para cultivar devido ao reduzido tamanho dos terrenos; o relevo muitas vezes acidentado e o solo varrido por seguidas enchentes; os altos tributos; a insegurança e o medo em meio às guerras pela unificação; o redimensionamento das fronteiras com a Áustria; a miséria, a fome e as doenças que atingiam muitas famílias daquela região. No mesmo período em que o Norte da Itália enfrentava tantos problemas, na Província do Espírito Santo, um cenário favorável a imigração se configurava. Na segunda metade do século XIX, o governo provincial desejava ocupar terras com imigrantes europeus e expandir a produção de café.  Assim a necessidade de mão de obra, disponibilidade de terras e um cenário político de paz (ausência de guerras), trouxeram milhares de italianos à Província do Espírito Santo e foi responsável também pela ocupação das terras que hoje formam o município de Santa Teresa. As correntes migratórias provenientes da Itália permaneceram em maior quantidade até o início do século XX, mas também há relato de entrada de imigrantes no período entre guerras. Os colonos se dedicavam à agricultura, com destaque para o cultivo do café e grãos e algumas experiências bem-sucedidas semelhantes às culturas do Trentino, tais como a videira e o bicho da seda (Secretaria Municipal de Turismo e Cultura de Santa Teresa, 2017).
Na década de 1890 o café sobe a preços nunca imaginados e é grande a prosperidade do porto de Cachoeiro de Santa Leopoldina e de todas as colônias. Para escoar a produção de café até o porto fluvial de Sta. Leopoldina, o único meio de transporte pelas íngremes encostas, eram as tropas de mulas. Com mais dinheiro circulando, as leis de impostos ficam mais rígidas, a fiscalização aumenta e o comércio de mascates chega a prejudicar o comércio local. Um anúncio em 1900 dizia: “Santa Teresa é atualmente um dos municípios mais importantes e mais ricos do Estado, e sua grandeza. A primeira guerra mundial trouxe reflexos negativos par o município, com o agravamento da crise do café. As cartas vindas do Trento e do Veneto demonstravam que irmãos e parentes lotavam uns contra os outros, já que a Itália tomou partido contra a Áustria. Com o final da guerra chega um surto de gripe espanhola que apanhou a população de surpresa (Secretaria Municipal de Turismo e Cultura de Santa Teresa, 2017).
 
Situação Atual do setor de cafeicultura no município de Santa Teresa 
Segundo Rocha e Morandi (1991), a principal característica da nova cafeicultura foi que tanto a pequena propriedade familiar como a grande propriedade, passaram a utilizar os mais modernos insumos e técnicas de produção no cultivo e beneficiamento do café.
De acordo com SEAGRI (2011), no município de Santa Teresa a área total sob cultivo de café é da ordem de 11.000 hectares, sendo 6.000 hectares cultivados com a variedade Conilon, com produção de 130.000 sacas por ano e 5.000 hectares com a variedade Arábica com produção de 108.000 sacas por ano.
O município, assim como todo estado do Espírito Santo sofreu com o déficit hídrico e muitos rastros foram deixados com esse impacto devido ao baixo índice pluviométrico. Em Santa Teresa, São Mateus, Itapemirim e Linhares, foram identificados como os municípios que mais sofreram com os impactos hídricos, tendo perdas estimados em toneladas (GALEANO et al., 2015). No município de Santa Teresa, as perdas de produção com a cafeicultura chegam a aproximadamente (-8178 toneladas) -14,8% de queda e com relação as perdas na variação valor (mil reais) em Santa Teres esse valor chega a -41163 mil reais (-14,5%) (IBGE, 2015).
Essas perdas estão associadas, sobretudo, aos fatores climáticos, como altas temperaturas, deficit hídrico elevado, ocorridos ao final de 2014, estendendo-se até o final do ano de 2015, bem como a não possibilidade de irrigação pela falta de água nos mananciais (rios, córregos, reservatórios, represas) e a normativa de proibição de irrigação de lavouras durante o dia (GALEANO et al., 2015).
As questões apresentadas anteriormente, associadas aos solos muito expostos, desequilíbrio nutricional da planta por dificuldade e atrasos nas adubações, entre outros fatores bióticos e abióticos, vêm interferindo nos seguintes aspectos fisiológicos da planta, como: diminuição do crescimento geral e vigor da planta provocando menor área foliar, indução floral e, consequentemente, menor quantidade de inflorescência e flores na planta; - Interferência na época e número de floradas e flores, fertilização e fecundação dessas flores; - Abortamento de flores, menor número, crescimento e ‘pegamento’ dos frutos, maior queda dos frutos em desenvolvimento, maior incidência de pragas (GALEANO et al., 2015). 
Como forma de solucionar os problemas, muitos agricultores da região, tiveram que inovar em diversas téncnicas, uma delas foi o melhoramento genético de várias cultivares de café conilon e arábica.
A tolerância à seca é resultante de várias características (anatômicas, morfológicas, fisiológicas, moleculares) que se expressam diferente e concomitantemente, dependendo da severidade e da taxa de imposição do deficit hídrico, da idade e das condições nutricionais da planta, do tipo e da profundidade de solo, da carga pendente de frutos, da demanda evaporativa da atmosfera e da face de exposição do terreno. Portanto, uma única estratégia de adaptação à seca é, certamente, inadequada para qualquer tipo de ambiente (DaMATTA, 2003).
Estudos moleculares da expressãodiferencial da transcrição (transcriptoma) e de tradução (proteoma) em cafeeiros submetidos ao déficit hídrico têm identificado vários genes candidatos que podem estar relacionados à tolerância à seca e podem ser utilizados para a genotipagem ou análise de diversidade genética do cafeeiro. Os estudos têm sido feitos comparando plantas do gênero Coffea em relação ao seu comportamento mediante estresse hídrico (MARRACINNI et al., 2012). Para tal fim, diferentes parâmetros são avaliados, podendo ser citados o potencial da água e osmótico na folha, condutância estomática, atividade da redutase de nitrato, temperatura da cobertura foliar, sistema radicular, eficiência de uso da água, entre outros (MARRACINNI et al., 2012).
Pesquisas realizadas pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) têm mostrado grande diversidade entre clones em relação à produção sob condições de seca (FERRÃO, R. et al., 2000). Identificaram-se clones sensíveis à seca, com baixo vigor, baixa carga pendente, expressiva desfolha, pequeno número e tamanho reduzido dos frutos, além de elevado chochamento dos grãos, com grande comprometimento da produção. Por outro lado, nos mesmos ambientes, genótipos com comportamento antagônico mostrando vigor, melhor produção e boa formação dos grãos, respondendo bem por suas características diferenciais de tolerância à seca também foram identificados (DaMATTA; RAMALHO, 2006).
O Programa de Melhoramento Genético de Café do Incaper desenvolveu nove cultivares superiores de C. canephora, sendo oito clonais, Emcapa 8111, Emcapa 8121, Emcapa 8131, Emcapa 8141 – Robustão Capixaba, Vitória Incaper 8142 (FERRÃO, R. et al., 2007a), Diamante ES8112, ES8122 – Jequitibá e Centenária ES8132 (FERRÃO, R. et al., 2015), além de uma propagada por semente, Emcaper 8151 – Robusta Tropical (FERRÃO, R. et al., 2007). Essas variedades têm sido a base da renovação das lavouras no Estado do Espírito Santo, que vem ocorrendo na ordem de 7% ao ano (50 milhões de plantas/ano). Com o aporte de outras tecnologias, como a muda de boa qualidade, espaçamento, calagem e adubação, poda, manejo de pragas e doenças, além de irrigação, a cafeicultura capixaba alcançou nos últimos 22 anos incremento de cerca de 300% na produção sem aumento significativo de área (FERRÃO, R. et al., 2014).
Mesmo com os avanços até então obtidos, verificase no Estado uma cafeicultura de conilon muito dinâmica e de constantes buscas por tecnologias mais sustentáveis. A execução desse programa de melhoramento é um caminho contínuo. A melhor exploração do potencial das plantas e da variabilidade genética, a busca pela melhoria na produtividade, estabilidade de produção e tolerância aos problemas abióticos (seca e altas temperaturas) e bióticos (pragas e doenças) são um trabalho constante, mas tem-se consciência das dificuldades decorrentes das mudanças rápidas impostas pelo clima, mercado, produtores e consumidores.
Com relação ao café arábica, vários fatores são encontrados como limitantes a produção, o déficit hídrico ocupa posição de destaque, pois, além de afetar diretamente as relações hídricas nas plantas alterando-lhes o metabolismo, é um fenômeno que ocorre em grandes extensões de áreas cultiváveis. Portanto, as plantas parecem ter desenvolvido mecanismos capazes de diminuir os efeitos da falta de água no solo, que podem ser transmitidos geneticamente (BOYER, 1982). As comparações entre os parâmetros do balanço hídrico de várias áreas produtoras de café no Brasil levaram Ortolani et al. (1970) a afirmar que deficiências hídricas no solo maiores do que 150 mm podem afetar drasticamente a produção de Coffea arábica.
CONCLUSÃO
Em vista do cenário do estado Espirito Santo, o maior problema tem sido relacionado a mudanças climáticas levando a períodos de secas mais prolongados, má distribuição de chuvas, elevação da temperatura e maior incidência de pragas e doenças. Essas adversidades têm interferido no desempenho da cultura do café e de outras culturas agrícolas no Estado provocando desiquilíbrio nos ambientes, prejuízo econômico e instabilidade aos produtores, além de afetar a sustentabilidade do setor agropecuário capixaba. Por esse motivo os agricultores devem buscar se aperfeiçoar e usar a tecnologia disponível, para aprimorar suas lavouras, esse avanço deve ser continuo. Não podem parar no tempo, mesmo que o município foi caracterizado pelo café no passado, hoje a situação é completamente diferente devido o cenário da seca. Com isso os agricultores devem investir em programas de melhoramento genético desenvolvido pelo órgão INCAPER, em parceria com outras instituições capixabas e brasileiras, proporcionando a obtenção e recomendação de cultivares de diferentes espécies para os variados ambientes capixabas. Essas cultivares têm sido a base das plantações do Espírito Santo. Devido à variabilidade topográfica, de ambientes, condições agroclimáticas, tipos e níveis tecnológicos dos produtores, além da busca por uma melhor convivência com a seca, serão necessários maiores esforços multidisciplinares e interinstitucionais.
REFERÊNCIAS
BOYER, J. S. Plant productivity and environment. Science, v. 218, n. 4571, p. 443-448, 1982.
DaMATTA, F. M. Drought as a multidimensional stress affecting photosynthesis in tropical tree crops. Advances in Plant Physiology, v. 5, p. 227-265, 2003.
DaMATTA, F. M.; RAMALHO, J. D. C. Impacts of drought and temperature stress on coffee physiology and production: a review. Brazilian Journal of Plant Physiology, v. 18, p. 55-81, 2006.
FERRÃO, R. G. et al. Avaliação de clones de café conilon em condições de estresse hídrico no Estado do Espírito Santo. In: SIMPÓSIO DE PESQUISA DOS CAFÉS DO BRASIL, 1., 2000, Poços de Caldas, MG. Anais... Brasília, DF: Embrapa Café, p. 402-404, 2000.
FERRÃO, R. G. et al. Café conilon. Vitória, ES: Incaper, 702 p, 2007.
FERRÃO, R. G. et al. Café conilon: cultivares melhoradas sustentáveis. Revista Incaper, Vitória, ES: Incaper, v. 4, p. 78–83,2014.
FERRÃO, R. G. et al. Cultivares. In: FONSECA, A.; SAKIYMA, N.; BOREM, A. (Ed.). Café conilon do plantio à colheita. Viçosa, MG: UFV, 257 p., 2015.
GALEANO, E. A. V. et al. Consolidação das estatísticas agropecuárias de 2015 e previsão da produção agrícola para 2016. Boletim da Conjuntura Agropecuária Capixaba, Vitória, ES: Incaper, n. 5, p. 3-17, 2016.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 3º. Prognóstico da Produção Agrícola 2015-PPA. Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias – GCEA. Vitoria, ES: IBGE-GCEA-PPA, dez. 2014. Relatório de pesquisa.
INCAPER. Planejamento e programação de ações para Santa Teresa. Programa de assistência técnica e extensão rural (PROATER), Secretaria de Agricultura, 2011.
MARRACCINI, P. et al. Differentially expressed genes and proteins upon drought acclimation in tolerant and sensitive genotypes of Coffea canephora. Journal of Experimental Botany, p. 103,2012. 
ORTOLANI, A. A.; PINTO, H. S.; PEREIRA, A. R.; ALFONSI, R. R. Parâmetros climáticos e a cafeicultura. Rio de Janeiro: IBC-GERCA, 1970. 27 p.
SEAGRI. Secretaria de Estado da Agricultura. Dados disponíveis em < http://www.seag.es.gov.br/?p=5103>. Acesso em: 02 de set. de 2012.
Secretaria Municipal de Turismo e Cultura de Santa Teresa. Disponível em: <http://turismo.santateresa.es.gov.br/plano-municipal-de-turismo/ >. Acesso em: 01 de set. 2017.

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