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ANHANGUERA EDUCACIONAL UNIBAN – Unidade São José Curso: Psicologia Disciplina: Bases Biológicas do Comportamento Estudante: Emily Rasuan Medeiros do Amaral de Souza Atividade discursiva: Relação entre a ocorrência do lábio leporino, com ou sem fenda palatina, não associado às síndromes e a influência dessa condição sobre a personalidade do portador De acordo com Primon (2016), o lábio leporino, com ou sem fenda palatina, é uma malformação congênita de origem multifatorial (tem influência ambiental e genética) e pode ou não ser associado a uma síndrome. A ocorrência não associada à síndrome está em torno de 1 a cada 1.000 crianças nascidas vivas e atinge duas vezes mais homens do que mulheres. Esta malformação ocorre no embrião entre a quinta e a oitava semana de gestação, nas quais acaba não havendo o fechamento das estruturas embrionárias que dão origem ao lábio superior e a boca. O lábio leporino é manifestado no lábio superior do indivíduo, no qual há fendas parciais ou completas, unilaterais ou bilaterais e pode ou não chegar até a gengiva, o maxilar superior e o nariz (PRIMON, 2016). Ainda conforme a mesma autora, O lábio leporino tem várias consequências na vida do indivíduo, tais como dificuldades na alimentação do recém-nascido, problemas respiratórios, alterações na dentição, infecções no ouvido e também pode haver distúrbios na audição e na fala. Além disso, também há consequências nas emoções da pessoa, na sua autoestima e sociabilidade. No caso do lábio leporino não associado às síndromes e sua influência na personalidade do portador, pode-se destacar, de acordo com Richman e Eliason (1993, apud COLARES e RICHMAN, 2002) que o portador de fissura labial e/ou palatina tem aspectos psicológicos peculiares que estão relacionados com a atitude de aceitação ou rejeição dos pais, o desenvolvimento da criança em relação à fala, linguagem e desenvolvimento intelectual e também está relacionado à resposta emocional do próprio indivíduo, da sua família e das demais pessoas diante de possíveis deformações faciais. Conforme Colares e Richman (2002), o portador de lábio leporino pode ter consequências no rendimento escolar, no seu comportamento e na sua personalidade, tendo maior inibição, maior dificuldade de interação social e menor expectativa dos pais e professores com relação ao seu desempenho intelectual, sendo que conforme Lencione (1980, apud COLARES e RICHMAN, 2002), estes problemas psicossociais secundários podem influenciar negativamente a vida do indivíduo mais que que as consequências primárias e funcionais do lábio leporino. Numa sociedade que tem como grande valor a beleza e a perfeição física, é agravada a forma como os portadores e as demais pessoas percebem as malformações (NUNES e VIANA,2008). Em relação aos pais, estes podem ter uma variedade de emoções quando do nascimento do filho, tais como ansiedade, confusão mental, choque, raiva, ressentimento e frustração (Clifford, 1987, apud Colares e Richman, 2002). Além destes sentimentos, para Amaral (1986, apud NUNES e VIANA, 2008) quando o filho nasce os pais se preocupam com a sobrevivência do bebê (como alimentá-lo, como se portar em relação às possíveis cirurgias funcionais e reparadoras) e depois, a preocupação estará centrada na dentição, na fala, na aprendizagem e no desenvolvimento social. Em relação à linguagem, a criança pode tender a evitar fazer expressões faciais comuns, as quais fazem parte do processo de formação da linguagem para expressar suas emoções e sua personalidade, em decorrência das reações negativas das outras pessoas e também da autopercepção, considerando sua aparência atípica e singular. A criança em fase escolar pode ter inibições na fala por ter dificuldades de expressão vocal e por perceber que isso causa maior dificuldade de ser compreendido pelos colegas, podendo gerar problemas educacionais por não querer participar de atividades e discussões (COLARES E RICHMAN, 2002). Segundo Lencione (1980, apud COLARES E RICHMAN, 2002), pelo fato desta malformação estar associada também com outras consequências na saúde do indivíduo, como muitas infecções no ouvido, a criança pode passar muito tempo em hospitais e ficar separada da família e amigos, gerando consequências secundárias como inibição do comportamento, menor rendimento escolar e auto-estima. Segundo Richman e Eliason (1993, apud COLARES E RICHMAN, 2002), no desenvolvimento escolar, a deficiência física pode influenciar o julgamento dos professores e dos colegas quando às habilidades e capacidades do indivíduo, subestimando o portador de lábio leporino e influenciando negativamente no rendimento escolar. Quanto à personalidade, as crianças portadoras de fissura labial/palatina apresentam maior grau de inibição (que pode diminuir conforme o passar da idade), assim como menor independência e menor agressividade, segundo Richman e Harper (1979, apud COLARES E RICHMAN, 2002). Podem também apresentar um maior grau de ansiedade e estresse, dificuldades de fala e relacionamentos sociais, segundo Richman e Eliason (1993, apud COLARES E RICHMAN, 2002). De acordo com Clifford (1983, apud NUNES e VIANA, 2008) não existe uma personalidade específica para a pessoa que possui lábio leporino e nem uma psicopatologia diretamente associada, no entanto Nunes e Viana (2008) afirmam que o portador da fissura labial e/ou palatina é marcado por estigmatização, exclusão e marginalização, por conta de um atributo que causa perturbação. Mesmo assim, para Colares e Richman (2002) é importante que a criança portadora do lábio leporino receba atenção de uma equipe multidisciplinar, com intervenção logo cedo e abordagem psicológica adequada. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Colares, V., & Richman, L. (2002). Fatores psicológicos e sociais relacionados às crianças portadoras de fissuras labiopalatais. Pediatria Moderna, 38 (11), 513-516. Disponível em: <http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=2130>. Acesso em 22/11/2017. NUNES, MLT., and VIANA, ML. Possíveis intervenções psicossociais em relação aos portadores de fissuras lábio-palatais. In JACQUES, MGC., et al. org. Relações sociais e ética [online]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008. p. 204-210. ISBN: 978-85-99662-89-2. Available from SciELO Books . Disponível em: <http://books.scielo.org/id/6j3gx/pdf/jacques-9788599662892-22.pdf>. Acesso em 22/11/2017. PRIMON, Cátia Sueli Fernandes. Bases biológicas do comportamento. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016. 192 p.
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